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A ARTE DO CONTENTAMENTO

 OBJETIVO: Evidenciar a satisfação e o descanso em Cristo como necessários para


encontrar contentamento em toda e qualquer circunstância.
 HINOS: Inicial: HBJ 110 – Final: HBJ 264
 PÔR DO SOL: Sexta-feira, 17h30 | Sábado, 17h30 (baseado no horário de Brasília)

TEXTO-BASE
Tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4:13 – NVI)

INTRODUÇÃO
Em um mundo em que as pessoas estão cada vez mais decepcionadas – e,
consequentemente, mais obcecadas pela felicidade –, o consumismo, o ativismo, o
materialismo, a libertinagem e o hedonismo imperam como tentativas de trazê-la. No
entanto, o resultado de tudo isso só gera mais frustração e insatisfação. Na busca incessante
pela felicidade, o contentamento tem aparecido, por vezes, como um dos ingredientes
indispensáveis para um estado de felicidade e satisfação.
Já na época de Paulo, o estoicismo, escola filosófica fundada por Zenão na Grécia, no
século III a.C, também ensinava o contentamento como um modo de ser feliz. No trecho
final de sua carta aos filipenses (Fp 4:10-23), fica evidente que o apóstolo era versado na
arte do contentamento. Contudo, como estudaremos, o contentamento cristão difere do que
os estoicos ensinavam e da maneira como ele é entendido hoje em dia.

I. EXAMINANDO O TEXTO BÍBLICO


A carta aos filipenses foi escrita em parte para agradecer aos donativos que Paulo havia
recebido (Fp 1:3-7 e 2:25, 30). Esse trecho final (Fp 4:10-23) é o ponto para o qual o seu
objetivo converge e se concretiza. É nesta seção que ele expressa toda a alegria que vem da
gratidão e da amizade com a igreja de Filipos. Mais do que isso, com suas palavras finais
podemos aprender com o apóstolo os segredos que envolvem a arte do contentamento.

1. Leia o item 1 e responda: O que Paulo ensina sobre a virtude do contentamento


em Fp 1:11-12? Por que a vida de Paulo é uma refutação à teologia da prosperidade?

2. Qual o segredo de Paulo estar contente em toda circunstância? Qual a diferença


entre o contentamento cristão e aquele ensinado pelos estoicos ou difundido em nossos
dias? Baseie-se no item 1.
1. Satisfazer-se em Cristo: Paulo não poderia terminar essa carta de outro modo, a não ser
alegrando-se. Se sua carta fosse uma sinfonia, a alegria seria a nota dominante, do início ao
fim. O motivo de sua explosão de alegria era a renovação do interesse dos filipenses em
ajudá-lo (Fp 4:10). Está grandemente alegre não pelos proventos enviados pelos filipenses,
mas pelo que isso significava: a preocupação, o cuidado, o símbolo renovado de amizade.
Não é que Paulo não tivesse reais necessidades, mas que ele desenvolvera a arte do
contentamento: Não digo isso por estar necessitado, pois aprendi a ficar satisfeito com o
que tenho (Fp 4:11 – NVT). Não foi uma virtude que “caiu do céu”, foi uma virtude que
aprendeu ao longo da vida. Além de ser aprendida, é uma virtude que está relacionada ao
saber olhar o presente e não naquilo que não se possui (o que acaba gerando ressentimento,
inveja, ganância ou insatisfação).
Assim, o que Paulo aprendeu foi a viver na necessidade e também na fartura. Aprendi o
segredo de viver em qualquer situação, de estômago cheio ou vazio, com pouco ou
muito (Fp 4:12 – NVT). De fato, sabemos que Paulo passou por muitas privações: fome,
sede, falta de roupas, de abrigo, de descanso, de saúde etc. (1 Cor 4:11-13; 2 Cor 4:8-9; 6:4-
5; 11:23-29). Aliás, é mais fácil encontrar Paulo em necessidade e do que em “abundância”.
Sua vida é uma refutação da teologia da prosperidade que apregoa que quem serve a Deus
deve ser abastado financeiramente. Este não é o caso. Paulo explica o segredo de estar
contente e satisfeito em toda a circunstância: Tudo posso naquele que me fortalece (Fp
4:13 – NVI). Poder “tudo” não significa “poder” obter a cura para toda doença, ou o
emprego, os bens ou o sucesso que desejar, como a teologia da prosperidade ensinou,
descontextualizando este versículo.
O “tudo” ao qual “podemos” passar, se refere ao versículo anterior, isto é, a carência ou a
fartura, o ter muito, ou passar necessidade (Fp 4:12). “Tudo” isso, Paulo poderia passar,
pois Cristo lhe dava forças para suportar (At 23:11; 1 Tm 1:12; 2 Tm 4:16-17). Paulo não
ficava contente com a necessidade ou com a fartura em si mesmas, mas porque Cristo
estava com ele em toda e qualquer circunstância, e isso bastava. Tudo poderia lhe faltar,
exceto Cristo.
Jesus bastava. Esse era o segredo. Ele possuía algo muito mais valioso do que a maior
riqueza que poderia obter; tinha algo mais durável do que dor do presente, que logo passa:
Cristo. O contentamento ensinado hoje ou pelos estoicos na época de Paulo é uma forma de
aceitação da vida que procura evitar a frustação, um tipo de autossuficiência, encontrando
em si mesmo a satisfação. Já o contentamento cristão significa encontrar contentamento
apenas em Cristo!

3. Como Paulo procurou evitar ser erroneamente entendido como um explorador de


fiéis? Em que sentido a igreja de Filipos se diferenciava das demais? Use como
referência o item 2 do comentário.

4. Qual o outro segredo que envolve a arte do contentamento e que é apontado por
Paulo em Fp 4:19-20? Fundamente-se no item 2.
2. Descansar na providência: Os filipenses tinham uma longa parceria nas tribulações de
Paulo (Fp 4:14). O ajudavam desde que se converteram, na época em que o apóstolo
anunciou as boas novas na região da Macedônia (At 16:9-12; 17:1-9). Paulo lhes dera o
precioso evangelho de Cristo, e eles em uma atitude de amizade e de amor reciproco,
ofertaram-lhe recursos materiais para sustentar o seu ministério na Tessalônica (Fp 4:15-
16).
Na verdade, a comunidade de Filipos era a única igreja de que temos notícia que apoiava
financeiramente Paulo (Fp 4:15; 2 Co 11:8-9). Já em sua época havia religiosos que
exploravam fiéis. Paulo absteve-se de salário para não ser mal compreendido, trabalhando
para ter o seu próprio sustento (1 Ts 2:1-10; 2 Ts 3:7-10; 2 Co 12:14-15). Por isso
escreve: Não que eu esteja procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de
vocês (Fp 4:17 – NVI).
A ideia de ser “creditado” na conta é uma metáfora comercial. Significa que os filipenses
ao ajudarem Paulo acumularam crédito, dando mais do que este poderia lhes retribuir,
estando agora Paulo em dívida para com eles. Ele compara a ajuda material dos filipenses
(Fp 4:18) com os sacrifícios aprazíveis oferecidos a Deus (Gn 4:4; 8:21; Lv 1:9,13,14). O
que fizeram ao ajudar Paulo, na realidade, tinham feito ao próprio Senhor (Pv 19:17; Lc
10:25-37; Mt 25:35-45; 1 Jo 3:17).
A reciprocidade era marca indelével da verdadeira amizade na cultura greco-romana do
primeiro século. Tendo recebido dos filipenses suprimentos para suas necessidades e não
possuindo condições materiais de dar algo aos seus queridos irmãos, Paulo afirma que Deus
assumiria sua dívida recompensando-os em seu lugar: O meu Deus suprirá todas as
necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus (Fp
4:19 – NVI).
Deus pode assumir a dívida de gratidão de Paulo porque sendo Criador e Senhor soberano
sobre tudo, é o possuidor absoluto do que existe. É por meio de Cristo, de sua riqueza e
glória divinas, que os filipenses seriam supridos (Rm 8:32). O apóstolo descansa na
providência divina! Vê Deus agindo por trás do palco da história, suprindo suas
necessidades, pela igreja de Filipos. Isto lhe dá a certeza de que igualmente iria suprir as
necessidades de seus irmãos.
Isso faz com que Paulo explodisse em louvor em uma bela doxologia dirigida a Deus
Pai: Agora, toda a glória seja a Deus, nosso Pai, para todo o sempre! Amém (Fp 4:20 –
NVI). Por meio de Cristo, Paulo, os filipenses e qualquer um que recebe o Filho unigênito,
pode chamar Deus de “nosso Pai” (Jo 1:12). Sua adoração é o grato reconhecimento de que
Deus, o Pai, age pelo seu Filho e seu Espírito, suprindo suas necessidades e cuidando em
todo momento.
Este é o outro segredo do contentamento de Paulo: descansar na providência de Deus, o que
gera gratidão e adoração. Alegre, ele se despede de sua igreja amiga, saudando-os e
enviando os cumprimentos dos cristãos que estavam com ele, especialmente dos que
pertenciam à casa do imperador César (Fp 4:21-23). De suas formidáveis e derradeiras
palavras finais, aprendemos os segredos que envolvem a arte do contentamento!
Conceitos importantes

Na introdução da lição são citados cinco conceitos ligados à uma busca compulsiva pela felicidade, a
ideia de trazê-los à aula, é embasar o professor (a) na explicação. O professor (a) pode começar a aula
perguntando como os alunos definem esse comportamento.

Consumismo: “Conceitualmente, o consumismo pode ser definido pela compulsividade em comprar.


Desse modo, é considerado consumista o indivíduo que adquire com frequência produtos para os quais
não possui necessidade. Esse fenômeno emerge com a sociedade do consumo que se estrutura no
período pós Revolução Industrial e é retroalimentado pelas estratégias empregadas
pelo capitalismo”. (Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/sociologia/consumismo).

Ativismo: Ativismo é uma palavra usada na Lição Bíblica, com o sentido de excesso de atividade, que
vê a necessidade do descanso, como algo negativo, com vistas a produtividade exagerada em busca
de lucratividade.

Materialismo: “(…) Doutrina, teoria ou princípio segundo o qual a matéria física é a única realidade, e
que por meio dela se explica a existência dos seres, processos e fenômenos. (…) Atitude que leva à
aquisição de bens e ao cultivo do conforto, em detrimento de objetivos culturais, espirituais ou
intelectuais.” (Materialismo. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/palavra/G9pKx/materialismo/)

Libertinagem: “ (…) Vida de libertino; Depravação de costumes; Desrespeito às religiões e aos seus
rituais”. (Libertinagem. Disponível
em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/libertinagem)

Hedonismo: “O hedonismo é uma corrente da filosofia que compreende o prazer como bem supremo
e a finalidade da vida humana. Nesse sentido, o Hedonismo encontra na busca pelo prazer e na
negação do sofrimento os pilares para a construção de uma filosofia moral em vista da felicidade.”
(Hedonismo. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/hedonismo/)

II. APLICANDO O TEXTO BÍBLICO

1. Aprenda a arte do contentamento: encontre satisfação em Cristo!


O contentamento para muitos se resume a uma atitude passiva de resignação diante da vida,
aceitando-a como ela é, com seus pesares, evitando assim decepcionar-se com seus
sofrimentos ou deixando de ter sonhos, para não se ressentir por não conquistá-los.
Também é uma atitude autossuficiente em que a pessoa procura dar si mesmo sentido e
satisfação à sua vida, não importando a situação em que esteja passando.

Este tipo de contentamento tende a falhar, pois ninguém pode satisfazer-se com o
sofrimento ou a necessidade em si mesmas, nem encontrar apenas em si a plena satisfação.
Paulo conseguia estar contente em toda situação, pois possuía algo que transcendia todas as
circunstâncias: Jesus (Fp 4:13). Cristo era o bastante para ele! Ele lhe dava forças e
contentamento ao coração, mesmo nos piores momentos. Nada nesta vida pode trazer
contentamento pleno a não ser Cristo!
5. Explique porque apenas em Cristo podemos encontrar pleno contentamento para o
coração humano. Você possui alguma experiência pessoal que pode exemplificar este
ponto?
2. Aprenda a arte do contentamento: encontre descanso em Cristo!
Quem olha apenas para o que perdeu fica magoado. Quem não obtém o que deseja, se
frustra. Quem se fixa naquilo que não tem se ressente. É a pulsante e contínua ânsia pelo
que não se tem que gera pessoas aflitas, caçadoras frustradas da felicidade. É a ganância, a
inveja, o ressentimento e a decepção que agitam as águas dos corações humanos, fazendo
girar o moinho do materialismo, hedonismo e consumismo de nossa sociedade.

Paulo podia estar contente com o que tinha, pois sabia que seu Pai estava cuidando dele.
Até quando faltou comida, bebida, roupas e saúde, nunca lhe faltou a presença de Cristo e
seu fortalecimento (Fp 4:11-13). A arte do contentamento envolve descansar na providência
de Deus (Fp 4:18-20). Descanse nesta verdade: Deus também lhe proverá o que é realmente
necessário para sua vida, mesmo nos piores momentos (Sl 23:1,4; Mt 6:8; 1 Pe 5:7).

6. Comente com os demais estudantes como a falta de contentamento afeta a


sociedade, pontuando como descansar na previdência de Deus traz contentamento
mesmo nos momentos difíceis.

DESAFIO DA SEMANA
Não é nada incomum encontrar pessoas frustradas, ressentidas, e decepcionadas com suas
vidas, que reclamam de sua “sorte”, daquilo que gostariam de ter e que não possuem.
Também existem aqueles que se esforçam se extenuam no trabalho, para conquistar seus
sonhos de riqueza e sucesso, movidos, contudo, por ganância e cobiça corrosivas.
Por fim, tantos outros correm atrás do prazer fugaz que encontram na promiscuidade,
consumismo, em festas e bebedices, enfim, em um estilo de vida hedonista e supérfluo,
almejando genuíno contentamento. Seu desafio é, em seu trabalho, família ou faculdade
procurar encontrar modos de apresentar Jesus, a única fonte genuína de contentamento, a
essas pessoas!
MOMENTO MISSIONÁRIO

Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo
maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo (Hb 13:3)
Quando uma pessoa na Líbia* deixa o islamismo para seguir a Cristo, enfrenta uma imensa
pressão por parte da família para renunciar à fé. Seus vizinhos e todo o resto da comunidade
a isolam e ela pode ser deixada sozinha, sem casa e emprego. Se um cristão líbio
compartilha sua fé com mais alguém, provavelmente será denunciado, preso e enfrentará
punições violentas. O país não tem um governo central, então as leis não são aplicadas de
forma uniforme, deixando cristãos em perigo evidente e risco de perseguição pública.
Sequestros e execuções são sempre uma possibilidade para cristãos. Para estar seguro, um
cristão na Líbia deve ser um cristão secreto.

ORE
Ore pelos cristãos no país e peça a Deus para trazer estabilidade para a Líbia por meio de
um governo que se esforça para cumprir a lei e tornar a nação um lugar melhor. Deus
mantém o coração dos reis em suas mãos.

*Missão Portas Abertas. Lista Mundial da Perseguição 2021. Disponível em:


<https://missao.portasabertas.org.br/ty-ebook-lista-mundial>. Acesso em: 26 jan. 2022.

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