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ATENDIMENTO FRATERNO

CENTRO ESPÍRITA BEZERRA DE MENEZES


Departamento Mediúnico Allan Kardec - DMAK

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O ATENDIMENTO FRATERNO
O QUE É O ATENDIMENTO FRATERNO?
É o atendimento que busca, através do diálogo franco e fraterno, oferecer à pessoa que
procura a Casa Espírita a oportunidade de expor livremente, em caráter privativo, suas
dificuldades.

A QUEM SE DESTINA:
Destina-se ao atendimento de pessoas que buscam elucidações espíritas para os seus
problemas pessoais, dificuldades existenciais, conflitos e anseios.

“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e
humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu
jugo e leve o meu fardo.” (MATEUS, 11:28 a 30)

O OBJETIVO:
O Atendimento Fraterno objetiva orientar as pessoas que o procuram, facultando-lhes
uma compreensão elevada de suas dificuldades à luz da Doutrina Espírita e do
Evangelho de Jesus, propondo-se a promover assistência aos que sofrem,
fundamentando-se no Evangelho e dando cumprimento às palavras do Cristo: “Amai-
vos uns aos outros como eu vos amei” e ao “Vinde a mim, vós que estais aflitos e
sobrecarregados e eu vos aliviarei”.

A ORIENTAÇÃO:
As pessoas são esclarecidas e orientadas à luz do Espiritismo. São encorajadas para o
conhecimento de si mesmas e elevação de sua autoestima, indispensável para o êxito
nas lutas da vida e para o equilíbrio emocional.

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SUMÁRIO

MÓDULO I - ATENDIMENTO FRATERNO ATRAVÉS DO DIÁLOGO – AFD


01. FUNDAMENTAÇÃO.
02. CONCEITO.
03. OBJETIVOS.
04. CONSIDERAÇÕES GERAIS E CARACTERÍSTICAS DO ATENDIDO.
05. PERFIL DO ATENDENTE FRATERNO.
06. FASES RELEVANTES DO ATENDIMENTO.
07. DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS DO DIÁLOGO DE JESUS E DO PROFISSIONAL.
08. REFLEXÕES IMPORTANTES PARA O ATENDENTE FRATERNO.
09. DINÂMICA DO ATENDIMENTO.
a. Coordenação.
b. A Recepção.
10. CONDIÇÕES PARA REALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO.

MÓDULO II - MANUAL DO ATENDENTE - Baseado no “PROJETO MANOEL PHILOMENO


DE MIRANDA”

01. INTRODUÇÃO.
02. NO AMBITO DA AÇÃO.
03. NO LAR.
04. NO TRABALHO.
05. NA VIA PÚBLICA.
06. NO TRANSPORTE COLETIVO.
07. NA CASA ESPÍRITA.
08. O ATENDIMENTO FRATERNO.
09. O ATENDENTE FRATERNO.
10. CRITÉRIOS E CONDIÇÕES.
11. FASES DO ATENDIMENTO FRATERNO.
12. PROBLEMAS COMUNS.
13. CONFLITOS DE RELACIONAMENTOS.
14. CONFLITOS SEXUAIS.
15. DEPRESSÃO.

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16. SÍNDROME DO PÂNICO.
17. ABUSO DE DROGAS.
18. MEDIUNIDADE.
19. OBSESSÃO.
20. PROVAS E EXPIAÇÕES.
21. PERDA DE ENTE QUERIDO.
22. DIFIICULDADES SOCIOECONÔMICAS.
23. PRÁTICAS ESPÍRITAS E ORIENTAÇÕES COMUNS.

MÓDULO III - ATENDIMENTO FRATERNO VIRTUAL

01. O QUE É O ATENDIMENTO FRATERNO VIRTUAL


02. OBJETIVO DO ATENDIMENTO FRATERNO VIRTUAL
03. QUEM PODE PARTICIPAR
04. QUANDO E COMO PARTICIPAR
05. ORIENTAÇÃO PARA O ATENDIMENTO FRATERNO ON-LINE

FONTE DE CONSULTAS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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MÓDULO I
ATENDIMENTO FRATERNO ATRAVÉS DO DIÁLOGO – AFD

01. FUNDAMENTAÇÃO

Em JESUS temos o Atendente Fraterno Perfeito que, além de ter ensinado às multidões,
através de seus inolvidáveis discursos, deixou-nos preciosas lições dialogadas, através das
quais o Seu verbo de luz socorreu os indivíduos, cada um conforme a sua necessidade: O
Moço Rico, A Mulher Samaritana, A Mulher Equivocada, Zaqueu, Joana de Cusa, A
Mulher Cananita, Os Cegos de Jericó, As irmãs de Lázaro, O menino lunático, A mulher
hemorroíssa (1) e tantos outros, libertando a todos.

... Maria de Magdala ouvira as pregações do Evangelho do Reino, não longe da Vila
Principesca onde vivia entregue a prazeres, em companhia de patrícios romanos, e tomara-
se de admiração profunda pelo Messias.

O Profeta Nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos. Depois que lhe ouvira
a palavra, observou que as facilidades da vida lhe traziam um tédio mortal ao espírito
sensível. Envolvida em pensamentos profundos, Maria penetrou o umbral da humilde
residência de Simão Pedro, onde Jesus parecia esperá-lo, tal a bondade com que a recebeu
num grande sorriso. A recém-chegada sentou-se com indefinível emoção a lhe estrangular
o peito.

- Ouvi o vosso amoroso convite ao Evangelho! Desejava ser das vossas ovelhas, mas será
que Deus me aceitaria? O Profeta Nazareno fitou-a, enternecido, sondando as profundezas
de seu pensamento, e respondeu, bondoso:

- Maria, levanta os olhos para o céu e regozija-te no caminho, porque escutaste a Boa Nova
do Reino e Deus te abençoa as alegrias.

...Mathias ben Mordeckai resmungava padecimentos mal contidos... A face crestada


carregava as marcas iniludíveis da miséria moral, decorrência inevitável daquela outra
miséria, a econômica.

Estava cansado de viver. Com a mente perturbada, fez-se esquivo. Selara os lábios desde o
dia de hediondez, temendo, odiando os seres iguais, todos os homens... E sofria as aflições
disso tudo decorrentes.
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O doce Rabi da Galileia fascinava-o, NELE havia inconfundível grandeza e parecia comum,
entranhada força e ressumava fragilidade, desconhecido poder, e Sua voz era um canto.

Penetrava-lhe o corpo, balsamizava-lhe a alma. Supunha tê-lo dentro e fora; não saberia
explicar. Por que não O conhecera antes, nos dias venturosos? Interrogou-se. TÊ-LO-IA
amado...

Não distinguia todas as Suas palavras que a brisa dispersava.

Aguçou, porém as ouças e escutou, deslumbrado: Bem-aventurados os aflitos, pois que


serão consolados. Os dois olhares se encontraram: a fagulha dos seus olhos e o Sol dos
olhos dele, e incendiou o coração...

Tudo em volta desapareceu numa visão de luz, de beleza de aspirações que se renovavam,
e Mathias ben Mordeckai se resolveu avançar, crescer, qual se fora um dardo disparado na
direção do infinito que alcançaria. Perdeu-se no tempo, confundiu-se no espaço.

O aflito deu-se conta do luar sobre as montanhas e desceu cantando a poesia do Reino de
Deus que já abundava no país de sua vida e adentrou-se pelas portas do futuro, consolado.
Se o Divino Mestre disse: “Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados”
Mateus, Cap. XI, v. 28, 29 e 30, também propôs: “Que vos ameis uns aos outros”, dizendo-
nos, assim, “ se estiverdes em condição, vinde diretamente a mim pelos caminhos formosos
da oração, mas se vos sobrecarregardes a ponto de não achardes o caminho emocional da
prece, recorrei a vosso irmão pois que através dele eu vos ajudarei”.

Jesus chamava as pessoas a uma nova vida.

Assim, o Atendimento Fraterno através do Diálogo, propiciará ao Atendido a oportunidade


de expor suas angústias, dúvidas, conflitos, vicissitudes, problemas, assim como o objetivo
de estar procurando auxílio na Casa Espírita.

Ao Atendente, a possibilidade de, com as informações recebidas, inteirar-se sobre o quadro


geral das dificuldades enfrentadas pelo Atendido proporcionando-lhe orientações,
respostas, personalizando o atendimento fornecendo-lhe orientações evangélico-doutrinária
e da rede de serviços sociais existentes na cidade.

Funciona, ainda, como uma verdadeira porta que, se aberta, poderá lhe prodigalizar bênçãos
de alegria e paz.

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Daí, a grande responsabilidade de quem atende, pois, sendo o primeiro contato direto com
um trabalhador da Casa Espírita, da sua atuação dependerá o ingresso ou não do recém-
chegado à utilização dos recursos que a Casa oferece.

02. CONCEITO

O Atendimento Fraterno consiste em receber a pessoa que busca a Casa Espírita,


proporcionando-lhe oportunidade de expor livremente, em caráter privativo, suas
dificuldades, fornecendo-lhe breves orientações evangélico-doutrinárias para compreensão
de seus problemas, assim como encaminhá-la, se assim desejar, aos recursos espirituais que
a Casa Espírita possui, assim como transmitir-lhe estímulos de que esteja precisando.

O Atendimento Fraterno é uma relação que deve estar presente em todas as atividades da
vida humana, nas relações interpessoais, em especial na Casa Espírita.

03. OBJETIVOS

Objetivo primacial: receber bem e orientar com segurança todos aqueles que o buscam.
Não se propõe a resolver desafios nem as dificuldades, eliminar doenças nem os
sofrimentos, mas propor ao participante os meios hábeis para a própria recuperação.
(Joanna de Ângelis)

• Atender, fraternalmente, os que chegam;


• Ensejar clima de serena confiança que contribua para reerguer o ânimo do atendido;
• Ouvir e orientar à luz do Evangelho de JESUS e da Doutrina Espírita;
• Apresentar JESUS e seu Evangelho à luz do Espiritismo;
• Transmitir esperança como realidade possível;
• Introduzir o conceito de reforma íntima como única terapia que definitivamente
solucionará problemas e dificuldades apresentadas.

04. CONSIDERAÇÕES GERAIS E CARACTERÍSTICAS DO ATENDIDO

Os problemas que aturdem as pessoas, nos dias de hoje, são os mais diversificados possíveis
e vão, desde a necessidade pura e simples do conhecimento, às angústias superlativas dos
que se encontram sobraçando os mais pesados fardos.

Portanto, as pessoas que procuram o Atendimento Fraterno de um modo geral, apresentam,


as seguintes características:
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a) Agitada, desconfiada, inibida, zangada, curiosa, falante;
b) Sofridas, angustiadas, sem opções de busca que lhe saciem as esperanças. O
desânimo e o desespero, muitas vezes, já se encontram instalados e, com isso
encontram-se revoltadas e pessimistas;
c) Trazem consigo decepções acerbas em relação aos recursos até então
experimentados, sejam da Ciência e/ou da Religião. Alguns já procuraram recursos
junto a charlatões e mercadores da mediunidade, gastando vultosas somas sem êxito;
d) Alguns trazem consigo concepções falsas da Doutrina Espírita, por isso se portam
desconfiadas e em expectativa permanente;
e) Uns perderam entes queridos e não conseguiram superar a dor dessas perdas;
f) Outros não alcançando um relacionamento estável na vida afetiva ou familiar,
transferem para o convívio social os seus conflitos, desajustando-se e fracassando nas
metas programadas;
g) Alguns, pedindo por outros, tocados de compaixão ou incomodados pelo
desequilíbrio daqueles com que se relacionam;
h) Vítimas da pobreza, do desemprego, cuja problemática conquanto de ordem
material, tem raízes e implicações mais profundas;
i) Alguns viciados, vítimas de si mesmo, mas de um certo modo de uma sociedade ainda
não transformada pelas luzes do Evangelho;
j) Doentes de toda ordem: do corpo, da mente, do espírito;
k) Destaque à problemática da obsessão, pois de permeio com muitos desses conflitos
humanos estão as interferências espirituais variadas.

05. PERFIL DO ATENDENTE FRATERNO

A arte de ouvir é muito complexa.

Algumas vezes, ouvem-se as narrativas que são apresentadas com estado de espírito crítico
e perdem-se os melhores conteúdos, porque não estão de acordo com o pensamento e a
conduta de quem escuta. As criaturas humanas convivem umas com as outras, mantendo-
se sempre estranhas, não conseguindo sair do próprio cárcere em que restringem os passos,
embora preservando a aparência de livres.

Por consequência, a solidão e a depressão aumentam na razão direta em que se avolumam


os grupos sociais, sempre ávidos de novidades e posses transitórias, quase coisas nenhumas.
Despertando para a circunstância aflitiva, de que eles também necessitariam de ser ouvidos
e orientados, na solidão em que se encontram, nas necessidades a que estão expostos, são

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induzidos a fazer uma avaliação de conduta, mudando de atitude em relação àqueles que os
buscam.

Passam, então, a ouvi-los com o coração, isto é, participam da narrativa do outro com
espírito solidário, saindo da própria solidão.

Ouvir com o coração.

Pode ser molesto para quem ouve. No entanto, uma palavra dita com o coração consegue
o milagre de modificar-lhe a visão em torno do que lhe ocorre, encorajando-a para
prosseguir no cometimento.

Além de ouvir, oferecer algo em troca: uma palavra alentadora, um gesto fraternal, um
sorriso compassivo, qualquer coisa que responda ao suplicante de maneira encorajadora.

Ouvir com o coração é também uma forma feliz de falar com o coração, mediante ou não
o uso de palavras.

É vibração de amor que se expande e que retorna em música de solidariedade.

A arte de ouvir é também a ciência de ajudar, e não será pelo muito falar que o objetivo será
alcançado.

Aprende, tu, a ouvir com o coração, tudo quanto outros corações estejam procurando dizer-
te.

Descobrirás um mundo totalmente novo, enriquecedor, no qual te encontras e ainda não


havias percebido, alegrando-te com a honra imensa de estar nele e ajudá-lo a ser cada vez
mais feliz.

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JESUS, como Psicoterapeuta Excelente, ouvia com respeito para responder com segurança.

A eficácia da ajuda possível de ser prestada a alguém está vinculada, portanto, a valores
subjetivos relacionados com o seu carisma, o amor que irradia, que o torna uma pessoa
dotada de qualidades interpessoais relevantes que o credenciam para o trabalho. Portanto,
ao Atendente Fraterno, mais ainda, necessita ter alguns requisitos:

a) HUMANOS BÁSICOS:
- Saber ajudar-se;
- Interesse fraternal por outras pessoas;
- Conhecimento das relações humanas e interpessoais;
- Hábito da prece e do estudo;
- Ser pessoa moralizada;
- Equanimidade, ponderação, paciência, segurança, equilíbrio emocional.

b) NATUREZA EVANGÉLICO-DOUTRINÁRIA:
- Conhecimento evangélico-doutrinário;
- Integração nas atividades da Casa Espírita;
- Ser aplicador de passe.

c) OUTROS REQUISITOS:
- Comedido, discreto, fraterno, afável, gentil, caridoso, carismático;
- Ouvir mais do que falar, expressar sentimentos com sinceridade e interesse real de
ajuda, capacidade de levar o atendido à compreensão de si mesmo;
- Evitar interromper àquele que fala;
- Ter paciência, reservando-lhe o tempo necessário para apresentar a ideia, o pedido
de orientação e de ajuda, para libertar-se da opressão do drama que o aflige;
- Não fazer perguntas embaraçosas, quando a questão seja apresentada de forma
nebulosa. O que não foi dito poderá constranger o atendido, caso se veja convidado
a detalhar situações delicadas ou perturbadoras;
- Quando convidado a opinar, expressar com bondade aquilo que deduz, buscando
sempre ajudar, nunca aumentando o peso das preocupações, acusando, seja quem
for, ou estimulando a consciência de culpa;
- Demonstrar simpatia na face, exteriorizando interesse, ao invés do enfado, em razão
do tema parecer cansativo ou sem maior significado;
- Quando a narrativa se alongar em forma repetitiva, sugerir, fraternalmente, que as
queixas, lamentações, reclamações, autopiedade, devem ser substituídas por
confiança e fé em DEUS.

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06 – FASES RELEVANTES DO ATENDIMENTO

I. ATENDER: expressar de forma indireta (não verbalmente) disponibilidade e


interesse pelo atendido;
II. RESPONDER: demonstrar por gestos e palavras compreensão pelo atendido,
correspondendo-lhe a expectativa pessoal;
III. PERSONALIZAR: contribuir para que o atendido se conscientize de que é uma
pessoa ativa, com responsabilidade perante seu problema e que é capaz de encontrar
soluções;
IV. ORIENTAR: saber avaliar, com ele, alternativas de ações possíveis, de modo a
facilitar-lhe a escolha (que é dele) da ação transformadora.

Essas etapas do processo de ajuda são fases sequenciadas e ordenadas de forma invariável,
ou seja, uma depende da outra: o ATENDER é pré-requisito ao RESPONDER e assim
sucessivamente. Exemplo: não se pode ORIENTAR – que significa delinear metas para
ajudar o atendido sem antes ATENDER, RESPONDER E PERSONALIZAR, ou seja,
demonstrar compreensão pela verbalização do Atendido que é a fase do RESPONDER
(não por palavras e sim por gestos). Essa fase (a do RESPONDER) bem executada
possibilita o PERSONALIZAR que é – levá-lo à compreensão de sua experiência vivida.
Essa compreensão da vivência instrumentaliza o Atendente Fraterno à orientação do
atendido aos recursos que a Casa Espírita possui, assim como a rede de serviços sociais
existentes nos bairros da cidade.

Importante observar que se não houver uma boa preparação em cada uma dessas fases pode
comprometer irremediavelmente a fase seguinte e ao Atendimento Fraterno como um todo.
Assim sendo, quando o Atendente Fraterno ATENDE E ATENDE BEM, o atendido
envolve-se, ou seja, adquire a capacidade de confiar no processo de ajuda.

Quando o Atendente RESPONDE bem, o atendido adquire a condição emocional para


perceber a situação em que se encontra naquele momento em que pede ajuda. Durante o
PERSONALIZAR deve acontecer o processo de compreender no atendido, ou seja, ele ir
mais fundo no exame de si mesmo a ponto de estabelecer, pela reflexão, ligações de causa
e efeito entre os vários elementos presentes na sua experiência de vida de modo a definir
aonde quer chegar. Por fim, a capacidade de ORIENTAR abre, no atendido a possibilidade
para o agir, que é o movimento interno da alma para sair de uma posição psicológica
desfavorável para outra mais adequada e felicitadora.

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07. DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS DO DIÁLOGO DE JESUS E O PROFISSIONAL.

O Atendimento Fraterno através do Diálogo (AFD) deve ser mais:


- oportunidade de desabafo que coleta de sintomas;
- indução à reflexão sobre possíveis causas das dificuldades que o atendido está
vivenciando do que oferecimento de diagnóstico;
- demonstração de atenção que oferta de receitas;
- manifestação de fraternidade que demonstração de competência tecnicista.

Importante, portanto, dizer que o Atendimento Fraterno através do diálogo (AFD) na Casa
Espírita dispensa modelos acadêmicos, normalmente utilizados por profissionais técnicos.

A habilitação necessária é o conhecimento evangélico doutrinário, e das relações humanas


e interpessoais, sensibilidade, possibilitando com isso o acesso aos abençoados recursos do
Evangelho aos irmãos necessitados que procuram a Casa Espírita.

08. REFLEXÕES IMPORTANTES PARA O ATENDENTE FRATERNO

O TRABALHO do Atendente Fraterno se reveste de características que precisam ser de


seu conhecimento consciente para evitar que se transformem em fontes de prejuízo para as
tarefas:

a) Preparo prévio geral:

Diferentemente de outros trabalhadores da Casa que possuem uma referência prévia em


relação à tarefa (Coordenador de Grupo; Roteiro Sistematizado; Bibliografia Sugerida;
Palestrante: tema anteriormente escolhido etc.); o Atendente não pode antecipar quem se
sentará à sua frente: Alguém com tendência suicida? Alguém com ódio do próximo?
Necessário, portanto, seu preparo em leituras de livros edificantes, sintonia elevada, prática
de prece, hábito da meditação; simulação mental de atendimento a possíveis tipos de
problemas.

O material mental arquiva-se na memória e é trazido à tona muitas vezes, por intervenção
de amigos espirituais, quando situações semelhantes se apresentam na tarefa.

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b) Inspiração ostensiva de trabalhadores espirituais:

Pela impossibilidade de preparo prévio específico, os trabalhadores espirituais superam essa


fragilidade esmerando em oferecer as inspirações necessárias ao Atendente. Daí que, muitas
vezes estabelecem com o Atendente um intercâmbio intenso de ideias e de sugestões mesmo
que ele não se dê conta disso. Afinal, o irmão em atendimento para chegar até ali, já
requereu muito esforço espiritual. Por isso, todo empenho deve ser feito para evitar que a
oportunidade seja desperdiçada. O preparo do Atendente é indispensável, para possibilitar
essa sintonia utilizar, os recursos da leitura, meditação, prece, sintonia elevada.

c) Necessidade de conscientização e permanente reflexão sobre a natureza do trabalho:

O trabalho do Atendente é feito em solidão e muitas vezes, o atendido nunca mais é visto.
É necessário, portanto, que o Atendente reflita, constantemente, que o seu trabalho é feito
perante o olhar do mundo espiritual. Que a mais importante aprovação deve vir de sua
consciência tranquila por ter feito o melhor que podia. Não sendo assim, a tendência é
desestimular-se e abandonar a tarefa.

09. A DINÂMICA DO ATENDIMENTO:

O Atendimento Fraterno através do diálogo (AFD) nas Casas Espíritas pode acontecer de
diversas formas:
1. Nos mesmos dias e hora do Atendimento Espiritual;
2. Vinculado aos Plantões de Passe;
3. Vinculado as Palestras;
4. Outros....

9.1. A COORDENAÇÃO:

As Coordenações de turno e ou de Orientação Doutrinária da Casa Espírita, ou outro


trabalhador designado pela direção da Casa, conforme a realidade de cada Casa, são os
responsáveis pela escala de trabalhadores, devidamente treinados pela Coordenadoria do
Departamento de Atendimento Espiritual – DAES; da Diretoria executiva – DE;
Departamento Mediúnico Allan Kardec - DMAK, e Casas, a compor as equipes de
Atendimento Fraterno.

Para efeito de organização interna, estatística e relatório de atividades, as Coordenações de


Turno e/ou de Orientação Doutrinária da Casa Espírita ou outro trabalhador designado
pela Direção da Casa, deverá:
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a) Organizar a tarefa, distribuindo os trabalhadores nos locais apropriados ao
Atendimento;
b) Identificar o número de trabalhadores, por dia;
c) Identificar o número de atendidos, por dia;
d) Do número de atendidos, por dia, identificar aqueles que frequentam o Atendimento
Espiritual;
e) Encaminhar esses dados à Direção da Casa.

9.2 A RECEPÇÃO

a) A Recepção ocorrerá no espaço físico de entrada da Casa, devendo haver


identificação desse serviço e dos trabalhadores aos que chegam, com utilização de
crachás;
b) A Recepção é feita por um trabalhador que atenderá fraternalmente a todos que
adentrarem a Casa e os encaminhará ao AFD;
c) As Coordenações de Turno e/ou de Orientação Doutrinária da Casa Espírita, ou
outro trabalhador designado pela Direção da Casa, deverão observar os requisitos
básicos ao exercício da tarefa de Recepcionista, bem como suas atribuições, as quais
sugerimos nesta apostila.

9.2.1 Requisitos:

Ser espírita e estar familiarizado com a dinâmica da Casa Espírita;


Ter boa apresentação, procurando conjugar higiene pessoal à discrição e simplicidade no
traje;
Ter boa capacidade de expressão, sendo claro e objetivo para que o recém-chegado
compreenda as informações;
Ser atencioso e interessado, encaminhando o recém-chegado ao Atendimento Fraterno ou
outro recurso que a Casa possui;
Ter segurança e tranquilidade pois muitos chegam aflitos e carentes de paz;
Ser fraterno e solidário criando um ambiente de aconchego e bem-estar;
Ter compromisso com a Causa e a Casa Espírita desempenhando a tarefa em clima de
responsabilidade, alegria, equilíbrio, boa vontade;
Participar dos treinamentos básicos e de aperfeiçoamento oferecidos pela Casa.

9.2.2 Atribuições

a) Conhecer a dinâmica de funcionamento da Casa Espírita: normas, horários, dias de


reuniões, nome dos trabalhadores, período da preparação dos trabalhadores;
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b) Receber fraternalmente as pessoas;
c) Prestar informações acerca das atividades da Casa com cordial afabilidade. Se a casa
disponibilizar folhetos informando dias, horas e o tipo de Atendimento, é de bom
alvitre distribuir aos recém-chegados na entrada da Casa;
d) Controlar o trânsito das pessoas criando um ambiente que funcione como recepção;
e) Distribuir mensagens a todos que adentrarem a Casa Espírita, sugerindo que leiam,
meditem sobre o assunto, assim como o Recepcionista deve lê-las a cada 10 minutos,
contribuindo, à criação de um campo magnético salutar ao Atendimento.

10. CONDIÇÕES À REALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO

10.1. Local do atendimento: agradável e que garanta uma certa privacidade, resguardando a
intimidade das pessoas atendidas, sem, contudo, ser um ambiente totalmente fechado a fim
que não dê margem a suposições infelizes comprometendo a seriedade do trabalho;
10.2. O tempo: dependendo do caso, o atendimento pode variar de 15 a 20 minutos.

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MÓDULO II
MANUAL DO ATENDENTE - Baseado no
“PROJETO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA”

INTRODUÇÃO

“VINDE A MIM, TODOS VÓS QUE ESTAIS AFLITOS E


SOBREGARREGADOS, E EU VOS ALIVIAREI.”
(JESUS)

“Coloco em primeira instância o Consolo que é preciso oferecer aos que sofrem, erguer
os corações caídos em desespero, arrancar um homem de suas paixões, do suicídio,
detê-lo talvez no limiar do crime!”
(Allan Kardec)

Em Jesus temos o Atendente Fraterno perfeito que, além de ter ensinado às multidões,
através de Seus inolvidáveis discursos, deixou-nos preciosas lições dialogadas, através das
quais o Seu verbo de luz socorreu os indivíduos, cada um conforme a sua necessidade: o
Moço Rico, a Samaritana, a Mulher Equivocada, Zaqueu, Joana de Cusa e tantos outros,
libertando a todos, que se fizeram heróis no futuro. Se o Divino Mestre disse: “Vinde a mim
todos vós que estais aflitos e sobrecarregados”, também propôs: “Que vos ameis uns aos
outros”. Isto como a dizer-nos assim: “Se estiverdes em condição, vinde diretamente a mim
pelos caminhos formosos da oração, mas se vos sobrecarregardes a ponto de não achardes
o caminho emocional da prece, recorrei a vosso irmão, pois que através dele Eu vos
ajudarei”.

Segundo Joanna de Ângelis o Atendimento Fraterno não se propõe a resolver os desafios


nem as dificuldades, eliminar as doenças nem os sofrimentos, mas propor ao interessado
meios hábeis para a própria recuperação. Assim, mediante conversação agradável, o
atendente deve saber desviar os temas que incidem aos vícios da queixa, da lamentação, da
autopunição, demonstrando que o momento de libertação e de paz está chegando, mas a
ação para o êxito depende do próprio paciente, que deve iniciar, a partir desse momento, o
processo de reforma íntima.

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Já Emmanuel, no livro Caminho, Verdade e Vida, explica que “os auxílios do invisível são
incontestáveis e jamais falham em suas multiformes expressões, no momento oportuno; mas
é imprescindível não se vicie o crente com essa espécie de cooperação, aprendendo a
caminhar sozinho, usando a independência e a vontade no que é justo e útil, convicto de
que se encontra no mundo para aprender, não lhe sendo permitido reclamar dos instrutores
a solução de problemas necessários à sua condição de aluno”.

NO ÂMBITO DA AÇÃO
(Equipe do Projeto “Manoel Philomeno de Miranda”)

Os problemas que aturdem as criaturas humanas, nos dias de hoje, são os mais
diversificados possíveis e vão, desde a necessidade pura e simples do conhecimento, às
angústias superlativas dos que se encontram sobraçando os mais pesados fardos. Nesta
variada gama está a clientela que busca o Atendimento Fraterno dos Centros Espíritas. Uns
perderam entes queridos e não conseguiram superar a dor dessas perdas; outros, não
alcançando um relacionamento estável na vida afetiva ou familiar, transferem para o convívio
social os seus conflitos, desajustando-se e fracassando nas metas programadas; alguns,
pedindo por outros, tocados de compaixão ou incomodados pelo desequilíbrio daqueles
com quem se relacionam; há os vitimados pela pobreza, pelo desemprego, cuja
problemática, conquanto de ordem material, tem raízes e implicações mais profundas;
também, entre essa clientela, se incluem os viciados, vítimas de si mesmos mas, de certo
modo, atingidos pelo meio hostil de uma sociedade ainda não transformada pelas luzes do
Evangelho; incluem-se os doentes de toda ordem: da mente, do corpo e da emoção, em
processos demorados de inadaptação social; por fim, os que, de uma hora para outra, se
vêm a braços com desafios superiores às suas forças. Todos pleiteando soluções específicas
e encaminhamentos adequados para suas dificuldades.

Em síntese, poderíamos dizer que o alcance do Atendimento Fraterno englobe as diversas


nuances do sofrimento humano e diretamente os problemas engendrados pelo ego
personalístico, que propelem os indivíduos à utilização incorreta do livre arbítrio. Destaque
para a problemática da obsessão, a doença do século, ainda pouco considerada — pois de
permeio com muitos desses conflitos humanos estão as interferências espirituais variadas,
gerando alterações do comportamento e da emoção de ampliados riscos e consequências.

É o Centro Espírita um campo de trabalho, entre tantos outros, onde o Cristo espera que a
distribuição de Sua misericórdia seja prodigalizada. Todavia, a atividade de ouvir e orientar-
dialogando está presente em todo lugar, é parte da vida, podendo e devendo ser exercida
onde se esteja. Não há quem não se recorde que, em algum momento da existência,
precisou ser ouvido e auxiliado por outrem a encontrar um rumo, a solucionar um conflito
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interno. Esse alguém pode ter sido o pai, a mãe, um professor, um amigo ou mesmo um
estranho que se aproximou, providencialmente, a partir daí fazendo-se o benfeitor a
favorecer com elementos decisórios importantes para o existir. Propomos, a seguir, algumas
situações ou oportunidades onde o Atendimento Fraterno se impõe como dever daqueles
que disputam a honra de ajudar e servir.

NO LAR

Esteja atento ao comportamento psicológico do seu familiar. Registrando algo de anormal


na sua convivência com ele, induza-o a abrir o coração. Possivelmente ele está precisando
de uma palavra de conforto moral, um roteiro orientador para uma problemática iniciante,
que poderá ser contornada em tempo hábil mediante o apoio no seio da família. Lembre-
se, sempre, que Deus ajuda à criatura através de outra criatura.

Quando notar, no seu filho, os primeiros sinais da conduta antissocial e antifraternos,


aborde-o com bondade austera, evitando que a repetição da ocorrência crie o hábito infeliz.
Erradique no nascedouro as raízes do mal, não permitindo que a falta de atenção lhe tolde
a visão do que é mais essencial para a sua própria vida: os deveres que o amor impõe no
cuidado e zelo com as plantas tenras que Deus lhe confiou. Notando que alguém do círculo
familiar vive dificuldades ásperas, inerentes ao carreiro evolutivo, adiante-se para oferecer
sua contribuição de ajuda, tornando-se solidário. Conquanto não deva assumir por ele os
deveres que a ele compete, contribua, de algum modo, passando as suas experiências e
dando, com ele, os passos necessários para que se sinta seguro e amparado. Receite,
incessantemente, o tônico preventivo do amor, ensinando dentro do lar os caminhos de
Deus e da retidão de caráter, através do próprio exemplo, antes que o “fermento”
deteriorado das influências alheias arraste os filhos d’alma para o corredor escuro das
viciações. Ensinamentos sonegados no lar, colheita de êxitos diminuída.

NO TRABALHO

Não se isole do companheiro que divide com você as horas estafantes de sua jornada de
trabalho. Estando emocionalmente a ele ligado, em surgindo na vida do colega a dificuldade
moral e o momento inquietante, eis o seu instante de compartilhar-ajudando, extravasando
sentimentos fraternais em ondas de amizade pura. O verbo, utilizado a serviço da
compreensão, é como gotas de remédio oportuno para minimizar aflições e abrir horizontes
alentadores de otimismo e de esperança. Se hoje você ajuda, mais adiante poderá ser aquele
que necessita ser ajudado. Esforce-se para conservar o bom humor, para que não seja você
18
o interruptor a desligar o circuito da alegria, destoando dos demais. Porém, a pretexto de
estar bem com todos não comungue com o anedotário vulgar e a conversação vazada em
termos maledicentes e depreciativos. Todos acabarão se acostumando com o seu jeito de
ser e respeitando os valores morais de seu caráter reto. Essa é uma mensagem de auxílio
que você passa silenciosamente. Ante o rastilho de pólvora da desconfiança e da competição
inescrupulosa, seja sua a palavra sensata, a atitude fiel e o comportamento recatado quanto
nobre. É de real valor a presença de alguém que se pronuncie com equanimidade e justiça
onde medra a discórdia. Disfarçada ou não. Defenda princípios de cooperação, valorizando
o esforço de todos. Não explorar nem se deixar explorar é atitude educativa que abre,
sempre, possibilidades para trocas de qualidade superior. Passe uma mensagem não verbal
que traduza a sua alegria de viver, mantendo-se organizado e disponível. Uma decoração
personalizada em sua sala de trabalho, uma mensagem otimista, emoldurada num quadro
de parede ou sobre a sua carteira, pode ser o toque de sua presença falando à intimidade
das outras pessoas.

NA VIA PÚBLICA

Talvez seja coincidência um encontro inesperado, na rua, com uma pessoa desconhecida;
mas pode ser alguém trazido à sua presença, por Deus, a fim de que você exercite a
capacidade de amar ao próximo. Cumprimentando-a, gentilmente, ouça-a com a devida
atenção, a fim de que possa ser útil e (quem sabe?) ajudá-la na solução de alguma
dificuldade. Suas palavras, envolvidas por um sentimento empático, podem redirecionar
aquela mente, se atribulada, abrindo espaço para que encontre resposta adequada.

“Um ídolo do voleibol citadino percorria despreocupadamente a via pública, dirigindo-se


ao treinamento diário, quando, inesperadamente, ouviu alguém chamar-lhe. Voltou-se,
curioso, para identificar o apelante e deparou-se com um adolescente que, de imediato,
declarou-se seu admirador incondicional. Conversaram durante alguns minutos, o suficiente
para que o atlético desportista notasse o rosto do rapaz coberto de feias cicatrizes, dando-
lhe uma aparência muito desagradável.

Inquirindo, veio a saber que o jovem sofrera um atropelamento que redundou naquele ser
deformado que estava, agora, diante dos seus olhos, fragilizado e infeliz. Fizera oito
operações plásticas de efeitos benéficos diminutos. Na semana seguinte iria submeter-se à
nona intervenção e encontrava-se muito angustiado. A sua família não lhe dava a atenção
desejada e, naquele encontro casual, estava recorrendo a um estranho para rogar apoio,
compreensão, amizade. Sim, estava pedindo que lhe fosse feita uma visita ao hospital geral
da cidade, onde seria operado, pois a sua convalescença seria muito difícil de enfrentada,
como das vezes anteriores, sem a presença dos familiares. Sabendo da impossibilidade de
19
atender àquela solicitação, em decorrência dos compromissos profissionais do clube que
defendia, o astro, religioso que era, aproveitou o ensejo para estimular o rapaz, dizendo-lhe
da excelência da fé em Deus, que a ninguém desampara. Que ficasse tranquilo porque tinha
certeza de que, daquela vez, os resultados da cirurgia seriam exitosos. Incutiu naquela mente
juvenil as bênçãos do otimismo, da esperança, e já ia despedir-se, quando o adolescente lhe
segredou:

— “Não fosse este encontro com você e, talvez, eu desse cabo da minha vida, pois estava
desesperado”.

NO TRANSPORTE COLETIVO

Verifique, sempre, quem está sentado ao seu lado, familiarizando-se com aquela fisionomia
que lhe parece desconhecida. Pense: “Poderá ser alguém que esteja enfrentando as
dificuldades naturais da existência, carregando, nos ombros, difíceis problemas íntimos;
senão, poderá ser um amigo que a vida está me trazendo de volta”. Tente auscultar o que
transita na mente da pessoa, mantendo uma conversação amistosa; aborde um assunto
agradável para lhe sondar a alma e, notando algum indício de qualquer carência relacionada
com a personalidade fragilizada, fale da necessidade da comunhão com o Criador, que
sempre dá sinal de Seu amor pelas criaturas através de uma infinidade de meios, e, em
particular, pelos fios invisíveis do pensamento quando, em prece, a Ele nos ligamos.
Demonstre o seu interesse por aquilo que ele fala pois, assim, terá a oportunidade de
prender a atenção do novo amigo para o que você lhe quer transmitir. E passe-lhe pequenas
notas de compreensão e de interesse, construindo, a partir daquele instante, vínculos novos
de amizade fraternal. É a sua oportunidade para, discretamente, aplicar os recursos de uma
construção de ajuda, sem interesses subalternos. Introduza, nos sentimentos dessa pessoa,
que lhe parece um estranho, a força estimulante da sua afetividade, qual o bom samaritano
que usa dos recursos da caridade ao próximo sem a preocupação de identificar-se. Não se
preocupe em tornar-se inoportuno. Fale sem constrangimento, atirando a semente de bom
humor no solo promissor daquela alma merecedora de atenção. Sentado ao lado de um
rapaz, visivelmente deprimido, na classe de um trem suburbano, aquele coração gentil
conseguiu saber, através de suas habilidades interpessoais, do grande drama que se escondia
naquele coração:

— “Minha prisão envergonhou meus pais. Nenhum dos meus parentes visitou-me durante
os oito anos que passei na Penitenciária Estadual pagando a dívida que contraí para com a
Sociedade.” O rapaz conjecturava que isso tivesse acontecido porque seus genitores eram
pessoas de poucas letras e sem recursos financeiros para viajar. No entanto, uma grande
20
interrogação o inquietava a todo instante: “Será que os meus entes queridos já me
perdoaram?” Para facilitar as coisas, escrevera previamente para eles, dizendo que
colocassem um aviso qualquer onde o trem iria parar, a fim de facilitar a sua decisão de
continuar viagem ou regressar definitivamente ao lar. Quando o comboio de ferro se
aproximou da cidade, embora as palavras otimistas e cheias de esperança de que o amigo
inesperado lhe dissera, o jovem não estava em condições psicológicas de olhar para a janela
com o intuito de verificar a mensagem que os pais tinham para ele. Seu companheiro de
viagem delicadamente ofereceu-se para essa incumbência, trocando de lugar com ele e se
pondo a observar através da janela. Minutos depois, colocou a mão no braço trêmulo do
ex-sentenciado dizendo em sussurro e emocionado: — Vê, agora. E o rapaz, com lágrimas
incontidas nos olhos, leu a mensagem de boas-vindas: — Bem-vindo sejas, filho de nossa
alma”.

NA CASA ESPÍRITA

Ao perceber alguém que chega, por primeira vez, a Casa Espírita a que você está vinculado
por laços de afeição e compromissos de serviços, aproxime-se, sorria, converse... seja
alguém a dar boas-vindas com efusão de legítima fraternidade. Esse não é um trabalho
protocolar e formal da responsabilidade exclusiva de quem dirige a Casa, mas um impulso
espontâneo de quem está feliz com a convivência cristã e, por isso mesmo, interessado em
expandir sentimentos de amizade. Lembre-se que uma recepção fria traduz apatia
injustificável, e que a presença de alguém na Casa Espírita, por muito tempo despercebida,
demonstra que os que estão ali albergados se encontram enclausurados em si mesmos e
pouco interessados na expansão da Boa Nova na Terra.

Que seja a sua presença na Casa Espírita uma viagem permanente ao coração de seu irmão.
Integre-se no espírito da alegria, disputando a honra de trabalhar, com todos e entre todos,
sem preocupações hegemônicas ou dominadoras. Cordialidade permanente, silêncio a
qualquer impulso maledicente, o máximo de empenho para o aproveitamento de toda e
qualquer contribuição, sem cobranças, exibicionismos, querelas... Lembre-se de que, em
parte, depende de você o clima de amizade que atrairá os bons Espíritos. Se, marcas do
passado e desafios do presente lhe ameaçam o compromisso com a postura fraternal,
discipline os impulsos e cumpra o seu dever de trabalhar e servir até que possa amar em
profundidade.

Não seja você a pedra de escândalo, nem o ácido dissolvente da amizade, mas, antes de
tudo, um ponto de referência para que o amor triunfe. Cuidado com a indiferença, o
desapreço e as preferências para que tais atitudes não maculem a sua participação no esforço
21
coletivo. Se o companheiro se afastou, conquanto não saiba o motivo, interesse-se por ele;
nada custa um telefonema, uma visita, uma conversa estimuladora e, se enfermo, a sua
presença junto a ele. São essas atitudes deveres impostergáveis, sem os quais a convivência
cristã deixa de ter sentido, tornando-se igual a outra qualquer. Às vezes, você deixa de adotá-
las, não por descaso, mas por excesso de trabalho ou preocupações com os seus próprios
problemas. Todavia, reveja a atitude e refaça as prioridades, pois os deveres da solidariedade
estão em primeiro lugar no coração do espírita.

“O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem
grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.” - Francisco Cândido
Xavier

O ATENDIMENTO FRATERNO

O Atendimento Fraterno tem como objetivo principal acolher (receber bem), ouvir e
orientar com segurança todos aqueles que o buscam. O Atendimento Fraterno tem caráter
SIGILOSO.

O conhecimento do ser imortal, da sua preexistência ao berço e sobrevivência ao túmulo,


torna-se indispensável para qualquer cometimento terapêutico em relação aos problemas e
dores humanas. Por isso mesmo, a terapia do amor é de vital importância, envolvendo o
atendido em confiança e ternura, ao mesmo tempo esclarecendo-o quanto à sua realidade
e constituição espiritual. Não se propõe a resolver os desafios nem as dificuldades, eliminar
as doenças nem os sofrimentos, mas propor ao atendido os meios hábeis para a própria
recuperação.

Segundo Martins Peralva, “o Atendimento Fraterno visa, pois, ser o apoio efetivo a todos
aqueles que vão em busca de um roteiro que os conduza para as esferas mais altas. É aquela
ajuda silenciosa, gentil e amiga que cabe em qualquer parte. É o arado silencioso de amor
que revolve o solo dos corações, retirando a erva daninha da ignorância”.

O Atendimento Fraterno ajuda a modificar a percepção do problema que o atendido relata,


que se acerca da Casa Espírita com ideias que não correspondem à realidade. Também não
é tratamento psicológico, psicanalítico ou psiquiátrico, pois invadiríamos o terreno dessas
respeitáveis escolas psicoterapêuticas.

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Diz Manoel Philomeno de Miranda, através da psicografia de Divaldo Franco, que: “O
Atendimento Fraterno não é um confessionário. Como o próprio nome diz, é um encontro,
no qual se atende fraternalmente àquele que tem qualquer tipo de carência”.

Apoiando-se nos postulados espíritas, o Atendimento Fraterno abre perspectivas novas e


projeta luz naqueles que se debatem nos dédalos das aflições. Mediante conversação
agradável, evitando-se atitudes de confessionário, o atendente fraterno deve saber desviar os
temas que incidem nos vícios da queixa, da lamentação, da autopunição, demonstrando que
o momento de libertação e paz está chegando, mas a ação para o êxito depende do próprio
paciente, que deve iniciar, a partir desse momento, o processo de autoterapia.

O ATENDENTE FRATERNO

O Atendente tem a tarefa de oferecer consolo e/ou orientação à luz da Doutrina Espírita, à
pessoa que busca o Atendimento Fraterno, identificando suas necessidades, reerguendo sua
esperança e orientando para uma nova postura diante da vida.

Uma descoberta importante feita por profissionais da Psicologia foi que a eficácia da ajuda
possível de ser prestada a alguém por um terapeuta não depende tanto da escola psicológica
a que ele está vinculado, mas, sobretudo, a valores subjetivos relacionados com o seu
comportamento — diríamos, seu carisma, o amor que irradia — que o torna uma pessoa
dotada de qualidades interpessoais relevantes e qualidades íntimas (força interior) que o
credenciam para o trabalho. Em sendo uma pessoa tolerante (sem ser conivente), expressará
um respeito e uma aceitação incondicionais em relação ao ajudado, separando sempre o
ser, o Espírito, da problemática que o inquieta, que deverá ser vista como um jugo, um
acessório incômodo que a personalidade assumiu e, portanto, temporário, que nada tem a
ver com aquele ser de humanas paixões, mas de essência divina, que lhe cabe amar com
todas as veras de seu sentimento.

(...) No espaço do Atendimento Fraterno não há campo para dissimulação da parte de quem
atende, que deverá expressar sentimentos com sinceridade e interesse real de ajudar.
Quando dizemos sinceridade, não estamos aconselhando que a pretexto de ser real, se deixe
de guardar as conveniências e o bom tom. (...)Somente assim ele inspirará confiança e
perceberá adequadamente os sentimentos e emoções do outro a quem ajuda, recebendo a
inspiração dos bons Espíritos e transformando aquela vivência confusa e deformada da
pessoa a quem atende em algo compreensível e passível de renovação.

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É recomendado que o Atendente Fraterno:

- Tenha o hábito da oração, pratique o Evangelho no lar e estude


- Tenha uma conduta moral elevada dentro e fora da Casa Espírita
- Goste de “gente”
- Tenha familiaridade com o Evangelho de Jesus
- Empatia = sensibilidade para intuir ou perceber a experiência do outro (desenvolve-
se com a prática)
- Possua maturidade
- Tenha consciência e conhecimento da tarefa
- Tenha responsabilidade e pontualidade
- Seja ponderado, paciente, humilde, solidário, discreto
- Tenha equilíbrio, bom senso, fé e amor
- Saiba trabalhar em equipe
- Conheça a Doutrina Espírita e a estude sempre
- Conheça a estrutura da Casa Espírita e seja integrado a alguma atividade
- Aprimore o seu comportamento constantemente – no lar, no trabalho, na via pública
etc.
- Receba todos com simpatia e amor
- Mantenha-se em vigilância para “sintonizar” os “bons espíritos”
- Não julgue, não censure e não se escandalize
- Conduza o atendimento de modo que ele não se estenda mais do que o tempo
necessário
- Saiba ouvir: compreenda as palavras, pensamentos e sentimentos do outro
“entendendo-o com o coração”
- Esteja equilibrado emocionalmente e espiritualmente

Vale lembrar que ser fraterno é:

- Ser tolerante sem ser conivente


- Ser autêntico sem ser grosseiro
- Ser sincero sem ser inconveniente
- Ser comedido e discreto
- Dosar as informações e as orientações que oferece

“Três coisas são necessárias ao Trabalhador Espírita: Disciplina, disciplina e disciplina!!”

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O ATENDENTE FRATERNO NÃO PODE:

RECOMENDAÇÕES

1. Dar orientação mediunizado (em transe mediúnico);


2. Decidir ou interferir sobre questões pessoais ou íntimas;
3. Prometer cura ou soluções aos problemas individuais;
4. Aproveitar a presença do atendido para vender rifas, convites ou pedir donativos;
5. Comentar os acontecimentos de reuniões mediúnicas;
6. Dar receituários (fármacos, remédios caseiros, dietas etc.) ou intitular o trabalho
como de cura ou interferir em tratamentos médicos;
7. Fazer qualquer diagnóstico, mesmo que o atendente seja profissional da área da
saúde, nem indicar nome de profissionais conhecidos seus;
8. Criticar erros alheios, outras instituições religiosas ou outras Casas Espíritas;
9. Ministrar passes durante o Atendimento, haja vista que tal procedimento deve ser
obtido ao final da reunião pública de que o atendido precisa participar (salvo em
situações emergenciais);
10. Orientar se baseando em suas opiniões pessoais;
11. Receber fotos e roupas para “benzimentos” ou afins;
12. Fazer visitas à residência do atendido sob qualquer pretexto relacionado ao
atendimento realizado (saber se o atendido segue as orientações);
13. Envolver-se emocionalmente com os problemas relatados pelo atendido;
14. Receber gratificações, vantagens, presentes ou distinções especiais;
15. Orientar procedimentos fora da prática espírita (Ex.: banhos de qualquer tipo, rezar
missas, fazer simpatias, acender velas etc.);
16. Agendar novo atendimento com o mesmo atendente;
17. Fazer perguntas ao atendido que causem constrangimento
(curiosidade mórbida);
18. Afirmar que o atendido é médium ou tem problemas de mediunidade desequilibrada
ou que está obsidiado;
19. Demonstrar preconceito;
20. Comentar detalhes do atendimento, identificando pessoas envolvidas, circunstâncias,
endereços etc. Lembrar-se do caráter sigiloso do atendimento;
21. Fazer comparações entre seus problemas e os do atendido;
22. Discutir ou debater, com o companheiro atendente (ou o atendido), sobre qualquer
assunto ou conduta observada.

“Não façais aos outros o que não gostaríeis que vos fizessem.”

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ATENDIMENTO FRATERNO CRITÉRIOS E CONDIÇÕES

1. SABER OUVIR

No desempenho da função do atendente fraterno, um fator muito importante é a qualidade


do ato da audição: —ouvir bem. Normalmente, as pessoas, embora procurando escutar
atentamente, só se inteiram da metade do que ouvem. No período de minutos conservam
somente um percentual muito baixo daquilo que ouviram.

Considerando-se a variedade e a qualidade de fatores que influem sobre a audição, ouvir é


a habilidade mais descuidada da Comunicação Humana. Retiramos de texto de autor
anônimo os seguintes preciosos ensinamentos: “Ouvir é mais produtivo que falar, em todos
os níveis. A pessoa que sabe ouvir é mais simpática, conquista o interlocutor e, acima de
tudo acrescenta ao seu próprio patrimônio cultural, a informação que o outro exterioriza.
Interromper constitui violação do principal objeto da comunicação humana na audição:
fazer com que o outro fale”.

Observações e comentários podem ser guardados até o final da exposição, quando sempre
haverá tempo para dirimir dúvidas. “Ouvir é renunciar. É a mais alta forma de altruísmo,
em tudo quanto essa palavra significa de amor e atenção ao próximo.” O ato de ouvir, exige,
de quem ouve, associar-se a quem fala. É necessário empenho de quem fala para fazer-se
compreender. Qualquer pessoa pode melhorar sua capacidade para ouvir. Ouvir é uma
técnica mental que pode ser aperfeiçoada em treinamento e prática.

(Equipe do Projeto)

A Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda chama a atenção para outros fatores,
que, muitas vezes, nos passam despercebidos. Embora não sejam determinantes no sucesso
de um atendimento fraterno, podem influir sobremaneira:

A) QUANTO AO AMBIENTE FÍSICO ONDE SE REALIZA O ATENDIMENTO

TEMPERATURA: tanto o calor quanto o frio excessivos prejudicam a audição e a


comunicação. O calor irrita, e a irritação produz mal-estar, indisposição e cansaço. Por sua
vez, o frio excessivo deprime levando a um baixo índice no ato de ouvir.

RUÍDO: quando intenso, perturba a audição da mesma forma que o silêncio absoluto.
Foram realizadas experiências com pessoas por técnicos em Comunicação Humana na área
da audição, chegando-se à conclusão de não existir grande diferença no rendimento do ato
26
de ouvir em ambiente barulhento ou silencioso, a depender da capacidade de ouvir bem de
cada pessoa.

ILUMINAÇÃO: local demasiadamente iluminado perturba a expressão facial e os gestos


da pessoa que está falando, concorrendo para prejudicar a audição. Conveniente evitar-se à
meia-luz (penumbra), tratando-se de narrativas sérias, como no caso do Atendimento
Fraterno, quando se exige a atenção de quem ouve e um controle e acompanhamento das
expressões corporais do atendido. Iluminação agradável, tipo sala de estar, seria apropriada.

PSICOSFERA AMBIENTE: a preocupação com a preparação ambiente é imprescindível,


não somente no seu aspecto físico (recinto reservado, assentos suficientes, limpeza), mas,
sobretudo, no âmbito da psicosfera do local onde ocorre a relação de ajuda, pois os
Mentores Espirituais da tarefa ajudam os atendentes, através da inspiração e da intuição.
Deve ser, portanto, um local onde não haja o trânsito de pessoas, nem tampouco atividades
incompatíveis com tarefas de ordem espiritual.

B) QUANTO AO ESTADO EMOCIONAL E MENTAL DO ATENDENTE

INDIFERENÇA: o atendente desinteressado não ouve bem. Nada pesa mais no autoamor
do atendido do que a indiferença com que está sendo ouvido. Quando se consegue deixar
de lado o egoísmo, com o objetivo de ouvir, descobre-se que as pessoas merecem a nossa
atenção e têm dificuldades e problemas que pretendem compartilhar conosco.

IMPACIÊNCIA: o ato de ouvir exige, de quem ouve, associar-se a quem fala, e vice-versa.
Necessário empenho de quem fala para fazer-se compreendido, e de quem ouve para
compreender. Qualquer emoção perturba o processo da audição. As impaciências são todas
emocionais, portanto, desajustadoras do equilíbrio nervoso de quem está ouvindo.

PRECONCEITO: o antagonismo apaixonado impossibilita o ato de ouvir bem. A


concordância irrefletida, também. A maior dificuldade na audição está na pessoa comportar-
se objetivamente. Na sua impossibilidade, deve-se tentar a empatia, fazendo uma projeção
imaginativa para colocar-se no lugar de quem está falando. O preconceito distorce a audição
e o ouvinte passa a concentrar-se na procura de detalhes, de minúcias reais ou imagináveis,
que lhe permitam refutar ou aceitar o que ouve.

PREOCUPAÇÃO: a palavra significa ocupação antecipada. Preocupar é prender a atenção


em pensamentos que fervilham na mente da pessoa que está ouvindo. Com atenção presa
a uma ocupação antecipada, não será possível ouvir bem. A audição é uma ocupação interna
27
e exige atenção total. A preocupação é intermitente e, por norma, não se deve ouvir o
atendido quando o ouvinte estiver preocupado. Trata-se do silêncio mental que o atendente
deve esforçar-se por adquirir.

ANSIEDADE: Um hábito que deve ser corrigido, O ouvinte ansioso para provar a sua
rapidez de conclusão, antecipa as palavras do interlocutor, dizendo: “Já sei o que você vai
dizer”. Como não poderia deixar de ser, equivoca-se por precipitação, enganando- se quanto
ao que iria dizer a pessoa que faz a narrativa. Isto demonstra dificuldade de concentração,
provocando uma atenção difusa (e não dirigida) com características de desinteresse,
indiferença e uma série de fatores que concorrem para se ouvir mal, sem que exista na
pessoa que está ouvindo qualquer defeito do aparelho auditivo. Como as pessoas estão mais
propensas a falar do que a ouvir, habituadas a interromper, acontece um efeito desagradável,
quando dois indivíduos resolvem falar ao mesmo tempo, convencidos de que se farão ouvir
levantando o timbre de suas vozes.

FASES DO ATENDIMENTO FRATERNO (AF)

I. CHEGADA À CASA ESPÍRITA:


Os atendentes devem chegar, no mínimo, 20 minutos antes de iniciar a tarefa.
Recomendável que o AF seja realizado em dupla;

II. NO LOCAL DO AF:


Os atendentes deverão ler uma página preparatória de ambiente (pode ser utilizado o
Evangelho segundo o Espiritismo), em seguida, fazer a prece;

III. ATENDER:
O comportamento de polidez e de interesse do Atendente, que deverá saber receber, ter
postura adequada durante a entrevista, aproximar-se (não criar distâncias por superioridade
ou excesso de formalismo), prestar atenção (concentrando-se para ouvir bem e observar as
reações do outro). Queremos particularizar, neste tópico, uma habilidade especial: o saber
ouvir, que, além de impressionar positivamente pelo grau de empatia que vincula ajudador
e ajudado, assegura, através da memorização, a evocação dos elementos fáticos e opinativos
que o ajudado expressa, favorecendo a orientação. Nada pior do que um ajudador que não
presta atenção e que a cada momento precisa recapitular com perguntas o que ouviu. É
nessa fase do ouvir que começa a brotar na mente do Atendente a inspiração dos bons
Espíritos, que deve ser guardada para, no momento próprio, nas fases seguintes do
atendimento, basear a sua orientação.

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IV. RESPONDER:
Não significa tão somente a devolução de respostas às perguntas formuladas pelo atendido.
Responder perguntas é só uma parte desta fase. Responder é identificar e confirmar com o
próprio ajudado o seu problema principal, escoimando-o dos acessórios inúteis de sua
mente em confusão. E expressar com os próprios, os sentimentos do outro. É, enfim,
perceber a linguagem corporal do outro e o que ela representa como mensagem a ser
correspondida adequadamente. Não há destaque no Atendimento Fraterno para o ato de
perguntar como iniciativa do atendente, porque a ele pouco é dado perguntar, só o devendo
fazer nas seguintes ocasiões:
i. Quando não entendeu;
ii. Quando o ajudado, mesmo estimulado, não consegue se expressar, não consegue
traduzir seus sentimentos ou está perdido no âmbito de suas divagações.

V. PERSONALIZAR:
É o momento do ajudado se descobrir como pessoa, perceber o fato de que não é um agente
passivo diante de sua experiência, mas um atuante, uma pessoa responsável por seus atos,
pensamentos e emoções, alcançando a compreensão de que os outros podem ser, tão
somente, agentes estimuladores dessas emoções (positivas ou negativas). A partir daí, toma-
se consciência de deficiências que precisam ser alijadas e qualidades a ser aperfeiçoadas no
esforço da reconquista do equilíbrio íntimo. Este é um processo muitas vezes doloroso, mas
necessário, por ser a antecâmara do autodescobrimento, que só pode ser alcançado pelos
caminhos do amor, quando o atendente é capaz de passar essa chama divina, através de
palavras e atitudes gentis, e quando o atendido é capaz de recebê-la através de uma entrega
confiante e esperançosa. É por esta razão que se afirma serem as duas fases iniciais do
atendimento, o atender e o responder, praticamente definidoras do sucesso da ajuda, pois
estes são os momentos do contato pessoa a pessoa em que o amor deve penetrar a alma do
atendido predispondo-o à transformação.

VI. ORIENTAR
Será a parte mais fácil, se o Atendente conhece bem a Doutrina, cabendo-lhe organizar a
sua expressão de forma clara e simples para transferi-la para o atendido como informações
práticas, a partir das quais se definirá um plano de ação, que o atendido deverá seguir por
iniciativa própria, objetivando a solução almejada.

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PROBLEMAS COMUNS

Os problemas que se apresentam são os mais variados, desde simples perturbações


espirituais até obsessões graves, passando por problemas de ordem emocional, física e
psíquica. A pessoa que ali está, vê no entrevistador alguém que pode ajudá-lo a resolver seus
problemas. Coloca com confiança a situação que o levou a buscar ajuda e têm expectativas
em melhorar sua condição.

A maioria dos problemas que chegam são da própria criatura. São problemas psíquicos,
dificuldades emocionais e relacionais, conflitos e agitações mentais. Importante se evitar o
viés de enxergar sempre um Transtorno Obsessivo ou mediúnico na maioria dos casos que
chegam. Lembrar-se da lição espírita "Causas atuais das aflições" e considerar este
ensinamento, estimulando o atendido a fazer a parte dele, tomando a atitude que lhe será
recomendada.

São vários os problemas que surgem no Atendimento Fraterno. É necessário que o


atendente fraterno tenha algumas noções básicas (ainda que simples) acerca dos problemas
da personalidade, a fim de não os confundir com os processos obsessivos, quando na
realidade são conflitos da própria personalidade, transtornos, traumas psíquicos do
indivíduo, o Espírito encarnado.

O psiquiatra Jorge Andréa, esclarece:

“Essas estruturas doentes, do Espírito ou da Individualidade, imprimem nas células nervosas


desvios metabólicos a refletirem uma intensa gama de personalidades doentias,
consequência de autênticas respostas cármicas.”

De uma forma muito simples, a personalidade é o resultado de vários fatores em uma


encarnação. A palavra personalidade está vinculada a “persona” que quer dizer “máscara”.
É o papel que a pessoa assume na vida, graças a inúmeros fatores de ordem educacional,
social, histórica, resultado também da interação social.

Os problemas da personalidade, na interação social, nas tensões, nos problemas que


surgem, de alguma forma atingem a Individualidade. Segundo o Psicólogo Rollo May, a
origem dos problemas da personalidade é “uma falta de ajustamento das tensões dentro da
personalidade.” A meta, portanto, é ajustar as tensões.

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Jorge Andréa elucida:

“Devemos considerar, como personalidade desviada, as condições dinâmicas que atingem


o caráter e cuja intensidade ou grau modificarão a conduta e consequentemente a vida social.
Desse modo, estarão enquadrados os indivíduos que destoam da média, apresentando tanto
agressividade exagerada como passividade extrema, os desvios sexuais, os alcoólatras, e uma
série de disfunções da personalidade. Geralmente são indivíduos que acham que suas
reações são mais desencadeadas pelo meio em que vivem do que partindo deles próprios.”

Exemplos:

CONFLITOS DE RELACIONAMENTO

“Basicamente, do ponto de vista da nossa missão na existência humana, temos três missões
a serem realizadas:

1. Purificar nossas inferioridades: curar o medo, a raiva, o pessimismo, a ansiedade, a


tendência de se isolar, a tendência de se magoar, a tendência de se deprimir, a
tendência da agressividade, entre tantas outras emoções negativas.
2. Nos harmonizar com espíritos conflitantes: está nas relações um dos nossos maiores
desafios. Conquistar harmonia, perdoar, aceitar, tolerar, desenvolver a paciência e o
amor incondicional são os maiores desafios que surgem nos relacionamentos,
portanto se configura uma importante meta a ser alcançada.
3. Gerar bons exemplos: é de se esperar que uma pessoa que esteja sintonizada com o
seu Eu superior e a sua essência, que tenha naturalmente a tendência de construir
atitudes que ajudam ao próximo, das mais diversas formas. As atitudes de doação -
em diversos aspectos da existência - e da compaixão surgem como consequência
natural nas pessoas sintonizadas com suas essências.

Em uma relação, encontramos nossas maiores afinidades, bem como nossos maiores
desafios. Em uma mesma pessoa conseguimos encontrar aspectos de total afinidade e,
também, de falta de afinidade, portanto, as pessoas, ou melhor, as relações sempre
promovem grandes aprendizados e quando não os entendemos e não evoluímos, sofremos.

- Temos a tendência de achar culpados


- Temos a tendência de querer controlar as pessoas

Infelizmente a falta de paciência, a intolerância, a presunção, a arrogância e o controle são


características negativas presentes na maioria das pessoas que vivem neste planeta. Talvez
31
pudéssemos excluir não mais do que umas cem pessoas em todo o globo as quais estão
isentas dessas atitudes negativas. Portanto, essa é uma realidade presente na história das
pessoas que vivem uma vida conhecida como normal, e mesmo que queiramos negar,
basicamente, todos somos intolerantes!

“Devemos aprender a aceitar as pessoas como elas são. Manter a liberdade nas relações,
cultivar o respeito pelas vontades alheias e entender principalmente que ninguém, ninguém
mesmo é responsável pela sua felicidade.”

Bruno J. Gimenes (www.luzdaserra.com.br)

CONFLITOS SEXUAIS (HOMOSSEXUALIDADE – BISEXUALIDADE –


TRANSEXUALIDADE)

O que diz a ciência.

A homossexualidade deixou de ser considerada doença pela Associação Americana de


Psiquiatria em 1973. No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de Psicologia deixou de
considerar a homossexualidade como um desvio sexual e, em 1999, estabeleceu regras para
a atuação dos psicólogos em relação às questões de orientação sexual.

“A Doutrina Espírita oferece subsídios valiosos para auxiliar a compreensão de tais


incógnitas, uma vez que analisa o ser humano sob o prisma holístico. Isto é, investiga as
causas do enigma, pois não se detém apenas no exame dos fatores físicos e psicológicos
inerentes ao ser humano.

O seu estudo, por si só, constitui uma excelente terapêutica, visto que auxilia a libertação de
muitos conflitos e encaminha as pessoas para a tomada de atitudes mais coerentes e seguras
diante da vida. Os benfeitores do Alto, nas questões 200 e 201 de O Livro dos Espíritos
(Ed. FEB), deixam claro que os Espíritos não têm sexo, como o entendemos, e que podem
encarnar ora como homem, ora como mulher. E complementam – “há entre eles amor e
simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos”.

Portanto, as preferências sentimentais de pessoas por outras do mesmo gênero nem sempre
implicam a existência de conúbio carnal ou o desvirtuamento e o abuso das faculdades
genésicas, abuso esse que também ocorre, expressivamente, entre os indivíduos
heterossexuais. Qualquer pessoa, independentemente de sua orientação sexual, jamais
logrará realização, se se entregar aos excessos no campo da sexualidade. Nesses casos, o
32
indivíduo sujeita-se a adquirir hábitos nocivos e a viciar- se nas aberrações da luxúria, essas,
sim, contrárias às leis naturais, as quais convidarão o Espírito imortal a corrigi-las nas futuras
encarnações.”
(Revista O Reformador/2010)

“A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de


ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a
comunhão afetiva com outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental
nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente
compreensível, à luz da reencarnação (...) e o mundo vê, na atualidade, em todos os países,
extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de
homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à
atenção devidos às criaturas heterossexuais.”
(Emmanuel)

DEPRESSÃO

“É um transtorno do humor, com baixa da atividade geral, levando ao sofrimento íntimo


profundo, desesperança, falta de fé em Deus, em si próprio e na vida. A ciência médica
ainda não tem, claramente, o conhecimento da origem da depressão. Fala-se em distúrbios
dos neurotransmissores a nível do sistema nervoso central, de herança genética, de pressão
social, frustrações, perdas precoces importantes e outras mais; porém, embora todas as
possibilidades acima sejam verdadeiras como desencadeadoras, não explicam por que
alguns indivíduos, sofrendo as mesmas contingências, não desenvolvem um quadro
depressivo. Todas as possibilidades acima são efeitos e não causas. (...) A causa da depressão
vige na alma e não somente no corpo físico. O conflito do deprimido remonta a causas
pretéritas, provavelmente longínquas, com repercussão no presente.”

Dr. Jaider Rodrigues de Paula - Psiquiatra/ AMEMG (www.nenossolar.com.br)

****

Podemos dividir a "depressão" em três formas, de acordo com o fator causal:

- Depressão Reativa ou Neurose Depressiva: Esta depende de um fator externo


desencadeante, geralmente perdas ou frustrações, tais como separação, perda de um
ente querido etc.
- Depressão Secundária a Doenças Orgânicas: Acidente vascular cerebral ("derrame"),
tumor cerebral, doenças da tireoide etc.
33
- Depressão Endógena: Por deficiência de neurotransmissores. Exemplos: depressão
do velho, depressão familiar e psicose maníaco-depressiva.

Estima-se que a depressão incida em cerca de 14% da população, ou seja, temos no Brasil
cerca de 21 milhões de deprimidos. Ela afeta todo o ser, acarretando uma série de
desequilíbrios orgânicos, sobretudo, comprometendo a qualidade de vida, tornando a
criatura infeliz e com queda do seu rendimento pessoal.

Segundo Emmanuel, a depressão interfere na mitose (divisão) celular, contribuindo para o


aparecimento do câncer e de outras doenças imunológicas, sobretudo a deficiência
imunitária facilitando as infecções. Na depressão existe uma perda de energia vital no
organismo, num processo de desvitalização. O indivíduo perde energia por dois
mecanismos principais:

1º) Perde sintonia com a Fonte Divina de Energia Vital: O indivíduo não se amando como
deve, com sentimento de autoestima em baixa, afasta de si mesmo, da sua natureza divina,
elo de ligação com a fonte inesgotável do Amor Divino. Além do mais, o indivíduo ao se
fechar em seus problemas e suas mágoas, cria um ambiente vibracional negativo que dificulta
o acesso da Espiritualidade Maior em seu benefício.

2º) Gasto Energético Improdutivo: O indivíduo ao invés de utilizar o seu potencial


energético para desenvolver potencialidades evolutivas, vivendo intensamente as
experiências e os desafios que a vida lhe apresenta, desperdiça energia nos sentimentos de
autocompaixão, tristeza e lamentações. Sofre e não evolui.”

Dr. Wilson Ayub Lopes (www.feig.org.br)

SÍNDROME DO PÂNICO

A síndrome do pânico como é popularmente conhecida, ou transtorno do pânico como é


designada em psiquiatria, é um transtorno que se caracteriza por crises súbitas de medo,
onde a pessoa pensa que vai morrer naquele momento. Sintomas como batimentos
cardíacos acelerados, falta de ar, sudorese, tremores, dor no peito, instabilidade ou sensação
de tontura, dentre outros, são os que geralmente acometem quem sofre uma crise.

Talvez, o que pareça ruim, a partir da primeira crise, torna-se ainda pior, com o receio do
aparecimento de um novo episódio de pânico, já que a pessoa não tem noção de quando
ela virá. Qualquer estímulo interno, como uma dor, tonteira, aceleração cardíaca, ou fator
externo, como um cheiro, a associação a um lugar, podem remeter a uma recordação da
34
crise anterior, ou das crises anteriores, desencadeando assim uma nova crise. A qualidade
de vida da pessoa tende a ficar agravada, pois geralmente ela passa a evitar sair de casa, para
não se expor a situações que possam ser embaraçosas ou difíceis de encontrar uma saída
caso tenha uma nova crise. É o chamado medo do medo.

O transtorno do pânico tem uma prevalência de cerca de 1,5 a 2% sobre a população geral
e tem uma preferência três vezes maior para mulheres do que para homens, por questões
hormonais

As causas biológicas estão possivelmente associadas a alguns fatores, como alterações no


funcionamento de determinadas estruturas do córtex cerebral, como hiper-reatividade do
lócus cerúleos, desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, modulação do sistema
serotoninérgico desregulado, hiperativação da via do medo condicionado, ligado à amigdala,
além de um componente genético moderado. Como causas psicológicas, podemos citar
uma educação castradora por parte dos pais, com ameaças e chantagens, gerando uma
pessoa ansiosa e insegura, com predisposição ao transtorno.

A visão espírita do transtorno do pânico amplia os horizontes já citados dos referenciais


biológicos e psicológicos, já que remonta às possíveis causas e propõe uma terapêutica
positivamente de mudança do ser espiritual reencarnado.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo 5, temos dois itens que tratam das causas
atuais das aflições e das causas passadas das aflições, onde os benfeitores maiores nos dizem
que tudo aquilo que não foi gerado nesta existência, como causa do efeito que agora se
experimenta, seguramente esta causa estará em uma outra existência.

Joanna de Ângelis, espírito, em sua obra Amor Imbatível Amor, afirma que as raízes do
transtorno do pânico encontram-se na criatura que desconsiderou as Soberanas Leis e se
reencarna com predisposição fisiológica, imprimindo nos genes a necessidade da reparação
dos delitos passados que ficaram sem a retificação, porque ficaram desconhecidos da justiça
humana, porém, não da justiça divina e da própria consciência. A pessoa abre campo para
uma série de resgates, abrindo também campo para o processo obsessivo, por parte de
entidades espirituais que se utilizam dos arquivos mentais do doente, para manipular seus
pensamentos e emoções, criando quadros aterradores para quem lhe padece o conúbio
devastador.

Por isso, o Mestre nos adverte docemente, como encontramos em Mateus 5:25, concilia-te
com o teu inimigo. Isso, porque se podemos nos ter por conta de nossos melhores amigos,
somos também nós mesmos os nossos piores inimigos. Nossos inimigos maiores são as
35
nossas imperfeições! Nossos piores adversários estão dentro de nós. Reconciliar é mudar
enquanto é tempo. É não se permitir desencarnar com o sentimento da culpa, que é tão
avassalador. Para aquele que desencarna, a realidade espiritual é encontrar do outro lado
do espelho da vida, aquela realidade que nos mostra como realmente somos e estamos, sem
máscaras a nos ocultar o íntimo.

Rodrigo Ferretti - (www.feig.org.br)

ABUSO DE DROGAS

Historicamente, o uso de substâncias psicoativas sempre existiu em todas as sociedades


desde tempos mais remotos e acompanha o ser humano em uso ritualístico e festividades.
Essa situação perdurou por vários séculos com um aparente controle social sobre o
consumo. No entanto, nas últimas décadas, estamos convivendo com um crescimento do
consumo de substâncias lícitas (como o álcool e o tabaco) e com o aumento da utilização de
substâncias ilícitas como a maconha, cocaína, crack e ecstasy.

Hoje o uso de substâncias responde por uma parcela importante das internações
psiquiátricas (segundo uma recente pesquisa do ministério da saúde, publicada no jornal do
CFM, essa parcela é de 18% das internações) e está associada a elevadas taxas de
adoecimento psíquico e físico (vários órgãos são afetados). além disso temos a gravidade das
consequências dos episódios de abuso, principalmente acidentes de trânsito, exposição a
comportamento sexual de risco e atos de violência, trazendo danos individuais e coletivos.

Dependências:

É muito importante dizer que a questão da dependência e dos vícios não se restringe às
drogas. A dependência de drogas faz parte de um grande grupo de dependências e por isso
é importante lembrar que as pessoas podem ser viciadas em drogas, mas também viciadas
em trabalho, em comida (temos assim os transtornos alimentares como as compulsões
alimentares e a bulimia nervosa), viciadas em jogo (jogo patológico), viciadas em sexo (em
psiquiatria, são os quadros conhecidos como satiríase e ninfomania), e há os viciados em
pessoas (são dependências afetivas, relacionamentos afetivos doentios onde a pessoa se
torna objeto da outra e na sua ausência podemos observar verdadeiras crises de abstinência).

Numa perspectiva médico-espírita a predisposição genética seria uma marca espiritual, ou


seja, temos registrado em nosso DNA alterações secundárias a desequilíbrios em vida
pretéritas – no caso seria a drogadição experimentada em vidas passadas.

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Das dependências aos adoecimentos:

Na visão de Emmanuel, nós adoecemos por reter a energia dos objetos da dependência
(tratando-se das dependências de pessoas e objetos).

No livro Caminho, Verdade e Vida, o autor nos fala que “somos proprietários apenas
daquilo que conseguimos levar dentro de nós. O resto é empréstimo Divino. Mas temos o
hábito (ou melhor, o hábito adoecido que chamamos de vício) de reter as coisas, os objetos,
as pessoas e suas energias, e assim vamos adoecendo…”. Veremos então todo o processo de
adoecimento físico, psíquico e perispiritual.

Vontade:

“Não há arrastamento irresistível. Uma vez que se tenha vontade de resistir. Lembrai-vos de
que querer é poder.”
(Questão 845 de O Livro dos Espíritos).

“Todos os recursos terapêuticos são importantes, mas a eficácia de todos eles dependerá
sempre, da vontade da pessoa dependente querer abandonar o vício.”

(Carlos Eduardo Sobreira Maciel – AMEMG).

MEDIUNIDADE

No entendimento do Espiritismo, mediunidade não é sagrada, não é mística, não é mágica,


não é sobrenatural. Não se alcança através de rituais ou de fórmulas predeterminadas. A sua
prática é racional, equilibrada, transparente, fruto da persistência e da continuidade. O seu
exercício envolve objetivo, planejamento e estruturação do processo.

A mediunidade não serve para "falar com os mortos", pois os espíritos desencarnados não
se enquadram nesta concepção do imaginário da cultura material. A mediunidade não se
reduz a um balcão de atendimento ao qual se recorre para resolver problemas. Não serve
para dizer o que as pessoas devem fazer ou para decidir seu futuro, tolhendo o seu livre-
arbítrio.

Mediunidade é sintonia e troca de experiência entre espíritos desencarnados e encarnados.


Não há perda de consciência, não há anulação. Há soma das experiências das partes
envolvidas, trazendo superação.
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A mediunidade não "serve contra mau olhado”, não "serve para ganhar na loteria", não serve
para justificar comportamentos anormais. Não "serve para desobsidiar espíritos". Não é
"dom", não é “graça", não é castigo ou punição. É trabalho contínuo para a construção de
um momento diferente, evidenciado no comportamento de cada um.

A mediunidade não faz milagres. Não concede "poderes" especiais. Ela não é fonte de todo
o conhecimento. Os espíritos encarnados e os desencarnados envolvidos no processo
mediúnico só conhecem alguma coisa na medida de suas experiências e de suas vivências.
A mediunidade não é exclusiva de algumas pessoas. Ela é uma capacidade, uma faculdade
do espírito, que se aperfeiçoa pelo exercício e esforço pessoal. Ela é de todo o grupo cultural
e está intimamente ligada aos seus valores e sentimentos. A mediunidade não está pronta e
acabada, transforma-se e modifica-se ao longo do tempo, acompanhando o momento
emergente, as situações vividas pelo grupo, a evolução das pessoas.

Mediunidade é instrumento que auxilia cada pessoa na construção do novo ser, através do
rompimento de seus limites, ampliando a visão de si mesmo, dos outros, da natureza, de
Deus. Mediunidade é expressão de identidade, é sintonia e troca de experiência.
Mediunidade é interação entre os polissistemas material e espiritual.

(Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas – www.sbee.org.br)

OBSESSÃO

A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau
do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo
modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais
variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. "

(Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XXIII).

Assim, tal fenômeno existiu em todas as épocas da humanidade, de tal modo que, na época
de Jesus, usava-se o termo possessão para denominar os fenômenos de cunho obsessivo.
Recordemo-nos de quando Jesus caminhava e deparou com um homem mentalmente
perturbado. O homem inquiriu o Mestre: "quem és tu?"

Jesus respondeu: "Eu sou Jesus, e tu meu irmão, quem és?" O homem, totalmente
desequilibrado, disse: "Tu não, nós...nós somos legião". Jesus, sabendo perfeitamente que
se tratava de um processo obsessivo, asseverou: "Legião, sai dele". E rendendo à perfeição
do Mestre os espíritos inferiores foram-se e deixaram aquele homem em paz.
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Assim, "é a obsessão, cobrança que bate às portas da alma. É um processo bilateral. Faz-se
presente porque existe de um lado o cobrador, sequioso de vingança, sentindo-se ferido e
injustiçado, e de outro o devedor, trazendo impresso no seu perispírito os matizes de culpa,
o remorso ou do ódio que não se extinguiu."

(Suely Caldas Schubert, Obsessão / Desobsessão).

Allan Kardec salienta (A Gênese, pág. 305) que "Nos casos de obsessão grave, o obsidiado
fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos
fluidos salutares e os repele..." Ainda nos orienta o Codificador (mesma obra, pág. 285), que
"Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os
assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem
sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quando, por sua extensão e irradiação, o
perispírito com eles se confunde. Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno,
reage sobre o organismo material com quem se acha em contato molecular. Se os eflúvios
são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é
penosa. Se os eflúvios maus são permanentes e enérgicos, podem ocasionar desordens
físicas; não é outra a causa de certas enfermidades". Daí a ideia de que "No conhecimento
do perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis".

(Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. I).

Na auto-obsessão, a mente da pessoa enferma encontra-se numa condição doentia


semelhante às neuroses. É uma situação em que ela atormenta a si mesmo com
pensamentos dos quais não consegue se livrar. Há casos mais graves em que o paciente não
aceita que seu mal resida nele mesmo. As causas deste tipo de obsessão residem nos
problemas anímicos do paciente, ou seja, nos seus dramas pessoais, dessa ou de outras
encarnações. São traumas, remorsos, culpas e situações provindas da intimidade do seu ser,
que lhe prejudica a normalidade psicológica.

Quando se examina esses casos mediunicamente, pode-se encontrar Espíritos atrasados ou


sofredores associados à vida mental dos doentes. Mas, as comunicações indicam que eles
estão ali por causa da sintonia mental com o obsidiado. Agravam seu mal, mas não são os
causadores dele.

Na visão de Emmanuel e Scheilla, apresentadas através das obras psicografadas por


Francisco C. Xavier, as possíveis causas de obsessão são:

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- A cabeça e mãos desocupadas;
- A palavra irreverente;
- A boca maledicente;
- A conversa inútil e fútil, prolongada;
- A atitude hipócrita;
- O gesto impaciente;
- A inclinação pessimista;
- A conduta agressiva;
- O apego demasiado às coisas e pessoas;
- O comodismo exagerado;
- A solidariedade e a caridade ausentes;
- Tomar os outros por ingratos ou maus;
- Considerar nosso trabalho excessivo;
- O desejo de apreço e reconhecimento;
- O impulso de exigir dos outros mais do que de nós mesmos;
- Empreender fuga dos problemas e desafios através do álcool ou drogas psicoativas.

PROVAS E EXPIAÇÕES

Um dos princípios da Doutrina Espírita é a reencarnação, entendida pelos orientadores


espirituais como necessária à evolução humana, pois “uma só existência corpórea é
claramente insuficiente para que o Espírito possa adquirir todo o bem que lhe falta e de
desfazer de todo o mal que traz em si.”

Para auxiliar-nos no processo ascensional, Deus nos concede o livre arbítrio, uma vez que,
se o homem “(…) tem liberdade de pensar, tem também a de agir.” Podemos, então, afirmar
que o ser humano é o árbitro do seu destino e que cada escolha, independentemente das
suas motivações ou justificativas, acionam a lei de causa e efeito em qualquer plano de vida
que se situe: o físico ou o espiritual.

O uso do livre arbítrio são ações que provocam reações, no tempo e no espaço. As boas
escolhas produzem progresso evolutivo, enquanto as escolhas infelizes geram provações ou
expiações que se configuram como mecanismos evolutivos, moduladores da lei de causa e
efeito, claramente consubstanciada no planejamento reencarnatório de cada indivíduo. Daí
Emmanuel afirmar: “A lei das provas é uma das maiores instituições universais para a
distribuição dos benefícios divinos.”

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Para melhor compreensão do assunto, Emmanuel especifica também a diferença que há
entre prova (ou provação) e expiação: “A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde
e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é pena imposta ao
malfeitor que comete um crime.”

Percebe-se, portanto, que a prova se assemelha a uma corrida de obstáculos que tem o
poder de impulsionar o progresso humano. As provas sempre existirão, mesmo para
Espíritos superiores, por se tratar de desafios evolutivos. A expiação, contudo, representa
uma contenção temporária da liberdade individual, necessária à reeducação do Espírito que,
melhor utilizando o livre arbítrio, reajusta-se às determinações das leis divinas.

As provações podem ser difíceis, não resta dúvida, mas, por seu intermédio, o Espírito é
colocado em situações que o afastam do estado de inércia em que ora permanece ou se
compraz, proporcionando-lhe, ao mesmo tempo, oportunidades para que ele possa
trabalhar a melhoria das suas atuais condições de vida.

Nas expiações, o Espírito vê-se colocado prisioneiro das más ações cometidas, pelo uso
indevido do livre arbítrio. Para que não se prejudique mais, renasce sob processos de
contenção que, obviamente, produzem sofrimentos, sobretudo se o ser espiritual ainda não
consegue apreender o valor da dor como instrumento de educação e cura espirituais.

Em “O Céu e o Inferno”, Allan Kardec lança outras luzes a respeito do tema, quando explica
que o arrependimento das faltas cometidas é o elemento chave para liberar o Espírito das
provações dolorosas e das expiações. O Codificador, assim se expressa: Arrependimento,
expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e
suas consequências. O arrependimento suaviza as dores da expiação, abrindo pela
esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito lhe
destruindo a causa.

Nesses termos, a libertação do Espírito, ou reparação, indica ser a etapa final da expiação
porque, perante os códigos divinos, não nos é suficiente expiar uma falta, é preciso anulá-
la, definitivamente, da vida do Espírito imortal, pela prática do bem.

A reparação consiste em fazer o bem a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus
erros nesta vida por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência posterior em
contato com as mesmas pessoas a quem prejudicou, e em condições voluntariamente
escolhidas, de modo a demonstrar-lhes o seu devotamento, e fazer-lhes tanto bem quanto
mal lhes tenha feito.
(www.febnet.org.br)
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PERDA DE ENTES QUERIDOS

A dor causada pela perda dos entes amados atinge a todos nós com a mesma intensidade.
É a lei da vida a que estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única certeza absoluta no
transcorrer da vida será a de que um dia morremos.

Não costumamos pensar muito na morte, não fazendo ela parte das nossas preocupações
mais imediatas. Vamos levando a vida sem pensar que um dia morremos. Mas daí vem o
inesperado, e quando nos deparamos ela bate a nossa porta arrebatando-nos um ente
amado.

Então sentimo-nos impotentes diante dela e o pensamento de que nunca mais “o veremos”
aumenta mais a dor. Dor alguma é comparável a essa. Ceifando a alegria de viver de quem
fica no corpo, assinala profundamente os sentimentos de amor, deixando vigorosas marcas
no campo emocional. Mesmo na vida física há separações traumáticas, longas e às vezes
definitivas. Na morte, então a saudade e a vontade de ter outra vez aquele que se foi é
perfeitamente natural e compreensível.

A morte, no entanto, é uma fatalidade inevitável, e todos aqueles que se encontram vivos no
corpo, em momento próprio dele serão arrebatados.

Algumas pessoas sentem com maior intensidade a perda do ente amado, demorando a se
recuperar da dor pela partida deste. O chamado período de luto. O período de luto é
influenciado por vários fatores, dentre estes a idade, saúde, cultura, crenças religiosas,
segurança financeira, vida social, antecedentes de outras perdas ou eventos traumáticos e
principalmente quando a morte ocorreu repentinamente, de uma forma brusca, como
acontece em desastres, acidentes ou por ato de violência. Cada um desses fatores pode
aumentar ou diminuir a dor do luto.

Mas porque é tão dolorosa a perda, ou melhor, a separação de um ente amado? Justamente,
porque os amamos, e porque os amamos queremos tê-los continuamente junto a nós, e isso
é natural, portanto, não necessita de explicações! Vivemos em função uns dos outros, se
aquele que amamos se vai... Como não sentir? A impossibilidade de se conversar, ouvir a
voz, tocar no ente amado que partiu, é devastador para aquele que ficou. Uma foto, um
aroma, uma música bastam para lembrar o ente querido e a dor da sua ausência reaparece
cada vez mais forte acompanhada da saudade causticante!

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Diante de tão terrível e amarga dor, onde procurar consolo? Onde procurar respostas? O
que fazer e qual a nossa atitude mais correta para sobrevivermos a ela?

Para entender a atitude dos espíritas diante da dor da perda de entes queridos, é preciso
entender a visão espírita da morte!

Toda a religião espiritualista tem em comum a crença na imortalidade da alma. No entanto,


o Espiritismo acrescenta e difere das demais, porque nos mostra que além de imortal, a
alma após a morte mantém sua individualidade, se aperfeiçoa e evolui pela pluralidade das
existências (reencarnação) e existe a comunicação entre os que se encontram no Mundo
Espiritual e aqueles que se encontram no mundo material.

Diante da imortalidade da alma a morte é, pois, a destruição do corpo físico, comum a todos
os seres biológicos, seja pelas transformações orgânicas, pelo desgaste à medida que nele se
movimenta, ou por uma agressão violenta!

Considerando que o Espírito está em constante crescimento e renovação, a morte é um


meio de transição e não um ponto final, possibilitando assim através da reencarnação
mudança de ambientes e projetos de vida! Vejamos o que diz o Livro dos Espíritos.

Questão153: “Em que sentido se deve entender a vida eterna?”


R: “A vida do espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. quando o corpo
morre, a alma retorna a vida eterna”

Segundo consolo que encontramos na Doutrina Espírita: possibilidade de comunicação


entre os encarnados e os desencarnados! A possibilidade da comunicação com o ser querido
leva muitas pessoas a desejarem, a todo custo, uma mensagem, uma palavra que possa
proporcionar-lhes a aceitação do ocorrido e que lhes minore a dor da enorme saudade que
sentem.

No entanto, é necessário se precaver contra a urgência desenfreada de se obter essa


comunicação, principalmente quando é recente a desencarnação. Nesse caso, sabemos que
ela não é impossível, mas não é recomendada porque, e isto é natural e previsível para todos
os recém desencarnados, há um período de adaptação do Espírito a sua nova realidade.
Não podemos esquecer também que as condições em que se encontram os Espíritos no
mundo espiritual, se dão pelo próprio espírito, ou seja, pelas escolhas, a forma como viveu
enquanto encarnado, seus méritos e suas necessidades! Diante disso, a comunicação pode
ser impedida ou não possível por um determinado tempo.

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Em segundo, as comunicações são acompanhadas de uma necessidade e de uma utilidade!
Temos que entender que o mundo espiritual não está para nos servir a qualquer hora ou
custo, para saciar desejos desenfreados, isso pode abrir portas para mistificações e até
obsessões. Por isso toda e qualquer comunicação deve ser vista com cautela e seriedade!

Então, as pessoas que buscam o centro espírita com profundo desejo de receberem uma
mensagem de um ente querido desencarnado, estejam avisadas de que este contato nem
sempre é possível. Às vezes passam-se meses e até anos antes de obterem uma palavra ou
mensagem. Nem os médiuns, nem os Espíritos estão obrigados a nos dar as respostas que
queremos, mas se a Misericórdia Divina permitir, com certeza será recebida, como
podemos comprovar por tantas psicografias, posteriormente publicadas em livros, recebidas
por Francisco Candido Xavier, mensagens consoladoras e esperançosas para pais, filhos,
amigos...

Em O Evangelho Segundo Espiritismo, no capítulo V, Instruções dos Espíritos no item


perda de pessoas amadas e mortes prematuras (Sanson, antigo membro da Sociedade
Espírita de Paris, 1863) diz: “A morte prematura é quase sempre um grande benefício que
Deus concede ao que se vai. Sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções
que poderiam arrastá-lo à perdição, aquele que morre na flor da idade não é vítima da
fatalidade, pois, Deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na Terra.”

Continuando, esclarece Sanson: “Regozijai-vos em vez de chorar quando apraz Deus retirar
um dos seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique para sofrer
convosco? Ah! essa dor se concebe entre os que não têm fé, e que vêm na morte a separação
eterna. Mas vós espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro
corporal. Mães sabeis que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, eles estão bem
perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança
os inebria de contentamento, mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque
revelam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus!”

(Nara Cristina Goulart – www.ceafoz.org.br)

DIFICULDADES SOCIOECONÔMICAS

E outras aflições:
“As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se quisermos, tem duas origens bem
diversas, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente; a outra, fora desta
vida.
44
Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são as consequências
naturais do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem por sua
própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento
ou por não terem limitado os seus desejos!

Quantas uniões infelizes porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade, nada
tendo com isso o coração! Que de dissensões de disputas funestas, poderiam ser evitadas
com mais moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e aleijões são o efeito da
intemperança e dos excessos de toda ordem!

(...) A quem, portanto, devem todas essas aflições, senão a si mesmos? O homem é, assim,
num grande número de casos o autor de seus próprios infortúnios. Mas, em vez de
reconhecê-lo, acha mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a
Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela, enquanto, na verdade, sua má estrela
é a sua própria incúria.”
(E.S.E. Cap. 5 – Bem-aventurados os aflitos)

Em um mundo inferior como o nosso, habitado por homens de diferentes condições


intelectuais e morais, as desigualdades sociais tornam-se por vezes chocantes. Conquanto
sejam naturais as desigualdades individuais resultantes do desenvolvimento das aptidões de
cada um, em mundos inferiores, como a Terra, as desigualdades sociais são agravadas pelo
orgulho e pelo egoísmo do homem, e se refletem nas instituições, nos governos, na legislação
e nos costumes humanos. Por isso é que os Espíritos Superiores, respondendo à indagação
do Codificador, tornaram claro que a desigualdade das condições sociais não se deve à lei
natural, sendo obra do homem e não de Deus (O Livro dos Espíritos, q. 806.). Nesse caso,
a organização social é susceptível de aperfeiçoamento no tempo, como, aliás, vem
sucedendo.

O mundo progrediu muito no decorrer dos últimos séculos em função das conquistas
vinculadas à liberdade e à igualdade. Mas ainda há focos de injustiças nas sociedades
modernas, tais como a discriminação racial e da mulher e as desigualdades sociais impostas
pela pobreza extrema.

Outra desigualdade social injustificável perante as leis divinas, principalmente depois das
conquistas resultantes do progresso científico e dos princípios morais e éticos aceitos por
todas as religiões, é a imposta pela pobreza extrema de indivíduos, famílias e comunidades.
Essa mácula social da extrema pobreza sempre existiu no mundo e sobrevive não somente
nas nações reconhecidamente pouco desenvolvidas economicamente, mas também nas
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mais ricas comunidades internacionais. Já existe uma consciência mundial que não é mais
aceita os extremos de pobreza e de miséria em um mundo que já tem condições de erradicá-
las, desde que haja planificação adequada e espírito de fraternidade e compreensão das
sociedades humanas. Pobres sempre existiram e continuarão a existir em um mundo de
expiações e provas como o nosso. A igualdade absoluta das riquezas é pura utopia com que
sonharam certos filósofos. Essa igualdade, se fosse possível, por convenção ou imposição
legal, em breve seria "desfeita pela força das coisas", uma vez que a ela "se opõe a diversidade
das faculdades e dos caracteres".

Nós, espíritas, graças aos ensinos e postulados da Doutrina Consoladora, temos posição
definida diante das desigualdades oriundas do egoísmo, do orgulho e da indiferença dos
homens. Sabemos que há necessidade de mais compreensão, mais amor e fraternidade,
mais instrução e educação para todos, para que os problemas sociais encontrem as soluções
dentro das leis naturais, que precisam ser conhecidas e vivenciadas.

(Juvenir Borges de Souza em O Reformador – fev/2002)

As "Casas Espíritas", como se apresentam no Brasil, são locais onde se apresentam


necessitados de todos os tipos. Ora, o lema do Espiritismo é "Fora da Caridade não há
salvação", e assim temos procurado atender, na medida do possível, aos necessitados do
corpo e da alma dando maior ênfase ao atendimento das necessidades da alma porque
temos consciência da extensão destas carências que se acumulam de reencarnação em
reencarnação. A assistência social, porém, tem sido cuidada porque através dela podemos
trazer novas almas à compreensão divina e, também, sanar os nossos próprios débitos
advindos de um passado onde negligenciamos os deveres para com a família, a pátria, a
profissão, o poder, a religião etc.

Tentando ajudar esses irmãos em dificuldades, vamos também aprendendo e corrigindo


nossas falhas anteriores onde negamos apoio e compreensão aos irmãos em luta. A "sopa",
a "cesta-básica", os "medicamentos", as "roupas" e toda assistência que fazemos a esta parte
de necessitados que comparecem às casas espíritas, podem estar representando uma
devolução de itens essenciais que nós, no passado, negamos a esses mesmos irmãos ou a
outros com quem convivemos. Quanto ao fato deles se acomodarem e só nos procurarem
para "receberem algo", pode acontecer realmente.

A Assistência Social deve haver nas Casas Espíritas. Apenas ela não deve ser maior do que
a assistência espiritual, eixo de todo trabalho espírita. Se for possível ter um Clínico Geral
ou um Farmacêutico para melhor atendimento dos irmãos carentes, devemos tê-los, mas

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que isso não prejudique as tarefas de reeducação espiritual de todos os que chegarem em
busca de auxílio.

(André Luiz G. Alencar – www.celd.org.br)

PRÁTICAS ESPÍRITAS E ORIENTAÇÕES COMUNS

Tendo em vista que comumente surgem informações relacionando a Doutrina Espírita com
as atividades de jogos de tarô, cartas, quiromancia e outras (radiestesia ou utilização de
varetas ou pêndulos para detecção de doenças ou outros desajustes, cromoterapia,
descarregos etc.) a Federação Espírita Brasileira esclarece como se desenvolve a prática
espírita:

* Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai
de graça o que de graça recebestes”.
* A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro
do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.
* O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas
práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos (casamento,
batizado, extrema-unção), concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas
ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia,
pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.
* O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo
a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.
* A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma
faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da
religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.
* Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da
Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.
* O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para
a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e
entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença,
nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que
cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

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As orientações mais comuns, de acordo com as práticas Espíritas são:

I. A PRECE

A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se Dele; é pôr-se
em comunicação com Ele. Três coisas podemos propor-nos por meio da prece:

• louvar,
• pedir,
• agradecer.
(Livro dos Espíritos, questão 659)

II. A FLUIDOTERAPIA (água e passes)

A fluidoterapia, como o próprio nome indica, é o tratamento feito com fluidos, ou seja,
através dos passes e da água fluidificada. Os Espíritos superiores explicam através da
codificação, que as mãos servem como instrumento para a transmissão do magnetismo
humano que, com as energias distribuídas pelos Espíritos, constituem o passe espírita.

Para que se realize a conjugação dos fluidos do plano espiritual com os do médium passista,
ressaltamos não ser necessário que dê passividade ao Espírito que vem cooperar. A
associação de energias se verifica sem que isto seja preciso. A aproximação de um Amigo
do plano extra físico, atende ao apelo do médium passista feito através da prece e estando
este receptivo e preparado para a doação fluídica.

III. ESTUDO (OU CULTO) DO EVANGELHO NO LAR

Trata-se de um encontro semanal, sendo previamente marcado o dia e a hora, (devendo ser
repetido sempre no mesmo dia e hora da semana) com o objetivo de reunir a família em
torno dos ensinamentos evangélicos, à luz do Espiritismo, e sob a assistência dos Benfeitores
Espirituais. Pode-se realizar a reunião sozinho, pois estamos cercados pelos amigos
“invisíveis”. Para tanto, é necessário fazer em plena voz, normalmente.

O estudo do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte onde
o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A Boa Nova seguiu da
Manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde de Simão Pedro para a
glorificação no Pentecostes. A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o teto simples
de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes de tudo, no círculo

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dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos atender às obrigações que nos
competem no tempo.

Roteiro da Reunião:

1. Leitura, sem comentários, de uma página de um livro (por exemplo, Pão Nosso,
Fonte Viva, entre outros);
2. Prece inicial;
3. Leitura e comentários de um tópico de O Evangelho segundo o Espiritismo, estudado
de forma sequencial;
4. Ter próximo um copo com água e ao final, bebê-la;
5. Prece de encerramento.

"Organizemos o nosso agrupamento doméstico do Evangelho. O Lar é o coração do


organismo social. Em casa, começa nossa missão no mundo."
(Scheilla - do livro Luz no Lar)

"Porque onde estiverem reunidos em meu nome, lá estarei presente."


Jesus. (MATEUS, 18:20.)

OUTRAS ORIENTAÇÕES

Muito mais que atender aos interesses da Terra, a Casa Espírita faz nossa iniciação nos ideais
do Céu, mostrando-nos a estrutura e funcionamento das Leis Naturais, através da divulgação
do Espiritismo. Simultaneamente convoca-nos à sua observância como o único caminho
para que nos libertemos de sentimentos inferiores como o egoísmo, a vaidade, o orgulho,
geradores de todos os nossos infortúnios. Somente assim nos habilitaremos a viver felizes,
contribuindo para a construção de um mundo melhor e uma sociedade mais feliz, com o
empenho de nossa própria renovação.

O Atendente Fraterno pode também orientar ou estimular o atendido a:

a) Participar das reuniões de Estudo Público;


b) Participar de cursos e seminários oferecidos pela Casa Espírita;
c) Ler as Obras Básicas Espíritas;
d) Habituar-se a leitura de obras edificantes;
e) Colocar seu nome (ou de terceiros) e endereço na pauta (caderno ou caixa) para
orações;

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f) Procurar tratamento médico ou psicológico quando a queixa principal se tratar de
doença.
g) Praticar exercício físico sob orientação ou procurar a Assistência Social. Se o atendido
já o fez e não observou melhoras, pode-se orientá-lo a buscar uma segunda opinião
com outro profissional, se possível;
h) Buscar atividades voluntariamente no bem.

OBSERVAÇÃO

O Atendente Fraterno deve encaminhar o caso à Reunião Mediúnica Privada (Receituário,


Cura, Desobsessão, Irradiação) para a devida orientação dos Benfeitores Espirituais,
preenchendo ficha específica para tal cometimento, quando o atendido apresentar:

1) Ideias suicidas ou homicidas;


2) Doenças graves (mental ou orgânica) ou de difícil diagnóstico;
3) Fixação em ideias deprimentes ou perturbadoras;
4) Raiva ou ódio exacerbados;
5) Depressão, síndrome do pânico ou medos irracionais;
6) Abuso de álcool ou outras drogas;
7) Pesadelos constantes ou sonhos repetitivos;
8) Comportamento bizarro ou criminoso (ex.: sadismo, masoquismo, pedofilia,
prostituição, autoflagelação etc.);
9) Perturbações quando vê ou ouve espíritos, ou sente “sair” do corpo, ou tem
“apagões”, lembrando ou não do que fez ou falou.

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre
vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis
descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”
(Mateus 11: 28-30)

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MÓDULO III
ATENDIMENTO FRATERNO VIRTUAL – AFV

O QUE É O ATENDIMENTO FRATERNO VIRTUAL?

O Atendimento Fraterno é a assistência individualizada, que consiste no diálogo fraterno,


espontâneo, confidencial e privativo, com o propósito de apoiar aqueles que buscam
consolo e orientação emocional e espiritual.

O atendimento fraterno virtual acontece à distância por meio de videoconferência acessível


via celular ou computador com microfone e câmera.

QUAL É O OBJETIVO DO ATENDIMENTO FRATERNO?

Seu principal objetivo é acolher e consolar o irmão de caminhada, orientando-o com


segurança para que o seu reequilíbrio seja fruto da sua própria compreensão e
transformação moral. A disposição sincera do atendido em se ajudar é o primeiro passo
para que inicie o processo de elevação de sua autoestima, fator importante para que o apoio
da espiritualidade ocorra em consonância com o desejo e a fé da pessoa durante e após o
atendimento.

Ressalta-se que a postura ética, moral e discreta do trabalhador do Atendimento Fraterno é


fator preponderante para confiança, segurança e um bom atendimento ao assistido.

QUEM PODE PARTICIPAR?

O público em geral. Todos são bem-vindos, sem distinção de credo ou religião.

QUANDO E COMO PARTICIPAR?

Os atendimentos serão realizados nos mesmos dias e horários do Atendimento Fraterno


Presencial.

51
O Atendimento Fraterno Virtual do é realizado de forma individual pela ferramenta de
videoconferência, sendo possível acessar pelo computador ou pelo celular, para isso basta
acessar o disponibilizado no momento do agendamento.

Ao acessar o link do atendimento no horário de funcionamento, você entrará em uma


videoconferência onde será recebido pelo secretário do dia, será orientado participará da
prece e passe à distância e entrará na fila do dia e aguardará, até que alguns minutos antes,
o secretário lhe encaminhará para o atendimento individual.

ORIENTAÇÃO PARA O ATENDIMENTO FRATERNO ON-LINE

1- PREPARAÇÃO

Munir-se de papel, caneta ou lápis para possíveis anotações, bem como, formar memória
para favorecer atendimento futuro, caso ocorra. Tais anotações serão destruídas, sem deixar
vestígios, o mais breve possível, em nome da segurança dos dados pessoais de terceiros.

Mantenha-se em ambiente reservado e silencioso para que possa, o quanto possível, captar
a construção da fala e a emoção da voz que, por si só, sinalizam caminhos de ajuda eficaz e
consoladora.

2- ATENDIMENTO

De início, identificar-se com saudação fraterna indicando seu nome e que o atendimento é
pelo Centro Espírita Bezerra de Menezes, perguntando o nome da (o) solicitante (respeitar
caso deseje o anonimato) e sua idade. Durante o atendimento, evitar sistematicamente
expressões de apreço exagerado, tipo querido, querida, meu bem e outras considerando
que não conhecemos quem nos busca, impondo-nos o máximo respeito no trato da situação.
Tentar colher com habilidade, qual é a religião professada pelo atendido, sem ser invasivo.

” Falarás com a firmeza de quem sabe o que diz e com os cuidados de quem, ainda, não
conhece a quem diz.” [Camilo/Raul Teixeira. Correnteza de Luz]

Respeitar o tempo psicológico que o (a) consulente precisa, para expor suas dificuldades e
dúvidas. Ouvir com tolerância, compreensão e sem cansaço. Fundamental dar toda a
atenção para quem fala.

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Dialogar com entonação natural, mesmo sob narrativas carregadas de ansiedade ou
sofrimento, transmitindo ao (à) ouvinte mensagem de segurança e expectativa feliz na
superação do problema.

Inibir de pronto, com firmeza e habilidade, qualquer insinuação de dependência ou


aproximação afetiva fazendo ver ao (à) ouvinte que o momento se presta tão somente ao
diálogo fraterno de acolhimento, consolo e apoio para ajudar na busca de alternativa de
solução para os problemas que o/a afligem.

Não aceitar, com firmeza e bondade, atendimento fora do seu dia e horário.

Na insistência, sugerir outro (a) atendente.

“O Atendente Fraterno deve manter-se em condição não preferencial por pessoas, numa
neutralidade dinâmica, como diria Joanna de Angelis, porque todos são iguais perante a Lei.
A todos (...) deveremos atender com carinho, sem preferências, sem excepcionalidades e
sem absorvermos o seu problema, para que ele não se torne um paciente nosso e não
transfira todos os seus desafios para nossa residência”.

(Divaldo Pereira Franco. Atendimento Fraterno. Projeto M. P. de Miranda, 1ª parte- Cap. I)

Ajudar, sem impor, respeitando o livre-arbítrio da pessoa, não interferindo nas suas
escolhas.

Não concordar com o erro, mas ser solidário com a pessoa que errou, ajudando-a na
recuperação.

Libertar a pessoa, através do esclarecimento, dando-lhe a orientação segura, a fim de que


ela possa resolver as suas dificuldades e não ficar apegada ao atendimento como uma
bengala psicológica.

O objetivo do Atendimento Fraterno pelo Diálogo é, essencialmente, acolher e consolar,


esclarecer e orientar e não ensaio para converter o consulente em espírita.

FINALIZAÇÃO

Com habilidade, cuidar para que o diálogo não se estenda em demasia (em média, de 10 a
20 minutos), tornando-se cansativo e improdutivo.

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1. Deixar a critério do (a) solicitante a iniciativa de novo atendimento.
2. Estimular o cultivo, no dia a dia, do bom pensamento, da boa palavra, da boa ação.
3. Recomendar a leitura diária de página espírita, que inspire otimismo, esperança e
bom ânimo, valorizando o Evangelho segundo o Espiritismo, dentre outras obras.
4. Sugerir que ouça palestras, presenciais ou virtuais, espíritas que várias casas oferecem.
5. Propor ter seu nome do(a) atendido(a) em nossas reuniões de irradiação e preces.
Caso concorde, anotar o nome e a cidade do(a) atendido(a) e registrar na ficha ao
término do atendimento.
6. Recomendar que o atendido permaneça em recolhimento e prece nos dias e horários
de irradicação indicados.
7. Sugerir atendimento especializado para os atendidos com ideação suicida; oferecer
rede de assistência junto ao Grupo de Atendimento Espiritual (desobsessão);
8. Sugerir a realização do Evangelho no Lar (explicar como funciona e, se for o caso,
auxiliar na sua implantação). Caso o atendido precise de um roteiro, sugira o roteiro
disponível no site da FEB (https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/11/O-
Evangelho-no-Lar-e-no-Coracao-Livreto.pdf)
9. Em momento oportuno, sugerir participar de atividades da Casa Espírita.

AO FINAL DO ATENDIMENTO acessar o link https://bit.ly/Estatistica_Plantao_AFV e


preencher uma ficha que auxiliará na análise dos resultados.

DECIDIDAMENTE
. Não estabelecer certezas absolutas, nem prometer curas;
. Não interferir no tratamento médico;
. Evitar opiniões pessoais;
. Recusar gratificações, atenções e distinções pessoais;
. Ainda que sob indução espiritual amiga, não noticiar qualquer revelação espiritual,
participando a ocorrência, se necessário, à coordenação da atividade;
. NUNCA insinuar ou afirmar – você está obsidiado (a);
. NÃO ATENDER pessoa alcoolizada ou em transe mediúnico, declarado ou suspeito

CAUSAS COMUNS AOS ATENDIDOS


* Autolesão (automutilação não suicida)
* Conflitos de Relacionamento
* Conflitos sexuais
* Crise de Ansiedade
* Dependência e codependência química
* Depressão
* Enfermidades severas
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FONTE DE CONSULTA

01. Autores Diversos/Vieira, Waldo. Livro “Seareiros de Volta”. Os Complementos da


palavra. páginas 34 a 36. FEB;
02. Emanuel/Xavier, F. Cândido. “Encontro Marcado”. Caridade e Razão páginas 34 a
36;
03. Camilo (espírito), psicografia Teixeira/Raul. Livro: “Correnteza de Luz”. Capítulo 26.
Editora Frater;
04. Emmanuel, Xavier, F. Cândido. Livro: “Confissão Auricular”. FEB. Páginas 51 a 54;
05. Prisco, Marco/Franco, Divaldo. Livro:” Legado Kardequiano”. Escute Ajudando.
Capítulo 4. Editora Alvorada;
06. Boa Nova. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos. “Maria
de Magdala”. páginas 131 a 140. 21ª. Edição. FEB – Rio de Janeiro;
07. Quando voltar a Primavera. Divaldo Franco, pelo espírito Amélia Rodrigues. Livraria
Espírita Alvorada Editora, Salvador – BA, 1994. Páginas 41 a 44. “Aflitos e Consolados”;
08. Primícias do Reino, Divaldo Franco, pelo espírito Amélia Rodrigues. Livraria Espírita
Alvorada Editora, Salvador-BA, 9ª. Edição, 2003. Páginas 67 a 74. “Nicodemos, o Amigo”;
09. Angelis, Joanna (espírito), psicografia de Divaldo Franco “Sendas Luminosas”, cap.
7, página 49, Casa Editora Espírita Pierre Paul Didier, 1ª. Edição, Votuporanga, São Paulo,
1998;
10. Angelis, Joanna (espírito), psicografia de Divaldo Franco “Diretrizes para o êxito”,
páginas 75 a 79, Livraria Espírita Alvorada Editora, 2004;
11. Angelis, Joanna (espírito), psicografia de Divaldo Franco “O Ser Consciente”, páginas
73, 76 e 79 a 81, Livraria Espírita Alvorada Editora, 8ª. Edição, Salvador-BA, 1993;
12. Angelis, Joanna (espírito), psicografia de Divaldo Franco “Despertar do Espírito”,
Livraria Espírita Alvorada Editora, 3ª. Edição, Salvador-BA, 2000.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

01.A Bíblia na Linguagem de Hoje. O Novo Testamento. Tradução na Linguagem de Hoje.


2ª edição. Sociedade Bíblica do Brasil. BR – DF;
02. Almeida, Alberto Ribeiro de. “Atendimento Fraterno”. Apostila;
03. A Gênese. Capítulo XV. Ítem 10. FEB. BR-DF;
04. Rodrigues, Amélia/Franco, Divaldo. “Pelos Caminhos de Jesus”. capítulo XV,
Mulher Equivocada – Encontro de Reparação, Capítulo XVIII Inesquecível Diálogo.
Livraria Espírita Alvorada. 3ª. Edição. 1998. Salvador-BA;
05. Conselho Federativo Nacional. Adequação do Centro Espírita para o melhor
atendimento de suas finalidades. Quanto ao Atendimento Fraterno através do diálogo.
Orientação ao Centro Espírita. 5ª. Edição. BR-FEB. 1999;
06. Kardec, Allan. “Consolador Prometido”. Os Bons Espíritas. “O Evangelho segundo
o Espiritismo. Capítulo VI. Itens 3 e 4 e capítulo XVII, item 47. FEB;
07. “Como fazer Atendimento Fraterno”. Federação Espírita do Paraná. 1999;
08. “Atendimento Fraterno”. Projeto Manoel Philomeno de Miranda. Editora Alvorada.
4ª edição. 1998.
09. Franco/Divaldo. “Conversa Fraterna”. Conselho Federativo Nacional. FEB. 1ª. 2001;
10. Apostila de “Entrevista no Atendimento Espiritual”. União Espírita Paraense (UEP) e
Fundação Allan Kardec. Manaus-AM

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