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FRENTE U | CAPÍTULO 03
Aristóteles, outro pensador clássico, afirmou que “o homem A ideia mais radical e característica de Maquiavel foi sua
é um animal político”. Entretanto, para ele, apesar do objetivo rejeição da virtude cristã como uma boa diretriz a ser seguida
da política ser o de promover o bem comum, ela poderia ser pelos líderes políticos (secularização da política). Dessa forma,
degenerada e, assim, assumir formas deturpadas e, com isso, para ele, existia uma diferença primordial entre “o que se vivia”
desviar-se do seu propósito essencial. Ao longo da Idade Média e “como se dizia que se deveria viver”, ou seja, a ação do príncipe
e em parte da Idade Moderna, surgem teóricos que passam a deveria levar em consideração apenas aspectos políticos.
defender o direito divino do rei governar. O filósofo francês Jean
Bodin, por exemplo, escreveu que os reis seriam “imagem de Virtú e Fortuna
Deus na Terra”.
Ao longo da Idade Moderna foram surgindo novas concepções O príncipe deveria, segundo Maquiavel, agir com virtú
políticas, nesse novo cenário destacaram-se: Nicolau Maquiavel, (virtudes), porém suas ações não poderiam ser guiadas pela
Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau. benevolência, mas pela força. Outrossim, a fortuna (acaso, sorte,
oportunidade) precisaria estar ao lado do governante. Em síntese,
NICOLAU MAQUIAVEL Maquiavel defendia que o governante deveria aproveitar as
oportunidades para realizar as mudanças necessárias e manter-
se no poder.
THOMAS HOBBES
ALGO A MAIS
JOHN LOCKE A tolerância para os defensores de opiniões opostas
acerca de temas religiosos está tão de acordo com o
Evangelho e com a razão que parece monstruoso que
os homens sejam cegos diante de uma luz tão clara. Não
condenarei aqui o orgulho e a ambição de uns, a paixão a
impiedade e o zelo descaridoso de outros. Estes defeitos
não podem, talvez, ser erradicados dos assuntos humanos,
embora sejam tais que ninguém gostaria que lhe fosse
abertamente atribuídos; pois, quando alguém se encontra
seduzido por eles, tenta arduamente despertar elogios ao
disfarçá-los sob cores ilusórias. Mas que uns não podem
Locke nasceu em 1632, na Inglaterra, em uma família puritana. camuflar sua perseguição e crueldade não cristãs com
Sua amizade com lorde Ashley rendeu-lhe bons frutos, pois o pretexto de zelar pela comunidade e pela obediência
foi convidado para redigir a constituição das Carolinas, no às leis; e que outros, em nome da religião, não devem
Novo Mundo (América). Locke defendia como melhor sistema solicitar permissão para a sua imoralidade e impunidade
de governo a Monarquia Parlamentarista, por isso, acabou se de seus delitos; numa palavra, ninguém pode impor-se
envolvendo em uma conspiração para depor o rei Carlos II. O a si mesmo ou aos outros, quer como obediente súdito
fracasso da operação o levou a buscar asilo na Holanda. Lá, ele de seu príncipe, quer como sincero venerador de Deus:
escreveu sou principal livro, “Ensaio sobre o entendimento considero isso necessário sobretudo pra distinguir entre
humano”. as funções do governo civil e da religião, e para demarcar
as verdadeiras fronteiras entre a Igreja e a comunidade. Se
O Contratualismo de Locke
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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 03 FILOSOFIA MODERNA II
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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 03 EXERCÍCIOS
QUESTÃO 06 desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p.159.
(UFPA) “A soberania não pode ser representada pela mesma A partir da teoria contratualista de Rousseau, assinale a
razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente alternativa que representa aquilo que o filósofo de Genebra
na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. pretende defender na obra.
(...). Os deputados do povo não são nem podem ser seus
representantes; não passam de comissários seus, nada podendo Que a desigualdade social é permitida pela lei natural e,
concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente portanto, o Estado não é responsável pelo conflito social.
não ratificar; em absoluto, não é lei.” Que a desigualdade social é autorizada pela lei natural, ou seja,
ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, que a natureza não se encontra submetida à lei.
Abril Cultural, 1973, livro III, cap. XV, p. 108-109 Que no estado natural existe apenas o direito de propriedade.
Que a desigualdade moral ou política é uma continuidade
Rousseau, ao negar que a soberania possa ser representada daquilo que já está presente no estado natural.
preconiza como regime político: Que há, na espécie humana, duas espécies de desigualdade: a
primeira, natural, e a segunda, moral ou política.
um sistema misto de democracia semidireta, no qual atuariam
mecanismos corretivos das distorções da representação QUESTÃO 09
política tradicional.
a constituição de uma República, na qual os deputados teriam (UFU) Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua
uma participação política limitada. origem, devemos considerar em que estado todos os homens
a democracia direta ou participativa, mantida por meio de se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita
assembleias frequentes de todos os cidadãos. liberdade para ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e
a democracia indireta, pois as leis seriam elaboradas pelos as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos limites da
deputados distritais e aprovadas pelo povo. lei de natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de
um regime comunista no qual o poder seria extinto, assim qualquer outro homem.
como as diferenças entre cidadão e súdito. LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo.
São Paulo: Abril Cultural, 1978.
QUESTÃO 07
A partir da leitura do texto acima e de acordo com o pensamento
(UFU) Os filósofos contratualistas elaboraram suas teorias sobre político do autor, assinale a alternativa correta.
os fundamentos ou origens do poder do Estado a partir de alguns
conceitos fundamentais tais como, a soberania, o estado de Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o
natureza, o estado civil, o estado de guerra, o pacto social etc. estado de servidão.
[...] O estado de guerra é um estado de inimizade e destruição Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas independe
[...] nisto temos a clara diferença entre o estado de natureza e da conveniência de cada um.
o estado de guerra, muito embora certas pessoas os tenham Segundo Locke, a origem do poder político depende do estado
confundido, eles estão tão distantes um do outro [...]. de natureza.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. Segundo Locke, a existência de permissão para agir é
São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1978. compatível com o estado de natureza.
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Fonte: LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar: Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar. HOBBES, Thomas, Do Cidadão, Ed. Martins Fontes, 1992.
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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 03 EXERCÍCIOS
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
Hobbes, é correto afirmar:
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas
A humanidade é capaz, sem que haja um poder coercitivo que relações sociais e políticas. Maquiavel define o homem como um
a mantenha submissa, de consentir na observância da justiça ser
e das outras leis de natureza a partir do pacto constitutivo do
Estado. munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si
A justiça tem sua origem na celebração de pactos de confiança e aos outros.
mútua, pelos quais os cidadãos, ao renunciarem sua liberdade possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar
em prol de todos, removem o medo de quando se encontravam êxito na política.
na condição natural de guerra. guiado por interesses, de modo que suas ações são
A justiça é definida como observância das leis naturais e, imprevisíveis e inconstantes.
portanto, a injustiça consiste na submissão ao poder coercitivo
naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e
que obriga igualmente os homens ao cumprimento dos seus
portando seus direitos naturais.
pactos.
As noções de justiça e de injustiça, como as de bem e de mal, sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus
têm lugar a partir do momento em que os homens vivem sob pares.
um poder soberano capaz de evitar uma condição de guerra
generalizada de todos. QUESTÃO 03
A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado na medida
em que as leis que a efetivam sejam criadas, por direito natural, (ENEM PPL) Sendo os homens, por natureza, todos livres, iguais
pelos súditos com o objetivo de assegurar solidariamente a e independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e
paz e a segurança de todos.
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5 A 15 D 5 E
manter a liberdade do estado de natureza, direito inalienável.
abrir mão de seus direitos individuais em prol do bem comum. 6 C 16 D 6 •
abdicar de sua propriedade e submeter-se ao poder do mais
forte. 7 C 17 • 7 •
concordar com as normas estabelecidas para a vida em 8 E 18 • 8 •
sociedade.
renunciar à posse jurídica de seus bens, mas não à sua 9 C 19 • 9 •
independência. 10 A 20 • 10 •
QUESTÃO 04
(ENEM) A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades
do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um
homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito
mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo
isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é
suficientemente considerável para que um deles possa com base
nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente
aspirar.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003
entravam em conflito.
recorriam aos clérigos.
consultavam os anciãos.
apelavam aos governantes.
exerciam a solidariedade.
QUESTÃO 05
(ENEM PPL) Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil
para quem por tal se interesse, pareceu-me mais conveniente ir
em busca da verdade extraída dos fatos e não à imaginação dos
mesmos, pois muitos conceberam repúblicas e principados jamais
vistos ou conhecidos como tendo realmente existido.
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