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IGREJA METODISTA WESLEYANA JARDIM BRASIL

MATERIAL PARA OS CULTOS DE ENSINAMENTOS NAS QUARTAS –


FEIRA
ESTUDO DE ESCATOLOGIA PARA OS MESES DE: NOVEMBRO E DEZEMBRO.
Apresentação
O Final de Todas as Coisas – Esperança e Glória para os Salvos será o tema do
próxima Escola Bíblica que utilizará de 12 Lições Bíblicas. O assunto que será
estudado neste período será Escatologia. Confira a seguir o conteúdo programático
que será ministrado.

O Final de Todas as Coisas – Esperança e Glória para os Salvos


O título do nosso estudo deixa claro que o objetivo principal do trimestre na EB
será discutir a escatologia bíblica, ou seja, a doutrina das últimas coisas.

Lição 01: Escatologia, o estudo das últimas coisas.


Lição 02: Sinais que antecedem a volta de Cristo;
Lição 03: Esteja alerta e vigilante, Jesus voltará;
Lição 04: O Tribunal de Cristo e os Galardões.
Lição 05: As Bodas do Cordeiro;
Lição 06: A grande tribulação;
Lição 07: A vinda de Jesus em Glória;
Lição 08: O Milênio – um Tempo glorioso para a Terra;
Lição 09: Novo Céu e Nova Terra;
Lição 10: O Juízo Final;
Lição 11: A eternidade;
Lição 12: A mensagem do Apocalipse.
Lição 13: Continuação da Mensagem do Apocalipse.

Lição 01: Escatologia, o Estudo das Últimas Coisas


Escatologia, o Estudo das Últimas Coisas, é o tema da lição 01 das Lições
Bíblicas desse trimestre de 2018 para a Escola Bíblica. Esta lição servirá de
introdução ao assunto que será estudado ao longo do trimestre, onde os
pontos da escatologia bíblica serão abordados.
Texto Áureo:
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
(2 Timóteo 3:1)
Leitura Bíblica em Classe:
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a
muitos. (Mateus 24:4,5)
E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo. (Mateus 24:11-13)
E esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber,
Jesus, que nos livra da ira futura. (1 Tessalonicenses 1:10)
Introdução
Escatologia bíblica é um tema de muita importância para os cristãos, mas
também é a área da Teologia Sistemática com mais variações de interpretações.
Provavelmente é na escatologia onde os cristãos mais se dividem, e muitos
acabam considerando o assunto extremamente confuso, abrindo mão de seu
estudo. É raro ultimamente encontrar pessoas dentro das igrejas que realmente
dominam o assunto, e quando digo “dominam” me refiro às pessoas que
conhecem todas as diferentes correntes interpretativas e não apenas uma única
visão que lhes foi ensinada. Nessa área existem teólogos de peso que
discordam entre si e, antes de apontarmos quem tem razão ou não, precisamos
estudar profundamente o assunto.

O Dispensacionalismo Clássico atinge 80% dos evangélicos no mundo, porém


nosso objetivo aqui será expor as principais (e diferentes) escolas escatológicas,
ou seja, não ficaremos restritos a apenas uma linha de interpretação.

I- O Estudo da Escatologia
1. Definição de Escatologia: o termo “escatologia” significa “estudo ou
doutrina das últimas coisas” e começou a ser utilizado no século 19, vindo do
grego “escathos” (último), e “logos” (raciocínio, estudo). Algumas pessoas
acreditam que a escatologia se refere apenas aos acontecimentos futuros,
porém a escatologia é a divisão da Teologia Sistemática que estuda desde as
profecias que já se cumpriram até as que ainda se cumprirão, ou seja,
podemos dizer que a escatologia engloba tudo o que era futuro na época
em que foi profetizado.
2. A volta de Jesus: todo conteúdo classificado como “escatológico” é muito
importante, porém com certeza o assunto principal da escatologia é a volta
de Cristo. É esse evento que faz com que tudo tenha sentido. Sem a volta de
Jesus não é apenas a escatologia que perde o sentido, mas o próprio
cristianismo.
II- Preocupação com o Fim dos Tempos
1. A curiosidade: profecias apocalípticas sempre despertaram a curiosidade
das pessoas em todas as épocas. Existem pelo menos 30 “apocalipses
judaicos” e outros manuscritos que foram escritos entre meados de 200 a.C.
até 300 d.C. Os próprios discípulos de Jesus também tinham curiosidade a
respeito das coisas futuras (Mt 24:3).
2. Falsas previsões: ao longo da história da humanidade não faltou “profecias”
sobre o fim do mundo. Dentro do cristianismo as principais profecias furadas
estão relacionadas ao dia da volta de Cristo. Muitas pessoas utilizando-se de
supostos códigos bíblicos e formulas matemáticas já tentaram descobrir o
dia do evento que apenas o Pai conhece (Mt 24:36).
3. Códigos do Apocalipse: essa “euforia” sobre uma possível codificação
presente no livro de Apocalipse ganhou força no final da década de 1990
com a publicação da obra Apocalypse Code, de Hal Lindsey. Segundo o autor
do livro, Deus o concedeu um “discernimento especial” sobre a interpretação
do Apocalipse, proporcionando a ele a oportunidade de fazer o que nunca
ninguém havia feito: quebrar o código das profecias de João. O próprio Hal
Lindsey anos antes já havia especulado (sem sucesso) o fim do mundo para
meados de 1988. Creio que não precisamos nem comentar tamanho
absurdo. Posso dizer que as maiores “doutrinas estranhas” que invadiram as
igrejas ao longo do tempo, são originadas de situações como essas, onde
alguém recebeu uma revelação particular de Deus que nunca ninguém havia
recebido antes dos tais receptores. Especificamente dentro do livro de
Apocalipse, essas especulações surgem primariamente do método futurista
de interpretação. Hoje, talvez o maior expoente e porta voz da visão
escatológica de Hal Lindsey seja o Dr. Tim LaHaye, autor da famosa série
“Deixados para Trás” (que tem muitas coisas em comum com o livro de Hal
Lindsey The Late, Great Planet Earth publicado na década de 70.

4. III- Interpretações Escatológicas:


Basicamente existem quatro métodos de interpretação do livro de Apocalipse:
Futurista, Idealista, Preterista, Historicista. Mesmo dentro de cada método,
também existe diferentes opiniões, o que acaba ocasionando subdivisões, como
por exemplo, o Preterismo Moderado, que é uma variação do método
Preterista.

Há também diferentes visões quanto à cronologia dos eventos escatológicos da


Bíblia. As principais são: Pré-Milenismo Histórico, Dispensacionalismo,
Amilenismo e Pós-Milenismo. Antes de vermos um resumo de cada uma dessas
visões, precisamos considerar as diferenças em relação ao momento do
Arrebatamento. Diferente do que foi colocado na revista, essas opiniões não
estão apenas dentro do método Futurista, até porque o Futurismo, e também
os outros métodos, são estilos hermenêuticos de leitura das profecias
escatológicas. Vejamos resumidamente cada uma dessas opiniões:

1. Pré-Tribulacionista: divide a volta de Cristo em duas fases, sendo uma


secreta para arrebatar a Igreja antes da Grande Tribulação, e outra visível a
todos para instituir o reino milenar de Cristo na terra. Essa posição nunca foi
ensinada oficialmente antes do século 19. Esse pensamento existe apenas
dentro da visão Dispensacionalista onde existe completa distinção entre a
Igreja e Israel e, portanto, a Grande Tribulação é um processo para Israel e
não para a Igreja, por isso o Arrebatamento precisa ocorrer antes dela.
2. Mesotribulacionista: muito parecido com o Pré-Tribulacionismo, porém
defende que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá no meio da Grande
Tribulação.
3. Pós-Tribulacionista: essa opinião sempre foi defendida na história da Igreja,
e era a posição predominante entre os cristãos sobre o arrebatamento até o
século 19. O Pós-Tribulacionismo defende que a volta de Cristo ocorrerá
após a Grande Tribulação, em um evento visível a todos. Embora o
comentarista da revista pense o contrário, com toda certeza essa posição é a
mais coerente com o ensino Bíblico. É lamentável se referir a uma posição
tão importante dentro do cristianismo histórico apenas com a expressão
“esse ensino não tem base sólida na Palavra de Deus”.
O termo “Pré-Milenista” trata da relação entre o Arrebatamento e o Milênio e
não a ordem do Arrebatamento em relação a Grande Tribulação.
Entendido isso, agora poderemos citar novamente as quatro principais
correntes escatológicas:
1. Pré-Milenismo Histórico: visão muito comum na história da Igreja, defende
a volta de Cristo como um evento único após a Grande Tribulação para
instituir o reino milenar e literal de Cristo na terra.
2. Pré-Milenismo Dispensacionalista: divide a volta de Cristo em duas fases,
sendo uma secreta para a Igreja e outra visível a todos após um período de
sete anos de Grande Tribulação para estabelecer o reino milenar e literal de
Cristo na terra. Existe também o Dispensacionalismo Progressivo, que
semelhante ao Pré-Milenismo Histórico, defende a volta de Cristo em um
único evento e a após a Grande Tribulação. Essa posição está ganhando força
nos últimos anos, principalmente entre as denominações que adotam o
Dispensacionalismo Clássico, mas que começam a perceber algumas
incoerências teológicas nesse sistema, e acabam “migrando” para o
Dispensacionalismo Progressivo.
3. Pós-Milenismo: defende que a volta de Cristo ocorrerá após o Milênio, e
que esse Milênio será instituído com uma evangelização global, onde a
maioria das pessoas do mundo serão cristãs.
4. Amilenismo: defende que a volta de Cristo será após a Grande Tribulação
em um evento único e visível a todos, para estabelecer o estado eterno, ou
seja, não haverá um período futuro de mil anos literal do reino de Cristo na
terra. Embora a expressão “Amilenismo” significa “sem milênio”, essa
definição não condiz com o que essa visão escatológica defende. O
Amilenismo crê em um Milênio, porém acredita que esse Milênio não se trata
de um período literal de mil anos, mas de um período que se iniciou com a
Primeira Vinda de Cristo na terra, ou seja, o Milênio é um reino espiritual que
acontece com a Igreja na terra e os salvos que já morreram no céu. O
Amilenismo defende a interpretação simbólica do Milênio e de outras
passagens que claramente se tratam de simbologia no livro de Apocalipse,
porém também defende a historicidade de vários eventos, principalmente no
contexto histórico em que o livro foi escrito, e as profecias que ainda irão se
cumprir, como um período de Grande Tribulação, o surgimento de um
Anticristo escatológico e, o mais importante, a Segunda Vinda de Cristo. Em
nenhuma hipótese o Amilenismo considera a volta de Cristo e o
Arrebatamento da Igreja como algo simbólico e não literal.
Conclusão
A Escatologia não é um assunto fácil, porém é de suma importância o seu
estudo na Igreja de Cristo. Nessa área é necessário, antes de tudo, respeito por
quem pensa de forma diferente de nós, e, para quem realmente quer se
aprofundar no assunto, o importante é deixar alguns pré-conceitos de lado e
entender a fundo cada uma das diferentes visões, pois todas elas possuem
entre seus defensores teólogos muito capacitados.

Creio que a interpretação mais coerente do Apocalipse é aquela que não


desconsidera o contexto histórico do livro, que identifica corretamente o que é
simbólico sem tentar “literalizar” tais simbologias, que também reconhece o
conteúdo que se refere aos últimos dias presente no livro, e, claro, tudo
harmonizando com os outros textos escatológicos encontrados na Bíblia
(principalmente com o Sermão Escatológico de Jesus) para que não ocorra
nenhuma contradição. Resumindo, essa interpretação abrange o passado,
presente e o futuro.

Lição 02: Sinais Que Antecedem a Volta de Cristo

Texto Áureo:
E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos
em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da
tua vinda e do fim do mundo? (Mateus 24:3)
Leitura Bíblica em Classe:
E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos
em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da
tua vinda e do fim do mundo?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a
muitos.
E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é
mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes,
e pestes, e terremotos, em vários lugares.
Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
(Mateus 24:3-8)
E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.
E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a
todas as nações, e então virá o fim.
(Mateus 24:11-14)
Introdução
No Sermão Escatológico, Jesus forneceu vários detalhes sobre a Sua volta. Ele
não marcou uma data, mas nos avisou sobre os eventos que antecedem esse
momento tão extraordinário. Esse sermão pode ser encontrado nos três
Evangelhos sinóticos. Embora a leitura bíblica em classe tenha selecionado
apenas alguns versículos, é obrigatória a leitura na integra do capítulo 24 do
Evangelho de Mateus.
Além da leitura em Mateus, aconselho que também seja lido o capítulo 13 do
Evangelho de Marcos, pois além de ambos os textos terem uma estrutura
semelhante, para alguns, o texto de Marcos pode ser compreendido mais
facilmente, devido a organização adotada pelo autor. Muitos estudiosos
defendem a idéia de que o texto de Marcos tenha servido de base para o texto
de Mateus.

I- Sinais na Vida da Igreja


Como defendido pelo Dispensacionalismo Clássico, esse tópico inicia-se com
um alerta para que o leitor não confunda as duas fases da Segunda Vinda de
Cristo (Arrebatamento e Vinda em Glória). Essa visão é defendida por quem crê
em um Arrebatamento Pré-Tribulacional.

Para os que preferem a visão Pós-Tribulacional da volta de Cristo essa divisão


não faz sentido algum. Particularmente, mesmo com todo “cuidado” possível
como recomenda meus irmãos Pré-Tribulacionistas, não consigo encontrar
fundamento bíblico para tal distinção de eventos. Daí a recomendação para que
o Sermão Escatológico de Jesus seja lido na integra e não de forma isolada.
Jesus é claro ao afirmar que Sua volta acontecerá após um período de
tribulação como nunca houve no mundo, e em um evento público, onde todos
O verão (Mt 24:21-31).

1. Falsos cristos: Jesus nos alerta de algo que não é privilégio apenas dos
nossos dias. Sempre houve na história do cristianismo falsos cristos. Porém,
no Sermão de Jesus, percebe-se que nos últimos dias esse aparecimento de
pessoas alegando ser o Cristo, se intensificaria. Eles enganaram muita gente,
mas para nós, salvos em Jesus, foi alertado: não lhes dei crédito (Mt 24:23).
2. Falsos profetas: semelhante aos falsos cristos, também aparecerão falsos
profetas de uma maneira mais acentuada nos últimos dias, embora esse
também já fosse um problema bastante conhecido pela Igreja Primitiva.
Infelizmente esses falsos profetas e falsos mestres se infiltram dentro das
igrejas, fazem grandes sinais e prodígios e enganam multidões. Mas nosso
consolo é que não será possível para eles conseguirem enganar os escolhidos
de Deus, os verdadeiros salvos em Cristo Jesus. É Deus quem nos preserva, e
nossa vida está escondida nEle (Jo 10:28,29).
3. Apostasia: o aparecimento de falsos cristos e falsos profetas está diretamente
ligado a Apostasia. Os termos originais gregos utilizados no Novo Testamento
para descrever a Apostasia (que nem sempre é a própria palavra Apostasia)
trazem a idéia de um abandono de forma consciente da fé, de modo que
ocorre uma rejeição à verdade das Escrituras, e reflete um estado de rebelião
e revolta contra o próprio Deus. Todo falso profeta ou falso mestre é um
apóstata, pois necessariamente ele precisa conhecer a verdade da Palavra de
Deus a ponto de negá-la e, por fim, distorcê-la, originando um falso
evangelho, e semeando doutrinas de demônios entre as pessoas (1Tm 4:1). A
Palavra de Deus também nos adverte que no período chamado de Grande
Tribulação haverá uma Apostasia ainda mais intensa.
4. Perseguições: Jesus também nos alertou que haveria de acontecer grandes
perseguições aos santos. É verdade que sempre houve perseguição na história
da Igreja, principalmente do século I d.C., mas pelo alerta de Jesus, combinado
com a afirmação de que haverá uma tribulação como nunca houve antes,
podemos entender que nos últimos dias essa perseguição seria intensificada.
Nenhuma outra religião na história da humanidade teve tantos mortos quanto
o cristianismo. Existem vários tipos de perseguições e não apenas a
perseguição física. Hoje no mundo existem cristãos sendo perseguidos
moralmente como também existem cristãos sendo perseguidos fisicamente e
levados à morte.
II- Sinais nos Céus da Vinda de Cristo
É importante compreendermos a seqüência cronológica descrita por Jesus em
Seu Sermão Escatológico. Basicamente Ele se refere a três períodos:

 Um período inicial que vai desde Sua Primeira Vinda até a destruição de
Jerusalém na década de 70 d.C.;
 Um segundo período chamado de Princípio das Dores que abrange desde a
destruição de Jerusalém até o início do terceiro período;
 Terceiro período conhecido como Grande Tribulação que culminará na
Segunda Vinda de Cristo e o julgamento do mundo.
Sob esta cronologia (que não é uma marcação de datas), podemos
seguramente afirmar que os eventos já citados (falsos cristos, falsos profetas,
apostasia, perseguições) e os que iremos citar no próximo tópico (guerras e
conflitos e desastres naturais), estão dentro do período de Principio das Dores,
e que conforme o tempo vai passando eles vão se intensificando e ficando cada
vez piores como contrações de parto. Isso seria como uma preparação para o
período de Grande Tribulação que ainda será imaginavelmente pior.

Sobre os “sinais dos céus” em Lucas 17:11, Jesus não nos fornece muitos
detalhes. Alguns estudiosos acreditam que tais sinais estejam relacionados
possivelmente a desastres naturais que ocorrem no período de Principio das
Dores. Outros preferem afirmar que estes sinais se tratam especificamente da
volta de Cristo, o que parece estar de acordo com Mateus 24:30, Marcos 13:24-
26 e Lucas 21:26,27.

III- Guerras, Conflitos e Terremotos


Após Jesus ter profetizado tais acontecimentos no Sermão Escatológico, o
mundo nunca mais conheceu um período de paz. Guerras sempre aconteceram,
sendo as duas piores no século passado. Em muitos países do mundo hoje
existem guerras ocorrendo de todos os tipos.

Claramente os desastres naturais se intensificaram após as profecias de Jesus.


Logo em 79 d.C., portanto poucos anos após o Sermão Escatológico, ocorreu
uma das erupções vulcânicas mais famosas e destrutivas já documentadas: a
erupção do Vesúvio. Essa erupção destruiu as cidades de Pompeia e Herculano.
Recentemente tivemos uma série de terremotos e tsunamis terríveis, e de forma
cada vez mais freqüente. São as contrações se intensificando.

Conclusão
O Sermão Escatológico de Jesus deve ser muito importante para todos os
cristãos que almejam a volta de Cristo. Muitas pessoas tentam fazer mapas,
decifrar códigos e criar teorias sobre momentos onde, tudo o que tinha que ser
falado já foi falado, e por ninguém mais ninguém menos que o próprio Jesus.

Ele não estabeleceu datas, mas nos alertou sobre o que haveria de acontecer e
qual deve ser a nossa conduta como Igreja, que no caso é a vigilância. No
Sermão Escatológico, Jesus profetizou coisas que já se cumpriram e com
precisão impressionante, o que nos fortalece em saber que as demais coisas
que ainda faltam se cumprir também serão cumpridas em detalhes, e o mais
importante: Ele voltará!

Quanto a nós, que às vezes buscamos tantas teorias fantasiosas, devemos


descansar nas palavras do Mestre que diz:

Mas vós vede; eis que de antemão vos tenho dito tudo. (Marcos 13:23)
Lição 03: Esteja Alerta e Vigilante, Jesus Voltará

Texto Áureo:
Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à
outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
(Lucas 17:24)
Leitura Bíblica em Classe:
Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à
outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado por esta geração.
E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do
homem.
Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé
entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos.
Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam,
compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os
consumiu a todos.
Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.
(Lucas 17:24-30)
Introdução
A Bíblia traz várias exortações acerca da vigilância em relação à volta de Cristo.
O próprio Jesus em diversas ocasiões afirmou que o momento de Sua volta será
de grande surpresa para muitos, porém a Igreja deve estar vigilante, pois para
os escolhidos de Deus este será um dia de imensa alegria.

I- A Vinda de Jesus Será Repentina


Em Seu Sermão Escatológico (Mt 24; Mc 13; Lc 21 e passagens correlatas em Lc
17) Jesus advertiu acerca do fim dos tempos e como Sua vinda será repentina e
surpreendente. Jesus também deixou claro que muitos tentariam anunciar o
momento exato de Sua vinda, mas que não deveríamos acreditar:

E então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo; ou: Ei-lo ali; não acrediteis.
(Marcos 13:21)
Jesus também disse que os falsos profetas e mestres seriam muito persuasivos,
tanto que se pudessem enganariam até mesmo os escolhidos. Algumas pessoas
acreditam que tais ensinamentos estranhos de fato podem enganar os
escolhidos de Deus, mas não é isso que a Bíblia nos ensina. Existem sim
advertências para que sejamos prudentes, porém o verdadeiro salvo nunca
poderá ser enganado.

Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não
conhecem a voz dos estranhos. (João 10:5)
Paulo entendeu bem esse conceito e ressalta essa condição à igreja de Corinto:
O qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de
nosso Senhor Jesus Cristo.
(1 Coríntios 1:8)
Jesus também alerta que nos momentos que antecedem Sua volta as pessoas
viverão tranquilamente suas vidas como se as promessas de Cristo fossem
apenas fábulas. Jesus utilizou alguns exemplos para descrever o momento de
Sua vinda, dentre eles podemos citar dois: será como um relâmpago e como um
ladrão à noite.

1. Como um relâmpago: muitas pessoas entendem errado essa expressão e a


interpretam de forma como se a vinda de Cristo será invisível e imperceptível.
Primeiramente não existe base bíblica alguma para defender a Segunda Vinda
de Cristo como um evento invisível, para isso é preciso fazer um verdadeiro
“malabarismo teológico” e utilizando textos de maneira isolada e fora do seu
contexto imediato. Seja como for, se tem uma coisa que não dá para
comparar é um relâmpago com algo imperceptível. Quando um relâmpago
aparece no céu ele se mostra esplendoroso, visível a todos que estejam por
perto, ilumina o céu até mesmo quando ocorre durante o dia, seu barulho é
estrondoso e, para grande parte das pessoas, ele é apavorante. Diante desses
aspectos é que Jesus usa tal expressão. Não há como não perceber um
relâmpago quando aparece. No original a expressão de Jesus remete ao
sentido de evidência, um evento perceptível e sem ambiguidade.
2. Como um ladrão: essa é outra expressão que muitas vezes é mal
compreendida. Cristo virá como um ladrão e surpreenderá apenas os ímpios.
Não há possibilidade da Igreja de Cristo ser surpreendida, pois os salvos
verdadeiros aguardam com vigilância e ansiedade esse momento tão glorioso.
Paulo explica bem essa condição em sua Epistola aos Tessalonicenses.
Irmãos, quanto aos tempos e épocas, não precisamos escrever-lhes,
pois vocês mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão à
noite.
Quando disserem: “Paz e segurança”, então, de repente, a destruição virá sobre
eles, como dores à mulher grávida; e de modo nenhum escaparão.
Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os surpreenda como
ladrão.
Vocês todos são filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas.
(1 Tessalonicenses 5:1-5)
II- Como Foi Nos Dias de Noé
Jesus comparou esses dias aos dias de Noé, as pessoas festejarão, comerão, se
darão em casamento e escarnecerão dos que ainda aguardarem o juízo Divino
sob um mundo tão corrompido (2 Pe 3:4). É nesse cenário que Cristo voltará,
tão repentinamente e visivelmente como um relâmpago, tão inesperadamente
como um ladrão que surpreende uma casa em plena noite quando todos
dormem.

III- A Corrupção Geral na Terra


Se considerarmos todas as passagens bíblicas sobre os momentos que
antecedem a volta de Cristo, perceberemos que será um momento de grande
apostasia, onde o homem da iniqüidade será manifestado e o mundo o
acolherá (2 Ts 2). Esse momento será um momento de provação para a Igreja, e
só irão perseverar aqueles que realmente foram feitos novas criaturas em Cristo
Jesus. O cristianismo parecerá estar em declínio, os mandamentos de Deus
completamente ignorados, a moralidade contestada, e o que é imoral e
pervertido será posto como padrão a ser seguido.
Nos dias em que vivemos já podemos perceber aspectos desse momento. Por
exemplo, o modelo tradicional de família já está sendo negado, a descrição
“pai” e “mãe” nas certidões de nascimento podem estar com os dias contados, o
mundo já pede um novo padrão, uma nova moral, um novo deus. Isso é apenas
um exemplo, apenas um dos lados, mas as coisas piorarão de uma maneira
nunca vista antes (Mc 13:19). Jesus comparou a sociedade desses últimos
momentos que antecederão Sua volta com a sociedade de Gênesis capítulo 6.
Talvez os verdadeiros seguidores de Cristo, com seus ideais antiquados serão
identificados como uma ameaça à evolução da sociedade, um atentado à nova
cultura, algo que deva ser combatido. É nesse momento que veremos a
diferença entre as virgens prudentes e as loucas, entre os sábios e os tolos,
entre os crentes verdadeiros e os hipócritas.
IV- Como Foi nos Dias de Ló
Jesus também comparou os momentos que precedem Sua vinda com os dias de
Ló, quando este vivia na cidade de Sodoma. Todos nós conhecemos bem essa
história, e também sabemos como o juízo de Deus veio sobre aquele povo.
Como já dissemos no tópico anterior, o mundo em que vivemos atualmente em
muito já se assemelha às cidades de Sodoma e de Gomorra.

Conclusão
Algumas pessoas ainda esperam melhoras para esse mundo, mas segundo o
que a Bíblia nos ensina isso não ocorrerá, ao contrário, o mundo irá piorar cada
vez mais. Quanto a nós, devemos sempre nos atentar ao fato de que a volta de
Cristo é uma promessa real e deve ser o momento mais aguardado pela Igreja.
Jesus, pela Sua Palavra, nos exorta constantemente sobre como deve ser o
comportamento do cristão verdadeiro diante desse evento tão maravilhoso:
Lição 04: O Tribunal de Cristo e os Galardões

Texto Áureo:
Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um
receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal. (2 Coríntios
5:10)
Leitura Bíblica em Classe:
Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo.
E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o
dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a
obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse
receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal
será salvo, todavia como pelo fogo. (1 Coríntios 3:11-15)
Introdução
Como já vimos anteriormente, existem diferentes correntes escatológicas dentro
do cristianismo, sendo elas: Pré-Milenismo Histórico, Pré-Milesnismo
Dispensacionalista, Pós-Milenismo e Amilenismo. Embora todas elas concordem
que Cristo voltará, há profundas diferenças cronológicas dos eventos
escatológicos, principalmente pelo estilo interpretativo das passagens
escatológicas da Bíblia e, sobre tudo, do livro de Apocalipse. Neste texto
veremos resumidamente as principais interpretações sobre o Tribunal de Cristo,
e como se dará o julgamento dos salvos.

I- O Tribunal de Cristo e os Crentes


Em relação a esse evento, que é um julgamento, sua natureza é profundamente
alterada de acordo com a escola escatológica abordada, ou seja, enquanto uma
linha escatológica defende que haverá um único julgamento, outra defenderá
que haverá mais de um. Se assumirmos que haverá apenas um julgamento,
então expressões como “Juízo Final”, “Julgamento do Grande Trono Branco” e
“Tribunal de Cristo”, se referem ao mesmo evento. Se considerarmos que haverá
mais de um julgamento, então tais expressões se referem a eventos distintos.

Essa discussão sobre se haverá mais de um julgamento ou apenas um, é


decorrente da cronologia defendida pelas diferentes correntes escatológicas
apresentadas.
Especificamente sobre o julgamento, vejamos as diferenças entre as correntes
escatológicas citadas:

 Pré-Milenismo Dispensacionalista: defende que haverá três julgamentos. O


primeiro ocorrerá na logo após a primeira fase da volta de Cristo
(Arrebatamento Secreto), onde serão julgadas as obras da Igreja arrebatada.
Esse julgamento é chamado de Tribunal de Cristo. O segundo julgamento
ocorrerá na segunda fase da volta de Cristo, após a Grande Tribulação, onde
as nações serão julgadas antes do inicio do Milênio. O terceiro julgamento
ocorrerá após os eventos finais depois do Milênio, e serão julgados todos os
incrédulos, os que estiverem vivos naquela ocasião, todas as pessoas que
serão salvas durante o Milênio e os anjos caídos. Esse julgamento é chamado
de Juízo Final ou Julgamento do Grande Trono Branco.
 Pré-Milenismo Histórico: geralmente defende que haverá dois julgamentos.
Digo “geralmente” pois existem diferentes opiniões entre os Pré-Milenistas
Históricos sobre isso. O primeiro julgamento ocorrerá na volta de Cristo que
será um evento único (diferente do Dispensacionalismo que defende uma
divisão em duas fases). Nesse julgamento as nações serão julgadas antes do
Milênio ser estabelecido. O segundo julgamento ocorrerá após o Milênio e
será o Juízo Final que antecede o estado eterno.
 Amilenismo e Pós-Milenismo: embora existam muitas diferenças entre o
Amilenismo e o Pós-Milenismo, em relação ao julgamento, ambas concordam
entre si. Haverá um único julgamento, onde todos serão julgados. A Igreja
também será julgada no mesmo evento, porém não para condenação, pois já
estará justificada em Cristo Jesus. Dessa forma, o Tribunal de Cristo e o Juízo
Final (Trono Branco) são expressões para se referir ao mesmo evento.
A posição escatológica assumida pela revista oficial da Editora CPAD é o Pré-
Milenismo Dispensacionalista.
II- As Obras do Crente e o Julgamento de Cristo
Independente da posição escatológica adotada, nenhuma delas negará a
verdade de que em algum momento os salvos serão julgados, não para um
juízo de condenação, pois Cristo é quem nos justifica. Portanto, sem considerar
as particularidades de cada escola escatológica, e do número de julgamentos
que haverá, vamos analisar especificamente o momento do julgamento da
Igreja.

Os salvos serão julgados segundo as suas obras, porém isso não implica em
uma salvação por obras, pois nenhum salvo será condenado no juízo de Cristo.
Do juízo para condenação a Igreja estará absolvida, declarada inocente, não
pelas obras que realizou, mas pelos méritos de Cristo. Esse julgamento servirá
para determinar a recompensa (galardão) de cada pessoa.

Escrevendo a Igreja de Corinto, Paulo, faz uma exposição sobre nossa conduta
aqui nesse mundo, diante das oportunidades e recursos que Deus nos dá. No
capítulo 3 da Epístola de 1 Coríntios, o Apóstolo trata dos problemas locais
daquela Igreja, enfatiza a responsabilidade dos que ensinam o Evangelho, e faz
um alerta que envolve todos os cristãos.

Paulo utiliza como exemplo seis materiais, sendo eles: ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno e palha. Observe que os materiais foram classificados
em ordem decrescente de valor e importância. Não foi por acaso que Paulo
utilizou exatamente esses materiais. Os templos da antiguidade eram edificados
sob pedras preciosas, prata e ouro. Já as casas comuns eram construídas com
madeira e um tipo de tijolo resultante da mistura de barro com palha. Paulo
então faz uma comparação entre as pessoas que buscam construir suas vidas e
ministérios sob o fundamento da revelação de Deus em Jesus Cristo, através de
Sua Palavra, viva, verdadeira e duradoura, e as pessoas que se conformam em
viver em casas comuns de madeira e palha, ou seja, se apoiam em sabedoria
humana, utilizando um material perecível, incapaz de resistir ao julgamento de
fogo de Deus.

O que Paulo está dizendo é que cada pessoa terá de prestar contas do que fez
com a revelação de Deus em Seu Filho. O cristão fiel e aplicado, que serve a
Deus com diligencia e comprometimento, será graciosamente recompensado
por Deus. O cristão que age com negligência será punido, sofrerá dano, terá
suas obras queimadas. Apesar disso, por Sua infinita graça, Deus lhe concede o
dom da salvação. Isso não quer dizer que todos que aparentemente realizam a
obra de Deus serão salvos (Mt 7:21-23). A salvação não é por obras, esforços ou
méritos humanos, é pela graça de Deus, mediante a expiação de Cristo na cruz,
a qual Ele nos concede pela Sua soberana vontade.

III- A Prestação de Contas do Crente e os Galardões


Como foi exposto no tópico anterior, no dia do juízo, cada um de nós terá que
apresentar tudo o que foi feito. Naquele dia não terá como escapar, tudo será
revelado, a obra de cada um será manifestada.

Enquanto está nesse mundo, alguém pode ocultar sua obra, escondê-la,
enterra-la. Mas, em breve, virá o dia onde tudo será revelado, e qualquer coisa
que tenha sido feita ou deixada de fazer para Cristo, não passará despercebido.

Quanto a nós, devemos estar alicerçados no verdadeiro fundamento, prezando


pela Palavra de Deus, trabalhando diligentemente, nos comportando como
bons servos e colocando nossos talentos em prol do Reino de Deus.
Conclusão
Como pudemos ver, independente da corrente escatológica adotada, nada
mudará o fato de que teremos que comparecer diante do Tribunal de Cristo.
Que cada um de nós possa a cada dia mais se empenhar em realizar a obra do
Senhor com zelo e prudência, pregando unicamente a Jesus Cristo.

Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada
um de acordo com o que fez. (Apocalipse 22:12)
Lição 05: As Bodas do Cordeiro

Texto Áureo:
E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das
bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.
(Apocalipse 19:9)
Leitura Bíblica em Classe:
Então Jesus, tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, dizendo:
O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho;
E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não
quiseram vir.
Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu
jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às
bodas.
Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu
negócio;
E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.
E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu
aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.
Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados
não eram dignos.
Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que
encontrardes.
E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto
maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados.
E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava
trajado com veste de núpcias.
E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu.
Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas
trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.
Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. (Mateus 22:1-14)
Introdução
O capítulo 19 do livro de Apocalipse nos traz a referência mais direta e
detalhada sobre um momento de grande regozijo: As Bodas do Cordeiro. Esse é
o momento glorioso do encontro do Noivo (Cristo), com Sua Noiva (Igreja). Não
é só o livro de Apocalipse que faz referência a esse momento, ao contrário, a
Bíblia inteira aponta para esse momento, como o clímax do plano de Deus.
Também nos Evangelhos, encontramos diversas parábolas de Jesus que
refletem ensinamentos sobre esse grande dia.

I- As Bodas do Cordeiro
Dependendo da posição escatológica utilizada, As Bodas do Cordeiro pode
assumir características peculiares a tal posicionamento, isso devido as diferentes
correntes escatológicas, e o fato de existir mais de um método de interpretação
do livro de Apocalipse entre os cristãos.
Vejamos resumidamente as duas principais interpretações acerca das Bodas do
Cordeiro:
1. Posição Pré-Milenista Pré-Tribulacionista (ou Pré-Milenismo
Dispensacionalista Clássico): atualmente essa é a interpretação
predominante entre os evangélicos no mundo. No Pré-Milenismo Pré-
Tribulacionista, as Bodas do Cordeiro ocorrerão após o Arrebatamento
Secreto da Igreja antes do período da grande tribulação, e durará sete anos,
culminando na segunda etapa da volta de Cristo.
2. Posição Pós-Tribulacionista: basicamente essa interpretação não separa a
segunda vinda de Cristo em duas fases. Portanto, no Pós-Tribulacionismo as
Bodas do Cordeiro ocorrerão na segunda vinda de Cristo, que se dará em um
único evento, logo após o período de grande tribulação, o qual Cristo
destruirá o Anticristo. Nessa posição, as Bodas do Cordeiro não durarão
apenas sete anos, mas se estenderão por toda a eternidade.
II- A Rejeição ao Convite do Cordeiro
O povo de Israel (falando agora do Israel étnico) cometeu vários deslizes ao
longo de sua história, porém, o mais grave de todos foi a rejeição ao Messias.
Durante Seu ministério, Jesus, diversas vezes fez referências a esta rejeição:

Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. (João 1:11)
Diversas parábolas também expressão essa condição da rejeição do povo de
Israel. Uma delas, e que pode ser bem aplicada no nosso texto, é a Parábola das
Bodas do Filho do Rei (Mt 22:1-14). Essa parábola evidencia a paciência de
Deus, simbolizado pelo Rei, diante da rejeição ao Seu convite. Podemos notar
que a ira dEle não é derramada imediatamente diante da recusa dos
convidados, mas Ele é longânimo, até que, finalmente, Ele executa o Seu juízo.
Ai já será tarde demais. Além do povo de Israel, essa parábola também
demonstra a condição de todos os homens diante do anuncio da Salvação.
Jesus termina a parábola com a expressão: “Muitos serão chamados, mas
poucos escolhidos” (vers. 14). O chamado ao Evangelho alcança a muitos,
porém para a maioria dos homens, esse chamado é ignorado.
III- A Noiva do Cordeiro
Algo que é muito útil para entendermos as referências bíblicas sobre as Bodas
do Cordeiro, é conhecermos os costumes judaicos da época acerca do
casamento. Podemos dividir o casamento judaico em quatro etapas:

 Contrato de casamento: era o noivado, mas muito mais sério do que o


noivado dos nossos dias. Um contrato de casamento era firmado na presença
de testemunhas, e a benção de Deus era declarada sobre a união. A partir de
então o noivo e a noiva já estavam legalmente casados.
 Intervalo: havia um período de intervalo após o noivado. Nesse período o
noivo pagava ao pai da noiva um dote.
 Procissão: no final do período de intervalo, acontecia uma procissão. Na
ocasião a noiva se preparava e se adornava, enquanto o noivo, acompanhado
por seus amigos que cantavam e carregavam tochas acessas, se dirigia até a
noiva. Perto do local, as virgens amigas da noiva, saíam ao encontro do noivo,
recepcionando-o, e, conduzindo-o a casa da noiva, então o noivo recebia a
noiva e a conduzia ao seu próprio lar.
 As bodas: após a procissão acontecia as bodas, que incluía o jantar. As bodas
duravam em média sete dias.
Perceba a comparação que há entre as bodas de um casamento judaico e a
relação entre Cristo e Sua Igreja. O contrato de casamento já está firmado entre
Cristo e a Igreja, de fato Ele pagou o dote por Sua noiva, derramando Seu
próprio sangue. Já está tudo oficializado, e isso é irrevogável. Agora estamos no
intervalo, que é o período entre a ascensão de Cristo ao céu e sua Segunda
Vinda. É nesse período que a noiva se prepara, se adorna, e se veste de linho
fino, ou seja, seu caráter é santificado, ela está vestida de justiça, suas vestes
foram lavadas no sangue do Cordeiro. Sua justificação é puramente pela graça
soberana de Deus. A noiva do Cordeiro é santa, fiel, e espera pacientemente
pelo fim do intervalo e, ansiosa, tem a certeza da vinda do Noivo.

A promessa de Cristo é real e verdadeira. Nosso Noivo voltará, com grande


glória e poder, acompanhado de Seus anjos. O período de intervalo chegará ao
fim, seremos recebidos pelo nosso Senhor, e as Bodas começará. Diferente das
Bodas judaicas da época, as Bodas do Cordeiro não durarão sete dias, nem
quatorze dias e, nem mesmo sete anos, mas durará por toda a eternidade.
Haverá uma profunda comunhão santa, abençoada e permanente com nossa
Noivo, onde todas as promessas serão realizadas, e viveremos para sempre com
Ele.

Conclusão
Esse momento deve ser o mais esperado por cada cristão verdadeiro. Diferente
das festas humanas, essa não corre o risco de ser cancelada, pois em Cristo, a
noiva foi escolhida desde a eternidade. O Antigo Testamento aponta claramente
para esse momento glorioso. O dote foi pago no Calvário, e o contrato foi
consumado. Somos oficialmente a noiva do Cordeiro, e em breve Ele voltará, e
viveremos para sempre com Ele.

Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas


do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou.
E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho
fino são as justiças dos santos. (Apocalipse 19:7,8)
Lição 07: A Vinda de Jesus em Glória

Texto Áureo:
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder
e grande glória. (Mateus 24:30)
Leitura Bíblica em Classe:
E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua
luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder
e grande glória. (Mateus 24:29,30)
E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra
àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército.
E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com
que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes
dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. (Apocalipse
19:19,20)
E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na
sua mão.
Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o
por mil anos.
E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais
engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto
por um pouco de tempo. (Apocalipse 20:1-3)
Introdução
A vinda de Jesus em glória e poder é o clímax de toda a história presente. Sem
dúvida é o momento mais aguardado pela Igreja do Senhor. Como quase tudo
dentro da escatologia bíblica, a vinda de Jesus também é tema de intensos
debates. Nem sempre foi assim, pois antes do século 19 havia “certa”
concordância entre os cristãos sobre como se daria esse evento e, as discussões
que ocorriam, estavam geralmente relacionadas ao que aconteceria após esse
momento. Porém, foi no século 19, quando a visão Pré-Tribulacionista da volta
de Cristo começou a ser massivamente ensinada de forma oficial, e adotada por
várias denominações, que essa discussão ganhou seu ápice de controvérsia.
Neste texto abordaremos essas diferentes interpretações, além de analisarmos
algumas características sobre esse evento tão glorioso.

I- Jesus Voltará e Todos o Verão


Como já dissemos, antes do século 19, havia quase uma unanimidade entre os
cristãos sobre como se daria a Segunda Vinda de Cristo. Embora discordassem
sobre a interpretação do Milênio, geralmente Pré-Milenistas Históricos,
Amilenistas e Pós-Milenistas concordavam (e ainda concordam, salvo alguns
casos de hiperpreterismo de alguns Pós-Milenistas) sobre as principais
características desse momento.
É verdade que antes do século 19 há indícios da existência de alguns materiais
propondo uma visão semelhante ao que conhecemos hoje como Pré-
Tribulacionismo, porém foi no século 19, com o surgimento oficial da posição
escatológica Pré-Milenista Dispensacionalista Clássica, que as maiores
diferenças interpretativas apareceram. Isso aconteceu porque o Pré-
Tribulacionismo, defendido geralmente pelos Dispensacionalistas Clássicos,
dividiu a Segunda Vinda de Cristo em duas fases, sendo elas: Arrebatamento
Secreto da Igreja, e Vinda de Cristo em Glória.

Vejamos como as principais correntes escatológicas interpretam esse evento:

 Amilenismo: A segunda vinda de Cristo é um evento único e visível a todos,


ou seja, não existe o conceito de arrebatamento secreto. No Amilenismo a
Segunda Vinda de Cristo em glória e o arrebatamento é uma coisa só.
 Pré-Milenismo Histórico: A Segunda Vinda de Cristo e o arrebatamento são
o mesmo evento, tal como no Amilenismo.
 Pós-Milenismo: Igual às visões anteriores, Cristo volta de forma visível e em
glória em um único evento.
 Dispensacionalismo Clássico: A Segunda Vinda de Cristo será dividida em
duas fases, sendo a primeiro para arrebatar secretamente a igreja, e a segunda
de forma visível e em glória após os sete anos de grande tribulação.
Particularmente, creio que a posição mais coerente biblicamente é que a vinda
de Jesus será um único evento, visível a todos e após a Grande Tribulação
II- Jesus Voltará Para Dar a Devida Recompensa Aos Ímpios
Devido as diferentes posições escatológicas, o objetivo da vinda de Cristo em
glória, será diferente em posição com relação à outra:

 Pré-Milenismo Dispensacionalista: de forma bem resumida, o objetivo da


vinda de Jesus em glória para o Pré-Milenismo Dispensacionalista, será para
castigar os ímpios e livrar o povo de Israel do extermínio. Tudo ocorrerá na
chamada “Batalha do Armagedom”, onde o exército do Anticristo terá cercado
o povo de Israel para destruir-lhes. Na ocasião, os judeus não terão condições
de vencer essa guerra e muitos morrerão. Cristo então voltará, pisará os Seus
pés no Monte das Oliveiras e destruirá o Anticristo que tentará atacá-lo. Após
o Anticristo ter sido destruído e, juntamente com o Falso Profeta, lançado na
condenação eterna, Cristo julgará as nações. Para muitos Dispensacionalistas,
os representantes de cada nação se apresentarão diante de Cristo, e as nações
serão julgadas pelo modo com que trataram Israel.
 Pré-Milenismo Histórico e Amilenismo: existem muitas diferenças entre
essas duas correntes escatológicas, porém, de forma geral, ambas concordam
em relação ao objetivo principal da Segunda Vinda de Cristo. A volta de Jesus
ocorrerá após o período de Grande Tribulação para buscar a Sua Igreja,
livrando Seu povo da perseguição terrível que estará ocorrendo motivada
pelo Anticristo e seu governo maligno. Cristo então destruirá o Anticristo. No
Pré-Milenismo Dispensacionalista, existe total diferença entre Israel e Igreja,
ou seja, Deus tem planos distintos para Israel e para a Igreja. Já no Pré-
Milenismo Histórico e no Amilenismo, não existe essa diferença, isto é, Deus
tem um só povo, a Igreja, que é o Israel espiritual. Logo, quando Cristo voltar
para livrar o Seu povo, isso é uma referência à Igreja, e não ao Israel étnico, e,
esse evento, é a Batalha do Armagedom.
 Pós-Milenismo: nessa posição, alguns defendem que ocorrerá um período
final de tribulação antes da vinda de Jesus, enquanto outros defendem que
ocorrerá apenas uma grande apostasia. Já para outros (a maioria), o mundo
estará uma maravilha e plenamente evangelizado nesse momento. Muitos
Pós-Milenistas não acreditam no surgimento de um Anticristo escatológico,
mas creem que qualquer um que se opõe a pregação do Evangelho age no
espírito do Anticristo, ou seja, é um tipo de Anticristo. Nessa corrente
escatológica, a volta de Cristo será com o principal objetivo de buscar Sua
Igreja e condenar os ímpios.
III- Preparação Para o Milênio
O Milênio também é tema de longos debates na escatologia bíblica. Não
pretendo aprofundar o assunto nessa lição, pois trataremos especificamente
sobre isso na próxima lição. Entretanto, podemos adiantar as principais
diferenças entre as posições escatológicas acerca do Milênio:

 Pré-Milenismo Dispensacionalista Clássico: Milênio futuro e literal após a


segunda fase da Segunda Vinda de Cristo. O Anticristo e o Falso Profeta terão
sido lançados no Lago de Fogo, e Satanás ficará aprisionado por mil anos
literais. Nessa posição participará do Milênio a Igreja, o povo de Israel, bem
como as nações que escaparem da Grande Tribulação e que tiverem apoiado
Israel.
 Pré-Milenismo Histórico: É reconhecido o Reino de Cristo na presente era
com a Igreja, porém haverá também um reino milenar e literal no futuro após
a Segunda Vinda de Cristo, com Jesus reinando sobre as nações do mundo
(talvez não necessariamente o período seja de mil anos).
 Amilenismo: O Milênio não é um período literal de mil anos. No Amilenismo
o Milênio é espiritual onde os salvo reinam com Cristo no céu e sobre a terra,
e começou na Primeira Vinda de Cristo.
 Pós-Milenismo: Conforme o Evangelho for sendo pregado será iniciado o
Milênio, onde o mundo inteiro será evangelizado e a maioria das pessoas será
convertida. O cristianismo será o padrão e não a exceção, ou seja, a plantação
será de trigo e não de joio (a referência a Parábola de Jesus é usada para
defender esse conceito).
Conclusão
Realmente existem muitas diferenças entre as correntes escatológicas, o que
acaba dividindo opinião entre os Cristãos. Embora sejam nítidos os erros graves
de algumas dessas posições, não considero nenhuma delas como uma heresia.
Para mim, heresia seria uma posição que negasse a volta de Cristo, e isso
nenhuma delas faz. O Importante é que Jesus voltará, e para sempre viveremos
com Ele. Meu conselho é que tenhamos muito respeito com quem pensa
diferente de nós, e, mesmo que venhamos em algum momento debater algum
assunto escatológico, que possamos fazer isso com sabedoria e sem arrogância.
Lição 08: O Milênio, Um Tempo Glorioso Para a Terra

Texto Áureo:
E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as
almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de
Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal
em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil
anos. (Apocalipse 20:4)
Leitura Bíblica em Classe:
E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na
sua mão.
Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o
por mil anos.
E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais
engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto
por um pouco de tempo.
E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as
almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de
Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal
em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil
anos.
Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a
primeira ressurreição.
Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre
estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo,
e reinarão com ele mil anos. (Apocalipse 20:1-6)
Introdução
Alguns estudiosos definem o Milênio como um período de tempo em que
muitos intérpretes bíblicos ficarão discutindo sobre que é o Milênio. Claro que
isso é uma brincadeira, mas serve para termos uma ideia sobre o tamanho da
controvérsia que existe sobre o assunto. Teólogos de peso ao longo da história
do cristianismo se posicionaram de maneira oposta uns aos outros sobre qual
seria a melhor interpretação em relação ao Milênio. Nessa lição veremos os
conceitos fundamentais de cada uma das diferentes interpretações sobre esse
tema.

I- O Reino Milenial
Basicamente existem quatro correntes escatológicas sobre o assunto: Pré-
Milenismo Histórico, Pré-Milenismo Dispensacionalista, Amilenismo e Pós-
Milenismo.

 Pré-Milenismo Histórico: essa posição reconhece a existência do Reino de


Cristo já na presente era com a Igreja, porém defende que haverá também um
reino milenar e literal no futuro após a Segunda Vinda de Cristo, ou seja, será
o Reino em sua total plenitude, com Jesus reinando sobre as nações do
mundo. O Pré-Milenismo Histórico defende que na Segunda Vinda de Cristo,
Satanás será preso, então haverá um período de grande paz e prosperidade
na terra. Essa linha escatológica não faz distinção entre a Igreja e Israel, ou
seja, Deus tem apenas um único povo, porém no período do Milênio serão
cumpridas várias profecias feitas ainda no Antigo Testamento. Muitos
estudiosos dessa linha entendem que o período do Milênio não será
necessariamente mil anos, mas um será um longo período de tempo, já que
os números no Apocalipse são claramente simbólicos. O Pré-Milenismo
Histórico vem sendo ensinado desde o século II d.C.
 Pré-Milenismo Dispensacionalista: é importante saber que essa linha
escatológica é bem diferente do Pré-Milenismo Histórico. Aqui, existe uma
completa distinção entre Israel e a Igreja, ou seja, são povos diferentes, e com
planos específicos para cada um deles, tanto na história como na eternidade.
As nações serão julgadas, e as que tiverem apoiado Israel participaram do
Milênio, que será um reino literal de mil anos de Cristo na terra. Esse sistema
também exige mais de uma ressurreição. Alguns Dispensacionalistas
defendem duas ressurreições, mas a maioria defende três ressurreições. Uma
ressurreição acontecerá na primeira fase da volta de Cristo (Arrebatamento),
outra acontecerá após os sete anos da Grande Tribulação, e a terceira
acontecerá após o Milênio, para o Juízo Final. No reino milenial, o templo terá
sido reconstruído e Cristo se assentará no trono de Davi, e se cumprirá todas
as profecias pendentes a Israel. No final do Milênio, Satanás será solto por um
período de tempo enganará as pessoas e fará uma rebelião contra Cristo e a
Nova Jerusalém, porém Satanás será derrotado e lançado no Lago de Fogo.
 Amilenismo: nessa corrente escatológica o Milênio precede a Segunda Vinda
de Cristo, ao contrário das anteriores. Embora a palavra Amilenismo signifique
“sem Milênio” ou “não Milênio”, o Amilenismo não nega a existência do
Milênio, porém, o Amilenismo entende que o Milênio não é um período literal
de mil anos. No Amilenismo o Milênio é espiritual onde os salvo reinam com
Cristo no céu e sobre a terra, tendo começado na Primeira Vinda de Cristo.
 Pós-Milenismo: o Pós-Milenismo também defende que o Milênio precede a
Segunda Vinda. Nessa interpretação, conforme o Evangelho for sendo
pregado será iniciado o Milênio, onde o mundo inteiro será evangelizado e a
maioria das pessoas será convertida. O cristianismo será o padrão e não a
exceção, ou seja, a plantação será de trigo e não de joio (a referência da
Parábola de Jesus é usada para defender esse conceito).
II- O Governo de Jesus Cristo
Para melhor entendimento, vamos analisar o Governo de Jesus Cristo sob dois
aspectos diferentes: um governo literal e físico na terra durante mil anos
(posições Pré-Milenistas), e um governo espiritual que precede a Segunda
Vinda.

Em um Milênio futuro e literal, a terra será restaurada (Rm 8:20-23). Não se trata
do novo céu e nova terra, mas uma terra restaurada provisoriamente. Essa terra
será governada pelo próprio Jesus, e Jerusalém será a capital do mundo (Is 2:1-
3; 60:3), onde Cristo se assentará sob o trono de Davi e regerá todas as nações
(Zc 14:9). A Igreja reinará com Cristo, de modo que todos os salvos serão reis e
sacerdotes, reinando com poder e autoridade (Ap 2:26; 20:6). Nesse reino
Milenial, participarão todos os salvos, o remanescente dos israelitas e os que
escaparem da Grande Tribulação (desde que não tenham ficado de lado
opostos ao povo de Israel). Haverá um grande avivamento espiritual como
nunca houve, já que o próprio Cristo estará literalmente na terra. A natureza
será transformada, de modo que os efeitos do pecado serão temporariamente
removidos, além de que todos os habitantes serão prósperos e
maravilhosamente saudáveis. Nesse período Satanás estará literalmente
“acorrentado”, e, ao final dos mil anos, ele novamente será solto para enganar e
corromper as nações.
Em um Milênio espiritual, a prisão de Satanás ocorreu na Primeira Vinda de
Cristo (Mt 12:29; Lc 10:17,18; Jo 12:31,32; Cl 2:15; Hb 2:14; 1Jo 3:8; Ap 12:5-17),
ou seja, essa prisão está diretamente ligada à obra redentora de Cristo na cruz.
Nessa interpretação o aprisionamento de Satanás significa uma restrição de seu
modo de agir em relação ao período anterior ao ministério de Cristo, onde ele
segava todas as nações, de modo que no Antigo Testamento é possível notar
que apenas Israel (salvo raríssimas exceções) tinha o conhecimento do
verdadeiro Deus, isto é, a maior parte do mundo era predominantemente pagã.
Agora com esse aprisionamento, Satanás não pode impedir que o Evangelho
seja pregado por todo mundo, e muito menos destruir a Igreja de Cristo. A
história do Cristianismo deixa esse princípio bem claro, quando nitidamente
vemos a Igreja triunfando sobre todos os problemas e perseguições que
surgiram ao longo do tempo. Assim, os mil anos é simbólico, e significa um
longo período de tempo completo. Cristo recebeu do Pai o reino, e o Milênio é
o período descrito pelo Apóstolo Paulo em 1 Coríntio 15:23-25, onde Cristo
reina até colocar todos os Seus inimigos debaixo dos seus pés. Nessa
interpretação, enquanto a Igreja avança e prega o Evangelho na terra, as almas
dos salvos que já morreram reinam com Cristo no céu, aguardando o momento
tão esperado da Segunda Vinda e o Juízo Final.

III- Aspectos Relevantes do Milênio


A discussão sobre o Milênio está diretamente ligada ao sistema de leitura do
livro do Apocalipse.

Geralmente quem adota a posição de um Milênio espiritual que precede a volta


de Cristo, utiliza um sistema de leitura recapitulativa, onde o livro do Apocalipse
é dividido em sete seções paralelas e progressivas, isto é, onde a mesma
história é contada e recontada sete vezes, porém de perspectivas diferentes, e,
conforma as seções vão avançando, a narrativa também vai se intensificando e a
revelação vai ficando mais clara. Nesse sistema, o capítulo 19 do Apocalipse
retrata o dia do juízo, e o capítulo 20 retorna ao começo da atual dispensação,
semelhante ao que ocorre com os capítulos 11 e 12, onde no final do capítulo
11 é anunciado o dia do juízo, e no começo do capítulo 12 a história é
novamente recomeçada contando o nascimento, ascensão e coroação de Cristo.
Há também quem adote a visão Pré-Milenista (principalmente o Pré-Milenismo
Histórico), e também utilize o sistema de recapitulação, porém entende que
entre os capítulos 19 e 20 há uma sequência de eventos e não uma
recapitulação.
Já quem segue o Pré-Milenismo Dispensacionalista, geralmente adota o sistema
de sucessão cronológica do Apocalipse, ou seja, cada capítulo sucede o outro
cronologicamente. Esse sistema de leitura obrigatoriamente culminará na
interpretação de um Milênio futuro literal.

Conclusão
O debate sobre o Milênio é um dos mais intensos dentro da Teologia, e está
longe de ser resolvido. Reconheço que todas as posições apresentam
problemas, porém algumas mais do que outras. Embora seja um tema
importante, não o considero como um ponto primário na fé cristã, assim, cada
cristão deve analisar todas as interpretações possíveis e ficar livre para escolher
a que lhe parecer mais coerente.
Lição 09: Novos Céus e Nova Terra

Texto Áureo:
Assim que aquele que se bendisser na terra, se bendirá no Deus da verdade; e
aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão
esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos. (Isaías
65:16)
Leitura Bíblica em Classe:
E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe.
E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu,
adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.
E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os
homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará
com eles, e será o seu Deus.
E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem
pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.
E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E
disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.
E as nações dos salvos andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua
glória e honra.
E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite.
E a ela trarão a glória e honra das nações.
E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira;
mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro. (Apocalipse 21:1-5,24-
27)
Introdução
Após o Juízo Final se dará início o Estado Eterno, onde o primeiro céu e a
primeira terra já passaram (Ap 21:1). Sabemos que Deus, mesmo agora no
presente, já habita com Sua Igreja pelo Espírito, porém a habitação divina será
completamente perfeita nos novos céus e na nova terra. Há muitos mistérios
sobre esse estado futuro, mas o que Deus achou por bem nos revelar através
das Escrituras, é suficiente para entendermos que nada do que conhecemos ou
podemos imaginar se comparam com o esplendor da comunhão entre Deus e
Sua Igreja por toda eternidade.
I- Todas as Coisas Serão Renovadas
Entre os estudiosos existe uma discussão sobre como se dará os novos céus e a
nova Terra. Alguns defendem que o universo que conhecemos será totalmente
destruído, e Deus fará novamente tudo do zero. Outros entendem que não, ou
seja, o presente universo não será destruído, mas renovado. Penso que melhor
posição é a última. Para mim, há base bíblica suficiente para entendermos que
haverá uma renovação, e não uma criação a partir do nada, embora seja certo
que esse universo passará por uma transformação tão profunda que refletirá
uma nova criação. Outro ponto importante que devemos considerar é que a
palavra grega originalmente utilizada em Apocalipse implica na idéia de um
“novo” mundo, mas não um “outro” mundo.
II- Novos Céus e Nova Terra
Considerando a posição discutida no tópico anterior, acreditamos que os céus e
a Terra que hoje existem, serão purificados pelo fogo, e todos os efeitos do
pecado sobre a presente criação serão completamente removidos. O apóstolo
Pedro falou sobre isso em sua segunda Epístola:
Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com
grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que
nela há, se queimarão.
Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em
santo trato, e piedade,
Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em
fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?
Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que
habita a justiça.
(2 Pedro 3:10-13)
O universo que conhecemos estará totalmente rejuvenescido, existindo em toda
sua plenitude, onde a criação estará realizada em completa potencialidade.
Paulo, escrevendo aos Romanos, fala sobre a grande expectativa da criação em
relação a esse dia:

Pois a criação foi sujeita à vaidade {não voluntariamente, mas por vontade
daquele que a sujeitou},
todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção,
para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o
presente dia.
(Romanos 8:20-22)
Quando encontramos nas Escrituras a expressão de que “Cristo tira o pecado do
mundo” (Jo 1:29), essa declaração não está resumida exclusivamente a pessoas,
mas a criação em si. Nem todas as pessoas serão salvas, portanto nem todas as
pessoas terão seus pecados “tirados”, mas a criação, que é importante para
Deus, pois foi criada para Sua glória, terá os efeitos do pecado arrancados de si.
É nesse sentido que tais referências se cumprem totalmente.

Algumas pessoas tem uma idéia de que os novos céus e a nova Terra será um
paraíso espiritual. Esse tipo de visão vem desde a idade média, onde o paraíso
futuro sempre era retratado como um lugar entre nuvens, onde as pessoas
ficarão eternamente flutuando com “harpas” nas mãos, ou seja, um paraíso
puramente etéreo. Porém, os textos bíblicos nos mostram que esse paraíso
futuro, entre outros aspectos, também será corporal. É difícil explicar essa
característica, pois nosso raciocínio humano não consegue compreender. É algo
infinitamente superior ao que conhecemos na presente era.

Na eternidade não seremos apenas “almas” voando de um lado para outro, ao


contrário, teremos um corpo glorificado, ressurreto, semelhante ao corpo de
Cristo. Isso é diferente do conceito exato de “físico” como conhecemos hoje,
mas será corporal, palpável, concreto e maravilhoso.
Não será apenas a Terra que será transformada, mas os céus também serão.
Aqui podemos incluir o próprio céu, onde é a morada de Deus. Poderíamos
discutir em um longo texto sobre as razões dessa transformação no céu, porém
quero citar apenas a principal razão: o grande propósito de Deus é habitar
conosco, habitar com Sua Noiva, com Sua Igreja. Esse conceito fica bem claro
nos capítulos 21 e 22 do Apocalipse, onde é possível com facilidade notar que o
céu “descerá” à terra. Podemos então dizer que a renovação dos céus tem o
objetivo de tornar os céus e a Terra um único lugar.

Esse estado futuro será incalculavelmente superior aos dias do Éden antes da
queda. Antes do pecado sabemos que Deus descia à terra para conversar com
Adão na viração do dia. Claro que isso já era algo maravilhoso, mas podemos
entender que havia uma distância. Porém nos novos céus e na nova Terra, Deus
não descerá em alguns momentos para conversar conosco, ao contrário, Ele
habitará todos os dias, por toda a eternidade com Seu povo.

III- Nova Jerusalém


Sobre a Nova Jerusalém, também existe alguma discussão entre os teólogos,
isso devido às diferentes interpretações do livro do Apocalipse e as várias
correntes escatológicas defendidas pelos cristãos.

De uma forma bem resumida podemos separar as diferentes opiniões em dois


grupos:

 Os que interpretam a descrição da Nova Jerusalém no capítulo 21 como


literal, ou seja, tudo é exatamente como está descrito. Por exemplo, quando
João revela que o muro têm uma medida de 144 côvados, é porque
literalmente trata-se de um muro com exatamente essa altura. Há também os
que interpretam a Nova Jerusalém como uma cidade literal, mas considera
que a descrição é simbólica.
 Os que interpretam a descrição da Nova Jerusalém como simbólica. Ao
contrário do que alguns pensam, interpretar dessa forma não é entender que
a Nova Jerusalém se trata de “utopia”, mas é considerar o padrão literário do
livro do Apocalipse, onde claramente é rico em simbologia, e perceber que a
descrição da Nova Jerusalém obedece a esse padrão, onde uma realidade
indescritível é revelada através de símbolos.
Particularmente, acredito que a última posição é a mais coerente. É a
interpretação natural do próprio Apocalipse. A Nova Jerusalém não é apenas
uma cidade, ela é muito mais do que isso. A Nova Jerusalém é a própria Noiva
do Cordeiro (Ap 19:7).
Conclusão
Realmente não é uma tarefa fácil compreender algo indescritível. Ainda vivemos
em um mundo corrompido pelo pecado, e nossa natureza é muito limitada para
compreender mistérios tão maravilhosos e insondáveis para nós.

Mas se por um lado é tão difícil para nós compreender essas coisas, por outro
lado somos confortados pela promessa de que um dia entenderemos
completamente e, pessoalmente, estaremos eternamente com Deus. Nós não
devemos almejar os novos céus e a nova Terra pela beleza sem igual que lá
haverá, mas porque nós contemplaremos a face de Deus.

Lição 10: O Juízo Final

Texto Áureo:
E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença
fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. (Apocalipse 20:11)
Leitura Bíblica em Classe:
Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as
trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. (João 3:18,19)
E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença
fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e
pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro
livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam
escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e
a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um
segundo as suas obras.
E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.
(Apocalipse 20:11-15)
Introdução
Todas as correntes escatológicas concordam que haverá o Juízo Final, porém,
devido às diferentes interpretações acerca da cronologia dos eventos
escatológicos, o Juízo Final terá características específicas em cada uma das
interpretações. Em algumas, haverá apenas um único julgamento, enquanto em
outras a ideia de mais de um julgamento será defendida. Vejamos nessa lição,
as diferentes interpretações sobre o assunto.

I- Eventos que Antecedem ao Juízo Final


Os eventos que antecedem ao Juízo Final dependerão da corrente escatológica
abordada. Antes de falarmos sobre tais eventos, precisamos conhecer o que
cada corrente escatológica defende sobre o Juízo Final:

 Amilenismo: Julgamento geral de todas as pessoas na Segunda Vinda de


Cristo.
 Pré-Milenismo Histórico: Julgamento na Segunda Vinda de Cristo e também
após o Milênio.
 Pós-Milenismo: Julgamento geral de todas as pessoas na Segunda Vinda de
Cristo.
 Dispensacionalismo Clássico: Três julgamentos sendo eles:
1. Julgamento das obras dos salvos no arrebatamento;
2. Julgamento de judeus e gentios no final da Grande Tribulação;
3. Julgamento geral dos ímpios após o Milênio.
Com base no comparativo acima, já podemos definir claramente quais eventos
antecedem o Juízo Final em cada uma das interpretações citadas:

 Amilenismo: nessa interpretação, o Milênio é espiritual e acorre na presente


era. Logo, os eventos que antecedem o Juízo Final é a Grande Tribulação
seguida pela Segunda Vinda de Cristo em Glória.
 Pós-Milenismo: alguns estudiosos dessa linha escatológica entendem que
haverá uma grande apostasia que precederá a Segunda Vinda de Cristo.
Outros acreditam que quando Cristo voltar, o cristianismo estará no auge, e a
maior parte das pessoas estará convertida. Assim, se a primeira posição for
adotada, os eventos que antecedem o Juízo Final serão a grande apostasia, e
a Segunda Vinda de Cristo. Já na última posição, o evento que antecede o
Juízo Final é a Segunda Vinda de Cristo.
 Pré-Milenismo Histórico e Pré-Milenismo Dispensacionalista: em ambas
correntes escatológicas o Juízo Final é precedido pela última revolta de
Satanás que será solto após o Milênio, e sua condenação eterna.
II- O Juízo Final
Como vimos no tópico anterior, cada corrente escatológica possui suas
particularidades acerca do Juízo Final.

A posição mais complexa é o Pré-Milenismo Dispensacionalista, pelo fato desse


sistema exigir várias ressurreições e, consequentemente, vários julgamentos
separados. O primeiro julgamento é o das obras dos crentes que ocorrerá por
ocasião do Arrebatamento Secreto. Esse evento é chamado de Tribunal de
Cristo. Depois haverá o julgamento dos gentios que estiverem vivos na ocasião,
que ocorrerá na segunda fase da volta de Cristo após a Grande Tribulação.
Também haverá o julgamento de Israel imediatamente antes do Milênio. Por
último, haverá o julgamento geral de todos os ímpios que já morreram desde o
início, dos crentes que morreram durante e após o Milênio, e todos que
estiverem vivos na ocasião. Esse último julgamento é o Juízo Final, ou
Julgamento do Trono Branco. Nesse último julgamento também serão julgados
aos anjos caídos. Também é verdade que não existe um consenso entre os Pré-
Milenistas Dispensacionalistas sobre esse assunto, pois alguns estudiosos dessa
corrente escatológica consideram até sete julgamentos diferentes.
No Pré-Milenismo Histórico também ocorre várias discordâncias entre seus
defensores. Alguns defendem que no Juízo Final serão julgadas todas as
pessoas, ímpios e santos, que viverão em todos os tempos. Outros defendem
que apenas os ímpios que viverão desde a criação, e os santos que viveram
durante e após o Milênio é que serão julgados. Também serão julgados nesse
momento os anjos caídos que se rebelaram contra Deus.

Tanto no Amilenismo, quanto no Pós-Milenismo, haverá apenas um único


julgamento, que é o Juízo Final, onde serão julgados tanto os ímpios quanto os
santos de todas as épocas, além também dos anjos caídos. O fato de os santos
passarem por esse julgamento não implica na possibilidade de condenação
para estes, ao contrário, os santos não precisaram temer esse momento, pois
estarão justificados pelos méritos de Cristo, além de também participarem
ativamente desse momento ao lado de Cristo (1Co 6:2,3).

III- As Bases do Juízo Final


Independente da corrente escatológica adotada, algumas bases do Juízo Final
são comuns a todas elas:

 O propósito do Juízo Final: o propósito principal do Juízo Final será mostrar


a soberania e a justiça de Deus, para que Ele seja glorificado.
 Como os homens serão julgados: a bem-aventurança eterna ou a
condenação eterna dependerá se a pessoa estiver sido justificada em Cristo.
Fora de Cristo não nenhuma hipótese de salvação. Porém também haverá
graus de castigo, e isso será definido de acordo com a quantidade de
conhecimento que a pessoa recebeu (Rm 2:12), como ela usou esse
conhecimento (Lc 12:47,48). Da mesma forma também haverá graus de gloria
para os salvos (1Co 3:12-14).
 Quem será o juiz: Deus, por meio do Cordeiro, Jesus Cristo, será o Juiz. Em
passagens como Daniel 7:13; Mateus 25:31,32; 26:64; 28:18; João 5:27 e
Filipenses 2:9,10, fica claro que a honra de julgar os vivos e os mortos foi
concedida a Cristo.
 Onde ocorrerá o julgamento: alguns estudiosos acreditam que será na terra,
enquanto outros defendem que será nos ares. O que podemos afirmar com
toda certeza é que o julgamento ocorrerá diante de um grande trono branco
(Ap 20:11). Particularmente prefiro a última sugestão.
 Qual será a duração do Juízo Final: a Bíblia se refere a esse momento como
“o dia do Juízo” (Mt 11:22), “aquele dia” (Mt 7:22; 2Ts 1:10; 2Tm 1:12) e “o dia
da ira” (Rm 2:5). Porém não temos como afirmar a duração desse dia, ou seja,
não necessariamente precisará ser um dia de vinte quatro horas.
 Qual o significado maior do Juízo Final: esse momento significa que a
história não é conduzida pelo acaso, demonstrando que Deus é soberano e
governa a história, e esse dia mostrará o triunfo final de Deus e de Sua obra
redentora, ou seja, a conquista final e decisiva sobre todo mal e a revelação
final da vitória de Cristo, o Cordeiro que foi morto. O Juízo Final revelará que a
vontade de Deus será executada perfeitamente.
Conclusão
Como vimos existem várias interpretações diferentes sobre o Juízo Final. O
objetivo desse texto foi mostrar, de forma geral, o que cada corrente
escatológica defende sobre o assunto. Ficou claro que não analisamos
biblicamente qual a posição mais coerente, faremos isso em um próximo texto.

Mesmo com tantas diferenças, creio que esse não deva ser um motivo de
divisão entre os cristãos. Particularmente penso que haverá apenas um único
julgamento, para mim isso fica claro em todos os textos bíblicos que se referem
a este assunto, principalmente o capítulo 20 do livro do Apocalipse.

Entretanto, tenho todo respeito por quem pensa diferente e os considero


genuinamente meus irmãos em Cristo. Sem sombra de dúvida, podemos dizer
que maior é o que nos une: a esperança de que Cristo voltará para buscar Seu
povo, e eternamente vivermos com Ele. Se haverá um, dois ou três julgamentos,
acredito fielmente que chegará o dia em que descobriremos pessoalmente.

Lição 11: A Eternidade

Como seremos na Eternidade?

Jesus Cristo não só anunciou o Reino dos céus (Mt 4.17) através de profecias e
parábolas, como Ele mesmo se tornou a maior revelação bíblica sobre a
Eternidade (Jo 17.3, 1Jo 5.11-12). Por meio da sua ressurreição (At 1.3), nós
podemos conhecer a melhor como será nosso corpo, o nosso entendimento, e
os nossos sentimentos no Reino dos céus (Rm 6.5).

1. O nosso corpo

A Bíblia diz que nós seremos semelhantes a Jesus Cristo (1Jo 3.2-3), e que, assim
como Ele, também teremos nosso corpo glorificado, ou seja, um corpo que não
se cansa, não sente dor, não envelhece e não morre (1Co 15.48-53).

O corpo glorificado é tão superior ao que nós temos hoje, que a Bíblia ilustra
essa diferença dizendo que nosso corpo terrestre seria como uma simples
semente, enquanto o corpo celestial seria como uma árvore (1Co 15.35-44).

Sendo assim, esse novo corpo pode assumir características humanas, sem ser
limitado por elas. Jesus se manifestou em diferentes formas após sua
ressurreição (Mc 16.12, Jo 21.12), às vezes sendo reconhecido, às vezes não.

Outro aspecto impressionante desse corpo é a forma como ele se desloca de


um lugar para o outro. Jesus simplesmente desapareceu da presença de dois
discípulos (Lc 24.31) e, pouco tempo depois, apareceu dentro de uma sala que
estava com as portas trancadas.

Jesus inclusive pediu para que seus discípulos o tocassem e comprovassem que
não se tratava de um espírito, mas de um ser de carne e osso (Lc 24.38-39).
Jesus comeu e bebeu com os discípulos depois que ressuscitou dentre os
mortos (At 10.40-41, Lc 24.42-43).

Resumindo, tudo indica que, assim como Jesus, teremos um corpo físico que
não é sujeito ao tempo, pois não se desgasta e nem envelhece; que não é
sujeito à matéria, pois pode tanto atravessar uma parede como encostar nela; e
que não é sujeito ao espaço, pois pode se deslocar de um lugar para o outro
independente da distância.

Poderemos comer, andar e respirar, sem depender de alimento, gravidade ou


oxigênio (1Co 15.47). Dá para se imaginar como será ter um corpo assim?
2. O nosso entendimento

E o que a Bíblia diz sobre o nosso nível de conhecimento e de consciência na


eternidade? Será que reconheceremos uns aos outros?

Bom, apesar da Bíblia dizer em Isaías que não haverá lembrança das coisas
passadas, e nem memória delas (Is 65.17), o contexto indica se tratar de
angústias, tristezas e sofrimentos (Is 65.16), e não de tudo que foi construído
em nossa memória.

Afinal, pelo que a Bíblia diz e pelo que observamos em Jesus, seremos perfeitos
em unidade com Deus (Jo 17.22-24), mas continuaremos possuindo uma
personalidade e uma identidade própria, tendo plena consciência de quem
somos e de quem são as outras pessoas.

E o mais impressionante é que a Bíblia diz que nós conheceremos plenamente


como somos plenamente conhecidos (1Co 13.12), ou seja, conheceremos a
Deus da mesma forma como Deus nos conhece (Sl 139.1-2). Será que é possível
mensurar de que nível de entendimento nós estamos falando? (1Co 2.16)

3. Os nossos sentimentos

Mas, e quanto aos nossos sentimentos, será que teremos vontades, anseios e
emoções na eternidade?

Bem, se a Bíblia descreve o céu como um lugar de prazer e alegria eterna, é


obvio que sim. Aliás, aqui nós cansamos da rotina e enjoamos das coisas (Pv
23.5), mas na eternidade não existe nada disso, é como experimentar algo novo
e bom a todo momento (Ap 21.5).

Não há absolutamente nada que nós possamos vivenciar aqui na terra, que seja
superior, ou chegue até mesmo perto do que haverá na eternidade (2Co 12.1-
4).

Pense no maior prazer que você já experimentou na vida, seja através do


dinheiro, do sexo ou das drogas. Pense em quanto tempo durou essa sensação?
Talvez um dia, um minuto, uma hora? O Reino dos céus é como desfrutar de
uma sensação infinitamente superior, sem intervalo, por toda eternidade.

O que faremos na Eternidade?

Agora, algo que com certeza vai nos surpreender de forma absurda, será aquilo
que faremos na eternidade. A começar pelo fato, de que a Bíblia descreve um
período em que nós reinaremos com Cristo (2Tm 2.12, Ap 5.10, Ap 20.4-6).

E julgando pelo corpo e pelo entendimento que teremos, as possibilidades são


realmente enormes. Mas, pensando nisso, será que teremos a mesma
capacidade na Vida Eterna? Desempenhando as mesmas funções e tendo as
mesmas responsabilidades? Bom, de acordo com a Bíblia resposta mais
provável é não!
Jesus disse que retribuirá a cada um de acordo com o que fez (Ap 22.12), que
haverá aquele que será considerado grande no Reino dos céus (Mt 5.19), que
alguns irão assumir responsabilidades maiores do que outros (Lc 19.16-19) e,
por fim, nos ensinou que boas obras aqui, acumulam tesouros na eternidade.

Galardão

A Bíblia chama isso de galardão (Mt 5.12, 1Co 3.14), a palavra grega é misthos, e
pode ser traduzida como valor pago pelo trabalho, salário ou recompensa. A
salvação é pela graça, independente das obras (Ef 2.8-9). Mas o galardão será
fruto do nosso trabalho para o Reino, nós seremos recompensados pela
realização das obras que Deus preparou para cada um de nós (2Co 5.10, Ef
2.10).

O galardão pode tanto estar relacionado ao que Deus irá compartilhar de sua
própria natureza, quanto à posições de autoridade e responsabilidade sobre
aquilo que Ele criou e ainda irá criar no Universo, Ap 3.21.

E, ao contrário do que se possa pensar, não haverá nenhum sentimento de


inveja por aquilo que outros receberão, ou até mesmo de tristeza, por causa
daqueles que não serão salvos (Ap 21.4). E a razão disso é que estaremos
plenamente satisfeitos, ao ver que Deus foi perfeitamente justo (Dt 32.4, 2Pe
3.13).

Expectativa versus realidade

Apesar de todas estas possibilidades parecerem incríveis e extraordinárias, é


preciso que fique muito claro de que ainda sim, estamos imaginando algo
infinitamente inferior ao que de fato iremos encontrar na eternidade (Is 64.4, Sl
145.3, Sl 147.5, Rm 11.33).

Se para as coisas aqui na da Terra, nossa expectativa é quase sempre maior do


que a realidade (Ec 2.10-11, Ec 5.10), na Eternidade será o contrário.

A Bíblia diz que “O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo.
Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria,
foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo.” Mt 13.44 (NVI).

Que tipo de renúncia seria grande demais, quando temos certeza e prova
daquilo que nos espera ? (Hb 11.1). É possível continuar vivendo no pecado,
sabendo que ele nos mantém longe de tudo isso ?

Afinal, assim como existe a eternidade com Deus, também existe a eternidade
sem Deus (2Ts 1.9), também conhecida como segunda morte (Ap 21.8) ou
tormento eterno (Mt 25.46, Dn 12.2).

Quando nos arrependemos dos pecados (At 17.30-31) e entregamos nossa vida
à Jesus Cristo (Rm 10.9-10), nós somos perdoamos por Deus (Cl 2.13),
purificados do pecado (1Jo 1.7), salvos da condenação no inferno (Jo 3.18) e nos
tornamos herdeiros da vida eterna no Reino dos céus.

Agora, muito do como será nossa vida na eternidade, depende do que iremos
fazer a partir hoje (Ec 12.13-14, 1Co 15.58).

Lição 12: A Mensagem do Apocalipse - 1ª PARTE

O Livro do Apocalipse

O livro do Apocalipse certamente é considerado por muitos cristãos como


o livro mais difícil de interpretar na Bíblia. Realmente sua interpretação não é
das mais fáceis, porém muita gente desconhece os princípios básicos e as
características principais sobre o livro. Ao contrário do que muita gente pensa,
há muito mais no livro do Apocalipse do que apenas um tipo de “manual
sobre o futuro”.
O que significa Apocalipse?
O título do livro (Apocalipse) vem do grego Apokalypsis e significa “revelação”
ou “desvelamento”. Seu estilo literário contém muitos elementos simbólicos,
como também ocorre em algumas partes de outros livros bíblicos, como
Ezequiel, Daniel e Zacarias.
Quem escreveu Apocalipse?
No capítulo 1 o autor se identifica como João e, desde o século II d.C., acredita-
se que esse João se trata do Apóstolo João. É verdade que existe uma critica
sobre essa afirmação, e alguns estudiosos defendem a ideia de que o Apóstolo
João e o autor do livro do Apocalipse sejam pessoas diferentes.

O primeiro a levantar essa possibilidade foi Dionísio no século III d.C., após
comparar o estilo literário de Apocalipse com o Evangelho de João. Apesar
dessa crítica, a opinião mais aceita, e também mais provável, é que realmente
tenha sido o próprio Apóstolo João o seu autor.

Data e contexto histórico de Apocalipse


Existe uma discussão sobre a data em que o livro do Apocalipse foi escrito.
Alguns estudiosos entendem que Apocalipse foi escrito antes de 70 d.C., entre
54 e 68 d.C., durante o governo do imperador romano Nero Cesar. Geralmente
são os preteristas que adotam uma data anterior a 70 d.C., pois atribuem boa
parte do livro a destruição de Jerusalém.
Outros estudiosos defendem que Apocalipse foi escrito após 70 d.C., entre 81 e
96 d.C. durante o governo de Domiciano. A interpretação mais aceita é que
Apocalipse tenha sido escrito na década de 90 d.C. Independente da data, a
verdade é que o livro do Apocalipse foi escrito em um período muito difícil
para os cristãos.
Embora a maioria das pessoas abra o livro do Apocalipse querendo enxergar
apenas acontecimentos futuros, o contexto histórico do livro é muitíssimo
importante para compreendê-lo com coerência e sensatez. Aplicar uma
interpretação estritamente futurista ao Apocalipse é cometer um erro básico de
hermenêutica e desconsiderar a própria história do cristianismo.

O livro foi escrito por João enquanto prisioneiro na ilha de Patmos, e


inicialmente é dirigido as sete igrejas da Ásia Menor (atual região ocidental da
Turquia), sendo elas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e
Laodicéia.
Naquela época havia muita perseguição sobre cristãos e, na própria carta à
igreja de Esmirna no capítulo 2, é alertado que ainda mais perseguições
haveriam de acontecer. Falsos mestres estavam ensinando heresias que
minavam o entendimento de alguns e se alastravam entre os cristãos, como por
exemplo o Gnosticismo.

Tais ensinamentos heréticos tentavam aproximar o paganismo e o cristianismo.


Combinado a tudo isto, ainda existia a perseguição física e moral por parte do
Império Romano. Após a queda de Jerusalém, foi imposto o culto ao imperador,
e os oficiais romanos tentavam forçar os cristãos a adorar o próprio governante
romano. Como sabemos, esse foi um período complicado e de muitos mártires.

É no meio desse cenário que Cristo dá uma série de revelações a João. No


capítulo 1 e versículo 19, podemos notar que o propósito do livro do
Apocalipse abrange os acontecimentos presentes da época e os
acontecimentos que ainda iriam ocorrer.
Basicamente, a mensagem do livro do Apocalipse para as sete igrejas é que
Cristo estava ciente das condições que os cristãos estavam enfrentando, e os
exorta a continuarem firmes, resistindo a todas as tentações e dificuldades, pois
a vitória já foi garantida pelo próprio Jesus, e em breve Satanás será derrotado
definitivamente e a Igreja reinará eternamente com Deus.

É por esse aspecto que podemos observar o propósito principal do livro de


Apocalipse, e entendermos que o conteúdo do livro não está restrito apenas
àquelas igrejas, mas é uma mensagem endereçada a todas as igrejas de todos
os períodos até o fim dos tempos, ou seja, mostra o reinado de Deus sobre toda
a História, culminando em um final triunfante em Cristo. Sem dúvida o
Apocalipse aborda o passado, presente e futuro.

Diferentes interpretações sobre o livro de Apocalipse:


Os estudiosos discordam entre si sobre a maneira correta de interpretar o
livro do Apocalipse. Dessas discordâncias surgiram quatro estilos de
interpretação:
 Preterista: praticamente tudo já se cumpriu na destruição de Jerusalém e na
queda do Império Romano;
 Historicista: as revelações vão se cumprindo no decorrer da história da igreja
até a Segunda Vinda de Cristo;
 Idealista: as revelações não descrevem eventos específicos, mas princípios
espirituais que se aplicam a toda história da igreja;
 Futurista: praticamente tudo será cumprindo em um período final que
antecede a volta de Cristo.
Para saber mais sobre isso leia nosso texto “Métodos de Interpretação do Livro
de Apocalipse“.
Penso que a maneira mais correta de interpretar o livro do Apocalipse seja uma
combinação dos quatro estilos de interpretação acima. Sob esta perspectiva,
podemos dizer que muitas passagens de Apocalipse possuem três aplicações,
ou seja, tratam de eventos específicos do século I, de momentos ao longo da
história da igreja e também fazem referência ao período de crise final que
antecede a segunda vinda de Cristo.

Posições a cerca do Milênio:


Outro ponto que é alvo de muita discussão em Apocalipse é o período de mil
anos descrito no capítulo 20 com Cristo reinando. Sobre esse período, existem
basicamente três interpretações:

Pré-Milenistas: defendem que esse período ocorrerá após a segunda vinda de


Cristo, com Ele reinando literalmente sobre a terra durante mil anos, ou para
alguns, não necessariamente mil anos, mas durante um longo período de
tempo.
Pós-Milenistas: acreditam que o milênio se refere a um período final da
História da Igreja na terra, onde haverá paz e prosperidade sem igual, devido à
evangelização que resultará na conversão da maioria das pessoas.
Amilenistas: entendem que o milênio é um reinado espiritual que ocorre com a
igreja na terra pregando o Evangelho e com os santos juntamente com Cristo
no céu. Esse período então foi iniciado na primeira vinda de Cristo, onde
Satanás foi preso com a vitória de Cristo na crucificação e ressurreição. A
maioria dos Amilenistas também defende um período final de grande tribulação
sobre a terra antes da segunda vinda de Cristo.
Para saber mais sobre isso leia nosso texto “As Diferentes Correntes
Escatológicas“.
É importante dizer que nenhuma das opiniões acima nega a volta de Cristo,
apenas discordam entre si da ordem cronológica dos eventos futuros. Seja
como for, o importante é que todos concordam que Cristo voltará, que os
ímpios serão julgados e condenados eternamente junto com Satanás e seus
anjos, e o povo de Deus viverá eternamente com Ele.

Diferentes leituras de Apocalipse:


Existem basicamente duas formas de leitura e organização do livro do
Apocalipse: Leitura Progressiva e Leitura Recapitulativa.
A Leitura Progressiva (ou Sucessiva) organiza o conteúdo de Apocalipse como
eventos sucessivos cronologicamente. Já a Leitura Recapitulativa (ou Paralelismo
Progressivo), divide o conteúdo do livro em seções que recapitulam os mesmos
eventos, ou seja, a mesma história é contada várias vezes adicionando em cada
repetição novos elementos e detalhes que vão intensificando a narrativa.

Para saber mais sobre isso leia nosso texto “Leitura de Recapitulação ou de
Sucessão em Apocalipse?“.
Esboço do livro do Apocalipse:
Dependendo do tipo de leitura adotado para organizar o conteúdo do
Apocalipse, o esboço pode sofrer diversas modificações. Mas bem
resumidamente, um esboço simples e objetivo do livro de Apocalipse seria o
seguinte:

1. Capítulos 1 a 3 – Prólogo e as Cartas as Sete Igrejas: Cristo no meio dos Sete


Castiçais;
2. Capítulos 4 a 7 – Os Sete Selos (início da série de visões celestiais);
3. Capítulos 8 a 11 – As Sete Trombetas;
4. Capítulos 12 a 14 – O nascimento de Cristo e o Dragão perseguidor: A
Mulher e o Dragão;
5. Capítulos 15 a 16 – As Sete Taças;
6. Capítulos 17 a 19 – A Queda da Babilônia e das Bestas;
7. Capítulos 20 a 22 – O Reino dos Santos e o Juízo Final (incluindo as
exortações finais e o encerramento).

Lição 13: Como Estudar o Livro do Apocalipse? 2ª PARTE

Estudar o livro de Apocalipse não tem sido uma tarefa fácil entre os cristãos
ao longo dos tempos. Essa dificuldade, em parte se dá pelo estilo literário do
próprio livro, porém, algo que contribui muito para a falta de compreensão do
Apocalipse é a quantidade de teorias e interpretações equivocadas que
surgiram, principalmente nas últimas décadas.

Como estudar o livro do Apocalipse?


Existem diferentes interpretações e estilos hermenêuticos a respeito do
livro do Apocalipse. Conhecer profundamente cada uma dessas interpretações
ou “correntes escatológicas”, certamente será de grande utilidade para a leitura
do Apocalipse.
Tais interpretações diferem acerca do método de organização do conteúdo do
livro, do período em que as profecias do livro se referem, de como será a
segunda vinda de Cristo, qual será a condição da Igreja em relação a grande
tribulação, como se dará a ressurreição dos mortos, e, por fim, como interpretar
o milênio. Neste texto, veremos de forma resumida e simples, alguns pontos
importantes que devemos considerar ao ler e estudar o livro do Apocalipse.
Atenção ao Título do Apocalipse
Muitas pessoas já abrem o livro do Apocalipse como um tipo de código
criptografado acerca dos eventos futuros. Desenham mapas, criam fórmulas,
encontram elementos ocultos e, claro, se perdem num tipo de “neurose
escatológica”. Esse tipo de obsessão contradiz totalmente o título do livro que é
Apocalipse.

A palavra “Apocalipse” vem do grego “apokalypsis” e significa “revelação”, no


sentido de “tirar o véu”, “tirar aquilo que encobre”, ou seja, é o conceito oposto
do “oculto” e do “escondido”. O primeiro versículo do livro já nos ensina muito:
Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as
coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou
a João seu servo. (Apocalipse 1:1)
O livro do Apocalipse não esconde, ao contrário, ele revela. Note que a
revelação vem de Deus, e o objetivo é mostrar aos seus servos o que Ele quer
que estes saibam. Portanto, encare o livro do Apocalipse com essa
simplicidade inicial, e isso irá lhe servir de grande ajuda na compreensão do
livro.
Considerar o contexto histórico do Apocalipse
É impossível compreender corretamente o livro do Apocalipse se for
desconsiderado o contexto histórico em que o livro foi escrito. O escritor do
livro se apresenta apenas como João. Penso que o único João que poderia
escrever para sete igrejas da Ásia Menor, e que, naquela época, dispensava
maiores apresentações, é o Apóstolo João.
O livro provavelmente foi escrito entre 95 e 96 d.C., durante o governo do
imperador romano Domiciano. Esse foi um período onde a Igreja foi duramente
perseguida. Todos os Apóstolos já haviam sido mortos, com exceção de João,
que era o único Apóstolo ainda vivo, porém estava prisioneiro do Império
Romano.

O imperador havia se declarado deus e senhor, e o culto ao imperador tinha


sido instituído no império. Os cristãos estavam sendo perseguidos, torturados,
presos e mortos. Muitos corpos de cristãos serviam como “tochas humanas”
para iluminar a noite romana.

Não tão distante, eles presenciaram, segundo a tradição cristã, o apóstolo


Paulo sendo decapitado, o apóstolo Pedro crucificado de cabeça para baixo, e
agora o último Apóstolo, uma liderança importante para a Igreja Primitiva,
estava exilado na Ilha de Patmos. O cristianismo estava sendo massacrado, e
este parecia ser o fim. É nesse cenário que Deus revela a João o conteúdo do
livro do Apocalipse.
O propósito e o tema do livro do Apocalipse
Vimos no tópico anterior o contexto histórico do livro do Apocalipse. Portanto,
não podemos classificar o Apocalipse como um “manual sobre o futuro”. A
Igreja de Cristo naquela época estava enfrentando uma tribulação muito grande
e precisava de uma resposta. Imaginem a satisfação e a esperança daqueles
irmãos quando tiveram notícias de que o Apóstolo João havia tido revelações
da parte de Deus, registrado tais revelações e enviado o conteúdo para eles.

Não faz sentido algum entender que as revelações a partir do capítulo 4 se


referem exclusivamente a um período futuro. Eles esperavam por respostas e
consolo da parte de Deus. Eles não estavam interessados na situação do Oriente
Médio, na política da Europa e na influencia da América dois mil anos depois.
Digo isto porque muitos encontram no Apocalipse, através de mapas e códigos,
as empreitadas de Napoleão, o nazismo de Hitler, profecias de ataques
terroristas, as eleições presidenciais americanas e o comportamento da Rússia.
Esse não é o propósito verdadeiro do livro. O objetivo principal do livro do
Apocalipse é confortar a Igreja de Cristo diante das provações neste mundo,
mostrando que Deus está atento a suas lágrimas e aflições, e que existe uma
guerra espiritual muito maior do que se imagina, porém, a vitória de Cristo e de
Sua Igreja sobre Satanás, seus agentes e seguidores é garantida. O Apocalipse
ensina claramente para a Igreja que não há o que temer.

Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor


dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos,
e fiéis. (Apocalipse 17:14)
Organização do conteúdo do livro do Apocalipse
É muito importante organizar o conteúdo do livro do Apocalipse para que
possamos estudá-lo corretamente. O livro do Apocalipse pode ser dividido em
sete seções que contam a mesma história, porém de ângulos diferentes, ou seja,
é uma organização cíclica, de forma que em cada seção a narrativa vai se
intensificando, adicionando novos elementos e nos revelando em detalhes a
consumação da História com a segunda vinda de Cristo, o Juízo Final e o Estado
Eterno com novo céu e nova terra.
Esse sistema de organização é conhecido como Leitura de Recapitulação ou
Paralelismo Progressivo. O renomado teólogo e pastor Willian Hendriksen, um
dos maiores expositores do Novo Testamento, em sua obra Mais Que
Vencedores, propõe a seguinte organização:

1. Cristo no meio dos sete candeeiros de ouro (1-3);


2. O livro com os sete selos (4-7);
3. As setes trombetas de juízo (8-11);
4. A mulher e o filho perseguidos pelo dragão e seus auxiliares (12-14);
5. As sete taças de ira (15, 16);
6. A queda da grande Babilônia e das bestas (17-19);
7. O julgamento do dragão, seguido pelo novo céu e nova terra, e a descrição
da Nova Jerusalém (20-22).
Em todas essas seções temos referências à volta de Cristo e o Juízo Final (Ap 1:7;
6:12-17; 11:15; 14:14,15; 16:20; 19:11,12; 20:11-15). Esse sistema de
recapitulação, ou Paralelismo Progressivo, não é uma exceção do Apocalipse,
mas é amplamente encontrado em toda a Bíblia.

Existe também outro estilo de leitura, que é conhecida como Leitura de


Sucessão ou Linear, que como o próprio nome já diz, organiza o conteúdo do
livro de Apocalipse de forma cronológica e linear, ou seja, um capítulo sucede o
outro com eventos inéditos, porém esse sistema resulta em uma leitura
completamente confusa e sem propósito.

Simbolismo no livro do Apocalipse


Outra coisa muito importante é perceber os simbolismos utilizados no livro do
Apocalipse, e estar atento para não interpretá-los de forma literal. A maioria das
pessoas que consideram Apocalipse um livro aterrorizante e confuso, não se
atentam para os símbolos do livro, o que acarreta em um entendimento
bastante fantasioso.

No primeiro capítulo do livro já encontramos uma clara advertência de que as


visões dadas ao Apóstolo João seriam carregadas de simbolismo:

E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;
E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos
pés de uma roupa comprida, e cingido no tórax com um cinto de ouro.
E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus
olhos como chama de fogo;
E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados
numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas.
E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de
dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.
(Apocalipse 1:12-16)
Agora perceba como é interessante o último versículo do mesmo capítulo:

O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de
ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste,
são as sete igrejas. (Apocalipse 1:20)
Note que o versículo 20 interpreta a simbologia contida nos versículos
anteriores, onde temos uma descrição simbólica de Jesus, e que não deve ser
interpretada de forma literal. Cada detalhe dessa simbologia descreve a
majestade do nosso Senhor.

Os cabelos brancos como a alva lã simbolizam a eternidade; os olhos como


chamas de fogo mostram que os olhos do Senhor penetram cada coração, cada
lugar não ficando nada escondido; os pés de bronze mostram o juízo do Senhor
que pisa o iníquo; a espada de dois gumes que sai de Sua boca e a própria
Palavra de Deus, que penetrar, divide separa e nada pode lhe resistir; e seu
rosto como sol mostra todo o esplendor e resplandecência dEle, tão intenso e
glorioso que ao homem é impossível olhar.

Assim, entendemos claramente que essa figura é um símbolo de Cristo, e não


Sua descrição literal. O versículo 20 parece nos dar um aviso claro dizendo:
Preste atenção! Perceba a simbologia! Não interprete tudo de maneira literal,
pois se não, você não entenderá nada!

Este mesmo princípio simbólico é aplicado aos números encontrados no livro


do Apocalipse, que aparecem tanto explicitamente quanto implicitamente. Esse
tópico merece uma ampla análise, devido à tamanha profundidade do assunto.

Por hora, resumidamente, podemos dizer que o número mais significativo do


Apocalipse é o numero 7, sendo aplicado explicitamente 54 vezes no Apocalipse
e, implicitamente, podemos destacar que temos 7 seções que divide o conteúdo
(já apresentado), sete referências diretas a segunda vinda de Cristo e o juízo que
virá, 7 bem-aventuranças, 7 referências a Palavra de Deus, 7 vezes ocorre a
afirmação de que Deus é todo poderoso, dentre outras.

Também encontramos o número 4, sendo utilizado principalmente para


simbolizar eventos terrenos. É possível encontrar o número 3, tanto
implicitamente quando explicitamente. Já o número 10 sempre aparece ligado
às forças do mal, enquanto o número 12 e seus múltiplos sempre aparecem
ligados ao povo de Deus. Por fim, o número 6 também é registrado, quando ele
ocorre ou está ligado ao juízo de Deus sobre o mal, ou está ligado diretamente
ao próprio Satanás. Se o número 7 é o número divino, o 6 pode mostrar o como
Satanás e seus seguidores tentam ser parecido com Deus, porém fracassam, e
nunca conseguirão. O número 666 é um exemplo claro desse princípio.

Realmente a muito que ser dito sobre o livro do Apocalipse, e é necessário


constante estudo e oração para entender não só ele, mas toda a Palavra de
Deus. O principal ao estudar este livro tão maravilhoso, é perceber sua
simplicidade, sempre considerando a mensagem como um todo, focando
sempre a promessa de que o nosso Senhor voltará, julgará o mundo e para
sempre a Igreja viverá com Ele. Entendendo isso, as figuras simbólicas e os
detalhes presentes no Apocalipse serão mais facilmente interpretados.

Bibliografia:

- Myer Pearlman, através da Bíblia livro por livro. Editora Vida.

- site: https://estiloadoracao.com/escatologia

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