Nos capítulos de 1 a 3, Paulo explica aos efésios que, por causa da união com Cristo, eles são o corpo dele. Nos capítulos de 4 a 6, ele explica como os crentes devem viver (“andar”) no mundo. No texto em apresso Paulo orienta os cristãos a serem cheios do Espírito Santo e que isso não é uma opção; é uma ordem. Não ser cheio do Espírito Santo é uma desobediência a um mandamento divino. Muitos crentes têm o Espírito Santo, mas não estão cheios dEle. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito; outra, é transbordar do Espírito. A expressa vontade de Deus para nós é a de uma vida abundante, produzida pela plenitude do Espírito. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios 5.18-21, fala desse glorioso tema. 1- SER CHEIO DO ESPÍRITO É UM MANDAMENTO, E NÃO UMA OPÇÃO (EF 5.18)- O apóstolo Paulo dá uma ordem expressa: "Enchei-vos...". E da expressa vontade de Deus que você seja cheio do Espírito Santo. Ele não apenas quer que você seja cheio do Espírito, mas ordena você a sê- lo. não é uma proposta alternativa, uma opção, mas um mandamento de Deus. Não ser cheio do Espírito Santo é pecado. Certa feita, um diácono da Igreja Batista do Sul, dos Estados Unidos, procurou Billy Graham para falar-lhe acerca da necessidade de disciplinar um diácono por causa de embriaguez. O evangelista veterano perguntou se algum diácono daquela igreja já havia sido disciplinado por não ser cheio do Espírito Santo. É logico que o diácono foi tratado pela embriagues , mas Billy Graham quis chamar a atenção do outro diácono que o não encher-se do Espirito Santo também é pecado. Temos a tendência de ver a transgressão apenas na embriaguez, e não na falta da plenitude do Espírito. A conclusão lógica é que, se recebemos a ordem de ser cheios do Espírito, estamos pecando se não formos. Paulo condenou a embriaguez e também a ausência da plenitude do Espírito Santo. Não ser cheio do Espírito Santo é um pecado, um ato de desobediência a um mandamento de Deus. Como crentes em Cristo, não podemos nos acomodar a uma vida infrutífera. Se não estivermos cheios do Espírito Santo, estaremos cheios de nós mesmos ou até mesmo cheios de pecado. A ordem para ser cheio do Espírito Santo não é dirigida apenas aos líderes da igreja, mas a todos os crentes. Esse privilégio não é apenas para alguns. Não existem classes privilegiadas e especiais na igreja. Todos somos iguais. Todos somos santuários da habitação De Deus. A ordem para ser cheio do Espírito é válida para todos os cristãos em qualquer época e em qualquer lugar. Não há exceções. Todos devemos ser cheios do Espírito Santo. o verbo está na forma plural. Essa ordem é endereçada à totalidade da comunidade crista. Todos nós, devemos encher-nos do Espírito Santo. A plenitude do Espírito Santo não é um privilégio elitista, mas, sim, uma possibilidade para todo o povo de Deus. A experiência da plenitude do Espírito Santo não deve ser encarada como excepcional nem como prerrogativa de alguns poucos privilegiados. Nas palavras do profeta Joel, a promessa do derramamento do Espírito rompe as barreiras social, etária e sexual (Jl 2.28,29). Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões; e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. Jl. 2: 28-29 2- SER CHEIO DO ESPÍRITO DEVE SER UMA EXPERIÊNCIA CONTÍNUA NA VIDA DO CRENTE (EF 5.18) – O verbo usado pelo apostolo Paulo está no presente contínuo. Isso significa que devemos ser cheios todos os dias. No grego há dois tipos de imperativo: 1) Imperativo aoristo — que descreve uma ação única. Exemplo: em João 2.7, Jesus disse “Enchei de água as talhas”. O imperativo é aoristo, visto que as talhas deviam ser enchidas uma só vez; 2) Imperativo presente contínuo — descreve uma ação contínua. Exemplo: em Efésios 5.18, quando Paulo nos diz “Enchei-vos do Espírito”, é imperativo presente, o que subentende que devemos continuar a nos encher. A plenitude do Espírito não é uma experiência de uma vez para sempre que nunca podemos perder, mas, sim, um privilégio que deve ser continuamente renovado pela submissão à vontade de Deus. Fomos selados de uma vez por todas, mas temos a necessidade diária de enchimento. A plenitude de ontem não serve para hoje. Todo dia, precisamos buscar um novo enchimento do Espírito. As vitórias de ontem não são suficientes para triunfarmos hoje. O fato de termos sido usados por Deus ontem não nos garante que seremos usados hoje. Precisamos depender de Deus todos os dias, andar com Deus todos os dias e buscar a plenitude do Espírito Santo todos os dias. 3- SER CHEIO DO ESPÍRITO DEVE SER DEMONSTRADA PELA VIDA (EF 5 19-21)- O apóstolo Paulo lista algumas virtudes que são evidenciadas na vida de uma pessoa cheia do Espírito: a) Em primeiro lugar, uma pessoa cheia do Espírito Santo tem comunhão com os irmãos (Ef 5.19) Paulo diz: “Falando entre vós com salmos”. Esse texto nos fala de comunhão cristã. O crente cheio do Espírito não vive resmungando, reclamando da sorte, criando intrigas, cheio de amargura, inveja e ressentimento; sua comunicação é só de edificação espiritual para a vida do irmão. O enchimento do Espírito é remédio de Deus para toda sorte de divisão na igreja. A falta de comunhão na igreja é carnalidade e infantilidade espiritual (I Coríntios 3.1-3). E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Leite vos dei por alimento, e não comida sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda agora podeis; porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens? 1Co. 3: 1- 3 O crente cheio do Espírito Santo edifica o irmão, sendo bênção em sua vida. Onde o Espírito Santo reina, aí há comunhão entre os irmãos. No entanto, onde há brigas, contendas e disputas, aí não há o domínio do Espírito. A comunicação harmoniosa é um sinal evidente da plenitude do Espírito Santo. b) Em segundo lugar, uma pessoa cheia do Espírito Santo adora a Deus com fervor {E( 5.19) Uma pessoa cheia do Espírito Santo é adoradora. Ela se deleita em Deus e demonstra prazer em cantar louvores a Ele. Diz Paulo: “Cantando [...] hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor no coração”. Aqui, o cântico não é entre vós, mas, sim, ao Senhor. Não é adoração fria, formal e sem entusiasmo. O crente cheio do Espírito adora a Deus com entusiasmo e abundante alegria. Ele usa sua mente, emoção e vontade para adorar a Deus. John Stott diz que, sem dúvida, os cristãos cheios do Espírito têm um cântico de alegria no coração, e uma celebração jubilosa dos atos poderosos de Deus. Onde reina o Espírito Santo, em vez de apatia espiritual, há louvor e adoração. c) Em terceiro lugar, uma pessoa cheia do Espírito Santo agradece a Deus em todas as circunstâncias (Ef 5.20) Gratidão, e não murmuração, é a atitude de um crente cheio do Espírito Santo. Paulo prossegue: E sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. O crente cheio do Espírito não está cheio de queixas e murmuração, mas de gratidão. Embora o texto diga que devemos sempre dar graças por tudo, é necessário interpretar corretamente esse versículo. Não podemos dar graças por tudo, como pelo mal moral. O “tudo” pelo qual devemos dar graças a Deus deve ser qualificado pelo seu contexto, a saber, “a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Nossas ações de graças devem ser por tudo que é consistente com a amorosa paternidade de Deus e com a revelação de si mesmo que nos concedeu em Jesus Cristo. Dar graças pelo mal moral é insensatez e blasfêmia. Naturalmente, os filhos de Deus aprendem a não discutir com o Senhor nos momentos de sofrimento, mas, sim, a confiar nele e, na verdade, dar-lhe graças por sua amorosa providência. Mas isso é louvar a Deus por ser Deus, e não o louvar pelo mal. O mal é uma abominação para o Senhor, e não podemos louvá-lo nem lhe dar graças por aquilo que ele abomina. d) Em quarto lugar, uma pessoa cheia do Espírito Santo se submete aos irmãos por amor (Ef 5.21) Por fim, o apóstolo Paulo diz: “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Onde o Espírito reina, não há espaço para altivez e soberba. A marca de uma pessoa cheia do Espírito Santo é a humildade com que está disposta a servir ao outro e se submeter por amor. Uma pessoa cheia do Espírito não pode ser arrogante nem soberba. Os que são cheios do Espírito Santo têm o caráter de Cristo, são mansos e humildes de coração. Em Cristo, devemos ser submissos uns aos outros. A autoridade nunca deve ser exercida de modo egoísta, mas, sim, sempre em prol dos outros para cujo benefício foi outorgada. Que sejamos uma igreja compromissada a viver nessa busca constante de ser cheios do Espírito Santo.