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Sermões do mês de março – mês de Comunhão e Adoração

SÁBADO 07 DE MARÇO 2015

Sermão 01

CONGREGAR É FUNDAMENTAL

Texto Base: Hebreus 10:25

INTRODUÇÃO

Pela graça de Deus, estamos iniciando mais uma série de sermões do


mês de março, um mês reservado para refletirmos, em todos os sábados,
sobre comunhão e adoração. Vinde Adoremos! Antigos princípios para
adoradores de todas as épocas viverem é o tema da série. Serão quatro
sermões. Esperamos em Deus que, em cada um deles, sejamos edificados
pelo evangelho. Pois bem, neste primeiro sermão, vamos falar sobre a
importância de congregar: “Congregar é fundamental”, é o título. E por que é
importante falar sobre isso? Os dados do último senso do IBGE indicaram que
cresceu, no Brasil, o número dos “sem-igreja”, aqueles que se consideram
evangélicos ou cristãos, mas que não possuem vínculo algum com a igreja. De
2003 a 2009, o número daqueles que se consideram cristãos, mas que não são
filiados a denominações cristãs passou de 4% para 14 %, no Brasil.1
Infelizmente, há muitos que estão distantes da igreja, hoje, por inúmeras
razões impossíveis de serem detalhadas aqui. Alguns desses simplesmente
abandonaram a igreja e a fé; outros, porém, querem abandonar apenas a igreja
e manter a fé; querem ser cristãos, mas sem a igreja. 2 Estes são aqueles que
querem o noivo sem a noiva; o pastor, sem seu rebanho. Muitos que se dizem
evangélicos, em nossos dias, acreditam ser possível adorar a Deus de forma
adequada, sem compromisso com sua igreja. Mas será possível? Biblicamente,
a resposta é um categórico “não”. De acordo com Hebreus 10:19-25, para que
adoremos a Deus, de forma adequada, congregar é uma prática fundamental.
Por quê? Vejamos três razões apontadas pelo autor de Hebreus.

1ª RAZÃO:
POR QUE DEUS SE AGRADA DA ASSIDUIDADE DOS CRENTES

Hebreus 10.19-25 é um texto significativo para falarmos sobre adoração.


Poderíamos dividi-lo em duas partes. A primeira diz respeito ao maravilhoso
benefício que a igreja desfruta, benefício este conquistado pela morte de
Cristo: o livre acesso a sua presença (v.19-23). A segunda parte diz respeito às
responsabilidades que cada membro da igreja tem, uma vez que foi
beneficiado por Jesus (v.24-25). A primeira dessas responsabilidades é a de se
unir regularmente aos demais cristãos, a fim de adorar a Deus. O autor da
epístola diz: Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns
1
Hunter (2012:9).
2
Lopes (2011:153).
(v.25). A igreja de Cristo, desde seus primórdios, sempre se reuniu para adorar
e cultuar a Deus (cf. At 2:41-47, 13:1-2; 1 Co 14:26).
No entanto, de acordo com o texto bíblico que estamos analisando,
havia alguns crentes que estavam deixando de frequentar os cultos de
adoração; sua regularidade e sua frequência estavam em baixa. É justamente
a respeito dessa prática que o autor da Carta aos Hebreus adverte seus
leitores, de forma veemente. A regularidade aos cultos é essencial à adoração
dos genuínos cristãos. Deus se agrada da assiduidade dos crentes ao culto. É
isso que nos ensina o texto de Hebreus. É claro que, em todo o mundo, há
situações em que muitos cristãos não podem se unir a outros para adorar a
Deus – como, por exemplo, em contextos de perseguição religiosa, em lugares
longínquos, onde não existem outros cristãos por perto ou em casos de
doenças, que impossibilitam o crente de frequentar os cultos.
Entretanto, exceto em situações extremas como essas e outras, a
frequência regular à igreja, para o culto de adoração a Deus, é uma
característica indispensável do verdadeiro membro da igreja de Cristo. A Bíblia
nos mostra, de maneira enfática, que Deus deseja ver seu povo unido,
celebrando seu nome. É necessário destacar o fato de que a Carta aos
Hebreus foi dirigida a cristãos que estavam sofrendo algum tipo de
perseguição. Em decorrência disso, muitos estavam deixando de participar da
adoração coletiva com o povo de Deus. Tamanha é a importância da
regularidade dos cristãos nos cultos que, mesmo correndo o risco de serem
perseguidos ou de sofrerem retaliações por sua fé, os cristãos são exortados,
de maneira veemente, a não abandonar a prática de congregar para adorar ao
Senhor.
Ser regular, frequente e assíduo nos cultos não salva ninguém, é claro,
mas é um sinal de quem já foi salvo pela graça de Jesus. Quem é salvo tem
prazer em adorar a Deus e, por isso, é frequente nos cultos. Quando o cristão
cultua a Deus com seus irmãos, “expressa seu amor por Jesus”.3 E o contrário
também é verdadeiro: uma das primeiras indicações de falta de amor para com
Deus e para com o próximo é ficar longe dos cultos de adoração. 4 Cabe, aqui,
uma pergunta: Você tem sido frequente nos cultos de adoração? Pense nisso!
Essa é a primeira razão pela qual, para adorar a Deus, a prática de congregar
é fundamental. Vejamos, agora, a segunda razão.

2ª RAZÃO:
PORQUE DEUS SE AGRADA DA COMUNHÃO DOS CRENTES

A exortação da Carta aos Hebreus é para que não deixemos de


congregar (Hb 10:25). Congregar é reunir-se, é encontrar-se, é ajuntar-se com
outros cristãos para adorar a Jesus. É mais do que estar geograficamente no
mesmo local ou ambiente que outros cristãos; é estar unido, é ter comunhão
com os demais irmãos. Por isso, congregar é tão fundamental à adoração. De
acordo com a Bíblia, a união do povo de Deus é imprescindível para a
verdadeira adoração (Sl 34). A razão é que o próprio Deus a quem queremos
adorar espera que o adoremos não somente de forma individual, mas também
de maneira coletiva (cf. Sl 89:5, 107:32, 149:1).

3
Kistemaker (2003:408).
4
Ibdem, p. 406.
O livro de Atos dos Apóstolos nos mostra uma igreja que estava sempre
unida experimentando uma calorosa comunhão, enquanto adorava a Deus (At
2:41-47). Não estamos dizendo, é claro, que ele não recebe nossa adoração
individual. Jesus disse que podemos adorar a Deus, seja no momento ou lugar
em que estivermos, sozinhos ou não, basta tão somente que o adoremos em
espírito e em verdade (Jo 4:23). Contudo, de acordo com a Bíblia, “é da
vontade de Cristo que os seus discípulos se reúnam para ouvir e participar de
todas as ordenanças da adoração e do culto evangélico”.5
O culto coletivo “é uma necessidade da vida cristã, e a comunhão entre
os irmãos sempre foi considerada um dos principais meios pelos quais se
manifesta a graça”6 do nosso Deus. O livro de Salmos, que era o hinário de
Israel, um tipo de Brados de Júbilo para os judeus, já dizia: Oh! Quão bom e
quão suave é que os irmãos vivam em união (Sl 133:1). A comunhão é tão
importante para Deus que, quando está comprometida, a adoração também
está. Jesus disse: Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e
aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do
altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem
apresentar a tua oferta (Mt 5:23-24).
O apóstolo João chega a dizer que, quando não estamos em comunhão
como nossos irmãos, é impossível estarmos em comunhão com Deus (1 Jo
1:5-7). Afinal, é impossível amarmos a Deus, se não amarmos o próximo (1 Jo
4:20). Infelizmente, há muitos cristãos que guardam rancores e mágoas por
anos a fio. Não podemos ser assim, pois Deus se agrada da comunhão dos
crentes. Por isso, estar em comunhão com os irmãos é tão importante para
adorarmos verdadeiramente a Deus. Você está compreendendo como
congregar é fundamental, para podermos adorar de forma adequada? Somente
se estamos em comunhão com nossos irmãos é que podemos, de fato,
oferecer a Deus uma adoração que o agrade. Pois bem, essa é a segunda
razão pela qual a prática de congregar é tão fundamental para a adoração.
Vejamos agora a terceira.

3ª RAZÃO:
PORQUE DEUS SE AGRADA DO SERVIÇO DOS CRENTES

É bem provável que achemos estranha a ideia de associar a adoração


ao serviço mútuo entre os cristãos; mas, de acordo com Hebreus, ambas as
práticas estão entrelaçadas. O autor nos explica que, quando congregamos
para adorar a Deus, devemos também servir aos nossos irmãos, pois esse é
um glorioso ato de adoração ao Senhor. Veja o versículo 24, que diz: ...
consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas
obras. De acordo com a Bíblia, não basta congregar com outros cristãos, a fim
de adorar a Deus com palavras bonitas e canções poéticas; é preciso servir
aos irmãos com atitudes.
Ao olhar para o texto, “é interessante observar que a ênfase aqui não é
sobre o que o cristão recebe da congregação, mas sim sobre a contribuição
que ele pode dar a (sic) congregação”.7 Isso nos ensina que, a priori, não
devemos ir à igreja para receber, mas para dar. Não congregamos para nos
5
Henry (2008:796).
6
Wiley (2008:452).
7
Wiersbe (2006:480).
beneficiar, mas para abençoar outros. Não somos membros de uma igreja para
sermos servidos, mas, acima de tudo, para servir. A cultura contemporânea
preza o individualismo e incentiva o egocentrismo. Somos levados a nos
preocupar apenas conosco. Assim, preferimos frequentar a igreja, sem nos
envolver com ela. Vamos à igreja assim como vamos a um shopping;
assistimos ao culto assim como assistimos a um filme no cinema – só que sem
pipoca.
Por duas vezes, a expressão “uns aos outros” se repete, nesse texto.
Diz que devemos considerar uns aos outros, para nos estimularmos ao amor
e às boas obras (v.24) e que devemos admoestar uns aos outros (v.25). “Uns
aos outros” é uma expressão que se repete muito na Bíblia. Diz respeito aos
mandamentos da mutualidade cristã. Por exemplo: Levai as cargas uns dos
outros (Gl 6.2); Servi uns aos outros (1 Pd 4:10); Orai uns pelos outros (Tg
5:16); Amemo-nos uns aos outros (1 Jo 4:7) e assim por diante. É somente
quando congregamos que pode haver o serviço mútuo entre os crentes, e,
quando isso acontece, Deus recebe nosso louvor.
As mãos que se erguem em adoração, na hora das canções, devem ser
as mesmas a serem estendidas para ajudar os irmãos que necessitam. A boca
com a qual louvamos a Deus, através de hinos, deve ser aquela que encoraja e
admoesta os que precisam. Costumamos limitar a adoração a Deus ao
momento em que o grupo de louvor está entoando canções com os cristãos;
mas, na verdade, a adoração, no culto, vai muito além disso. Quando servimos
aos irmãos (ajudando, encorajando, aconselhando, auxiliando etc.), Deus é
adorado. Quando congregamos, podemos fazer isso também.

CONCLUSÃO

São essas as três razões pelas quais podemos afirmar que, para adorar
a Deus de forma adequada, congregar é uma prática fundamental. Primeiro,
porque Deus agrada da assiduidade dos crentes; segundo, porque Deus se
agrada da comunhão dos crentes, e, terceiro, porque Deus se agrada do
serviço dos crentes. Ser assíduo na igreja, estar em comunhão e servir aos
irmãos são expressões de adoração a Deus. É o que a Carta aos Hebreus nos
ensina. Diante do que aprendemos, precisamos olhar para a nossa vida e fazer
as seguintes perguntas: Eu tenho sido frequente nos cultos ou tenho deixado
de congregar? Estou em comunhão com todos os meus irmãos? Tenho servido
a eles, cumprindo os mandamentos da mutualidade cristã? Pense nisso!
Deus nos ama incomensuravelmente, e congregar é uma das maneiras
pelas quais nós demonstramos, em resposta, o nosso amor por ele. Por isso,
não deixe de congregar! Não fique em casa no sábado pela manhã, nem nos
demais cultos oficiais da igreja. Vá ao templo! Vá adorar ao Senhor com seus
irmãos! Diga como o salmista: Aleluia! Darei graças ao Senhor de todo o
coração na reunião da congregação dos justos (Sl 111:1 – NVI). Tenha a
mesma alegria que encheu o coração do compositor do Salmo 122, que disse:
Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor! (v.1).
Referências

HENRY, Matthew. Comentário bíblico Matthew Henry: Atos a Apocalipse. Rio


deJaneiro: CPAD, 2008.

HUNTER, Todd D. Dê outra chance à igreja: encontrando novo significado nas


práticas espirituais. Tradução de William Lane. Viçosa: Ultimato, 2012.

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Hebreus. Tradução


de Marcelo Tolentino. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

LOPES, Augustus Nicodemus. O ateísmo cristão e outras ameaças à igreja.


São Paulo: Mundo cristão, 2011.

WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento 2.


Tradução de Susana E. Klassen. Santo André: Geográfica, 2006.

WILEY, Orton H. A excelência da nova aliança em Cristo: comentário exaustivo


da Carta aos Hebreus. Tradução de Petrôneo Leone. Rio de Janeiro: Central
Gospel, 2008.

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