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O ritmo fundamental — atividade e inatividade —

manifesta-se desde os universos até os átomos,


inclusive no próprio homem, e é a base de todas
as doutrinas secretas. Os ensinamentos hindus
mais elevados, entretanto, insistem em que este
princípio não se aplica ao próprio Absoluto, que
está constantemente criando e sustentando em
sua mente milhões de universos em diferentes
estádios de evolução; quando é noite numa série,
pode ser meio-dia em outra. A mudança rítmica, a
ascensão e a queda influenciaram profundamente
as filosofias dos antigos; Heráclito ensinou que o
universo se manifestava em ciclos; os estóicos
acreditavam que o mundo se movia num ciclo interminável
através dos mesmos estádios; os
seguidores de Pitágoras afirmavam que cada
universo repetia todos os outros
interminavelmente, na eterna repetição pregada
por De Siger na Idade Médica e por Ouspensky
atualmente. Os iogues ensinam
Naqueles tempos maravilhosos em que a Terra era
jovem e a natureza resplendia de novidade, seres
celestiais desceram das estrelas para ensinar as
artes da civilização ao homem simples, criando a
Idade de Ouro cantada por todos os poetas da
antiguidade. Durante séculos a humanidade gozou
duma cultura brilhante e prosperou sob o governo
benigno dos reis espaciais, que possuíam uma
ciência psíquica afinada com as forças do universo
e os poderes existentes dentro da alma humana.
Esses seres adoravam o Sol, o divino Andrógino,
símbolo do Criador; faziam ensinamentos sobre a
vida depois da morte, a reencarnação, a ascensão
através de existências em diferentes dimensões
até a união com Deus. O desenvolvimento da
Terra era promovido pelos planetas solares numa
oitava de evolução acima; orlavam a Federação
Galáctica, cujas miríades de mundos floresciam
em deslumbrante esplendor. Em ocasiões
especiais desciam à Terra e compartilhavam seus
arcanos secretos e sua tecnologia com os iniciados
eleitos.
O homem evolui pelo sofrimento. Assim como a luz
exige a escuridão para realizar a iluminação, assim
a lei divina decreta que o bem deve ser temperado
pelo mal. Deus é verdade eterna e absoluta, além
de todas as vicissitudes dos homens mortais, mas
os místicos suspeitam que Deus, embora perfeito,
precisa duma perfeição mais profunda e por isso
em seu sonho promove a existência de uma
seqüência interminável de universos, cada um
deles condicionado pela natureza de seu
predecessor, a fim de ele poder aprender por
delegação com a experiência de todas as
criaturas, humanas, espíritos, em todos os planetas
de todos os planos de sua Criação. O homem
precisa de Deus, e — coisa maravilhosa, a mais
maravilhosa de todas! — Deus precisa do homem;
do contrário não o teria criado. A vida não é ilusão,
nem o universo alguma brincadeira cósmica da
Divindade; do inseto mais rudimentar ao arcanjo
mais sublime, de um grão de pó a uma galáxia,
tudo tem significado. A breve vida de cada
homem, suas alegrias e pesares, contribuem com
seu propósito para o plano divino. Esse conceito de
existência pode ser discutido, mas parece tão
próximo quanto a falibilidade humana pode se
aproximar da verdade infinita. Poderá o homem,
que não se conhece a si mesmo, conhecer o
Criador?
Especulações esotéricas desse gênero não são
destituídas de relevância para o estudo dos
astronautas, nossas almas irmãs através do
universo vivente. O homem está no limiar duma
idade nova de afinidade cósmica com as estrelas e
agora tem de esquecer sua filosofia geocêntrica
egoísta; tem de expandir-se até a consciência
cósmica e compreender sua unidade com toda a
criação. Para reorientar seus pensamentos de
modo a abranger todos os seres sensíveis em
todas as dimensões do universo, o homem deve
humilhar-se e começar no princípio. No princípio
era Deus.
Todas as religiões falam dos anjos da luz
combatendo os poderes das trevas pela posse da
exultando em batalhas aéreas ou descendo à
Terra para novas aventuras amorosas.
A consciência humana adivinhava que o homem
não estava só no universo, que em alguma parte
no céu, em cima, existiam seres de grande
benevolência que podiam ajudar a humanidade.
Certas pessoas supra-sensíveis afirmavam possuir
influência junto aos deuses, compuseram uma
teologia e uma comunicação por meio da oração e,
a partir de seu ritual e da sua moral,
desenvolveram a religião.
Essa novel interpretação do passado confunde
peritos e leigos igualmente; uns e outros, por
motivos diferentes, a rejeitam como ficção
científica que merece muito pouca consideração. O
domínio extraterrestre da nossa Terra há milênios
pressupõe planetas habitados por seres muito
mais adiantados do que nós e senhores de uma
ciência que transcende a nossa ciência atual. Os
astrônomos e biólogos que sugerem a existência
de vida em outras partes do universo têm o
cuidado de acentuar que nenhum dos mundos
nossos vizinhos pode ser habitado, que não há
certeza da existência de planetas em volta das
estrelas próximas e que, se existem super-homens
em outras galáxias, a viagem através de milhares
de anos-luz parece improvável. Os arqueólogos
sorriem ao desenterrar esqueletos e não
espaçonaves, esquecendo-se de que em poucas
centenas de anos toda a nossa aviação se
dissolveria em poeira. Os historiadores dizem que
os clássicos nunca mencionam astronautas, que
Platão e Tito Lívio não deviam conhecê-los? Talvez
eles os conhecessem, se os lermos
adequadamente? Os metodologistas raramente
consideram as lendas verdadeiras. Eles presumem
um significado mais primitivo ou sugerem
simbolismos religiosos. Schliemann acreditou na
Ilíada e descobriu Tróia; Sir Arthur Evans,
fascinado pela idéia de Teseu matando Minotauro,
desenterrou Cnosso e a civilização minóica de
Creta; mas os sábios ainda consideram os velhos
deuses personificações de forças naturais,
antropomorfismos de disposições humanas, sem
dúvida um vôo de inteligência acima da maioria de
nós atualmente. É possível que o maior obstáculo
para aceitar o advento dos astronautas resida na
religião dogmática. Os teólogos acreditam que a
única preocupação de Deus é o homem na Terra;
se existem homens em outras partes, Cristo deve
ser crucificado milhões de vezes em todos os
mundos do universo? Imersos em seus próprios
assuntos, a maioria dos brilhantes especialistas
são intolerantes em relação a quaisquer novos
conceitos que contradigam suas próprias
filosofiazinhas.
O homem da rua orgulha-se do seu senso comum,
artigo extremamente incomum; geralmente vive
em estado de transe, embrutecido pelos prazeres
e pelas dores da existência cotidiana, e tem o
cérebro lavado pela pressão da propaganda, da
imprensa e da televisão. As pessoas comuns
mantêm-se uma geração atrás das últimas descobertas,
tendo como preocupação principal viver
conforme as convenções sociais de sua
comunidade. Acreditam apenas no que vêem e
sabem apenas o que querem saber. A consciência
de grupo evolui lentamente, a educação em massa
promete esclarecimento, mas a história sangrenta
do nosso século XX faz a pessoa mediana
desconfiada de novas idéias e desiludida com a
tradição do passado em que a nossa civilização
está baseada; com o cérebro toldado pelos
teólogos pregando doutrinas surradas e os
cientistas ameaçando sua vida com bombas cada
vez maiores, ela sente que seu mundo estaria
melhor sem eles. O homem comum raciocina com
uma lógica sólida, não deformada pelas questões
que perturbam a teologia e a ciência; quando olha
o céu esplendoroso, sente a maravilha do universo
e sabe que Deus não criou essas estrelas brilhantes
apenas para os homens as olharem. Como
seus antepassados na antiguidade, ele sente que
toda a criação palpita de vida e sente que, seja o
que for que os astrônomos possam dizer, naquelas
profundezas estreladas do espaço vivem seres
sábios e apaixonados, fracos e pecadores,
humanos como ele mesmo.
O conceito de astronautas descendo na Terra
através da história, se fosse provado,
revolucionaria os nossos pontos de vista sobre o
passado, inspiraria o nosso presente e prometeria
um futuro glorioso; a humanidade acordaria dum
sonho para a realidade cósmica. Finalmente o
homem descobriria seu verdadeiro eu e subiria
regenerado até seus irmãos nas estrelas; a
humanidade ascenderia a um plano mais alto,
mais perto de Deus.
Antes que possamos compreender a coexistência
de astronautas, devemos primeiro encontrar-nos a
nós mesmos e avaliar a posição da nossa Terra no
universo; devemos abrir os olhos, destapar os
ouvidos, sintonizar nossas almas com a maravilha
cósmica da Criação; devemos expandir-nos além
do espaço e do tempo para abraçar a eternidade.
O universo real é o que Deus pensa, não o que o
homem imagina. A mente finita do homem
sintetiza informações percebidas pelos seus cinco
sentidos, ampliadas pela ciência num padrão que
ele denomina cosmos; na medida em que a sua
percepção se intensifica, a sua concepção se
expande em grandeza. Se a visão do homem fosse
sensível a freqüências inferiores da radiação, ele
se maravilharia com aquelas estrelas escuras
detectadas pelos radioastrônomos e seria cego
para as maravilhosas constelações que semeiam o
céu. Para uma minhoca o universo deve parecer
uma escuridão unidimensional; alguns maravilhosos
seres adiantados de Sírio talvez percebam
uma infinidade de vibrações que lhes permitam
experimentar uma criação transcendente além de
tudo o que podemos imaginar.
Muito do que existe não vemos, muito do que
vemos não existe. Os astrônomos não podem ver o
vazio em que se diz que as galáxias vão
declinando, os físicos não podem ver dentro do
átomo; a luz que vemos de inumeráveis estrelas
foi emitida há milhões de anos, e muitas já
explodiram depois disso: agora — e o que é agora?
— nossos sentidos são estimulados por radiações
delas, nosso cérebro computa uma configuração

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