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TIRO AO PRATO: UM ESPORTE FASCINANTE E UMA TERAPOIA DE VIDA

(Extraído do livro de mesmo título do autor Carlo Danna)

A vida acontece no agora; se aprendermos a


controlar as sensações negativas e a valorizar
as positivas, os resultados serão
surpreendentes e poderemos aproveitá-la mais
intensamente!
No esporte, como na vida, a diferença entre o
aproveitamento e o desperdício está em como
nós encaramos cada momento!

1. APRESENTAÇÃO

Somente será apresentada uma síntese, do que é necessário saber, para melhor entender e
praticar este esporte que, por suas peculiaridades, pode ser considerado uma terapia.
É um esporte fascinante porque envolve, profundamente, as emoções que são a parte mais
importante na vida do ser humano.
Uma atividade terapêutica, comprovadamente muito eficaz, é a prática de um esporte.
Entre todos os esportes, o Tiro ao Prato é o mais abrangente, pelas suas peculiaridades.
Um esporte que pode ser praticado, com sucesso, por todos, sem limitações de idade ou
características físicas específicas.
É uma grande terapia, por envolver, profundamente, o lado emocional, mais que qualquer
outro esporte.
Uma terapia porque requer muito autocontrole, ensinando a lutar e vencer as dificuldades e as
emoções negativas.
Um esporte que requer disciplina e atenção aos detalhes, ingredientes muito úteis para a
saúde e o sucesso em qualquer atividade humana.
Um esporte social por reunir, nos clubes de tiro, praticantes de todas as idades, que ali se
encontram e interagem, para compartilhar o esporte que gostam, vivendo relacionamentos
fora da família e do trabalho.
Um esporte que, mesmo utilizando-se de armas, é, historicamente, o mais seguro, quanto a
acidentes e danos físicos colaterais, contrariando quem associa armas à violência.

2. O TIRO AO PRATO

O Tiro ao Prato não é um esporte de força, de tempo ou de medidas, mas um esporte de


habilidade individual onde o principal e mais poderoso adversário é o próprio atleta, ou seja, o
"eu mesmo".
Quem espera obter sucesso no Tiro ao Prato precisa ter: paixão, determinação, disciplina,
paciência, autocontrole e técnica.
Por que foi citada a técnica por último?
Porque, sem todos os outros pontos a técnica não se expressa ao máximo e não produz
resultados significativos.
Para praticar bem o Tiro ao Prato, é necessário voltar-se para o próprio interior.
As características determinantes neste esporte não são físicas, mas mentais.
Atira-se em alvos que se movem no espaço com trajetórias lineares no plano horizontal e
parabólicas no vertical, com visualização contra fundos diferentes e variáveis de clube para
clube.
Pode ser considerado único em suas características, enfocando a dimensão de seu efeito
emocional.
Para se lidar da melhor maneira, com o Tiro ao Prato, é necessário saber mergulhar,
profundamente, na essência de cada um, descobrir os adversários internos e trabalhar para
vencê-los.
Deve-se, a todo custo, evitar procurar culpas e culpados externos quando as coisas não
acontecem como esperadas.
Quem quer obter sucesso nesse esporte, deve aprender a enfrentar as dificuldades, partindo
dos fundamentos e fazendo o que é necessário para corrigir o que não funciona.
É muito comum encontrar pessoas que gostam desse esporte e querem obter sucesso sem
entender sua verdadeira natureza.
Ele é um esporte atípico e complexo:
- Atípico porque, por suas características especificas, não é comparável a nenhum outro
esporte; e,
- Complexo porque envolve, profundamente, a parte emocional e propõe uma busca constante
de detalhes, internos e externos, muitas vezes de difícil identificação ou considerados,
erroneamente, pouco importantes.
Não existem segredos para obter sucesso em nenhuma atividade.
O sucesso depende do caminho percorrido.
Por isso, são necessários: estudos, conhecimento, autoconhecimento, capacidade analítica,
dedicação profunda e muita pratica.
Para ser um atleta que obtém sucesso nesse esporte é preciso ter todas essas características.

3. O PODER DA MENTE

Em nossas mentes existe uma parte subconsciente que, se bem acessada e utilizada,
aumenta, sensivelmente, a nossa capacidade de obter sucesso no que desejarmos.
Para ativar o subconsciente, o melhor momento é antes de dormir.
Quando dormimos, nossa mente consciente para, enquanto o subconsciente continua ativo,
sem a interferência do consciente.
Assim, antes de "pegar no sono", recomenda-se pensar naquilo que se deseja melhorar.
Durante a noite, a mente subconsciente trabalha essa questão.
Essa técnica simples ativa a mente subconsciente de uma forma profunda.
O cérebro controla o nosso corpo físico e a nossa memória, e opera em duas faixas distintas
de atuação: consciente e subconsciente.
4. CONSCIENTE E SUBCONSCIENTE

Adquirimos informações por meio dos nossos sentidos.


O consciente determina que tipo de ação deve ser adotada em função dessa informação.
O subconsciente trabalha, constantemente, para alcançar aquilo que está programado dentro,
seja positivo ou negativo.
O subconsciente trabalha sem interrupções e está sempre processando os programas
instalados por parte do consciente.
O subconsciente não julga o que o consciente lhe repassa.
As ações do subconsciente ocorrerão de acordo com o que teve origem no consciente.
Quando o consciente processa uma escolha e realiza uma ação, o subconsciente acata e
processa todo o conjunto, que passará, automaticamente, a ficar ali armazenado.
Por isso, é importante treinar a imaginação da melhor maneira de concretizar qualquer ato.
No comportamento humano o consciente responde por, aproximadamente, apenas vinte por
cento (20%) das ações, enquanto o subconsciente é responsável por oitenta por cento (80%)
do que se faz na vida.
Visualizar, mentalmente, a conquista de objetivos, é outro modo de treinar o subconsciente.
A técnica da visualização é extremamente valiosa na prática do Tiro ao Prato, porque o
subconsciente não distingue o que se pensa do que se faz, pois, para ele, é a mesma coisa.
Daí, visualizar um prato sendo quebrado do modo e no tempo certos preparam o
subconsciente, que é o responsável pela ação, a realizá-la exatamente como imaginado.
No subconsciente, fica gravada a resposta automática resultante de treinamentos intensos e
de inúmeras repetições do gesto técnico.

5. A MENTE E O CORPO NO TIRO AO PRATO

5.1. A MENTE

Qualquer atividade humana necessita de conhecimento e, principalmente, de como relacioná-


la à mente e ao corpo.
Aprender a ter os pensamentos certos, na hora certa, é o que gera as ações corretas.
A mente precisa ser condicionada adequadamente.
A técnica e a ação do tiro devem ocorrer de modo automático, pois não é possível, alcançar
resultados no tiro, através do controle consciente da ação.
O consciente, através da visão e de alguns outros sentidos, vê, sente e vive o que ocorre
durante a ação, mas não deve interferir na realização do ato, que deve ser realizado, única e
exclusivamente, através do automatismo criado e instalado no subconsciente.
O tiro perfeito flui de dentro, sem controle consciente, por efeito das imagens, sensações e
informações recebidas e gravadas, no subconsciente, através do aprendizado, do treino e das
inúmeras repetições.
O subconsciente armazena todas as informações recebidas pelo consciente e as torna
automáticas.
Por esta razão a repetição é o único caminho para aprendizagem.
Quando o treino técnico, o mental e o físico estão prontos, tudo aquilo que parecia difícil
acaba ficando cada vez mais fácil.
Tudo isso acontece com o subconsciente que foi treinado e preparado através do consciente,
mas, absolutamente, sem sua interferência no momento da ação.
Oitenta por cento (80%) de todas as informações que o cérebro recebe, chegam através dos
olhos.
É a visão que transmite as imagens do prato ao sistema neuromuscular que, por sua vez,
aciona a coordenação motora responsável por direcionar o cano da espingarda nele,
automaticamente, na velocidade e tempo certos.
Outro sentido importante é o tátil, o contato do corpo com a espingarda, dando a sensação
que a arma é uma extensão do corpo.
A combinação perfeita desses dois sentidos, permite que tudo aconteça corretamente.
Uma mente alterada emocionalmente, não consegue atuar bem com esses dois sentidos,
dificultando a ação do tiro.
A mente deve combinar o consciente, o subconsciente, o autocontrole e a autoestima.
O consciente cria uma imagem mental que o subconsciente reproduz no momento da ação.
Imaginar um prato quebrando, ajuda o subconsciente a direcionar o tiro ao ponto certo, mas
junto a isso é preciso acreditar que isso, realmente, ocorre.
O que o atirador pensa, antes da ação, é determinante para o sucesso.
O certo é não pensar em nada, contudo, isso só é possível, por breves momentos.
A mente tem uma memória e as imagens, sensações e pensamentos, relativos ao tiro, ficam
armazenados em um arquivo especifico.
Esse arquivo, guardado no subconsciente, é acionado, instantaneamente, no momento do tiro.
A causa principal, do recorrente fenômeno de erros seguidos, deve-se à tendência, do
atirador, de acionar seu consciente, na tentativa de não repetir o erro.
Por essa razão, o erro deve ser, imediatamente, apagado do pensamento, para evitar-se a
repetição.
Após um erro cometido, o atirador deve reentrar no modo automático, usando, somente, seu
subconsciente, no próximo tiro.
Pensar no resultado ativa, involuntariamente, o consciente na ação, causando erro.
A condição mental ideal é ter um estado de "relaxamento e concentração", antes, durante e
depois, de cada ação.
A mente precisa ser ocupada, constantemente, com pensamentos apropriados.
Pensamentos positivos e inflar a própria autoestima, são poderosos companheiros para o bom
desempenho.
Controlar as emoções negativas e fortalecer as positivas é a ação que constrói o resultado a
cada prato.
Viver cada prato, como se fosse o único – "cada prato é uma prova".
O nível de ativação mental adequado só é alcançado com práticas e tempo, pois a melhora
acontece com treino e paciência.
É importantíssimo treinar, e agir, sempre evitando confundir as diferentes funções do
consciente e do subconsciente.
A Psicologia diz que o ser humano tem, dentro de si, demônios que agem contra ele.
Esses demônios são fortíssimos, principalmente quando se enfrenta uma tarefa difícil ou
considerada difícil.
Quando um atirador interfere no movimento do cano da espingarda, freando ou acelerando,
para querer quebrar o prato, é sinal que seus demônios estão em ação.
Eles acionam o consciente para corrigir uma ação que, supostamente, está se cumprindo de
modo errado.
A força desses demônios se restringe a acionar o consciente durante a ação do tiro, enquanto
essa ação deve ocorrer, exclusivamente, no automático, através do subconsciente.
Esse fenômeno aparece, normalmente, por ansiedade.
A ansiedade provoca a ocorrência de tiros, apressados ou controlados, fora do padrão que é
aquele que está gravado no subconsciente.
Esse problema se reduz e é superado quando o atirador alcança uma consciente
reciprocidade entre técnica e autoconfiança.
Uma boa técnica aumenta os pratos acertados, fortalece a autoconfiança e cria uma poderosa
interação que permitirá ao atirador se expressar ao máximo.
Com autoconfiança se derrubam os demônios.
Outro, dos tantos inimigos do praticante de tiro ao prato é o efeito zero.
Quando ocorre um zero, imediatamente o estado emocional do atirador muda, passando,
rapidamente, a uma sensação de desconforto
Esta repentina mudança, se não resolvida, produz outros erros.
Permanecer com o pensamento no zero ocorrido ou querer analisar suas causas, produz
outros erros.
Deve-se enfrentar, com serenidade, o zero e esquecê-lo.
Por se tratar de um esporte que envolve na sua prática "ferramentas" complexas, é muito
importante que se busque o que há de melhor.
E, ter os melhores meios técnicos que engrandecem a autoestima e a autoconfiança do
atirador, traz consequentes benefícios.
O tiro ao prato baseia-se em um tripé: (1) atenção, (2) concentração e (3) sensação.
(1) numa pedana de tiro, tudo que existe fora dela deve ser mentalmente apagado e a visão
deve ser restrita à área na qual voa o prato – esta é a atenção.
(2) no momento anterior à chamada do prato a atenção deve ser direcionada à estreita área
onde surgirá o prato – esta é a concentração.
(3) sentir, dentro de si, bem-estar, autoestima e autoconfiança de que vai conseguir seu
intento – esta é a sensação.
No esporte do Tiro ao Prato, como na vida, não existem formulas magicas ou segredos;
preparação, disciplina, paciência e "repetição dos pensamentos e dos gestos" são a receita de
sucesso.

5.2. O CORPO

Os movimentos do corpo humano, tanto a mobilidade quanto a articulação, na prática do Tiro


ao Prato têm uma importância fundamental.
Os movimentos são de três tipos: (1) voluntários, (2) automáticos e (3) reflexos.
(1) Movimentos voluntários dependem da vontade e da decisão em realiza-los.
(2) Movimentos automáticos dependem da repetição, do treino, da pratica.
(3) Movimentos reflexos são independentes da vontade e ocorrem por uma excitação
sensorial.
Esses três tipos de movimento fazem parte da natureza humana, mas os conscientes e os
automáticos podem ser treinados, permitindo ações repetidas com reações iguais e um estado
de forte solicitação emocional produz movimentos reflexos.
Esses três tipos de movimento estão presentes, também, na pratica do Tiro ao Prato.
Os voluntários para preparar os automáticos, a nível mental e motor, são necessários para
cumprir as ações corretas; os reflexos põem, e devem ser inibidos, com vistas a tratar a mente
para esse fim, porque, quando ocorrem, os movimentos saem alterados.
Todos os movimentos do corpo são originados pela mente.
A ação do tiro se inicia com a preparação e o posicionamento do corpo, disposto do melhor
modo possível, para que a ação ocorra bem.
Após fazer uma impostação correta, ao sair do prato, o atirador move a ponta do cano na
direção dele.
Isso é efeito da coordenação motora produzida pela memória mental e muscular que envolve
todo o corpo numa ação conjunta eficiente, correta e espontânea.
Treinar essa habilidade motora, no Tiro ao Prato, é fundamental.
O direcionamento da ponta do cano no prato ocorre como uma resposta ao estímulo visual
que aciona o sistema neuromuscular que, por sua vez, aciona a coordenação motora.
Para que o praticante de Tiro ao Prato realize uma ação bem-feita, sua postura deve ser
correta e seus movimentos fluidos.
Para conseguir essa fluidez de movimentos, além da postura certa, o praticante de Tiro ao
Prato deve segurar a espingarda de modo descontraído, sem apertá-la muito.
O principal sentido envolvido na ação do tiro é a visão, responsável por enviar as imagens ao
sistema nervoso central que analisa e processa as informações recebidas e reage
imediatamente, em seguida.
O cérebro, na sua parte subconsciente, coleta as informações enviadas pela visão e comanda
a reação fisiológica, praticamente imediata.
A reação do corpo, induzida pela imagem visual, ocorre através dos músculos.
Assim, desde a espera até a saída do prato, o atirador deve estar com ambos os olhos
abertos, direcionados à área onde aparece o prato e com os músculos relaxados.
É importante que ambos os olhos estejam abertos antes e durante a ação do tiro.
Um olho fechado impede a percepção da profundidade, ou seja, do afastamento do prato com
relação a quem o observa.
A natureza deu dois olhos para ver melhor e reagir mais adequadamente às imagens,
portanto, essa capacidade não pode ser reduzida, frechando um olho.
Normalmente um dos olhos é predominante sobre o outro.
Assim, quando o atirador cria um alinhamento visual com a fita e a ponta do cano de sua
espingarda, um dos dois olhos é que cumpre essa função.

5.3. COMBINAÇÃO DA MENTE E DO CORPO

Enfim, é imprescindível a importância de uma correta combinação da mente e do corpo na


pratica desse esporte.
A mente, sem dúvida, tem uma importância prioritária, mas, tem que interagir com um corpo
sadio, preparado e bem condicionado, para cumprir, com eficiência, a ação.
O poeta latino Juvenal dizia: "mens sana in corpore sano" (mente sadia num corpo sadio),
ressaltando que a saúde do corpo depende do equilíbrio, do controle e da saúde mental.
Uma mente sadia em um corpo sadio é uma combinação, absolutamente necessária, para
fazer e viver melhor.
6. O PRATICANTE DE TIRO AO PRATO

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