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FACULDADE BETHAKAM

Acadêmico: Silas Lemos da Silva

Disciplina: Escatologia Bíblica

Professor: Israel

Curdo de Bacharel em Teologia

Turno: Noturno

PÓS- MILENISMO

CONCEITO: O pós-milenismo se fundamenta na convicção de que a pregação do evangelho


terá tanto êxito que o mundo se converterá. O reinado de Cristo, cujo (locus) é o coração
humano, será completo e universal. O pedido ´´venha o teu reino, seja feita a tua vontade,
assim na terra como no céu´´ será concretizado. A paz prevalecerá e o mal será
praticamente banido. Então, quando os efeitos do evangelho forem plenos, Cristo voltará. O
pós- milenismo, portanto, é basicamente uma posição otimista.

HERMENUÊTICA: Os primeiros três séculos da igreja foram provavelmente dominados pela


posição que hoje chamaríamos de pré-milenismo, mas, no século quarto, um donatista
africano chamado Ticônio propôs uma concepção concorrente. Embora Agostinho fosse um
oponente veemente dos donatistas, ele adotou a posição do Ticônio sobre o milênio. Essa
interpretação se tornaria predominante no pensamento escatológico durante toda a Idade
Média. O milênio não está no futuro, mas já começou. Os mil anos se iniciaram com a
primeira vinda de Cristo. Em apoio a essa posição, Agostinho citou Marcos 3.27: ´´Pois
ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem que primeiro o amarre;
então lhe saqueará a casa´´. Na compreensão de Agostinho sobre esse versículo, o valente é
Satanás e os bens roubados representam as pessoas que, antes, estavam sob o controle
dele, mas agora são cristãos. Satanás foi amarrado na época da primeira vinda de Cristo e
permanecerá assim até o retorno do Senhor. Portanto, uma vez que Satanás está
incapacitado de enganar as nações, a pregação do evangelho tem grande êxito. Cristo reina
sobre a Terra. Entretanto, no final desse período milenar, Satanás será solto por um breve
momento antes de ser finalmente julgado.
Ainda que pareça difícil de conciliar essa posição com o que está acontecendo em nossos
sias, ela fazia mais sentido no contexto de Agostinho. O cristianismo havia alcançado êxito
político sem precedentes. Uma série de circunstâncias conduziu à conversão do imperador
Constantino, em 312, de modo que o cristianismo passou a ser aceito e se tornou
praticamente a religião oficial. A principal oposição à igreja, o Imperador Romano, havia
capitulado. Mesmo que o avanço da igreja fosse gradual e não repentino, seria seguro. Não
foram estabelecidas datas para a conclusão do milênio e a volta de Cristo, mas se
pressupunha que ocorreriam em torno o ano 1000.
Ao fim do primeiro milênio da história da igreja, tornou-se necessário revisar, de alguma
forma, os detalhes da posição pós-milenismo. O reino milenar já não era visto como um
período de mil anos, mas como a história da igreja como um todo. O pós-milenismo foi a
posição mais aceita durante os períodos em que a igreja parecia obter êxito na tarefa de
alcançar o mundo. Ela se tornou especialmente popular no final do século 19, época de
grande eficiência nas missões mundiais, bem como de interesses e avanços no âmbito
social. Consequentemente, parecia razoável presumir que, logo, o mundo seria ganho para
Cristo.

ENSINOS PRINCIPAIS: Um dos princípios mais importantes do pós-milenismo é a difusão


bem sucedida do evangelho. Essa ideia está fundamentada em vários textos bíblicos. No AT,
salmos 47;72 e 100; Isaías 45.22-25 e Oseias 2.23, por exemplo, deixam claro que todas as
nações conhecerão a Deus. Além disso, Jesus disse diversas ocasiões que o evangelho seria
pregado universalmente antes de sua segunda vinda. Um exemplo importante desse
ensinamento é encontrado em Mateus 24.14. Uma vez que a Grande Comissão deve ser
realizada com base na autoridade de Cristo (Mateus 28.18-20), ela está destinada ao êxito.
Com frequência, a ideia da propagação do evangelho inclui seus aspectos concomitantes- os
efeitos transformadores nas condições sociais acompanharão a conversão de grandes
multidões de ouvintes. Em alguns casos, a crença na expansão do reino assumiu uma forma
mais secularizada, de modo que a transformação social, não as conversões individuais, é
considerada o sinal do reino.
No pensamento pós-milenista, o reino de Deus é visto como uma realidade presente, aqui e
agora, e não como um domínio celestial futuro. As parábolas de Jesus, em Mateus 13, dão
uma ideia da natureza de seu reino. Ele é como fermento, espalhando-se gradualmente,
mas de forma garantida, por toda a massa. Seu crescimento será amplo, (ele se espalhará
por todo o mundo) e intenso (ele se tornará predominante). Também será tão gradual que o
início do milênio talvez mal seja notado por alguns. O avanço talvez não seja uniforme; na
verdade, é bem possível que a vinda do reino ocorra por meio de uma série de crise. Os pós-
milenistas estão abertos a aceitar aparentes revesses, visto que creem no triunfo final do
evangelho.
Segundo a posição pós-milenista, o milênio será um período extenso, mas não
necessariamente um período literal de mil anos. Na verdade, a posição pós-milenista sobre
o milênio geralmente é menos baseado em Apocalipse 20, em que o período de mil anos e
as duas ressurreições são mencionados, do que em outros trechos das Escrituras. O próprio
aspecto gradual da vinda do reino dificulta o cálculo da duração do milênio. A ideia é que
será um período prolongado, durante o qual Cristo, mesmo ausente fisicamente, reinará
sobre a Terra. Uma característica essencial que distingue o pós-milenismo das outras
posições sobre o milênio é que ele espera que as condições melhorem, então piorem, antes
da volta de Cristo. Portanto, é uma posição basicamente otimista.
Duas outras características de certas formas mais recentes do pensamento pó-milenista
merecem atenção. Uma delas é o reconstrucionismo cristão, movimento inspirado
inicialmente pela obra de Rousas Rushdoony, que defende a aplicação do ensinamento
bíblico a todas as áreas da vida, inclusive à esfera pública. A outra é o preterismo,
abordagem às profecias bíblicas que vê muitas delas se cumprindo na história da igreja, até
mesmo aplicando as que tratam da grande tribulação à perseguição dos cristãos no primeiro
século.

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