Você está na página 1de 5

1: INTRODUÇÃO À ESCATOLOGIA

NA VISÃO DA TEOLOGIA REFORMADA

A Escatologia é uma das áreas mais importantes da teologia, estuda as doutrinas


relacionadas aos últimos dias, à segunda vinda de Cristo, ao juízo final, ao destino final dos
crentes e dos incrédulos, e à consumação do reino de Deus; enquanto, a teologia reformada,
também conhecida como calvinismo, é uma corrente teológica que se originou com a Reforma
Protestante do século XVI e enfatiza a soberania de Deus na salvação e na história.
A Escatologia tem sido objeto de muitas controvérsias e especulações ao longo da
história da Igreja, e tem sido abordada de diferentes maneiras pelas diversas tradições
teológicas.
A Escatologia na visão da teologia reformada é baseada na Bíblia e enfatiza a volta de
Cristo, o juízo final, a ressurreição dos mortos e a vida eterna. A teologia reformada também
enfatiza a interpretação bíblica contextualizada e a compreensão da mensagem bíblica como
um todo.
Acreditamos que a Escatologia é uma doutrina fundamental da fé cristã, que nos dá a
esperança da vida eterna e nos motiva a viver uma vida piedosa e comprometida com o reino
de Deus.
A teologia reformada é baseada nas doutrinas da graça, que afirmam que a salvação é
um dom de Deus concedido unicamente pela graça, através da fé em Jesus Cristo. Essa teologia
tem como princípio fundamental a soberania de Deus em todas as coisas, incluindo a salvação
e a história da humanidade. Acreditamos que Deus é o autor e o executor da história da
salvação, e que a salvação é o resultado da eleição divina, que é incondicional, soberana e
particular.
A teologia reformada também enfatiza a interpretação literal das Escrituras, que busca
entender o sentido das palavras e dos símbolos no seu contexto histórico, cultural e literário.
Acreditamos que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo, que contém toda
a verdade necessária para a salvação e a vida cristã. A interpretação literal das Escrituras não
significa que devemos tomar tudo ao pé da letra, mas sim que devemos buscar entender o
sentido original das palavras e símbolos, antes de fazer qualquer aplicação ou interpretação.
A teologia reformada também destaca a natureza de Cristo como Rei dos reis e Senhor
dos senhores, que governa sobre todas as coisas e que está acima de todo principado e
autoridade. Acreditamos que a obra de Cristo na cruz é a base da nossa salvação, e que sua
ressurreição é a prova da sua vitória sobre o pecado, a morte e o diabo. Acreditamos que a
glória de Cristo é o objetivo final da história da salvação, e que ele é o centro da nossa adoração
e louvor.
Referências bíblicas: Efésios 1:11-12; Romanos 9:11-18
Esta apostila se concentrará em um aspecto específico da escatologia na visão da
teologia reformada: o milênio em Apocalipse 20. O milênio é um período de mil anos
mencionado em Apocalipse 20, que tem sido objeto de debate e interpretações diversas ao
longo da história da igreja; apresentaremos as principais visões sobre o milênio em Apocalipse
20 e suas relações com a teologia reformada.

2: O MILÊNIO EM APOCALIPSE 20

Apocalipse 20 é um capítulo muito discutido e controverso na história da interpretação


bíblica. O capítulo começa com a descrição do anjo que prende Satanás por mil anos, durante
os quais Cristo reina com os santos (Ap 20:1-6). Depois disso, Satanás é solto por um curto
período de tempo, e então é lançado no lago de fogo e enxofre (Ap 20:7-10). Em seguida,
ocorre o julgamento final e a ressurreição dos mortos, seguido pela descrição da nova
Jerusalém e da vida eterna (Ap 20:11-22:5).
Existem quatro principais visões sobre o milênio em Apocalipse 20: o AMILENISMO,
o PÓS-MILENISMO, o PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO e o PRÉ-MILENISMO
DISPENSACIONALISTA.

3: AMILENISMO
O Amilenismo é a visão que afirma que o milênio não é um período literal de mil anos,
mas sim um período simbólico que representa toda a era da igreja, desde a primeira vinda de
Cristo até a sUa segunda vinda. Essa visão se baseia na interpretação alegórica, que vê nos
símbolos e figuras uma mensagem espiritual mais profunda. Porém esta interpretação
alegórica não fica a critério da imaginação humana, mas sim de toda a contextualização
canônica, ou seja, da própria Escritura. Os amilenistas acreditam que o reino de Cristo já está
presente na igreja, que é o seu corpo, e que a consumação do reino ocorrerá na segunda vinda
de Cristo, quando ele julgará os vivos e os mortos e inaugurará o estado eterno.
Essa visão é compatível com a teologia reformada, porque enfatiza a soberania de Deus
e a salvação pela graça. Os amilenistas acreditam que a salvação é um dom de Deus concedido
pela graça, e que a soberania de Deus governa a história da igreja e do mundo. Além disso, a
interpretação alegórica das Escrituras é uma abordagem válida na teologia reformada, desde
que seja usada com cuidado, discernimento, e contextualização canônica.
Referências bíblicas: Apocalipse 20:1-6; 1 Coríntios 15:24-28.

4: PÓS-MILENISMO
O pós-milenismo é a visão que afirma que o milênio é um período futuro de paz e
prosperidade na terra, que será inaugurado pela igreja através da pregação do evangelho e da
influência cultural e social dos cristãos. Essa visão se baseia na crença de que a igreja tem um
papel ativo na transformação do mundo, e que o reino de Deus será estabelecido gradualmente
por meio da evangelização e do discipulado.
Não podemos afirmar que essa visão não é compatível com a teologia reformada,
porque ela enfatiza a soberania de Deus. Os pós-milenistas acreditam que a soberania de Deus
governa a história da humanidade e que a igreja tem a responsabilidade de cumprir a Grande
Comissão de Jesus de fazer discípulos de todas as nações. Porém, algumas afirmações destoam
de uma interpretação canônica, e até mesmo do próprio texto de apocalipse 20; a principal, é
a respeito do período de paz e prosperidade em um futuro milenar (ainda que não literal) aqui
na terra, cujo não encontramos nenhuma referência bíblica a respeito; outra é a afirmação de
que o milênio é um período futuro. Conforme a visão da teologia reformada, tal transformação
cultural e social é sim uma expressão da glória de Cristo como Rei dos reis e Senhor dos
senhores, contudo, será um privilégio a ser usufruído no Novo Céu e a Nova terra (Ap. 21. 1-
5a). Além disso, a teologia reformada reconhece que o mundo está sob o domínio do pecado
e que só será completamente transformado na volta de Cristo.
Referências bíblicas: Apocalipse 20:1-6; Mateus 28:18-20.

5: PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO

É a visão de que o milênio será um período literal de mil anos, durante o qual Cristo
reinará na terra em pessoa. Nesta visão, a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do milênio,
e haverá uma ressurreição dos justos antes do milênio, seguida por uma ressurreição dos
ímpios após o milênio. Os defensores desta visão argumentam que a descrição em Apocalipse
20 deve ser entendida literalmente, e que a promessa do reino de Deus na terra será cumprida
de forma visível e tangível.
Os pré-milenistas históricos acreditam que a igreja passará por um período de tribulação
antes da volta de Cristo e do estabelecimento do seu reino na terra. Eles veem a igreja como
separada do mundo, e que a sua missão é pregar o evangelho e preparar os crentes para a volta
de Cristo. Eles acreditam que a volta de Cristo será precedida pela ressurreição dos santos que
morreram e pelo arrebatamento dos crentes vivos.
Essa visão apesar de possuir alguns pontos compatíveis com a teologia reformada, como por
exemplo enfatizar a soberania de Deus e a esperança na volta de Cristo. Muitos outros pontos
são incompatíveis, por exemplo, a literalidade dos mil anos, o reinado terreno de Cristo, a
ressurreição dos justos separada da ressurreição dos ímpios (Jo. 5:28-29; At. 24:15).
Referências bíblicas: Apocalipse 20:1-6; 1 Tessalonicenses 4:13-18.

6: PRÉ-MILENISMO DISPENSACIONALISTA
O pré-milenismo dispensacionalista é uma variação do pré-milenismo histórico que
enfatiza a distinção entre Israel e a igreja, ou seja, se baseia na crença de que Deus tem
diferentes planos para a igreja e para Israel, e que a volta de Cristo será precedida por um
período de tribulação de sete anos, conhecido como a Grande Tribulação.
Postula, que a igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação, e que durante esse
período Deus tratará com Israel e com as nações da terra. Depois disso, Cristo retornará para
estabelecer seu reino literal na terra por mil anos, junto com a igreja e com Israel.
Essa visão é a mais controversa com a teologia reformada, porque tal visão afirma que
a história da salvação se divide em duas partes distintas e separa a igreja de Israel; enquanto a
teologia reformada acredita que a história da salvação é uma história única, em que Deus tem
um plano para a igreja e para Israel.
Além disso, a interpretação literal das Escrituras pode levar a interpretações errôneas e
superficiais da mensagem bíblica. A teologia reformada enfatiza a interpretação bíblica
contextualizada e a compreensão da mensagem bíblica como um todo. No entanto, ainda
assim, existem alguns (poucos) teólogos reformados que adotam essa visão e acreditam que
ela é consistente com a teologia reformada.

CONCLUSÃO: IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA ESCATOLOGIA REFORMADA

A escatologia na visão da teologia reformada tem implicações práticas importantes para


a vida cristã. A ênfase na soberania de Deus e na importância da igreja na proclamação do
evangelho incentiva os cristãos a se envolverem ativamente na obra de Deus no mundo. Além
disso, a visão reformada enfatiza a importância da santidade pessoal e da justiça social, pois
essas são expressões da vida cristã em RESPOSTA ao amor e à graça de Deus.
A escatologia reformada também tem implicações importantes para a missão da igreja.
Os defensores desta visão enfatizam que a igreja deve estar engajada na proclamação do
evangelho a todos os povos e na busca da justiça social em todas as áreas da vida. Além disso,
a visão reformada enfatiza a importância da esperança cristã na vida da igreja, pois essa
esperança dá força e ânimo para enfrentar as dificuldades e desafios da vida.

Você também pode gostar