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Jornal digital

ALVOR DE SINTRA
– Domingo, 14 de Outubro de 2007 –

Templários em obra 700 anos depois

Vitor Manuel Adrião apresentou ontem, sábado, o seu livro Portugal Templário – Vida e
Obra da Ordem do Templo, dado à estampa pela Via Occidentalis Editora, pelas 16 horas no
atelier do pintor Almeida Coval, em Sintra. Na data em que passam 700 anos após o início da
perseguição movida por Filipe, o Belo, a essa Ordem Religiosa e Militar, o autor revela ao Alvor
de Sintra locais nesta Serra onde ainda estão presentes as marcas da Ordem do Templo.
«Quis o destino que fosse uma sexta-feira, dia 13 de Outubro de 1307, a marcar o início
do fim dos Templários», conta Vitor Manuel Adrião. Este investigador no campo do Esoterismo
e da História apresentou, com efeito, ontem dia 13 de Outubro, a sua mais recente obra literária
dedicada à vida e obra da Ordem do Templo, precisamente 700 anos após o início da perseguição
que foi movida aos monges-cavaleiros.
Portugal Templário – Vida e Obra da Ordem do Templo, por Vitor Manuel Adrião,
foram apresentados pelo Professor Dr. Luís Nandin de Carvalho, com a presença dos editores,
Srs. Júlio Sequeira e José Manuel Ferreira, no atelier do mestre pintor Almeida Coval, a quem o
Papa João Paulo II considerou «o pintor da Humanidade», na Rua da Ferraria, n.º 17, 1.º, da Vila
Velha de Sintra. Quinta da Regaleira – A Mansão Filosofal de Sintra e Lisboa Secreta –
Capital do Quinto Império foram as outras duas obras do autor que também estiveram em
conferência, insertas numa trilogia dada à estampa pela Via Occidentalis Editora.
Sobre o princípio do fim dos Templários, Vitor Manuel Adrião recordou o «dia aziago»
13, superstição que teve início em Portugal ante a injustiça aberta que estava sendo feita a esses
cavaleiros-monges pelo rei de França, Filipe IV, com a permissão ou atitude passiva da papa
Clemente V. Além disso, «a Ordem do Templo sempre privilegiou as consideradas Montanhas
Sagradas situadas junto a cabos do Mar Oceano», como foi o caso da Serra de Sintra que se
estende até ao Cabo da Roca, referiu ainda o investigador ao Alvor de Sintra. Os vestígios estão
em edifícios como o Palácio Nacional de Sintra, cuja base «é de fábrica templária», visíveis nas
pedras tumulares depositadas no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas e ocultos nos
subterrâneos de locais como o actual café “Paris”; na capela de São Pedro de Penaferrim do

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Castelo dos Mouros e neste, tomado sem batalha aos muçulmanos que dominavam a região antes
da Reconquista, além de na Quinta das Murtas, onde os Templários haviam estabelecido a sua
comenda, território reservado a eles.

A Quinta da Regaleira, apontada por alguns especialistas como marcada por símbolos
relacionados com a Maçonaria e rituais iniciáticos daquela sociedade secreta, foi, para Vitor
Manuel Adrião, alvo de «um transbordar do significado». A Cruz de Cristo gravada numa coluna
logo à entrada no palácio da Regaleira contradiz qualquer origem maçónica, afirma o autor.
Depois de ter observado o caderno de apontamentos de Luigi Manini, autor do projecto daquele
espaço e o «revolvido em todas as direcções», o especialista garante não ter detectado qualquer
indício maçónico aí. «Se existe na Quinta da Regaleira algum percurso iniciático, terá a ver e
tão-só com a identificação do português com Portugal em seus arquétipos», garante.
Ainda sobre a Mística dos Templários, aos quais é atribuído um auxílio de relevo na
conquista de Santarém por Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, ela não impediu a sua
perseguição, a partir de 1307, iniciada por Filipe IV de França, acontecimento cujo eco alastraria
até terras lusas indignando profundamente o seu rei, D. Dinis, que os protegeu e aos seus bens.
Primeiro presos e depois acusados, numa sexta-feira dia 13, que marcaria doravante a superstição
ocidental como memória do controverso processo, e com a conivência de Clemente V, papa de
então, a cruzada do rei francês acabaria levando à extinção dos Cavaleiros Pobres de Cristo e do
Templo de Salomão no espaço de cinco anos.
Jacques De Molay, último Grande Mestre Geral da Ordem do Templo com Sede Primaz
em Paris, França, sob a coacção da tortura confessou a 20 de Agosto de 1308 aos seus
inquisidores ser culpado de blasfémia, mas arrependeu-se da confissão forçada e, à beira da
fogueira que o iria consumir mortalmente, vaticinou que no prazo de um ano o papa e o rei de
França seriam chamados ao tribunal de Deus a prestar contas pela perseguição e injustiça feitas
aos Templários. Corria a data de 18 de Março de 1314. Um mês depois, na noite de 19 para 20
de Abril, o papa Clemente V faleceu, aparentemente de causas naturais. A 29 de Novembro do
mesmo ano, Filipe IV morreu também num acidente a cavalo enquanto caçava.
Em território luso, a Ordem do Templo foi extinta de maneira pacífica e concorde entre o
rei D. Dinis de Portugal e os próprios Templários, deixando um espólio financeiro e imobiliário
de vulto que o monarca depressa se encarregou de proteger da avidez do seu homónimo de
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França. Canalizou os fundos dessa para a sua sucessora universal, a Ordem Militar de Nosso
Senhor Jesus Cristo, fundada com autorização do Papa João XXII em 14 de Março de 1319.

A obra de Vitor Manuel Adrião é a primeira a combinar as vertentes teúrgica e histórica


da caminhada dos Templários em Portugal. No Vaticano, será apresentada a 25 de Outubro uma
edição inédita sobre os Templários, reunindo actas completas do Arquivo Secreto sobre o
processo condenatório das Cavaleiros dessa Ordem Religiosa e Militar medieval que ajudou os
portugueses na luta contra os mouros e a fixar as fronteiras do nosso país. A obra, Processo
contra os Templários, a apresentar na data referida, está limitada a 799 exemplares. O livro, que
faz parte da série Exemplaria Praetiosa, a publicação mais valiosa do Arquivo Secreto do
Vaticano, reproduz fidedignamente os originais em pergaminho das actas completas do antigo
processo de condenação dos Cavaleiros do Templo, acusados de heresia e blasfémia.
Fundada em 1118 por cavaleiros franceses na maioria mas se contando também a
presença portuguesa, a Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão,
também chamada de Ordem dos Cavaleiros Pobres do Templo de Salomão e da Santíssima
Trindade, teve um papel de relevo nas Cruzadas dentro e fora da Europa e na conquista de
territórios ultramarinos na Terra Santa para as forças da Cristandade.

Alvor de Sintra
Créditos fotográficos: António Tavares – Lusophia

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