Você está na página 1de 30

CENTRO INTEGRADO DE

PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISAS
E EXTENSÃO BET-HAKAM

ÉTICA CRISTÃ

SÃO LUÍS-MA
ÉTICA CRISTÃ 1

ÉTICA CRISTÃ

SUMÁRIO

PÁGINA

I N T R O D U Ç Ã O..................................................................................... 02

I - A ÉTICA CRISTÃ E OUTRAS DISCIPLINAS........................................ 03

II - MÉTODOS DE SE ESTUDAR ÉTICA CRISTÃ.................................... 03

III - ÉTICA DO ANTIGO TESTAMENTO................................................... 04

IV – A ÉTICA DOS PROFETAS................................................................... 06

V – A ÉTICA DOS SÁBIOS........................................................................... 06

VI – A ÉTICA DOS SALMOS....................................................................... 06

VII – A ÉTICA DOS PROVÉRBIOS............................................................. 07

VIII – A ÉTICA DO ECLESIASTES............................................................ 07

IX – A ÉTICA DOS CANTARES DE SALOMÃO........................................ 07

X – A ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO.................................................... 07

XI – A ÉTICA DE OUTROS ESCRITOS DO NOVO TESTAMENTO........ 09

XII – A ÉTICA DA FAMÍLIA........................................................................ 11

XIII – A ÉTICA POLÍTICA........................................................................... 13

XIV – A ÉTICA ECONÔMICA...................................................................... 14

XV – A ÉTICA DA CORPORALIDADE....................................................... 15

QUESTIONÁRIO.......................................................................................... 18

ANEXO 1........................................................................................................ 19

ANEXO 2........................................................................................................ 28

ANEXO 3........................................................................................................ 31

BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES DE LEITURA......................................... 32

INTRODUÇÃO
ÉTICA CRISTÃ 2

Diversos são os conceitos sobre Ética Cristã. Consideraremos alguns (todos válidos,
ao nosso ver). “Ciência que trata das origens, princípios e práticas do que é certo e do que é
errado à luz das Santas Escrituras, em adição à luz da razão da natureza” (L. S. Keiser).
“Um estudo sistemático do modo de viver exemplificado por Jesus, aplicado aos
múltiplos problemas e decisões da existência humana” (Geórgia Harkness).
“Explanação sistemática do exemplo e ensino morais de Jesus aplicados à vida total
do indivíduo e com a sociedade, e realizados com o auxílio do Espírito Santo”. (H. H. Brunner).
Alguns tendem a limitar o campo da Ética Cristã ao indivíduo, excluindo a sociedade
em que ele vive. A Ética Cristã preocupa-se com o indivíduo e com a sociedade. Equidistante dos
extremos, tem uma mensagem de natureza individual, bem como social. O fundamento dessa
mensagem é de caráter espiritual, encontrando-se essencialmente nas Sagradas Escrituras.
Preocupa-se a Ética Cristã primeiramente com as necessidades espirituais do homem,
bem como com o seu destino – o céu – mas não despreza os problemas terrenos em que o homem
está inserido ou envolvido. A preocupação somente com o homem fora do contexto social seria
antibíblico, uma vez que o Senhor Jesus disse a seus discípulos: “Vós sois o sal da terra” e “vós
sois a luz do mundo” (Mt 5.10,14). Seria uma microética que só o indivíduo fosse lembrado.

I - A ÉTICA CRISTÃ E OUTRAS DISCIPLINAS

1. A Ética Cristã e a Teologia


Ética Cristã e Teologia estão orgânica e inseparavelmente relacionadas. Deus é a base de
toda moralidade cristã. Assim, Ética e Teologia só podem ser separadas para fins de estudo.
Quando dissociada de sua base teológica, a Ética Cristã se torna em nada mais do que um
ideal humanístico.

2. Ética Cristã e Psicologia


ÉTICA CRISTÃ 3
Ética Cristã está fundamentalmente relacionada com a Psicologia. Uma vez que as
faculdades morais do homem são uma parte básica de sua constituição mental, a Ética e
Psicologia têm necessidade uma da outra para poderem entender mais completamente o
homem.

3. Ética Cristã e a Sociologia


A Ética volta-se para as ciências sociais à procura de dados que revelem a “situação
reinante”, volta-se par as normas da Revelação bíblica à procura de elementos que digam
“como a situação deve ser”, trazendo-os a um princípio coerente e exequível.

4. Ética e a Filosofia
Ambas têm interesse na base fundamental da conduta, na natureza do que é certo ou errado,
valor, epistemologia, dever, felicidade, homem e sociedade.

II - MÉTODOS DE SE ESTUDAR ÉTICA CRISTÃ

1. Através da Exegese Bíblica


Procura-se analisar com profundidade o conteúdo ético da Bíblia através de textos, como
por exemplo:

 Ética Geral ou Básica.

Lv 19.9-16 – As exigências de uma vida santa.


Mt 22. 34-40 – Amor, o maior dos mandamentos.
Mq 6.6-15 – As exigências básicas da verdadeira religião.
Sl 15.1-5 – Um resumo das exigências de uma religião ética.

 Ética Específica ou Aplicada

Dt 24.1-4 – A lei que regula o divórcio.


Pv 23.19-34 – “Não olhes para o vinho”.
Mt 6.19-34 – O discípulo e os bens materiais.
Rm 13. 1-7 – O cristão e as autoridades.
2. Através de Estudos de Temas

 Temas Relacionados com a Ética Geral ou Básica

O conceito de Pacto Liberdade


Santidade Vontade de Deus
Retidão A obra do Espírito Santo
Justiça A cruz e a renúncia pessoal
Amor “O caminho do Senhor”
Perfeição Escatologia

 Temas Relacionados Com a Ética Social ou Aplicada

O indivíduo e seu valor Relacionamento no lar


O corpo e a saúde Sexo e ética social
Casamento e divórcio Alcoolismo
ÉTICA CRISTÃ 4
Motivação no viver cristão Racismo
Pobreza e riqueza Governo civil
Crime e punição A guerra e o uso da força

3. Através do Estudo de um ou mais Livros da Bíblia

 Preparando-se um Esboço do Conteúdo Ético desses Livros

Êxodo Mateus
Deuteronômio Romanos e Gálatas
Provérbios I e II aos Coríntios
Isaías Outras epístolas de Paulo
Oséias, Amós e Miquéias Epístolas Gerais (Hb e Jd)

III - ÉTICA DO ANTIGO TESTAMENTO

No ensino do Antigo e do Novo Testamento prevalece uma continuidade


fundamental. Por esse motivo é indispensável uma compreensão da ética de Jesus e do Novo
Testamento em geral. A Ética Cristã requer, portanto, um estudo da moralidade do Antigo
Testamento.

1. Característica da Moralidade Hebraica

a) Baseia-se fundamentalmente na pessoa de Deus. Deus é a fonte de toda exigência moral, e é


o supremo bem. Este Deus é o único criador, soberano, governador e pai (Dt 6.4; Is 40. 28;
Ml 2.10).

b) A moralidade Hebraica é prática. “Os profetas estão intensamente interessados na justiça e


misericórdia. Mas a preocupação deles não é com a justiça e a misericórdia ‘ideais’ de algum
sonho utópico, mas antes com a justiça e a misericórdia incorporadas nas decisões e ações de
homens numa sociedade pecadora. Verdade, justiça e misericórdia são coisas que devem ser
praticadas” (E. C. Gardner).
c) Os Dez Mandamentos. Tem-se chamado a atenção para o fato de que os Dez Mandamentos
são tão relevantes na vida do povo de Israel, como o sermão do Monte o é para o
Cristianismo. Examinemos, sucintamente, o conteúdo ou as implicações éticas dos Dez
Mandamentos:

 Deveres para com Deus

1° Mandamento – “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3).


Note-se que este mandamento foi dado pelo próprio Deus, não se trata de
palavras humanas. A origem da ordem é Javé, o único Deus que preenche todas as
qualidades de uma divindade, inclusive que queira impor-se sobre seus adoradores. A
obediência solicitada é, portanto, a um Deus Santo – o único Deus de quem partiram as
demais ordens.

2° Mandamento – “Não farás para ti imagens de esculpida” (Êx 20.4).


Representar a Deus por meio de imagem seria nivelá-lo aos grotescos deuses
pagãos. Representando-o assim, correria o adorador, o perigo de ter uma ideia muito
limitada de um ser infinito.

3° Mandamento – “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (Ex 20.7)
ÉTICA CRISTÃ 5
O mandamento se refere mais a uma atitude do coração a uma atitude da língua.

4° Mandamento – “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Ex 20.8)


Concluímos que o sábado deveria ser um dia de descanso e uma oportunidade
para se expressar gratidão pelas bênçãos recebidas de Deus, especialmente a libertação do
Egito.

 Deveres para com o próximo

5° Mandamento – “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra
que o Senhor teu Deus dá” (Ex 20.12)
A fidelidade e a obediência aos pais repercutem sobre a vida de uma nação.
Quando os laços familiares são fortes, a sociedade será moralmente estável.

6° Mandamento – “Não Matarás” (Ex 20.13)


Este mandamento ecoa o valor universal da integridade física do ser humano. “A
mais valiosa possessão do homem é sua própria vida, o crime mais aterrador é roubá-la”.

7° Mandamento - “Não adulterarás” (Ex 20.14)


O adultério é considerado como crime tão nefando que, tanto o homem como
mulher, culpados desse pecado, eram postos à morte. Nenhum castigo seria severo demais
para proteger a integridade do lar.

8º Mandamento – “Não furtarás” (Êx 20.15).


Segundo a moralidade hebraica, roubo abarca também toda sorte de exploração, tanto da
parte do rico quanto do pobre. O atraso propositado do pagamento do trabalhador, bem
como o uso de medidas viciadas, eram considerados como roubo (Lv 19.13).
9º Mandamento – “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16).
O primeiro objetivo deste mandamento é a proibição do falso testemunho contra
alguém perante um tribunal, mas inclui também a calúnia, o mexerico e a adulação.
“Calúnia é verdadeiro assassínio de caráter”.

 Dever de uma pessoa para consigo mesma

10º Mandamento – “Não cobiçarás” (Êx 20.17).


Cobiçar é apetecer ardentemente. Esse mandamento proíbe um desejo
desordenado pelo alheio: pessoas, tais como a mulher e os servos do próximo; bem como seus
bens: casa, campo e animais.

]-IV – A ÉTICA DOS PROFETAS

Se um estudo fosse feito para se examinar a contribuição singular das grandes nações do
mundo, verificar-se-ia que a de Israel é a profecia.
As mensagens dos profetas são mais do que obras primas de literatura. Elas constituem
lições vivas e supremas para todas as gerações. O Deus vivo falou através dos profetas vivos,
dando-lhes uma mensagem vivificante para todos os homens. Houve tempo em que se
valorizava a mensagem dos profetas pelo seu conteúdo messiânico. Hoje, os profetas são
avaliados não só pela sua ênfase relativa à vinda do Messias, mas também pelo seu papel de
singulares intérpretes da atividade de Deus na História. Portanto, a mensagem dos profetas
tem valor permanente. Ignorar os profetas é ignorar a História, pois esta é a sua história.

V – A ÉTICA DOS SÁBIOS


ÉTICA CRISTÃ 6
Constituem a literatura de sabedoria do Antigo Testamento os seguintes livros:
Jó, Salmos (alguns), Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Lembremo-nos de que a
sabedoria de Israel é de natureza prática, não-especulativa. Segue uma sucinta análise do
conteúdo ético de cada um desses livros bíblicos.

VI – A ÉTICA DOS SALMOS

1. Salmos que se destacam por seu conteúdo ético

O Salmo 1º trata da felicidade dos justos e o castigo dos ímpios. O Salmo 10


discorre sobre “a audácia dos perseguidores e o refúgio em Deus”. O Salmo 15 tem como
tema “O Verdadeiro Cidadão dos Céus”. O Salmo 24, as qualidades daquele que “é digno de
entrar no Santuário de Deus”; o 37, “a prosperidade dos pecadores acaba e somente os justos
serão felizes”; o 49, versa sobre “a vaidade dos bens terrestres”; o 73 possui um tema
semelhante ao do 37: o fim dos que prosperam desonestamente é a destruição; o 90
desenvolve o assunto: “a fraqueza do homem e a prudência de Deus”; no 111, Deus é louvado
por amor das suas obras maravilhosas; no 112, lemos sobre “a felicidade daquele que teme a
Deus”; e, finalmente, 119, com seus 176 versículos, trata do assunto “a excelência da Lei do
Senhor e a felicidade daquele que a observa”. A respeito desse monumental Salmo, diz o
Dr. T. B. Haston: “A ideia do salmista sobre a lei de Deus no salmo 119 é consideravelmente
mais abrangente do que a legislação mosaica. Parece incluir todos os aspectos da revelação
divina. Essa revelação é dada ao homem para sua orientação”.

VII – A ÉTICA DOS PROVÉRBIOS

O livro de Provérbios com seus 31 capítulos tem um conteúdo ético, extenso e


admirável. Como é natural entre os hebreus, a moralidade desse livro é acentuadamente
prática. Trata de diversas áreas. Entre as quais destacamos: a) a família; b) a vida
econômica; c) a vida política.

VIII – A ÉTICA DO ECLESIASTES

O autor deste livro se propõe a estudar o assunto do supremo bem: o que é mais
importante para o homem “Busquei”, diz o autor. “No meu coração o que seria melhor que
os filhos dos homens fizessem” (2.3).

IX – A ÉTICA DOS CANTARES DE SALOMÃO

Do ponto de vista ético, o grande valor deste livro se encontra em seu próprio
tema: a fidelidade do verdadeiro amor. “A finalidade, por excelência, de Cantares é dar
ênfase à pureza e ao poder do genuíno amor”. Exclui a poligamia e exalta o verdadeiro amor,
a lealdade entre os cônjuges e uma exclusiva devoção entre os esposos.

X – A ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO

1. O Conteúdo Ético dos Evangelhos: Mateus, Marcos e Lucas


Os três primeiros Evangelhos põem em relevo certos conceitos-chaves: Disciplina, A Base
Religiosa, A Interioridade, Princípios, Relevância e Exemplificação.
ÉTICA CRISTÃ 7
A Base Religiosa. Ética e religião estão vitalmente tanto no AT quanto no NT. Separam-se
esses dois campos de estudo para fins de maior clareza ou de melhor compreensão. “Não
matarás” é um preconceito religioso e ao mesmo tempo ético. Os valores religiosos e éticos
estão indissoluvelmente ligados.

Interioridade. Segundo os Evangelhos, Jesus demonstra uma especial preocupação com a


conduta interior de um indivíduo. Disse o Mestre: “Nada há fora do homem que, entrando
nele, possa contaminá-lo, mas o que sai do homem, isso é que o contamina” – (Mc 7.15).

Princípios. Em Filosofia, princípios significa “proposições diretoras de uma ciência, às quais


todo o desenvolvimento posterior dessa ciência deve estar subordinado” (Novo Dicionário
Aurélio).
Cristo deu ênfase a princípios éticos – “ideias diretoras”, “bases” para a conduta
humana, para o seu tempo e para a posteridade. Embora usando, às vezes, linguagem
própria de seus dias, seus grandes princípios não são passíveis de envelhecimento ou de
caducidade.

Perfeição. Perfeição é o alvo da ética de Cristo, que disse: “Sede, pois, perfeitos, como
perfeito é o vosso Pai que está nos céus” – (Mt 5.48). No tocante ao amor, Jesus estabelece
como padrão o seu próprio amor para com os discípulos e à própria humanidade. “O meu
mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” – (Jo 15.12).

Coerência. Verifica-se uma perfeita coerência entre o que Jesus ensinava e exigia, e a sua
própria vida. Exigia humildade da parte de seus discípulos, mas Ele próprio “humilhou-se a
si mesmo, tornando-se obediente até á morte, e morte de cruz” – (Fp 2.8).

2. A Ética de Paulo
O apóstolo Paulo é considerado como o maior intérprete de seu Mestre, o Senhor Jesus
Cristo. Pode o apóstolo suplementar seu Mestre, mas nunca contradizê-lo.

 Características da Ética de Paulo

a) Cristo é central na ética de Paulo – Sem aproximação e comunhão com Cristo, não há nova
vida nem conduta cristã. Paulo descreve essa união através de textos, como os seguintes:
“Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram, eis que
tudo se fez novo” – (2 Co 5.17). “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” – (Fp 4.13).
b) É vital a atuação do Espírito Santo – É o Santo Espírito que muda radicalmente o ser
humano, para o bem (Tt 3.5). A vontade de Deus, o soberano Bem, nos é revelada pelo
Espírito (1 Co 2.12-16).
c) É indispensável o arrependimento da parte do homem – Nos escritos de Paulo, poucas vezes
aparece a palavra “arrependimento”, mas a ideia é encontrada frequentemente.
“Renovação do entendimento” e “arrependimento” são termos sinônimos na mente do
apóstolo. Essa renovação ou arrependimento é fundamental na ética paulina, pois é nessa
experiência que o pecador volta as costas para o pecado, começando uma nova e frutuosa
vida, com o apoio do Espírito Santo.
d) A fé é fundamental – Mais do que mera crença, fé, para o apóstolo Paulo, é dedicação
pessoal e profunda ao Senhor Jesus Cristo. Se crença é estática, fé é dinâmica e implica em
submissão, bem como em lealdade ao Mestre. É mais do que um consentimento a um credo, é
atuante através do amor (Gn 5.6).

 Motivos Para o Comportamento Cristão


ÉTICA CRISTÃ 8

Para incentivar uma vida moral condigna, o apóstolo Paulo apela para vários motivos:

- Gratidão a Deus (1 Co 6.20; 2 Co 5.14,15)


- O exemplo de Jesus (Fp 2.5-8)
- Exemplo de amor (Ef 5.2)
- Exemplo de desprendimento (2 Co 8.9)
- A ira de Deus (Ef 5.5-7)
- Esperança e recompensa (1 Ts 2.12)
- A razão (Ef 5.17; 1 Co 14.20; Cl 3.1)
- Desejo de agradar a Deus (2 Co 5.9, 10)
- Sensibilidade para com os necessitados (Rm 15.26, 27)

XI – A ÉTICA DE OUTROS ESCRITOS DO NOVO TESTAMENTO

1. A Literatura Joanina

1.1 - O Evangelho de João


De leitura agradável, o Evangelho de João é um dos livros mais profundos do Novo
Testamento. Um dos versos é considerado como o “Evangelho em miniaturas” (3.16).
 A vida eterna. “Vida” ou vida eterna é um dos termos-chaves deste Evangelho (Jo 3.36;
10.10).
 Um novo mandamento (Jo 13.34).
 A vontade de Deus (Jo 4.34; 5.30; 6.38).

1.2 - As Cartas de João

a) Primeira Carta – Trata da inseparabilidade entre o amor de Deus e o amor ao próximo.


 Prova de que conhecemos a Deus: guardamos os seus mandamentos (1 Jo 2.3);
 Prova de que somos filhos de Deus: praticamos a justiça (1 Jo 2.29);
 Prova de que passamos da morte para a vida (1 Jo 3.14);
 Em que consiste o amor de Deus? (1 Jo 5.3).

b) Segunda Carta – Essa carta, de pequena extensão, contém emocionante ênfase sobre o
amor na vida cotidiana.

c) Terceira Carta – Nesta carta o autor faz dois elogios entremeados de uma queixa (vv. 3 e 4
– elogio; vv. 9 e 10 – queixa).

1.3 – Apocalipse ou Revelação – O propósito dominante neste livro é de fortalecer e encorajar


os cristãos que viviam sob a tirania de um Estado totalitário, o Império Romano.

2. Atos dos Apóstolos

O motivo principal por que Lucas escreveu este livro parece ser o de provar a
universalidade do movimento cristão. O Engelho tem uma mensagem aplicável a todos os
povos, e tem poder para sobrepor-se a quaisquer barreiras culturais.
Ora, Ética Cristã seria apenas um conjunto de princípios, sem atuação do
Espírito Santo, com Ele, a moral cristã se torna mais do que o ideal: torna-se uma realidade,
graças a seu poder.
ÉTICA CRISTÃ 9
O livro de Atos, embora seja um livro com ênfase sobre história, em seu conteúdo
ético geral revela-nos algumas verdades mestras: 1) A Ética Cristã é a ética do Espírito
Santo; 2) A ética dos Atos dos Apóstolos é uma ética de comunhão, inspirada pelo Espírito;
3) A ética dos Atos dos Apóstolos é abrangente; é para ser divulgada a todos os povos. “...
Recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto
em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” – (At 1.8).

3. Hebreus

A superioridade de Jesus é o tema deste livro. Naturalmente esta superioridade inclui o


ético e o moral. Consideremos os ensinos éticos desta carta:

 Entre as várias virtudes realçadas estão a fé, a paciência e a perseverança (6.12; 12.1, 2);
 O amor deve ser a base da prática do bem (10.4);
 O amor fraternal deve ser continuamente vivenciado (13.11);
 O casamento e a fidelidade conjugal merecem distinção (13.4);
 A prostituição e o adultério são condenados (13.4);
 O amor desordenado ao dinheiro é reprovado (13.5);
 Cristo é apontado como supremo líder e exemplo (12.1-3).

4. Carta de Tiago

É um livro singular com cinco capítulos apenas, é considerado como o livro de maior
conteúdo ético do NT. Ecoa, de modo maravilhoso, os ensinos do Sermão do Monte.

5. Primeira Carta de Pedro (4.15, 16)


Através das palavras encontradas nestes versículos, percebe-se o duplo objetivo da primeira
carta de Pedro:
 Encorajar ou fortalecer aqueles que sofriam perseguição por causa de sua fé;
 Orientar os cristãos quanto aos princípios éticos, que aliás são uma extensão e aplicação
dos ensinos de seus Mestres, o Senhor Jesus.
Outros aspectos da ética Petrina:

 Pedro exorta à santidade (1.13-25);


 Prega submissão às autoridades (2.13-17);
 Trata dos deveres dos servos cristãos (3.1-7);
 Põe em relevo a doutrina do amor fraternal, e a paciência na aflição, segundo o exemplo
de Cristo (3.8 - 4.19);
 Antes dos votos e saudações, o apóstolo discorre sobre os deveres do mais velhos e dos
mais jovens (5.1-5).

6. Segunda Carta de Pedro e a Carta de Judas

Estas duas cartas têm um objetivo comum: combater as heresias, segundo as quais, sob o
império da graça de Cristo, a lei moral não tem valor, uma vez que a fé sozinha é suficiente
para a salvação. Diziam os falsos mestres que um homem, verdadeiramente religioso e
espiritual, estava livre da lei moral.
Pedro constrói uma linda “escala” de virtudes cristãs, pela qual o povo de Deus devia
ascender, deviam tudo fazer para:
ÉTICA CRISTÃ 10
 Juntar a bondade com a fé;
 Com a bondade deviam juntar o conhecimento;
 Com o conhecimento, o domínio próprio;
 Com o domínio próprio, a perseverança;
 Com a perseverança, a piedade;
 Com a piedade, a amizade entre os irmãos;
 Com a amizade entre os irmãos, deviam juntar o amor (2Pe 1.5-9 BLH)

XII – A ÉTICA DA FAMÍLIA

1. Ensinos da Bíblia a Respeito da Família

a) Estabelecida por Deus (Gn 1.26-28; 2.18-24).

b) Os Propósitos Ordenados Por Deus


 Propagar a raça;
 Prover íntima comunhão e amor recíproco (Gn 2.18.24);
 Preservar a criatura humana da paixão sexual (1 Co 7.2, 9).

c) A Natureza da Bíblia Foi Estabelecida Por Deus


 Requer separação dos laços parentais (Gn 1.24);
 É uma união monogâmica (Gn 1.24);
 É uma união física (Mt 19.5, 6);
 É uma união espiritual (“no Senhor” – 1 Co 7.39).

d) O Lar Foi Honrado Por Jesus


Ao realizar milagres, restaurando alegrias de muitos lares:
 A cura da sogra de Pedro (Mt 8.14, 15);
 A ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-15);
 A ressurreição de Lázaro (Jo 11.38-44).

Ao ensinar sobre o lar:


 O lar estava de acordo com o propósito original de Deus (Mt 19.4,5);
 Uma pessoa, mesmo que dedique seus bens a Deus, não pode esquivar-se de suas
responsabilidades para com os pais (Mt 15.1-9);
 A união entre os cônjuges não pode ser desfeita, a não ser por motivo de adultério (Mt
5.31, 32; 19.9);
 O amor à família deve subordinar-se a uma lealdade maior (Mt 22.34-38; 10.34-39; 22.23-
30; Mc 10.28-31).

Ensinos Concernentes às Relações Domésticas


a) Maridos e Esposas
 Devem deixar pai e mãe para formarem seu próprio lar (Gn 2.24; Mt 19.5; Ef 5.31);
 Devem ser fiéis uns aos outros (Êx 20.14; Lv 20.10);
 Deve haver submissão recíproca (1 Co 7.3-5);
 O marido deve amar sua esposa (Ef 5.25-29);
 A esposa deve amar seu marido (Tt 2.4);
b) Pais e Filhos
 Os pais não devem provocar à ira seus filhos (Ef 6.4);
ÉTICA CRISTÃ 11
 Devem prover-lhes o necessário para viver (1 Tm 5.8);
 Ensinar-lhes, treiná-los (Dt 6.6; Pv 22.6);
 Criá-los no temor do Senhor (Ef 6.4).
c) Os Filhos
 Devem respeitar seus pais (Lv 19.3);
 Devem honrá-los (Êx 20.12; Mc 7.10; Ef 6.2).

2. Causas da Desintegração da Família Contemporânea

a) Agressividade
O espírito de destruição é universal. Não é restrito aos não-civilizados nem a alguns povos.
Encontra-se, infelizmente, até no meio do cristianismo institucionalizado, atingindo em cheio
a instituição básica da sociedade, que é o lar.
b) Relações Pré-Maritais
Relações sexuais pré-nupciais existem desde os tempos antigos. É um problema de todas as
culturas, exceto para aquelas em que o intercurso sexual é esperado ou aceito dentro dos
mores.
Vejamos algumas consequências das relações pré-maritais:
 Ênfase demasiada sobre os valores sensíveis. É bom lembrar que o amor que permanece é
um amor primeiramente espiritual e não físico. Obsessão pelos valores hedônicos destrói os
demais valores;
 Podem levar a um casamento apressado. O casal confunde sua experiência física com
amor, e casam sem estarem preparados, antes que se conheçam bem.

c) Adultério
É espantoso o número dos transgressores da lei da castidade e da fidelidade
conjugal. Famosa obra nos informa que cerca de 50% das relações sexuais no Ocidente são
tidas fora do casamento. O adultério, categoricamente condenado pelas Sagradas Escrituras,
é aprovado, ainda que de modo discriminado, por escritores do porte Albert Ellis, PhD. em
Psicologia, pela Universidade de Colúmbia. Em seu livro “Sexo Sem Culpa”, acha-se um
capítulo intitulado: Adultério: Prós e Contras.
d) Divórcio

Se a fortaleza de uma nação é grandemente determinada pela estabilidade de seus


lares, então chegou o momento de nos preocuparmos com a desintegração de muitas famílias
brasileiras. O divórcio real, “divórcio emocional” (para salva-guardar interesses) e,
principalmente, a separação precoce de casais devem preocupar-nos seriamente.

O que diz a Bíblia Sobre o Divórcio – Examinando o Antigo Testamento, conclui-se que há
claras evidências de que Deus desaprova o divórcio (Lv 21.7; Ez 44.22). Os textos do N.T.
que tratam diretamente do divórcio são os seguintes: Mt 5.31,32; 19.3-12; Mc 10.2-12; Lc
16.18 e 1Co 7.10.

Apoio em Argumentos Sólidos


Se o nosso corpo é “o templo do Espírito Santo”, que direito temos de profaná-lo com
relações sexuais ilícitas? (1Co 6.15-20).
ÉTICA CRISTÃ 12
XIII – A ÉTICA POLÍTICA

1. Governo Civil

Para a Ética Cristã, o Governo Civil é uma instituição divina estabelecida por
Deus para promover os interesses e bem-estar da sociedade humana. É dever cristão orar
pelos magistrados, os quais devem ser conscientemente honrados e obedecidos (ler Rm 13.1-
7; Mt 22.21).

2. A Necessidade de Um Governo Civil

É o Governo do povo, como comunidade organizada. Sem governo civil não


haveria ordem: cada um seria sua própria lei.

3. O Governo Civil Vem de Deus

É instituído por Deus. O Senhor criou o homem para uma vida social. Deus fez os
homens e as famílias para manterem relações sociais amplas; e deu leis para o seu
regulamento. Essas leis encerram os grandes princípios do Governo Civil. Quando este
defende os direitos do indivíduo, está cumprindo a lei divina.

4. Os Que Governam Devem Ser Obedecidos

Na religião cristã não há lugar para a anarquia:


 Cristo submeteu-se à lei, inclusive pagando impostos;
 Recusou-se a ser insurreto num clima de revolução;
 Obediência à lei, mesmo de governos imperfeitos, foi recomendada por Cristo e também
por Paulo.

5. A Democracia

“Porque todos os homens são pecadores e que a nenhum pode ser confiado poder
ilimitado”. Dessa maneira, a capacidade que o homem de exercer a justiça torna a
Democracia possível, mas a inclinação humana de praticar a injustiça faz a Democracia
necessária.

6. Democracia e Miséria

A miséria é um sério obstáculo à prática da virtude, e da própria democracia.

7. A Democracia e o Evangelho

Aceitando-se como evidente que todos os homens foram dotados, por seu Criador,
de direitos inalienáveis, podemos afirmar que a Democracia é de essência evangélica, pois
tendo o amor como força motriz, a Democracia é o regime que “proclama a liberdade,
reclama a igualdade, e reconcilia estas duas irmãs inimigas, lembrando-lhes que são irmãs,
pondo acima de tudo a fraternidade” (Bérgson, Les Deux Sources de La Morale et de la
Religion, p. 304).

XIV – A ÉTICA ECONÔMICA


ÉTICA CRISTÃ 13
1. O Trabalho

Conceito: Aplicação da atividade física ou intelectual; qualquer ocupação honesta


e socialmente útil.

2. Motivação Para o Trabalho

 Necessidade material – o dinheiro é o alvo e o principal meio pelo qual uma pessoa estima
a qualidade e quantidade de seu trabalho;
 Auto-Estima – uma pessoa normal não se conforma com o desemprego. A operosidade tem
conotação moral;
 Atividade – o ser humano precisa de atividade para evitar o tédio, drenar impulsos
inaceitáveis e impróprios e afastar da mente os problemas;
 Respeito da Sociedade – o trabalho está associado com responsabilidade ético-social
 Necessidade de Criatividade – a criatividade, em sentido mais amplo, pode significar
produtividade.

3. O Trabalho Visto da Perspectiva do Trabalhador

 A dignidade do trabalho – todo trabalho honesto e socialmente útil, deve ser considerado
digno pelo trabalhador, por mais humilde que seja sua profissão;
 A autenticidade e fidelidade no trabalho – o trabalhador deve exercer sua profissão com
autenticidade, não se abatendo (nem copiando) com a atuação de pessoas famosas;
 A consciência dos rigores do mundo competitivo – o profissional deve ter consciência de que
no mundo do trabalho e da economia em geral, o que predomina é a ânsia pelo lucro.

4. O Trabalho Visto da Perspectiva do Empregador

 A Dignidade do Homem – tanto ao patrão como ao empregado pertencem os direitos


naturais, aliás, pertencem a todos os homens. Isto implica em que todos os homens têm o
direito de serem tratados com igual dignidade. Não existe hierarquia de respeito;
 O Valor de um Ambiente Agradável – um ambiente aprazível só será uma realidade: 1)
através de uma remuneração justa; 2) através de um ambiente físico agradável; e 3) através
de um ambiente emocional aprazível;
 Riqueza e Pobreza – segundo a Ética Cristã, a economia tem suas leis, mas devem estar
fundamentadas na lei moral. Se não houver uma consciência sensível, uma pequena parcela
da sociedade concentrará imensas riquezas em suas mãos, gerando uma injusta desigualdade
entre homens.

XV – A ÉTICA DA CORPORALIDADE

A Ética da Corporalidade tem em comum com a medicina a prevenção da


enfermidade e a promoção da saúde, e vai mais longe: trabalha em torno de um conceito de
totalidade da pessoa humana que abranja a dignidade e o bem-estar do homem em relação a
Deus, ao próximo e a si mesmo. Vasto é o elenco dos males que destroem a saúde e ferem a
dignidade humana. Escolhemos apenas dois problemas, preocupantes por sinal: Drogas e
Homossexualismo.

1. Drogas

Por Que Se Tomam Drogas?


ÉTICA CRISTÃ 14

Para finalidades medicinais; para enganar a fome; como fonte de energia.


As razões apresentadas pelos viciados para o uso das drogas são: Prova de atualidade;
Remédio para a insatisfação da vida; Busca de aventura, de êxtase, de euforia; Curiosidade;
Aumento de prazer.
Já os psicólogos apresentam outras razões, que, segundo eles, levam os jovens a tomarem
drogas: Tédio da prosperidade, que não mais oferece a certos jovens inspiração ou
iniciativas, fechando-lhes as portas para aventuras; Contestação; Medo de viver;
Necessidade de afirmação; Falta de compreensão e amor (segundo David Wilkerson).

a) Como Começa o Vício ou Como Se Cai nas Malhas do Vício?


 Através de más companhias;
 Através dos traficantes.

b) Que Efeitos Produzem as Drogas?


 Provocam situações lastimavelmente hilariantes;
 Oferecem reais perigos.

c) Qual a Estratégia a Seguir Diante do Problema das Drogas?


Do ponto de vista da Ética Cristã, deve-se formular em dupla estratégia que envolva
prevenção e libertação das drogas. Vejamo-las:

 Prevenção

Levar nossos filhos a adotarem uma sadia filosofia de vida que os ajude a não entrar no
caminho das drogas. Essa filosofia de vida poderia considerar os seguintes aspectos:
 Não há validade na ideia, segundo a qual se deve experimentar de tudo para se tirarem as
próprias conclusões;
 A filosofia hedonista (a dos prazeres como supremo interesse da vida) é falsa. Ao invés de
darem um sentimento de plenitude, os prazeres deixam vacuidade; além disso, transforma-se
em sofrimentos;
 Não há bom senso no uso das drogas. Por que usá-las se me tiram a saúde? Por que
comprar uma passagem para o inferno, se podemos gozar com Cristo a vida eterna a partir
do momento em que nEle crer?
 Evitar as más companhias.

 Libertação

Levar os viciados a tomarem os seguintes passos para se livrarem das drogas


(convencendo-os a dizerem):
 Admito que sou impotente para livrar-me do meu vício, e que não posso controlar minha
vida como deveria;
 Creio que um Poder maior que eu pode devolver-me a saúde;
 Decidi entregar minha vontade e minha vida aos cuidados de Deus, tal qual o entendo;
 Estou fazendo um inventário sincero e profundo de minha vida, meus problemas e meus
defeitos;
 Admito diante de Deus, diante de mim mesmo e de meus semelhantes a exata natureza de
minhas faltas;
 Estou inteiramente disposto a permitir que Deus elimine todos esses defeitos de meu
caráter;
 Peço-lhe, humildemente, que, a partir de hoje, me ajude a viver e a desfrutar a vida sem
uso de drogas;
ÉTICA CRISTÃ 15
 Estou fazendo uma lista de todas as pessoas a quem tenho prejudicado, e estou disposto a
pedir-lhes desculpas;
 Dentro do possível, tenho tentado reparar aquilo no que tenho prejudicado outras
pessoas, exceto nos casos em que, ao fazê-lo, acrescentei-lhes uma dor a mais;
 Continuarei analisando meu comportamento, e, quando cometer erros, estarei disposto a
reconhecê-los;
 Mediante a oração e meditação, tentarei melhorar meu contato com Deus, tal como o
entendo, pedindo-lhe que me mostre qual é a sua vontade para mim e que me dê forças para
cumpri-la.
2. Homossexualismo

A palavra “homo” significa “mesmo”. Ou seja, homossexualismo é a atração entre indivíduos


do mesmo sexo, com repulsão absoluta ou relativa para com os do sexo oposto.

a) Como É Encarado o Homossexualismo?


De acordo com certos segmentos da sociedade, o homossexualismo deve ser encarado como
uma opção de vida, uma nova forma de moralidade; é apenas um fato, é doença, é um
comportamento sadio, é imoral.

b) Como É Encarado, na Bíblia, o Homossexualismo?

No Antigo Testamento: Gn 19; Jz 19.22-26; I Rs 14.22-24; 15.9-14; II Rs 22.8-10; 23.4-14; Dt


23.17, 18.
No Novo Testamento: 1 Co 6.9-11; 6.12-20; 1 Tm 9.10; Ap 21.1-8,27.

c) Como Sair do Abismo do Homossexualismo?

Em CRISTO, encontra-se a LIBERTAÇÃO para o homossexualismo: “Conhecereis a


Verdade, e a Verdade vos libertará” – (Jo 8.32).O homem foi criado “à imagem e semelhança
de Deus”, para manter comunhão com o Criador, mas essa comunhão só será realidade para
aqueles que forem “limpos de mãos e puros de coração” (Sl 24.3, 4).

Aquele que deseja a libertação do homossexualismo deve aproximar-se, sem receio, do


Senhor Deus, através de Jesus Cristo (Jo 6.37). Não somente aproximar-se, mas confessar
seus pecados, arrepender-se da vida errante e crer, sem reservas, em Cristo Jesus, e
ressuscitará para uma nova vida.
ÉTICA CRISTÃ 16

QUESTIONÁRIO

1) Dê a definição de Ética cristã.


2) Conceitue Ética.
3) Qual a relação entre a Ética Cristã e a Teologia ?
4) Cite alguns textos bíblicos que enfatizam a Ética específica ou aplicada.
5) Como se relaciona a filosofia e a Ética Cristã ?
6) Apresente algumas características da moralidade hebraica.
7) Cite quatro termos relacionados com a ética geral ou básica
8) Apresente os três assuntos principais estudados ou relacionados com a ética no livro de
provérbios.
9) Quais são os conceitos-chaves dos evangelhos de: Mateus, Marcos e Lucas ?
10) Quais as características principais da Ética de Paulo ?
11) Como se destaca a Ética Cristã no livro dos Atos dos Apóstolos ?
12) Porque a epístola de Tiago é tão importante para o estudo da ética cristã ?
13) Aliste os oito degraus ou virtudes éticas ensinadas por Pedro na sua segunda epístola,
capítulo um, versículos de cinco a nove (2Pe 1.5-9)
14) Quais os três propósitos ordenados por Deus para a família ?
15) Como Jesus honrou a família ?
16) O que a Bíblia ensina sobre o divórcio ?
17) Cite alguns princípios bíblicos sobre a ética política.
18) Analise como deve ser o trabalho visto na perspectiva da Ética Cristã.
19) Faça um Comentário sobre o problema das drogas na Ética da corporalidade.
20) Como a Bíblia encara o homossexualismo ?
ÉTICA CRISTÃ 17
ANEXO 1
A EUTANÁSIA OU O DIREITO DE VIVER

INTRODUÇÃO

Ao abordarmos este tema, controverso e pouco discutido, temos consciência da


dificuldade de tratamento do mesmo, tentamos fazer o melhor para que possamos todos ficar
mais esclarecidos sobre este assunto.
Seremos polêmicos já que faremos a abordagem do tema com a observação do
Homem na sua tríplice realidade, física, psíquica e espiritual.
A eutanásia, não é um problema novo, nem recente, já que a mesma tem sido
praticada desde a antiguidade, mas continua a ser um problema chocante no limiar do Séc.
XXI, por todas as interrogações que se levantam quer no plano ético, moral e jurídico, e
quanto mais se clama pelos "DIREITOS DO HOMEM” e pelo "DIREITO À VIDA",
paralelamente "intelectuais" e organizações fazem todos os esforços para a institucionalizar
no Planeta, com "êxito" em alguns Países.
A coberto dos chamados "DIREITOS DE MORRER COM DIGNIDADE",
"DIREITOS DE QUALIDADE DE VIDA", "PUREZA DE RAÇA" e outros conceitos;
foram suprimidos da vida terrena, crianças débeis, deficientes físicos, doentes julgados em
fase terminal da "VIDA", anciãos, homens e mulheres com corpos físicos de raças diferentes
da dominante e, outros encapotadamente, pela avareza de bens materiais por critérios
econômicos ou pela chatice que dá, tratar aquele fardo que já não serve para nada.
Que conceito de Criação, leva as pessoas a abreviar a "VIDA" de avós, pais,
filhos, esposos, companheiros, amigos, etc.?
Numa visão materialista da vida, nada mais existe para além da "morte". Todos
os problemas são explicados pela razão humana, através da investigação e consequentes
padrões científicos.
Assim, a visão restrita da vida e a contemplação dos entes queridos sofrendo
doenças denominadas de incuráveis, sem qualquer réstia de esperança ou de fé, leva os seus
entes a anuir ao abreviamento da "vida" desses enfermos, encarando esse ato como uma
caridade para os mesmos.
Puro engano, cujas consequências terão reflexos futuros, já que se causarão
efeitos negativos de ordem espiritual, quer para quem sofre a eutanásia, quer para os seus
autores morais e materiais, pois existem outros conceitos de vida que ultrapassam a mera
existência física.
A Criação é vista como um ato de amor, sendo as leis que a regem soberanamente
justas e iguais para Todos. O Criador não é um Pai que goste de ver os seus filhos sofrendo,
já que os criou para a vida plena de felicidade.
Assim, a existência da dor e do sofrimento, é encarada como consequência de atos
contrários as Leis Divinas e, ao mesmo tempo, experiência retificadora de conceitos e
vivências menos positivas.
A alegação que se está livrando um enfermo (dado como incurável) de
sofrimentos prolongados e aflitivos não é por nós aceito, pois só quem deu a vida a pode tirar
e, o 5º Mandamento da Lei do Criador, contida no Decálogo, é bem explicita:
NÃO MATARÁS

Vivemos num Planeta em que a maioria dos sues habitantes è espiritualista, não
se compreendendo porque razão os valores primeiros, sejam hoje em dia, os valores
materiais, e a Humanidade esteja rendida às teses materialistas, aceitando que tudo seja
avaliado economicamente, permitindo que os valores econômicos sejam o centro da atenção
da existência Humana, relegando para segundo plano tudo o que não tenha natureza
econômica.
ÉTICA CRISTÃ 18
Até onde irá a eutanásia, quando no inicio dos anos 90 em Inglaterra, a revista de
medicina Pulse, propunha por razões econômicas, a instituição da Pílula da Morte para
todas as Pessoas Idosas.
 
Definição de Eutanásia
Define-se Eutanásia, como uma teoria segundo a qual seria lícito apressar a morte
dos doentes incuráveis, para lhes evitar o sofrimento da agonia. (Dicionário Enciclopédico
Luso-Brasileiro Lello Universal).

Devem considerar-se três tipos de eutanásia:


 EUTANÁSIA ATIVA

 EUTANÁSIA PASSIVA

 EUTANÁSIA EUGÊNICA
Eutanásia ativa, caracteriza-se pela preparação antecipada da morte de uma pessoa para a
libertar de sofrimentos considerados inúteis, dado que a sua vida se encontra num ponto
terminal e irreversível.
Eutanásia passiva, caracteriza-se pela interrupção dos cuidados médicos e/ou farmacológicos
ao doente, a fim de que a sua vida seja abreviada por si mesmo, sem se tentar por todos os
meios mantê-lo vivo.
Eutanásia eugênica, caracteriza-se pela supressão à nascença dos deficientes físicos e
"anormais", praticada na antiguidade por certos povos, assim como, de extratos de
população por conceitos denominados de "pureza de raça".
Considerando:
A eutanásia ativa, é homicídio, enquanto na eutanásia passiva, é mais vulgar a sua
aceitação e permissão. Consideramos que no fundo, os dois tipos de eutanásia conduzem ao
mesmo fim, divergem só no método.
O juramento hipocrático que todos os médicos fazem, não abrange nenhuma
espécie de eutanásia, considerando que a vocação dos mesmos é curar, prolongando a vida e,
não procurar métodos, para a interromper.
 
Nota:
Eugênica deriva de eugenir, que se define como uma Ciência Social, cujas bases
foram formuladas por Francis Galton (Inglês 1822-1911), com o fim de, por seleção e
cultura, aperfeiçoar o ser humano, garantindo-lhe a integridade física e moral. Viricultura
(Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro Lello Universal).
 
A eutanásia na História
Não sendo um novo problema, vamos encontrar através dos tempos vários relatos
de execução da eutanásia, tais como :
 O rei Saul, gravemente ferido na guerra com os Filisteus, pediu ao amalequita que o
matasse para não sofrer e, ao mesmo tempo, não cair nas mãos inimigas. Este movido de
compaixão, praticou a primeira eutanásia conhecida na história.
 Na Grécia da era de Hipócrates as pessoas fartas de viver ou com doenças graves,
procuravam os médicos para que estes lhes ministrassem um tóxico que os libertasse da vida.
 Na Índia, os doentes incuráveis eram atirados ao Rio Ganges, depois de receberem na
boca e no nariz um pouco de lama sagrada.
ÉTICA CRISTÃ 19
 Em Esparta, os "monstros”, os deformados e os cacoplásticos de toda a sorte, eram
arremessados do alto do Monte Taijeto. As crianças ao "nascerem" eram examinadas por
membros do Senado, para determinarem se as mesmas eram fracas ou com deficiências
físicas, ou se tinham robustez necessária a um bom militar. As primeiras praticavam a
eutanásia eugênica e, as robustas, eram confiadas aos cuidados maternos até aos sete anos de
idade.
 Nos circos romanos, os Imperadores quando voltavam o polegar para baixo, autorizavam
a execução da eutanásia nos gladiadores mortalmente feridos nos combates abreviando os
sofrimentos dos mesmos, dizendo-se por compaixão real.
 Os índios Brasileiros, abandonavam à sorte, os filhos com doenças incuráveis e os pais
velhos incapazes de trabalhar.
 Durante a Segunda guerra mundial, Hitler ordena a "morte" de todos os velhos,
deficientes físicos e mentais, internados em hospitais e manicômios; alegando a necessidade
daqueles estabelecimentos hospitalares para o alojamento dos soldados feridos na guerra.
 Hitler, ordena a supressão dos Judeus através de câmaras de gás, tornando-se o maior
genocídio de toda a história.

A Moral e a Religião perante a Eutanásia

Além de um problema médico, social, jurídico a eutanásia é um grave problema


moral.
Os que crêem num Deus pessoal que não só criou o Homem mas que ama cada
Homem e prometeu para cada um, destino eterno de felicidade.
Sendo crente ou não, e afetando a todos, a eutanásia implica matar um Ser querido por Deus
que vela sobre a vida e a morte sendo pecado que atente contra o Homem, e por isso contra
Deus que o criou, e é ofendido por tudo o que ofende o Ser Humano. Por essa razão Deus
ordenou: “Não matarás” (Mateus 5:21,22), sendo um ato injustificado contra a dignidade
humana e contra um filho de Deus, este que nos tirou do nada, porque nós por si só não
subsistimos. Temos um Ser, porém o Ser não existe por si, mas pelo Ser no qual teve
princípio.

Mesmo para aqueles que não são cristãos admitem na vida social o primado do
espiritual devem ser sacrificados aos verdadeiros valores espirituais na projeção para além
do tempo. E, esta ressonância eterna confere-lhe méritos de incalculável valor. Com efeito,
pelo sofrimento, o Homem pode não somente expiar os próprios pecados, mas também,
utilizando em união com o sacrifício do redentor. A vocação do Homem sobre a Terra deverá
espiritualizar a matéria.
Consentir apressar a morte seria proclamar que sofrer é o pior de todos os males
e que os benefícios da vida se resumem a não sofrer. Isto é verdade para o animal, porém
falso para o Homem, para qual tem toda a dignidade e valor.
O ser que sofre realiza desde que suporte corajosamente o seu sofrimento e a mais
bela vitória moral que se possa imaginar.
Apressar o fim seria privar o Homem duma parcela da sua vida que constitui o
seu bem supremo, frustrá-lo do que possui de mais valioso, não deve encurtar-se sejam quais
forem as suas razões e justificações a sua vida.
 
Princípios da Igreja
ÉTICA CRISTÃ 20
1. Nunca será lícito matar um doente, nem sequer para o não vermos sofrer ou não fazê-lo
sofrer, ainda que ele o diga expressamente nem o médico, nem o doente, nem o pessoal de
saúde, nem os familiares pode decidir ou provocar a morte de uma pessoa.
2. Não é legítima a ação que por sua natureza provoca direta ou intencionalmente a morte
do doente.
3. Não é lícito suspender um tratamento devido ao doente sem o qual sobrevenha
inevitavelmente a morte.
4. É ilícito recusar ou renunciar a cuidados intensivos e tratamentos possíveis e disponíveis.
5. A eutanásia é um crime contra a vida humana e contra a lei divina do inocente e um bem
que supera o poder de dispor tanto do indivíduo como do Estado.
Ao contemplarmos este Universo constatamos a sua excepcional inteligência
embora o Homem seja criador de obras de grande envergadura a sua evolução não
acompanha tal ato.
E que a vida não se restringe a uma mera experiência terrena, mas ela se processa
para além da morte do corpo físico. Como pode alguém "morrer com dignidade" e se a
morte existe para o Ser abreviarem esta estão a cercear a possibilidade de maior retificação e
consequente evolução.
Para além da Igreja condenar o ato (eutanásia) muitas outras doutrinas
comungam da mesma ideia mas há luz de outros critérios que no fundo resumem a existência
de um caminho em que a intromissão no ciclo natural de vida é uma intromissão às leis de
Deus.
O materialismo induz os povos a que felicidade apenas se encontra nos gozos
terrenos, leva ao suicídio. A eutanásia é uma outra forma para fugir a um sofrimento
desconhecendo as leis de Deus. Mas será impossível alguém compreender que todos estes
aspectos diluem a crença da existência de uma Alma.
O Homem não tem o direito de praticar a eutanásia. A agonia prolongada pode
ter finalidade preciosa para a alma, como a única valia para as imperfeições do espírito.
Aqueles que por mera ignorância das Leis da criação viam a eutanásia e vêm como
meio de minorar os sofrimentos e deverão refletir sobre tal. Como Jesus Cristo disse:
“Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma…amarás o teu
próximo como a ti mesmo”.
 O respeito pela vida apresenta-se-nos como um Dever Absoluto. Criado para
louvar a Deus, o homem pode escolher livremente a maneira como o há de fazer. Não pode
escolher o momento em que o serviço cessará. Isto é, a vida do Homem não está à disposição
do Homem.
Pode o Homem dispor de todos os outros bens…mas não pode dispor da vida
humana quer da sua quer dos outros, da qual só Deus é Senhor.

Autora: Graciete Carvalho

Sociedade e a Eutanásia
A eutanásia costumava ser um problema social em sociedades primitivas em que
se eliminavam os considerados inúteis como, por exemplo: os recém-nascidos com
malformações e as pessoas idosas. Esta prática veio, no entanto, a terminar com o
aparecimento do Cristianismo.
Até ao século XX a eutanásia não voltou a constituir um problema social
ressurgindo nos anos 30 deste século especialmente na Alemanha, caso que analisaremos
mais adiante.
O século XX foi considerado o século mais civilizado. No entanto, a eutanásia não
demonstra isso. Demonstra precisamente o contrário. A eutanásia não significa civilização,
mas precisamente o contrário o que contraria o espírito que se tentou desenvolver ao longo
ÉTICA CRISTÃ 21
do século XX.. Este espírito funda-se no respeito dos Direitos do Homem e na Dignidade do
Ser Humano.
A prática da eutanásia desrespeita a Dignidade do Ser Humano pois a dignidade é
independente da raça, do sexo, da habilidade ou capacidade mental e da saúde do Ser
Humano.
O respeito da dignidade do Ser Humano distingue a sociedade atual da sociedade
primitiva nas quais a vida de uma pessoa com deficiência era depreciada.
Poderão afirmar os apoiantes da eutanásia que o ser humano morrer para não
sofrer. Não pode se afirmar isto. O Ser Humano não perde a dignidade ao sofrer.
Atualmente a medicina oferece vias para aliviar a dor dos doentes terminais.
A sociedade apela à eutanásia pois é portadora de uma mentalidade que tem
como objetivo escapar e de fugir à dor a todo o custo.

Efeitos da aceitação da eutanásia na sociedade


 
A eutanásia traz alguns efeitos para os elementos que constituem a sociedade.
Um deles é o medo. Medo que um doente tem que os seus parentes ou o seu
médico lhe diagnostiquem a eutanásia quando estiver inconsciente e não poder exprimir a
sua vontade.
Mesmo que só se admitisse a eutanásia a pedido do próprio doente isto seria
perigoso, pois hoje seria a eutanásia voluntária, mas o passo seguinte seria pedir a eutanásia
para quem não está em condições de expressar a sua vontade como por exemplo, o deficiente
mental, o doente inconsciente.
Os próprios debates realizados a favor da legalização da eutanásia voluntária
tendem a dar como exemplos os doentes terminais inconscientes o que revela a intenção deste
grupo social a favor da eutanásia de ir para além da eutanásia voluntária.
 
A Eutanásia e a Instituição Familiar
O fato de um familiar decidir a aplicação da eutanásia a outro familiar quando
este estiver numa situação de inconsciência cria nas relações familiares um sentimento de
insegurança, medo que deveria ser um sentimento de solidariedade, amor e generosidade.

Na decisão desse familiar em aplicar a eutanásia a outro familiar pode estar em


jogo elementos econômicos como heranças, encargos e incômodos e poupança de custos.
Atualmente isso já se reflete porque cada vez mais os idosos são abandonados em instituições
que cobram elevados preços ao familiar do idoso. O familiar tem todo interesse em se
desembaraçar do idoso.

Poderá a eutanásia corresponder a um sentimento de compaixão por aquele que


sofre? Não, porque decidir praticar ou ajudar a praticar a eutanásia pode-se julgar que se
está a beneficiar aquele a quem dá a morte, mas é um ato deplorável porque se está a decidir
o que é bom e o que é mau para os outros.
Por exemplo, os doentes em vida vegetativa, isto é, inconscientes com uma lesão
cerebral irreversível, ligados a um respirador poderão decidir? Claro que não podem
decidir, mas os outros se acham no direito de decidir por ele, pois não consideram essa
situação digna de um Ser Humano. Será a pessoa inconsciente desprovida de dignidade?
Não, mas o fato de ter direito à vida dá-lhe a dignidade de pessoa, de Ser Humano que por
muito que esteja doente não deixa de ser um Ser Humano nem a sua vida por mais difícil que
seja não deixa de merecer respeito.
O que os defensores da eutanásia consideram é que o direito à vida deve se
colocar num contexto de um "controlo de qualidade" que pode variar de sociedade para
sociedade fazendo com que se trate o corpo humano como um mero objeto.
ÉTICA CRISTÃ 22
Mas o Ser Humano e o seu corpo não podem ser encarados como um mero objeto. O corpo é
o fundamento da dignidade da pessoa humana.
 
A eutanásia e o egoísmo social
 
Os defensores da eutanásia consideram que os inválidos em situações extremas
convertem as suas vidas sem sentido em situações gravosas para os familiares e amigos, mas
também para os cofres públicos, pois supõem altíssimos custos em prestações para a
segurança social.
É inadmissível a morte de Seres Humanos para que não sejam um peso para os
familiares ou para melhorar as condições econômicas da coletividade. Isto é uma
manifestação de totalitarismo, ou seja, o sacrifício do indivíduo em favor da coletividade
como foi o caso do regime nazi em que se eliminavam os inúteis por razões sócio-econômicas.
A eutanásia prospera num clima social que foge a tudo o que suponha sacrifícios
a favor dos outros.

As Campanhas a favor da eutanásia e para a aceitação social desta


 
A primeira fase é a apresentação de um caso limite de modo a violentamente
chocar a opinião pública fazendo desaparecer as razões para não admitir outros casos
semelhantes.
A segunda fase é o aproveitamento de eufemismos ideológicos e semânticos
aproveitando da complexidade conceptual e terminológica suavizando-se o verdadeiro
significado de eutanásia passando a falar de que se "ajuda o doente morrer" desviando a
atenção da realidade que não é mais do que matar um doente.
A terceira fase consiste em retratar os opositores à eutanásia como retrógrados,
anti-progressistas, como fanáticos religiosos. Pretendem transmitir que a eutanásia é uma
questão ligada à religião. No entanto, não defender a eutanásia não é uma posição religiosa,
mas Humanista, ainda que esta posição possa estar ligada a motivos religiosos.
Finalmente os defensores da eutanásia apóiam a sua posição em inquéritos
favoráveis, mas que a experiência mostrou serem pouco fiáveis. Por exemplo, em Espanha
assistiu-se a um caso em que os jornais anunciavam que os médicos de Barcelona se
mostravam a favor da eutanásia. Uma análise aprofundada do conteúdo do inquérito
mostrou que os médicos eram afinal contrários à eutanásia e que a sua opinião foi
manipulada para servir uma causa que eles não partilhavam totalmente.
 
A aplicação da eutanásia no século XX: os vários casos
 
Em épocas recentes a eutanásia não foi legal em nenhum país com a exceção da
Alemanha nazista, a Holanda e a Austrália.
 
A eutanásia sob a óptica médica

A eutanásia é um problema que atinge toda a sociedade em geral e de forma


especifica algumas classes profissionais entre as quais a classe médica.
A classe médica é atingida em cheio pela questão da eutanásia, visto que qualquer
prática ou comportamento que leve a uma antecipação da morte em busca de um termino da
vida suave passa pela intervenção de um médico, tal como o tratamento das enfermidades de
quem opta pela luta contra a doença mesmo que incurável.
Dentro desta profissão assistimos atualmente ao confronto de duas posições perante a
eutanásia: por um lado os defensores desta prática e por outro lado a grande maioria dos
médicos, que são contra esta prática que na realidade é uma negação da medicina.
ÉTICA CRISTÃ 23
 

Argumentos médicos pro Eutanásia


 
Os profissionais médicos que defendem a eutanásia são de acordo com estudos
recentes, uma minoria face à grande maioria que é contra esta prática. Os que defendem o
exercício desta prática têm em conta quatro grandes argumentos:
 O direito a uma morte digna.
 A morte como piedade.
 Qualidade de vida.
 Razões econômicas.
Da análise destes argumentos podemos verificar que todos eles refletem conceitos de
vida materialistas. Porém a maioria dos médicos não aceita estes argumentos, negam a eutanásia
como uma forma de morte digna para os médicos negadores da eutanásia existe aqui uma clara
confusão de conceitos, pois os defensores da eutanásia assim como a maioria da sociedade que
não está corretamente elucidada sobre a questão, confundindo a dignidade da vida e dignidade
da pessoa.

O argumento do direito a uma morte digna seria aceitável quanto ao conceito de


dignidade da pessoa, mas nunca quanto à dignidade da vida. Esta última é o primeiro dos
direitos fundamentais de todos os seres humanos e contrapõe-se a todas as formas de colocar fim
à vida voluntária ou não. Por tudo isto não é aceitável o exercício da eutanásia com o
fundamento do direito a uma morte digna.
 
Também os argumentos da morte como piedade assim como por qualidade de vida
são afastados pelos negadores da eutanásia já que de entre os direitos do doente terminal
encontramos a isenção de dores desnecessárias por parte do doente e sobretudo porque
atualmente e possível eliminar-se 90% do sofrimento dos doentes terminais, sendo inclusive uma
obrigação do médico descobrir e suprimir a dor e as suas causas.

Por outro lado a qualidade de vida também é possível numa fase terminal não só pelo
atenuar da dor, mas também pelo prazer que os doentes terminais retiram do fim da sua vida.
De acordo com um estudo realizado por um centro de assistência a doentes terminais estes
passam por cinco fases: na primeira existe a negação da doença; na segunda estes têm um
sentimento de raiva e ódio por tudo; na terceira fase ocorre a negociação com Deus; na quarta o
doente fica deprimido, sendo esta a altura em que os doentes vêem a eutanásia como uma
alternativa. Porém após esta fase entramos na quinta e ultima fases a da aceitação da morte onde
o doente vive intensivamente cada momento da sua vida esquecendo a sua enfermidade e vivendo
aquilo que eles consideram os melhores momentos de suas vidas onde descobrem o espírito de
solidariedade e de fraternidade. Tais sentimentos só são possíveis graças ao não recurso da
eutanásia e de certa forma a dificuldade que existe atualmente em realizá-la conferidas pelas
legislações e a postura contrária à eutanásia da classe médica em geral.
Por fim as razões econômicas não merecem comentários.
 
- Argumentos médicos contra a Eutanásia
 
A grande maioria da classe médica é contra a eutanásia e são por diversos motivos
que em geral reconduzem-nos a Ética médica e ao seu código deontológico.
Para os negadores desta prática esta não constitui uma forma de medicina, mas sim a
sua negação e é sobretudo uma forma de homicídio praticada pelo médico. E por outro lado é
uma negação da própria medicina como ciência, visto que esta ciência deve prevenir, atenuar e
curar doenças e não desenvolver meios para por fim à vida.
A razão de ser da própria medicina é a cura do doente em qualquer fase da sua
enfermidade e o tratamento desta até ao transe supremo da morte. A eutanásia é contrária à
ÉTICA CRISTÃ 24
razão de ser disto tudo e é inaceitável que um médico recorra aos seus conhecimentos para por
fim à vida e não ao prolongamento desta.

  - A eutanásia como problema ético e o código de deontológico médico

No ponto de vista ético tem claro reflexo no código deontológico médico a eutanásia
desde os primórdios da medicina tem sido vista como algo contrário à medicina. A negação da
eutanásia é um dos pilares do juramento de Hipócrites que se manteve até hoje tendo sido
inclusive transferido para os diversos códigos deontológicos médicos a nível nacional e
internacional.
Hipócrites dedicou-se à medicina na antiga Grécia e o seu juramento transformou-se
na norma moral básica imortal da conduta do médico. No seu juramento este demonstrou a sua
indignação perante os médicos que receitavam venenos mortais aos seus clientes para lhes
abreviar a vida. Este mestre deu assim uma lição à sua geração e às restantes, pois até hoje todos
os formados em medicina juram no fim do curso seguir os seus preceitos de entre os quais
encontramos o não recurso à eutanásia: "Não darei venenos mortais a ninguém, mesmo que seja
instado, nem darei a ninguém tal conselho."
O juramento de Hipócrates é um ato simbólico que, porém, encontra um caráter
vinculativo no código deontológico médico. Este no seu artigo 47º/1 referindo que o médico deve
guardar respeito pela vida humana desde o seu início, considerando o n.º 2 do mesmo artigo falta
deontológica grave o aborto e a eutanásia.
O art. 37/2 referente à recusa de continuidade do tratamento dispõe que a
incurabilidade da doença não justifica o abandono do doente.
 
- Perigos da prática discriminada da eutanásia

Perante uma possível legalização da eutanásia podem surgir diversos problemas


nefastos tanto para a medicina como para a sociedade:

 É perigoso que o médico caia na habitualidade de exercer a eutanásia, uma vez que perante
casos idênticos ele seria sempre tentado a recorrer a tal prática. Tal é muito importante
atualmente devido ao fenômeno da especialização que leva os médicos a confrontarem-se com
casos semelhantes diariamente.

 Desfaz a relação de confiança e de entrega total do médico ao paciente, visto que este último
poderá por em causa o empenhamento do médico na busca de uma solução para o seu caso.

 Poderá o paciente ser confrontado com a sugestão do médico em que este recorra à eutanásia
condenando-o, desta forma, à morte pondo fim à maior incerteza do homem e que no fundo
condiciona todas as atitudes da sua vida que é o fato de desconhecer momento em que vai
morrer.

 Limitaria a investigação médica na busca de curas e meios de tratamento para doenças


incuráveis e para o aperfeiçoamento do já existente.

 Inexistência de pessoas onde se pudessem analisar os resultados de um novo tratamento.

 O perigo que diagnósticos errados poderiam ter, assim como o possível aparecimento de um
tratamento eficaz no decurso da doença.
  
Por tudo isto podemos afirmar que a eutanásia é uma negação da medicina e que esta vira-se
contra o próprio médico.
Autor: Marcelo Carvalho

ANEXO 2
ÉTICA CRISTÃ 25
DOAÇÃO E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS HUMANOS

INTRODUÇÃO

As discussões religiosas sobre doação de órgãos humanos para transplante,


depende bastante de cada grupo religioso. Daí, poder-se-á perquirir sobre o que pensam os
cristãos católicos, os cristãos evangélicos, os espíritas, os budistas e outros. Por isso, estamos
enfocando o assunto do ponto-de-vista da Bíblia. E a grande questão é: Que diz a Bíblia
sobre doação de órgãos humanos para transplante?

De modo geral, podemos dizer que não há nenhum texto bíblico que proíba ou
que permita doação de órgãos humanos, uma vez que a pratica era totalmente desconhecida
nos tempos bíblicos. É verdade que sempre há aqueles que “gostam de encontrar nas
entrelinhas da Bíblia profecias e previsões sobre situações futuras, mas não há na Bíblia
nada, pelo menos especificamente, nem a favor nem contra à doação de órgãos humanos”.

ALGUNS POSSÍVEIS TEXTOS DESFAVORÁVEIS À DOAÇÃO DE ORGÃOS

Há alguns textos que, por analogia, poderiam ser utilizados para contrariar a
doação de órgãos. Vejamos alguns deles:
1) 1Co 6.19-20. Este texto, dentre outras afirmações sobre nós, fala que o nosso corpo
pertence a Deus. Isto poderia dar a entender que, pertencendo o nosso corpo a Deus, nós não
poderíamos dispor dele, por nós mesmos.
No entanto, nos melhores manuscritos originais da Bíblia, o verso 20 termina com a
expressão: "glorificai a Deus no vosso corpo". Nada diz o corpo pertence a Deus ou a nós.
Mas mesmo admitindo que a expressão é válida, pois aparece nas nossas Bíblias tradicionais,
podemos argumentar que o corpo pertence a Deus, mas nos foi dado para ser por nós
administrado e, doar um órgão para ajudar alguém a continuar vivendo, quando nós não
temos mais condições de vida, pode significar apenas um empréstimo, pois na ressurreição,
se for o caso, o órgão voltará para o seu devido lugar, pela infinita sabedoria de Deus.

2) Rm 8.23. Aqui Paulo fala especificamente da ressurreição dos mortos. Todos nós
aguardamos a redenção do nosso corpo e, poderíamos imaginar que Deus quer o nosso corpo
completo para aquele dia.
A respeito deste assunto, podemos questionar alguns pontos. Primeiro, como
aguardar um corpo completo, de pessoas que morreram em explosões, que despedaçaram
a maioria dos seus órgãos? Segundo, e as pessoas que foram? (a Igreja católica não
admite a cremação, talvez por causa deste princípio). Terceiro, e as pessoas que foram
mutiladas numa guerra e perderam membros inteiros de seus corpos, que ficaram
totalmente distantes do local para onde vieram continuar a viver, e depois morreram?
Quarto, e as pessoas que tiveram alguns órgãos doentes e os extirparam (como é o caso de
alguns cegos, que literalmente extraíram os olhos, e de pessoas que extraíram um rim, ou
outros órgãos)?

3) 1Ts 5.23. Quase dentro da mesma ideia acima, aqui Paulo fala de conservar espírito, alma
e corpo íntegros e irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas não se
pode entender neste texto qualquer à doação de órgãos do corpo (para mantê-lo íntegro ou
inteiro para a vinda de Cristo), pois a expressão inclui o espírito também e não se poderia
pensar na divisão do espírito ou da alma. A ideia no presente texto e mais moral do que física
ou material.
ÉTICA CRISTÃ 26
4) Mc 9.42-50. O Senhor Jesus fala que é melhor alguém entrar na vida sem um olho ou sem
um pé ou sem uma mão, do que tendo o corpo completo ir para o inferno. Alguém pode
imaginar, por aqui, que uma pessoa que doe um membro, seja ele qual for, na ressurreição
vai entrar aleijado no Céu. Na verdade, não é assim. O texto é figurado. Mesmo porque,
Jesus não quer que ninguém saia por ai cortando mão, pé ou arrancando olho por causa de
seus pecados, pois os nossos pecados são lavados e perdoados por Cristo. O que Cristo quer
ensinar nesta passagem bíblica é o sacrifício de certas renúncias que temos que fazer para
vivermos uma vida crista santa.

O PROBLEMA DA RESSURREIÇÃO

Muitos religiosos contrariam, por exemplo, a cremação, pois acham que isso
dificultaria a ressurreição de seus corpos no último dia. Mas se lermos cuidadosamente o
capítulo 15 da Primeira Carta aos Coríntios, vamos notar que não importa nada disso para a
ressurreição: Paulo fala do grão que precisa morrer (e o grão se desfaz totalmente) para que
possa dar origem a uma planta.

Afinal de contas, quando Salomão diz em Ec 12.7 que o pó volta a terra, como era
e o espírito volta a Deus, que o deu, nós entendemos que esse corpo vai se decompor
totalmente. Apenas os ossos vão permanecer por muito tempo, mas todos os demais órgãos
internos serão consumidos pela terra. Entendemos que, para Deus, no dia da ressurreição,
não haverá nenhum problema, estejam onde estiverem as partes de um determinado corpo.

Uma boa ilustração disso e o celebre texto do "vale de ossos secos", relatado em
Ez 37.1-14. Notem que era apenas um vale de ossos. Não diz que eram ossos de corpos
inteiros, mas apenas ossos humanos. Não se sabe onde aqueles corpos perderam seus órgãos
internos e externos e sua carne. Mas Deus mandou o profeta clamar aos ossos e eles
viveriam, e ganhariam espírito, e tendões, e carne, e pele (veja os versos 5-6). Mais à frente, o
texto diz que os ossos começaram a se ajuntar cada osso ao seu osso (v. 7). No verso seguinte;
vieram tendões, e cresceram as carnes e estendeu-se a pele.... (v.8). Não se sabe de onde
vieram essas partes daqueles esqueletos.

Mas, note-se, esta ilustração tem valor apenas parcial, pois aqui não se trata de
uma ressurreição, no modelo do último dia, mas de uma "revivificação". É importante
entender que, quando Paulo fala de ressurreição do último dia, ele fala de "corpo
espiritual", em contraste com "corpo animal" (1Co 15.44,46). E, fato muito importante aqui
é inquirir se o tal "corpo espiritual", como era o do Senhor Jesus depois da ressurreição,
tinha órgãos à semelhança do "corpo animal". Que aquele corpo ressurreto tinha, mais ou
menos a mesma forma, concluímos pela reação natural dos discípulos ao reconhecerem o
Senhor Jesus ressurreto e ao conviverem com ele por cerca de 40 dias. Sabe-se, por exemplo,
que aquele corpo tinha o poder de entrar num recinto fechado (como que desmaterializando-
se e materializando-se em questão de segundos – João 20.19-21).
Portanto, parece que não procedem as argumentações das dificuldades para a
ressurreição. Deus não tem este tipo de problema.

A QUESTÃO DA VONTADE DE DEUS

Geralmente um cristão costuma considerar quatro estágios de compreensão na


busca ou averiguação da vontade de Deus:

1. A Soberania de Deus. Deus é Soberano e pode fazer de nós e conosco o que Ele quer.
Assim, se Ele nos permite adoecer, e plano dEle. Ele nos fez, Ele e dono de nossas vidas.
ÉTICA CRISTÃ 27
Como disse Jó, a respeito da perda de seus filhos e de seus bens: "O Senhor o deu, e o
Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor" (Jó 1.21b).

Todavia, a soberania de Deus não se aplica ao campo do livre arbítrio do ser


humano, principalmente para os cristãos que não adotam a teologia Calvinista. Assim,
mesmo a despeito da soberania de Deus, entendemos que o ser humano pode dispor do seu
corpo, de partes dele, e até da sua própria alma quando, por não querer aceitar a Cristo
como Salvador, determina o destino dele para a perdição (João 3.16-19).

2. As Declarações da Palavra de Deus. Muitas coisas estão postas para nos na Palavra de
Deus, expressamente. Um exemplo é a lista dos dez mandamentos. Ademais, no Novo
Testamento, há muitas declarações sobre o que o cristão pode e não pode fazer. No entanto,
não encontramos na palavra de Deus nada que proíba ou que permita ao cristão dispor do
seu corpo. É bem verdade que o apostolo Paulo, em Gl 4.15, fala que os gálatas, se possível
fora, arrancariam os seus próprios olhos e lhos dariam. Isso, talvez por algum tipo de
problema oftalmológico que incomodava o apóstolo e que era do conhecimento dos gálatas
(Gl 6.11). Mas, o texto representa uma hipótese impossível para aquele tempo, o que deve ser
entendido como uma metáfora. Portanto, como se diz em Direito: "Se não há lei, não há
crime".

3. A Moral Cristã. Isto quer dizer: aquele conjunto de regras válidas para a conduta de um
cristão, levando-se em conta a natureza da fé e os alvos mais elevados da vida espiritual.
Ora, aqui, o espírito altruísta do cristianismo, a começar com o Senhor Jesus Cristo, que deu
Sua própria vida por nós, é aceitável a atitude de alguém doar do que tem e que não Ihe
servirá mais, para favorecer a outrem que ainda precisa daquele bem para prosseguir, um
pouco mais, na jornada da sua existência. Portanto, a moral cristã, salvo melhor juízo,
favorece a doação de órgãos do corpo humano para transplante.

4. A Resposta de Deus à consciência do cristão. Isto quer dizer que o cristão, sobre assuntos
de maior indagação, ora a Deus, depois de analisar todos os itens acima, e procura auscultar
o que Deus o faz entender e sentir. Sentindo-se bem e confortável interiormente, o cristão
decide que é isso que Deus quer para ele.

E então, não tendo nada na palavra de Deus que o proíba, um cristão, diante de
uma consciência tranquila, poderá decidir sobre doar ou não doar órgãos do seu corpo para
transplante.

ANEXO 3

O CRISTÃO E O PLANEJAMENTO FAMILIAR

Deus criou o homem à sua imagem: e o criou a imagem de Deus; criou o homem e
mulher. Deus abençoou e lhe disse: frutificai e multiplicai-vos enchei a terra e sustentai-a e
dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se
arrastam sobre a terra. (Gn 1.27-28).

Deus fez cair um pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe então
uma das costelas e fechou a carne em seu lugar. O Senhor formou a mulher da costela que
tomara do homem e lha trouxe. O homem disse: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da
minha carne; esta será chamada de varoa, porque foi tomada do varão. Portanto o homem
deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher e serão uma só carne. O homem e a mulher
ÉTICA CRISTÃ 28
ambos estavam nus, e não se envergonhavam.” (Gn 2.21-25).

Sabemos que um lar é formado por um homem e uma mulher, através do


casamento. Esse casamento deve ser feito de acordo com a palavra de Deus para que não
haja julgo desigual (2Co 6.14; 1Co 7.16).

Os noivos devem planejar o seu casamento, pois é para sempre, enquanto aqui
viverem. Pois dessa união provavelmente virão filhos. “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a
terra, e sujeitai-a;”...(Gn 1.28). “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu
galardão” (Sl 127.3).

A PROCRIAÇÃO

O casal deve escolher quantos filhos devem ter ou deixar que Deus dê a eles os
filhos que a fertilidade possa gerar ?

Filho trás responsabilidade, deveres e obrigações, tanto para mãe como para o
pai, por isso ambos devem pensar e planejar a vida que querem dar aos seus filhos.
Multiplicai-vos e enchei a terra, este mandamento para muitos parece ser o mais fácil de
obedecer, tem muitos que até exageram e se fosse possível dariam o máximo de si para a
proliferação da espécie, esquecendo-se de outras ordenanças divinas como: amar o Senhor
teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força (Dt 6.5; Mt 22.37).

Gerar filhos é também gerar responsabilidade para com Deus e a sociedade. O lar
cristão deve ser exemplo para outros lares. Deus tem que estar na direção da família (Sl
127.1).

Vivemos em tempos difíceis onde recai sobre os pais uma grande


responsabilidade em relação à educação dos filhos. Não é fácil o controle dos pais sobre os
filhos, devido às influências da época e das investidas malignas contra a família. Pois sendo a
família a base da sociedade, não poderia ser outra se não ela o alvo das forças infernais.
Família desestruturada, sociedade desequilibrada. Mas Deus nunca perdeu e jamais perderá.
Enquanto existir sal da terra e luz do mundo, existirá família, pois haverá pais e mães
responsáveis e heranças de Deus.

Antes as famílias eram numerosas e era bem mais fácil criar e educar os filhos,
hoje não é assim. O mundo atual exige muito dos pais em relação aos filhos, a sociedade é
formada de jovens rebeldes sem amor, consumista, materialista sem temor de Deus e
desobedientes aos pais. Os meios de comunicações têm influência sobre os nossos jovens e
adolescentes, que ainda em fase de formação, se deixam levar pelas aparências, fantasias e,
por não terem boa orientação acabam tornando-se jovens de mentes vazias sem objetivos,
ociosos, irresponsáveis. Necessário é que os pais busquem forças e orientações divinas para
criar seus filhos, caso contrário eles se enveredarão por caminhos tortuosos, como as drogas
e o crime. Pois não são poucos os jovens que estão atrás das grades nas clínicas ou
manicômios e que são para a sociedade um fardo pesado, um caso perdido, pois são
considerados irrecuperáveis. Para essas pessoas voltarem ao convívio social, ao seio da
família, só por milagre de Deus (Is 45.2; Jr 32.27).
ÉTICA CRISTÃ 29

BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES DE LEITURA

 Introdução a Filosofia – Norman L. Geisler e Paul Feinberg.

 E Agora, Como Viveremos? – Charles Colson e Nancy Pearcey – CPAD.

 Bioética, Um Guia Para os Cristãos – Gilbert Meilaender.

 Ética Cristã – Alternativas e Questões Contemporâneas – Norman L. Geisler –


Edições Vida Nova. 2001.

 Ética – Holmes, Arthur F. – CPAD – Rio de Janeiro - 2ª Edição. 2000.

Você também pode gostar