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A Bíblia diz em Eclesiastes 4.9-12 que “melhor é serem dois do que um”, mas termina
falando sobre o cordão de três dobras e revelando que é melhor serem três do que dois. Fica
implícito que a conta de uma terceira dobra no cordão está mostrando que o “time”
aumentou.
“Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras
não se rebenta com facilidade.” (Eclesiastes 4.12)
Salomão afirma que se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão. Isto
mostra que um cordão dobrado oferece maior resistência. Porém, ao acrescentar-se uma
terceira dobra, ele fica ainda mais resistente! Se há benefícios em ser dois, há muito mais
em ser três!
A presença de Deus é a terceira dobra e deve ser cultivada na vida do casal. Adão e Eva não
ficaram sozinhos no Éden, Deus estava diariamente com eles e, da mesma forma como
idealizou com o primeiro casal, Ele quer participar do nosso casamento também!
Vemos esta questão do envolvimento de Deus na união matrimonial sob três diferentes
perspectivas:
“Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com
a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança”.
(Malaquias 2.14)
A esposa foi chamada por Deus como “a mulher da tua aliança”, o que deixa claro qual é o
enfoque bíblico do casamento. Esta aliança matrimonial não é apenas uma aliança dos
cônjuges entre si, mas do casal com Deus. O matrimônio, portanto, é uma dupla aliança.
Malaquias diz que Deus se faz presente testemunhando a aliança do casal. O mesmo
conceito também nos é apresentado no livro de Provérbios:
“Para te livrar da mulher adúltera, da estrangeira, que lisonjeia com palavras, a qual
deixa o amigo da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus”. (Provérbios
2.16,17)
Novamente as Escrituras condenam o abandono ao cônjuge, pois neste texto, assim como
em Malaquias, a infidelidade é abordada. Nesta situação, é a mulher quem foi infiel ao
amigo de sua mocidade e é chamada de alguém que se esqueceu da aliança do seu Deus. A
palavra “aliança”, neste versículo de Provérbios, fala não apenas da aliança entre os
cônjuges, mas da aliança deles com Deus. Fala da obediência que alguém deve prestar à Lei
do Senhor e também se refere ao matrimônio como uma aliança da qual Deus quer
participar.
No Antigo Testamento vemos Deus, por intermédio de Moisés, seu servo, entregando a
Israel dez mandamentos que se destacavam de todos os demais. Eles foram chamados de
“as palavras da aliança”:
“E, ali, esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem
bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras”. (Êxodo
34.28)
Um destes mandamentos mostra que preservar o casamento não é apenas uma obrigação da
aliança contraída entre os cônjuges; é parte da aliança firmada com o próprio Deus: “Não
adulterarás” (Êx 20.14). As ordenanças do Senhor foram escritas (incluindo a ordem de não
adulterar) e o livro onde foram registradas passou a ser chamado de “o livro da aliança”:
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não
guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” (Salmo 127.1)
“Edificar a casa” é uma linguagem bíblica para a construção do lar, não do prédio em que se
mora. Provérbios 14.1 declara que “A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com
as próprias mãos, a derriba”. Isto não quer dizer que temos uma mulher “pedreira” e outra
“demolidora”, pois o texto fala do ambiente do lar e não de um edifício físico.
Há ingredientes importantes para edificação da casa (Pv 24.3), mas o essencial é cultivar
diária e permanentemente a presença de Deus.
O Senhor Jesus atribuiu ao “coração duro” o grande motivo da falência do matrimônio (Mt
19.8). As promessas de Deus ao Seu povo no Antigo Testamento eram de um transplante de
coração (Ez 36.26); o Senhor disse que trocaria o coração de pedra (duro, da natureza
humana decaída) por um coração de carne (maleável, com a natureza divina). A nova
natureza deve afetar nosso casamento. Se Deus passar a ser o modelo ao qual os cônjuges
buscam se conformar, certamente se aproximarão um do outro e viverão muito melhor!
Cresci ouvindo meu pai dizer (e aplicar em relação ao casamento) o seguinte: “Quando duas
coisas se parecem com uma terceira, forçosamente serão iguais entre si”. Ele dizia que se o
marido e a mulher vão se tornando parecidos com Deus, então eles ficam mais parecidos
um com o outro. No ano de 1995, quando eu era ainda récem-casado, eu vi num curso do
“Casados Para Sempre”, ministrado pelo Jessé e Sueli Oliveira (hoje presidentes nacionais
do MMI – Marriage Ministries Internacional), uma ilustração interessante: um triângulo que
tinha na ponta de cima palavra “Deus” e nas duas de baixo as palavras “marido” e “esposa”.
Nesta ilustração eles nos mostraram que quanto mais o marido e a esposa subiam em
direção a Deus, mais próximos ficavam um do outro. Nunca mais eu a Kelly esquecemos
este exemplo.
Quero falar de apenas três (entre muitos) valores que encontramos na pessoa de Deus e que
deveríamos reproduzir em nossas vidas. Certamente muitos casamentos podem ser salvos
somente por praticar estes princípios: amar, ceder e perdoar.
Amar
Se Deus será parte de nosso casamento como modelo e referência, então temos que
aprender a andar em amor, uma vez que as Escrituras nos revelam que Deus é amor (1 Jo
4.8). A revelação bíblica de que Deus é amor não foi dada apenas para que saibamos quem
Deus é, mas para que nos tornemos imitadores d’Ele:
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também
Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em
aroma suave.” (Efésios 5.1,2)
Há diferentes palavras usadas no original grego (língua em que foram escritos os
manuscritos do Novo Testamento) para amor: “eros” (que retrata o amor de expressão
física, sexual), “storge” (que fala de amor familiar), “fileo” (que aponta para o amor de
irmão e/ou amigo), e “ágape” (que enfoca o amor sacrificial). Quando a Bíblia fala do amor
de Deus, usa a palavra “ágape”; este é o amor que devemos manifestar! Ao escrever aos
coríntios, o apóstolo Paulo ensina como é a expressão deste amor:
“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se
exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13.4-7)
Se imitarmos a Deus e manifestarmos este tipo de amor, as coisas certamente serão bem
diferentes em nosso matrimônio!
Ceder
A grande maioria das brigas e discussões gira em torno de quem está certo, de quem tem a
razão. Muitas vezes, não vale à pena ter a razão; há momentos em que a melhor coisa é
ceder, quer isto seja agradável, quer não! Observe o que Jesus Cristo nos ensinou a fazer:
“Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face
direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica,
deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.
Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.” (Mateus
5.39-41)
Se seguirmos a Deus, como nosso modelo e referencial, e aos seus princípios, o casamento
tem tudo para funcionar. O matrimônio não é um desafio por causa da pessoa com quem
convivemos, e sim porque este convívio suscita nossa carnalidade e egoísmo e mostra quem
nós somos! A dificuldade não está no cônjuge e sim em nossa inaptidão em ceder. Se
amadurecermos nesta área, nossa vida conjugal definitivamente colherá os frutos.
Perdoar
Se imitarmos nosso modelo e referencial, que é Deus, e perdoarmos como Ele perdoa –
como um ato de misericórdia e não de merecimento, incondicional e sacrificialmente –
levaremos nosso relacionamento a um profundo nível de cura, restauração e intervenção
divina. A instrução bíblica é muito clara em relação a isto:
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Efésios 4.32)
Concluindo, sem Deus (presente, intervindo e como nosso referencial) no casamento será
impossível viver a plenitude do propósito divino para o matrimônio. Mesmo um casal que
nunca se divorcie, viverá toda sua vida conjugal aquém do plano de Deus; por melhor que
pareça sua relação matrimonial aos olhos humanos, ainda estará distante do que poderia e
deveria viver.