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FREDERICO HENRIQUE PENA SOARES

INTERPRETAÇÕES DO APOCALIPSE

Monografia apresentado para cumprir as


exigências da disciplina Novo
Testamento 4 do curso de Bacharelado
em Teologia, ministrada pela professora
Vanderlei Alberto Schach.

FACULDADE BATISTA
IJUÍ
2022
Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 3
1 PÓS- MILENISMO.................................................................................................................................. 3
2 PRÉ-MILENISMO ................................................................................................................................... 4
3 DISPENSACIONALISMO......................................................................................................................... 5
4 PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO ................................................................................................................ 6
5 AMILENISMO ........................................................................................................................................ 6
INTERPRETAÇÕES DO APOCALIPSE
Frederico Henrique Pena Soares1

INTRODUÇÃO
Na teologia cristã, muito se fala da segunda vinda de Cristo. Contudo, existem
algumas discussões, na forma de como os fatos da escatologia irá acontecer. Essas
discussões têm girado em torno, basicamente, de dois principais assuntos. Primeiro,
haverá um milênio, um reinado de Jesus Cristo, se haver esse reinado, a segunda
vinda será antes ou depois desse reinado. A ideia de haverá um reinado terreno de
Jesus é denominado amilenismo, há também o ensino que diz que a volta de Cristo
irá inaugurar o milênio, é denominado pré-milenista, enquanto a escola que diz que a
volta de Cristo irá encerar o milênio, é denominado pós-milenista.
Contudo há também uma grande discussão em relação se a igreja vai passar
pela grande tribulação ou será retirada antes da tribulação. A ideia e que a igreja será
retirada antes da tribulação, é denominada pré-tribulacionista. No entanto se a igreja
passar pelo período da grande tribulação, é denominada pós-tribulacionista. Dentro
dessas questões que este artigo irá tratar, trazer uma ideia de cada movimento para
que o leitor posso tirar suas próprias conclusões.

1 PÓS- MILENISMO
O pós-milenismo crê que a pregação do evangelho será tão bem-sucedida que
todas as pessoas do mundo inteiro irão aceitar essa mensagem e se converterão as
boas-novas. O grande reinado de Jesus Cristo será completo e universal, no centro
do coração do homem. Podemos ver o pós-milenismo como uma interpretação bem
otimista.2
Essa visão bem-sucedida da pregação do evangelho é baseada e alguns textos
bíblicos, em sua maioria no Antigo Testamento, como em Salmos 47,72, 100; Isaías
45.22-25; e Oséias 2.23, essas passagens deixam claro que todas as nações se
voltariam ao senhor. Há também várias passagens (Mt 24.14, 28.18-20), o próprio
Senhor Jesus afirmando que o evangelho seria pregado em todas as nações antes da
sua segunda vinda.3
Para a autora Boettner, o pós-milenismo, é a concepção dos últimos
acontecimentos, que sustentam o mundo, como a pregação do evangelho e o trabalho
redentor do Espírito Santo convencendo o indivíduo com a sua obra salvífica. É bom
ressaltar que de acordo com essa visão a segunda vinda de Cristo será seguida
imediatamente pela ressurreição de todos, seguidas pelo julgamento, de acordo com
esse julgamento alguns herdarão o céu e outros o inferno4.
Entende-se a era atual que vivemos como o Reinado de Deus, inaugurado na
primeira vinda de Jesus. A igreja e a pregação do evangelho, após a ressurreição e

1
Bacharelando no curso de Teologia da Faculdade Batista Pioneira.
2
ERICKSON, MIllard J. Introdução à teologia sistemática. Trad. Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1997. p.
510.
3
ERICKSON, , 1997. p. 510.
4
CLOUSE, Robert G. MILÊNIO: Significado e interpretações. Trad. Glauber Meyer Pinto Ribeiro. Campinas- SP:
Luz para o caminho, 1985. p. 107.
3
ascensão de Jesus aos céus, será a expansão do Reino de Deus – esse reinado não
é apenas nos corações dos crentes, mas também em haverá um impacto em toda a
sociedade- quando a maioria esmagadora das pessoas aceitaram o a Cristo. Essa
aceitação em massa irá gerar uma grande receptividade ao governo de Cristo,
mediado pela igreja5.
Esse período será de grande paz, de prosperidade material e glória espiritual.
Dentro dessa perspectiva há algumas dúvidas. Alguns acreditam que o Milênio
acontecerá de forma gradual outros, porém, creem que acontecerá de forma
repentina, ou seja, não uma concordância dentro do próprio movimento6.
O autor Ice, certa vez propôs um desafio para todos os teólogos defensores do
pós-milenismo, o desafio se baseava em apenas encontrar em toda a bíblia versículos
em que o pós-milenismo pudesse se apoiar, porém ninguém pôde fazer algum
apontamento, exceto Ken Gentry. Contudo, ele não conseguiu fazer, sem estabelecer
algumas falsas pressuposições7.
Esse conceito é amplamente criticado por outros teólogos, pois nessa visão de
milênio, todas as pessoas e nações adorariam Cristo, lógico que, isso aconteceria de
forma gradual, todavia isso iria se concretizar, no entanto o mau e o pecado ainda
existiriam nesse milênio. Muito controverso, pensar que o reinado de Cristo existiria o
pecado. Contudo a segunda volta de Jesus, corpórea, não difere nada das outras
visões.8

2 PRÉ-MILENISMO
No PRÉ-MILENISMO temos uma visão bastante popular, principalmente entre
os protestantes mais conservadores. De uma certa maneira é uma visão que traz sua
ideia bem clara e definida. Entretanto há algumas vertentes do PRÉ-MILENISMO, que
acabam por dificultar algumas definições dele9.
Devota-se ao conceito de um reinado de terreno de Cristo, muito similar ao
PÓS-MILENISMO. Com duração de mil anos, o milênio será inaugurado com a
segunda vinda de Jesus Cristo, e Ele estará presente fisicamente nesse momento, ou
seja, isso acontecerá em um tempo futuro10.
O fato de Jesus reinar aqui na terra, se assemelha muito ao que o PÓS-
MILENISMO acredita. Esse reinado se dá pela completa paz, retidão e justiça perfeita
entre os homens. Alguns PRÉ-MILENISTAS são literais quando se trata dos mil anos,
outros são menos literais, considerando um grande período. Um ponto de diverge
totalmente do PÓS-MILENISTA, é a inauguração desse período de paz e adoração
total, os PRÉ-MILENISTA, creem que o milênio será inaugurado na segunda vinda de
Cristo. Portanto não vai ser uma aceitação gradativa, e sim repentina11.

5
ICE, Thomas. Entendendo o dispensacionalismo: Interpretação literal e coerente da bíblia. Trad Jamil Abdalla
Filho. Porto Alegre: Actual Edições 2004. p.11.
6
ICE, 2004, p. 12.
7
ICE, 2004, p. 9.
8
ERICKSON, Millard J. Escatologia: a polemica em torno do milênio 2 edição. Trad. Gordon Chow. São Paulo:
Vida Nova2010. p. 68.
9
ERICKSON, 2010. p. 111.
10
ERICKSON, 1997. p. 512.
11
ERICKSON, 2010. p. 112.
Não haverá dúvida do início do milênio, pois seu início será tão marcante,
quanto a primeira morte de Jesus. Esse milênio não será apenas uma melhoria das
tendências já existente e presentes na terra. Muito menos a engenhosidade humana,
ou conceitos, como melhoria social. Tudo será destruído e feito de novo. O fator para
que isso aconteça, defendido pelos PRÉ-MILENISTAS é que no reinado de Jesus,
sua volta, é de que Satanás e seus anjos estarão presos.
As condições ideais para que isso aconteça foram preditas em Mateus 24.12,
onde o amor de muitos esfriariam. Então de modo sobrenatural as condições, e Deus
usará seu poder para realizar seus propósitos, e não dependerá de maneira alguma
do homem12.
Esse conceito teve um grande crescimento em meados do século XIX, no meio
conservador. Boa parte disso deve-se ao fato de naquele momento, o movimento
liberal estava em alta, embora os liberais adotassem uma visão milenista, era PÓS-
MILENISTAS, e os conservadores consideravam muito suspeito qualquer coisa que
os associassem aos liberais13.

3 DISPENSACIONALISMO
É uma visão relativamente nova em ralação as outras visões, no entanto tem
exercido uma influência nos círculos conservadores. Algo que eles acreditam é que o
a posição deles está cima de todas as outras. Os sistemas que eles usam para
interpretar a bíblia é totalmente unificado, sendo assim os eventos escatológicos estão
interligados com todo o restante da bíblia. Todas as profecias são interpretadas de
forma muito literal, inclusive Israel é considerado uma nação, etnia e não como
igreja14.
O dispensacionalismo encontra na Palavra de Deus uma série de dispensações
onde Ele conduziu o mundo. Esses eventos aconteceram e vão acontecer de maneira
progressiva, conforme a revelação divina. Um importante conceito sobre a salvação,
não é negociado nessa visão. A salvação sempre foi alcançada pela fé, nunca houve
outro meio do ser humano alcançar redenção dos seus pecados se não for pelo
caminho da fé. Apesar de Deus estar progressivamente lançando luz ao seu
relacionamento com o homem, nunca foi creditado qualquer tipo, ou meio de se obter
salvação, além da fé15.
Algo que se pode notar nessa visão, é de muitas vezes ser uma interpretação
literal, se está escrito que Cristo ficará de pé no monte das oliveiras e o monte se
rachará ao meio, isso realmente vai acontecer e com riquezas nos detalhes. Na
contramão disso em muitas passagens é entendida como uma alegoria, exemplo
Cantares de Salomão, é entendida como Cristo e a igreja16.
Creem que Deus fez com Israel uma aliança incondicional, todas as promessas
irão se cumprir, e isso não depende de Israel ser fiel ou de cumprir certas exigências.
Israel sempre será Seu povo especial e por isso terá sua benção17.
Dentro dessa visão há uma série de teólogos que divergente entre como será
o Reino de Deus, muito se deve as interpretações parciais do texto bíblico, alguns

12
ERICKSON,2010. p. 113.
13
ERICKSON, 1997. p. 512.
14
ERICKSON, 1997. p. 514.
15
ERICKSON, 2010. p. 133.
16
ERICKSON, 2010. p. 141.
17
ERICKSON, 1997. p. 514.
5
entendem a grandeza do reino como e Daniel declarou em 7.27. Em busca de reduzir
esse assunto tão difícil, reduziram a uma única possibilidade18.
Outro fundamento do dispensacionalismo, é de que o propósito da história é a
glória de Deus. A bíblia, a salvação, o castigo dos ímpios e tudo que envolve a vida
eterna é uma amostra da soberania de Deus na história e nada foge do seu controle.
Alguns teólogos interpretam a esse fundamento como um problema, pois ao que
parece é que só o dispensacionalismo glorifica a Deus. Acusação rebatida pelos
defensores do dispensacionalismo, o que eles que trazer a luz é que a glória de Deus
não é expressa somente na salvação, mas em muitas outras áreas da vida humana19.
O milênio terá uma característica judaico nesta visão, onde Deus retomará seu
relacionamento com Israel, algum tempo depois que a igreja for tirada da terra, antes
da tribulação, as profecias não cumpridas em relação a Israel, será cumprida nesta
ocasião20.

4 PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO
É a doutrina que afirma que após a segunda vinda de Cristo ele reinará mil anos
sobre a terra e depois haverá a consumação final do processo redentor de Deus nos
novos céus e nova terra21.
Primeiramente Satanás é preso, no abismo por longos mil anos, para não
enganar mais ninguém. Nesse momento, acontece a primeira ressurreição dos santos
que participaram do reinado de Jesus sobre a terra. Depois dos mil anos Satanás é
solto, e apesar de Cristo ter reinado durante um longo período, ele encontra homens
com os corações não regenerado, prontos a se rebelar contra Deus. A partir desse
ponto começa a guerra escatológica final, e a segunda ressurreição, daqueles que
não participaram do milênio, onde todos vão ser julgados22.
Depois de todos serem julgados, os entraram no reino dos céus e os que serão
jogados no lago de enxofre, então Cristo irá vencer os seus inimigos, a morte, o
anticristo e Satanás. Sendo assim, a terra estará preparada para receber o reinado
eterno de Jesus Cristo 23.
Um ponto negativo vindo dessa visão, é que ela ignora completamente as
profecias do Antigo Testamento, e toda a suas perspectivas é baseado em apenas
dois capítulos de Apocalipse. Sendo assim muitos questionamentos surgem, porém
ficam sem repostas24.

5 AMILENISMO

Um esclarecimento da terminologia, pois o termo amilenismo não feliz, consigo


trás a ideia de os amilenistas não creem em nenhum tipo de milênio, ignorando assim

18
CLOUSE Robert G. Milenio: significado e interpretações. Trad. Glauber Meyer Pinto Ribeiro. Campinas – Sp.
Luz Para O Caminho,1985. p. 64.
19
ICE, 2004, p. 9.
20
ERICKSON, 1997. p. 515.
21
CLOUSE,1985. p. 17.
22
CLOUSE,1985. p. 17.
23
CLOUSE,1985. p. 18.
24
CLOUSE,1985. p. 19.
alguns versículos e Apocalipse 20. Um nome que seria melhor emprega é, milenismo
realizado, segundo professor Jay E. Adans25.
Os amilenistas creem que o milênio citado em Apocalipse 20, é exclusivamente
um reinado futuro, porém que hoje está em processo de realização. Uma das diversas
interpretações do Apocalipse que é defendida pelos amilenistas é o paralelismo
progressistas. Defende que o livro consiste em sete grandes seções que se
relacionam entre si, descrevendo o mundo e a igreja desde a primeira vinda de Cristo,
até a segunda vinda26.
Apesar da simplicidade do amilenismo e de parecer de fácil compreensão, têm
muitos aspectos que são de difícil compreensão. Ao que parece os amilenistas estão
mais preocupados em negar ou mesmo rebater os conceitos pré-milenistas, do que
afirmar a verdade em que acreditam. Afirmam que todo o livro deve ser interpretado
de forma simbólica.27
O grande problema exegético do amilenismo se encontra nas duas
ressurreições, para a maioria dos seguidores dessa visão haverá duas ressurreições.
A primeira será somente uma ressurreição espiritual e a segunda poderia ser corporal
ou física28.
A primeira ressurreição seria então o novo nascimento, quando uma pessoa
reconhece que é pecadora e aceita Jesus, comumente no meio evangélico se diz que
aquela pessoa nasceu de novo, isso seria a primeira ressurreição. A segunda
ressurreição seria aquela que todos os santos irão céus, detalhe é que todos que
participaram da segunda, participaram igualmente da primeira, mas nem todos que
participaram da primeira ressurreição vão participar da segunda29.
De um modo geral o amilenista tem levado muito a sério a literatura bíblica,
entendo que a simbolismo (se existente), tem que andar em concordância com a
escatologia. Estudam muito a cultura em que tal mensagem foi entregue, para tentar
entender melhor, ao invés interpretar de forma arbitraria30.
O lado negativo dessa visão, é de que é muito difícil basear toda a sua ideia
apenas em alguns versículos de Apocalipse 20, além do mais conseguir explicar de
forma satisfatória, o que eles dizem sobre as duas ressurreições têm sido para eles
mesmo uma grande dificuldade31.

6 CONCLUSÃO
Buscou apresentar para o leitor as três principais formas de interpretação do
livro de Apocalipse. Apesar de existir diferentes formas de tentar entender os eventos
escatológicos, todos os diferentes pontos de vistas, têm o Senhor como soberano,
nos eventos finais. Em todas as formas de interpretação tem Jesus e seu reinado
como principal acontecimento, em nenhuma das visões citadas acima, há motivo para
colocar a base da fé cristã em jogo. Sendo o leitor pode estudar mais afundo todas as
visões trazidas nesta monografia, para basear a suas crenças nos eventos
escatológicos.

25
CLOUSE,1985. p. 141.
26
CLOUSE,1985. p. 142.
27
ERICKSON, 1997. p. 516.
28
ERICKSON, 1997. p. 516.
29
ERICKSON, 1997. p. 517.
30
ERICKSON, 2010. p. 89.
31
ERICKSON, 2010. p. 90.
7
REFERÊNCIAS

CLOUSE Robert G. Milenio: significado e interpretações. Trad. Glauber Meyer Pinto


Ribeiro. Campinas – Sp. Luz Para O Caminho,1985
ERICKSON, Millard J. Escatologia: a polemica em torno do milênio 2 edição. Trad.
Gordon Chow. São Paulo: Vida Nova2010.
ERICKSON, MIllard J. Introdução à teologia sistemática. Trad. Lucy Yamakami.
São Paulo: Vida Nova, 1997
ICE, Thomas. Entendendo o dispensacionalismo: Interpretação literal e coerente
da bíblia. Trad Jamil Abdalla Filho. Porto Alegre: Actual Edições 2004.

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