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ÉLICA MARA SILVEIRA DE MELO

SAMUEL SOUZA DA LUZ

João Lucas Vale Giffoni


joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
HP154016173710435

Nº 3
AQUIRAZ, 2021

1
Direção Geral
João Edson Queiroz

Coordenação Editorial
Carol de Castro

Colaboradores
Espírito litúrgico: Assessoria Litúrgico-sacramental
Meditações: Élica Mara Silveira de Melo, Samuel Souza da Luz
Via-sacra: Wilde Fábio

Revisão
Natália Celestino

Projeto Gráfico e Diagramação


Natália Magalhães
João Lucas Vale Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Capa 05404139170
Assistência de Comunicação
HP154016173710435
Edições Shalom
Estrada de Aquiraz – Lagoa do Junco
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ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

ISBN: 978-85-7784-266-7
3a Edição
© EDIÇÕES SHALOM, Aquiraz, Brasil, 2021.
índice

apresentação …............................................................ 5
domingo de ramos e da
paixão do senhor ........................................................... 6
- Espírito litúrgico ………............................................ 7
- Deus nos amou primeiro, quando
éramos nada: primeiro dia …………................... 8

segunda-feira da semana santa …...................... 11


- Espírito litúrgico …..........................…......................
João Lucas Vale Giffoni 12
- Deus ordena tudo para o Amor:
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segundo dia ..................................................................
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terça-feira da semana santa ................................. 17
- Espírito litúrgico ………........................................… 18
- A semente cai na terra e produz fruto:
terceiro dia ….........................................................….. 19

quarta-feira da semana santa ............................ 22


- Espírito litúrgico ......................................................... 23
- Deus cria o tempo para a eternidade:
quarto dia ….................................................................. 24
Quinta-feira santa ....................................................... 27
- Espírito litúrgico ……………....................................... 28
- O Deus que nos amou primeiro, nos amou
até o fim: quinto dia ……………............................... 30

Sexta-feira santa ….……............................................ 40


- Espírito litúrgico ………............................................ 41
- Ecce homo! Sexto dia ……........…......................... 43

Sábado santo …….....…................................................ 50


- Espírito litúrgico ……...…......................................... 51
João Lucas Vale Giffoni
- “Deus criou o Seu coração e colocou-O
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no centro do mundo”: sétimo dia ..................... 58
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Celebração para o sábado santo ..................... 65
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Domingo da páscoa ………......................................... 72


- Espírito litúrgico ………............................................ 73
- Eis que faço novas todas as coisas:
oitavo dia ……...…....................................................... 75

Via-sacra ………................................................................ 83

Bibliografia ……….......................................................... 109


Apresentação
Esta é a terceira edição do Meditações para a Semana
Santa que, em 2021, nos conduz do Domingo de Ramos
ao Domingo de Páscoa a refletir e aprofundar o versículo
“Deus nos amou primeiro” (cf. 1Jo 4,19) - tema do retiro da
Comunidade Católica Shalom deste ano.
A cada ano, a coleção Meditações para a Semana
Santa faz reflexões à luz da Palavra de Deus e do Magistério
da Igreja, inserindo o fiel batizado no mistério central da
fé católica: a Paixão, a Morte e a Ressurreição de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Nesses oito dias, a liturgia nos envolve com a
reconstituição dosJoão Lucasmomentos
últimos Vale Giffoni
de Jesus em Sua
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vida terrena. Caminhamos com Ele desde o Domingo
de Ramos, dia em que 05404139170
entra em Jerusalém, aclamado
como o “bendito, HP154016173710435
que vem em nome do Senhor”, até Sua
crucificação e Ressurreição.
Este tempo litúrgico deve ser vivido com a devida
atenção ao seu espírito próprio, aos mistérios e conexões
com nossa vida, gerando uma renovada conversão
pessoal. É tempo de reunir toda a Igreja e celebrar, de
forma intensa, a razão da nossa fé: Cristo está vivo entre
nós. Que possamos viver a alegria e a paz na certeza de
que Ele nos amou primeiro.

Uma abençoada Semana Santa e Feliz Páscoa!


Domingo de Ramos
João Lucas Vale Giffoni

e da
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Paixão do Senhor

6
DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

Espírito Litúrgico

O Domingo de Ramos mar-


ca o início da Semana Santa. Procissão de Ramos:
Neste dia, de forma espe- • Mc 11,1-10 ou Jo 12,12-16
cial, a Igreja faz memória (Entrada em Jerusalém)
da entrada messiânica de
Jesus em Jerusalém. Este • Is 50,4-7
fato realmente foi impor- • Sl 21(22),8-9.17-18a.19
tante, pois todos os evan- -20.23-24 (R. 2a)
gelistas o relatam. Jesus
entra na cidade Santa, • Fl 2,6-11 Mc 14,1-15,47
aclamado pela multidão ou mais breve 15,1-39
dos hebreus como Mes- Vale(Paixão
JoãooLucas Giffonido Senhor)
joaolucasvgiffoni@gmail.com
sias. Sua fama havia se
espalhado por todo05404139170
lugar, todos queriam vê-Lo: ju-
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deus e pagãos. Enquanto isso, os chefes do Sinédrio
estavam pensando em como matar Jesus.
Do ponto de vista litúrgico, celebra-se, neste dia, a
entrada messiânica de Jesus em Jerusalém e também
se vive pela primeira vez a Paixão do Senhor.
A procissão de ramos não é simplesmente uma
imitação ou uma dramatização da entrada messiânica
de Jesus, mas é também, um momento em que mais
uma vez reconhecemos a entrada de Jesus, como o
Salvador, da nossa vida e também do mundo. Neste dia,
é muito importante estar atento à liturgia, pois o mesmo
povo que acolhe o Senhor é o povo que manda crucificá-
Lo. A liturgia é rica e, quando vivemos bem este dia, nos
abrimos para viver bem toda a Semana Santa. Que hoje
seja um prelúdio da Semana Santa e abra o nosso coração
para caminharmos com Cristo para a cruz.

7
DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

Deus nos amou primeiro,


quando éramos nada:

PRIMEIRO DIA
“No princípio, Deus criou o céu e a terra.” (Gn 1,1).
A narração da criação do mundo, ao longo desta
semana, vai enquadrar nossa meditação, enquanto
buscamos aprofundar a história da nossa salvação,
que culmina no Tríduo Pascal e eleva o nosso olhar
para as coisas últimas, a escatologia, quando Deus
será tudo em todos (cf. 1Cor 15,28).
O versículo bíblico que oferece coesão e síntese
João Lucas
a essa longa história Vale
é uma Giffoni central da fé:
verdade
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“Deus nos amou primeiro!” (cf. 1Jo 4,19). Esse Amor
Divino nos precede no05404139170
tempo e no ser, cronológica e
ontologicamente. HP154016173710435
Trata-se da escandalosa primazia
da graça, que nos liberta de toda ânsia pelagiana
de autossalvação; é o primado do Amor Divino, que
nos desilude de uma relação comercial com Deus; é
a constrangedora gratuidade do Dom de si Divino
que funda o dom de si humano, e a comunhão desse
recíproco amor na Eucaristia.
Na plenitude dos tempos, “Deus amou tanto o
mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(Jo 3,16), um Kerigma denso como a massa do Big
Bang. Ele nos criou por amor! Deus nos amou primeiro!
Hoje, somos confrontados com a magnitude
dessa doação: “Deus demonstra seu amor para
conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós
quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,8). Eis

8
DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

o sentido da leitura da Paixão na liturgia deste


domingo de Ramos. Nossos méritos são o efeito
da graça amorosa de Deus, e não, absolutamente,
a sua causa. Nisto consiste o amor. O mundo gira,
enquanto a cruz de Cristo está fixa1, no centro da
história, sustentando-a, da criação à Parusia.
O primeiro e o oitavo dias são protagonizados
pela luz. Essa luz que é a vida do Verbo, que
resplandece nas nossas trevas (cf. Jo 1,4-5), é
também a nova luz, da Ressurreição, que inaugura
uma nova realidade. Se o ponto alto da criação
se dá no sexto dia, com a criação do homem e da
mulher, à imagem e semelhança do Deus-Amor,
no nosso sexto dia, Jesus, elevado sobre a Cruz, e
simbolicamente elevado
João Lucasaté o Giffoni
Vale céu, alcança o cume
de si mesmo e do mundo . “A morte é glorificante, é
2
joaolucasvgiffoni@gmail.com
um nascimento (...) 05404139170
mediante a morte, Jesus ‘passa
desse mundo aoHP154016173710435
Pai’”.3
O descanso de Deus, no sétimo dia, não é apático
ou inativo. O Seu silêncio nos interpela; a Sua descida
às profundezas é uma conquista do último limite, a
morte; é o Reino trazido às profundezas do mundo.
Esse mundo em convulsão, imerso nas trevas, no
caos, na confusão, no sofrimento e na condenação,
o mundo dos homens amados por Deus, espera
ouvir um anúncio de libertação. Os homens, cativos
do pecado, vivem sem o conhecimento da Graça,
prisioneiros da tragédia do eterno retorno e da única
certeza, a da morte. “Pensemos em um condenado

1. Stat crux dum volvitur orbis: “A cruz permanece firme, enquanto o mundo gira”, lema
dos cartuxos de São Bruno.
2. DURRWELL, François Xavier. La morte del Figlio: Il mistero di Gesù e dell’uomo.
Napoli: EDI, 2007, 32. Tradução nossa.
3. Ibid., 20.

9
DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

à morte que espera a execução e um dia ouve uma


voz amiga clamar: ‘Graça! Você obteve a graça!
Suspendida toda condenação. Você é livre!’ É sentir-
se renascer. Esta carícia de libertação continua intacta
porque o Espírito Santo não se sujeita à lei da entropia
como todas as fontes de energia física. Cabe a todos
nós abrir de par em par o coração para recebê-la.”4

Para refletir

• Reconheço que sou amado(a) por Deus,


criado(a) para
João receber
Lucas em herança a Sua
Vale Giffoni
alegria? Estou sedento(a) dessa Redenção?
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Estou consciente, aos pés da cruz, que não
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preciso merecer, mas simplesmente acolher
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esse Amor infinito?
• A obra de recriação que Deus quer realizar
em minha vida durante essa semana requer
a minha colaboração. Como posso dispor o
meu coração, as minhas faculdades, o meu
tempo com vistas a essa obra? O que pode
ajudar, e posso empregar? O que pode
atrapalhar, e devo evitar?

4. CANTALAMESSA, Raniero. Segunda Pregação de Quaresma. 20 de março de 2009.

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Segunda-Feira
João Lucas Vale Giffoni

da
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Semana Santa

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SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Espírito Litúrgico

Nesta segunda-feira, a primeira • Is 42,1-7


leitura é retirada do livro do
• Sl 26(27),1.2.3.
profeta Isaías (Is 42,1-7). É o 13-14 (R. 1a)
cântico do servo sofredor que
veio para sofrer pelo seu povo, • Jo 12,1-11
para carregar os seus pecados.
Esse servo é o próprio Jesus.
No Evangelho de São João, vemos que seis dias
antes da Páscoa, Jesus vai visitar Lázaro, que Ele
ressuscitara (cf. Jo 12,1-11). Nesta visita, Maria, irmã
João Lucas Vale Giffoni
de Marta e Lázaro, quebra um jarro de perfume
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de nardo puro e banha os pés de Jesus. Neste dia,
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mais uma vez, Jesus anuncia a sua Paixão. “Maria
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quer expressar a intensidade do seu amor com um
presente de qualidade e caro. Judas não entende a
linguagem de amor, só entende a do interesse.” 5
Peçamos ao Senhor a graça de quebrarmos
nossos perfumes, de unirmos a nossas dores a dor
de Cristo, neste caminho em direção à cruz. Que
este dia não seja uma segunda-feira qualquer, mas
em que busquemos preparar o nosso coração para
acolher a Salvação.

5. Nota da Bíblia do Peregrino (cf. Jo 12,1-7).

12
SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Deus ordena
tudo para o amor:

SEGUNDO DIA

“Deus disse: ‘Haja um firmamento no meio das


águas, e que ele separe as águas das águas’” (Gn
1,6). Meditemos, nesta segunda-feira da Semana
Santa, a obra de criação, redenção e santificação
que Deus opera em nós. Criação, redenção e
santificação são conceitos que enquadramos em
uma moldura cronológica e pedagógica, para melhor
compreendê-los. Porém, para Deus, que existe
João Lucas Vale Giffoni
acima e fora do tempo, tudo faz parte de um plano
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concebido na eternidade beata, levando em conta
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a resposta humana que interage com Seu projeto.
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Assim, pelo prisma da Providência, podemos desde
agora contemplar que somos criados, sustentados
no ser, salvos e santificados por Deus a cada instante,
pelo seu Amor que tudo ordena. Nesta semana, que
tem um estatuto único no tempo litúrgico da Igreja,
chamada Santa, Deus trabalha, e o canteiro de obras
desse Artesão é o coração de cada um de nós.
Nas religiões e culturas vizinhas de Israel, a
criação era fruto de um embate entre deuses, e o
mundo mesmo, e o ser humano nele, era feito da
carcaça de um deus vencido6. Nessas mitologias,
os deuses são figuras antropomórficas, ambiciosas,
vingativas, e o homem cabe nessa história como
um capricho ou um incidente desastroso. O caos
6. Cf. COTTERELL, Arthur; AUERBACH, Loren; BIRELL, Anne-M et all. Encyclopé-
die de la mythologie. Bath: Parragon Books, 2004.

13
SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA

que, de sua parte, o ser humano gera no mundo é


consequência dessa trágica cosmogonia.
O pagão antigo, como os gnósticos de todos
os tempos, explica seus males e pecados com um
problema que não o compromete diretamente.
Diferente disso, para o autor inspirado do poema da
criação, que recebeu essa revelação Divina, o mundo
é bom, a ordem que nele existe é coerente com o
plano de criação de um Deus generoso, que está
acima de todas as coisas criadas. O caos no mundo
é, então, fruto do pecado humano, responsabilidade
que pesa sobre nós e não sobre Deus.
A distinção entre essas diferentes visões de
mundo não são somente um caso do passado,
mas emergemJoão em Lucas
nossoVale
cotidiano
Giffoni toda vez que
um neopaganismo quer submeter a liberdade e o
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destino humanos ao05404139170
arbítrio dos astros, das forças
espirituais ocultas, a um karma pessoal acumulado
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em vidas passadas. O pecado nos seduz à tentação
de transferir a responsabilidade para realidades
externas, e nos escondemos atrás de um vitimismo
e de um determinismo existencial. Nem vitimismo
nem culpabilização: pelo anúncio da verdade bíblica,
somos impelidos ao realismo, à responsabilidade e
ao arrependimento.7

7. “É necessário afirmar que, segundo a fé bíblica, a origem do mal não se encontra no


mundo material e corpóreo, experimentado como um limite e como uma prisão da qual
deveríamos ser salvos. Pelo contrário, a fé proclama que o mundo inteiro é bom, enquan-
to criado por Deus; e que o mal que mais prejudica o homem é aquele que provém do
seu coração. Pecando, o homem abandonou a fonte do amor, e se perde em falsas formas
de amor, que o fecham cada vez mais em si mesmo. É esta separação de Deus – isto é,
Daquele que é fonte de comunhão e de vida – que leva à perda de harmonia entre os ho-
mens e dos homens com o mundo, introduzindo a desintegração e a morte”. CONGRE-
GAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Carta Placuit Deo. 22 de fevereiro de 2018, 7.

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SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Deus derrama sobre nós, em nosso caos, o seu


Amor, para nos ordenar. Numa expressão do Papa
Francisco, Ele nos “primeireia”, nos salva primeiro, e
então nossa vida é ordenada; Ele nos justifica, e assim Lhe
correspondemos com uma vida justa. Dessa maneira, na
origem da nossa fé, não está uma decisão moral, mas
um abandono amoroso. Essa é a experiência que Maria
de Betânia testemunha. Ela, como a mulher pecadora,
muito ama, porque muito foi perdoada (cf. Lc 7,37-50).
Na liturgia de hoje, contemplamos a unção de
Betânia, em que a irmã de Lázaro ungiu os pés do Senhor
com um perfume muito caro, enxugando-os com seus
cabelos, e a casa encheu-se com o cheiro do perfume
(cf. Jo 12,3). Esse ato de amor de Maria é louvado por
Jesus, que a defende diante de
João Lucas Judas
Vale Iscariotes, quando
Giffoni
este critica ojoaolucasvgiffoni@gmail.com
desperdício de um valor bem maior do que
aquele pelo qual ele iria trair o Mestre.
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Ouçamos a HP154016173710435
reflexão deste que se converteu
depois de uma vida muito desordenada e dissoluta,
tornando-se depois o doutor da Graça, Santo
Agostinho: “Cada alma que deseja ser fiel junte-se a
Maria para ungir os pés do Senhor com um perfume
precioso. Esse perfume simboliza a justiça. Você se
esforçou para fazer as obras da justiça; bem, saiba
que o justo vive pela fé (Rm 1,17). Unja os pés de Jesus:
siga os passos do Senhor levando uma vida digna.
Enxugue seus pés com seus cabelos: se você tem
algo supérfluo, dê aos pobres, e você terá enxugado
os pés do Senhor. Acontece que na terra os pés do
Senhor estão necessitados. A quem, senão a seus
membros, se refere a palavra que ele pronunciará no
fim do mundo: Sempre que o fizeste ao menor dos
meus irmãos, o fizeste a mim (Mt 25,40)?”

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SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Para refletir

• Como está minha relação com Deus?


Reconheço que “sem Ele nada posso fazer”?
(Cf. Jo 15,5).
• Faço memória “de onde o Senhor me
resgatou”? Desejo manifestar a Ele minha
gratidão, na oração e na vida?
• Assim como Deus distinguiu as águas,
através de um elemento firme, nos é
necessário discernir, com lucidez e firmeza:
qual a origem da angústia, da sensação de
desabrigo, de impotência, que experimento
diante das
Joãoáguas
Lucas turbulentas
Vale Giffoni da vida? Sou
somente vítima, ou tenho também a minha
joaolucasvgiffoni@gmail.com
responsabilidade?
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Terça-Feira
João Lucas Vale Giffoni

da
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Semana Santa

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TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Espírito Litúrgico

Neste dia, no Evangelho (Jo 13, 21-


33.36-38), nos encontramos em • Is 49,1-6
meio à santa ceia. Jesus faz a Sua • Sl 70(71),1-2.3-4a.
entrega: o Filho do homem será 5-6ab.15.17 (R. cf. 15)
glorificado. Neste momento, Jesus • Jo 13,21-33.36-38
fala sobre a traição de Judas e a
negação de Pedro.
Muitas vezes, nós, com nossas vidas, não somos
testemunhas fiéis de Cristo, O negamos ou até O
traímos, quando não falamos a verdade por medo
ou vergonha. Louvemos
João Lucasao Senhor
Vale Giffoniporque, mesmo
em meio àsjoaolucasvgiffoni@gmail.com
nossas quedas, Ele está disposto a dar
a vida por nós. Jesus deixa claro que Ele sabia que
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ia ser traído e abandonado e, mesmo assim, estava
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disposto a dar a sua vida em resgate da humanidade.

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TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA

A semente cai na terra


e produz fruto:

TERCEIRO DIA
No terceiro dia da criação, Deus ordena que a terra
produza frutos e sementes. No nosso terceiro dia,
ou seja, um dia depois do episódio da unção de
Betânia (cf. Jo 12,12), Jesus anuncia: “se o grão de
trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só;
mas se morrer, produzirá muito fruto” (Jo 12,24).
O grão de trigo está, então, prestes a cair na terra,
a penetrar na profundidade misteriosa da morte do
homem, depois de ter
João partilhado
Lucas a sua vida. Daqui
Vale Giffoni
a poucos dias, celebraremos a Paixão e Morte de
joaolucasvgiffoni@gmail.com
nosso Senhor. Na liturgia de hoje, Jesus, angustiado,
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mas cheio de ternura, declara: “Filhinhos, por pouco
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tempo ainda estou convosco” (Jo 13,33a).
Na Sua via crucis, o Senhor Jesus, sempre
unido ao Pai, de certa forma ainda está só, como
o grão de trigo antes de morrer. Não pode ainda
ser seguido pelos discípulos: “Não podes seguir-
me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde”
(Jo 13,36). Assim, não é a boa vontade do discípulo
que permite o seguimento. Antes, o Amor é o
fundamento do discipulado. Primeiro, é preciso que
o Bendito Fruto morra sobre a árvore da Cruz, que a
semente penetre na terra, para que o amor floresça
e frutifique também na vida de todos aqueles que
serão inseridos8 no mistério pascal, por meio da
graça batismal acolhida no coração e vivida de fato.
8. “Eu sou a videira e vós os ramos” (Jo 15,5a).

19
TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA

“Como a cepa de videira plantada na terra


frutifica no seu tempo e o grão de trigo caindo
na terra, decompondo-se, ressurge multiplicado
pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas
e (...), recebendo a Palavra de Deus, se tornam
Eucaristia, isto é, o corpo e o sangue de Cristo, da
mesma forma os nossos corpos, nutridos por esta
Eucaristia, deposto na terra e nela decompostos,
ressuscitarão, no seu tempo, por obra do Verbo de
Deus para a glória de Deus Pai. É ele quem reveste
a este corpo mortal de imortalidade e a este corpo
incorruptível dá incorruptibilidade, pois o poder de
Deus se manifesta na fraqueza”9.

João Lucas Vale Giffoni


joaolucasvgiffoni@gmail.com
Para refletir
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Enquanto nos preparamos para celebrar o
momento ápice do ano, para que seja fecunda a
nossa participação no mistério pascal do Senhor,
responda:
• Como está o meu seguimento do Senhor,
na vivência da minha vida cristã e da minha
vocação/estado de vida?
• Quais bons propósitos feitos diante de Deus
não fui capaz de cumprir?
• Permaneço na fé e na esperança, mesmo
quando não compreendo, ou abandono o
Senhor, quando Ele me aponta a cruz, para
procurar vias alternativas?

9. SANTO IRINEU DE LYON. Adversus haereses in: CENCINI, Amedeo. Virgindade e


Celibato hoje. São Paulo: Paulinas, 2002, p. 145.

20
TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA

• Em quais circunstâncias tenho negado o


Senhor, envergonhando-me do seu Evangelho
e da sua Cruz, rejeitando a via da humildade
e da mansidão?
Não desanimemos diante das nossas negações
e traições. Aquele que criou tudo do nada já contava
com as nossas fraquezas. Diante delas, Ele não foge.
Diferente disso, Jesus, como se vê no Evangelho de
hoje, dá o pão embebido àquele que está prestes
a traí-Lo. Ele tudo sabe. A nossa fraqueza não O
assusta. Em vez de se afastar, Jesus se dá a Judas,
dando-lhe aquele pedaço de pão.
Deus se faz semente no coração do homem,
escolhe unir-se ao pecador para lutar por ele, até o
fim! Jesus escolhe
Joãomorrer a morte
Lucas Vale do pecador para
Giffoni
ali encontrá-lo, como encontrou o bom ladrão, para
joaolucasvgiffoni@gmail.com
não ficar “sozinho”,05404139170
para unir a si o homem na Sua
entrega ao Pai, para passarem juntos ao Reino.
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Quarta-Feira
João Lucas Vale Giffoni

da
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Semana Santa

22
QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Espírito Litúrgico

Existem muitas tradições


próprias da quarta-feira da • Is 50,4-9a
Semana Santa em vários lu- • Sl 68(69),8-10.21
gares. As paróquias sempre bcd-22.31 e 33-34
buscam motivar de alguma (R. 14cb)
forma a vivência deste dia. • Mt 26,14-25
Algumas realizam a procis-
são do encontro, que repre-
senta o encontro de Nossa Senhora com Jesus car-
regando a cruz.
Em outros lugares, celebra-se o ofício das trevas,
uma celebração em Lucas
João que a Igreja fica completamente
Vale Giffoni
escura com um candelabro com quinze velas acesas
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na frente do altar. 05404139170
Cantam-se Salmos penitenciais
e, a cada SalmoHP154016173710435
cantado, uma vela é apagada. No
final, resta apenas uma vela que não é apagada, que
representa o próprio Cristo.
Neste dia, no Evangelho (Mt 26,14-25), Judas
negocia com os fariseus o valor para entregar Jesus.
O Senhor, com Seu testemunho, nos pede para não
termos medo da cruz. O Senhor derrama o seu
Espírito sobre nós para caminharmos para a cruz.

23
QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Deus cria o tempo


para a eternidade:

QUARTO DIA
O Amor, que é o princípio da nossa vida, criou
os astros, o dia e a noite. Criou o tempo como
um “recipiente”, para enchê-lo de liturgia e de
eternidade. A vinda de Jesus na carne inaugura a
“plenitude dos tempos” (cf. Gl 4,4): o tempo alcança
a sua realização quando é habitado pela eternidade.
Desejamos a eternidade. Mas tantas vezes
preferimos chegar à meta sem precisar caminhar,
porque pensamos Joãoque a eternidade
Lucas vem “depois do
Vale Giffoni
tempo”, que a ressurreição chega somente depois
joaolucasvgiffoni@gmail.com
da cruz. Porque não aprendemos a caminhar com
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Jesus, em vez deHP154016173710435
somente caminhar em Sua direção,
não sabemos ainda viver com Ele e nos limitamos a
viver por Ele. E são coisas bem diferentes!
“O tempo inicia os processos (...). Deus encontra-
Se no tempo, nos processos em curso (...). Deus
manifesta-Se no tempo e está presente nos processos
da História. Isto faz privilegiar as ações que geram
dinâmicas novas. E exige paciência, espera”10.
Eternidade não é imobilidade, mas constante
admiração e contentamento pela novidade que
Deus é e gera em nós, hoje, no tempo presente11.
Deus não está depois do tempo. Encontramos o
Senhor no hoje da nossa vida, quando nos abrimos
10. PAPA FRANCISCO. Entrevista em 20 de setembro de 2013. Boletim Unicap.
11. O Papa Bento XVI propõe, entre outras, a seguinte descrição da eternidade: “algo
parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos
a totalidade” (Spe salvi, 12).

24
QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA

a novos processos, a novos percursos, ao Espírito


Criador que renova a face da terra. Em vez disso,
se não reconhecemos e acolhemos Deus presente
e operante, mesmo que façamos coisas por Ele,
estamos em perigo de ouvir, no entardecer: “Não
vos conheço” (Mt 7,23).
“Para a comunidade dos fiéis o tempo é
grávido do mistério de Cristo (...). A encarnação do
Verbo confere ao tempo do homem um respiro de
eternidade como uma perspectiva sempre aberta
sobre o horizonte humano. E encontrou já uma certa
resposta naquele evento que constitui o centro da
história e dá a cadência certa ao nosso tempo: a
Páscoa de Jesus. Resposta em si completa, mas que
espera que cada fielLucas
João a façaVale
sua”Giffoni
12
.
No Evangelho de hoje, Jesus celebra a Páscoa
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com os Seus discípulos. A liturgia nos ajuda a
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preencher o tempo de eternidade, a acolher o eterno
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no nosso hoje. O mistério pascal de nosso Senhor é
um evento histórico, temporal, mas também eterno,
enquanto obra divina. Quando nós o celebramos
na liturgia e o vivemos em uma vida permeada de
livres ofertas por amor, acolhemos no nosso tempo
o conteúdo substancial que o qualifica como pleno.
Deus salva o nosso tempo da vacuidade, tira-o do
seu “nada”, pelo Seu poder criador, enchendo-o do
Amor que brota da Cruz, enchendo-o de eternidade.

12. CENCINI, Amedeo. Il respiro della vita: La grazia della formazione permanente.
Cinisello Balsamo: San Paolo, 2002. Tradução nossa.

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QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Para refletir
• Com que tenho preenchido o meu tempo?
Sinto que o Eterno o habita e o plenifica,
fazendo com que cada instante seja Nele, por
Ele, para Ele? Ou o meu tempo é vazio, feito
somente por horas que passam, por ações
que não edificam o Reino?
• Como está a minha vida litúrgica,
sacramental? Com quais disposições celebro
os sacramentos, e quais frutos colho em
minha vida?
• Qual percurso necessário devo iniciar ou
retomarJoão
na minha vida?
Lucas Vale Como fazê-lo, em
Giffoni
uniãojoaolucasvgiffoni@gmail.com
com o Senhor?
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Quinta-Feira
João Lucas Vale Giffoni
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Santa
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QUINTA-FEIRA SANTA

Espírito Litúrgico

A Quinta-feira Santa faz parte


da preparação da Páscoa do Missa vespertina
Senhor e consequentemente da Ceia do Senhor:
da sua Esposa, a Igreja. É nes- • Ex 12,1-8.11-14
te dia que se inicia o Tríduo • Sl 115(116B),
Pascal, a preparação para a 12-13.15-16bc.17-18
grande celebração por exce- (R. cf. 1Cor 10,16)
lência, que é a da Páscoa, da
• 1Cor 11,23-26
vitória de Jesus Cristo sobre a
morte, sobre o pecado e o so- • Jo 13,1-15
frimento, sobre o inferno.
Este é o diaJoão
em que a Igreja
Lucas celebra a instituição
Vale Giffoni
dos grandes sacramentos da Ordem e da Eucaristia.
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Jesus é o grande e eterno Sacerdote, mas quis
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precisar de ministros sagrados, retirados do meio
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do povo, para lavar os pés da humanidade, levando
ao mundo a Salvação que Ele mesmo conquistou,
tamanha a potência da sua Morte e Ressurreição.
Jesus desejou ardentemente celebrar aquela hora.
Na celebração da Páscoa, após ter instituído
o sacramento da Eucaristia, o Senhor disse aos
discípulos: “Fazei isto em memória de Mim”. E com
as seguintes palavras, Ele instituiu o sacerdócio
cristão: “Então, tomando uma taça, deu graças e
disse: Tomai isto e reparti entre vós; pois Eu vos
digo que doravante não beberei do fruto da videira,
até que venha o Reino de Deus. E tomou um pão,
deu graças, partiu e deu a eles, dizendo: Isto é o
meu corpo que é dado por vós, fazei isto em minha
memória” (Lc 22,17-19).

28
QUINTA-FEIRA SANTA

Naquela noite em que foi, muitas vezes, traído,


Cristo nos amou mais ainda, pois bebeu o cálice da
Paixão até a última e amarga gota. O Senhor lavou
os pés dos discípulos. Fez esse gesto marcante, que
era realizado pelos servos, para mostrar que, no Seu
Reino, “o último será o primeiro” (cf. Mt 20,16), e que
o cristão deve ter como meta servir e não ser servido.
E por causa daquela bendita noite, em que Jesus
fez várias promessas importantíssimas à Igreja, que
acabara de instituir sobre Pedro e os Apóstolos, que
Nossa Senhora, a Virgem Vigilante por excelência,
esteja atenta ao nosso clamor e nos ajude a usufruir,
plenamente, cada aspecto da Salvação operada pelo
Cordeiro de Deus, trazido por Ele a cada homem,
para que sejamosJoãodignos
Lucas das
Valepromessas
Giffoni de Cristo.
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QUINTA-FEIRA SANTA

O Deus que nos amou primeiro,


nos amou até o fim:

QUINTO DIA
“Deus disse: ‘Fervilhem as águas um fervilhar de
seres vivos, e que aves voem acima da terra, sob
o firmamento do céu’. (...) E Deus viu que isso era
bom” (Gn 1,20.21b).
A criação dos peixes e das aves no quinto dia é
relembrada no oitavo Salmo, que canta a grandeza
visível de Deus em Suas criaturas, as quais Ele
submeterá ao homem: “as aves do céu e os peixes
do mar… sob seusJoãopés tudo
Lucas colocaste”
Vale Giffoni (8,9a.7b). O
cântico de Daniel (3,79.80), por seu turno, convida
joaolucasvgiffoni@gmail.com
todos ao louvor: “Baleias e peixes, bendizei ao
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Senhor! Pássaros do céu, bendizei o Senhor!”,
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e Santo Antônio de Pádua repete esse convite
aos peixes, no episódio em que é ignorado pelos
homens, mas é ouvido pelas criaturas das águas:
“Peixes, meus irmãos, muita obrigação tendes de,
à vossa maneira, cantar louvores e render graças a
Deus nosso Criador!”13
Jesus multiplicou os peixes, depois de chamar
pescadores para voltarem suas redes para as
multidões. E o peixe (Ichtus) emprestará seu nome
à abreviação do nome de Cristo, e seu símbolo, aos
primeiros cristãos. Pedro é enviado para recuperar o
imposto do Templo de dentro da goela de um peixe,
e o Ressuscitado come peixe diante dos discípulos

13. LISBOA, Dionísio Pedro de Alcântara. Santo Antônio contra o mundo. São Paulo:
Paulus, 2018, p. 132.

30
QUINTA-FEIRA SANTA

boquiabertos. A pesca dos 153 grandes peixes foi o


último grande sinal do Senhor antes da Ascensão.
Jesus aponta para os pássaros, ao pregar com
parábolas: “Olhai as aves do céu… o vosso Pai celeste
as alimenta!” (Mt 6,26). “As aves do céu tem seu
ninho, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar
a cabeça.” (Mt 8,20).
Toda a multidão dos seres vivos, portanto, é
dada ao homem, como sinal da abundância de vida
e da lógica do dom. Em Cristo, o Pai revela e cumpre
o Seu projeto para a criação. Ele, dom do Pai aos
homens, faz-se plenamente dom na terra. E como
homem, na Eucaristia, Ele se oferece ao Pai, levando
todo o cosmos consigo, em louvor ao Pai. Unir o
meu ser ao Seu, Joãolivremente, fazendo
Lucas Vale Giffoni de minha vida
um dom: nisto consiste o amor.
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“Por Cristo, com05404139170
Cristo e em Cristo, a vós Deus
Pai Todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo,
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toda a honra e toda a glória, agora e para sempre”
é a parte final da oração eucarística, a doxologia,
quando o sacerdote eleva o Corpo e o Sangue de
Cristo, e os fiéis se deixam elevar como Dom ao Pai,
oferecidos por nosso Sumo Sacerdote Jesus Cristo,
ao responder com convicção: “Amém!”

Aquele que nos amou primeiro,


nos amou com o dom de si

Todas as coisas têm a vocação de serem “cristifi-


cadas”, ou seja, de revelarem a sua existência para
a glória do Pai e para a salvação do gênero humano,
uma vez que assim é Cristo e Sua existência: Ele vive
para amar e fazer a Vontade do Pai e Ele vive para

31
QUINTA-FEIRA SANTA

amar os homens, salvando-os; é o que chamamos


de “pró-existência”.
Jesus é dom. Se tudo foi feito por meio Dele,
tudo tende, Nele, a se tornar dom. O próprio cosmos,
o mundo, o tempo, as criaturas, são realidades
desdobradas pelo mistério de Cristo, revelando-se
realidades a caminho do dom pleno, até que Cristo
seja tudo em todos.
Deus cria o mundo como um lugar de aliança e
de comunhão, à imagem do seu Verbo. Na Antiga
Aliança, para restabelecer a comunhão perdida pelo
pecado, Ele imprime uma pedagogia, uma Lei, com
o oferecimento de sacrifícios que representam a
oferta do povo, pecador e arrependido. Ao substituir
Isaac pelo cordeiro, o Senhor
João Lucas Valepoupa
Giffonio primogênito
de Abraão; ao instituir a Páscoa da libertação, poupa
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os filhos primogênitos do povo israelita escravo no
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Egito, através do sangue do cordeiro na soleira da
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porta; Deus mesmo, porém, não poupou Seu próprio
Unigênito. Ele se volta contra si mesmo para nos
amar com o amor mais radical que existe14.
Aquelas eram, assim, imagens deste Verdadeiro
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Jesus
substitui a imagem pela realidade, fazendo-se dom:
“Ninguém me tira a vida, sou eu que a dou livremente”
(Jo 10,18a). Aquele que nos amou primeiro fez-se
sacrifício, dom de redenção para nós.

14. PAPA BENTO XVI. Deus Caritas Est. 25 de dezembro de 2005, 12: “Na sua morte de
cruz, cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio, com o qual Ele Se entrega para
levantar o homem e salvá-lo – o amor na sua forma mais radical.”

32
QUINTA-FEIRA SANTA

Cristo nos transforma em oferta

Na Nova Aliança, que é uma nova criação, somos


transformados. Essa transformação, metabasis, que
começa no Batismo, deve nos conduzir à semelhança
com o Cristo que nos lava os pés, o Cristo que se
abaixa por amor. Quando nos oferecemos como dom
ao outro, lavamos-lhe os pés, somos “eucaristizados”15
e, assim, preparados para atingir, um dia, o grau
escatológico da estatura de Cristo. Nele, todo aquele
que se faz dom revela a glória de Deus.
Na oferta do Senhor Jesus, somos chamados a
nos deixar transformar em dom para Deus e para o
outro. Os pés dos Apóstolos foram “batizados” para a
missão no lava-pés,
João no evento
Lucas Valeda última ceia, em que
Giffoni
Cristo ministrou sobre eles o sacramento da Ordem e
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lhes confiou a perpetuação da Eucaristia: “Fazei isto
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em memória de HP154016173710435
mim”. Assim todo sacerdote existe,
qual novo Cristo, para o outro. Ele é o homem para
Deus e para o outro, como afirmava o Santo Cura d’Ars.
O povo de Deus, que também é sacerdote, é, no meio
do mundo, um povo a serviço, diaconal e eucarístico.
Está profundamente inscrito no coração humano
o fato de que o único e real sacrifício ou dom que
o homem pode dar a Deus é o dom de si mesmo.
Menos do que isso, é muito pouco. Mas como isso
realmente pode ser feito?
O sacrifício no Templo foi sempre acompanhado
pelo vivo sentido de sua insuficiência. Assim, a
própria insuficiência do sacrifício de Israel – que pode
representar também a insuficiência dos sacrifícios
15. Neologismo que quer significar “santificar pela Eucaristia”, mas também “fazer com
que os homens se tornem Eucaristia para a humanidade” (cf. AZEVEDO, Moysés. Es-
cuta, 2019, p. 69).

33
QUINTA-FEIRA SANTA

de todas as religiões – torna-se uma preparação,


um providencial prenúncio do único sacrifício
verdadeiro, que é a morte e Ressurreição de Jesus.
Dessa maneira, vemos que o problema do sacrifício
nas religiões do mundo e em Israel nada mais é do
que uma profecia da cruz e da Ressurreição.
A destruição do corpo terrestre de Jesus é
apresentada pelos evangelistas como simultânea
ao fim do Templo judaico e seus sacrifícios.
Especificamente, no Evangelho de João – cuja
datação da Paixão Bento XVI prefere, em relação
aos sinóticos –, Jesus morre na cruz na mesma hora
em que, no Templo, se imolavam os cordeiros da
Páscoa que era preparada naquele dia.
“Ao instituir o sacramento
João da Eucaristia, Jesus
Lucas Vale Giffoni
antecipa e implica o sacrifício da cruz e a vitória da
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ressurreição; ao mesmo tempo, revela-Se como o
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verdadeiro cordeiro imolado, previsto no desígnio
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do Pai desde a fundação do mundo, como se lê
na Primeira Carta de Pedro (1,18-20). Ao colocar o
dom de Si mesmo neste contexto, Jesus manifesta
o sentido salvífico da sua morte e ressurreição,
mistério este que se torna uma realidade renovadora
da história e do mundo inteiro. Com efeito, a
instituição da Eucaristia mostra como aquela morte,
de per si violenta e absurda, se tenha tornado, em
Jesus, ato supremo de amor e libertação definitiva
da humanidade do mal”16.
Na Carta aos Hebreus (10,5), lemos que ao entrar
no mundo Jesus diz ao Pai: “Tu não quiseste sacrifício e
oferenda. Tu, porém deste-me um corpo”. Nós também
podemos dizer-Lhe: deste-me um Corpo, o Corpo de

16. PAPA BENTO XVI. Sacramentum Caritatis. 22 de fevereiro de 2007, 10.

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QUINTA-FEIRA SANTA

Cristo. Na Eucaristia, Jesus, Tu te dás inteiramente a


mim e me atrais à Tua pró-existência, à Tua oferta de
amor. O Teu Corpo, todo dom em minhas mãos, o pão
e o vinho, elementos deste mundo, já transformados
em dom pela minha salvação, fazem com que eu
também me transforme em dom.
Sabemos que a transformação do pão e do
vinho em Corpo e Sangue de Cristo é chamada
tradicionalmente de “transubstanciação”. O teólogo
francês Durrwell introduziu também um outro
conceito rico de significado: a escatologização.
Nesta, inicia-se, no pão e vinho consagrados, aquilo
que acontecerá no fim: Cristo tudo em todos.
Jesus une perfeitamente a Si o pão e o vinho,
escatologiza-os, para,
João através
Lucas Valedesses
Giffoni dons, dar-se a
nós e transformar-nos também, escatologizar-nos.
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Na última ceia, “Jesus toma posse do pão e do
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vinho que já lhe pertencem, porque tudo é criado nele
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e em vista dele. Sem despojá-los do seu ser terreno
de pão e de vinho, ele os atrai, mesmo deixando-os
neste mundo, ‘escatologiza-os’, criando-os em vista
de si ao ponto de fazer deles o seu corpo eucarístico,
o sacramento da sua parusia”17.
Com verbos fortes, quase físico-químicos,
Bento XVI nos oferece imagens elegantes de
transformação: somos arrebatados para dentro da
força transformadora de Cristo, o nosso hoje entra
em contato com o Seu hoje, a Eucaristia arrasta-
nos no ato oblativo de Jesus, ficamos envolvidos
na dinâmica da sua doação, Ele arrasta-nos para
dentro de Si: “A conversão substancial do pão e do
vinho no seu corpo e no seu sangue insere dentro

17. DURRWELL, François Xavier. Op. cit., p. 177. Tradução nossa.

35
QUINTA-FEIRA SANTA

da criação o princípio duma mudança radical, como


uma espécie de ‘fissão nuclear’ verificada no mais
íntimo do ser; uma mudança destinada a suscitar
um processo de transformação da realidade, cujo
termo último é a transfiguração do mundo inteiro,
até chegar àquela condição em que Deus seja tudo
em todos (1Cor 15,28)”18.
Todas as coisas foram criadas por Cristo e em
vista Dele. No fim, Ele será tudo em todos. O pão
e o vinho consagrados já alcançaram o seu destino
último: foram escatologizados. O homem, criado à
imagem de Deus, consagrado pelo Batismo, se deixa
escatologizar dia após dia, no tempo, pela graça à
qual adere livremente. A meta é tornar-se oferta na
Oferta de Cristo.
JoãoPapa
LucasFrancisco exorta os jovens
Vale Giffoni
que buscam o sentido pleno de suas vidas: “Com
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efeito, a nossa vida05404139170
na terra atinge a sua plenitude
quando se transforma em oferta”19.
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“O cristianismo não é uma espécie de moralismo,
um simples sistema ético. No começo não estão as
nossas ações, a nossa capacidade moral. Cristianismo
é antes de tudo dom: Deus doando-se a nós não dá
algo, mas doa-se a si mesmo. E isto acontece não
só no início, no momento da nossa conversão. Ele
permanece continuamente Aquele que doa. Oferece-
nos sempre de novo os seus dons. Precede-nos
sempre. Por isso a ação principal do ser cristão é a
Eucaristia: a gratidão por termos sido gratificados, a
alegria pela vida nova que Ele nos dá”20.
No Batismo, somos transformados em um outro
18. BENTO XVI. Sacramentum Caritatis, 11
19. PAPA FRANCISCO. Christus vivit. 25 de março de 2019, 254.
20. PAPA BENTO XVI. Santa Missa ‘In coena Domini’. 20 de março de 2008.

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QUINTA-FEIRA SANTA

Cristo, recebendo o Seu nome: cristão. Na Eucaristia,


acolhemos o Seu dom, e somos enxertados Nele,
capacitando-nos a unir a nossa oferta à do Senhor:
“Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia
de Deus, a que ofereçais os vossos corpos como
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12,1).

O Sagrado: dom que retorna para Deus

Há quem diga que as religiões em geral dão ênfase ao


cosmos, enquanto a religião hebraica e o cristianismo
preferem a dimensão histórica. Para Bento XVI, embora
isso seja verdadeiro, não podemos exagerar com
essa distinção. O foco das religiões em geral sobre
o cosmos – “paz Joãono universo
Lucas através da paz com
Vale Giffoni
Deus”, como ele mesmo diz, é “algo profundamente
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inscrito no coração humano”. Se a direção do Antigo
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Testamento e do cristianismo forem drasticamente
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diferentes disso, então um básico desejo humano
permaneceria sem resposta. “Fé na redenção não pode
ser separada da fé no Criador”, ele diz. “A criação – o
cosmos – existe para ser um lugar para a aliança (...)
então ela deve ser pensada como um espaço para a
adoração”. A liturgia insere no tempo presente a justa
relação entre Deus e a raça humana, relação que Ele
desejou ao criar o universo, a adoração.
Há um modelo clássico, chamado de exitus e
reditus, com que filósofos cristãos e não cristãos
entenderam a relação entre a ordem criada e o Deus
transcendente. A criação sai de Deus (exitus) e se move
através da história em um retorno (reditus) para Deus.
Mas há uma diferença crítica na maneira como filósofos
cristãos e não cristãos entenderam esse movimento.

37
QUINTA-FEIRA SANTA

Para algumas religiões e filosofias, a criação,


exitus, é negativa, uma queda do infinito, a ruptura
do ser e, portanto, a causa de toda a tristeza do
mundo. Para os cristãos, não, pois o mundo criado é
antes de tudo algo completamente positivo, como
livre ato do Criador.
Esse insight judaico-cristão fundamental faz
toda a diferença não apenas em como a criação é
concebida, mas também em como a história, como
reditus, é concebida; pois o exitus da criação agora
pode ser considerado como ordenado desde o início
em direção ao seu reditus adequado.
Se na criação Deus usa sua Palavra, seu Logos,
exprimindo a bondade da criação – “Faça-se” e “Ele
viu que tudo eraJoãobom”
Lucas–,Vale
estaGiffoni
deve responder ao
seu Criador,joaolucasvgiffoni@gmail.com
retornando para Ele em louvor. Porém
somente o ser humano possui a liberdade e essa
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capacidade de resposta, sendo ele o porta-voz do
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universo e da história, em seu retorno para Deus:
“Eis-me aqui, para te adorar!” O ser humano é, pois,
o pináculo da criação, recebendo em si a imagem
de Deus, a capacidade para ser o logos da criação,
a resposta dela ao Criador.
Quanto a nós, podemos dar essa resposta ao
nosso Criador e Redentor, reconhecendo que nossa
vida, nosso corpo, nossas relações, são realidades
sagradas, consagradas ao culto a Deus, em espírito
e em verdade. Tudo que nos pertence, no âmbito
material, intelectual, cultural e espiritual, pode
ser também consagrado ao Senhor, colocado à
disposição do seu Reino, livremente. Consagrar tudo
a Deus é responder à inquietação do nosso coração,
que permanece inquieto enquanto não repousa

38
QUINTA-FEIRA SANTA

Nele21; é tornar sagrado aquilo que foi criado e que


agora “geme e sofre como dores de parto” à “espera
da manifestação dos filhos de Deus” (cf. Rm 8,19-22).

Para refletir
• Como tenho acolhido e vivido o dom total de
si de Cristo na celebração da Eucaristia?
• Na minha vida cotidiana, consigo reconhecer
a abundância dos dons divinos? Sou grato(a)
e respondo, dando-me a Deus em louvor e
ao próximo na partilha dos bens?
• Existe em
Joãomim esse
Lucas desejo
Vale de amar a Deus
Giffoni
e ao próximo com a oferta incondicional da
joaolucasvgiffoni@gmail.com
minha vida? 05404139170
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21. “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” – Santo Agostinho.

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Sexta-Feira
João Lucas Vale Giffoni
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05404139170

Santa
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SEXTA-FEIRA SANTA

Espírito litúrgico

A sexta-feira é o único dia


“em que o centro da liturgia Sexta-feira da
da Igreja e sua culminância Paixão do Senhor:
não é a Eucaristia, mas a cruz, • Is 52,13-53,12
ou seja, não o sacramento
mas o que ele significa”22. • Sl 30(31),2.6.12-13.15-
16.17.25 (R. Lc 23,46)
Este é o dia em que olhamos
para a cruz, ou melhor • Hb 4,14-16;5,7-9
adoramos a cruz. Nós somos
chamados a amar a cruz de • Jo 18,1-19,42
nosso Senhor, pois ela é uma
segurança para nós23
João .
Lucas Vale Giffoni
Neste dia, uma graça toda particular envolve
joaolucasvgiffoni@gmail.com
a Igreja, pois ela celebra a morte do Senhor. Ele
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se entregou porHP154016173710435
nós. Hoje, rezamos com o quarto
canto do servo do Senhor que diz: “Eram nossas
doenças que ele carregava, eram nossas dores que
ele carregava em suas costas. E nós achávamos que
ele era um homem castigado, um homem ferido
por Deus e humilhado” (cf. Is 53,3-4). Este texto se
encaixa perfeitamente no mistério celebrado: Jesus,
sem culpas, se entrega para nos salvar. A cruz não
é um sofrimento estéril, ela é gloriosa, ela dá frutos.
No Evangelho, é sempre lida a Paixão segundo
João, pois a Paixão narrada por ele mostra a suprema
manifestação do amor do Pai. A entrega de Jesus, feita
com liberdade e consciência, nos mostra os sinais da Sua

22. CANTALAMESSA, R. O poder da cruz. São Paulo: Loyola, 2009.


23. AZEVEDO FILHO, M. L. de. Escuta: Conversão à santidade. Aquiraz: Edições Sha-
lom, 2019, p. 59.

41
SEXTA-FEIRA SANTA

divindade, do Seu esvaziamento, da Sua doação total.


Neste dia, não há liturgia eucarística, mas a
adoração da cruz, pois a liturgia volta-se para o
sacrifício cruento da cruz. Esta que era um escândalo,
maldição, humilhação, mas que se tornou sinal de
Salvação, árvore da vida, libertação.
“Que acontecimentos tão decisivos se deram na
cruz para justificar essas asserções? Deu-se que o
Senhor venceu definitivamente o mal, sem com isso
destruir a liberdade de que é fruto. Não o venceu
destroçando-o com a sua onipotência e excluindo
para fora dos confins do seu reino, mas assumindo-o
sobre si (...). Na cruz, Jesus ‘fez a paz, destruindo
em si mesmo a inimizade’ (Ef 2,15s). Destruindo a
‘inimizade’, nãoJoão
o inimigo;
Lucas destruindo
Vale Giffoni‘em si mesmo’,
não nos outros. 24

joaolucasvgiffoni@gmail.com
Que sejamos levados por um profundo silêncio
05404139170
e piedade, pelo desejo de nos unirmos a Cristo, pelo
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desejo de também nós nos darmos pela humanidade,
que precisa ter uma experiência com a gratuidade
do amor de Deus. Peçamos ao Senhor a graça de
nos darmos também dessa forma, por amor e sem
medo de tudo perder, sem medo de nós mesmos
fazermos nosso esvaziamento total.

24. CANTALAMESSA, R. Op. cit., p.121.

42
SEXTA-FEIRA SANTA

Ecce homo!

SEXTO DIA

“Então Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa


imagem, como nossa semelhança (...). Deus criou o
homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou,
homem e mulher, ele os criou (...). E assim se fez. Deus
viu tudo o que tinha feito: e era muito bom. Houve
uma tarde e uma manhã: sexto dia.” (cf. Gn 1,26-31).
Deus cria o homem e a mulher, imprimindo neles a
Sua imagem trinitária: Ele cria a relação. Eis o homem
e a mulher, capazes de relação, capazes de Deus!
Ele mesmo se João
alegra: Isto é
Lucas muito
Vale bom! Não é tanto
Giffoni
o homem que constitui relações, mas é a relação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
que constitui o homem. O homem fechado em si
05404139170
mesmo, que nãoHP154016173710435
se abre ao outro, jamais descobrirá
a própria identidade, jamais se tornará aquilo que foi
criado para ser. Cristo revela o homem ao homem:
em Sua santíssima humanidade, contemplamos a
humanidade tal como o Pai designou: unida a Deus,
abandonada em Suas mãos.
“Eis o homem” é a declaração de Pilatos
ao apresentar à multidão o Senhor flagelado,
proclamando essa verdade sem conhecer a sua
profundidade.
“Cristo, novo Adão, na própria revelação do
mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si
mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime. Já que,
Nele, a natureza humana foi assumida, e não destruída,
por isso mesmo também em nós foi ela elevada à
sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o

43
SEXTA-FEIRA SANTA

Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem.


Sofrendo por nós, não só nos deu exemplo, para que
sigamos os seus passos, mas também abriu um novo
caminho, em que a vida e a morte são santificadas e
recebem um novo sentido”25.
Na nova criação, Jesus, o Filho Amado, se coloca no
abismo mortal que separava os homens da santidade
de Deus, restabelecendo a relação entre o céu e a
terra. Contemplemos a Revelação suprema do Deus
de Amor no sacrifício do Seu Filho na cruz. Façamo-lo,
neste momento, pelos olhos da humanidade redimida
da Virgem Maria, nova Eva. Que mistério do Senhorio
de Deus sobre o tempo! “O sangue de Cristo a resgata,
mas desse sangue, é ela a fonte”26.
Maria, por João
um privilégio
Lucas Vale único, é em certo modo
Giffoni
“escatologizada” desde a concepção: ela, em vista dos
joaolucasvgiffoni@gmail.com
méritos de Jesus Cristo, seu filho e Redentor do gênero
05404139170
humano, foi “preservada imune de toda mancha de
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pecado original” . Ligado ao dogma da Imaculada
27

Conceição, o dogma da Assunção da Mãe de Deus


ao céu em corpo e alma nos faz meditar os efeitos
últimos da Redenção. Maria nos precede naquilo que
nós também seremos28. Coloquemo-nos ao seu lado,
renovados em nossa relação filial. “Jesus, então, vendo
sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse
à sua mãe: ‘Mulher, eis teu filho’.” (Jo 19,26).

25. GAUDIUM ET SPES. 7 de dezembro de 1965, 22.


26. HINO das laudes à Imaculada Conceição. Livre des heures. Paris: AELF, 1980. Tra-
dução nossa.
27. PAPA PIO IX. Ineffabilis Deus.
28. “Por conseguinte, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria a mãe das coisas recriadas. Deus
é o Pai da criação universal, e Maria a mãe da redenção universal. Pois Deus gerou aquele por
quem tudo foi feito, e Maria deu à luz aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou aquele sem
o qual nada absolutamente existe, e Maria deu à luz aquele sem o qual nada absolutamente é
bom.” Office romain des lectures. Paris: AELF 1984, p. 1665. Tradução nossa.

44
SEXTA-FEIRA SANTA

Deus cria o homem e a mulher no sexto dia, à


Sua imagem, e eles vivem em sinergia – cooperação,
harmonia – com o Criador. O paraíso é completo
quando o homem e a mulher recebem a criação
e a capacidade de submetê-la. Tendo os nossos
primeiros pais caído voluntariamente no pecado,
movidos pelo desejo de serem deuses sem Deus,
privaram-se da harmonia original: terão uma relação
marcada pela hostilidade, com a natureza, um com
o outro, consigo mesmos, e com Deus.
O cúmulo da hostilidade do homem contra Deus
se dá nos eventos que meditamos neste dia, mas
nestes mesmos eventos se manifesta sobretudo o
cúmulo do Amor de Deus por nós. Felix culpa, feliz
culpa que nos João
mereceu
LucasumVale
tão Giffoni
grande Redentor! “A
carne é o eixo da salvação”, porque a carne humana
joaolucasvgiffoni@gmail.com
de Jesus é o eixo de toda a realidade29. Sua morte
05404139170
filial vira do avesso nossa condenação, que era o
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resultado da nossa rebeldia e negação filial.

O primeiro e o último Adão

“A humanidade tem uma dupla origem: ela descende


de dois antepassados: do primeiro e do segundo
Adão.30” O primeiro é pecador. Por ele, o pecado,
que é uma força de divisão, entra no mundo. O
pecador se fecha a Deus, fonte da vida. A morte se
transforma em maldição. Se a humanidade tivesse
somente o primeiro Adão como antepassado, a
morte seria definitivamente mortal, a vida terminaria
no vazio.
29. Tertuliano, autor antigo, escreveu: “Caro salutis est cardo”, que quer dizer: “A carne é
o eixo da salvação”.
30. DURRWELL, Francois-Xavier. Op. cit.. p. 166.

45
SEXTA-FEIRA SANTA

O último Adão é celeste, “Espírito vivificante”,


Ele é o Filho em vista de quem o Pai criou o mundo
(cf. 1Cor 15,45). Também o primeiro Adão foi criado
em vista do Filho do Homem, “Jesus gerado na sua
morte”, como afirma o teólogo Durrwell, explicando
a unicidade da morte do Filho em seu mistério filial
completo, na Ressurreição, como uma única Páscoa
de glorificação. “A morte de Cristo não é um fim, mas
um caminho. A morte Dele é Filial, sendo gerado
na morte.”31 Nós também nos tornamos filhos por
meio da Cruz. O homem nasce como filho de Deus
através da Cruz gloriosa.
“Nada no mundo é grande e belo como Jesus
Cristo. Em Jesus, nada é grande e belo como a sua
morte”.32 O primeiro e o último
João Lucas ValeAdão,
Giffoniambos morrem.
Mas o último, Jesus Cristo, assume a morte do
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primeiro e de todos05404139170
os seus filhos. Na morte deste
Filho, Protótipo a partir do qual Adão foi feito, todo
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o gênero humano passa para o Pai. Na morte do
último Adão, a morte do primeiro é transformada, de
maldição em bênção33. A cruz se torna para o cristão,
não um símbolo de morte, mas de vida e de bênção,
com o qual se reveste fazendo o sinal da cruz.
Assim, o cristão chama a morte corporal de
Páscoa, passagem, e não de fim. A liturgia nos
lembra isso na memória de cada santo, celebrada
no dia de sua passagem para Deus. Estes, como São
Paulo, desejam morrer para estar com Cristo (cf.
Fl 1,23). Santo Inácio de Antioquia assume: “O meu
31. Ibid., p. 119.
32. Ibid., p. 15.
33. Catecismo da Igreja Católica (CIC) 1009: “A morte é transformada por Cristo. Jesus,
Filho de Deus, também sofreu a morte, própria da condição humana. Mas apesar da re-
pugnância que sentiu perante ela, assumiu-a num ato de submissão total e livre à vontade
do Pai. A obediência de Jesus transformou em bênção a maldição da morte”.

46
SEXTA-FEIRA SANTA

desejo terreno foi crucificado: há em mim uma água


viva que dentro de mim murmura e diz: Vem para
o Pai!”34 Santa Teresa de Ávila expressa: “Ansiosa
por ver-te, desejo morrer”35. “Não morro, entro na
vida!”36, afirma, por sua vez, Santa Teresa de Lisieux.
Esta testemunha, menos de três meses antes de
sua morte, que vive essa união com o Amado, na
agonia: “Nosso Senhor morre na cruz, em angústia,
e eis, no entanto, a mais bela morte de amor. Morrer
de amor, não é morrer em êxtase. Eu vos confesso,
com franqueza, me parece ser isso que eu provo.”37
A solidariedade do Filho de Deus conosco,
filhos de Adão, em Sua morte, não é uma camada
superficial de sentimento e empatia. A profundidade
dessa compaixão, Joãodesse
Lucaspadecimento
Vale Giffoni lado a lado,
tem as dimensões infinitas da cruz: o abaixamento
joaolucasvgiffoni@gmail.com
do Rei dos reis até a05404139170
escravidão, a própria Vida que
morre, o mais Belo que se torna repulsivo aos olhos.
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Quem nunca experimentou na pele o quanto o
pecado envelhece, adoece, entristece, desespera,
desfigura a imagem de Deus em si, que um dia foi bela e
radiante? Na morte real de Jesus, na Cruz, todo pecador
pode morrer, de uma morte sacramental, para o pecado:
no Batismo, uma vez, e, na Confissão, toda vez que for
necessário. Em Cristo, “cada dia exponho-me à morte”
(cf. 1Cor 15,31), a morte para o meu egoísmo, para o
pecado e para o mundo. Estou disposto(a) a viver
essa passagem, movido(a) pela graça deste dia?

34. Catecismo da Igreja Católica 1011. Edições Loyola, São Paulo, 2000, p. 285.
35. SANTA TERESA DE JESUS. Poesía, 7. V. 6. Burgos: Biblioteca Mística Carmelitana,
1919, p. 86.
36. SANTA TERESA DO MENINO JESUS. Lettre (9 de Junho de 1897): Correspondance
Générale, v. 2. Paris, 1973, p. 1015.
37. Id. Carnet Jaune - Juillet. Archives du Carmel de Lisieux.

47
SEXTA-FEIRA SANTA

“Um estranho destino quis que a morte de


Jesus fosse enquadrada entre dois malfeitores. Esse
quadro é significativo: Jesus morre no coração de um
mundo pecador.”38 Ao lado de Jesus, dois filhos de
Adão, criminosos, padecem também da humilhante
morte de cruz. Um deles alimenta seu ressentimento
e amargura, fechando-se em sua tragédia. O outro,
o “Bom ladrão”, abre-se, ao reconhecer a inocência
Redentora do Senhor, e “renuncia a si mesmo,
tomando a sua cruz”39 – “para nós isto é justo”, ele
assume (Lc 23,41) –, e O segue em Sua passagem
para o Pai, como lhe assegura Jesus: “Hoje estarás
comigo no paraíso” (Lc 23,43). A morte para si é,
então, abertura a Deus e ao outro, superação dos
próprios limites para
João estarVale
Lucas comGiffoni
o Senhor.
Diante joaolucasvgiffoni@gmail.com
da morte de nosso Senhor, na Cruz,
reconhecemos que foi Ele quem se compadeceu de
05404139170
nós. Nossa compaixão para com Ele não será baseada
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na pena, mas na comunhão relacional e esponsal: Ele
foi compassivo comigo, eu O amarei gratuitamente!
Gratuidade e gratidão, como assegura o Papa
Francisco: “O seu perdão e a sua salvação não são
algo que compramos, ou que temos de adquirir com
as nossas obras ou com os nossos esforços. Jesus
perdoa-nos e liberta-nos gratuitamente. A sua doação
na Cruz é algo tão grande que não podemos nem
devemos pagá-lo; devemos apenas recebê-lo com
imensa gratidão e com a alegria de ser tão amados,
ainda antes que o pudéssemos imaginar: ‘Ele nos
amou primeiro’ (1Jo 4,19)”.40
38. DURRWELL, Francois-Xavier. Op. cit., p. 91.
39. Cf. Mt 16,24: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e
siga-me.”
40. PAPA FRANCISCO. Christus vivit, 121.

48
SEXTA-FEIRA SANTA

Para refletir
• O medo da morte me paralisa, me impede
de viver a vida como um presente e uma
oportunidade?
• Estou fechado(a) em mim mesmo, correndo o
risco de viver e morrer sem unir-me a Cristo?
• Como está minha relação com o Outro que é
Deus e com o outro que é meu próximo?

João Lucas Vale Giffoni


joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
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49
Sábado
João Lucas Vale Giffoni
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Santo
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50
SÁBADO SANTO

Espírito Litúrgico

Vigília Pascal:
• Gn 1,1–2,2 ou mais breve: 1,1.26-31a
• Sl 103(104),1-2a. 5-6. 10.12. 13-14. 24.35c (R. cf. 30)
ou Sl 32(33),4-5. 6-7. 12-13. 20.22 (R. 5b)
2. Gn 22,1-18 ou mais breve: 22,1-2. 9a.10-13.15-18
• Sl 15(16),5.8. 9-10. 11 (R. 1a)
3. Ex 14,15–15,1
• Cânt.: Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18 (R. 1a)
4. Is 54,5-14
• Sl 29(30),2.4.
João5-6.11.12a.13b
Lucas Vale (R. 2a)
Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
5. Is 55,1-11
05404139170
• Cânt.: Is 12,2-3.4bcd. 5-6 (R. 3)
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6. Br 3,9-15.32-4,4
• Sl 18B(19),8.9.10.11 (R. Jo 6, 68c)
7. Ez 36,16-17a.18-28
• Sl 41(42),3.5bcd; Sl 42,3.4 (R. 3a) ou quando há
batismos: Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3) ou
Sl 50 (51),12-13. 14-15. 18-19 (R. 12a)
• Epístola: Rm 6,3-11
• Sl 117(118),1-2.16ab-17. 22-23 (R. Aleluia, aleluia, aleluia)
• Evangelho: Mc 16,1-7

51
SÁBADO SANTO

Vigília Pascal

O Missal romano apresenta o Sábado Santo da


seguinte maneira: neste dia, “a Igreja fica parada
junto ao sepulcro do Senhor, meditando a sua
paixão e morte, abstendo-se da celebração da
Eucaristia (o altar fica sem ornamentos) até a vigília
ou expectativa noturna da ressurreição. Neste dia, a
Igreja convida os fiéis ao silêncio e à meditação. O
mistério de Cristo no sepulcro torna-se convite para
meditar no mistério de Cristo escondido no mistério
do Pai. Vamos neste dia estar junto com as mulheres
às portas do sepulcro (cf. Mt 28,1-10). Todo fiel é
chamado à contemplação, nutrindo no coração a
esperança. Este sábado
João Lucasé Vale
um convite
Giffoni para “retirar-
se para o deserto”, a fim de escutar o Senhor por
joaolucasvgiffoni@gmail.com
meio da oração silenciosa.
05404139170
Hoje, o olharHP154016173710435
da Igreja se volta também para a
Virgem Maria. Com ela, a alegria de viver e a coragem
de esperar são reencontradas.

A espiritualidade da Vigília Pascal

Lancemos um olhar sobre a noite do Sábado Santo. No


Credo, professamos a respeito do caminho de Cristo:
“desceu à mansão dos mortos”. Não conhecemos
o mundo da morte e podemos representá-lo com
imagens que são insuficientes. Mesmo assim, elas nos
ajudam a entender algo do mistério.
A liturgia aplica a descida de Jesus na noite
da morte às palavras do Salmo 24(23): “Levantai,
ó portas, os vossos dintéis, levantai-vos ó pórticos
eternos!” A porta da morte está fechada e ninguém

52
SÁBADO SANTO

pode voltar dali para trás. Para esta porta, não há


chave. Cristo, porém, possui a chave, a sua cruz abre
de par em par as portas da morte. Elas agora já não
são intransponíveis. A sua cruz, a radicalidade do
Seu amor, é a chave que abre esta porta. Este amor
é mais forte do que a morte e nada pode apagá-lo.
Ele pode tudo mudar, mesmo as situações de morte.
Pode fazer passar da Morte para a Vida; do homem
velho, com seus vícios e pecados, para o homem
novo, que confia em Deus e faz Dele o seu Senhor.
Os ícones pascais podem nos ajudar a entender
melhor o que acontece nesta noite: Cristo entra no
mundo dos mortos, cheio de luz, porque Deus é luz.
Ele traz consigo Suas chagas gloriosas, aquelas que
antes o desfiguraram e o deixaram
João Lucas até mesmo sem
Vale Giffoni
aspecto humano, mas que são agora poder de Deus,
joaolucasvgiffoni@gmail.com
o Amor que vence a05404139170
Morte.
Ele encontra Adão e todos os outros que
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esperam na noite da morte. Na sua Encarnação, o
Filho de Deus se tornou uma só coisa com o ser
humano, Adão; porém, só neste momento, se
cumpre o extremo ato de amor: descendo na noite
da morte, Ele cumpre o caminho da Encarnação.
É pela Sua morte, que Ele toma Adão, caído pelo
peso do pecado, pela mão e leva todos os homens
em expectativa para a luz. Jesus aqui restabelece
a união do homem com Deus. Também nós nesta
noite saímos de nossas mortes pessoais, tomados
pela mão de Jesus, somos ressuscitados com Ele.
Poucas celebrações litúrgicas são tão ricas de
conteúdo e de simbolismo como a Vigília Pascal, ela
é o coração de todo o ano litúrgico e dela se irradiam
todas as outras celebrações. Nesta noite Santa, a
Igreja celebra de modo sacramental mais pleno a

53
SÁBADO SANTO

obra da redenção e da perfeita glorificação de Deus


e de seu Filho Jesus Cristo, tornado para nós um
novo Adão, ao pagar nossa culpa se entregando à
morte e morte de cruz.
A Solene Vigília Pascal tem origem na primeira
páscoa, a noite em que, do Egito, o Senhor retirou
os filhos de Israel. Esta celebração tinha o caráter
de memória-presença-expectativa. Os hebreus
esperavam o cumprimento das promessas de Deus
de tirá-los da terra estrangeira, levá-los à terra
prometida e enviar o Messias. Na Páscoa Cristã,
a estrutura teológica da Vigília Pascal (memória-
presença-expectativa) não muda, mas se enriquece
com a realidade que é Cristo, o Ressuscitado que
passou pela cruz,
Joãoque nosVale
Lucas ensina que para chegar
Giffoni
à ressurreição da vigília, deve-se antes passar pela
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morte da Sexta-feira Santa, ou seja, não há vida
05404139170
nova e ressuscitada sem a cruz, que o Ressuscitado
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nos apresenta como a chave para todas as portas e
a cura para todos os nossos males, a manifestação
mais plena do poder de Deus e do seu Amor.
Diz o “Exultet”: “Esta é a noite em que Jesus
rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor.”
De fato, esta é a grande noite. Nela, somos feitos
livres de todo o pecado que nos trouxe à morte,
graças a um tão grande Redentor, que em si mesmo
destruiu o pecado e rompeu o inferno. Nesta noite,
a coluna luminosa dissipa toda a treva e, congrega
um povo novo, fruto da obra do Ressuscitado que
passou pela cruz. Por isso, Santo Agostinho já dizia:
“esta é a mãe de todas as vigílias!”
Como já dissemos antes, a celebração desta
vigília é repleta de símbolos que necessitam ser
compreendidos se queremos celebrar bem esta

54
SÁBADO SANTO

noite Santa. É exatamente isso que iremos discorrer


nesta segunda parte.

Desenvolvimento da Vigília Pascal

A Ressurreição de Cristo é o fundamento da


nossa fé. Por meio do Batismo e do Crisma, fomos
inseridos no mistério pascal de Cristo. A celebração
do mistério desenvolve-se do seguinte modo: após
o “lucernário”41 e o “precônio” (I parte da vigília), a
Santa Igreja medita as maravilhas que o Senhor fez
para o Seu povo desde o início (II parte ou liturgia da
Palavra), até o momento em que, com seus membros
regenerados no Batismo (III parte da vigília), é
convidada à mesa que o Vale
João Lucas Senhor preparou para o
Giffoni
Seu povo, memorial de sua morte e Ressurreição,
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em expectativa para05404139170
Sua vinda gloriosa (IV parte da
vigília). Este esquema não pode ser alterado.
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I Parte – Solene Início da Vigília ou Lucernário

A primeira parte da vigília celebra a luz, Cristo, que de


um modo particular com a sua Ressurreição é a luz
do mundo (cf. Jo 1,9). Cada um de nós que tomamos
parte nos sacramentos somos constituídos “luz do
Senhor” (Ef 5,8). Na luz do Círio, são acesas as velas
do povo, enquanto se canta três vezes sucessivas:
“Eis a luz e Cristo” ao que o povo responde: “Demos
graças a Deus”. A Igreja vai sendo inundada da Luz
de Deus e então se proclama solenemente a Páscoa
com o precônio pascal.

41. Celebração da luz.

55
SÁBADO SANTO

II Parte – Liturgia da Palavra

A Igreja agora medita nas maravilhas que Deus realizou


em favor de Seu povo. Nesta noite, cumprem-se em
Jesus Cristo morto e Ressuscitado as grandes obras
de Deus, anunciadas no Antigo testamento. O símbolo
do Círio dá lugar à realidade de Cristo, presente em
sua Palavra. A Igreja, começando por Moisés e todos
os profetas, interpreta o mistério pascal de Cristo.
Para esta celebração, são propostas nove leituras
(sete do Antigo Testamento e duas do Novo, sendo
uma das Cartas de São Paulo e outra do Evangelho).
Terminadas as leituras do Antigo Testamento, canta-
se solenemente o Glória e pronuncia-se a oração
coleta. Após esta oração,
João Lucasleem-se as leituras do Novo
Vale Giffoni
testamento,joaolucasvgiffoni@gmail.com
em sinal da passagem do Velho para o
Novo, da Morte à Vida em Jesus Cristo.
05404139170
Neste dia, voltamos a cantar o Aleluia, que é
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entoado solenemente pelo sacerdote presidente.
Após a proclamação do Evangelho, o presidente da
celebração faz a homilia.

III Parte – Liturgia Batismal

Segundo uma antiquíssima tradição, nesta noite,


os catecúmenos recebiam, após uma intensa
preparação, o Sacramento do Batismo e eram de
fato admitidos à fé da Igreja. O Batismo nos torna
um com Cristo, nos insere em seu Corpo. Pela graça
deste sacramento, somos sepultados e ressuscitados
com o Senhor. Os fiéis já batizados, nesta noite,
renascem com Cristo por meio da renovação das
promessas batismais para a vida ressuscitada.

56
SÁBADO SANTO

IV Parte – Liturgia Eucarística

Este é o ápice da vigília, sendo, de maneira plena, o


sacrifício da Páscoa, isto é, o memorial do sacrifício
da cruz e da presença do Ressuscitado, plenitude
da iniciação cristã e antecipação da Páscoa eterna.
A Eucaristia é de fato o Sacramento do
Ressuscitado. Por ela, o Senhor realiza a Sua
promessa de estar sempre conosco até o fim. Pela
Eucaristia, rendemos a ação de graças e o sacrifício
perfeito: pão da vida eterna e cálice da bênção:
Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, Ressuscitado que
passou pela cruz.42
João Lucas Vale Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
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42. O TRÍDUO PASCAL. Comshalom. Disponível em: <https://www.comshalom.org/


o-triduo-pascal/>. Acesso em 18 dez. 2019.

57
SÁBADO SANTO

“ Deus criou o Seu coração


e colocou-O
no centro do mundo”43:

SÉTIMO DIA
A Palavra morre. Sobrevém o silêncio, tão somente
se fecha o sepulcro44. O Sábado Santo é o dia do
silêncio e do vazio. Tantas vezes o silêncio é duro
e incômodo, e nós nos esforçamos em preenchê-
lo, em dissipá-lo. Porém, para os que creem no
amor e amam, essa é a ocasião para ler nas obras a
mensagem de amor. Somos chamados a descobrir
João escondida
a riqueza profunda Lucas ValenoGiffoni
segredo deste dia.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
A nossa intenção e oração são de que as palavras
05404139170
seguintes não interrompam o silêncio, mas o façam
HP154016173710435
ressoar, e que nós aprendamos a sua linguagem.
“Quem tiver ouvidos ouça o que diz o santo e
misterioso silêncio do Verbo eterno”45.

O vazio e o silêncio como lugar


de experiência com Deus

No princípio, “a terra era informe e vazia” (Gn 1,2).


Como vimos, essa notação foi interpretada como a
ausência de uma matéria preexistente no momento
da criação. A doutrina cristã afirma, portanto, que
Deus criou todas as coisas “do nada”.
Foi no exílio de Babilônia que a fé do povo de

43. BALTHASAR, Hans Urs von. Il cuore del mondo. Milão: Jaca Book, 2016. Tradução nossa.
44. Cf. Ibid.
45. BEM-AVENTURADO GUERRIC D’IGNY, Sermons pour la nativité, 5.

58
SÁBADO SANTO

Israel no Deus criador de todas as coisas conheceu


um ulterior aprofundamento. Em um tempo de
extrema tentação para a fé, o Senhor, através de
Seus profetas, fala do Seu poder criador. Foi em um
dos momentos mais dolorosos da história de Israel,
em que o povo não tinha nem ânimo para cantar as
canções da própria pátria (cf. Sl 136,4), mas somente
entoava lamentações por não ter mais “chefe, nem
profeta, nem oblações nem holocausto, nem lugar
onde oferecer as primícias e alcançar misericórdia”
(Dn 3,38); foi desse nada que o povo ressurgiu, que
a fé em Deus se aprofundou e se fortaleceu.
No momento em que tudo parecia sem sentido
e sem esperança, na ausência de pontos de apoio
e de perspectivas, na região
João Lucas Valetenebrosa
Giffoni para onde
os própriosjoaolucasvgiffoni@gmail.com
pecados lhe tinham conduzido: ali
Israel reencontrou o seu Deus. Como um Esposo
05404139170
loucamente apaixonado, o Senhor não se rende
HP154016173710435
diante das recusas do Seu povo (cf. Os 2). Se Israel
é deportado em exílio, Deus o segue e faz da terra
estrangeira lugar de encontro. Se Israel O rejeita e
se afasta, o Senhor vai lá para o outro extremo para
encontrá-lo. Se o povo O despreza e se volta para
as trevas, para a região dos mortos (cf. Sl 138,8),
mesmo ali poderá encontrar Aquele que, antes de
Paulo, se faz tudo para salvar a todos (cf. 1Cor 9,22).
Não importa se nos circunda o abismo, se nos invade
o vazio, se não temos nada de bom para apresentar
diante do Senhor: Ele é poderoso para criar do nada,
e até mesmo para fazer superabundar a graça onde
abunda o pecado (cf. Rm 5,20).
Aquele Amor que fora o princípio de todas as
coisas, o manancial da criação, não se esgotou.

59
SÁBADO SANTO

Antes, a fonte primordial continua a jorrar,


ininterruptamente, sustentando a criação no ser e
oferecendo sempre vida nova ao homem. Tantas
vezes e de tantos modos, outrora, Deus falou aos
nossos pais (cf. Hb 1,1), manifestou o Seu amor nos
abismos nos quais o homem tinha caído. Mas isso
era somente uma prefiguração da grande obra que
estava para cumprir na plenitude dos tempos.

O Reino trazido à profundidade do mundo

O Amor primeiro está no princípio de tudo o que


existe. E mesmo depois que o pecado entrou no
mundo, aquela fonte, mais original que o pecado,
não deixou de jorrar e de gerar
João Lucas Vale vida. Quando chegou
Giffoni
a plenitudejoaolucasvgiffoni@gmail.com
dos tempos, o Amor que primeireia46,
que toma sempre novas iniciativas para nos amar, se
05404139170
fez carne e veio HP154016173710435
habitar em meio a nós (cf. Jo 1,14).
A descida de Jesus ao sheol, à região do nada,
do não ser, da falta de sentido, levou ali o Amor
divino infinito. Deus preenche o abismo que nos
separava Dele. O homem que se encontra ali no
fundo pode tocar o Senhor glorioso e receber do
Seu amor criativo uma nova oportunidade.
A potência do Amor divino fez com que Jesus
ultrapassasse todos os limites: vitorioso sobre a
morte, Ele desceu às profundezas do mundo criado
para que nada mais nos possa separar do Seu amor.
Desde então, Aquele por meio do qual e com vistas
ao qual todas as coisas foram criadas (cf. Cl 1,16) está
presente no mundo de um modo novo, começou

46. PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium. 24 de novembro de 2013, 24.

60
SÁBADO SANTO

uma obra nova. Em Si mesmo, trouxe à terra e aqui


plantou a semente do Reino de Deus.
Conta-se que, certa vez, um jornalista
acompanhou Madre Teresa durante todo o seu dia.
A santa se dedicava com muito amor aos pobres,
os quais frequentemente não reconheciam o seu
serviço. Em um determinado momento, o jornalista
perguntou a Madre se ela não se incomodava com
o mau cheiro, com a ingratidão daquelas pessoas.
Após um momento de silêncio, ela respondeu: “Eu
o faço a Jesus”. Note-se que ela não disse que fazia
tudo isso por Jesus. Essa resposta nos ensina o
segredo do Reino.
O Reino de Deus, de fato, não é evidente,
manifesto. Está escondido
João noGiffoni
Lucas Vale profundo da nossa
vida e da nossa missão, por mais que esta seja dura,
joaolucasvgiffoni@gmail.com
malcheirosa, por mais que, em si mesma, não nos
05404139170
responda com um sorriso, com uma recompensa.
HP154016173710435
Um cristão verdadeiro não vive por Cristo,
simplesmente. O cristianismo não é moralismo,
não se resume a um conjunto de normas a serem
observadas porque Jesus ordenou assim ou tendo
em vista uma recompensa futura. O cristianismo é
um encontro, uma vida em Cristo, já agora. O cristão
é chamado a experimentar hoje o Reino de Deus, a
encontrar Cristo no segredo da sua vida ordinária:
“O Reino de Deus já está no meio de vós” (Lc 17,21).
Jesus desceu à mansão dos mortos, no seio
da terra, para nos encontrar no segredo, na
intimidade, na simplicidade da nossa vida cotidiana.
No “coração do mundo”, no coração daquilo que
vivemos hoje, está o Reino de Deus, como uma
força transformadora que opera no silêncio e nos
gera para a vida nova. O presente da nossa vida

61
SÁBADO SANTO

é o ventre em que Deus nos gera, é o lugar onde


encontramos o Filho, e a Sua imagem vai sendo
impressa em nós pela ação do Espírito Santo.

Quanto resta da noite? (Cf. Is 21,11)

No ventre em que é gerado, o filho vê somente escuridão,


mas pode ouvir as batidas do coração da mãe. A Bíblia
diz que no sétimo dia Deus completa a Sua obra e
repousa, alegrando-se por ver que tudo é muito bom. A
criação continua no tempo, do qual o sétimo dia é uma
representação, porque a cada instante o Criador está
trabalhando para levar a termo a Sua obra47.
Deus Pai já vê em nós os traços do Filho, à
imagem do qual Joãonos
Lucascriou
ValeeGiffoni
por meio do qual
nos redimiu. Pode-se dizer que a imagem é um
joaolucasvgiffoni@gmail.com
“bem natural”, dom05404139170
recebido com a nossa própria
existência; enquanto a semelhança é um “bem
HP154016173710435
voluntário”, dom que deve ser realizado sob a ação
do Espírito Santo48. Deus nos convida a colaborar
com Ele na obra que prossegue no tempo, até o
Dia em que a noite não mais existirá e a Luz divina
resplandecerá plenamente em nós (cf. Ap 22,5).
No tempo ainda feito de noites, na vida ainda feita
de sombras, somos chamados a tornarmo-nos de
fato aquilo que somos, filhos no Filho. “O espaço
e a discrepância entre a imagem e a semelhança
são a arena onde se exercita a nossa liberdade”49,
destinada a ser liberta no Filho (cf. Jo 8,36).

47. CIC 301: “Depois da criação, Deus não abandona a criatura a si mesma. Não só lhe dá o
ser e o existir, mas a cada instante a mantém no ser, lhe dá o agir e a conduz ao seu termo”.
48. CHEAIB, Robert. Alla presenza di Dio: per una spiritualità incarnata. Trapani: Il
Pozzo di Giacobbe, 2016, p. 22.
49. Ibid

62
SÁBADO SANTO

Em meio à escuridão do “não ainda” deste dia,


podemos ouvir o Coração Daquele que está nos formando.
Desde que este Coração humano, ferido e glorificado, se
abriu para nós e venceu a distância, derrubou o muro de
separação, Deus, sempre transcendente, é também tão
intimamente presente em nós. A partir de dentro, como
uma semente escondida na terra, o Reino de Deus, a vida
divina, cresce e se desenvolve no mundo, a partir de nós; e
a criação se torna aos poucos aquilo que será plenamente
no fim: Deus tudo em todos (cf. 1Cor 15,28)!
Este dia nos convida a uma mais profunda
contemplação e a uma mais responsável colaboração
para a obra divina em nossa vida, a redescobrir o
tesouro da graça recebida em nosso Batismo para
fazê-la crescer,João
a entrar
Lucasna profundidade
Vale Giffoni do nosso
presente para encontrar Aquele que é Presente.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Essa nova contemplação nos transformará, dia após
05404139170
dia, noite após noite, Naquele em quem se encerra
HP154016173710435
e se cumpre o nosso ser.
É durante a noite que as energias são restauradas.
As nossas agitações nos cansam e perturbam,
impedem-nos de ouvir a voz do Amado, que está
atrás da parede e nos espreita através da grade (cf.
Ct 2,10). Os rumores sufocam a batida do Coração
do nosso Amado, escondido na profundidade da
nossa vida. Escutemos. Aceitemos o silêncio que
existe para que a voz ressoe, a noite que é feita
para nos restaurar e para nos unir ao Senhor. Como
a semente, repousemos com o Senhor no segredo,
para que a vida nova germine. Resta da noite o
tempo necessário para que a semente realize aquilo
que é, para que seja restaurada, em nós e conosco,
a semelhança divina.

63
SÁBADO SANTO

Para refletir
• Quais situações da minha vida hoje percebo
como vazias, sem sentido? O que me parece
caótico e incompreensível? Louve a Deus por
tudo isso. O louvor nos eleva até o Senhor:
todas as coisas diante Dele revelam as suas
reais proporções.
• Consigo reconhecer que encontrar o sentido
das coisas não consiste em entendê-
las perfeitamente, mas em reconhecer a
presença de Deus em tudo?
• Consigo silenciar, aceitar as pobrezas, os
silêncios e as
João privações
Lucas que me revelam
Vale Giffoni
Aquele único que é? Fujo da noite ou repouso
joaolucasvgiffoni@gmail.com
confiante nos braços do Pai que me está
05404139170
formando? HP154016173710435

64
SÁBADO SANTO

Celebração para o
Sábado Santo

Esta celebração tem o objetivo de nos mergulhar


na morte de Cristo e na sua descida à mansão dos
mortos para reconhecer que “Ele nos amou primeiro ”
(1Jo 4, 19). Por isso é um momento voltado para a
cura interior, mas também para o louvor ao Cristo
que desceu aos infernos para derrotar a morte.
Diante do contexto da pandemia em que fomos
inseridos e no qual podemos ver tanta dor no mundo,
essa celebração poderá auxiliar os participantes a
compreenderem que o mesmo Cristo que desceu
aos infernos, João Lucasdesce
também Vale Giffoni
a nossa realidade,
joaolucasvgiffoni@gmail.com
para habitar a nossa dor, sofrer conosco e para ser
05404139170
princípio de ressurreição e de esperança.
HP154016173710435

Início
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

O que está acontecendo hoje? Um grande silêncio


reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma
grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei
está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa,
porque o Deus feito homem adormeceu e acordou
os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e
despertou a mansão dos mortos.

65
SÁBADO SANTO

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso


primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar
os que estão mergulhados nas trevas e na sombra
da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão
e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.
O Senhor entrou onde eles estavam, levando em
suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão,
nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os
demais, batendo no peito e cheio de admiração: O
meu Senhor está no meio de nós. E Cristo respondeu
a Adão: “E com teu espírito.... E tomando-o pela mão,
disse: Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os
mortos, e Cristo te iluminará.
Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei
teu filho; por ti e por
João aqueles
Lucas que nasceram de ti,
Vale Giffoni
agora digo,joaolucasvgiffoni@gmail.com
e com todo o meu poder, ordeno aos
que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas
05404139170
trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos:
HP154016173710435
‘Levantai-vos!’
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque
não te criei para permaneceres na mansão dos
mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida
dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos;
levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à
minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em
mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti,
eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti,
eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra
e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti,
feito homem, tornei-me como alguém sem apoio,
abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o
jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue

66
SÁBADO SANTO

aos judeus e num jardim, crucificado.


Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi,
para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha
face as bofetadas que levei para restaurar, conforme
à minha imagem, tua beleza corrompida.
Vê em minhas costas as marcas dos açoites que
suportei por ti para retirar de teus ombros o peso
dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas
à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora
estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore
do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a
lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do
teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a
dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono
da morte. Minha João lança
Lucasdeteve a lança que estava
Vale Giffoni
dirigida contra ti.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou
05404139170
da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no
HP154016173710435
paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou
de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou
a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que,
como servos, te guardassem; ordeno agora que eles
te adorem como Deus, embora não sejas Deus.
Está preparado o trono dos querubins, prontos e
a postos os mensageiros, construído o leito nupcial,
preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos
eternos adornados, abertos os tesouros de todos
os bens e o reino dos céus preparado para ti desde
toda a eternidade.

Ó Cristo, ó Vida, foste colocado num túmulo,


e os Exércitos Angélicos ficaram estupefatos,
glorificando a tua benevolência.

67
SÁBADO SANTO

Como podes morrer, ó Vida, como podes habitar


num túmulo?
Na verdade, porém, aniquilaste o poder da
morte e despertaste os mortos nos infernos.

Ressuscita, ó Misericordioso
e ressuscita-nos contigo do bárbaro inferno.

É justo glorificar-te, ó Doador da vida,


que estendendo teus braços na Cruz,
derrubaste o poder do inimigo.
É justo glorificar-te, ó Criador de todos,
pois, por teus sofrimentos,
ficamos livres dos sofrimentos e salvos da corrupção
João Lucas Vale Giffoni
Ressuscita, ó Misericordioso
joaolucasvgiffoni@gmail.com
e ressuscita-nos05404139170
contigo do bárbaro inferno.
HP154016173710435
Adão escondeu-se quando Deus andou no paraíso;
mas agora alegra-se, quando ele chegou aos infernos
pois, levanta-se, depois de ter caído

Ressuscita, ó Misericordioso
e ressuscita-nos contigo do bárbaro inferno.

Salmo 129(130)
Das profundezas eu clamo

Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1,21).

–1 Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, *


2 † escutai a minha voz!
– Vossos ouvidos estejam bem atentos *

68
SÁBADO SANTO

ao clamor da minha prece!


–3 Se levardes em conta nossas faltas, *
quem haverá de subsistir?
–4 Mas em vós se encontra o perdão, *
eu vos temo e em vós espero.
–5 No Senhor ponho a minha esperança, *
espero em sua palavra.
–6 A minh’alma espera no Senhor *
mais que o vigia pela aurora.
–7 Espere Israel pelo Senhor *
mais que o vigia pela aurora!
– Pois no Senhor se encontra toda graça *
e copiosa redenção.
–8 Ele vem libertar a Israel *
de toda a sua culpa.
João Lucas Vale Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Salmo 15(16)50
05404139170
HP154016173710435
= 1 Guardai-me, ó Deus, porque em vós me
refugio! †
2 Digo ao Senhor: “Somente vós sois meu Senhor: *
nenhum bem eu posso achar fora de vós!”

– 3 Deus me inspirou uma admirável afeição *


pelos santos que habitam sua terra.

– 4 Multiplicam, no entanto, suas dores *


os que correm para os deuses estrangeiros;
– seus sacrifícios sanguinários não partilho, *
nem seus nomes passarão pelos meus lábios.

50. Sugestão de Salmo.

69
SÁBADO SANTO

– 5 Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, *


meu destino está seguro em vossas mãos!
– 6 Foi demarcada para mim a melhor terra, *
e eu exulto de alegria em minha herança!

– 7 Eu bendigo o Senhor, que me aconselha, *


e até de noite me adverte o coração.
– 8 Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, *
pois se o tenho a meu lado não vacilo.

=9 Eis por que meu coração está em festa, †


minha alma rejubila de alegria, *
e até meu corpo no repouso está tranquilo;

– 10 pois nãoJoão
haveis de me
Lucas deixar
Vale entregue à morte, *
Giffoni
nem vosso amigo conhecer a corrupção.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
=11 Vós me ensinais vosso caminho para a vida; †
HP154016173710435
junto a vós, felicidade sem limites, *
delícia eterna e alegria ao vosso lado!

Cordeiro Imolado

Na região tenebrosa da morte,


Levantou-se uma luz.
Essa luz para mim, é Jesus, é Jesus.

Cordeiro Imolado, vitorioso,


Meus lábios querem cantar a Tua glória.
Viver a Teu lado, cantar teus louvores,
E proclamar bem alto és Senhor. (2x)

70
SÁBADO SANTO

Viver pra te amar, é o meu desejo,


Na cruz me amou, na cruz do amor.
Seu sangue derramado, em nossas cabeças,
Das chagas abertas, feridas de amor.

Estás aqui ó Mãe

Por teus olhos eu aprendo a esperar


Por teus lábios eu aprendo a louvar
Em teus passos eu aprendo a caminhar
Ao ver-te aos pés da cruz aprendo a confiar

Quando a força me faltar


Quando a vida me provar
Eu quero estar
Joãoem teus
Lucas braços,
Vale ó Mãe
Giffoni
E de ti aprender a crer, a esperar,
joaolucasvgiffoni@gmail.com a amar
05404139170
Estás aqui, óHP154016173710435
Mãe
Estás aqui, ó Mãe
Consolo no caminho
Ternura e carinho
Sob o teu manto encontrei meu lugar
Maria!
Sob o teu manto encontrei meu lugar

- Bendigamos o Senhor!
R- Demos graças a Deus!

71
Domingo
João Lucas Vale Giffoni

de
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
HP154016173710435

Páscoa

72
DOMINGO DE PÁSCOA

Espírito Litúrgico

No domingo da Ressurrei-
ção de Jesus, celebramos Ressurreição
do Senhor:
a Sua vitória definitiva
sobre a morte. Após dois • At 10,34a.37-43
dias de silêncio e dor, em • Sl 117(118),1-2.
que os discípulos viram o 16ab-17.22-23 (R. 24)
sofrimento de Jesus e o
• Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
silêncio de Deus, Ele sur-
ge mais uma vez, glorioso • Jo 20,1-9
como um homem novo. ou nas Missas
Ele dá um sentido proféti- Vespertinas:
João Lucas
co às ofertas amorosas e Vale Giffoni
• Lc 24,13-35
joaolucasvgiffoni@gmail.com
generosas dos Apóstolos,
dos mártires e de 05404139170
todos
HP154016173710435
os cristãos, ao longo da rica e bendita história da
Igreja, pois cessam todo medo e todo desespero e
a vida dos discípulos e a história da humanidade to-
mam uma nova direção, todos os tempos e lugares
foram afetados por este acontecimento.
A Ressurreição de Jesus muda a vida daqueles
que deixam que Ele penetre profundamente em sua
vida, em seu interior, mudando o seu ser. Sobre a
importância da Páscoa de Jesus, São Paulo, vai dizer:
“Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé.” (1Cor 15,17)
O pecado fez de nós, seres humanos, perdidos,
criaturas decadentes, destinadas à morte e a dor.
Ainda hoje em dia, muitos acreditam que sua
existência, tão amada e querida por Deus, está
fadada ao fracasso e não há nada mais a esperar.
A morte, em algumas pessoas, inspira terror e

73
DOMINGO DE PÁSCOA

desespero, em outras, um modo, ainda que obscuro


e incerto de acabar com o sofrimento. Victor Frankl,
psicólogo que viveu o sofrimento dos campos de
concentração nazista na Segunda Guerra Mundial,
diz: “Quem tem sentido de vida pode suportar
qualquer coisa.”
Jesus ressuscitado se apresentou aos Seus
discípulos nesse dia. Ao fazê-lo, Jesus mergulhou
Seus amados e fiéis discípulos no bendito e santo
oceano da esperança e do amor.
Neste dia, o Ressuscitado, o esposo de nossa
alma, deseja se apresentar a cada um de nós, com
toda Sua glória e poder. Que Sua presença amorosa,
salvadora e viva revigore, restaure nossa vida. Que
sejamos batizados no mistério
João Lucas da Ressurreição e
Vale Giffoni
renovemos joaolucasvgiffoni@gmail.com
nosso discipulado nos caminhos da paz.
05404139170
HP154016173710435

74
DOMINGO DE PÁSCOA

Eis que faço novas


todas as coisas:

OITAVO DIA
Ontem, contemplamos o Sol que descia e se
escondia na profundidade da terra. As trevas
cobriam o mundo (cf. Mt 27,45), como no prelúdio
da criação (cf. Gn 1,2). Hoje, chegamos por meio da
liturgia à meta do nosso itinerário. O Sol que traz
esse novo dia é um sinal da luz do Verbo, que não
foi vencida pela escuridão. Ao contrário, a Sua luz
brilha em meio às trevas deste mundo, mesmo não
tendo-as aindaJoãodissipado totalmente.
Lucas Vale Giffoni Aos poucos,
no tempo, no qual os processos de Deus acontecem,
joaolucasvgiffoni@gmail.com
o Sol nascente se eleva e ilumina cada coisa, penetra
05404139170
cada ângulo escuro, revela a realidade.
HP154016173710435
O oitavo dia mostra à criação a sua destinação, já
inscrita no seu ser. Todas as coisas, criadas por meio de
Cristo, Nele subsistem e a Ele se dirigem. Assim como
o trigo existe para ser Corpo de Cristo, a criação existe
para a Aliança e a vida humana para a vida divina51;
assim o oitavo dia explica, revela o sentido de todos
os outros dias da criação, da nossa história.
Falamos anteriormente do conceito de
“escatologização”52. Hoje, Domingo da Ressurreição,
sinal escatológico53, repropomos o tema, refletindo
sobre a via que nos conduz à meta, para que este

51 VARILLON, François. Vivre le Christianisme. Paris: Bayard, 2002, p. 31. Tradução nossa.
52. Cf. acima Quinta-feira Santa.
53. O Domingo é “o dia em que a Igreja (…) antecipa de algum modo a realidade escatoló-
gica da Jerusalém celeste”. SÃO JOÃO PAULO II. Dies Domini. 31 de maio de 1998, 37.

75
DOMINGO DE PÁSCOA

dia, o último das nossas meditações, seja também o


primeiro de um novo tempo em nossas vidas.
Jesus já ressuscitou! Como batizados, nós também
morremos e ressuscitamos com Ele. Porém, ao mesmo
tempo em que já vivemos o mistério pascal, devemos
ainda assumi-lo plenamente em nossas vidas, como se
“a Páscoa fosse somente a aurora, enquanto o Dia – da
salvação – deve ainda vir”54, resplandecer em tudo e
em todos. Que a nossa meditação orante abra todas as
portas e janelas do nosso coração, para que entre o Sol
desse novo dia, a luz que tudo ilumina e transfigura.

Reconhecer Jesus: a Palavra faz do mundo


como que um sacramento
João Lucas Vale Giffoni
Ontem, contemplamos Cristo que desce até os
joaolucasvgiffoni@gmail.com
nossos abismos, que planta
05404139170na nossa terra a vida
divina. Aonde quer que formos, não importa o que
HP154016173710435
aconteça, podemos encontrar Cristo, porque Ele é
a realidade (cf. Cl 2,17) presente em todas as coisas.
As criaturas materiais “são antes de tudo aquilo
que simbolizam; servem de ponto de partida para o
conhecimento espiritual”55.
Madre Teresa via Cristo presente, escondido nos
seus pobres. Não é natural, porém, ultrapassar as
aparências para encontrar o Senhor. É necessária
a conversão. A palavra grega “metanoia” – que
traduzimos como “conversão” – não significa
somente uma mudança de mentalidade. O prefixo
“meta” também quer dizer “além”. Conversão é ir
54. DURRWELL, François-Xavier. La risurrezione di Gesù, mistero di salvezza. Napo-
li: EDI, 2007, p. 198. Tradução nossa.
55. SPIDLIK, Tomas. La preghiera secondo la tradizione dell’Oriente. Roma: Lipa,
2002, p. 290. Tradução nossa.

76
DOMINGO DE PÁSCOA

além da “figura” deste mundo (cf. 1Cor 7,31), ir além


das aparências para encontrar, conhecer a realidade
que é o Amor primeiro e último.
No entanto, como Maria Madalena, em um dos
evangelhos propostos para o dia de hoje, muitas
vezes estamos ainda voltados para o sepulcro, presos
à “figura desfigurada”, sem beleza, deste mundo;
sendo, assim, incapazes de reconhecer o Cristo
glorioso na carne, presente no mundo. Pensamos
até mesmo que aquilo que temos diante de nós nos
roubou o Senhor. Não O sabemos reconhecer, até
que ouvimos a Sua voz que nos chama pelo nome
e “nos voltamos” para Ele, vendo-O para além das
aparências (cf. Jo 20,16). A Palavra divina, que se
dirige a mim pessoalmente,
João Lucas Vale é luz que mostra o que
Giffoni
as coisas realmente são, porque tudo foi feito por
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Ele e em vista Dele 05404139170
(cf. Cl 1,16).
Podemos dizer, portanto, que a Palavra de Deus
HP154016173710435
transforma a matéria do mundo em sacramento
da Sua presença56. Escutá-la, meditá-la e colocá-la
em prática, a cada dia, leva-nos a encontrar Cristo
ressuscitado. Aprendemos, dessa maneira, que
a nossa vida ordinária não é, como tantas vezes
parece, um empecilho para a nossa vida espiritual.
Diferentemente disso: “Lá onde a alma antes via
somente um obstáculo ao seu amor puro pelo seu
Criador e Senhor, Deus revela que ali se encontram
tantos meios através dos quais Ele manifesta o seu
amor e que, por sua vez, a alma usa para amá-lo”57.
56. “O mundo é significativo quando é o sacramento da presença de Deus. O mundo foi
criado como a ‘matéria’, o material de uma eucaristia que abraça todas as coisas, e o ho-
mem foi criado como o sacerdote desse sacramento cósmico”. SCHMEMANN, Alexander.
For the life of the world. New York: St Vladimir’s Seminary Press, 1998, p. 17. Tradução
nossa.
57. SPIDLIK, Tomas. Op. cit., p. 290.

77
DOMINGO DE PÁSCOA

A fé no mistério pascal, fé que cresce pela escuta


da Palavra, é uma nova luz sobre o mundo, sobre as
criaturas e os eventos que são como um sacramento,
porque “os céus narram a glória de Deus” (Sl 18,2a)
e “Deus coopera em tudo para o bem daqueles que
o amam” (Rm 8,28a).

Para refletir
• Como está a minha escuta da Palavra de Deus?
Deixo que a Palavra entre no meu coração,
me fale, me desinstale, me mova, seja a minha
direção, transforme a minha vida?
• Leio osJoão
eventos daVale
Lucas minha história, de cada
Giffoni
dia, à luz da Palavra?
joaolucasvgiffoni@gmail.com
• Que meios posso utilizar e/ou a quem posso
05404139170
recorrer para crescer em tudo isso?
HP154016173710435

Um novo relacionamento com Cristo

Na contemplação, à luz do mistério pascal, em


nós mesmos e no mundo encontramos Jesus, mas
vemos também tantas coisas que ainda precisam
ser transformadas Nele. A fé, como vimos, faz com
que tudo isso deixe de ser um obstáculo ao nosso
amor a Deus, porém a obra divina não para por aqui.
O objetivo é “Deus tudo em todos”, antes de tudo,
em nós, em uma plena união; mas também ao nosso
redor, porque a criação inteira é destinada a entrar
na glória (cf. Rm 8,21).
O Cristo que encontramos é o Cristo “Pascal”, é
o Cristo que vem (“Eis que venho”, Ap 22,7a), e vem

78
DOMINGO DE PÁSCOA

atraindo-nos, até unir-nos a Si, até que sejamos Um


com Ele. A oração coincide com esse movimento,
que parte do Amor primeiro: Jesus que nos atrai,
nós que vamos ao Seu encontro. Nesse amor, somos
redimidos, restabelecidos na amizade com Deus,
recriados à imagem do Filho.
É na oração que ouvimos o chamado à plena
comunhão com Deus, o chamado a tornarmo-
nos Cristo, e somos por Ele atraídos. “Quando, ao
amanhecer, os pescadores reconhecem Jesus na
praia, Pedro se lança na água para alcançá-lo mais
rapidamente. Os outros seguem remando com
todas as suas forças. Jesus é um amante poderoso.
Atraindo, ele desapega o discípulo de si mesmo,
purifica-o dasJoão
culpas
Lucascontraídas,
Vale Giffoni justifica-o na
santidade da sua morte” .
58
joaolucasvgiffoni@gmail.com
A atração, porém, não pode ser somente algo
05404139170
passivo. Se eu não me abro a cada dia à novidade
HP154016173710435
Daquele que eu desejo, se Ele para mim é sempre
o mesmo, a atração se esvai, esmorece, morre.
Testemunha-nos o Cardeal Raniero Cantalamessa:
“Eu não esquecerei jamais a lição que um dia me
foi dada a este propósito. Eu dizia a Deus: ‘Senhor,
dá-me o fervor e eu te darei todo o tempo que
queres para a oração’. No meu coração encontrei a
resposta: ‘Raniero, dá-me o teu tempo e eu te darei
todo o fervor que queres na oração’”59.
Rezando, dando o nosso tempo ao Eterno,
entramos no segredo do Amor, que faz novas todas
as coisas e assim renova em nós a atração por Ele,
o fervor. A oração nos faz vir ao encontro de Jesus

58. DURRWELL, François-Xavier. La morte del Figlio, p. 152. Tradução nossa.


59. CANTALAMESSA, Raniero. Primeira pregação do Advento 2004.

79
DOMINGO DE PÁSCOA

já presente no nosso hoje, mas que quer também


transformá-lo, conosco. Eu sou objeto e sujeito da
transformação de todas as coisas em Cristo. Rezar
é entrar no Amor que dá origem e que renova todas
as coisas, a partir de mim.
Portanto, é importante que a oração seja parada com
Deus60, mas jamais pode ser paralisante, um calmante
para a consciência. Já que, em vez disso, a oração inicia
em nós uma profunda transformação, a qual somos
responsáveis por tornar concreta no mundo.
A nossa escatologização requer a nossa livre
cooperação. Jesus quer tomar posse de nós, como
do pão e do vinho, e colocar-nos em um novo
relacionamento com Ele, quer unir-nos a Si para que
sejamos a Sua João
presença
Lucasno mundo.
Vale Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
HP154016173710435
Para refletir
• Sinto-me atraído(a) por Cristo, ou me
acostumei a Ele, tendo o tédio tomado o
lugar do desejo? O que em mim ainda não
é à semelhança de Cristo? Como estão a
quantidade e a qualidade do tempo que dou
a Deus? O meu testemunho de vida torna
Cristo presente na vida dos outros?

60. Cf. AZEVEDO FILHO, Moysés Louro de. Escritos. Aquiraz: Edições Shalom, 2008,
p. 27.

80
DOMINGO DE PÁSCOA

Passa da morte para a vida! Vai aos meus irmãos


(cf. Jo 20,17)

O aspecto mais importante da vida cristã, que segue


o amor de Deus e é inseparável deste, é o amor ao
irmão. “O primeiro e maior mandamento é a caridade,
graças à qual a inteligência vê a Caridade primeira que
é Deus”61. O meio para conhecermos o Amor primeiro
e o sinal de que O vimos é a caridade fraterna.
Conhecer a Deus não é um exercício intelectual,
porque Deus não é um conceito. Conhecê-Lo supõe
viver com Ele; não momentos isolados, parênteses
de (desencarnada) oração, mas uma vida aberta à
Sua passagem, à Sua Páscoa.
Quem amaJoão o irmão
Lucaspassa
Vale da morte para a vida
Giffoni
(cf. 1Jo 3,14a), abre espaço para o Cristo pascal, deixa-
joaolucasvgiffoni@gmail.com
se atrair pela Cruz, acolhe a Sua vida. No dom de si,
05404139170
livre e por amor,HP154016173710435
a vida vence a morte. Quem não
ama permanece na morte (cf. 1Jo 3,14b). A morte, o
sofrimento, a dor são inevitáveis: a escolha se põe entre
afundar na morte, nos julgamentos, nas reclamações,
na acusação do outro, ou passar para a vida pelo amor.
A morte por amor não é mortal, mas vital!
“Cada morte que voluntariamente vai ao encontro
da morte é uma vida que surge”62. Tantas vezes nos
preocupamos em proteger a nossa vida, o nosso
espaço, a nossa opinião, a nossa imagem, o nosso
bem-estar. Mas podemos mesmo chamar de vida
um tempo não preenchido de amor, se a vida brota
exatamente das mãos do Amor?
Viver para si é arruinar a própria vida, desperdiçar

61. EVAGRIO, Carta 56 In SPIDLIK. Op. cit., p. 234. Tradução nossa.


62. BALTHASAR, Hans Urs von. Op. cit. Tradução nossa.

81
DOMINGO DE PÁSCOA

o próprio tempo, falir. A nossa preocupação deveria


ser: como encher esse dia de amor (antes de tudo,
do Amor)? Porque só essa abertura ao Amor divino
que nos atravessa, que passa e nos faz passar e
chegar até o nosso próximo, renova-nos, ressuscita-
nos, faz novo o nosso relacionamento com Deus,
revela-nos o Seu rosto.
O Senhor ressuscitado convida Maria Madalena
a não retê-Lo, mas ir aos Seus irmãos (cf. Jo 20,17).
O nosso irmão é um vigário de Cristo sobre a Terra,
como podemos bem deduzir da famosa parábola
sobre o Juízo Final que Jesus anuncia (cf. Mt
25,31-46). Também a nós hoje Jesus diz: “Vai aos
meus irmãos” (Jo 20,17). É ali, no irmão, que O
encontraremos, conheceremos
João e amaremos, ainda
Lucas Vale Giffoni
imperfeitamente, mas em um contínuo recomeçar
joaolucasvgiffoni@gmail.com
que é já habitado de05404139170
eternidade.
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Para refletir
• O Amor primeiro tem passado por mim,
ressuscitando-me e levando-me ao irmão?
• A caridade fraterna é um transbordamento
da minha experiência com o Amor de Deus,
mas, para que esse Amor passe sempre mais
através de mim, preciso abrir novas veredas:
como posso dispor a minha vida (novos
gestos, novas atitudes) para preparar novas
veredas para a passagem do mor? Quais vales
precisam ser preenchidos e quais montes
nivelados (cf. Is 40,4)?

82
Via- Sacra
João Lucas Vale Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170

2021
HP154016173710435

83
VIA-SACRA

“ Deus nos amou primeiro” (1jo 4,19)

1. Estação: Jesus é condenado à morte


2. Estação: Jesus carrega a cruz
3. Estação: Jesus cai pela primeira vez
4. Estação: Jesus encontra a Sua Mãe
5. Estação: Simão de Cirene ajuda Jesus
6. Estação: Verônica limpa a face de Jesus
7. Estação: Jesus cai pela segunda vez
8. Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
João Lucas Vale Giffoni
9. Estação: Jesus cai pela terceira vez
joaolucasvgiffoni@gmail.com
10. Estação: Jesus é despojado de Suas vestes
05404139170
11. Estação: HP154016173710435
Jesus é pregado na cruz
12. Estação: Jesus morre na cruz
13. Estação: Jesus é descido da cruz
14. Estação: Jesus é sepultado

Referências:
• Via Sacra livremente inspirada em:
• Revista Escuta 2019
• Dicionário de Paulo e suas cartas
• As cartas de Paulo – Giuseppe Barbaglio
• Via Sacra – Coliseu 2019
• Via Sacra – Beata Ana Catharina Emmerich

84
VIA-SACRA

hino
Serena majestade
Completa liberdade
Quem pode tirar
Aquilo que já foi dado.

Ó vida de minha vida


Ó morte de minha morte
Ó amor de minha alma
Ó alma de meu amor.

Um novo nascimento
De um úteroJoãocruento
Lucas Vale Giffoni
De ondejoaolucasvgiffoni@gmail.com
uma nova vida
Está a jorrar. 05404139170
HP154016173710435
Um dia gerado nas águas
Agora gerado no fogo
Que vida nova traz
Na força da Ressurreição.

Quem me dera nascer de novo


Do ventre da tua cruz
Descer contigo a morte
Para contigo ressurgir.

Coração do meu coração


Carne de minha carne
Contigo é que sou forte
Não há o que temer.

85
VIA-SACRA

Ardente braseiro
Que tudo em mim refaz
Tuas veias conduzem vida
Ao meu corpo traz a paz.

Ó adorável cruz
Que geraste a redenção
Teus galhos suportam.
O peso da minha salvação.

Comentário inicial
Irmãos e irmãs, somos convidados nesta via-sacra a
contemplar o mistério da Paixão e morte do Senhor,
não de forma João
passiva e estática,
Lucas mas, assumindo o
Vale Giffoni
nosso lugar.joaolucasvgiffoni@gmail.com
Com Jesus, caminhamos até a morte de
Cruz. Acolhemos, assim, a magnitude desse Amor,
05404139170
Deus nos criou eHP154016173710435
nos salvou. Ele nos amou primeiro.
Que o Senhor possa nos libertar de tudo que nos
escraviza e nos lançar na feliz liberdade dos que são
capazes de perder a vida por amor.

música
Veni Creator Spiritus
Mentes tuorum visita
Imple superna gratia
Quae tu creasti pectora

Qui diceris Paraclitus


Donum Dei altissimi
Fons vivus, ignis, caritas
Et spiritalis unctio

86
VIA-SACRA

Tu septiformis munere
Dexterae Dei tu digitus
Tu rite promissum Patris
Sermóne ditans guttura

Accende lumen sensibus


Infunde amórem córdibus
Infirma nostri corporis
Virtute firmans perpeti

Hostem repéllas longius


Pacemque dones protinus
Ductore sic te praevio
Vitemus omne noxium
João Lucas Vale Giffoni
Per te sciámus da Patrem
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Noscamus atque Filium
05404139170
Teque utriúsque Spiritum
HP154016173710435
Credamus omni tempore

Amen

i estação

Jesus é condenado à morte

“Nem todo o que Me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no


Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de
meu Pai que está no Céus” (Mt 7, 21).

87
VIA-SACRA

É como se Deus nos chamasse ao amor, a uma


experiência, a uma configuração, sem medo da Sua
obra. Ele nos leva a conhecer o Seu amor. Deus quer
continuar o Pentecostes de Amor, que nos capacita
a viver este tempo novo de conversão à santidade.

meditação
Senhor, por que condenaram você à morte? O que você
fez para merecer isso? Você curou doentes, alimentou
famintos, ressuscitou mortos, perdoou pecados. Por
que então, uma sentença tão cruel e humilhante?
Não basta te chamar de Senhor... é necessário
fazer tua vontade! Foi nosso pecado, nosso apego
João Lucas Vale Giffoni
exagerado pelas coisas deste mundo que te
joaolucasvgiffoni@gmail.com
condenaram. Misericórdia Senhor...
05404139170
Dai-nos a graça de seguirmos contigo, de sentir
HP154016173710435
o Teu amor, de Te amar, de nos despojar de nossas
vontades, assumindo a vontade do Pai em nossas
vidas até a Cruz.

hino
Serena majestade
Completa liberdade
Quem pode tirar
Aquilo que já foi dado.

Ó vida de minha vida


Ó morte de minha morte
Ó amor de minha alma
Ó alma de meu amor.

88
VIA-SACRA

ii estação

Jesus carrega a cruz


“Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz dia após dia e siga-Me” (Lc 9, 23).

Não tenham medo! Não tenham medo de olhar para


a Cruz, de amar a Cruz, de se apaixonar pela Cruz,
de abraçar a Cruz, porque a Cruz é a fonte da paz
e gera Ressurreição para vocês e para o mundo
inteiro. Não tenham medo! Eu já venci o pecado, o
mundo e o demônio. Não tenham medo.
João Lucas Vale Giffoni

meditação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
HP154016173710435
Te olhando com essa Cruz nas costas, me sinto
constrangido Senhor. Nela se encontra o peso de
todos os pecados da humanidade. E Tu a carregas
como um homem inteiro, com tanto vigor e paixão.
Enquanto nós, Senhor, infantilmente, choraminga-
mos nossas pequenas cruzes, cheios de autopiedade
e murmuração, fugindo de uma conversão autêntica.
Liberta-nos, Senhor, de tudo que nos cega e nos
aprisiona a uma vida centralizada em nós mesmos. E
dá-nos a graça de abraçar Tua Cruz de forma digna,
a Tua oferta por amor a nós.

89
VIA-SACRA

hino
Um novo nascimento
De um útero cruento
De onde uma nova vida
Está a jorrar.

Um dia gerado nas águas


Agora gerado no fogo
Que vida nova traz
Na força da Ressurreição.

João Lucas Vale Giffoni


iii estação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
Jesus
HP154016173710435
cai pela primeira vez

“Tomou sobre Si as nossas doenças, carregou as


nossas dores” (Is 53, 4).

Muitos de nós perdemos o desejo de viver o Evangelho


na sua radicalidade. O Senhor nos convida a essa
santidade. Não está em nós a capacidade de nos fazer
santos, mas está em nós a capacidade de desejá-lo
com todas as forças da nossa alma, com todas as fibras
do nosso coração, mais do que tudo, especialmente
nos momentos de escolhas, decisões na vida.

90
VIA-SACRA

meditação
Nós partimos cheios de confiança e um dia caímos.
Então, paramos, fomos nos acostumando, nos
acomodamos com as propostas da vida presente,
buscamos facilidades e abandonamos o caminho
difícil. E encontramos justificativa para tudo. Até
quando ficaremos frios e passivos?
Cristo, estamos tão longe de você. Protege-nos
contra nossas quedas que cansam e deixam marcas de
destruição. Ajuda-nos a levantarmos contigo dos nossos
pecados e a escolhermos diariamente a Tua vontade.

hino João Lucas Vale Giffoni


joaolucasvgiffoni@gmail.com
Quem me dera nascer de novo
05404139170
Do ventre da tua cruz
HP154016173710435
Descer contigo à morte
Para contigo ressurgir.

Coração do meu coração


Carne de minha carne
Contigo é que sou forte
Não há o que temer.

91
VIA-SACRA

iv estação

Jesus encontra a sua Mãe


“Uma espada trespassará a tua alma. Assim hão
de revelar-se os pensamentos de muitos cora-
ções” (Lc 2, 35).

Não deserte diante da Cruz. Não deserte. Não volte


atrás, mas, ao contrário, ame a Cruz, porque ela é
caminho de Ressurreição. Una-se a Mim. Não tenha
medo! Eu estou com vocês.
O Pai cuida de vocês. Esta é a dinâmica da vida
de vocês. João Lucas Vale Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
meditação
05404139170
HP154016173710435
Pode uma mãe encorajar seu filho à morte? Seria ela
capaz de animar suas entranhas em direção ao fim?

CANÇÃO - MARIA
[Música inspirada em II Macabeus 7]

Meu filho, não temas este algoz,


Mas seja digno de teus irmãos,
Preferindo a morte, antes de violar
A lei do amor.

Para que no dia da misericórdia


Eu te encontre em meio aos teus irmãos.
Coragem, o que é a vida
Diante da nossa esperança?

92
VIA-SACRA

Minha alma dilacerada se une a ti


Abraça essa cruz, segue até o fim,
Não tenhas medo, eu estou aqui,
Não estás sozinho, sigo atrás de ti.

hino
Ardente braseiro
Que tudo em mim refaz
Tuas veias conduzem vida
Ao meu corpo traz a paz.

Ó adorável cruz
Que geraste a redenção
João
Teus galhos Lucas Vale Giffoni
suportam.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
O peso da minha salvação.
05404139170
HP154016173710435

v estação

Simão de Cirene ajuda Jesus


“Carregai as cargas uns dos outros e assim cumprireis
plenamente a lei de Cristo” (Gl 6,2).

Na história da Igreja, as batalhas e lutas não


diminuíram, mas surgiram homens e mulheres
fortalecidos e forjados no sangue de Jesus e na Cruz
de Cristo, que testemunharam a fé, a santidade e o
amor. Deus faz heróis da fé os próprios pecadores,
quando eles trazem no coração a graça de um
desejo imenso de conversão à santidade.

93
VIA-SACRA

meditação
Um desconhecido, que ajuda Jesus a carregar a
cruz. A nossa Cruz. E nós nos negamos a carregar
os sofrimentos dos nossos irmãos. Quantas vezes
nós somos os primeiros a levantar as armas contra
a injustiça, quando seguimos a um manso cordeiro
que morre crucificado?
Quantas vezes nos voltamos de forma ácida
contra a igreja, a comunidade, os irmãos?
Imagine se São Francisco ou Santa Teresa
tivessem feito isso?
Mas não. Eles carregaram os fardos uns dos
outros. E issoJoãoimplica
Lucasnos
Valefardos
Giffoni da Igreja, da
humanidade, da comunidade. Não é só o que é
joaolucasvgiffoni@gmail.com
correto, bom e justo não. É principalmente aquilo
05404139170
que custa, que dói, que é vergonhoso. Unindo tudo
HP154016173710435
isso ao sacrifício de Cristo, deixando que Ele faça de
nós, pecadores, heróis da fé, por Sua graça, forjados
em Seu sangue.

hino
Serena majestade
Completa liberdade
Quem pode tirar
Aquilo que já foi dado.
Ó vida de minha vida
Ó morte de minha morte
Ó amor de minha alma
Ó alma de meu amor.

94
VIA-SACRA

vi estação

Verônica limpa a face de Jesus


“Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais
pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40).

Ele nos constituiu para ser remédio para as feridas


da Comunidade, e, por isso, precisa ser vivido como
remédio, ou seja, tem que ser vivido com uma
vivência honesta, profunda, intensa e radical. Um
celibato sadio é fonte de cura para a Comunidade e
de potência para a Sua missão evangelizadora. Um
celibato sadio João
é um Lucas
santo Vale
remédio que sustentará a
Giffoni
empreitada de navegar em águas profundas.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170

meditação
HP154016173710435

Verônica olhando para o rosto sujo e cansado de


Cristo não se conteve e foi em direção a ele.
Quantas vezes, passamos do Seu lado, e não O
percebemos. Quantas vezes ele está muito perto de
nós, sofrendo a sua paixão e somos indiferentes a sua
dor? E quando isso é vivido por alguém que é celiba-
tário? Que consagrou sua vida a Deus para o outro?
Dai-nos a graça Senhor, de uma vivência honesta,
profunda, intensa e radical do nosso chamado, para
que possamos realmente ser o remédio que tu
criaste para sermos. Ajudai-nos, Senhor a ser a Tua
viva imagem para a humanidade.

95
VIA-SACRA

hino
Um novo nascimento
De um útero cruento
De onde uma nova vida
Está a jorrar.

Um dia gerado nas águas


Agora gerado no fogo
Que vida nova traz
Na força da Ressurreição.

João Lucas Vale Giffoni


vii estação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
JesusHP154016173710435
cai pela segunda vez

“Ao ser insultado, não respondia com insultos, (…)


mas entregava-Se Àquele que julga com justiça” (1
Pd 2, 23).

O nosso ajoelhar-se será o grande canal da


manifestação da potência de Deus na nossa vida
e na vida do povo que Ele nos confiou. O Senhor
quer os nossos joelhos tocando o chão. Ele quer
eucaristizar a vida de muitos com a Eucaristia,
santificar pela Eucaristia, para que sejam eucaristias
para a humanidade. Pessoas com vidas escondidas,
muito simples, no ordinário da vida, na simplicidade,
ofertando-se, ofertando-se com a vida Eucarística. E
vai sendo gerada vida divina no corpo da Comunidade.

96
VIA-SACRA

meditação
Ao longo dos anos, quantas vezes nossos joelhos
tocaram o chão? Queríamos ser os mais fortes,
aqueles que nunca caem. Mas nosso Senhor nos
reservou outra sorte.
Ele foi nos ensinando a rendição, a transformar
nossas quedas em dependência Dele, assim,
aprendemos a adorar, a nos render diante do Sol da
justiça. E só Nele esperarmos, pois sabemos que só
Ele pode nos transformar, curar, consolar as nossas
dores, as dores da comunidade e do mundo inteiro.
Hoje mais uma vez, levantamos Contigo, eis aqui
a nossa vida, eis aquiLucas
João a nossa oferta,
Vale eis aqui o nosso
Giffoni
corpo, faz-nos Eucaristia.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
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hino HP154016173710435

Quem me dera nascer de novo


Do ventre da tua cruz
Descer contigo à morte
Para contigo ressurgir.

Coração do meu coração


Carne de minha carne
Contigo é que sou forte
Não há o que temer.

97
VIA-SACRA

viii estação

Jesus encontra as mulheres de Jerusalém


“Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, chorai an-
tes por vós mesmas e pelos vossos filhos” (Lc 23, 28).

Uma das fontes de um arrependimento sincero é,


diante dos nossos pecados, não colocar a culpa fora
de nós; inocentar a Deus e, Nele, também aos outros,
assumindo a responsabilidade e a culpabilidade
do nosso pecado. Nós merecemos. Nós somos
pecadores. Nós reconhecemos a nossa culpa. Tu és
Santo Senhor eJoão
justos são Vale
Lucas os teus caminhos.
Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com

meditação
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HP154016173710435

Cada um passa diante do meu tribunal; o mundo


todo. Prefiro julgar os outros e descubro facilmente
culpados: bêbados, preguiçosos, fofoqueiros, falsos,
mentirosos, injustos, egoístas. Só eu, o perfeito,
estou em condições de entender quem é o culpado.
Cristo, ajuda-me a descobrir que sou pecador.
Dignos de lamentação somos nós, pecadores.
Perceber os pecados dos outros é sempre mais
fácil e mais conveniente do que chorar os próprios
pecados. Enquanto culparmos os nossos irmãos, na
verdade, é a Deus que culpamos!

98
VIA-SACRA

música
Quando a vida te pergunta
Onde está teu Deus?
E o inimigo te ameaça
Semeando a dúvida

Acaso Ele foi derrotado?


Sua promessa afinal terá falhado?
Para onde foi o teu Deus?
Reúne tuas forças pra declarar

Tu és Santo, Senhor,
E justo sãoJoão
os Teus caminhos
Lucas Vale Giffoni
Abandono-me em Tuas mãos
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Pai, Pai, entrego meu espírito.
05404139170
HP154016173710435
Eu quero, eu desejo, eu vou
Ter os mesmos sentimentos de Cristo.

hino
Ardente braseiro
Que tudo em mim refaz
Tuas veias conduzem vida
Ao meu corpo traz a paz.

Ó adorável cruz
Que geraste a redenção
Teus galhos suportam.
O peso da minha salvação.

99
VIA-SACRA

ix estação

Jesus cai pela terceira vez


“Foi maltratado, mas humilhou-Se e não abriu a boca,
como um cordeiro que é levado ao matadouro” (Is 53, 7).

O mar se ampliou diante de vós, cresceu, porque


fostes para as águas profundas. Não tenhais medo!
Não busqueis âncoras, porque não servirão. Em águas
profundas, não dá para ter âncora. Não tenteis voltar
atrás, porque, se fordes voltar atrás, ireis morrer. Em
águas profundas, não adianta voltar atrás, nadando.
Aprendei a navegar nestas
João Lucas águas
Vale mais profundas.
Giffoni
E a maneira de navegar nestas águas profundas diz
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respeito ao abandono e à confiança Nele.
05404139170
HP154016173710435

meditação
Cristo cai de novo. Os soldados batem Nele. Cristo
não se mexe. As forças quase acabaram.
Restou ainda um pedacinho do caminho: dois,
três passos neste estado isso é quase impossível.
Senhor, caístes a terceira vez, mas já no alto do
Calvário onde vão levantar a cruz. Eu também caí
de novo. Sempre estou caindo. Às vezes, duvido se
poderei levantar-me. Faz tantos anos que eu caio,
que por vezes penso se não seria melhor Te deixar.
Mas quando olho para tua Paixão, e te vejo ao meu
lado, recupero minhas forças e certamente vencerei
com a Tua graça.

100
VIA-SACRA

hino
Serena majestade
Completa liberdade
Quem pode tirar
Aquilo que já foi dado.

Ó vida de minha vida


Ó morte de minha morte
Ó amor de minha alma
Ó alma de meu amor.

João Lucas Vale Giffoni


x estação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
Jesus é despojado
HP154016173710435
das suas vestes

“Revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia,


de bondade, de humildade, de mansidão, de
paciência” (Cl 3, 12).

Se nosso Senhor está nos introduzindo nas águas


profundas, Ele promete peixes maiores para a
Comunidade, e, por isso, será necessário preparar
redes ainda mais fortes para pescar, para alcançar
esses peixes. Então, nós precisamos nos preparar.
As redes e as iscas que Ele joga como alimento
são os próprios missionários. Somos nós. São vidas
ofertadas como alimentos.
Isso significa que nós precisamos cuidar muito
da maturidade dos nossos missionários, porque eles

101
VIA-SACRA

precisam estar prontos; afinal de contas, não foi


para isso que Deus nos chamou?

meditação
Cristo não tinha mais nada a não ser uma veste. Mas
até isso lhe foi tirado. Agora não existe mais nada entre
o corpo de Cristo e a Cruz. Eles se unirão para sempre.
Cristo, Tua veste era digna da pessoa humana.
Nós também nos vestimos de diversas vestes ao
longo de nossa história. Algumas dignas e belas,
outras vergonhosas e feias.
Queremos, hoje, nos despir contigo de todas as
coisas que se colocam entre nós e a tua cruz. Entre
nós e a vontade JoãodoLucas
Pai. Vale Giffoni todas essas
Despojamos
joaolucasvgiffoni@gmail.com
coisas Contigo.
Temos tantas 05404139170
coisas pequenas de que
HP154016173710435
gostamos, mas se isso for necessário para vivermos
verdadeiramente, tira tudo de nós, Senhor. É melhor
morrer, para depois viver. Assim como o grão que
precisa morrer para dar frutos.

hino
Um novo nascimento
De um útero cruento
De onde uma nova vida
Está a jorrar.

Um dia gerado nas águas


Agora gerado no fogo
Que vida nova traz
Na força da Ressurreição.

102
VIA-SACRA

xi estação

Jesus é pregado na cruz


“Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem”
(Lc 23, 34).

Nos momentos em que você está nessa condição, lembre-


se sempre de que, do outro lado, está sendo gerada
ressurreição. A única coisa que é a minha segurança, não
sou eu. Eu não sou nada. Tudo é vão, tudo se estraga,
devido à soberba humana. A única coisa que é, então, a
minha segurança é a Cruz de Nosso Senhor.
João Lucas Vale Giffoni
meditação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
HP154016173710435
Os pregos atravessam o corpo. Suas mãos e Seus pés
estão pregados. Agora nenhum movimento é possível.
Este é o fim? Não! Este é um novo nascimento!
Nós também precisamos aceitar a nossa cruz na
hora presente. Não podemos escolher.
Temos que aceitar a nossa cruz. Ela é pronta, feita
para meu tamanho, feita dos meus sofrimentos. Essa
cruz, vivida em união com Cristo, se torna um novo útero,
que em vez de me matar, me gera para uma vida eterna.
Isto não é fácil. Mas não posso encontrar o Cristo
de outra maneira. Cristo espera por mim na Cruz
para, junto Dele, redimir o mundo, nossos irmãos. A
minha segurança, é a Cruz de Nosso Senhor!

103
VIA-SACRA

hino
Quem me dera nascer de novo
Do ventre da tua cruz
Descer contigo à morte
Para contigo ressurgir.

Coração do meu coração


Carne de minha carne
Contigo é que sou forte
Não há o que temer.

João Lucas Vale Giffoni


xii estação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
Jesus
HP154016173710435
morre na cruz

“Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?”


(Mc 15,34).

Eu estou vos recriando. Eu estou vos recriando de


dentro para fora. Eu estou vos recriando na confiança,
na fé, no abandono. Eu estou vos recriando na
confiança do Meu poder e da Minha intervenção; a
confiança mais do que na ação e na vontade de vocês.
Como que um invólucro, como um ventre,
aquela água se tornava um líquido amniótico que
alimentava as pessoas que estavam para morrer
naquele lixo tóxico. Essas pessoas, alimentadas
por esta água, estavam sendo recriadas em novas
pessoas e saíam da lama completamente recriadas.

104
VIA-SACRA

meditação
Às três horas, o Cristo morre. A vida para, o coração
não bate mais. Senhor, não podemos mais viver
assim, tirai-nos do pecado. Queremos morrer
contigo, entregar o nosso coração, para que vivais
em nós. Pulsai em nós.

hino
Serena majestade
Completa liberdade
Quem pode tirar
Aquilo queJoão
já foiLucas
dado.Vale Giffoni
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Ó vida de minha05404139170
vida
HP154016173710435
Ó morte de minha morte
Ó amor de minha alma
Ó alma de meu amor.

Um novo nascimento
De um útero cruento
De onde uma nova vida
Está a jorrar.

Um dia gerado nas águas


Agora gerado no fogo
Que vida nova traz
Na força da Ressurreição.

105
VIA-SACRA

Quem me dera nascer de novo


Do ventre da tua cruz
Descer contigo à morte
Para contigo ressurgir.

Coração do meu coração


Carne de minha carne
Contigo é que sou forte
Não há o que temer.

Ardente braseiro
Que tudo em mim refaz
Tuas veias conduzem vida
Ao meu corpo traz a paz.
João Lucas Vale Giffoni
Ó adorável cruz
joaolucasvgiffoni@gmail.com
Que geraste a redenção
05404139170
Teus galhosHP154016173710435
suportam.
O peso da minha salvação.

hino (Ver páginas 85 e 86)

xiii estação

Jesus é descido da cruz

“Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica


ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12, 24).

106
VIA-SACRA

Caminhar como se visse o invisível. Aparentemente,


nas situações da nossa vida, em que humanamente
pouco podemos fazer, caminhar como se víssemos
o invisível. Caminhar pela fé e pelas promessas de
Deus, de livramento e de vitória. Caminhar dentro
dela e crescer na confiança e na fé na intervenção de
Deus, mesmo carregando a cruz – e, neste caminho,
muitas vezes, nós teremos a cruz. Ter a convicção
de que ela trará a ressurreição, a vitória...
Não seremos confundidos.

meditação
A Sua obra, Cristo, é consumada. Os pregos são
desnecessários.João Lucas
Agora Vale
você Giffoni
pode descansar.
joaolucasvgiffoni@gmail.com
A Mãe recolhe-O em seus braços.
A serenidade da05404139170
fé invade tudo. O coração, as
HP154016173710435
feridas, as chagas, o corpo morto. Não existe mais
luta. Não existe mais o que render, o que perder.
Tudo foi dado, o cálice foi bebido até a última gota.
Nossa Mãe: vigiai sobre nós cada noite. Tomai-
nos nos Vossos braços na última hora, não largueis-
nos nunca, por favor. Não esqueçais de nós, pois
sois o “Refúgio dos pecadores”.

hino (Ver páginas 85 e 86)

107
VIA-SACRA

xiv estação

Jesus é sepultado

“Tudo está consumado” (Jo 19, 30).

O que os homens veem são ruínas e buracos, mas o


que Eu vejo, não. São espaços para colocar alicerces
profundos. Neste tempo, quero realizar em vós o
dom do olhar pascal. Diante dos desafios, não olhar
como os homens olham, mas olhar como Eu olho,
com um olhar que integre, com um olhar pascal,
com o Meu olhar.
João Lucas Vale Giffoni
meditação
joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
HP154016173710435
Vemos um corpo sem vida, envolto em faixas. Diante
dos nossos olhos naturais se apresenta a morte. Diante
dos olhos da fé, a VIDA QUE NÃO SE CONTÉM.
Senhor dai-nos um olhar de eternidade. Um
olhar que se eleve acima de tudo criado. E que
por Tua graça integre paixão, morte e ressurreição.
E embora o caminho seja difícil, sabemos que Tu
esperas por nós em Tua glória. Senhor, ajudai-nos a
atravessar este caminho fielmente.

hino (Ver páginas 85 e 86)

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VARILLON, François. Vivre le Christianisme. Paris:
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João Lucas Vale Giffoni


joaolucasvgiffoni@gmail.com
05404139170
HP154016173710435

112
Meditações para a Seo,ana Santa é um auxilio para bem
vivermos o espírito litúrgico do período do Domingo de
Ramos ao Domingo de Páscoa. São oito dias com
orientações e reflexões para a semana mais importante
da fé católica.

Este material será utilizado pelos participantes do Retiro da


Semana Santa 2021 da Comunidade Católica Shalom. A cada
ano, o novo número
João da coteção
Lucas Meditaç()es
Vale Giffoni para a Semana
Santa traz reflexões à luz da Palavra de Deus e da Doutrina
joaolucasvgiffoni@gmail.com
da Igreja, inserindo o 05404139170
fiel batizado no mistério central da fé
católica: a Paixão,HP154016173710435
a Morte e a Ressurreição de nosso Senhor
Jesus Cristo. A terceira edição é conduzida segundo o
versículo de lJo 4,19: "Deus nos amou primeiro"_
,
Neste ano, os autores nos inserem no retiro conectando os
últimos dias de Jesus Cristo na terra com o Génesis. Os
mistérios da Criação e da Redenção do homem revelam'o
amor divino, pois "Deus nos amou primeiro".

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