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AS ORIGENS DO ESCOCECISMO

O escocesismo nasceu na França, como Maçonaria Stuartista, sendo, na


realidade, a primeira manifestação maçônica em território francês e, isso, muito
antes da fundação da Grande Loja de Londres, pois o fato remota ao ano de 1649,
após a decaptação do Rei Carlos I[1], da família dos Stuarts, pelos partidários de
Oliver Cromwell[2].

OLIVER CROWMWELL
Stuart era o sobrenome de uma família, cujos membros, por diversas vezes,
ocuparam os tronos da Escócia e da Inglaterra. Seu fundador, no século XII, foi
Alan Fitzflaald, um bretão que havia imigrado para Norfolk, na Inglaterra. O sexto
descendente de Alan, Walter, casou-se com Marjorie, filha de Robert Bruce, e seu
filho Robert II ascendeu ao trono da Escócia, em 1371.
BRASÃO DA CASA STUART

A linha paterna da famlia real iria terminar, em 1542, com a morte de Jaime V; sua
filha Maria Stuart, com o nome de Maria I, subiu ao trono com apenas um ano de
idade, foi expulsa da Escócia em 1567, e acabou sendo decapitada, na Inglaterra,
em 1587, por ordem de Elizabeth.

EXECUÇÃO DE MARY I

O filho de Maria, Jaime VI (na Escócia), tornou-se rei da Inglaterra, governando de


1603 a 1625, com o nome de James I. Em 1625, subia Carlos I ao trono, reinando
até 1649, quando foi decapitado pelos partidários de Cromwell. Enquanto durou a
reforma puritana de Cromwell, os Stuarts ficaram alijados do poder; isso aconteceu
em 1661, quando, depois de mais de dez anos de exílio na França, Carlos
II[3]entrou, triufalmente, em Londres, restabelecendo a disnastia stuartista.
CHARLES I

O sucessor de Carlos II, Jaime VII, subiu ao trono da Inglaterra com o nome de
Jaime II e acabou sendo expulso do país, em 1688. Suas filhas, Ana e Maria II,
foram as últimas da dinastia a ocupar o trono inglês, embora o seu filho Jaime III
tentasse, por duas vezes, em 1708 e 1715, usurpar o poder. A linha feminina da
família, descendente de Henrietta, filha de Carlos I, ligou-se a Casa de Savia,
passando, depois, às de Módena, Áustria e Baviera.
Voltando as origens do escocesismo, em 1649, depois da decapitação de Carlos I,
sua viúva, Henriqueta de França, que era filha de Henrique IV e Maria de Médicis,
aceitava do rei francês Luiz XIV, o asilo político no Castelo de Saint Germain, onde
não tardaram em juntar-se a ela muitos membros da nobreza escocêsa e inglesa,
que passaram, imediatamemente, a preparar a reação contra Cromwell, para a
retomada do trono pelos Stuarts.
Segundo Bertelot, esses nobres, com o intuito de se precaverem contra os
elementos hostis à dinastia stuartista, abrigavam-se sob a capa das lojas
maçônicas, sob cujo caráter secreto podiam, sem grandes riscos, comunicar-se
com seus partidários, na Inglaterra e tramar a queda do puritanismo de Cromwell.
Já Alec Mellor tece comentários sobre a origem jacobita do Rito Escocês Antigo e
Aceito, pelo fato de existirem lojas militares, formadas pelos regimentos fiéis aos
Stuarts; regimentos irlandeses e, principalmente, escoceses, totalmente jacobitas,
e compostos, em sua maioria, por católicos.
A par dos que defendem a origem startista da Maçonaria francesa e, portanto, do
escocesismo, existem autores, como Henri Marcy, que defendem a tese de que
teria havido uma implantação direta, entre 1725 e 1729, a partir da Grande Loja de
Londres, evoluindo, desde sua criação, até a qualidade de Grande Loja Nacional.
Paul Naudon, que defende a origem stuartista, informa que, em 1661, nas
vésperas de subir ao trono inglês, Carlos II criou, em Saint-Germain, um regimento
com o título de Real Irlandês, que, depois, seria alterado para Guardas Irlandesas.
Esse regimento, seguindo os Stuarts, foi incluído na capitulação de 1688,
desembracando em Brest, em 09 de outubro de 1689, sob as ordens do coronel
William Dorrington e permanecendo, até 1698, em Saint-Germain, fora dos
quadros militares frenceses; nesse ano, ele foi incorporado ao exército francês.
O Regimento dos Guardas Irlandeses, segundo o historiador (profano) G. Bord,
tinha uma loja maçônica, cujos documentos chegaram até a atualidade. No dia 13
de março de 1777, o Grande Oriente de França admitiu que a constituição dessa
loja datava de 25 de março de 1688, sendo, destarte, a única loja do século XVII
cujos vestígios chegaram até nós, acreditando-se, todavia, que os stuartistas
tenham criados outras lojas em território francês, principalmente a partir de um
segundo regimento, formado, em Saint-Germain, com imigrantes escoceses e
irlandeses.
Jean Baylot situa a fundação da primeira loja stuartista em 1689, em Saint-
Germais-en-Laye, sede da corte de Jaime II, pelo Regimento Irlandês Walsh de
Infantaria, enquanto a segunda teria sido criada em Arras, pelo dignitário inglês
Lord Penbrocke. G. Bord faz a separação entre as lojas “jaconitas” (como primeira)
e “orangistas” (como a segunda), que, posteriormente, se fundiram. A partir de
1688, com o exílio de Jaime II, já sew pode falar em jacobitas, termo sugerido
nessa época.
Embora alguns autores considerem que só existem lendas, em torno dessa Loja de
1689, Chevalier descobriu, por um documento manuscrito, datado de 1735, a
confirmação do estabelecimento dos Stuarts, em Saint Germain-em-Laye, por volta
de 1689. Assim, a existência dessa Loja torna-se plausível, considerando-se a
importância da população escocesa que emigrou, com a corte de Jaime II. Por
outro lado, não existem documentos que comprovem a fundação, em Arras, da
Loja “Le Constance”, pelo já citado Lord Penbrocke; da mesma forma, é incerta a
pretendida fundação, em Dunquerque, em 1721, da Loja “Amitié et Fraternité”, sob
a patente da Grande Loja de Londres, já que os arquivos são mudos em relação a
ela.
O certo que, depois da fundação da Premier Grand Lodge, desenvolveram-se na
França, dois ramos distintos da Maçonaria: um inglês, dependente da Grande Loja
de Londres, e outro “escocês”, livre do sistema obediencial, e, portanto, vivendo de
acorodo com os antigos preceitos maçônicos, segundo os quais os Maçons tinham
o direito de constituir lojas livres, sem prestar contas de seus atos a uma
autoridade, ou a um poder supremo (o Maçom livre na loja livre), porcediemnto
que, posteriormente, seria mudado, com a generalização da implantação do
sistema obedencial.
As lojas “escocesas”, porém, representavam a esmagadora maioria. Em 1771, das
154 lojas de Paris, 322 da Provincia e 21 de regimentos, não havia, segundo
Gustave Bord, dez lojas que houvessem recebido sua carta patente da Grande
Loja inglesa; até 1776, ela havia dado carta patente (oficial) a apenas três lojas:
“Louis d”Argent”, “Daubigny” e “Perfaite Union”.
Na realidade, em 1717, não se poderia, ainda, falar em Rito Escocês, ou no
escocesismo como Obediência. Isso só aconteceria a partir da segunda metade do
século XVIII, com a introdução dos altos graus, suma caracterstica do
escocesismo, nascida do desejo de aristocratizar a Ordem Maçônica, não no
sentido político do termo, mas, principalmente, com uma idéia de seleção. Essa
transformação iniciou-se em 1758, com a criação dos 28 [vinte e oito] graus (do
chamado Rito de Heredom) e só seria plenamente estabelecida, em 1801, com a
fundação, em Charleston-USA, do primeiro Supremo Conselho do mundo, do
chamado Rito Escocês Antigo e Aceito.
E o sistema acabou sendo chamado de escocês, sem ter uma ligação evidente
com a Escócia (a não ser indiretamente, através dos stuartistas). Le Forestier, em
sua obra “L’ Occultisme Et La Franc-Maçonnerie Écossaise” citada por Mellor, crê
que o termo “escocês” representa uma inspiração direta do discurso de Ramsay, já
que este afirma que a Ordem Maçônica conservou, na Escócia todo o seu
esplendor, numa época em que, em outros locais, ela caia na mais profunda
decadência. Essa explicação, todavia, segundo Mellor, parece insustentável, pois o
discurso é de 1737, enquanto que existem provas de que já havia um grau
chamado de Mestre Escocês, que já era praticado em 1735, daí a origem do
termo.
Oswald Wirth concorda com a existência desse Grau de Mestre Escocê se tece
considerações sobre ele.
O termo escocês, a partir daí, passou a designar as sessões locais de uma vasta
organização política, acabando por se generalizar; e, de nome nacional, tornou-se
sinônimo de uma organização política.
Para Mellor, pode-se presumir que isso aconteceu porque a maioria dos fiéis
jacobitas era constituída por escoceses, o que acabou por fazer com que todos os
jacobitas fossem chamados de escoceses e, assim, com que o termo passase a
ser um rótulo político, ao invês de designar apenas o nascido na Escócia. Dir-se-ia,
então, “um escocês”, como quem diria mais tarde --- como cita Mellor --- um
“Chouan” (insurreto da Vendéia), para significar um monarquista, ou mesmo um
“Vendéen du Midi” (Vendeio do meio-dia), um “Vendéen Provençal” (Vendeio da
Provença), e assim por diante (a guerra da Vendeia) foi uma insurreição contra-
revolucionária francesa, provocada em 1793, pelos cidados da Bretagne, do Poitou
e de Anjou).
Dentro do mesmo raciocínio, pode-se afirmar que dizer “um escocês” seria o
mesmo que dizer um “round head” (cabeça redonda), para designar um seguidor
de Cromwell, ou, no caso do Brasil, por exemplo, seria o mesmo que dizer “um
lizia”, para designar um liberal, na época do Império ( o termo, originalmente, só
indicava, como alcunha, os liberais de Minas Gerais).
BIBLIOGRAFIA:
Rito Escocês Antigo e Aceito – Rituais de 1804 – Sergio Cavalcante
(www.clubedeautores.com.br);

[1] Carlos I de Inglaterra (em inglês: Charles I; 19 de Novembro de 1600 – 30 de Janeiro de 1649) foi Rei da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda
desde 27 de Março de 1625, até à sua morte. A sua luta pelo poder travada contra o Parlamento da Inglaterra tornou-se famosa. Como ele era
um defensor do direito divino dos reis, seus inimigos, no parlamento dissolvido por ele em 1628 e mais tarde no que foi forçado a reunir em 1640,
temeram que ele procurasse obter o o poder absoluto. Houve uma oposição generalizada a muitas de suas ações, especialmente a imposição de
impostos sem o consentimento do parlamento.
[2] Oliver Cromwell (Huntingdon, 25 de Abril de 1599 — Westminster, 3 de Setembro de 1658) foi um militar e político britânico, conhecido como
um dos líderes da Guerra Civil Inglesa, movimento que derrubou Carlos I e levou à instauração de uma república puritana na Grã-Bretanha.
Cromwell governou com o título de Lorde Protector da Inglaterra, Escócia e Irlanda, de 16 de Dezembro de 1653 até sua morte, a qual se crê ter
sido causada por malária ou por envenenamento.
Quando a guerra civil teve início, Cromwell constituiu uma tropa de cavalaria, que se tornou a base dos seus Ironsides, assim chamados em
alusão ao apelido dado pelo Príncipe Rupert a Cromwell, após a Batalha de Marston Moor (1644), na qual o príncipe fora derrotado.
Como líder da causa parlamentar e comandante do New Model Army, Cromwell desempenhou um papel fulcral na derrota das forças leais a
Carlos I, pondo fim ao poder absoluto da monarquia britânica.
[3] Carlos II de Inglaterra (29 de Maio 1630 - 06 de Fevereiro 1685) foi rei de Inglaterra, Escócia e da Irlanda entre 30 de Janeiro (de facto) ou 29
de Maio (de facto) de 1660 e a sua morte. O pai de Carlos II, Carlos I, tinha sido executado em 1649 e substituído por uma ditadura militar de
Oliver Cromwell, que se auto-nomeou "Lord Protector".
Carlos II subiu ao trono após a restauração da monarquia na Inglaterra e Escócia, pouco depois da morte de Oliver Cromwell. Foi casado com a
princesa Catarina de Bragança, filha de João IV de Portugal, que lhe levou como dote a posse de Tanger e em homenagem à qual foi
denominado o que hoje é o bairro nova-iorquino de Queens. Apesar de ter tido inúmeros filhos ilegítimos (ele reconheceu os direitos de 14 deles),
o casamento não resultou em herdeiros e foi sucedido pelo Irmão, Jaime Duque de York. Ao converter-se oficialmente ao catolicismo no seu leito
de morte, Carlos II foi o primeiro católico romano a reinar a Inglaterra desde a morte de Maria I em 1558.

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