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FACULDADE BETHAKAM

Acadêmico: Silas Lemos da Silva


Disciplina: Introdução a Teologia
Professor: Israel
Curdo de Bacharel em Teologia
Turno: Noturno

TEOLOGIA JOANONA

Conceito: É uma exposição expressado pelo Apostolo João tendo assunto central Cristo sendo
o centro de tudo em todos os seus livros (Evangelho segundo João, 1,2 e 3 João, Apocalipse ).

Características: O apóstolo João é um dos escritores do Novo Testamento. Escreveu 5


dos 27 livros que temos no cânon neotestamentário. Um desses livros é o Evangelho
segundo João, suas três cartas e o Apocalipse. João se difere também dos sinóticos na
substituição das parábolas tão usadas por estes, por discursos longos; a vida eterna e
não o reino de Deus como tema central, além de outros pequenos detalhes como local
de ministério de Jesus, ausência de narrativas importantes como nascimento de Jesus,
batismo, transfiguração, agonia no Getsemane, exorcismo de demônios, última ceia e
o discurso no monte das oliveiras. Ele ainda apresenta um forte dualismo (luz x trevas,
carne x espírito, dois mundos), utiliza-se de um grego simples em relação aos demais,
trazendo um foco teológico e não histórico. (João. 20.31).
Logo João não visa a dar um relatório completo, mas fortalecer a fé na filiação divina
de Jesus, proporcionando assim vida (eterna).
Diante destas características alguns comentaristas chegam a questionar se o evangelho
joanino apresenta uma teologia própria de Jesus, ou uma teologia de Jesus assimilada
por João.
Apesar de uma série de contestações, a autoria é atribuída a João, mas no
meado do século XVIII, F.C Baur diz o seguinte: “qualquer das razões sobre a autoria do
livro deve prevalecer a de João Filho de Zebedeu”. Também existem vários nomes
importantes da literatura cristã que vão afirmar que autoria do evangelho segundo
João, foi do próprio João. Lutero e Orígenes foram alguns dos que deram esta
afirmação. Alguns estudiosos vão afirmar que o livro de João teve a participação de
duas pessoas, do evangelista João e do seu redator que escreveu e fez adaptações,
acrescentando ao texto tradições da sua época. O autor segundo João veio sofrer
influência do gnosticismo e cultura helenística.
Data: Baseado na informação de Philipp Vielhaver e Raymund E. Brown, a
data da redação do evangelho segundo João foi por volta do ano 80 a
110 dc.

Local: Com relação ao local existe um consenso na maioria dos pesquisadores, de que
o evangelho segundo João, não foi escrito em Jerusalém e nem na região da Galileia,
mas provavelmente em uma sinagoga na região próximo a cidade de Éfeso, ou na
região da Síria na Ásia menor. Um dos aspectos que vai ser colocado em evidencia a
diferença do evangelho de João e dos sinóticos é a geografia.

Propósito: Apresenta o Cristo, Deus revelado ao homem, inspirando a fé em Jesus


Cristo como Filho de Deus

Divisão do livro: Segundo os pesquisadores Philipr Vielhaver e Raymond E. Brauwm, o


livro é dividido em duas partes principais:
Prólogo: João. 1:1 a 18 – O livro que inicia com hino que condensa a visão joanina de
Cristo.
1ª parte: João. 1:19 a 12:50 – O livro dos sinais.
2ª parte: João.13:20 – A revelação de Jesus perante os seus.

 João declara em sua primeira epistola para dar a garantia da vida eterna àqueles
que creem “em nome do Filho de Deus”. A incerteza de seus leitores sobre sua
condição espiritual foi causada por um conflito desordenado com os mestres de
uma falsa doutrina. João refere-se aos ensinamentos como sendo enganosos e aos
mestres como falsos profetas, mentirosos e anticristo. A heresia era um precursor
do gnosticismo do séc. ll , que ensinava que a matéria era essencialmente ruim e o
espírito era essencialmente bom. O ponto dualista fez com que os falsos mestres
negassem a encarnação de Cristo e, portanto, a ressurreição. O verdadeiro Deus,
ensinavam eles, nunca poderia habitar um corpo material de carne e sangue.
Portanto, o corpo humano de Jesus supostamente possuiu não era real, mas
apenas aparente. João escreveu vigorosamente contra esse erro.
O peso de uma tradição cristã antiga e forte sobre João ter passado seus
últimos anos em Éfeso, junto com o fato do tom dos escritos sugerirem que se
trata de um produto de um homem maduro que passou por experiência espiritual
profunda, aponta uma data próxima ao final do séc.l. Além disso, o caráter da
heresia combatida na epístola aponta para a mesma época, cerca de 90 d.C.

 João declara em sua epistola sua preocupação com a relação da verdade cristã com
a hospitalidade estendida àqueles mestres que viajam de igreja para igreja.
Normalmente, abusava-se de tal hospitalidade. Os falsos mestres, provavelmente
do mesmo grupo que é tratado em 1 João, estavam confundindo a comunhão dos
crentes. Portanto, João deu instruções sobre quais mestres itinerantes acolher e
quais recusar. Os verdadeiros cristãos, que podiam ser reconhecidos pela ortodoxia
de sua mensagem, são dignos de ajuda; mas os mestres heréticos, especialmente
aqueles que negavam a encarnação, devem ser rejeitados. João também elogia a
“senhora eleita” por caminhar na verdade.
O peso da evidência de João de ter escrito todas as três epístolas que levam seu
nome aponta para cerca de 90 d.C., logo depois de 1 João ter sido escrita.
 João por toda a epístola, ele ressalta a verdade como base e prova da comunhão.
Em especial, ele insiste em uma fé correta, levando em consideração a encarnação
de Cristo, e acusa aqueles que rejeitam essa realidade de terem ido além da
doutrina de Cristo.
 João em sua terceira epístola declara que enquanto em 2João os heréticos
itinerantes estavam perturbando a fé dos cristãos, nesta epístola os genuínos
mestres da verdade estão fazendo um circuito pelas igrejas. Na epístola
anterior, João proibiu a hospitalidade para os falsos mestres; aqui, ele estimula
a hospitalidade. Entretanto, Diótrefes, uma pessoa dominante em uma das
igrejas, opôs-se à autoridade de João. Além disso, ele recusou hospitalidade aos
missionários viajantes e proibiu os outros de recebe-los, excomungando-os
quando eles o faziam. João escreveu para estimular Gaio em sua generosidade
e para Diótrefes por sua conduta nada caridosa.
João era maduro tanto em anos quanto em experiência quando escreveu esta
epístola junto com 2João, perto do fim de sua vida, por volta de 90 d.C.
 João declara em Apocalipse a mensagem central que é “Reina o Senhor, nosso
Deus, o Todo-Poderoso “. Entretanto, aqueles que seguem o Cordeiro estão
envolvidos em um conflito espiritual contínuo, e, sendo assim, o Apocalipse
fornece um maior discernimento quanto à natureza e tática do inimigo. O
dragão, frustrando por sua derrota na e pelas consequentes restrições
impostas sobre sua atividade e desesperado para frustrar os propósitos de
Deus perante seu destino inevitável, desenvolve uma trindade forjada para
``pelejar`` com os santos.

Hermenêutica: A comunidade joanina foi uma comunidade marcado pela pluralidade,


isso definiria em muito a teologia do quarto Evangelho. (KONINGS, 2005). Os
helenistas admitidos na comunidade do discípulo amado, provavelmente foi o
principal motivo que fizesse com que o Evangelho de João construísse uma das mais
altas Cristologias de toda a Bíblia.
Na teologia joanina predominava o tema da substituição: os judeus eram os
verdadeiros ramos da oliveira e os gentios os ramos bravos, que, em vista da rejeição
dos verdadeiros, abriu-se na graça de Cristo uma oportunidade de serem enxertados
(Jo 15.1-27; Rm 11.17). Aqui entra a teologia da substituição, afirmando que “Jesus
veio para os seus próprios e seus próprios não o receberam, porém a todos os que o
receberam deu-lhes o direito de serem filhos de Deus” (Jo 1.11-12). Pearlman (1995)
relata que o autor joanino viu na chegada dos gregos um sinal do cumprimento da
palavra de Deus e um início de uma grande colheita predita por Jesus (PEARLMAN,
1999). Como “os judeus” rejeitaram a Jesus, não que Deus os tivesse rejeitado, Rm
11.1, mas agora é Jesus quem seleciona uma nova lista de discípulos para serem servos
escolhidos de Deus, Jo 13.1. João usa o termo “verdadeira”, em referência a Jesus, no
sentido da “videira verdadeira” (Jo 15.1). É um símbolo que indica que a sombra do
Antigo Testamento é substituída pela realidade expressa na pessoa de Jesus. Se os
antigos e verdadeiros ramos guiados pela sombra da Lei mosaica não aceitam a
realidade em Jesus, então serão cortados, abrindo espaço aos que aceitam a nova
realidade da graça em Jesus (PERKINS, 2011). Na teologia joanina, o povo de Deus não
é mais constituído pelos descendentes dos patriarcas, nem mesmo por ter nascido
judeu. Agora os da fé em Jesus são os verdadeiros filhos de Deus, Jo 1.13. Segundo o
texto bíblico, talvez por influência de um segundo grupo admitido na comunidade
Joanina, “os helenistas”, (BEUTLER). foram feitas novas releituras de substituições do
culto judaico os quais resultaram em conflitos e perseguições contra o movimento de
Jesus. A partir dessas novas releituras, o movimento de Jesus, se tornaria uma
comunidade digna de morte, e isso em nome do Deus dás leis judaicas. Suas mortes
seriam um motivo de culto a Deus a semelhança do bode expiatório no deserto (LÉON,
1996). Isso também, mais tarde, iria resultar num processo que definiria uma nova
identidade no desenvolvimento da alta cristologia.

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