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FILOSOFIA

FRENTE U | CAPÍTULO 02

2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA E 2.3 HELENÍSTICA

Os sofistas
2.2 FILOSOFIA
CLÁSSICA O termo “sofista” vem do grego sophos, que significa sábios.
Os sofistas, em geral, não eram atenienses, mas oriundos das
colônias gregas da Jônia e Magna Grécia. Além disso, defendiam
o humanismo e o relativismo, o que contribuiu para que fossem
duramente criticados por Sócrates e seus seguidores.

FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02


Os sofistas eram especialistas em retórica e oratória,
costumavam percorrer as cidades-Estados fornecendo seus
ensinamentos e sua técnica, por isso, acabaram se destacando na
formação educacional, principalmente a dos atenienses (Paideia),
pois propiciavam uma preparação para a atuação na vida política.

“Escola de Atenas” pintura renascentista do italiano Rafael Sanzio, foi pintada PROTÁGORAS DE ABDERA
entre 1509 e 1510 sob encomenda do Vaticano.

O século V a.C. foi marcante para os gregos, em


especial, para os atenienses. Nesse período, ocorreram
transformações nas esferas cultural, intelectual e política.
Isso porque, as antigas perspectivas religiosas e aristocráticas
já não atendiam mais as necessidades dos gregos.

Impulsionados pelo ideal democrático e visando satisfazer as


novas demandas e expectativas sociais é que, gradativamente, A obra mais conhecida de Protágoras é “Sobre a verdade” e
fora desenvolvido um novo modelo educacional, com o intuito seu fragmento mais conhecido é “O homem é a medida de todas
de preparar o cidadão para a vida política, em especial, para o as coisas, das que são como são e das que não são como não
debate público em espaços como a Ágora. são”. Esse fragmento sintetiza duas ideias do seu pensamento, o
Nesse novo modelo de organização do poder político os humanismo e o relativismo.
cidadãos não podiam deixar de expressar habilidades ligadas ao Segundo Protágoras, as coisas são como nos parecem ser,
discurso, ou seja, falar bem em público era um pré-requisito para como se mostram à nossa percepção sensorial. Dessa forma,
o exercício da cidadania. percebe-se uma aproximação de Protágoras com os mobilistas e
Essa nova demanda social contribuiu para o surgimento da um afastamento da visão eleática de verdade única e imutável.
figura dos sofistas, ou seja, de educadores voltados ao ensino da Dessa forma, a realidade estaria em constante transformação, de
retórica. acordo com a variação do discurso proferido pelos homens.

“O sentido dos acontecimentos é o efeito do


“A paideía era a educação como formação cultural discurso proferido pelo homem sobre esses mesmos
completa e sua finalidade era a realização, em cada um, acontecimentos. Tudo se reduz, então, às significações
da areté, a excelência das qualidades físicas e psíquicas produzidas pela linguagem. Poderíamos dizer que, para
para o perfeito cumprimento dos valores da sociedade. os sofistas, a verdade de hoje poderá ser a mentira de
[...] Ora, numa sociedade urbana, comercial, artesanal amanhã, caso o discurso proferido anteriormente fosse
e democrática como Atenas, a antiga areté já não fazia substituído por outro. Para os sofistas, tudo é convenção,
sentido, perdera seu lugar [...]. sem dúvida, a cidade podendo essas convenções produzidas pelo homem no
precisa de guerreiros belos e bons, mas precisa, antes seio da cultura variar, por meio de seus discursos, de uma
de tudo e acima de tudo, de bons cidadãos. Para a cultura para outra.”
democracia, a areté aristocrática é inaceitável, pois fora TOURINHO, Carlos D. C. Saber-fazer filosofia: da antiguidade à Idade Média.
fundada nos privilégios do sangue e das linhagens. Para São Paulo: Ideias e Letras, 2010. p. 65.
formá-lo, uma nova paideía com uma nova areté tornara-
se necessária.”
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002. p. 156-157.

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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA
E 2.3 HELENISMO

SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”


“Um exemplo seria a conversa dele com
Eutidemo. Sócrates perguntou-lhe se ser enganador
correspondia a ser imoral. ‘É claro que sim’, respondeu
Eutidemo, o que parecia uma obviedade. ‘Mas e se
um amigo estimado estivesse muito triste e quisesse
se matar, e você roubasse-lhe a faca? Não seria este
um ato enganador?’, perguntou Sócrates. ‘Sim, com
toda a certeza’ ‘Mas fazer isso não seria moral em
vez de imoral? Trata-se de uma coisa boa, não ruim
Tudo o que sabemos sobre o pensamento e a vida de Sócrates – embora seja um ato enganador’, disse Sócrates.
é oriundo dos textos e comentários dos seus discípulos, pois ‘Sim’, respondeu Eutidemo, que a essa altura já havia
ele não deixou nada escrito. Sócrates viveu em Atenas entre os metido os pés pelas mãos. Sócrates, ao usar um contra
séculos V a.C. e VI a.C.. exemplo, mostrou que o comentário geral de Eutidemo
Sócrates costumava utilizar os espaços públicos para expor de que ser enganador é imoral não se aplica a todas as
seus pensamentos e suas ideias. Ele chamava a atenção dos situações. Eutidemo não percebera isso antes.
jovens atenienses para o fato de estarem distante da prática de WARBURTON, N. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 2.
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uma verdadeira democracia. Exatamente por isso, foi acusado de


não ser religioso e de corromper a juventude.
Sócrates acreditava que para se tornar sábio, o indivíduo deve PLATÃO
ser capaz de compreender a si mesmo. Isso ficou evidenciado na
frase “uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida” que é
atribuída a ele.
O exercício filosófico de Sócrates tinha como base o diálogo
que era dividido em duas etapas. Na primeira, chamada por ele
de ironia, atitude dissimulada pela qual levava o interlocutor a
expor suas opiniões acerca de determinados temas. Nessa fase,
Sócrates procurava falhas nos discursos de seus interlocutores.
Na segunda etapa, maiêutica, ele tentava levar o interlocutor
a elaborar suas próprias ideias, a buscar em si por meio de um
processo reflexivo, as verdades existentes na alma (consciência). Platão nasceu em 429 a.C., portanto, viveu o período final do
Desse modo, ele exerceria uma ação de parteiro da alma, chamado “século de ouro” da cultura grega, sobretudo a cultura
ajudando, assim, a extrair dela os saberes. de sua cidade natal, Atenas, o grande centro intelectual das
várias cidades gregas.
A condenação de Sócrates Sua filosofia foi escrita em diálogos e abordava temas variados
como arte, teatro, ética, conhecimento e política.
Platão notabilizou-se na antiguidade por unir as concepções
ontológicas dos pré-socráticos, Heráclito (mobilista) e
Parmênides (imobilista) em sua “Teoria das Formas”.
Segundo a teoria das ideias, existiam dois Mundos, o inteligível
e o sensível. O mundo sensível seria o mundo visível, ou seja,
feito de imagens e sons (mutável, imperfeito e transitório), já o
mundo inteligível, seria o mundo abstrato, conceitual e, portanto,
daria sentido e existência ao mundo visível (imutável, perfeito e
eterno).
Alguns atenienses indignados com as provocações de Sócrates
nas assembleias e espaços públicos e, entendendo que elas os
colocavam em situação vexatória, acusaram-no de induzir os
jovens a se comportar de maneira imprópria. Além disso, também
alegavam o seu desrespeito em relação aos deuses atenienses.
Sócrates foi levado a julgamento e condenado à morte por
envenenamento. Entretanto, ele não pediu clemência. Além
disso, ele não reconheceu a autoridade dos que o julgavam.
Apesar de existir uma possibilidade caso Sócrates confessasse
culpa, ele optou por sua filosofia e, consequentemente, pela sua
morte.
Neste momento, fomos apanhados, eu, que sou um velho
vagaroso, pela mais lenta das duas, e os meus acusadores, ágeis O Mito da Caverna
e velozes, pela mais ligeira, a malvadez. Agora, vamos partir; eu,
condenado por vós à morte; eles, condenados pela verdade a seu O Mito da Caverna é um diálogo entre Sócrates e Glauco,
pecado e a seu crime. Eu aceito a pena imposta; eles igualmente. irmão de Platão. Nele, Sócrates apresenta um mundo em que as
Platão. Defesa de Sócrates. IN: Apologia de Sócrates. São Paulo : Nova Cultural, 1987, p. 56. pessoas estão acorrentadas, observando ilusões como se fossem
a realidade.
Sócrates continua sua ilustração e diz que um dos prisioneiros
foi libertado e, ao voltar e contar para os demais, ele foi rechaçado,

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2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA
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pois os prisioneiros ofuscados pela luz, optaram por permanecer Aristóteles é considerado fundador da Lógica Clássica. Para
no mundo das sombras. ele, a lógica nos capacita a descobrir erros e estabelecer verdades.
Ele foi o formulador do Silogismo. Desta forma, por estabelecer
O homem que se liberta é como o filósofo: ele vê além das as regras do raciocínio correto, a lógica serve de orientação para
aparências. As pessoas comuns não têm muita noção da realidade, as demais ciências.
porque se contem em olhar o que está diante delas, em vez de
refletir profundamente sobre as coisas. Contudo, as aparências
Silogismo: é um tipo de raciocínio em que a conclusão
são enganosas. O que veem são sombras, não a realidade.
WARBURTON, N. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 6.
pode ser deduzida com base em premissas e suposições
específicas.

Exemplo:

Todas as pessoas gregas são humanas


Todos os humanos são mortais
Logo, todos os gregos são mortais.
Metafísica

Aristóteles acreditava que o mundo era feito de substâncias,

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que podiam ser tanto forma quanto matéria ou ambos, e que a
inteligibilidade estava presente em todas as coisas e em todos
os seres. Sendo assim, para ele, a matéria é o princípio de
Conforme apontado por Warburton, Platão defendia que o individualização e a forma a maneira como, em cada indivíduo, a
prisioneiro que saiu da caverna foi o filósofo, pois entendeu que matéria se organiza.
o conhecimento adquirido pelos sentidos não seria real, mas uma Aristóteles propõe ainda quatro distinções adicionais
doxa (opinião) e, portanto, precisaria buscar por meio da razão a acerca do “ser”, em seu livro “Metafísica”: Essência e Acidente;
episteme (conhecimento verdadeiro). Necessidade e Contingência; Ato e Potência; Causas do Ser.

I. Essência e Acidente:
Política
A essência é aquilo que faz uma coisa ser o que é. Já o acidente,
No livro A República, Platão descreve uma sociedade perfeita. refere-se às mudanças sofridas pelo ser sem que isso afete sua
Nela, os filósofos ocupariam o posto mais alto da sociedade e, natureza essencial. Exemplo: Sócrates é um ser humano, o que
também, governariam os cidadãos. Abaixo estavam os soldados, designa sua essência, Sócrates é calvo, a calvície não altera a
cuja finalidade era defender o país. Na base da sociedade natureza essencial de Sócrates.
estariam os trabalhadores.
II. Necessidade e Contingente:

“[...] Teoria da Reminiscência. De acordo com esta teoria, Necessidade seria a essencial, pois sem elas as coisas não
a alma – ainda desencarnada em um estágio anterior – foi seriam o que são, ou seja, as características essenciais são
capaz de percorrer os céus em contemplação das Ideias necessárias. Contingentes são características não essenciais do
eternas. Ao cair na terra para nascer em forma humana, ser, ou seja, os acidentes.
consumou-se, então, um esquecimento temporário
dessa contemplação. Ainda assim, traços de memória III. Ato e Potência:
permanecem no espírito, e tal contemplação poderia,
segundo essa teoria, ser relembrada (anamnêsis) por uma Ato é a forma do que a substancia expressa, mediante uma
dada organização da matéria, naquele exato momento. Potência
análise adequada e pelo questionamento dos dados da
diz respeito ao conjunto de formas possíveis que a coisa
experiência. Para Platão, ‘aprender é relembrar’”. poderá atualizar, ainda que não tenha até o presente momento
TOURINHO, Carlos D. C. Saber-fazer filosofia: da antiguidade à Idade Média.
São Paulo: Ideias e Letras, 2010. p. 89-90. atualizado. Exemplo: Uma semente é semente em ato e uma
árvore em potencial. Já a árvore é arvore em ato e lenha em
potencial.

ARISTÓTELES IV. Quatro causas dos seres:

a. Causa material: explica do que algo é feito;


b. Causa formal: explica qual forma algo assume;
c. Causa eficiente: explica o processo de como algo vem a ser;
d. Causa final: explica o propósito a que algo serve.

Política

Aristóteles nasceu na Macedônia, em 384 a.C.. Estudou com


Platão e foi preceptor de Alexandre, o Grande.
Apesar de ter sido discípulo de Platão, Aristóteles rejeitou
a “Teoria das Formas” desenvolvida pelo seu mestre, pois
acreditava que a maneira de entender qualquer categoria geral
era examinando seus exemplares particulares.
Animal Político Não alimente. Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25

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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA
E 2.3 HELENISMO

Para Aristóteles, “o homem é um animal político”, ou seja,


a política nasceu de uma necessidade natural do homem que é REVISÃO NA PLATAFORMA
inclinado por sua natureza a vida em comunidade. Dessa forma,
para ele, a ideia de viver em sociedade é uma condição essencial
para o homem.
AULAS 09
1. ANTIGA
Aristóteles entendia que a política tinha por finalidade o
“bem comum”, e os governantes deveriam possuir qualidades
excepcionais. Sendo assim, para ele, o bom governante seria
aquele que governava para todos e não para uma minoria
privilegiada socialmente, nem para uma maioria marcada pela APOSTILAS EXERCÍCIOS ONLINE
exclusão e pela exploração. 3 resumos + 15 questões 30 quetões
CAIU NO ENEM
Pensando assim, ele apontou três formas justas de governo: 31 quetões

Monarquia Governo de uma só pessoa


Aristocracia Governo de um grupo de pessoas. 2.3 HELENISMO
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Politeia Governo de todos.

Ética O período helênico constitui o ultimo dos períodos da


filosofia na Antiguidade. Em meados do século IV a.C.,
Alexandre, o Grande, assumiu o trono macedônico e
iniciou um processo expansionista sem precedentes, pelo
qual formou um vasto império que incluía Grécia, Egito,
Pérsia e Índia.
O contato com as culturas orientais corroborou para o
surgimento da Cultura Helenística, que era constituída da
fusão de elementos da cultura grega e culturas orientais.
Esse processo contribuiu para a passagem da noção de
coletividade, para a de individualização no que tange à
aquisição de uma vida feliz.

AS PRINCIPAIS ESCOLAS FILOSÓFICAS DO PERÍODO


HELENÍSTICO FORAM:

Estoicismo

A escola estoica foi fundada em Atenas por Zenão. A escola


recebeu esse nome porque os seus membros costumavam reunir-
se próximo a pórticos pintados (stoá poikilé). Vale ressaltar que
para os estoicos a felicidade consiste na tranquilidade da alma,
isto é, na ataraxia.

QUINO, J. S. L. Toda Mafalda: da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.217.
Ataraxia: ausência de perturbação e/ou
imperturbabilidade da alma.
Aristóteles acreditava que a felicidade (eudaimonia) era o bem
supremo e o fim perseguido por todos. Sendo assim, a virtude
seria o meio utilizado pelas pessoas para atingir a felicidade. E, a Segundo os estoicos, o homem deveria resignar-se a aceitar
virtude exige, simultaneamente, escolha e hábito. os acontecimentos predeterminados, entretanto, isso não se
traduz em inação. Devemos agir de acordo com os preceitos
Para ele, uma escolha virtuosa seria o meio-termo entre dois éticos e fazer o que julgamos correto, ou seja, devemos aceitar
eixos. Entretanto, para que um indivíduo atinja um nível elevado as consequências de nossa ação e o curso inevitável dos
de virtude seria necessário um ambiente adequado, o que exige acontecimentos.
um governo adequado. Portanto, para esse pensador, ética e
política andariam lado a lado e seriam ferramentas para atingir a Epicurismo
felicidade/bem comum.
A escola epicurista foi fundada em Atenas por Epicuro.
Também conhecida como filosofia de jardim, pois seus membros
costumavam reunir-se em um jardim. Os epicuristas, assim
como os estoicos, postulavam como princípio básico a felicidade,
obtida pela ataraxia (tranquilidade da alma), porém, para eles,

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2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA
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ela seria alcançada por meio do prazer, ou seja, acreditavam que


a austeridade e moderação seriam fundamentais para atingir a É mais ou menos uma imagem que pode ser usada
felicidade. para definir as relações entre a sociedade e o poder. Tal
como as estátuas gregas, o poder tem os olhos vazados,
só olha para dentro de si mesmo, de seus interesses de
“A alma é corpórea, composta de partículas sutis, continuidade e de mais poder.
difusa por toda a estrutura corporal [...]. logo que se
dissolve inteiramente o corpo, a alma se dissipa, e A sociedade, em linhas gerais, não chega a morar
dissiminada, perde sua força e os seus movimentos, de num barril. Uma pequena minoria mora em coisa mais
tal modo que também ela se torna insensível”. substancial. A maioria mora em espaços um pouco
EPICURO. Antologia de textos. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
maiores do que um barril. E há gente que nem consegue
um barril para morar, fica mesmo embaixo da ponte ou
por cima das calçadas.
Ceticismo
Morando em coisa melhor, igual ou pior do que
A escola cética surgiu a partir das ideias de Pirro. Para ele,
um barril, a sociedade tem necessidade de pedir não
para sermos felizes, devemos nos libertar dos desejos e não nos
exatamente esmolas ao poder, mas medidas de segurança,
importar com a maneira como as coisas se revelam. Dessa forma,
emprego, saúde e educação. [...].
nada afetará nosso estado de espírito, que será de tranquilidade

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CONY, Carlos H. O barril e a esmola. Folha de S. Paulo, 5 de Janeiro de 2000.
interior (afasia).

Afasia: abstenção consciente de qualquer juízo


originada pelo reconhecimento da ignorância a
REVISÃO NA PLATAFORMA
respeito de tudo que transcenda as possibilidades
cognitivas do ser humano. AULAS 09
1. ANTIGA

Por isso, seus seguidores propunham que as pessoas


adotassem a suspensão do juízo (postura filosófica da afasia), ou
seja, abstenção de fazer qualquer julgamento, já que a busca de
uma verdade plena era inútil. APOSTILAS EXERCÍCIOS ONLINE
3 resumos + 15 questões 30 quetões
Cinismo CAIU NO ENEM
31 quetões
A escola cínica foi fundada por Antístenes. A palavra cinismo
vem do grego kynos, que significa cão. Os cínicos defendiam total
desapego aos bens materiais, pois, para eles, a felicidade era um
estado de tranquilidade da alma (ataraxia). SEÇÃO VESTIBULARES

Diógenes de Sínope, o cínico mais famosos, questionava os


valores e as convenções sociais de forma radical e procurava levar QUESTÃO 01
uma vida estritamente conforme os princípios que considerava
moralmente corretos. (UEPA) Leia o texto para responder a questão.
Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal
escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível
O barril e a esmola
à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o
poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do
Zombavam de Diógenes. Além de morar num barril,
menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são
volta e meia era visto pedindo esmolas às estátuas. Cegas
apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes,
por serem estátuas, eram duplamente cegas porque não
cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu
tinham olhos -uma das características da estatuária grega.
caráter insuficiente.
Pela forma é que se penetrava na alma das estátuas, não
Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17
pelos olhos.
Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade,
Perguntaram a Diógenes porque pedia esmola às
evidenciam uma forte crítica à:
estátuas inanimadas, de olhos vazios. Ele respondia que
estava se habituando à recusa. Pedindo a quem não o via
nem o sentia, ele nem ficava aborrecido pelo fato de não
A.  oligarquia
ser atendido.
B.  república
C.  democracia
D.  monarquia
E.  plutocracia

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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 EXERCÍCIOS

QUESTÃO 02 naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo,
e conheça enfim o que em si é belo.
PLATÃO. Banquete, 211 c-d. José Cavalcante de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
(UFU) Considere o seguinte trecho
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de
“No diálogo Mênon, Platão faz Sócrates sustentar que a virtude
Platão, é correto afirmar que:
não pode ser ensinada, consistindo-se em algo que trazemos
conosco desde o nascimento, defendendo uma concepção,
segundo a qual temos em nós um conhecimento inato que se
A.  a compreensão da beleza se dá a partir da observação de um
indivíduo belo, no qual percebemos o belo em si.
encontra obscurecido desde que a alma encarnou-se no corpo. O
papel da filosofia é fazer-nos recordar deste conhecimento”
B.  a percepção do belo no mundo indica seus vários graus que
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora. visam a uma dimensão transcendente da beleza em si.
C.  a compreensão do que é belo se dá subitamente, quando
Nesse trecho, o autor descreve o que ficou conhecido como: partimos dele para compreender os belos ofícios e ciências.
D.  a observação de corpos, atividades e conhecimentos permite
A.  a teoria das ideias de Platão. distinguir quais deles são belos ou feios em si.
B.  a doutrina da reminiscência de Platão. E.  a participação do mundo sensível no mundo inteligível
C.  a ironia socrática. possibilita a apreensão da beleza em si.
D.  a dialética platônica.
QUESTÃO 05
QUESTÃO 03
(UFU) “O filósofo natural e o dialético darão definições diferentes
(UNIOESTE) Segundo a conhecida alegoria da caverna, que para cada uma dessas afecções. Por exemplo, no caso da pergunta
aparece no Livro VII da República, de Platão, há prisioneiros, “O que é a raiva?”, o dialético dirá que se trata de um desejo de
voltados para uma parede em que são projetadas as sombras de vingança, ou algo deste tipo; o filósofo natural dirá que se trata
objetos que eles não podem ver. Esses prisioneiros representam de um aquecimento do sangue ou de fluidos quentes do coração.
a humanidade em seu estágio de mais baixo saber acerca da Um explica segundo a matéria, o outro, segundo a forma e a
realidade e de si mesmos: a doxa, ou “opinião”. Um desses definição. A definição é o “o que é” da coisa, mas, para existir, esta
prisioneiros é libertado à força, num processo que ele quer precisa da matéria.”
evitar e que lhe causa dor e enormes dificuldades de visão Aristóteles. Sobre a alma, I,1 403a 25-32. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010.
(conhecimento). Gradativamente, ele é conduzido para fora da
caverna, a um estágio em que pode ver as coisas em si mesmas, Considerando-se o trecho acima, extraído da obra Sobre a Alma,
isto é, os fundamentos eternos de tudo o quê, antes, ele via de Aristóteles (384-322 a.C.), assinale a alternativa que nomeia
somente mediante sombras. Esses fundamentos são as Formas. corretamente a doutrina aristotélica em questão.
Para além das Formas, brilha o Sol, que representa a Forma das
Formas, o Bem, fonte essencial de todo ser e de todo conhecer e A.  Teoria das categorias.
unicamente acessível mediante intuição direta. B.  Teoria do ato-potência.
C.  Teoria das causas.
Com base nisso, responda à seguinte questão: se chegamos D.  Teoria do eudaimonismo.
ao conhecimento das Formas mediante a dialética, que
é o estabelecimento de fundamentos que possibilitam o QUESTÃO 06
conhecimento das coisas particulares (sombras), é CORRETO
dizer: (PUC-PR) Na primeira parte da Apologia de Sócrates, escrita
por Platão, Sócrates apresenta a sua defesa diante dos cidadãos
A.  para Platão, a dialética é o conhecimento imediato (doxa) dos atenienses, afirmando que: “(...) considerai o seguinte e só prestai
objetos particulares. atenção a isto: se o que digo é justo ou não. Essa de fato é a
B.  o Bem é um objeto particular, que pode ser conhecido virtude do juiz, do orador (...)”
sensivelmente, de modo imediato e indolor, por todos os seres PLATÃO, 2000\2003, p.4.
humanos.
C.  as Formas são somente suposições teóricas, sem realidade A partir da análise do fragmento, qual é, segundo Sócrates, a
nelas mesmas. virtude do juiz, do orador, a que se refere o texto em questão?
D.  a dialética, que não é o último estágio do ser e do conhecer,
permite chegar, mediante um processo difícil, que exige A.  Lidar com a mentira.
esforço, às coisas em si mesmas (Formas). B.  Dizer a verdade.
E.  a dialética, último estágio do ser e do conhecer, permite C.  Tergiversar a verdade.
chegar, mediante um processo difícil, ao conhecimento do D.  Convencer-se das acusações.
Bem. E.  É deixar-se guiar somente pela defesa.

QUESTÃO 04 QUESTÃO 07
(UEL) Leia o texto a seguir. (UNISC) Aristóteles, na obra Etica a Nicômaco, procura o fim
último de todas as atividades humanas, uma vez que tudo o que
Eis com efeito em que consiste o proceder corretamente nos fazemos visa alcançar um bem, ou o que nos parece ser um bem.
caminhos do amor ou por outro se deixar conduzir: em começar Pergunta-se, então, pelo “sumo bem”, aquele que em si mesmo é
do que aqui é belo e, em vista daquele belo, subir sempre, como um fim, e não um meio para o que quer que seja. Para Aristóteles,
que servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois para na Ética a Nicômaco, o sumo bem está:
todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios,
e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe

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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 EXERCÍCIOS

A.  na honra. C.  o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por
B.  na riqueza. meio dos sentidos.
C.  na fama. D.  o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova
D.  na vida feliz. de existência de Deus.
E.  na lealdade. E.  o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do
saber humano.
QUESTÃO 08
QUESTÃO 10
(UEL) Platão
(UEA) A sabedoria do amo consiste no emprego que ele faz dos
A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo, ao seus escravos; ele é senhor, não tanto porque possui escravos,
que parece, é pelo facto de atingir apenas uma pequena porção mas porque deles se serve. Essa sabedoria do amo nada tem,
de cada coisa, que não passa de uma aparição. aliás, de muito grande ou de muito elevado; ela se reduz a saber
PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. mandar o que o escravo deve saber fazer. Também todos que a
ela se podem furtar deixam os seus cuidados a um mordomo, e
Aristóteles vão se entregar à política ou à filosofia.
Aristóteles. A política, s/d. Adaptado.
O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no
imitado. O filósofo Aristóteles dirigiu, na cidade grega de Atenas, entre
ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. 331 e 323 a.C., uma escola de filosofia chamada de Liceu. No
excerto, Aristóteles considera que a escravidão:
Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a
questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa A.  é um empecilho ao florescimento da filosofia e da política
correta. democrática nas cidades da Grécia.
B.  permite ao cidadão afastar-se de obrigações econômicas e
A.  Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomênicas, dedicar-se às atividades próprias dos homens livres.
um exemplo particular e, por isso, algo inadequado e inferior, C.  facilita a expansão militar das cidades gregas à medida que
tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias liberta os cidadãos dos trabalhos domésticos.
universais que os pressupõem. D.  é responsável pela decadência da cultura grega, pois os
B.  Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e senhores preocupavam-se somente em dominar os escravos.
escultores representam perfeitamente a verdade e a essência E.  promove a união dos cidadãos das diversas pólis gregas no
do plano inteligível, sendo a atividade do artista um fazer sentido de garantir o controle dos escravos.
nobre, imprescindível para o engrandecimento da pólis e da
filosofia. QUESTÃO 11
C.  Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à
reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do (UNCISAL) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso
artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural por interpelar os transeuntes e fazer perguntas aos que se
que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o
maneira distorcida. diálogo, Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada,
D.  Aristóteles concebe a mímesis artística como uma atividade levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude de
que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob
impede ao artista a possibilidade de recriação das coisas a acusação de corromper a juventude, desobedecer às leis da
segundo uma nova dimensão. cidade e desrespeitar certos valores religiosos. Considerando
E.  Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e essas informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma
entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de pela qual seu pensamento foi transmitido, pode-se afirmar que
provocar um efeito benéfico e purificador no espectador. sua filosofia:

QUESTÃO 09 A.  transmitia conhecimentos de natureza científica.


B.  baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
(UEA) O sofista é um diálogo de Platão do qual participam C.  transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita
Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início entre a população ateniense.
do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele D.  ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente
gostaria de recorrer para definir o que é um sofista. redigidos pelo filósofo Platão.
Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese E.  procurava transmitir às pessoas conhecimentos de natureza
que queres demonstrar, numa longa exposição ou empregar o mitológica.
método interrogativo?
Estrangeiro: – Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, QUESTÃO 12
o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do
contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. (UEL) No ethos (ética), está presente a razão profunda da physis
Platão. O sofista, 1970. Adaptado. (natureza) que se manifesta no finalismo do bem. Por outro
lado, ele rompe a sucessão do mesmo que caracteriza a physis
É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do como domínio da necessidade, com o advento do diferente
ponto de vista metodológico, adotar: no espaço da liberdade aberto pela práxis. Embora, enquanto
autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a physis, ele
reinstaura, de alguma maneira, a necessidade de a natureza fixar-
A.  a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos.
se na constância do hábito.
B.  a dialética, que une numa síntese final as teses dos VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia II. Ética e Cultura. 3ª edição. São Paulo:
contendores. Loyola. Coleção Filosofia - 8, 2000, p.11-12.

357
FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 EXERCÍCIOS

Com base no texto, é correto afirmar que a noção de physis, tal uma vez que tudo o que aparece a alguém ou é opinado por
como empregada por Aristóteles, compreende: alguém é imediatamente real para essa pessoa.
KERFERD, G. B. O movimento sofista.São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
A.  A disposição da ação humana, que ordena a natureza.
B.  A finalidade ordenadora, que é inerente à própria natureza. O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se
C.  A ordem da natureza, que determina o hábito das ações caracteriza pelo objetivo de:
humanas.
D.  A origem da virtude articulada, segundo a necessidade da A.  alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência.
natureza. B.  justificar a veracidade das afirmações com fundamentos
E.  A razão matemática, que assegura ordem à natureza. universais.
C.  priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas.
QUESTÃO 13 D.  preservar as regras de convivência entre os cidadãos.
E.  analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.
(UNISC) Nos livros II e III, Platão, através de Sócrates, discute
sobre as artes no contexto da educação dos guardiães. Já no QUESTÃO 02
livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que devem
ser consideradas na cidade como um todo, não somente nas (ENEM) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte;
instituições pedagógicas. Nesse último livro, Sócrates é duro ao o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir
afirmar que a poesia (imitativa) deve ser inteiramente excluída sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum:
da cidade (595a). Em que obra essa recusa de Sócrates está os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão
registrada? junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque
receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem.
A.  No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócrates trata dos E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta
diversos tipos de arte. imprimir sua orientação.
B.  No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócrates e esse BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
personagem discutem sobre a natureza da arte, especialmente
da poesia. O texto evidencia características do modo de vida socrático, que
C.  No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates discorre se baseava na:
sobre o tema da arte, reportando-se à natureza da pintura e
da poesia. A.  contemplação da tradição mítica.
D.  No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates apresenta a B.  sustentação do método dialético.
arte da política aos cidadãos atenienses. C.  relativização do saber verdadeiro.
E.  No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates afirma que D.  valorização da argumentação retórica.
a poesia pode levar à corrupção do caráter humano. E.  investigação dos fundamentos da natureza.

QUESTÃO 14 QUESTÃO 03

(UFF) Aristóteles considerava que era melhor para a sociedade (ENEM) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que
a soberania política ser entregue ao povo, como ocorre na desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse
democracia, do que a alguns homens notáveis, como na oligarquia desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo
ou aristocracia. Ele argumentava que, mesmo que um indivíduo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência
isoladamente não fosse muito competente no ato de julgar, sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar,
quando unido a outros cidadãos, julga melhor, porque a união ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das
reúne as qualidades de cada um. ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de
que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais
A vantagem da democracia, segundo o ponto de vista de verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política
Aristóteles, seria a de: mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as
ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que
A.  combinar as qualidades de muitos e neutralizar seus defeitos. cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as
B.  garantir que os defeitos do povo sejam corrigidos pela elite. faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia
C.  proporcionar à maioria as vantagens da corrupção. e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as
D.  permitir que os grandes homens falem em nome de todos. demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o
E.  promover o anonimato das opiniões e decisões. que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger
as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Gunman 1991 .
SEÇÃO ENEM
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da
pólis pressupõe que:

QUESTÃO 01 A.  o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus


interesses.
(ENEM) Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence B.  o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores
também ao grupo daqueles que aboliram o critério, uma vez da verdade.
que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as C.  a política é a ciência que precede todas as demais na
opiniões são verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, organização da cidade.

358
FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 EXERCÍCIOS

D.  a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir


corretamente.
E.  a democracia protege as atividades políticas necessárias para
GABARITO
o bem comum.

QUESTÃO 04 VESTIBULARES ENEM

(ENEM) Dado que, dos hábitos racionais com os quais captamos 1 C 11 D 1 C


a verdade, alguns são sempre verdadeiros, enquanto outros
admitem o falso, como a opinião e o cálculo, enquanto o 2 B 12 B 2 B
conhecimento científico e a intuição são sempre verdadeiros, e 3 D 13 E 3 C
dado que nenhum outro gênero de conhecimento é mais exato
que o conhecimento científico, exceto a intuição e, por outro 4 B 14 A 4 D
lado, os princípios são mais conhecidos que as demonstrações, e
5 C 15 • 5 C
dado que todo conhecimento científico constitui-se de maneira
argumentativa, não pode haver conhecimento científico dos 6 B 16 • 6 •
princípios, e dado que não pode haver nada mais verdadeiro que
o conhecimento científico, exceto a intuição, a intuição deve ter 7 D 17 • 7 •
por objeto os princípios.
ARISTÓTELES. Segundos analíticos. In: REALE, G. História da filosofia antiga. 8 A 18 • 8 •

9 A 19 • 9 •
Os princípios, base da epistemologia aristotélica, pertencem ao
domínio do(a): 10 B 20 • 10 •

A.  opinião, pois fazem parte da formação da pessoa.


B.  cálculo, pois são demonstrados por argumentos.
C.  conhecimento científico, pois admitem provas empíricas.
intuição, pois ela é mais exata que o conhecimento científico.
prática de hábitos racionais, pois com ela se capta a verdade.

QUESTÃO 05
(ENEM) XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”,
mas sim: “eu a restituí”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher
morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então
também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te
importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na
medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida
das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se
instalam em uma hospedaria.
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São
Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).

A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo


grego Epicteto é:

A.  explicar o mundo com números.


B.  identificar a felicidade com o prazer.
C.  aceitar os sofrimentos com serenidade.
D.  questionar o saber científico com veemência.
E.  considerar as convenções sociais com desprezo.

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