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SUMÁRIO:
Página 3: Introdução
Página 5: I: Como Deus Cumprirá Seu Propósito
Página 7: II: A Alegria do Evangelho Proclamado
Página 9: III: Infinitamente Melhor
Página 12: IV: A Bênção de Sofrer com Cristo
Página 14: V: Matando o Ego
Página 16: VI: O Exemplo Supremo
Página 18: VII: Salvação em Prática
Página 20: VIII: Timóteo e Epafrodito
Página 22: IX: A Perda Lucrativa
Página 24: X: Em Busca da Perfeição
Página 26: XI: O Caminho da Destruição
Página 28: XII: Matando o Ego - Parte II
Página 30: XIII: Gratidão
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INTRODUÇÃO
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morte é motivo de alegria. Também é importante que Paulo a escreveu num
estado de isolamento, quando estava preso em Roma (At 28).
Ao estudar esses textos juntos vamos perceber que ao diminuir nosso ego e
buscarmos amar a Deus e ao nosso próximo mais do que a nós mesmos,
encontraremos uma alegria infinitamente melhor, que resultará em glória a Deus.
Então abra sua Bíblia e acompanhe.
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I: COMO DEUS CUMPRIRÁ SEU PROPÓSITO EM NÓS
(Filipenses 1:1-11)
Filipenses 1:3-5: Paulo está sempre orando pelos filipenses. Em seus
momentos a sós com Deus, o apóstolo nunca esquece de mencionar aqueles
queridos irmão. Mas qual é o conteúdo da sua oração? Ela é repleta de súplicas
feitas com alegria. Ele está pedindo que Deus abençoe os filipenses, mas pede
com imensa alegria no coração. Por que? De onde vem esse sentimento? Ele
responde no v. 5: “pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até
agora.” Paulo está alegre porque os filipenses são e continuam sendo seus
cooperadores no evangelho. Isso já deve gerar em nós uma grande aplicação:
temos gratidão nas orações pelos nossos irmãos? Somos gratos por caminhar com
pessoas que também buscam ao Senhor e amam a Cristo? Nos enche de alegria
ter uma igreja, um pequeno grupo e um ministério com cooperadores do
evangelho?
Filipenses 1:6-7: Esses versículos começam com uma certeza. Paulo afirma
estar certo de que Deus tem um propósito para os filipenses, ou para cristãos
maduros em geral, e que irá cumprir esse propósito. Precisamos descobrir agora
qual é esse propósito, como Deus irá cumprí-lo e como Paulo tem essa certeza. A
última pergunta é respondida primeiro. Essa firmeza vem do fato dos filipenses
serem “participantes da graça” (v. 7) com ele. Isso permite que ele carregue-os em
seu coração e esteja confiante no cumprimento do propósito de Deus em suas
vidas. Faltam agora duas perguntas, e suas respostas vêm logo a seguir.
Filipenses 1:8-9: Voltamos agora para o conteúdo da oração e do coração de
Paulo, que está repleto de saudade pelos filipenses. Como já vimos, o fato desses
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irmãos serem cooperadores no evangelho e participantes com ele na graça o
enche de alegria e amor. Paulo escreve essa carta cativo numa prisão terrível, e
distante dos seus queridos. É natural então que sua saudade seja grande a ponto
de ser testemunhada pelo próprio Deus. E a isso ele adiciona mais uma oração:
que o conhecimento e percepção do amor experimentado pelos filipenses
aumentem mais e mais. Que eles aprendam e vivam mais o amor a Deus acima de
tudo, e ao próximo como a si mesmos. O propósito disso é revelado no próximo
texto.
Filipenses 1:10-11a: O alvo de Paulo com essas orações é que os filipenses
passem a provar, experimentar e viver as coisas excelentes de Deus, e dessa forma
se apresentem inculpáveis no Julgamento. O aumento do amor, então, nos
permite experimentar do melhor de Deus. É através do amor que encontramos o
caminho. É assim que Deus irá cumprir seu propósito na vida deles: aumentando
o amor e, assim, fazendo com que os filipenses experimentem das coisas
excelentes que o Criador tem a oferecer e se tornem inculpáveis. Isso nos traz
tantas verdades valiosas. Aprendemos com isso que é Deus quem aumenta o
amor, que parte da sua graça a experiência do que é excelente, e que ao
experimentarmos das qualidades do nosso Pai, iremos naturalmente ser
aperfeiçoados ao ponto de sermos inculpáveis. Encontramos aqui como Deus irá
cumprir seu propósito. Resta identificar qual é o propósito.
Filipenses 1:11b: Simples: “para a glória e louvor de Deus.” Palavras tão
simples mas tão importantes. Deus criou o mundo para que suas criaturas o
glorifiquem ao desfrutar e se alegrar Nele. Provamos isso ao ver que o aumento
do amor gera a experiência (ou o alegria, regozijo e satisfação) das coisas
excelentes de Deus, e ao experimentarmos isso, nos tornamos reflexos mais e
mais perfeitos do nosso Criador. Quanto mais o refletirmos, naturalmente, mais
Ele é glorificado.
Podemos resumir isso tudo dizendo que Paulo tem certeza de que Deus irá
cumprir seu propósito de ser glorificado em nossa vida, e faz isso aumentando o
amor entre nós, para então desfrutarmos mais da sua excelência. E através dessa
belíssima alegria somos aperfeiçoados, e vivemos um caminho que glorifica o Pai.
Ser cooperador do evangelho e participante da graça é viver esse processo.
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II: A ALEGRIA DO EVANGELHO PROCLAMADO
(Filipenses 1:12-18)
Algo interessante está acontecendo enquanto Paulo está preso. Era de se
esperar que o cárcere do maior missionário de todos os tempos resultaria numa
desaceleração da expansão do evangelho, mas sua prisão está tendo o efeito
inverso, e isso também é motivo de alegria.
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Filipenses 1:18: O que os invejosos não sabem, entretanto, é que não é a
intenção de Paulo ter esse holofote. O apóstolo não busca ser o centro das
atenções, ele não deseja que seu nome seja conhecido. Seu propósito é simples:
tornar o nome de Cristo mais conhecido. Se isso acontece através de invejosos,
que bom! “Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por
pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo.” Isso é fruto da
liberdade do ego. Ao abrir mão de si mesmo, Paulo encontra uma tremenda
leveza. Sua alegria não vem de ouvir pessoas elogiando seus estudos, pregações e
ministério. Se o evangelho verdadeiro é proclamado, ele está feliz.
Esse texto é uma prova concreta da nossa certeza. A diminuição do ego e o
aumento da alegria em Deus estão conectados. Ao tirarmos a atenção de nós
mesmos e colocarmos nossos olhos no Reino, nos tornaremos felizes mesmo
presos e longe dos holofotes. Por que você prega a Palavra de Deus? Por que
posta um versículo no Instagram? Você faz questão de ser o líder de pequeno
grupo, o conselheiro do acampamento, ou sua alegria não depende da sua posição
e sim da expansão do evangelho da paz? Liberte-se do ego e viva a alegria do
evangelho proclamado.
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III: INFINITAMENTE MELHOR
(Filipenses 1:19-26)
Não é exagero dizer que é nessa perícope que encontraremos o texto mais
importante de Filipenses. É o texto que define essa devocional, foi daqui que John
Piper tirou o hedonismo cristão e sua máxima de que Deus é mais glorificado em
nós quando estamos mais satisfeitos nele. É um tesouro. Abra seus olhos para
enxergá-lo.
Filipenses 1:19: Existe em Paulo uma esperança grande de que ele será
liberto. Ele acredita fielmente que através das orações dos justos e da ajuda do
Espírito Santo, ele será liberto da prisão. Ele acredita nisso por razões que
veremos em breve, mas o ponto mais valioso dessa perícope não está em suas
circunstâncias físicas, mas na expectativa que ele deposita em Deus.
Filipenses 1:20-21: Paulo diz que tem uma ardente expectativa e esperança.
Se um apóstolo de Jesus Cristo diz que está esperando ardentemente algo, que
seu coração está investido na realização de algo ao ponto de arder enquanto
aguarda, eu vou prestar atenção nisso. As próximas palavras são mais valiosas
que o ouro. Ele crê que quer pela vida ou pela morte, quer pela liberdade ou
prisão, pelas circunstâncias boas ou ruins, Cristo será engrandecido e
magnificado em seu corpo. Independente do que lhe aconteça, o nome de Jesus
será exaltado através de Paulo. Que expectativa! Que desejo! É o nosso alvo.
Glorificar a Deus em tudo que somos e fazemos. E a chave para isso é um dos
tesouros de maior beleza em toda a Bíblia. Cristo será magnificado em Paulo
porque a sua vida está totalmente dedicada e satisfeita em Cristo, e
consequentemente, até mesmo a morte gera lucro para Paulo. Como a morte
pode resultar em lucro? Ela nos separa de familiares, daquilo que possuímos, de
tudo que guardamos aqui. Mas se estamos ajuntando tesouros no céu, onde nem a
traça ou a ferrugem podem tocá-los (Mt 6:19-21), se nossa vida é Cristo, e Cristo é
incomparavelmente melhor, a morte será lucro e Cristo será glorificado. Afinal
de contas, qual é a única coisa que cristãos tem certeza que ganharão mais? Nós
ganharemos mais de Cristo! Se a vida já está satisfeita no nosso Salvador, e a
morte nos dá m ais deste Salvador, como ela não poderia ser lucro?
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Filipenses 1:22-23: Isso é expresso de modo claro aqui. Há um conflito em
Paulo. Ele acredita que será liberto da prisão porque ainda tem muito trabalho a
fazer, e reconhece que estar vivo gerará frutos para o seu trabalho, e ele
obviamente deseja servir a Deus. Sua vida é Cristo, afinal. Mas ao mesmo tempo
existe nele um desejo tremendo de deixar esta vida e partir para sua Casa. Ele
deixa claro que estar com Cristo é incomparavelmente melhor, é infinitamente
melhor. Como não poderíamos ver a morte como lucro, se Cristo é o maior bem?
Essa é a bênção de viver satisfeito num Deus que é totalmente superior a
qualquer bem que podemos adquirir aqui. Até o momento que devia ser nossa
maior derrota - a morte - se torna motivo de gozo em nossa alma. Se Cristo é
infinitamente melhor que qualquer coisa na Terra, segue-se que viver com ele é
infinitamente melhor do que qualquer outro tipo de vida, e segue-se também que
partir para estar com ele, para o momento em que nossa fé se transformará em
visão e que teremos acesso ininterrupto a ele, é infinitamente melhor que estar
aqui. Vivendo em Cristo, poderemos um dia olhar para morte, agora sem seu
aguilhão terrível (1 Co 15:55-57), e exclamar: lucro!
A lógica, então, é a seguinte: Cristo é glorificado em nós na nossa vida
porque nossa vida é dedicada, satisfeita e baseada nele, que por ser
incomparavelmente melhor nos enche de alegria indizível (1 Pe 1:6-9). E quando
morrermos, vamos receber mais dele, vamos experimentar mais a ele, vamos
deixar pra trás o pecado e adorá-lo com mais perfeição, ele se torna para nós
lucro, e é mais glorificado ainda.
Filipenses 1:24-26: Apesar do enorme e precioso desejo de estar com o
Infinitamente Melhor, Paulo se vê na situação de permanecer aqui. Ele
reconhece, ao olhar para seu ministério, que por sua permanência na carne, a
alegria na fé dos filipenses vai aumentar (v. 25). O apóstolo reconhece que a
continuidade do seu ministério traria mais gozo para seus irmãos, no momento,
do que sua morte. Ele acredita que uma possível reunião com os filipenses
encherá o coração deles de alegria, e isso dará para eles mais motivos para
glorificar a Jesus Cristo. Meus irmãos, isso me deixa tão constrangido. Até
mesmo a vontade de Paulo de deixar a cadeia é voltada para a alegria dos seus
amados cooperadores do evangelho, e para a glória de Deus, do que para o seu
bem estar. Paulo não deseja sair da prisão para desfrutar dos prazeres da vida
aqui, ele quer apenas alegrar os filipenses, e quer isso porque tem a ciência de
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que se eles crescerem em alegria, em experimentar as coisas excelente de Deus,
em viver satisfeitos em Cristo, o Criador será mais glorificado.
Você estaria disposto a viver assim? A buscar em primeiro lugar não o seu
próprio conforto aqui na Terra, mas a alegria do seu próximo em Cristo,
resultando em glória a Deus? É um convite, à primeira vista, difícil. Mas não
olhem para isso como um caminho de tristeza. Em momento algum Paulo está
condicionando sua alegria à prisão ou liberdade. Ele só se importa com suas
circunstâncias à medida que elas resultarem em glória ao Pai. Não são elas que
ditam seu humor, seu estado de espírito ou sua condição emocional. Ele está
satisfeito em ter Cristo, pois Cristo é infinitamente melhor que sua cadeia, que
sua libertação, que nosso emprego, que nossos relacionamentos, que nossas
vitórias, conquistas ou dinheiro. Viva assim, satisfeito no infinitamente melhor, e
até mesmo a morte te fará sorrir.
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IV: A BÊNÇÃO DE SOFRER COM CRISTO
(Filipenses 1:27-30)
Filipenses 1:27: Paulo tem grandes expectativas com a igreja de Filipos. Ele
espera continuar ouvindo notícias positivas vindo daquela comunidade.
Novamente, ele insiste na ideia de “cooperadores do evangelho” ou
“participantes da graça”, a diminuição do ego para estar firme num só espírito e
numa só alma (v. 27). Ele quer que eles insistam nesse caminho de humildade e
comunhão, ao ponto que, mesmo estando preso longe deles, os bons testemunhos
sobre a vida dos filipenses alcancem seus ouvidos. E ele termina destacando que a
força conjunta deles será necessária na luta pela fé evangélica. Não podemos
esquecer que a igreja existe no mundo em um contexto de guerra contra as trevas.
E a promessa de Jesus é que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja
(Mt 16:18), não contra um grupinho de crentes, ou contra super-pastores, ou
apóstolos, mas a queda das forças infernais virá diante do corpo de Cristo, que
avança unido e inteiro.
Filipenses 1:29-30: A resposta está aqui. Quando somos salvos, recebemos a
graça de crer em Cristo, o dom da fé que nos livra da dominação do pecado, mas
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também recebemos a graça de padecer por Cristo, de sofrer por ele, de sermos
perseguidos e atacados por proclamarmos que o Rei ressuscitou e vive. Os
apóstolos consideravam a ideia de sofrer por Jesus como uma honra (At 5:40-42).
Não porque eles gostavam do sofrimento em si, mas porque Jesus prometeu que
aqueles que verdadeiramente entraram no Reino dos Céus serão perseguidos por
defenderem a única e verdadeira justiça (Mt 5:10).
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V: MATANDO O EGO
(Filipenses 2:1-4)
Uma das principais lições do livro de Filipenses é a necessidade de deixar
para trás o ego e a vida voltada para si e passar a buscar a unidade perfeita através
do Espírito Santo. No capítulo 2, Paulo começa a mostrar como podemos fazer
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ponto de provocarmos e invejarmos os outros. Que visão horrível é um cristão
que se coloca acima do irmão.
Tendo essa certeza, podemos nos dedicar a amar os outros intensamente,
abrindo mão de garantir o nosso pão diário, pois ele vem do Senhor. Mas essa não
é a última vez que Paulo aborda esse tema em filipenses. O apóstolo tem mais a
falar sobre isso.
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VI: O EXEMPLO SUPREMO
(Filipenses 2:5-11)
A razão pela qual podemos usar o exemplo de Cristo servindo os seus
apóstolos para ilustrar os ensinamentos do texto anterior está exposta nos
versículos que estudaremos a seguir. O próprio Paulo vê uma ligação direta entre
o serviço e exemplo deixado para nós por Jesus.
Filipenses 2:5-8: No texto anterior, Paulo nos chama a viver numa unidade
de mente, alma e sentimento. Aqui ele explica de onde exatamente vem esse
sentimento. Ele é o mesmo que houve em Jesus quando nosso Salvador veio à
Terra em obediência ao Pai, pronto para nos servir e dar a vida pela nossa
salvação. Nossos interesses próprios raramente são justificados, normalmente
eles são movidos pelo ego que a idolatria alimenta e causam provocações aos
irmãos. Mas com Jesus é diferente. Se a nossa glória é vã, a dele era divina e
perfeita. Ele sim tinha o direito de buscar o seu interesse. Ele, ao contrário de
nós, era superior em todos os sentidos. Mas por ser superior, ele deu o exemplo
supremo, literalmente se esvaziando ao ponto de assumir a forma de servo e
encarnar-se como 100% homem, sem deixar para trás nada de sua natureza 100%
santa e piedosa, sim, mas não usufruindo dela como tinha direito.
Filipenses 2:9-10: Esse exemplo de Cristo trouxe um fruto para ele. Deus o
deu o nome acima de todo nome, para que todos se dobrem em serviço e
submissão diante do nome de Jesus, e para que, finalmente, Deus seja glorificado.
Essa é a chave do verdadeiro serviço. Cristo já tinha toda a glória e satisfação que
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precisava. Ele não serviu para se exaltar - se esse fosse seu objetivo, ele poderia
ter aceito de bom grado a terceira tentação de Satanás no deserto (Mt 4:8-10) -
mas serviu para magnificar o nome de Deus. Até mesmo a exaltação final de
Jesus, a glória dada ao seu nome, resulta em exaltação de Deus (Jo 17:1). Como já
vimos, a melhor maneira de glorificar a Deus é nos satisfazendo totalmente nEle,
como o próprio Cristo estava (Jo 17:4-5, 17:13). Isso significa que o serviço do
cristão não é para ganhar satisfação, como se estivéssemos servindo a Deus
aguardando algo em troca. Não, nosso serviço é porque ganhamos satisfação.
Deus já nos deu seu filho como Salvador, já nos salvou para a vida eterna, já
rasgou o véu. O que mais Ele pode nos dar, se o mais valioso já foi entregue?
É exatamente assim que Paulo posiciona Jesus em Romanos 8:32; o maior
tesouro. Não há recompensa no serviço, não há troca de favores. Serviço é sinal
de plenitude e gratidão. É o esvaziamento. Pense aqui, literalmente, em um ego
que estava inflado se esvaziando em humildade. Foi assim que Cristo serviu e é
assim que devemos seguir. Qualquer outra espécie de serviço é um trabalho, um
voluntariado ou uma tentativa de exaltar a si mesmo, mas não é o serviço que
glorifica o Grande Autor da vida.
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VII: SALVAÇÃO EM PRÁTICA
(Filipenses 2:12-18)
Podemos ter certeza de que se a prática de colocar os outros acima de nós
mesmos, de deixar pra trás o ego e o orgulho, dependesse inteiramente de nós,
nossas tentativas seriam frustradas regularmente. Felizmente, a garantia de que a
nova vida é possível vem do próprio Deus. Isso não retira de nós a
responsabilidade de dia após dia colocar em prática aquilo que nos foi ensinado,
mas deve nos encher de esperança.
Filipenses 2:12-13: Já que devemos seguir o exemplo de Jesus, devemos
sempre desenvolver, ou colocar em prática, a salvação que ele nos deu. Não é a
toa que Paulo chama os filipenses a obedecer aqui. É o mesmo verbo que ele usou
para descrever o serviço de Cristo para glorificar ao Pai no texto anterior.
Estamos desenvolvendo em nós mesmos o coração e as obras de um servo, de
alguém que se coloca disposto para abençoar os outros, para deixar seus próprios
desejos de lado e viver glorificando e magnificando o único Deus. Esse tipo de
vida deve acontecer no nosso cotidiano, e não apenas nas “coisas de igreja.”
Paulo ensina aos filipenses que o chamado à obediência deve existir na presença
de uma autoridade como ele, na presença de um pastor, dentro do pequeno grupo,
da igreja e do ministério, mas ainda mais longe de uma figura ou ambiente como
esse. Não obedecemos para sermos bem-vistos por ninguém na igreja, mas para
engrandecer a Deus, seja no trabalho, estudos ou nos relacionamentos. Não caia
na armadilha de separar sua vida entre a igreja e o mundo. Sua vida é uma só, e a
ordem permanece independente de onde você esteja.
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seu íntimo e o pecado nada mais é que a busca desenfreada por prazeres falsos
que corroem e adoecem o espírito. De alguma maneira, o apóstolo fala, a alegria
que ele terá de ver os filipenses vivendo dessa maneira será grande ao ponto de
alcançar a eternidade. No Julgamento, ele saberá que seus esforços naquela igreja
não foram em vão. É uma declaração tremenda, e que pode até nos confundir.
Mas eu a vejo como um gigantesco sinal de amor. É quase como se Paulo
estivesse torcendo pra que isso se tornasse realidade.
Algumas vezes nós temos a consciência disso, de que tudo - incluindo
desastres - coopera para nosso bem e para o propósito de Deus, que é nos fazer
mais parecidos com Ele, mas nós conseguimos transformar esse conhecimento
teórico em alegria e louvor? Se estamos satisfeitos em Cristo, tudo que fazemos é
baseado no objetivo de desenvolver nossa salvação, o que glorifica a Deus e
deveria sempre alegrar nossas almas, pois nem a morte pode impedir esse gozo
supremo e nem o luto pode parar o crescimento da semente da fé plantada em
nosso coração, afinal, é Deus quem garante o querer e o realizar em nós.
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VIII: TIMÓTEO E EPAFRODITO
(Filipenses 2:19-30)
Paulo não podia ir visitar os filipenses ainda. Ele estava preso e não tinha
como encontrar com seus amados irmãos naquele momento. Por isso ele decide
enviar dois companheiros seus: Timóteo e Epafrodito. As razões para enviá-los
são diferentes, mas o propósito é o mesmo.
Filipenses 2:25-26: O outro enviado de Paulo é Epafrodito, descrito como um
“irmão, cooperador e companheiro de lutas.” O versículo 26 nos dá a entender
que ele era uma pessoa escolhida pela igreja de Filipos para ser seu representante
no círculo paulino. Naturalmente, Epafrodito está com saudade dos seus
conterrâneos, e também sofre de uma angústia por conta da preocupação gerada
no coração dos filipenses ao saber que ele havia ficado doente. Meus irmãos, os
versículos que tratam da história de Epafrodito nesse texto são tão poucos, mas
tão valiosos. Só aqui temos uma visão claríssima do que é colocar os interesses
dos outros acima dos seus, tanto através de Paulo quanto do próprio Epafrodito.
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O primeiro exemplo é o de Epafrodito. Este ajudante do apóstolo está angustiado
e ansioso, mas não porque passou perto da morte, e sim porque sua condição de
doente afetou os irmãos de Filipos. Note com cuidado o que está escrito aqui.
Epafrodito estava angustiado por conta da ansiedade no coração dos filipenses.
Sua angústia existia não por causa do seu bem-estar, mas porque ele estava
colocando os interesses dos irmãos acima dos seus. Ele sabe que se voltar para
casa, aqueles que estão preocupados com sua saúde (outro exemplo de amor ao
próximo e de priorizar o bem-estar do irmão!) irão se acalmar quanto a isso.
Para mim é difícil ler esse capítulo, perceber esse amor tão livre, tão sem
constrangimento e tão intenso - entre Paulo e Epafrodito, entre Paulo e os
filipenses, e entre Epafrodito e os filipenses - e não ficar envergonhado. Podemos
dizer que vivemos isso? Que olhamos para nossos queridos irmãos da igreja com
os mesmos olhos cheios de afeto? Que seu bem-estar é mais valioso que o nosso?
Aqui vemos toda a teologia de Paulo posta em prática. Vemos que o apóstolo não
prega uma coisa e vive outra. Podemos fazer o mesmo.
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IX: A PERDA LUCRATIVA
(Filipenses 3:1-11)
A igreja de Filipos era uma igreja madura. Paulo não levanta nenhum
comportamento claramente escandaloso ou pecaminoso nesta carta. Isso,
entretanto, não significa que não haviam ameaças próximas a ele. Assim como
qualquer igreja, eles precisavam prestar atenção nos falsos mestres e tomar
cuidado com ensinos errados. E aqui o grande apóstolo traz essa questão à tona.
Filipenses 3:1-3: O alerta de Paulo quanto aos falsos mestres aqui nos diz
muito. Ele podia destacar uma doutrina específica que estava sendo ensinada
como em 1 Timóteo 1:3-4, ou até dar nomes aos bois e dizer o grupo que está
causando os problemas, como faz em Gálatas 2:13 ao apontar para os judeus.
Aqui ele gasta apenas um versículo (Fp 3:2) apontando para esses perigosos
professores (o tema, entretanto, retorna no final do capítulo) - e é mais do que o
suficiente, afinal o palavreado é duro e memorável - e depois trata não de um
ensinamento danoso em especial que deve ser evitado, mas da própria satisfação
dessas má influências. Quando ele dá a razão por trás do seu alerta (note o porque
no começo do v. 3), o argumento vai para onde está a confiança dos pregadores.
Enquanto Paulo e seu grupo gloriam-se em Cristo, os falsos mestres colocam sua
confiança, sua satisfação e glória na carne. Eles confiam na força do próprio
braço e abraçam a vanglória condenada pelo apóstolo apenas alguns versos atrás.
Isso está completamente de acordo com tudo que lemos até agora. Se a marca de
uma igreja madura é sua constante satisfação em Deus, permitindo que eles
vivam uns para os outros, então o pior tipo de ensinamento possível para eles
seria algo que os fizesse depositar sua alegria em outra fonte, como na carne, nas
conquistas, nos lucros ou em qualquer outro ídolo terreno.
Filipenses 3:4-7: E aqui Paulo entra no seu modo irônico. O apóstolo era
seríssimo, mas todos nós sabemos que ele gostava de inserir uma boa dose de
ironia quando tratava de alguns assuntos. Ora, se é pra confiar na carne, quem
entre os homens teria mais direito de fazer isso do que ele? O apóstolo lista aqui
seu grande currículo humano, aponta para todas as suas conquistas com o intuito
de mostrar que no quesito “confiança na carne”, ele tem mais onde confiar do que
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os seus adversários. Mas depois de construir esse edifício de méritos terrenos,
Paulo detona uma série de explosivos de demolição com uma só brilhante e linda
declaração: “isto considerei perda por causa de Cristo.” (v. 7). Ele, então, passa a
expandir essa ideia.
Filipenses 3:8-10: O que significa dizer que você considera algo como perda
por causa de Cristo? Se lembrarmos que Paulo vê e descreve o seu salvador como
lucro, ou ganho, faz sentido que qualquer coisa que não seja o próprio Jesus
ganhe a etiqueta de perda. Há uma importante distinção a ser feita aqui. Algo
pode ser uma grande bênção - casamento, filhos, viagens, empregos - e ainda ser
perda. A questão é qual é a comparação sendo feita aqui. Paulo está comparando
bênçãos humanas não com outros estilos de vida, ou com outras religiões, mas
com a suprema satisfação em Cristo. A falsa religião judaica fazia o contrário
disso, e gerava uma meritocracia baseando-se apenas nos feitos e status da
pessoa. O que ele está dizendo não é que ter um bom currículo é perda de tempo,
mas que trocar a satisfação naquilo que é infinitamente melhor por satisfação em
qualquer outro objeto, incluindo as bênçãos que recebemos, resulta em perda. Se
nosso alvo é Cristo, se nosso viver é ele, se nossa alegria está nele, então sim,
consideremos tudo como perda e refugo para ter a sublimidade do conhecimento
íntimo e relacional do prazer eterno e celestial que nosso Salvador garantiu para
nós. A conclusão de Paulo é que só assim, só conhecendo e se satisfazendo mais
em Cristo, é que ele obterá a total comunhão com Jesus - tanto na sua morte
como na ressurreição, quando ele alcançar o estado perfeito. Esse também deve
ser nosso objetivo.
Estejamos prontos para abrir mão de qualquer bênção, percamos todos os
nossos ídolos, porque até mesmo a morte é para nós, agora, uma forma de
conseguir mais do nosso precioso Jesus. A plena satisfação em Deus não significa
que não podemos desfrutar de outras coisas, afinal tantas são dádivas do próprio
Pai, mas não vemos o que recebemos como objetos de prazer, mas como placas
que apontam para algo incomparavelmente melhor e superior, e estamos prontos
para perder tudo isso, para perder até a vida, em nome de ganhar mais comunhão
com Deus. É uma proposta radical, uma que não deixa brecha para nos
alegrarmos em Deus e outra coisa, mas só assim iremos nos satisfazer apenas no
Abençoador e não nas bênçãos.
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X: EM BUSCA DO PRÊMIO
(Filipenses 3:12-16)
Filipenses 3:12: A perfeição só virá no céu, Paulo sabe disso, por isso ele
deixa claro que ainda não alcançou. Entretanto, ele garante que vai seguir em
busca disso. A primeira lição que tiro disso é algo muito valioso. Por mais que
tenhamos consciência de que estamos num mundo caído e que pecaremos até o
dia da nossa morte, ou até o retorno do Rei, isso não deve nos impedir de
perseguir com todas as nossas forças a satisfação completa e total em Deus. A
linguagem da Bíblia não é de “ok, você vai pecar aqui, não tem como evitar, então
pode se satisfazer com parte de Cristo.” Não, meus irmãos. Nós já somos nova
criatura (Ef 2:1-10), a vida que ganhamos é de abundância (Jo 10:10) e Deus já nos
oferece total satisfação (Sl 16:11). Além disso, buscá-lo, satisfazer nosso coração
nele, é uma ordem (Fp 4:4). Ou, como Paulo explica aqui, é nosso propósito. Ele
diz que vai prosseguir para conquistar aquilo para o qual Cristo o conquistou. Ou
seja, Cristo o conquistou com a intenção de que Paulo, pela graça de Deus,
conquistasse a plena satisfação e se tornasse perfeito para a glória do Pai. Assim
como apóstolo, esse é o nosso propósito. Fomos criados para glorificar o Criador,
e como já estudamos, isso acontece quando estamos alegres em Sua Presença.
Filipenses 3:13-14: Então, deixando para trás a ideia de se satisfazer em
qualquer coisa terrena, onde o velho homem e os falsos mestres depositam sua
confiança e força, Paulo segue em busca do que ele diz ser o “prêmio da soberana
vocação” (v. 14) de Cristo Jesus. É uma descrição essencial. Nós temos uma
vocação, um chamado, que nos ordena encontrar em Deus a maior alegria. O
prêmio de cumprir esta ordem é, então, a própria alegria. Atendemos esse
chamado fazendo exatamente o que foi descrito acima: considerando os ídolos,
aquilo que massageia o ego do velho homem, como coisas esquecidas e lançando
nosso coração inteiramente nas mãos do Senhor.
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Filipenses 3:15-16: Paulo então chama todos os perfeitos - talvez uma
tradução melhor aqui fosse “maduro”. Mais uma vez vemos a conexão direta
entre um cristão que amadureceu na fé e a satisfação em Deus. A marca do
crescimento da fé não é uma biblioteca gigante, não é vencer debates ideológicos
ou ter nosso conhecimento reconhecido por outros homens. Não, a marca do
crente maduro é sua exultante alegria indizível (1 Pe 1:7-9). Isso vai na contramão
do estilo de vida mundano que o nosso velho homem tinha. Tanto é que Paulo diz
que o próprio Deus muda a mente daqueles que pensam de outra maneira. Não há
nada em nós que consiga iniciar esse processo santo de regozijar unicamente no
Senhor. É através do conselho e ensino do Espírito Santo, usando a Palavra de
Deus, que essa nova vida começa a surgir em nós. Dependemos inteiramente da
graça na busca pelo amadurecimento, que não é uma conquista simplesmente
nossa, mas sim o apropriar-se da santidade e perfeição que Cristo já conquistou e
entregou.
A boa notícia, meus irmãos, é que nós já recebemos tudo que precisamos para
seguir essa jornada. É assim que essa parte de Filipenses 3 se encerra. Já
alcançamos o acesso à maturidade cristã, já temos a salvação. Jesus Cristo já
morreu e ressuscitou, o véu já se rasgou, o Espírito Santo já vive em nós e o Deus
Pai já nos chama pra casa. Sabendo disso, podemos iniciar, aqui mesmo nesta
Terra perdida, a busca pela glória, pelo infinitamente melhor. Ele já está nos
esperando.
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XI: O CAMINHO DA DESTRUIÇÃO
(Filipenses 3:17-4:1)
Filipenses 3:20: Quão grande é a diferença do nosso destino. Estamos no
mundo, mas não somos do mundo (Jo 17:15-16). A nossa verdadeira casa, a nossa
pátria, está nos céus. Isso elimina qualquer espécie de idolatria aqui, inclusive
coisas como o nacionalismo, preconceito, senso de superioridade ou outros tipos
de pecado que partam de alguma definição humana. Esses comportamentos
existem quando passamos a nos definir, primariamente, por algo que possuímos
aqui. Eles existem quando nossa satisfação está no lugar onde nascemos, na cor
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da nossa pele ou no nosso status social. A nossa pátria está nos céus, nós somos
peregrinos, forasteiros vindos de uma terra distante e com saudade do nosso Pai.
Viemos para cá com a missão de glorificar o único Deus, e um dia Ele retornará
para nos buscar. Aguardemos, então, o retorno do Salvador.
Filipenses 3:21: A ênfase de Paulo na glorificação do corpo como fruto do
retorno de Cristo faz muito sentido (1 Co 15:53-54. Paulo acabou de tratar com os
filipenses sobre aqueles homens cujos olhos estão totalmente voltados para a
terra. Logo, seus prazeres estão totalmente ligados ao físico, e a experiência
desses prazeres limita-se a existência física nesse mundo. Em outras palavras, ao
corpo. Não pense que Paulo se refere aqui apenas a prazeres experimentados
através do corpo, como o sexo, comida ou sono, mas se depositarmos nossa
confiança apenas no que podemos ver, tocar ou provar, e nosso corpo for, ao final
de tudo, destruído e lançado no inferno, então esses prazeres cessarão. Eles são
insuficientes, pois não passam o teste da morte. O corpo glorificado daqueles que
são resgatados por Jesus Cristo é diferente. Em Deus, nosso corpo também é um
instrumento de plena satisfação, pois todas as coisas estão submissas ao seu
infinito poder. Nossa satisfação nele começa aqui, e chegará a um estado
glorificado quando, quer pela morte ou pela volta de Cristo, entrarmos na
comunhão perfeita com o Pai.
Filipenses 4:1: Paulo conclui dizendo aos seus amados irmãos, a quem ele
descreve como sua coroa e alegria (mais um lembrete do enorme amor e carinho
que existia entre eles, algo alcançado graças à satisfação em Cristo e à libertação
do ego), para permanecerem firmes no Senhor. Ou seja, eles já estão firmados na
Rocha eterna. No seu combate contra os falsos mestres, os filipenses estão
posicionados no terreno certo.
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XII: MATANDO O EGO - PARTE II
(Filipenses 4:2-4:9)
Se uma das marcas da satisfação e alegria em Deus é, como temos visto,
colocar o interesse dos irmãos acima dos nossos, quem vai cuidar dos nossos
interesses? Quem vai prover para nós? Esse tipo de vida pode gerar em nós
ansiedade, e por isso Paulo retorna ao tema, mas por outra perspectiva.
Filipenses 4:2-3: Ao fazer alguns pedidos específicos a certos membros da
igreja de Filipos, Paulo encoraja os seus leitores a, novamente, buscar a unidade
de alma e sentimento. Aqui ele expressa essa ideia como um pensamento único e
concordante no Senhor (v. 2), semelhante ao que encontramos em Filipenses 2:2.
Assim como naquele texto, o apóstolo irá tratar novamente da importância de
matar e esvaziar o nosso ego, mas se antes ele dá a razão pela qual devemos fazer
isso (imitar a Cristo), aqui ele diz porque podemos fazer isso sem preocupação. É
mais fácil cuidar dos interesses do próximo antes dos meus quando eu tenho
certeza de quem é que cuida dos meus.
Filipenses 4:4-5: Recebemos uma ordem aqui. Um comando direto para
nosso íntimo. Alegre-se em Deus! Repito: Alegre-se em Deus! Você nasceu para
isso. Você foi, de fato, criado para ser feliz. Não para ser feliz através do amor
próprio, ou da satisfação em ídolos que não saciam a sede eterna, mas no Senhor
que oferece o maior e mais completo gozo do universo. Portanto, alegre-se nesse
Deus. É imperativo que você faça isso. Não é uma opção. O comando a seguir, de
que sua moderação seja conhecida, está ligado a isso. A palavra para moderação
aqui, no original, significa um espírito magnânimo. Em outras palavras, um
espírito gentil. Paulo ordena que a gentileza dos filipenses seja conhecida por
todos. Como já vimos antes, essa gentileza se configura ao amarmos o próximo
como a nós mesmos, e isso só acontece se não alimentamos o ego, mas definimos
nossa vida em Cristo. Ao se alegrar no Senhor, podemos deixar o egoísmo para o
lado e simplesmente agir com gentileza.
Filipenses 4:6-7: E aqui está a razão pela qual podemos fazer isso com paz no
coração. Paulo nos chama a não andar ansiosos, mas a lançar todas as nossas
preocupações, pedidos, necessidades e sonhos aos pés do Eterno. Ele diz para
colocar tudo isso em oração a Deus. E note que o apóstolo faz questão de dizer
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tudo. Disso podemos concluir duas coisas: primeiro, a realização de cada sonho e
o suprimento de cada necessidade que temos depende de Deus. É o Senhor quem
escreve o grande roteiro das nossas vidas e tudo está submisso à sua santa e
perfeita vontade (Tg 4:13-17). Mas isso também nos ensina que podemos confiar
tudo a Deus. Você sonha com algo? Está sentindo falta de alguma coisa? Peça a
Deus. Não esconda nada. Tenha um relacionamento íntimo com Ele, afinal Ele é
seu Pai. Então coloque seus pedidos, sonhos e preocupações diante do Rei, mas
faça isso confiando na providência dEle. Timothy Keller uma vez disse que
quando pedimos algo a Deus, ou Ele nos dá o que pedimos, ou nos dá o que
teríamos pedido se soubéssemos tudo que Ele sabe. Por isso, Paulo diz para
fazermos isso com ações de graça. Pedimos com o coração grato porque nossa
satisfação não depende da realização dos nossos pedidos, e porque a resposta de
Deus sempre será aquela que nos ajudará a desfrutar mais de sua santa alegria.
Esse texto termina dizendo que é assim - pedindo, confiando e agradecendo a
Deus - que obteremos a paz que excede todo o entendimento, e com isso
podemos vencer a ansiedade, acabaremos com o ego, e viveremos em gentileza de
coração.
Filipenses 4:8-9: Depois de apresentar o que não fazer para obter a paz (não
andeis ansiosos, mas confiai em Deus), Paulo agora mostra o que devemos fazer.
Devemos encher a mente e o coração daquilo que recebemos e aprendemos. De
tudo que merece ser louvado, ensinado, de tudo que é virtuoso e digno de louvor.
Ou seja, de Deus! De seus atributos maravilhosos e grandes feitos, de seu eterno
amor e longânimo coração, de seu plano de redenção e do caminho que Ele nos
deu. Pense nisso, medite nisso e pratique isso. Que isso gere em você vida, para
que você experimente a paz.
Deus não é só a satisfação espiritual da nossa alma, Ele também é a nossa
providência enquanto estamos no meio do mundo caído. Ele garante que teremos
o que precisamos. Por isso não devemos idolatrar as bênçãos ou alimentar o ego
com aquilo que é terreno. Devemos confiar, louvar, orar e agradecer ao nosso
Provedor, que é infinitamente melhor que tudo aqui. Se tivermos essa certeza,
teremos uma arma para lutar contra ansiedade e estaremos prontamente
equipados para colocar os interesses dos irmãos acima dos nossos, e então
amá-los como a nós mesmos, tendo o mesmo pensamento e sentimento, vivendo
a unidade de alma e espírito.
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XIII: GRATIDÃO
(Filipenses 4:10-4:23)
Chegamos ao final de Filipenses, e é natural que agora, após expor tudo
que precisava ser ensinado e destacado, Paulo volte a falar do coração. Assim
como no começo do livro, a característica do texto apostólico aqui é de gratidão.
Essa é uma marca do coração cristão (1 Ts 5:18).
Filipenses 4:10-11: Parte da gratidão de Paulo aqui vem do apoio material
dos filipenses. Eles amavam a Paulo e viram sua situação atual como uma
oportunidade de colocar esse amor em prática. Como é boa a presença dos irmãos
em nossa vida! Quão maravilhoso é o sentimento de que não estamos sozinhos
aqui! Mas ainda assim, por mais abençoador que seja fazer parte do corpo, a
alegria suprema vem daquele que é o cabeça desta unidade (Cl 1:18). Paulo declara
que aprendeu a viver satisfeito em qualquer situação. Daqui tiramos uma lição
valiosa: é possível aprender a não ser ansioso. Paulo fez exatamente isso. Sua
exultação não depende de como está sua conta bancária, sua saúde ou sua
popularidade É comum ouvir uma pessoa dizer que um dos seus defeitos é a
ansiedade, ao ponto delas se descreverem como pessoas ansiosas. Mas isso não é
uma característica que deve nos definir, e nós podemos deixá-la pra trás. Através
de Cristo, descobrimos como obter a paz. Não preciso explicar isso aqui, porque
Paulo já fez isso no começo de Filipenses 4.
Filipenses 4:12-13: Por conta desse aprendizado, Paulo sabe como viver
satisfeito independente das suas circunstâncias. É importante notar que o
apóstolo não ignora a situação em que se encontra, mas alegra-se apesar dela. A
alegria e a fé do cristão não existem com base na negação da realidade. Quando
estamos no meio de uma crise, pandemia ou perseguição, não devemos viver uma
ilusão, como se nada de mal fosse acontecer conosco. Não precisamos fingir que
não temos medo ou tristeza em meio às tempestades, mas também não podemos
ficar nesse estado. Sentir essas coisas é normal, mas jamais devemos deixá-las
nos dominarem. Temos que partir para a certeza que Paulo exclama aqui.
Podemos suportar tudo, encarar tudo e nos alegrarmos apesar de tudo porque
nossa força e satisfação vêm do Senhor. Ele é nossa fortaleza e sustento, então
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não são as lágrimas ou temores que irão nos impedir de desfrutar da plena
alegria. Dizer que “tudo posso naquele me fortalece” (v. 13) não é dizer que
podemos fazer tudo e conquistar tudo que queremos porque Deus vai nos
abençoar, é dizer que podemos suportar tudo, estar satisfeitos independente de
tudo, porque Deus é nossa força.
Até ao ter suas necessidades supridas, até ao receber recursos para o ajudar,
Paulo se alegra no Senhor! Sua alegria não está baseada no que ele recebeu, mas
em ver o crescimento dos irmãos. Até aqui, ele está colocando o interesse dos
outros acima dos seus, e até aqui ele se alegra com o amor dos outros. Ele vê a
doação como prova concreta da satisfação dos filipenses em Deus, e a própria
alegria de Paulo aqui é mais uma evidência de que o apóstolo também estava
nesse caminho. Regozijar no Senhor é alterar a forma como vemos tudo, inclusive
a forma como recebemos recursos e presentes.
Esse é o ponto de Filipenses. Essa é a razão dessa carta. A conexão clara entre
a satisfação em Deus e a morte do ego para viver abençoando e amando ao
próximo. Sem um, o outro não acontece. Por isso, quero convidar você a buscar
isso de forma incessante. É literalmente a razão para qual Cristo te conquistou.
Então em cada leitura bíblica, em cada sermão que você escuta ou louvor que
você canta, procure ver o que Deus está te falando sobre a satisfação no que é
infinitamente melhor. Não se contenha com pouco, vá além. Você já está no
Reino, agora peça a Deus para entrar na sala do trono. Ore ao Senhor para encher
seu espírito de Cristo, até o momento no qual você esteja pronto para olhar para a
morte e gritar com toda sua alma: lucro!
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