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A Igreja não quer discriminar nem punir os casais em segunda união, mas sim, oferecer-
lhes um caminho espiritual – pastoral adaptado à sua situação. Este caminho espiritual-
pastoral é apontado claramente pela “Familiaris Consortio”. Este caminho pode ser
chamado e é de fato um caminho espiritual-pastoral, muito rico de frutos espirituais de
vida cristã, mesmo que o “status permanente” de segunda união e sem retorno seja uma
situação “irregular”.
A Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, 1981, de João Paulo II, no n. 84, exorta
os casais divorciados a participar de um caminho de vida cristã que deve consistir em:
Escutar é algo mais que ouvir. É atender ao que se diz. É ir assimilando e tornando
pessoal o que foi dito. É algo ativo, não passivo. É uma abertura a Deus que a eles
dirige a Sua Palavra. Por intermédio de Isaías ou de Paulo fala-lhes aqui e agora.
Algumas vezes, esta Palavra os consola e os anima. Outras, julga suas atitudes e
desautoriza seu estilo de vida, convidando-os para a conversão. Sempre os ilumina, os
estimula e os alimenta.
A Palavra que Deus lhes dirige é sobretudo uma Pessoa: o Seu Verbo, a Sua Palavra,
Jesus Cristo. Ele não se dá somente no Pão e no Vinho, mas está realmente presente na
Palavra que nos é proclamada e que escutamos. Também a nós o Pai continua a dizer:
“Este é o meu Filho muito amado: escutai-O”.
Jesus, sendo vivo e presente no Sacrário, pode ser visitado e adorado. Ele espera, ouve,
conforta, anima, sustenta e cura. Por conseguinte, a visita e a adoração ao Santíssimo é
um verdadeiro e íntimo encontro entre o visitante e o Visitado, que é Jesus. A visita e a
adoração são uma escolha pessoal do visitante, e, acima de tudo, um ato de amor para
com o Visitado. A simples visita ao Santíssimo transforma-se em adoração, que é o
ponto mais alto desse encontro.
Se o próprio Jesus, moribundo na cruz, deu Maria como Mãe ao discípulo: “Mulher, eis
aí teu filho” e a você discípulo como mãe: “eis aí, tua mãe!” (João 19, 26-27), é bom e
recomendável que o casal em segunda união não tenha medo em fazer esta visita de
carinho para receber conforto, força e consolação de sua Mãe. Essa visita pode ser feita
numa capela dedicada a Virgem Maria ou em casa junto com a família ou na intimidade
do seu quarto. Pensando nisso, é bom e confortável que o casal em segunda união não se
esqueça de visitar, quantas vezes puder, Maria Santíssima.
4. Perseverança na Oração
O casal em segunda união é convidado para perseverar na oração. A oração pode ser
pessoal, pode ser oração como casal ou como oração da família com os filhos, ou oração
comunitária com os outros casais ou com outros fiéis.
O casal de segunda união, como todo bom cristão, considerando este amor infinito de
Jesus, deve participar da Santa Missa com amor fervoroso, de modo particular no
momento da consagração, pois é nesse momento que Jesus é vivo e presente.
Bento XVI, em recente discurso ao clero de Aosta, valoriza a participação dos casais
recasados da Santa Missa mesmo sem a comunhão Eucarística. A esse respeito o Papa
fez este lindo e confortável comentário:
“Uma Eucaristia sem a comunhão Eucarística não é certamente completa, pois lhe falta
algo essencial. Todavia, é também verdade que participar na Eucaristia sem a comunhão
Eucarística não é igual a nada, é sempre um estar envolvido no mistério da Cruz e da
ressurreição de Cristo. É sempre uma participação no grande Sacramento, na dimensão
espiritual, pneumática, e também, eclesial, se não estreitamente sacramental.
Por conseguinte, é necessário fazer compreender que mesmo que, infelizmente, falte
uma dimensão fundamental, todavia tais pessoas não devem ser excluídas do grande
mistério da Eucaristia, do amor de Cristo aqui presente. Isso parece-me importante,
como é importante que o pároco e a comunidade paroquial levem tais pessoas a sentir
que, se por um lado, devemos respeitar a indissolubilidade do sacramento e, por outro,
amamos as pessoas que sofrem também por nós. E devemos também sofrer juntamente
com elas, porque dão um testemunho importante, a fim de que saibam que no momento
em que se cede por amor, se comete injustiça ao próprio Sacramento, e a
indissolubilidade parece cada vez mais menos verdadeira”.
O mesmo Sumo Pontífice também recorda que o sofrimento faz parte da vida humana e
no caso dos casais em segunda união é “um sofrimento nobre”. O sofrimento é
considerado, de uma certa maneira, como o oitavo sacramento.
Outros meios que auxiliam os casais em segunda união viver o caminho espiritual-
pastoral:
É necessário para eles, como para todos os casais, uma formação pessoal e uma
formação como casal, podendo participar da formação e da catequese que a paróquia ou
outra realidade propõe para todos.
O casal em segunda união, como todo cristão, deve empenhar-se nas obras de caridade
organizadas pela paróquia ou por outras entidades, como voluntários... lembrando-se de
que “a caridade cobre uma multidão dos pecados” (I Pedro 4,8).
O casal em segunda união pode e deve participar das iniciativas em favor da justiça.
O casal em segunda união procure viver de maneira cristã a vida cotidiana no trabalho,
em casa, no relacionamento com os vizinhos e com a sociedade: este é o caminho que
os aproxima da salvação.