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A palavra Pentateuco vem de penta = cinco, e teuxos = volume ou livro; daí o

seu significado = obra de cinco tomos ou livros. O nome se originou com a famosa e primeira
tradução do Antigo Testamento, chamada Septuaginta, feita do hebraico para o grego no
terceiro século antes de Cristo.

Os judeus chamam-no de “Tora ou Lei”, sendo essa obra o código legislativo da


nação.

Sua divisão foi feita pelos eruditos hebreus trabalhando em Alexandria, no


preparo da versão grega chamada septuaginta. Nesse tempo a obra de Moisés, escrita por
inspiração divina em cinco livros ou partes e seus respectivos nomes foram dados de acordo
com o seu conteúdo; nomes mantidos até hoje.

Formam o Pentateuco, os cinco livros de Moisés, os primeiros da Bíblia:


Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

No Gênesis estão registradas as origens do universo, do gênero humano e dos


demais seres e coisas criadas, e a formação da história do povo de Israel até a sua ida para o
Egito.

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No Êxodo estão registradas a saída dos israelitas do Egito e sua peregrinação do
deserto durante quarenta longos anos.

Em Levítico trata do culto religioso dos hebreus, pondo em relevância o trabalho


sacerdotal dos Levitas, separados que foram por Deus para o serviço do santuário.

Em Números trata dos dois recenseamentos do povo de Israel, ambos repletos


de números. O primeiro, quando Israel achava-se junto ao Sinai; o segundo, à entrada da terra
prometida, ao final dos 40 anos de peregrinação.

Em Deuteronômio que significa: segunda lei é uma forma condensada de tudo


aquilo que foi tratado nos livros de Êxodo, Levíticos e Números. Este livro foi escrito para a
nova geração, para aqueles que nasceram durante a peregrinação pelo deserto.

Moisés é o autor do Pentateuco, prova disto está nas passagens de Ex. 24.4; Nm.
33.2; Dt. 31.9, 24-26; Mc. 12.19; Lc. 20.28; Jo. 1.17. Hebreu, filho de hebreus, e, após ser
miraculosamente salvo das águas do Nilo por mãos da filha do Faraó, Moisés foi instruído em
toda a ciência do Egito, o que certamente muito contribuiu na sua tarefa de escrever o
Pentateuco, sob inspiração divina (Hb 8.5; Jo. 5.46; 9.29; Ed. 7.6).

Que o Espírito Santo, os ilumine ao longo desse estudo, para que seu
conhecimento Bíblico seja multiplicado, tornando-o (a) útil na obra que o Senhor.

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Introdução

Gênesis é o primeiro livro da Bíblia Sagrada, e, também o primeiro livro do


Pentateuco. Chama-se em hebraico Bereshith, que é a palavra inicial do livro, significando,
“No Principio”. Na tradução septuaginta em grego, deram-lhe o nome de Gênesis, que
significa “Origem”. É por excelência, o livro de introdução maravilhosa a toda a Bíblia. Trata
do começo de todas as coisas – dos céus e da terra, das plantas e dos animais, do gênero
humano e de todas as instituições e relações humanas.

No livro de Gênesis encontramos todas as grandes doutrinas referentes a Deus,


ao homem, ao pecado e a salvação. Há mais que sessenta citações do Gênesis no Novo
Testamento. Se queremos entender verdadeiramente a revelação de Deus, tem de iniciar nosso
estudo no primeiro livro da Bíblia. O autor do livro é Moisés (Js. 1.7,8; 2º. Cr. 25.4; Mt. 19.8;
Jo. 5.45, 46). O livro tem como tema: “O Principio”. Foi escrito 1445-1405 a.C. Foi dividido
em duas partes:
A) A origem do homem e do gênero humano cap. 1 - 11

B) O começo do povo Hebreu – Os Patriarcas cap. 12-50

O livro de Gênesis narra eventos que abrangem um período de 2.369 anos:


- da queda do homem ao dilúvio: 1656 anos
- do dilúvio a chamada de Abraão: 428 anos
- o resto da vida de Abraão: 100 anos
- da morte de Abraão a Isaque: 105 anos
- da morte de Isaque a Jacó: 27 anaos
- da morte de Jacó a de José: 54 anos

O propósito do livro de Gênesis prove um alicerce essencial para o restante do


Pentateuco e para toda revelação Bíblica subseqüente. Foi escrito de conformidade com o
propósito de Deus a fim de dar ao seu povo segundo o concerto, tanto do Antigo Testamento,
quanto do Novo Testamento, uma compreensão de si mesmo, da criação, da raça humana, da
queda, da morte, do julgamento, do concerto, e da promessa de redenção através dos
descendentes de Abraão.
O livro de Gênesis também revela a história profética da redenção, e o Redentor
que virá através da descendência da mulher (cap. 3.15), das linhagens de Sete (cap. 4.25, 26),
e de Sem (cap. 9.26, 27), e da descendência de Abraão (cap. 12.3). O Novo Testamento aplica
cap. 12.3 diretamente à provisão da redenção que Deus realizou em Jesus Cristo (Gl.. 3.16,
39). Muitos personagens e eventos de Gênesis são mencionados no Novo Testamento com
relação à fé e a justiça (Rm. 4; Hb. 11.1-22), ao julgamento divino (Lc. 17.26-29, 32; 2ª. Pe.
3.6; Jd. 7, 11), e a pessoa de Jesus Cristo (Mt. 1.1; Jo. 8.58; Hb.7)
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ESBOÇO DO LIVRO:

A) A ORIGEM DO MUNDO E DO GENERO HUMANO - Cap. 1 – 11


1º A obra da criação - cap. 1 a 2.3
2º A instituição da Família e a queda do homem - cap. 2.4 a 3
3º De Caim a Torre de Babel - cap. 4 - 11

B) O COMEÇO DO POVO HEBREU – OS PATRIARCAS - Cap. 12 – 50


1º De Abraão a Jacó - cap. 12-36
2° A vida de José - cap. 37 – 50

A) A ORIGEM DO MUNDO E DO GENERO HUMANO Cap. 1-11

1º A obra da criação - cap. 1 a 2.3

“No principio, criou Deus os céus e a terra.” (Gn. 1.1).

No primeiro versículo de Gênesis, Moisés exprime em resumo a obra criadora de


Deus, que vem detalhadamente exposta nos versículos seguintes. É o dogma fundamental da
verdadeira religião, oposto a todos os falsos sistemas filosóficos e a todas as falsas religiões.

O mundo não é eterno, foi criado. A harmonia da criação está a nos dizer que,
antes dela, houve um poder dinâmico que a gerou, portanto, o mundo teve um principio. O
Ser que a gerou é o Eterno Deus. Em Jo. 1.1 lemos: “No principio era o verbo, e o verbo
estava com Deus e o verbo era Deus.” O Apóstolo confirma Gênesis: “No Principio”. Então
Deus foi o principio, a causa primária de tudo que existe.

A ciência moderna afirma que este mundo formou-se a milhões de anos. Pode
ser verdade. A Bíblia não contradiz a isso, porem, ela se limita a dizer: “No Principio...”
Deus criou o universo, mas não entra em detalhes ao se revelar ao homem, sobre quando e
com criou.

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A atividade da criação.

O verbo criar, em hebraico “bara”, é usado exclusivamente em referencia a uma


atividade que somente Deus pode realizar. Significa que num momento especifico, Deus criou
a matéria e a substância que antes nunca existiram. A Bíblia diz que no principio da criação, a
terra estava uniforme, vazia e coberta de trevas. O universo não tinha a forma ordenada que
tem agora. O mundo estava vazio, sem nenhum ser vivente, destituído de no mínimo vestígio
de luz. Passada essa etapa inicial, Deus criou a luz para dissipar as trevas (cap. 1.3-5), deu
forma ao universo (cap.1.6-13), e encheu a terra de seres viventes (cap. 1.20-28).

O método que Deus usou na criação foi o poder de Sua Palavra: repetidas vezes
está declarado:

“E disse Deus...” (cap. 1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26). Noutras palavras, Deus
falou e os céus e a terra passaram a existir. Antes da palavra criadora de Deus eles não
existiam (Sl. 33.6, 9; 148.5; Is. 48.13; Rm.. 4.17; Hb. 11.3).

Toda a Divindade (Trindade), e não apenas o Pai desempenhou sua parte na


criação. O próprio Filho é a Palavra (“Verbo”) poderosa, através de quem Deus criou todas as
coisas (Jo. 1.1-3). Semelhantemente, o Apóstolo Paulo afirma que por Cristo: “foram criados
todas as coisas que há nos céus e na terra, visível e invisível... tudo foi criado por Ele e para
Ele” (Cl. 1.16). O autor do Livro aos Hebreus afirma enfaticamente que Deus fez o universo
por meio do seu filho (Hb. 1.2).

Semelhantemente o Espírito Santo desempenhou um papel ativo na obra da


criação. Ele é descrito como “pairando” (“se movia”) sobre a criação preservando-a e
preparando-a para as atividades criadoras adicionais de Deus. A palavra hebraica traduzida
por Espírito (“ruah”) também pode ser traduzida por “vento e fôlego”. Por isso, o salmista
testifica do papel do Espírito Santo, ao declarar: “Pela palavra do Senhor foram feitos os
céus, e todo exército deles pelo Espírito (“ruah”) da sua boca” (Sl. 33.6). Alem disso, o
Espírito Santo continua a manter e sustentar a criação (Jó 33.4; Sl. 104.30)

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A semana da criação.

Moisés passa a descrever as diferentes fazes da ação divina que se estende por
seis dias, dos quais, três para a formação dos espaços habitáveis, e outros três para a obra do
povoamento.

1º dia: “Disse Deus, Haja luz” (v.3). Deus começa por iluminar seu campo de
ação. Não se trabalha no escuro porque, sem luz-condição fundamental de toda obra
(cientificamente provado), tudo é confuso.

“E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia” (v. 5). Essa identificação é repetida
seis vezes nesse capítulo (vv. 5, 8, 13, 19, 23, 31). A palavra hebraica para dia é “yom”.
Normalmente significa um dia de vinte e quatro horas (Gn. 7.17; Mt. 17.1), ou, a porção em
que há luz nas vinte e quatro horas. Mas também pode referir-se a um período de tempo
indeterminado (tempo da sega, Pv. 25.13). Note-se que em Gn. 2.4, os seis dias da criação são
designados como “no dia”. Muitos entendem que os dias da criação eram de vinte e quatro
horas, pois sua descrição diz que constituíam em uma “tarde e uma manhã” (Ex. 20.11).
Outros entendem que “tarde e manhã” simplesmente significa que uma determinada tarde
encerrou algum ato especifico da criação, e que, a manhã seguinte iniciou novo ato.

2º dia: “... E chamou, Deus ao firmamento céus...” (v.6-8). Firmamento ou


expansão, foi como Deus denominou o segundo elemento criado; Foi a separação da matéria
gasosa da qual surgira a luz. O que Deus chama de expansão ou céus, não significa
simplesmente à atmosfera a volta da terra, mas a grande câmera universal onde o sol, a lua e
as estrelas se localizam.

3º dia: Aparecimento da terra firme (v.9-1). Está ligada a gravitação,


envolvendo tudo e todas as demais forças que começam a concentrar matéria debaixo do
firmamento à volta dos inúmeros centros, um dos quais passa a ser o nosso globo.

Paralelamente, outro trabalho vem se desenvolvendo neste terceiro dia: O


surgimento das plantas (v. 11,12). Para que a Terra pudesse receber seus habitantes, Deus
criou as plantas, com suas inúmeras finalidades.

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4º dia: A organização do sistema solar (v. 14-19). Este período assinala a
organização do sistema solar. Nessa astronomia primitiva de Moisés, surge, o sol, a lua e as
estrelas (nas estrelas, englobam os demais astros: Planetas, cometas e etc.).

O propósito do sistema solar é servir de sinais demarcadores das estações, dias e


anos. A função dos dois astros reis – sol e lua são controlar o dia e a noite respectivamente. O
sol indica dias e anos; a lua semana e meses; e as estrelas, as estações.

Infelizmente, a astrologia (pseudociência), deturpou esses propósitos


determinados para os astros e surgiu o ensino falso de que os astros e planetas influenciam e
orientam a vida das pessoas.

5º dia: O surgimento da fauna marinha (v.20-23). Neste quinto dia, surgem os


pequenos e grandes peixes, com também todas as variedades de aves. Os animais da água em
geral e do mar, tem muita semelhança. Há muitas aves que vivem também nas águas.

6º dia: A criação dos animais terrestres (v 24, 25). À semelhança dos demais
animais, estes também foram criados por Deus. Esses animais nascem na terra e nela vivem.
Dividem-se em três grupos distintos:
a) Gado ou animais domésticos;
b) Feras ou animais selvagens;
c) Répteis que se arrastam pelo solo.

A Formação do Homem (v. 26-31). Note a diferença de expressão: “Haja luz”,


“Produza a terra”. Em resumo, o verbo usado nestas frases é “asah”, em hebraico; em latim
“Fiat” (seja feito). Na criação do homem surge o mesmo verbo, porém no plural: “...
façamos” (v.26). Chegamos a esta conclusão: até aqui, tudo foi criado, mas, quanto ao
homem, este foi não somente criado, mas também formado ou gerado, sendo resultado da
cooperação da Trindade, vista na forma plural de: “façamos”.

Moisés nos oferece um duplo relato da origem do homem, harmônicos entre si: o
primeiro nos versículos supracitados (vv. 26-31), onde lemos a respeito da criação do homem.
O segundo (cap. 2. 4-25), supre pormenores mais específicos a respeito da sua criação e do
seu meio ambiente. Partindo destes textos e de todo o contexto que trata da obra da criação,
quanto á criação do homem chegamos a seguintes conclusões:
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a) A criação do homem foi precedida por um solene conselho divino;
b) A criação do homem foi um ato imediato de Deus;
c) O homem foi criado segundo um tipo divino;
d) Os elementos da natureza humana se distinguem;
e) O homem foi criado coroa da criação.

7º dia: “E abençoou Deus o sétimo dia e o santificou (cap. 2:1-3). Deus


abençoou o sétimo dia (Sábado), e o destinou tanto como dia sagrado e especial de repouso,
como um memorial do termino de todas as suas obras criadas. Posteriormente, Deus fez do
sábado um dia de benção para seu povo fiel (Ex. 20.8-11). Reservou-o para ser um dia de
descanso, de culto, de adoração e comunhão com Ele (Ex. 16.27; 31.12-17). Para o cristão do
Novo Testamento o Sábado judaico já não é obrigatório. As exigências cerimoniais da Lei
foram canceladas na morte de Cristo (Cl. 2.14, 16; Rm. 14.5, 6; Gl. 4.9-11). Alem disso, o
sábado como dia fixo semanal de descanso foi parte do pacto entre Deus e Isaque, somente
(Ex. 31.13, 17; Ez. 20.12, 20). Os cristãos no Novo Testamento observavam o domingo (1º
dia da semana) como dia de repouso pessoal e adoração ao Senhor. É o dia em que Jesus
ressurgiu dentre os mortos, sendo chamado no Novo Testamento de “O Dia do Senhor”.
Entretanto, não há nenhuma obrigatoriedade de não se trabalhar nesse ou nos demais dias.

Falsa teoria quanto à criação.

A evolução é o ponto de vista predominante, proposto pela comunidade


cientifica e educacional do mundo atual, em se tratando da origem da vida e do universo.
Quem crê de fato na Bíblia Sagrada deve atentar para quatro observações a respeito da Bíblia:
a) A teoria da evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o
desenvolvimento do universo. Tal intento começa com a pressuposição de que não existe
nenhum Criador pessoal e divino que criou e formou o mundo; pelo contrario, tudo veio a
existir uma serie de acontecimentos que decorreram por acaso, ao longo de bilhões de anos.

b) O ensino evolucionista não é realmente científico, é uma teoria. Segundo o


método científico, toda conclusão deve basear-se em evidencias incontestáveis, oriundas de
experiências que podem ser reproduzidas em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma
experiência foi realizada, nem poderá sê-lo, para testar e comprovar teorias em torno da
origem da matéria a partir de um hipotético “grande estrondo”, ou do desenvolvimento
gradual dos seres vivos, a partir das formas mais simples às mais complexas.
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Por conseguinte, a teoria da evolução é uma hipótese sem evidências científicas,
e somente quem crê em teorias humanas é que pode aceitá-las. A fé do povo de Deus, pelo
contrário, firma-se no Senhor e na sua revelação inspirada, a qual declara que Ele é quem
criou do nada todas as coisas (Hb. 11.3).

c) É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem em varias espécies de


seres viventes. Por exemplo: algumas variedades dentro de varias espécies estão se
extinguindo; por outro lado, ocasionalmente vemos novas raças surgindo dentre algumas das
espécies. Não há, porém, nenhuma evidência, nem sequer no registro geológico, a apoiar a
teoria de que um tipo de ser vivente já evoluiu noutro tipo. Pelo contrário, as evidências
existentes apóiam a declaração da Bíblia, que Deus criou cada criatura vivente, “conforme sua
espécie” (Gn. 1, 21, 24, 25).

d) Os crentes na Bíblia devem também, rejeitar a teoria chamada evolução teista.


Essa teoria aceita a maioria das conclusões da evolução naturalista; apenas acrescenta que
Deus deu inicio ao processo evolutivo. Essa teoria nega a revelação bíblica que atribui a Deus
um papel ativo em todos aspectos da criação. Por exemplo, todos os verbos principais em
Gênesis cap. 1 têm Deus como seu sujeito, a não ser em Gn. 1.12 (que cumpre o mandamento
de Deus no v. 11) é a frase repetida: “E foi a tarde e a manhã”. Deus não é um supervisor
indiferente, de um processo evolutivo, pelo contrário, é o criador ativo de todas as coisas (Cl.
1.16).

Entre os falsos ensinos e teorias que tem lançado dúvida sobre o relato bíblico da
criação, destaca-se à da evolução, concebida e largamente difundida pelo naturalista inglês
Charles Darwim, que viveu entre 1809 e 1889. Não obstante, Darwim antes de morrer, se
retratou quanto a essa teoria que ele mesmo ensinou aos longos dos seus anos, e, mesmo
assim, hoje essa teoria é aceita e pregada nos círculos acadêmicos.

A teoria de Darwim tem como ponto de partida a afirmação de que os homens e


os animais em geral possuem um principio comum; isto é, tanto homem como os animais
procedem de um mesmo tronco, e que hoje, homem e animais é a soma de mutações sofridas
no decorrer dos milênios. Em suma: o homem de hoje não era homem no princípio. Desse
conceito surgiu o ensino estúpido de que o homem hoje é um macaco que se desenvolveu
plenamente através de muitos estágios.

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À luz da revelação divina, o homem foi formado já adulto, a imagem e
semelhança de Deus (Gn. 1.26). O que disso passa é mera fantasia da cabeça “oca” do homem
sem Deus e sem salvação.

2º A instituição da família e a queda do homem - cap. 2.4 a 3.

A formação do Jardim do Éden (cap. 2.4-15)

Segundo alguns teólogos, o Jardim do Édem estava localizado perto da planície


aluvial do rio Tigre (aqui chamado “hidequel”) e do rio Eufrates correspondente ao atual sul
do Iraque. Outros teólogos acreditam que o Jardim do Édem ficava no sudoeste da Ásia, ao
sul da Mesopotâmia, bem próximo ao país chamado hoje, Armênia, entre os rios Tigre e
Eufrates. Todo o gênero humano procede dessa região. Após a entrada do pecado, o Jardim do
Édem foi destruído e sua superfície modificada, pois dos quatro rios do Édem, somente dois
são conhecidos hoje: Tigre e Eufrates.

Também há teólogos que sustentam que não há dados suficientes no relato


bíblico para a determinação do local específico.

A árvore da ciência do bem e do mal (cap. 2.16-17)

Não pense que se tratava de uma árvore estranha e feia: “... boa para se comer,
agradável aos olhos...” Gn. 3.6. No entanto, o seu fruto não deveria ser comido pelo homem,
por ordem divina. Desobedecer a esta ordem divina representaria o afastamento de Deus, a
perda de seu estado de pureza e sujeição ao estado da morte física e espiritual. E foi o que
aconteceu. A árvore da vida é relacionada com a vida perpétua (veja cap. 3.22). O povo de
Deus terá acesso a árvore da vida no novo céu e na nova terra (Ap. 2.7; 22.2). A árvore da
ciência do bem e do mal tinha por finalidade de testar a fé de Adão e sua obediência a Deus e
a sua Palavra (cap. 2.16). Deus criou o ser humano como ente moral capaz de optar
livremente para amar e obedecer ao seu criador, ou por desobedecer-lhe e rebelar-se contra a
sua vontade

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Uma companheira para Adão (cap. 2.18-25)

Vendo Deus que Adão estava só, providenciou-lhe uma companheira tirando-a
do próprio corpo de Adão (costelas). A mulher não foi tirada da cabeça de Adão, para não o
dirigir; nem tampouco dos pés de Adão, para este não a espezinhar, todavia, Eva foi tirada do
lado de Adão, para que ambos se amassem, comungassem e servissem um ao outro, em
perfeita harmonia e vida. Desde o principio, Deus estabeleceu o casamento (a união) e a
família que dele surge, como a primeira e a mais importante instituição humana na Terra. A
prescrição divina para o casamento é um só homem e uma só mulher, os quais se tornam uma
só carne (cap. 2.24), unidos em corpo e alma. Este ensino divino exclui o adultério, a
poligamia, a homossexualidade, a fornicação e o divórcio quando antibíblico (Mc. 10.7-9; Mt.
19.9).

Provação e queda do homem

Deus criou o homem puro e bom, com todas as qualidades indispensáveis a uma
vida feliz na Terra; mas Deus também o dotou de liberdade de escolha (livre arbítrio). O
capítulo três de Gênesis nos mostra justamente:
a) A escolha do homem: desobediência à voz divina, transgressão que
significou o repudio a autoridade de Deus, a disputa acerca de Sua sabedoria e o desprezo a
Sua graça.
b) A conseqüência dessa escolha: reprovação, condenação, maldição e
expulsão por parte de Deus. Deus não pode negar-se a si mesmo. Assim o homem caiu.
c) A profecia divinal logo após a queda: prova inconfundível do amor de
Deus: o homem seria redimido do seu pecado. Gênesis 3.15 faz a primeira alusão ao redentor
que havia de vir “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”.

A serpente e suas transformações (cap. 3.1-6, 14)

Pensam alguns que a serpente, não tinha esse aspecto repugnante, como hoje a
vemos, não vivia rastejando e era muito bonita, inclusive andava ereta. Isto também se infere
da Bíblia em Gênesis 3.14. A serpente levantou-se contra Deus através da sua criação.
Declarou que aquilo que Deus dissera a Adão não era verdade, por fim, ela foi à causa de

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Deus amaldiçoar a criação, inclusive a raça humana que Ele fizera a sua imagem e
semelhança (Gn. 3.16-19; 5.29; Is. 23.6; Rm. 8.22; Gl. 3.13). A serpente é posteriormente
indicada como Satanás ou Diabo (Ap. 12.9; 20.2). Certamente Satanás controlou a serpente e
usou-a como instrumento para efetuar a tentação. (2ª. Co. 11.3, 14; Ap. 20.2).

Folhas de Figueira (cap. 3.7-13)

Adão e Eva tentaram cobrir sua nudez com folhas de figueira. Que triste
situação! Verdadeira revolução em suas mentes! Adão e Eva, dominados pela emoção do
medo e da vergonha, “... esconderam-se da presença do Senhor Deus...” (Gn. 3.8). E
procuraram cobrir sua nudez. As questões espirituais jamais podem ser resolvidas por
processos ou intentos materiais! O querer cobrir a nudez é prova real de que foram despidos
da glória de Deus. Os artifícios do homem, ainda que baseados em princípios de moral, jamais
mostrarão o caminho certo para a paz que tanto o homem deseja ter com Deus, a não ser por
Jesus Cristo e tão somente por Ele (Rm. 3.22; 5.1). Em nossa condição pecaminosa, também
somos semelhantes a Adão e Eva. Deus, no entanto, nos proporcionou um caminho para
purificar nossa consciência culpada, para livrar-nos do pecado e nos restaurar a comunhão
com Ele - o caminho chamado: Jesus Cristo (Jo. 14.6). Mediante a redenção que Deus proveu
através de seu Filho, podemos vir a Ele e receber o seu amor, misericórdia, graça, e, ajuda em
tempo oportuno (Hb. 4.16; 7.25).

Promessa de livramento; A sentença da mulher e a sentença do


homem - (cap. 3.15-19)

 Promessa de livramento - cap. 3.15: A gloriosa promessa de um redentor é a


luz da esperança que desde então começou a brilhar. Todas as demais promessas foram feitas
em conseqüência desta. Tudo o que lemos na Bíblia, todos os acontecimentos giram em torno
do cumprimento desta profecia. A Bíblia Sagrada não é a história do mundo, ou do homem,
mas sim, a história da redenção do homem. É uma profecia do conflito espiritual entre a
semente da mulher (o Senhor Jesus Cristo) e a semente da serpente (Satanás e seus
seguidores). Deus promete aqui que Jesus Cristo nasceria de uma mulher (Is. 7.14), e que ele
seria ferido ao ser crucificado, porém, ressuscitaria dentre os mortos para destruir
completamente Satanás, o pecado, e a morte, para salvar a humanidade (Is. 53.5; Mt. 1.20-23;
Jo. 12.31; At 26.18; Rm. 5.18, 19; 16.20; 1ª. Jo 3.8; Ap. 20.10).
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 A sentença da mulher e a sentença do homem – cap. 3.16-25

O castigo imposto sobre o homem e a mulher, bem como o efeito sobre o pecado
da natureza, tinham o propósito de relembrar a humanidade às conseqüências terríveis do
pecado e de levar a cada um a depender de Deus, com fé e obediência. O desígnio de Deus é
que a raça humana seja redimida do seu presente estado de pecado e perdição. A tentativa de
Eva de ficar livre de Deus e de ser independente do seu marido, seria frustrada, surgindo em
seu lugar um forte desejo pelo seu marido. A profunda atração que ela sentiria por Adão, e o
governo dele sobre ela, trariam aflições e sofrimentos, juntamente com alegria e bênçãos (1ª.
Co. 11.7-9; Ef. 5.22-25; 1ª. Tm. 2.11-14). Por causa da maldição que Deus pronunciou sobre a
natureza, Adão e Eva enfrentariam adversidades físicas, pesado labor, lutas, e finalmente, a
morte para si e para todos os descendentes.

Adão e Eva através da queda tornaram-se até certo ponto independente de Deus,
e começaram a fazer seu próprio julgamento entre o bem e o mal. Neste mundo, o julgamento
ou discernimento humano, imperfeito e pervertido, constantemente decide sobre o que é bom
ou mau. Tal coisa, nunca foi da vontade de Deus, pois Ele pretendia que conhecêssemos
somente o bem, e para isso dependendo Dele e da sua Palavra. Todos quantos confessam
Cristo como Senhor, retornam ao propósito original de Deus para a humanidade. Passam a
depender da Palavra de Deus para determinar o que é bom.

Adão e Eva perderam a perfeita comunhão que tinham com Deus. Foram postos
fora do Jardim do Édem e iniciou uma vida independente de Deus em meio a sofrimento.
Alem disso, Satanás, devido a queda de Adão e de Eva, passou a ter poder sobre o mundo,
pois, o Novo Testamento, referindo-se a ele, Satanás chama-o de “príncipe deste mundo”. (Jo.
14.30; 2ª. Co. 4.4; 1ª. Jo. 5.19). Contudo, Deus amou a raça humana de tal maneira, que
decidiu derrotar Satanás. Deus faz isso reconciliando o homem e o mundo com Ele, mediante
a morte de Seu Filho (2ª. Co. 5.18, 19; Rm. 5.10; Cl. 1.20; Jo. 3.16; Ap. 21.1-6).

3º De Caim a Torre de Babel - cap. 4-11

Caim e Abel cap.4.1-24

Caim e Abel foram os primeiros filhos de Adão e Eva.

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Caim foi cultivador de solo; Abel, pastor de gado. Ambos, voluntariamente
fizeram ofertas a Deus. Por quê? -1º. Porque certamente seus pais lhes ensinaram a respeito de
Deus e do que havia ocorrido no “Jardim”; - 2º. Você está lembrado que seus pais, ao
pecarem no Edem, teceram de imediato, aventais de folha de figueira para cobrir-lhes a
nudez? Entretanto, o que na verdade valeu-lhes foram as capas de pele de animal. Note bem, a
solução veio pelo sacrifício de animal! No caso em questão, a oferta de Abel também
representou tal sacrifício, sendo esta assim agradável ao Senhor Deus, porque este
compareceu diante de Deus com fé genuína e consagração (Hb. 11.4; 1ª. Jo. 3.12; Jo.
4.23,24). A oferta de Caim foi rejeitada, porque ele estava destituído de fé sincera e
obediente, e porque as suas obras eram más (Gn. 4.6,7; 1ª. Jo 3.12). Deus tem prazer em
nossas ofertas e ações de graça tão somente quando nos esforçamos para viver uma vida reta,
de conformidade com a sua vontade.

Caim, irado e cheio de inveja, mata seu irmão, dando-se o primeiro homicídio na
terra.

A morte de Abel e o cuidado de Deus por ele, demonstram que Deus, no decurso
de todas as eras, observa atentamente todos os que sofrem por viver em retidão diante Dele.
Deus conhece o sofrimento desses justos e o dia chegará em favor deles para fazer justiça e
eliminar todo o mal. Caim foi amaldiçoado por Deus no sentido de Deus já não abençoar seus
esforços para extrair da terra o seu sustento. Caim não se humilhou com tristeza e
arrependimento diante de Deus, pois se afastou do Senhor e procurou viver sem sua ajuda.

Caim e seus descendentes foram os cabeças da civilização humana até hoje


desviada de Deus. A motivação básica de todas as sociedades humanas está em superar a
maldição, buscar o praxe e reconquistar o paraíso, sem submissão a Deus. Noutras palavras, o
sistema mundial fundamenta-se no principio da auto-redenção da raça humana, na sua
rebelião contra Deus. Adão e Eva tiveram outros filhos e filhas (Gn. 5.4). Caim, portanto,
deve ter se casado com uma das suas próprias irmãs. Semelhante relacionamento foi uma
necessidade, no inicio. Posteriormente, devido à proliferação dos funestos efeitos da queda e
os casamentos entre parentes multiplicarem as anomalias biológicas nos filhos, esse tipo de
casamento, foi proibido (Lv. 18.6, 9; 20.12, 17-21; Dt. 27.22, 23).

14
Sete, filho “substituto” de Adão e Eva - cap. 4.25-26

Sete nasceu depois da morte de Abel. Seu nome significa “substituto” ou “outra
semente” (em lugar de Abel). Os descendentes de Sete foram homens de fé, ao contrario dos
descendentes de Caim, que foram “homens do mundo”. Os familiares ímpios de Caim
organizaram e dirigiram suas vidas em torno das artes e empreendimentos seculares, e
instituíram um nodo de vida voltado para altivez e a arrogância. A família de Sete, ao
contrário, invocava o nome do Senhor, expressando assim a sua dependência Dele. Dessa
forma, duas descendências totalmente diferentes foram ocupando a terra – a dos justos e a dos
ímpios.

“Este é o livro de Adão...” (cap. 5.1). O capítulo 5 dá-nos como introdução a


linhagem de Sete, com o propósito também de nos conduzir a História de Noé, através da qual
surge a história da redenção. Nada fala de Caim, “pois ele retirou-se... da presença do
Senhor”, (cap. 4.16). Abel não é mencionado porque não deixou posteridade. Também
nenhuma mulher é mencionada, ainda que saibamos que Adão gerou filhos e filhas. Quantos,
a história não registra.

Enoque cap. 5.21-24

Enoque - homem de fé (Hb. 11.5, 6). Sua vida merece profundo estudo. Gênesis
5.24 diz apenas: “... porque Deus o tomou para si”. É um dos casos mais extraordinários, no
entanto, mencionado em poucas palavras. Ele “... foi transladado para não ver a morte...”
(Hb. 11.5), antes do julgamento do dilúvio. Vemos nele, um desses tipos dos santos que hão
de ser transladados antes dos julgamentos apocalípticos (1ª. Ts. 4.13-17).

Enoque foi o sétimo depois de Adão, na linhagem de Sete, enquanto que


Lameque foi da linhagem de Caim. Como Enoque, Elias também foi transladado. Este caso,
porém, é relatado com pormenores mais detalhados. São dois episódios que lembram a
ascensão do nosso Senhor Jesus Cristo (At 1.9). Os crentes atuais devem tomar a vida de
Enoque, como exemplo, porque nós, de igual modo, vivemos em meio a uma geração má e
ímpia. Estamos nós andando com Deus, vivendo em verdadeira santidade, reprovando o
pecado e advertindo as pessoas a fugirem da ira vindoura? (At. 3.19, 20; 1ª. Ts. 1.10). E
estamos nós esperando Jesus Cristo para nos levar desta terra para estarmos sempre com Ele?
(1ª. Ts. 4.16-17).
15
Lameque (linhagem de Sete), e Noé - cap. 5.25-32

Lameque tipifica o mundo, o povo do mundo. Enoque tipifica o povo que


pertence a Deus, homens de razão e fé. O primeiro Lameque foi gerado de Caim (Gn. 4.16-
19). O Lameque, em destaque foi gerado de Matusalém, filho de Enoque, portanto da
linhagem de Sete. O pai de Lameque, Matusalém, foi o mais idoso de todos os homens
bíblicos: viveu 969 anos, (Gn. 5.27). Lameque gerou a Noé, que por sua vez gerou a Sem,
Cam e Jafé.

O Dilúvio - cap. 6-9

O capítulo seis descreve a corrupção total do gênero humano. O pecado assumiu


proporção tão desastrosa, a ponto de Deus “arrepender-se” de por o homem na terra (Gn. 6.6).
Em conseqüência, Deus determinou a destruição do homem através do dilúvio, de cuja,
catástrofe seria poupado: Noé - homem íntegro, que desfrutava intima comunhão com Deus, e
sua família (Gn. 6.6-9).

A expressão arrependeu-se, significa que por causa do trágico pecado da raça


humana, Deus mudou a sua disposição para com as pessoas, sua atitude de misericórdia e de
longanimidade passou a atitude de juízo. Deus pode alterar seu tratamento para com o
homem, dependendo da conduta deste. Deus altera, sim, seus sentimentos, atitudes, atos e
intenções, conforme as pessoas agem diante da sua vontade; (Ex. 32.14; 2º. Sm. 24.16; Jr.
18.7-10; 26.3, 13, 19; Ez. 18.4-28; Jn. 3.8-10).

“Os filhos de Deus e as filhas dos homens”, narrados em Gn. 6.2, sem dúvida,
eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete (Dt. 14.1; Sl. 73.15; Os. 1.10), com a
linhagem ímpia de Caim, respectivamente. Eles deram inicio aos casamentos mistos, os quais
levaram o homem a se corromperem, desagradando a Deus.

A teoria de que os filhos de Deus, eram anjos, não subsiste ante a palavra de
Jesus, que os anjos não se casam (Mt. 22.30; Mc. 12.25).

Nos dias de Noé, o pecado abertamente se manifestava no ser humano, de duas


principais maneiras: a concupiscência carnal e a violência (Gn. 6.2, 11, 12).

16
A degeneração humana não mudou; o mal continua irrompendo desenfreado
através da depravação e da violência. Hoje em dia, a imoralidade, a incredulidade, a
pornografia e a violência dominam a sociedade inteira (Mt. 24.37-39; Rm. 1.32).

Deus, na sua longanimidade, deu ao homem, ainda 120 anos, durante os quais a
justiça divina foi pregada (2ª. Pe. 2.5), mas, sempre rejeitada. A Arca foi construída, o tempo
cumpriu-se, as águas chegaram e então os zombeteiros e corruptos do lado de fora da Arca,
pereceram.

A retidão de Noé era fruto da graça de Deus nele, por meio da sua fé e do seu
andar com Deus (Gn. 6.9). A salvação no Novo Testamento é obtida exatamente da mesma
maneira; mediante a graça e misericórdia de Deus, recebidas pela fé, cuja eficácia conduz o
crente a um esforço sincero para andar com Deus e permanecer separado da geração ímpia ao
seu redor (Gn. 6.22; 7.5, 6, 16; At. 2.40).

Em Hebreus 11.7 declara “Pela fé, Noé, divinamente instruída acerca de


acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para
a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que
vem da fé”. O Novo Testamento declara que Noé, não somente era justo, como também
pregador da justiça (2ª. Pe. 2.5). Ele é exemplo do que os pregadores de hoje devem ser.

A Arca e sua Tipologia - cap. 6.13ss; 7. 1-16

A palavra hebraica aqui traduzida com “arca”, significa um objeto apropriado


para flutuar e ocorre somente aqui e em Ex. 2.3, 5 (onde a mesma palavra refere-se ao cesto
flutuante em que Moisés foi colocado. A arca de Noé era semelhante a uma barcaça de
tamanho colossal. Sua capacidade de carga corresponde a de mais de 300 vagões ferroviários.
Calcula-se que a arca podia comportar mais de 7000 tipos de animais.

A arca foi um meio de salvação de Noé e sua família. Ela atravessara as águas da
morte, saindo ilesa – Prefigura a Cristo. Cristo, pela sua morte e ressurreição, salva da
condenação eterna todo aquele que se chega a Ele: “E, assim, se alguém está em Cristo, é
nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2ª. Co. 5.17). Leia
também: Hb. 11.7; 1ª. Pe. 3.20,21.

17
O arco íris e a chuva - cap. 9.11-16

Após o dilúvio, a arca pousou sobre um dos montes armênios, e foi descendo ao
solo à medida que as águas baixavam, parando no sopé do monte – um monte chamado
Ararape (Gn. 8.4). Esse lugar, segundo a tradição que lhe conservou a origem do fato, é
conhecido pelo nome de “Naxuana” – ou lugar da descida da arca. E também, segundo a
arqueologia, foi aí que se reconstituiu a raça humana.

Tão logo saíram da Arca, Noé e sua família ergueram um altar ao Senhor, como
símbolo de gratidão pelo livramento que lhes concedera em meio a tão grande cataclismo.

O arco – íris foi o sinal de Deus e o memorial perpétuo da sua promessa, no


sentido de nunca mais Ele destruir todos os habitantes da Terra com um dilúvio. O arco – íris
deve nos lembrar da misericórdia de Deus e da sua fidelidade a sua palavra.

A embriaguês de Noé - cap. 9.21-27

Esta parte nos ensina que até mesmo o homem ricamente abençoado por Deus
pode ser vencido pelos pecados carnais. Sem e Jafé demonstram moral elevada e louvável,
quanto ao terceiro filho de Noé, Cam, vemos que a maldição não foi imputada a si, mas sim, a
sua geração – os cananeus -. Estes foram adversários do povo de Deus. Foram exterminados
quando da conquista de Canaã por Josué (Js. 24.18).

O pecado de Cam consistiu em não honrar, nem respeitar seu pai; ao invés de
cobri-lo ele expôs sua condição deplorável.

Negar-se a si mesmo, subjugar a carne, abafar o egoísmo, enfim, vencer todo o


pecado, é difícil ao homem! A embriagues de Noé, o adultério de Davi, a mentira de Pedro,
mostra-nos que nem sempre homens de Deus como tais, submetem seus poderes a vontade
divina, e, nós também poderemos impedir em nós o aperfeiçoamento do caráter cristão, se
descuidarmos disso.

18
Os descendentes de Noé - cap. 10

Na aliança firmada entre Deus e Noé, estão registrados três fatos referentes aos
seus filhos, no sentido profético:
a) Os descendentes de Sem (semitas) – Preservaria o conhecimento do
verdadeiro Deus. Jesus Cristo, segundo a carne é da linhagem de Sem.
b) Os descendentes de Jafé – Viriam ser as raças que dominariam a maior
parte do mundo e superariam as raças semíticas. O governo, a ciência, a arte, tem saído
geralmente da linhagem de Jafé.
c) Os descendentes de Cam – o mais moço dos irmãos: seriam raças
servis, sempre inferiores.

A torre de Babel - cap. 11

A torre de Babel reflete a vida moral da respectiva época. Ela representa o


começo do sistema de confederação, o orgulho e o engrandecimento humano, a desobediência
atrevida a Deus.

Essa construção é interrompida por Deus. Dá-se a confusão das línguas e os


povos se dispersam pela Terra. O orgulho e a exaltação humana só trazem confusão. As obras
do Espírito por sua vez promovem união, unidade e paz.

Nesse tempo, a raça humana, deixando a Deus, voltou-se para a idolatria, a


feitiçaria e a astrologia (Is. 47.12; Ex. 22.18; Dt. 18.10). As funestas conseqüências deste
estado espiritual nos seres humanos são descrita em Rm. 1.21-28. Deus os entregou a
impureza dos seus próprios corações, e com Abrão, Ele prosseguiu dando cumprimento ao
propósito da salvação da raça humana. Abrão descendia de Sem, e tornou-se o Pai da nação
judaica (Gn. 11.10, 25, 26, 29-31).

Veja resumo na seqüência: origem das nações.

19
20
B) O COMEÇO DO POVO HEBREU - OS PATRIARCAS - Cap. 12-50

1º De Abrão a Jacó - cap. 12-36

A chamada de Abrão - cap. 12-17

“Ora, o Senhor disse a Abrão. Sai da tua terra e da tua parentela, e da casa de
teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção. E abençoarei os que te abençoares e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”
Gn. 12.1-3.

 Abrão em Canaã - (cap. 12.1-9)

“Abraão” (nome posteriormente dado por Deus) sob o aspecto humano, foi um
importante elo no glorioso plano divino da redenção da humanidade. O atendimento a
chamada feita a Abrão, representava uma série de perdas e de separação: dos pais, dos
amigos, dos bens adquiridos, dos parentes. Mas ele era um homem de fé - creu nas promessas
de Deus. E porque creu, obedeceu: “... e partiu sem saber onde ia.” (Hb. 11.8).

De repente, ei-lo diante de gente diferente em hábitos e atitudes. Tudo para ele
era muito estranho. Mas o seu Deus, o Deus de todas as horas veio ao seu encontro, e Abrão
sentiu que não estava só. Cheio de gratidão ao seu amado Senhor, e a sua promessa (cap.
12.7), ergueu ali o seu primeiro altar como fiel e devotado adorador que era de Deus.

Esta é a primeira ocasião em que as Escrituras declaram explicitamente que


Deus apareceu a alguém, porem é justo crer que Deus já tivesse aparecido a Adão e outros
(Gn. 1.28, 29; 2.15, 16, 22; 3.8-21). Esse aparecimento foi uma manifestação objetiva e
visível de Deus, na semelhança de um ser humano (Gn. 18.1-3,9-33; Ex. 33.18-23). As
aparições visíveis do Senhor são chamadas teofanias - manifestações ou aparições visíveis de
Deus, ou seja, de Cristo. A terra que Deus prometeu que daria a Abraão era a terra de Canaã
(o nome antigo da Palestina), ao longo do litoral sudeste do mar Mediterrâneo.

21
 Abrão desce ao Egito - (cap. 12.10-30)

A fome atingia toda aquela terra. Evitando as tribulações de Canaã, Abrão desce
ao Egito, terra de tantos ídolos. A obediência a Deus não significa que nunca enfrentaremos
problemas e duras provações. Mal Abrão chegou ao seu destino, enfrentou coisas
desagradáveis. Seus problemas incluíam uma esposa estéril, a separação de sua parentela e
uma fome que estava levando as privações forçando-o a sair do país. Conforme nos ensina o
exemplo de Abrão, o crente que está procurando servir a Deus e obedecer a sua palavra, não
deve estranhar ao se deparar com grandes obstáculos, adversidades e problemas. Costuma
essa ser a maneira de Deus treinar aqueles que ele tem chamado para obedecer-lhe. Nesses
casos devemos prosseguir com obediência e confiantes de que Deus continuará agindo em
nosso favor e pelo bem dos seus propósitos (Mt. 2.13).

 Abrão volta do Egito - (cap.13)

Enquanto estiveram no Egito, Abrão fora grandemente abençoado com bens. Ei-
lo agora diante do lugar onde um dia ele erguera seu primeiro altar. Quanta recordação para
Abrão naquele momento! Que experiência saudosa ali em Canaã! Quantas vezes temos Abrão
invocando ali mesmo o nome do Senhor! (cap.13.4). Possamos nós também, em cada
experiência de nossa vida, invocar o nome do Senhor Deus e a Ele glorificar. Enquanto a
prosperidade representa para Abrão bênçãos do Senhor, para Ló representava uma fé
materialista. Surgem desentendimentos; a separação é inevitável (cap.13.9), e Abrão leva
consigo a sua fé genuína e o seu amor cercado do cuidado do Senhor (cap. 13.15-17), e
edifica ali outro altar que evidencia a seguinte realidade: quando os amigos falham, Deus
permanece. As Escrituras declaram que Deus não vê como vê o homem (1º. Sm. 16.7). Ló,
viu somente a campina bem regada, de Sodoma. Deus viu os habitantes daquela cidade como
grandes pecadores que eram (cap. 13.13). Ló, ao deixar de discernir e aborrecer o mal, trouxe
morte e tragédia a sua própria família.

A grande falha de Ló foi amar as vantagens pessoais, mais do que abominar a


iniqüidade de Sodoma. Se ele tivesse amado a retidão, isso manteria separado dos maus
caminhos e daquela geração ímpia. Ele porem tolerou o mau e optou por morar na cidade
decaída de Sodoma. Talvez tenha raciocinado que as vantagens materiais, a cultura e os
prazeres de Sodoma, compensariam os perigos, e que eles tinham forças suficientes para
permanecer fiel a Deus.

22
Com isso em mente, ele, juntamente com sua família, ficou exposto à
imoralidade, e a impiedade de Sodoma. Só, então, ele aprendeu a amarga lição de que sua
família não era forte o suficiente para resistir às influências malignas de Sodoma (Gn. 19.24-
26 30-38). Os pais de família devem tomar cuidado para não se envolverem de igual modo,
nem os seus filhos com nenhuma “Sodoma”, para não os arruinarem espiritualmente, como
aconteceu à família de Ló.

 Gentios e Israelitas

É um ponto importante para ser destacado. Até o capítulo 12 a Bíblia descreve a


raça humana como um todo. Não havia judeu, nem gentio. Daqui em diante, a humanidade
pode ser comparada a um grande rio que será purificado por um pequeno córrego,
representado pela chamada de Abrão e a formação do povo de Israel.

 Melquisedeque, Tipo de Jesus Cristo - (cap.14)

Leia vagarosamente, os versículos 18-24. Leia também Hebreus 7.3. Trata-se de


uma figura bem diferente das demais estudadas até aqui. Seu nome: Melquisedeque; sua
origem (?) – sem genealogia, sem pai, sem mãe (registrados). Consta, porém, que ele foi rei -
rei de Salém (posteriormente: Jerusalém); (cap.14.18). O escritor aos Hebreus o apresenta
como “... semelhante ao filho de Deus...”.

Note que ele foi um sacerdote do Senhor, um homem crente e normal como
qualquer outro. Comparando-se Gênesis com Hebreus, vê-se que ele foi um tipo do Senhor
Jesus Cristo.

Melquisedeque era cananeu, e, portanto, como Jó, é um exemplo de não israelita,


servo de Deus; como: o “zambuzeiro bravo” enxertado na “oliveira”, é o que o Senhor fez no
Novo Testamento: chamou as ‘coisas que não são’, antes, ‘não éramos povo’, mas, agora,
“somos povo de Deus”. Abrão deu a Melquisedeque a décima parte de todos os despojos que
recebera (Hb. 7.4), em gratidão pelo socorro e graça de Deus. Esta é a primeira vez que o ato
de dar o dízimo é mencionado na Bíblia. Abrão, ao recusar-se a participar das riquezas
recuperadas dos cananeus, revela sua dependência exclusiva de Deus e da sua benção.

23
 Abrão, Sarai e Hagar - (cap.15-16)

Abrão já estava com 90 anos, e não tinha filhos. Quantas vezes teria Abrão
parado par meditar na promessa de Deus (Gn. 12.2; 15.4-6).

Assim, Abrão persuadido por Sarai, sua esposa e na ânsia de ver cumprida a
promessa divina da benção da paternidade, tomou Hagar, escrava egípcia, por mulher, e esta
lhe dá um filho. O contexto narra a grande desarmonia e muita tribulação que este ato
impensado causou.

Entre o povo da Mesopotâmia, o costume, quando a esposa era estéril, era deixar
que sua serva tivesse filhos com o esposo. Esses filhos eram considerados filhos legítimos
daquela esposa. Apesar de existir então esse costume, A tentativa de Abrão e Sarai de terem
um filho através da união de Abrão e Hagar, não teve a aprovação de Deus. O Novo
Testamento, fala do filho de Hagar como sendo o produto do esforço humano - segundo a
carne, e não segundo o Espírito (Gl. 4.29). Noutra palavras, nunca se deve tentar cumprir o
propósito de Deus usando métodos que não são segundo o Espírito Santo, mas esperando com
paciência no Senhor e orando com fervor. Se Abrão pudesse imaginar que aquela sua atitude
traria tanta luta, luta que vem se prolongando até nossos dias entre Árabes e Judeus, jamais
teria nascido Ismael. Os Árabes descendem de Ismael, os Judeus de Isaque. Nenhum crente
deve andar fora dos planos de Deus, ou, as conseqüências disso serão dolorosas.

 Deus Muda o Nome:


Abrão passa a chamar-se Abraão; e Sarai passa a chamar-se Sara - (cap.17)

Tudo que estudamos até aqui sobre o homem que Deus chamou, e de quem
sairia uma grande nação está relacionado com o personagem “Abrão”, cujo nome significa
“Pai da altura”. Do capítulo 17 em diante temos o mesmo personagem, apenas com nome
mudado por Deus para Abraão que quer dizer “Pai de uma grande nação” (Gn. 17.4,5).
“Sarai”, que significa “minha princesa”, e passou a se chamar “Sara”, denotando a posição
dela como mãe das nações e reis (Gn. 17.15,16). Isso nos ensina que Deus muda não somente
nome, mas principalmente a personalidade, “faz nascer de novo”.
Abraão estava com 99 anos de idade e sua mulher Sara, já ultrapassara a idade
de ter filhos. Já tinham Ismael na adolescência, através do método não aprovado por Deus.

24
Deus já tinha prometido por concerto, que daria a Abraão a terra prometida
(cap.15); agora, Ele renova essa promessa, declarando que de Abraão descenderiam muitas
nações e reis, e que o Senhor seria o Deus dos seus descendentes, e que Sara sua esposa, daria
a luz a um filho e seria mãe de nações e reis. Abraão e seus descendentes veriam o
cumprimento do concerto a medida que se dedicassem a Deus e as obrigações do concerto
(cap. 17.9-14). Na Bíblia, uma nova experiência com Deus requeria um novo nome para a
pessoa, simbolizando aquele novo relacionamento. A razão de ser a realidade do concerto de
Deus com Abraão era Deus ser o único Deus de Abraão e seus descendentes. A promessa de
Deus de “ter-se a ti só por Deus” é a promessa mais grandiosa das Escrituras. É a primeira
promessa, a promessa fundamental, na qual se baseiam todas as promessas. Significa que
Deus assume o compromisso, sem reservas, com o seu povo fiel, para ser o seu Deus, seu
escudo e seu galardão. Significa também que a graça de Deus, seu perdão, promessas,
proteção, orientação, bondade, ajuda e benções são dadas aos seus com amor (Jr. 11.4; 24.7;
30.22; 32.38; Ez. 11.20; 36.28; Zc. 8.8). Todos os crentes herdam essa mesma promessa
mediante sua fé em Cristo (Gl. 3.16).

Os descendentes de Abraão e Ló - (cap. 18-21)

 Três anjos aparecem a Abraão - (cap. 18)

Abraão residia numa tenda; Sara em outra, próximo. Eles tinham muitos
serviçais. Observe que Abraão, indo de encontro aos anjos (Três varões – v. 2), os chama: “...
Senhor meu...” (v. 3). Abraão trata os três varões como se fosse um só. Agostinho acreditava
tratar-se da Trindade, outros têm idéia de que se tratava do Verbo – Jesus, com dois anjos.
Leia o versículo 16; tratava-se de algo sobrenatural. Abraão não teve duvidas em reconhecer a
presença de Deus em seus hospedes. O versículo 22 mostra que dois varões seguiram, para
Sodoma, para cumprirem outra missão, mas o terceiro permaneceu ali com Abraão. A este o
texto chama-o de Senhor. Sodoma e Gomorra seriam destruídas (cap. 18.16-21). Preocupado
com Ló e sua família, Abraão intercedeu diante do Senhor para ele não destruir as cidades.
Deus respondeu a oração de Abraão, embora não como este esperava. Deus não destruiu os
justos com ímpios. Ele salvou os justos, porem destruiu os ímpios. No dia da ira futura de
Deus que há de vir sobre o mundo. Deus já prometeu que salvará os justos (1ª. Ts. 5.2; 2ª. Ts.
2.2; Lc. 21.34-36; Ap. 3.10).

25
 Ló, tipo do meio crente - (cap. 19-20)

Ló era tão hospitaleiro quanto Abraão. Entretanto os anjos concordaram, em


pousar em sua casa, somente após seu insistente apelo. Procure imaginar, Deus recusando-se a
entrar na casa de um cristão, em nossos dias. Quais os motivos que impedem? Há muito a ser
analisado. Podem os anjos de Deus pousar em tua casa?

Ló serve do tipo do “meio crente”: convencido, mas não convertido.

Sodoma tipifica o mundo e a sua carnalidade; Egito tipifica o mundo e sua


comodidade; quanto à esposa de Ló, simboliza aqueles que estão convencidos, mas não
convertidos. Estão olhando para trás, saudosos do mundo e suas vaidades, reunindo condições
para se transformarem em estatuas de sal (Lc. 17.31-33). Os versículos 30 e 38 contam a
origem dos povos moabita e amomita, que tanto hostilizaram os israelitas. Árvore ruim,
produz fruto ruim (Mt. 7.16-20). As filhas de Ló foram culpadas do incesto, e Ló, do pecado
de embriagues. Sem duvida, o convívio achegado dessas moças com os ímpios habitantes de
Sodoma, tolerado por seu pai, fê-las adotar baixos padrões morais de conduta. Por Ló ser
indulgente com a impiedade, ele perdeu a família e teve uma descendência ímpia. Ló tornou-
se um exemplo de pai crente cuja fé e perseverança bastaram pra ele se salvar, mas não para
salvar sua família. Aprendeu tarde demais, que o verdadeiro caminho da fé é ensinar nossa
família a separar-se do mal e não amar o mundo (1ª. Jo. 2.15-17; 2ª. Co. 6.14).

O capítulo 20 narra nova mentira de Abraão e novamente relacionada a Sara. O


crente espiritual tem que estar sempre atento, pois o maligno está sempre pronto a atacar.
Deus interveio a fim de preservar a participação de Sara na história da redenção, como mãe do
povo do concerto (cap. 20.3-7; Hb. 11.11). Deus, na sua graça, às vezes livra os seus fiéis
desse tipo, decorrente de fraqueza na fé e na desobediência.

 Nascimento de Isaque (cap. 21)

Isaque significa “riso”. No coração de Abraão havia um misto de alegria e


tristeza. Ele também amava Ismael, mas este teve que partir (Leia atentamente os versículos 9
a 12); destaque o versículo 11, onde se lê: “... mui penoso aos olhos de Abraão...”, o que
muito bem descreve o estado de alma de Abraão.

26
Diz: 17.18 ARC: “... Tomara que viva Ismael diante do teu rosto!”; e 21.14:
“levantou-se, pois, Abraão de madrugada ...”; Ele teria, por certo, passado o restante daquela
madrugada orando pelo filho e pela escrava rejeitada.

Isaque, o filho da promessa, finalmente nasceu no lar de Abraão e Sara. Através


de Isaque, Deus continuaria o concerto com Abraão (cap. 21.17, 19). O cumprimento da
promessa de Deus a Abraão teve lugar depois de 25 anos (cap. 12. 4). “Bom é o Senhor para
que se atêm a ele” . (Lm. 3.25), no tempo determinado por Ele, suas promessas fielmente se
cumprem.

 Valor tipológico de Isaque e Ismael - (Gl. 4)

Hagar tipifica o monte Sinai e tudo quanto à Lei podia dar; Ismael (nascido da
carne) tipifica as obras da Lei (Gl. 3.10) através da qual jamais alguém herdará as promessas
dadas por Deus a Abraão. Isaque é o fruto da fé. Nele foi revelado todo o amor de Deus para
conosco.

Isaque, figura típica de Jesus - (cap. 22-26)

 Um grande desafio (cap.22)

“... Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te a terra de
Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes que eu te mostrarei.” Gn. 22.2

Deus ordenara a Abraão a sacrificar seu próprio filho, Isaque. O ponto principal
aqui, concerne a dois lados do caso que ilustram critérios adotados por Deus, ao lidar com
todo crente:
a) O amor de Abraão por Deus era maior do que seu amor por outras
pessoas, inclusive seu filho amado.
b) A esperança e a expectativa que Abraão tinha no cumprimento da
promessa ainda se firmava em Deus.

27
Por meio dessa prova, Deus forçou a Abraão a encarar se realmente temia e
amava a Deus de todo seu coração. Deus não queria a morte física de Isaque (cap.22.12, 13),
pois posteriormente, Ele condenou o sacrifício humano como pecado hediondo (Lv. 20.1-5).
Deus queria mesmo era testar a dedicação de Abraão.

A declaração de Abraão, de que ele e Isaque, voltariam do sacrifício, foi um


testemunho da sua fé e convicção que as promessas de Deus a respeito de Isaque seriam
cumpridas (“... em Isaque será chamada a sua semente”. Gn. 21.12).

Nessa história, Isaque tipifica a Cristo:


a) Ao dar-se a seu pai como sacrifício até a morte (Gn. 22.16; Jo. 10.17, 18).
b) Ao ser salvo da morte, ato este que corresponde à ressurreição de Cristo
(Gn. 22.12; Hb. 11.17-19).

Quando Abraão iniciou a execução do sacrifício, Deus viu que ele, no seu
coração consumara a renúncia suprema. O Senhor agora sabia que Abraão era um homem
temente a Ele, cujo empenho principal era fazer a sua vontade.

“E chamou Abraão o nome daquele lugar O Senhor Proverá ...” Gn. 22.14.

Este nome é a tradução do hebraico “Jeová –Jiré – O Senhor Proverá”.


Aprendemos da prova de Abraão que:
a) Deus às vezes prova a fé dos seus filhos (1ª. Pe. 1.6, 7; Hb. 11.35). Tal
prova deve ser considerada uma honra no reino de Deus (1ª. Pe. 4.12-14).
b) O crente deve confiar em Deus, que ele estará presente, concederá a
sua graça e tudo quanto for necessário, em qualquer circunstancia dentro da vontade divina
(Sl. 46.1-23; 2ª. Co. 9.8; Ef. 3.20).
c) Deus constantemente realiza seu propósito redentor, restaurador,
através da morte de uma visão. Ele pode deixar acontecer em nossa vida, coisas que parecem
destruir nossas esperanças e sonhos (Gn. 17.15-17; 22.1-12; 37.5-7,28; Mc. 14.43-50;
15.25,37).
d) Depois de uma provação de fé, Deus confirmará, fortalecerá,
estabelecerá e recompensará o crente (Gn. 16.18; 1ª. Pe 5.10).
e) Para se achar a verdadeira vida em Deus é preciso sacrificar tudo
quanto Ele requer (Mt. 10.37-39; 16.24, 25; Jo. 12.25).
28
Por causa, da sincera obediência de Abraão, do seu inteiro coração demonstrado
na disposição de sacrificar seu filho, Deus confirmou sua promessa com ele segundo o
concerto feito. A “semente” que abençoaria as nações refere-se no sentido pleno a Jesus
Cristo (Gl. 3.8, 16, 18).

 A morte de Sara - (cap.23)

O capítulo 23 registra a morte de Sara. Foi ela o grande amor de Abraão (v.2).
Sara viu o crescimento da fé de Abraão, sua chamada e elevação.

 Isaque casa-se com Rebeca - (cap. 24)

Este capítulo registra mais um expressivo acontecimento bíblico: o casamento de


Isaque com Rebeca. Este significativo evento nos transmite verdades que jamais serão
esquecidas. Damos em resumo um quadro simbólico desse acontecimento: Isaque conduz sua
noiva até a tenda que foi de sua mãe (Gn. 24.62-67), e dá-lhe a condição de entrar para um
lugar de destaque e de autoridade, outrora ocupado por sua sogra, Sara, com direitos
exatamente iguais ao dela.

A união de Isaque com Rebeca tipifica a união de Cristo com a Igreja:


a) Abraão providenciou o casamento de Isaque. A união de Cristo com a Igreja
também foi preparada pelo Pai.
b) O servo Eliézer selecionou a noiva. Assim, o Espírito Santo, chama, ou
escolhe a Igreja.
c) A missão do servo era falar do seu amo e mostrar como ele honrara seu filho.
Assim, o Espírito Santo revela e dispensa as bênçãos de Cristo aos que são Dele (Jo. 15.26;
16.13-15).
d) A plena confiança com que Rebeca aceitou seu noivo, mesmo sem conhecê-
lo, portanto pela fé; é um tipo da Igreja que, pela fé aceita a Cristo e pela mesma fé caminha a
seu encontro.
e) Isaque foi ao encontro de Rebeca. Assim acontecerá quando do arrebatamento
da Igreja por Jesus Cristo (Jo. 14.1-3).

29
f) Tal como Isaque conduzindo Rebeca a tenda de sua mãe, outorgando-lhe
direitos e privilégios iguais aos demais membros de sua família. Também a Igreja de Cristo
reinará em gloria com Ele (Mt. 19.28; 1ª. Co. 6.2; Cl. 3.4; Ap. 20.4-6).
“Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se
no seu caminho”. Sl 37.23.
E ainda: “Reconhece-o em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas
veredas”. Pv. 3.6.
De modo semelhante todo crente deve esperar que Deus o guie fielmente, como
Ele guiou o servo de Abraão (Gn. 24.40; Rm. 12.2).

 A descendência de Ismael - (cap. 25)

Após relatar o segundo casamento de Abraão e sua morte, estes capítulos


abrangem também, os descendentes de Ismael, que até hoje estão em conflito com seus
irmãos judeus; sobre a linhagem de Isaque, inclusive o nascimento dos gêmeos: Esaú, que
quer dizer, Ruivo, ou, Cabeludo, e, Jacó, que quer dizer, usurpador (Gn. 25.21-27).

“Porem Abraão deu tudo que tinha a Isaque.” (Gn. 25.5). O ultimo ato de
Abraão foi assegurar que a promessa que Deus lhe fizera na ocasião do concerto, continuaria
com Isaque. Essa solicitude serve de exemplo a todos os chefes de famílias e líderes de Igreja,
os quais devem fazer o máximo para que a real comunhão que o crente tem com Deus, em
verdade, pureza, poder e benção, passe a geração seguinte. Deixar que o povo de Deus
paulatinamente se desviasse para o mundanismo e para longe de Deus, é um fracasso
inominável de liderança espiritual distanciada de Deus.

 Isaque em Gerar - (cap. 26 a cap.27.1-5)

Após ler este capítulo, vemos algumas semelhanças entre Abraão e Isaque:
a) Havia fome na terra (v. 1)
b) Isaque tinha uma formosa mulher;
c) Teve medo de ser morto;
d) Mentiu;
e) Mentira igual á de Abraão – apresentando a mulher como irmã (v. 7)
f) É repreendido pelo rei (v. 10)
g) Desentendimento por causa de um poço (Gn. 21.25; 26.18).
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Os filisteus sempre foram inimigos dos judeus, mas mesmo assim Isaque habitou
entre eles:
“... o Senhor o abençoava”. (v. 12). Muitas foram as experiências que marcaram
a passagem de Isaque por Gerar. Os versículos 26 a 31 relatam sobre o pacto entre
Abimeleque e Isaque (sublime em sua Bíblia o motivo que levou Abimeleque a procurar
Isaque). Estão, exatamente, nos versículos 28 e 29: “... Vimos claramente que o Senhor é
contigo...”, “... Tu és agora o abençoado do Senhor”. Está comprovado mais uma vez que
em Isaque seriam realizados os propósitos divinos contidos na promessa feita a Abraão.

“Ora, sendo Esaú da idade de quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha
de Beeri, heteu, e a Besamate, filha de Elom, heteu. E estas foram para Isaque e Rebeca
uma amargura de Espírito”. Gn. 26.34, 35

Esaú ignorava os padrões de retidão de seus pais, pois se casou com duas
mulheres que não serviam ao Deus verdadeiro. Isso também demonstrou sua falta de interesse
pelas bênçãos de Deus prometidas no concerto Abraâmico.

O capítulo 27.1-5 retrata Isaque e sua família tentando conseguir a benção de


Deus de um modo injusto. A preferência pessoal de Isaque por Esaú, de modo contrário a
vontade de Deus, e, a manipulação enganosa de Rebeca e Jacó, tomaram o lugar das bênçãos
espirituais do concerto de Deus. Sempre que se usar de engano e hipocrisia na realização da
obra de Deus, o plano divino é prejudicado e também todas as pessoas envolvidas na obra.

No caso da primogenitura, a benção que o acompanhava, bem como, a


declaração verbal do pai, era uma obrigação legal do pai, segundo as antigas leis do oriente
próximo (Gn. 49.28,33). Isaque parece ter se esquecido da mensagem de Deus, de que Esaú
serviria a Jacó, o mais novo (Gn. 25.23), ou não fez caso dela. Além disso, ele não levou em
conta o fato de Esaú ter se casado com duas mulheres incrédulas (Gn. 26.34, 35). Por fim
Isaque, não se preocupou e não se esforçou para saber a vontade de Deus nesse assunto.

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Alguns aspectos da vida de Jacó - (cap. 27.6 a cap.31)

 Jacó engana seu pai (cap. 27.6-46)

O nome Jacó teve origem na maneira como se deu o seu nascimento (caps.25,
26). Jacó “usurpador” teve em Rebeca uma mãe parcial, que o favorecia.

Rebeca concentrou, pois, seu amor, seu cuidado e seus planos em seu filho Jacó.

A benção da primogenitura, que por direito pertencia a Esaú, foi alcançada por
Jacó. Sua mãe tudo planejou e executou rapidamente.

Rebeca e Jacó (mãe e filho) tentaram realizar os propósitos do concerto,


mediante astúcia e trapaças. Tinham perdido a visão do propósito fundamental da benção de
Deus – suscitar um povo piedoso e justo que andasse com Deus, em fé e obediência. Rebeca
sofreu grandemente pela sua artimanha enganosa, pois Jacó teve de fugir, e ela nunca mais o
viu (Gn. 27.43; 28.5).

Se Jacó tivesse confiado em Deus e entregue ao Senhor o seu caminho, teria


obtido a benção no tempo certo, determinado por Deus. Jacó, porém mentiu duas vezes, a fim
de obter a benção ao seu próprio modo (cap. 27.19, 20). Obteve o que queria, mas lhes custou
muito caro. Teve que fugir, para escapar com vida, privar-se do que possuía e deixar o
conforto do lar. Ele colheu em si mesmo a sementeira das fraudes que praticou contra os
outros (Gn. 29.20-25; 31.7; 37.32-36) e viveu longos anos no exílio (Gn. 31.41). Durante toda
a vida, sofreu após revéz até declarar finalmente: “Poucos e maus foram os dias... da minha
vida” Gn. 47.9. Os atos e experiências de Jacó devem ser ponderados por todos os que torcem
os fatos e enganam os outros, na obra do reino de Deus. O sucesso espiritual deve ser obtido
por meios justos, e não por maquinação e fraude.

 A visão e o voto de Jacó - (cap. 28)

“E Isaque chamou a Jacó, e abençoou-lhe, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não


tomes mulher de entre as filhas de Canaã. Levanta-te, vai a Padã –Harã, a casa de Betuel ,
pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de Labão, irmão de tua mãe”. Gn. 28.1,2

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Fugindo da ira de seu irmão, Jacó parte para Padã-Harã. Cansado, dorme no
campo e tendo uma pedra por travesseiro, sonha com Deus (v. 12), que lhe confirma a
promessa feita a Abraão.

Esta visão dos anjos evidencia que eles tiveram um papel importante, na
proteção, no cuidado, e na direção da parte de Deus para com o seu povo. No Novo Concerto,
os anjos também estão ativos em relação a vida dos crentes. Deus veio a Jacó em sonho com
esta mensagem: A benção prometida a Abraão continuaria através dele (Gn. 12.3; 13.14-17).
Essa promessa foi acompanhada pela presença de Deus, pela sua orientação, e pela sua
proteção. “E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome, porem, daquela cidade, dantes,
era Luz” Gn. 28.19. Betel significa “A casa de Deus”, e pode representar qualquer lugar onde
Deus está presente num sentido muito especial.

 Jacó em Harã - (cap. 29-31)

Os anos passados em Harã foram mui penosos a Jacó. Vinte anos de luta e
sofrimento. Jacó colheu em abundância do que semeara no passado (Gl. 6.7).

Talvez, Deus haja permitido que Jacó fosse enganado por Labão e Leia a fim de
castigá-lo e fazê-lo consciente do mal e da magoa que causara quando enganou seu próprio
pai e seu irmão Esaú. Devemos compreender que embora Deus nos perdoe determinado
pecado e nos restaure ao seu favor, Ele poderá ao mesmo tempo nos disciplinar-nos por esse
mesmo pecado (2º. Sm. 12.7-14). Permanece o principio divino: “Não erreis, tudo que o
homem semear isso também ceifará” (Gl. 6.7; Pv. 22.8; Os 8.7; 10.12, 13).

O casamento de Jacó com duas irmãs conflitava com a ordenança prescrita por
Deus na criação, ao estabelecer a família (o casamento consistia de um só homem e uma só
mulher). Ver: Gn. 2.24; Ex. 20.17; Dt. 5.21; Mt. 19.4; Ef. 5.31. Posteriormente na Lei
Mosaica, Deus expressamente proibiu o tipo de casamento que Jacó contraíra (Lv. 18.18). A
revelação no Novo Testamento enuncia a monogamia (uma só mulher e um só marido) (Mt.
19.4-6; Mc. 10.4, 5). Deus pode ter tolerado a poligamia no Antigo Testamento porque o povo
não tinha plenamente a compreensão da vontade de Deus no tocante ao casamento e porque
esse povo era duro de coração (Mt. 19.8). Os efeitos malignos da poligamia estão descritos:
(Gn. 29.30; 30.1; 35.22; 1º. Rs. 11.1-12).

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O capítulo 30 nos dá o relato da formação da família de Jacó: 2 esposas,
concubinas, e 12 filhos! Pois bem, não nos é dado a entender aí os desígnios de Deus, mas o
certo é que Deus aceitou essa família como um todo, de onde saíram às doze tribos, que se
tornaria a nação Messiânica, de onde viria o Salvador. Segundo seus propósitos, Deus usa
qualquer pessoa, até aquelas que não pertencem ao seu rebanho, para a consumação dos seus
planos.

Lendo Gênesis 30.37-43 e 31.1-55, percebe-se que o acontecimento que


envolveu Jacó está relacionado com a promessa de Deus segundo Gênesis 28.15. Deus é com
Jacó, através do próprio rebanho de Labão, por meios sobrenaturais (Gn. 30.37-43), Jacó
torna-se muito rico, regressando ao seu lar, com grande família e reconheceu a obra de Deus
na multiplicação de seus rebanhos.

O encontro de Jacó com Esaú - (cap. 32-36)

 Anjos no caminho de Jacó - (cap. 32)

Por ocasião da saída de Canaã, Jacó teve anjos em seu caminho. Agora, de
regresso à sua terra, novamente, anjos em seu caminho! “... os anjos de Deus ...” (cap.
28.12). Ei-los como que dar as boas vindas a Jacó, a encorajá-lo, pois surpreendentes coisas
estavam para acontecer-lhe. Os versículos 22 a 32 registram a luta de Jacó com um anjo;
aguerrida luta que chega a deslocar a juntura de sua coxa. Mas, quem era esse anjo? Era sem
duvida o anjo de Deus. Observe o novo nome de Jacó – Israel – “Aquele que luta com Deus”.

Os seguidores de Cristo, às vezes são chamados de Israel de Deus (Gl. 6.16)


aqueles que lutam com Deus. Deus não quer que seu povo seja inerte, mas que o busque com
zelo a fim de receber as suas bênçãos e sua graça (Mt. 5.6; 6.33; 7.7, 8; 11.12; Lc. 11.5-10).

 Jacó encontra Esaú - (cap. 33-34)

Emocionante encontro! O versículo 4 do capítulo 33 revela a transformação


verificada em Esaú. Note que o texto diz que Esaú dirigia-se ao encontro de Jacó,
acompanhado de quatrocentos homens. Quem pode negar que não era sua intenção, no
momento do encontro, dar vazão a todo ódio e desejo de vingança que acalentara em seu

34
coração durante todos aqueles anos? Mas, ao avistar seu irmão, todo ódio, todo rancor,
transformou-se no mais puro sentimento de amor e saudade, afinal, eram irmãos gêmeos. É
indiscutível que Deus operou essa transformação! Afinal, Jacó lutara com Deus, e com os
homens, e vencera, também pelo poder divino!

Jacó apresentou o seu irmão a sua numerosa família. Era sem duvida, uma das
evidencias da graça e favor divinos. Os dois irmãos se separam, e os fazem em paz.

Os capítulos 34 a 38 registram diversos acontecimentos em torno da família de


Jacó. O capítulo 34 menciona o triste incidente com Diná, filha única de Jacó. Jacó era um
homem amado por Deus, entretanto, vez ou outra sentiu na carne os dissabores e o peso dos
seus erros e das lutas dessa vida. Só um livro divino podia ser imparcial assim. Ele tanto diz
que Noé achou graça diante de Deus (Gn. 6.8), como diz que ele embriagou-se (Gn. 9.21).

 A última jornada de Jacó - (cap. 35)

Depois dos acontecimentos terríveis do capítulo 34, Deus ordenou que a família
de Jacó seguisse para Betel, a fim de levá-la a mais uma estreita obediência a sua palavra.
Jacó, reconhecendo, o agravamento da deterioração espiritual de sua família ordenou a todos
os seus familiares e domésticos: “Tirai os deuses estranhos que há no meio de vós ...” (v.2).
Essa renovação espiritual na vida dos familiares de Jacó consistia em:
a) Remover do lar tudo que era ofensivo a Deus;
b) Comprometer-se a viver em santidade pessoal;
c) Renovar seus votos a Deus, com devoção e adoração;
d) Entrar em comunhão com Deus;
e) Viver uma vida segundo a palavra de Deus;
f) Oferecer sacrifícios espirituais.

Por causa dessa renovação espiritual de Jacó, ele voltou a experimentar: a


proteção, a presença, a revelação e a benção de Deus (cap.35.5, 9-13).

Nos versículos de 16-20, o nascimento de Benjamim, ocasionou a morte de


Raquel, sua mãe. Sim, Raquel deu a luz a Benoni – “filho da minha tristeza”. Este nome foi
depois mudado por Jacó para Benjamim – “Filho da minha mão direita”.

35
Destacamos aqui um duplo quadro típico: Benoni – o sofredor - por cuja causa
uma espada traspassou a alma da mãe (Lc 2.35). Benjamim - cabeça de uma tribo de
guerreiros (Gn. 49.27).

As crianças não devem ser culpadas por problemas que surgem no lar, sem elas
os terem originados. No entanto, os adultos são responsáveis por seus atos.

“E aconteceu que, habitando Israel naquela terra, foi Rubem e deitou-se com
a concubina de seu pai; e Israel o soube. E eram doze os filhos de Jacó.” (Gn. 35.22). Por
causa da fornicação incestuosa de Rubem, este perdeu seus direitos de primogênito. Perdeu
para sempre sua posição de liderança e sua herança genealógica (Gn. 49.3,4; 1º. Cr 5.1).

 A descendência de Esaú - (cap. 36)

Podemos ocupar um ou dois parágrafos neste assunto por causa do


relacionamento natural entre Jacó e Esaú, e as subseqüentes relações dos seus respectivos
descendentes. O autor de Gênesis fornece dados que identificam Esaú com os edomitas,
mencionando este fato repetidas vezes. Em segundo lugar, vemos que nas primeiras esposas
de Esaú, filhas dos cananeus, estavam incluídos os hititas, hivitas, etc.

De muitas maneiras, Esaú prosperou materialmente, mas não prosperou


espiritualmente. Sua vida foi caracterizada por menosprezo pelas coisas espirituais (Gn.
25.34; 26.34, 35; 36.2). Conseqüentemente a sua nação, Edom, tornou-se ímpia e veio a ser
objeto especifico da ira de Deus (Is. 11.14; Am. 9.12; Ob. 1.4).

2º A vida de José - cap. 37-50

A humilhação de José - (cap. 37-40)

Do capítulo 37 ao final do livro de Gênesis, José é a figura central. Foi ele o


décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro filho de Raquel. Jacó teve predileção especial por
este filho, ao ponto de presentear-lhe com uma capa de varias cores (Gn. 37.3), contribuindo
isso para despertar grande inveja em seus irmãos.

36
 Os sonhos de José - (cap. 37)

Deus às vezes nos revela sua vontade através de sonhos proféticos (Gn. 28.10-
17; Nm. 12.6-8; Dn. 7; Mt. 1.20-24). Hoje sobre o Novo Concerto, Deus ainda pode nos falar
através de sonhos (At. 2.17), embora sua revelação e orientação principais emanem das
Escrituras (Jo. 15.7; 1ª. Tm. 4.6; Tg. 1.21) e do Espírito Santo (Rm. 8.1-17; Gl. 5.16-25).

José revelou precipitação e imaturidade ao contar aos irmãos o seu sonho. O


propósito do sonho era propiciar-lhe revelação e fé para seu espinhoso futuro, e, não para ser-
lhe motivo de exaltação sobre os seus irmãos. Deus pode ter escolhido José para a missão de
proteger a família de Jacó no Egito, por serem seus padrões morais e sua dedicação a Deus e
às suas leis superiores a dos seus irmãos (2ª. Tm. 2.20, 21).

“... Os vossos molhos o rodeavam e se inclinavam ao meu molho.” (v. 7). Um


dia esse sonho teve seu cumprimento literalmente (cap. 42.6; 43.26; 44.14).

“Também lhes disse Rubem: não derrameis sangue; lançai nesta cova que
estais no deserto e não lanceis mão nele; para livrá-los da sua mão e para torná-lo a seu
pai.” (v.22). Rubem era o filho primogênito de Jacó, e nessa condição deveria ser o líder dos
seus irmãos. No entanto, depois do seu ato imoral com Bila (cap. 35.22), perdeu para sempre
a liderança espiritual definitiva e não conseguiu aqui influenciar suficientemente os seus
irmãos (cap. 37.22-29; 42.37,38).

“... levaram José ao Egito.” (vv. 26-28). Embora José fosse tratado com
crueldade pelos seus irmãos e vendido como Escravo, Deus serviu dessas más ações dos
homens para realizar a sua vontade na vida de José.

É importante notar que os mercadores são chamados de ismaelitas e midianitas,


pois, ambos viviam em territórios contíguos da Arábia, sendo povos aparentados (Jz 8.22-24).

 Judá e Tamar - (cap. 38)

Não há necessidade de analisarmos as relações ilícitas entre Judá e Tamar, a não


ser destacar o fato de que esta história foi colocada aqui para servir de alerta contra o pecado e
revelar seus amargos frutos.

37
Se a história de cada homem fosse publicada, todos teriam seus pontos positivos
e negativos. Deus, para revelar a Sua graça, permitiu que os personagens dessa história
constassem da genealogia (Mt. 1.3). É o caso também de Salomão que nascendo de união
ilícita, consta da referida genealogia (Mt. 1.7). De igual modo, Rute, uma moabita, povo este
oriundo de união ilícita (Mt. 1.5).

 José, na casa de Potifar - (cap. 39)

José foi levado ao Egito aproximadamente 1.900 a.C. Isso deve ter ocorrido
cerca de 200 anos depois da chamada de Abraão (Gn. 12.1-3). José enfrentou três grandes
provas no Egito: a pova da pureza pessoal, prova esta que os jovens freqüentemente
enfrentam quando estão longe de casa; a prova da oportunidade de vingança, uma prova,
porque freqüentemente passam as pessoas que sofreram injustiças; a prova de encarar a morte
(quando José esteve injustamente na prisão). Em cada caso, José triunfou na prova mediante
sua confiança em Deus e suas promessas. As Escrituras deixam claro que a separação entre
José e o seu povo estava sobre o controle de Deus. Deus estava operando através de José e das
circunstancias deste, a fim, de preservar a família de Israel e reuni-la segundo a sua promessa
(Gn. 45.5-15; 50.17-20 24; Sl. 105.17-23).

“Como...eu... pecaria contra Deus?” (v.9). Todo o pecado, inclusive o pecado


contra a integridade do casamento (adultério), é, sobretudo um pecado contra Deus (Sl. 51.4).
O rei Davi, tempos depois aprendeu essa lição em amarga experiência, ao longo de um
continuo julgamento divino em sua vida e na de sua família (Ex. 20.14). José por lealdade e
fidelidade ao seu Deus, continuou resistindo ao pecado (Pv. 7.6-27). Ele triunfou sobre a
tentação, porque de antemão, já estava firmemente decidido a permanecer obediente ao seu
Senhor e a de não pecar. O crente do Novo Concerto vence a tentação da mesma maneira. Ele
precisa tomar uma decisão firme e resoluta de não pecar contra Deus. Havendo esse
propósito, não poderá haver lugar para desculpas, exceções ou concessões.

Quatro vezes no capítulo 39 está escrito que o Senhor estava com José (vv.2, 3,
21, 23). Porque José honrava a Deus, e, Deus o honrava. Aqueles que temem a Deus e o
reconhecem em todos os seus caminhos tem a promessa de que Deus dirigirá todos os seus
passos (Pv. 3.5, 6).

38
“... José era formoso de porte e de aparência.” (v. 6). Sua formosura custou-
lhe um preço alto. Foi cobiçado pela mulher de Potifar. Procure analisar o caráter de José, sua
coragem, seu silencio, diante da terrível mentira. Em José você tem o retrato de um homem,
não só fiel a Deus, mas também fiel a seu amo. Veja bem, José estava longe de sua família e
de sua pátria: era nada mais que um escravo de Potifar. Sem duvida ele teria sido morto, se
não fosse a mão de Deus (Leia os versículos 21-23).

 José interpreta dois sonhos na prisão - (cap. 40)

Ao interpretar dois sonhos na prisão, confirmava-se a união e o relacionamento


muito especial entre José e o Senhor Deus. Somente a nobreza de caráter e a comunhão com o
Senhor Deus, poderiam proporcionar a José significativo dom.

Observe nos versículos 13, 14, que José pediu ao copeiro lembrar-se dele
quando estivesse diante de Faraó, porém. Este não se lembrou de José, antes se esqueceu dele
(v. 23). Mas Deus estava no controle da vida de José. Passado mais ou menos dois anos,
Faraó teve um sonho que nenhum adivinho do seu reino conseguiu a interpretação. Vendo a
fúria de Faraó, o copeiro lembrou-se da interpretação de José do seu sonho e do sonho do
padeiro (Gn. 41.9-13). Então Faraó manda chamar José (Gn. 41.14).

Mais uma vez, Deus entrou com providencia na vida de José, resultando na
oportunidade de sua libertação imediata e ato contínuo na sua ascendência à posição de
autoridade (governador do Egito). Essa narrativa salienta que, embora Deus não seja a causa
de tudo que acontece (Gn. 39.7-23), Ele pode usar até circunstancias adversas para fazer
cumprir a sua vontade, visando o nosso bem, segundo os seus propósitos (Rm. 8.28).

A elevação de José - (cap. 41-45)

José, tinha cerca de 17 anos, ao ser vendido ao Egito. Em Gn. 41.46 diz que ele
tinha 30 anos quando saiu da prisão, porém não diz que idade foi preso. O certo, porém, é que
estamos tratando de um jovem. E, aquele jovem, vitima da inveja de seus irmãos, da mentira
de uma mulher, em tempo algum se revoltou diante dos acontecimentos desagradáveis que o
envolveram. Sem dúvida, tudo estava dentro dos planos de Deus. De maneira maravilhosa
José estava sendo preparado para desenvolver uma grande obra para Deus e para os homens.

39
 José interpreta o sonho de Faraó - (cap. 41)

O capítulo 41 mostra Deus operando na vida de Faraó e de José, a fim de


controlar o destino das nações e prover um lugar para o seu povo escolhido. Todas as nações
estão sujeitas as intervenções de Deus e ao seu controle direto. Os adivinhos ou mágicos
(pessoas que praticavam a magia ou feitiçaria eram comuns no Egito – Ex. 7.11; 8.7, 18, 19;
9.11; Também havia entre eles os Sábios). A magia consistia na pratica de adivinhação –
tentativa de descobrir conhecimentos ocultos por meio de maus espíritos, na tentativa de
predizer o futuro, e controlar o curso da natureza, dos seres humanos ou das circunstancias,
mediante ajuda de poderes sobrenaturais ou espíritos. A Lei Mosaica condenava
rigorosamente todo e qualquer contato com a magia ou feitiçaria (Dt. 18.9-14), e, no Novo
Testamento, os condena igualmente (At. 19.17-20; Ap. 9.20, 21; 22.15).

Deus engrandeceu a José com toda sabedoria, a ponto do rei confessar: “...
Acharíamos, porventura, homem como este, em que há o Espírito de Deus?” (v. 38).
Assim José tornou-se governador do Egito. José foi bom administrador, quer na casa de
Potifar, quer no cárcere, ou, no reino do Egito. Demos nosso melhor para Deus, e seu nome
será glorificado em nós.

 O encontro de José com seus irmãos - (cap. 42-45)

Esses capítulos encerram um expressivo quadro de amor e perdão.

A terra de José fora atingida pela fome. Lá estava a sua família. Assim, Jacó
mandou que seus filhos fossem ao Egito comprar alimento. Tudo dentro do plano divino.
Estes se mostraram receosos, pois o Egito lembrava-lhe o criminoso ato da venda de José.
Finalmente partiram, deixando Benjamim, o filho mais moço. Benjamim era um dos dois
filhos de Jacó com Raquel, e, portanto, o irmão germano de José. Tendo, já “perdido” um dos
filhos de Raquel, Jacó agora protege atentamente a Benjamim, mantendo-o em casa. Ao vê-
los, Jose os reconheceu. José ocultou a sua identidade até certificar-se de que seus irmãos
demonstrariam pesar pelo que tinham feito a ele e ao pai, anos antes (cap. 37).

Embora José reconhecesse seus irmãos e bem soubessem que eles não eram
espias, os pôs a prova a fim de verificar se o caráter deles fora transformado, e se sentiam
remorso pelo mal que praticaram contra ele e seu pai Jacó.
40
José engrandecido no reino, não se prevaleceu do poder para se vingar dos seus
irmãos. Encontrando-se com eles, ignora as injurias sofrida, perdoa-lhes de coração, abraça-
os, levanta a voz e chora longamente ao pescoço dos seus irmãos, e abriga-os com suas
respectivas famílias na terra de Gosen, oferecida por Faraó.

“... na verdade, somos culpados...” (cap. 42.21-23). Os irmãos de José


reconheciam agora a sua culpa pelo tratamento impiedoso com José, vinte anos antes (Gn.
37.2; 41.46, 53, 54). Concluíram que Deus estava lhes aplicando o justo castigo pelo seu
crime (Gn. 42.21, 22). Muitas vezes, quando temos pecado oculto em nossa vida, Deus age
para despertar nossa consciência e vermos a nossa culpa, nesses casos podemos, ou endurecer
o coração ou humilhar-nos diante de Deus, confessar o pecado e decidirmos andar em retidão.

“... Mata os meus filhos...” (cap. 42.37). Os versículos 29-38 do capítulo 42


demonstram que os irmãos de José tinham melhorado seu caráter. Ruben, por exemplo,
preferia perder seus próprios filhos a causar a tristeza ao seu pai.

“... serei réu de crime ...” (cap. 43.8,9). Assim como Ruben (Gn. 42.37), Judá
assumiu de espontânea vontade a responsabilidade pelo seu irmão Benjamim. Ofereceu-se
para tomar sobre si, a vergonha e a culpa se Benjamim não voltasse são do Egito.

Quando Israel (Jacó) percebeu que nada podia fazer para alterar as
circunstancias terríveis, só lhe restava colocar seus filhos na mão de Deus, orar pedindo
misericórdia e preparar-se para qualquer eventualidade. Estava disposto a aceitar a vontade de
Deus, mesmo se envolvesse a perda do filho e demais sofrimentos. Entretanto, os
acontecimentos, levaram-no a um final de vida feliz, regozijando-se em Deus e nele
confiando, pois o guiara durante toda a sua vida.

“E deu ordem ao que estava sobre a sua casa, dizendo: Enche de mantimentos
os sacos destes varões, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada varão na boca do
seu saco. E o meu copo, o copo de prata, porás na boca do saco do mais novo com o
dinheiro do seu trigo. E fez conforme a palavra de José que tinha dito... E buscou
começando no maior e acabando no mais moço; e achou-se o copo de prata no saco de
Benjamim.” (Gn. 44.1,2,1)

41
Para deter os seus irmãos, José usa de astúcia para com eles, colocando seu copo
de prata no saco de Benjamim, na qual, os irmãos de José prometeram a seu pai, Israel (Jacó),
que levariam-no de volta (Gn. 43.8). Achando o copo, Benjamim seria levado de volta ao
Egito perante José.

“... rasgaram as suas vestes...” (Gn. 44.13). Tratava-se de um sinal evidente de


grande angustia e aflição. Os irmãos poderiam ter seguido viagem e deixado Benjamim, mas a
resolução de voltarem e assumirem as conseqüências, tendo Benjamim com eles, revelou que
seu caráter realmente mudara e que agora se preocupavam de fato com seu irmão e seu pai
(Gn. 44.18-34).

Verifica-se que os irmãos de José experimentaram uma grande mudança interior


em relação ao tempo em que o venderam para o Egito. Essa mudança revela-se não somente
na disposição de todos os irmãos sofrerem como escravos por amor a Benjamim. Estavam
agora dispostos a assumir a culpa pela iniqüidade que praticaram no passado e a pagar
qualquer preço para salvar Benjamim e evitar que o pai deles sofresse uma aflição mortal (Gn.
44.16, 32, 33).

“E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai?... Deus me
enviou diante de vossa face.” (Gn. 45.1-8). José revela que muitas vezes Deus sobrepõe
soberanamente a sua providencia e controla as más ações dos seres humanos a fim de executar
a sua vontade. Deus operou através de José para a preservação do povo do concerto, do qual
descenderia o Cristo. Nota-se, que embora Cristo viesse da linhagem de Judá e não de José,
Deus usou este para preservar a linhagem da qual viria Cristo. José, portanto, foi um
antecessor espiritual de Cristo, algo muito mais importante do que ser ancestral físico (Rm.
4.12-16).

“E habitarás na terra de Gósen... E a nova ouviu-se na casa de Faraó,


dizendo: Os irmãos de José são vindos; e pareceu bem aos olhos de Faraó e aos olhos dos
seus servos. (Gn. 45. 10-28).

A terra que Faraó cedeu a família de José (Gósen), fica localizada a cerca de 64
Km da cidade do Cairo, no delta do rio Nilo, ficando assim separada dos centros principais da
vida egípcia. Ali, os israelitas viveriam isolados dos egípcios e se desenvolveriam como
nação.
42
A família de José no Egito - (cap. 46-49)

 Israel e sua família descem ao Egito - (cap. 46-47)

“E partiu Israel...” (Gn. 46.). Israel e sua família migraram para o Egito. A
mudança de território do povo de Deus foi conseqüência direta da fome severa que Deus fez
surgir no mundo (Gn. 47.13). Deus literalmente forçou a Israel a mudar-se para o Egito, por
seu controle soberano (Gn. 15.13, 14). Na nova terra, o povo escolhido por Deus multiplicar-
se-ia e se tornaria uma grande nação e de lá retornaria a Canaã (Gn. 50.24). Cumprindo as
exigências dos egípcios, os filhos de Israel habitaram separadamente na terra de Gósen. Ali,
permaneceriam separados, um povo consagrado a Deus, esperando o dia da sua volta a pátria
prometida de Canaã, onde assumiriam o papel no plano divino de redenção.

“Eu sou Deus ... não temas ...”(Gn. 46.3). Deus, novamente promete que estará
com Israel e sua família e reitera a promessa que os seus descendentes se tornarão uma grande
nação e que voltarão a terra de Canaã. Todos nós precisamos da reafirmação da parte de Deus,
do seu amor, do seu cuidado, e presença, enquanto aqui vivermos e experimentamos as
dificuldades e tomadas de decisões inevitáveis nesse mundo perdido. Se você estiver se
esforçando mesmo para seguir o Senhor, você tem o direito de pedir da parte Dele uma
reafirmação do Seu amor por você e da Sua direção para a sua vida (Jo. 1.12, 13).

As sessenta e seis pessoas são as que viajaram com Israel para o Egito (Gn.
46.26). As setenta no versículo 27 incluem José, seus dois filhos e Jacó. Atos 7.1- 4 conta o
números de pessoas como setenta e cinco, incluindo assim os netos de José.

A ocupação principal da família de Israel era a criação de animais.


Tradicionalmente, os egípcios tinham grande desprezo por pastores de rebanhos. Essa
animosidade ajudou os israelitas permanecerem separados dos egípcios e dos seus respectivos
costumes (Gn. 43.2; 45.10).

“... minhas peregrinações...” (Gn. 47.9). Israel referiu-se a sua vida e a dos seus
antepassados, como uma peregrinação. Como estrangeiro e peregrino na terra ele confiava em
Deus para a posse da terra prometida. Vivia, portanto, pela fé.

43
Igualmente Abraão e Isaque, ele morreu sem receber as promessas; sua meta
suprema era uma pátria melhor, a celestial (Hb. 11.8-16). Todos os crentes são da mesma
forma, peregrinos e estrangeiros na terra, vivendo pela fé e aguardando a celestial “cidade
que tem fundamento, da qual, o artífice e construtor é Deus.” (Hb. 11.10). José estava
próximo da morte e não recebera a promessa, mas pela fé em Deus, ele contemplava o dia em
que Deus levaria o povo de volta a Canaã. Com isso em mente, ele pediu para ser sepultado
junto a sua família em Canaã (Hb. 11.22).

 Israel adoece e abençoa os dois filhos de José - (cap. 48)

“Os teus dois filhos... são meus.” (Gn. 48.5). Israel considerou os dois filhos de
José como se fossem dele, e assim garantiu a José uma porção dupla de herança; Efraim e
Manasses, portanto, iam ter os mesmos direitos e posições dos demais filhos de Israel, tais
como, Ruben e Simeão. Os descendentes de Efraim e Manasses, respectivamente formaram
duas tribos distintas.

Israel deixou a seus filhos um exemplo de fé perseverante em Deus e um


testemunho de que Deus o sustentou (literalmente em hebraico, pastoreou) durante toda sua
vida, livrando-o de todo mal. O livro aos Hebreus aponta o ato de Israel (Jacó), ao abençoar
Efraim e Manasses, como uma evidência suprema da sua fé resoluta em Deus (Hb. 11.21). A
coisa mais grandiosa que um pai pode legar aos seus filhos é sua fé em Deus e a sua
dedicação a Ele e aos Seus caminhos. Não há herança maior que esta.

“... o seu irmão menor será maior que ele...” (Gn. 48.19). Note-se que em
diversas ocasiões na história do Antigo Testamento, Deus escolheu o filho mais novo, em vez
do mais velho. Escolheu Isaque, em vez de Ismael (Gn. 21.12), Jacó, em vez de Esaú (Gn.
25.23), José, em vez de Ruben (Gn. 48.21, 22; 49.3,4), Efraim, em vez de Manasses (Gn.
49.14-20), Gideão, em vez dos irmãos dele (Jz 6.11-16) e Davi, em vez dos irmãos dele (1º.
Sm 16). Isso evidencia o fato de ter a primazia entre os seres humanos não significa ter
primazia com Deus. Deus escolhe as pessoas à base da sinceridade, pureza e amor e não na
posição na sua família ou na sociedade (Mt. 19.30; 20.26; 1ª. Co. 1.27, 28; Tg. 2.5).

44
 Israel abençoa seus filhos e morre - (cap. 49)

“... chamou Jacó a seus filhos...” (Gn. 49.1). Nos momentos finais de sua vida,
Jacó reuniu seus filhos e profetizou a respeito a vida deles e do seu futuro no plano divino da
redenção. As bênçãos e maldições deste capítulo estão condicionadas as qualidades dos
descendentes de Israel

(Gn. 49.7). Ruben era o primogênito de Jacó. Como tal, ele tinha o direito a
primogenitura e a primazia da liderança, honra e autoridade sobre os demais. Porem, esses
direitos foram anulados devido ao seu incesto com Bila, concubina de seu pai (Gn. 35.22; Dt.
27.20). Noutra palavras, a degeneração do caráter, manifesta por tais atos baixos, pode
destituir uma pessoa para sempre de posições de liderança.

“Maldito seja o seu furor ...” (Gn. 49.7). A maldição que Israel pronunciou
contra Simeão e Levi (vv. 5-7) era de natureza condicional, da mesma forma que todas as
outras bênçãos e maldições deste capítulo. Por causa do posicionamento de lealdade ao
Senhor por parte dos levitas (a família de Levi), na cena posterior ao bezerro de ouro, a
maldição pronunciada aqui foi removida, sendo-lhes concedida uma benção e uma posição de
honra (Ex. 32.26-29; Lv. 25.32, 33; Dt. 1.8; 33.8-11). Vê-se assim, que maldições
pronunciadas contra um pai e sua família podem ser aniquiladas mediante arrependimento e a
fé em Deus por parte dos filhos (Lv. 26.39-42; 2º. Cr. 30.7-9; Jr. 31.29, 30; Ez. 18.1-9).

“... até que venha Siló...” (Gn. 49.10). A benção outorgada a Judá (vv. 8-12)
indica que os direitos da primogenitura lhes foram concedidos, e portanto, as bênçãos
prometidas a Abraão. A suma dessa promessa é que todas as nações seriam abençoadas
através de Judá pela “semente” da mulher. A Judá foi dito que seus descendentes governariam
seus irmãos, até que venha Siló. Esta promessa foi parcialmente cumprida no fato da
linhagem real de Israel ter sido a do rei Davi, um descendente de Judá. Siló provavelmente
significa: “aquele a quem pertence” (Ez. 21.27), e, em sentido pleno, refere-se ao Messias
vindouro, Jesus Cristo, que veio através da tribo de Judá (Ap. 5.5), Israel profetizou que todos
os povos lhe seriam sujeitos (Gn. 49.10; Ap. 19.15) e que ele traria grandes bênçãos
espirituais (Gn. 49.11,12).

45
“Acabando, pois, Jacó, de dar mandamentos a seus filhos, encolheu seus pés
na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo. E Faraó disse-lhe: Sobe e sepulta o teu
pai, como ele te fez jurar. Pois os seus filhos o levaram a terra de Canaã e o sepultaram na
cova do campo de Macpela, que Abraão tinha comprado com o campo, por herança de
sepultura, a Efrom, o heteu, em frente de Manre.” (Gn. 49.33; 50.6, 13). Em Macpela,
estavam sepultados – Abraão, Sara, Isaque, Raquel e Lia.

José – Tipo Bíblico de Cristo - (cap. 50)

Diríamos que José foi o tipo mais perfeito de Cristo. Em toda a sua história,
parece ter sido irrepreensível; era, em muitas coisas semelhantes a Cristo, como homem.

Primeiramente, José é amado por seu pai e detestado por seus irmãos. Três
razões os levaram a odiar a José:
a) O amor de seu pai por ele;
b) A distância entre José e eles, sob o aspecto moral;
c) Os sonhos de José, revelando que ele teria supremacia sobre os irmãos.
Vejamos como foi com Jesus Cristo:
a) Foi amado de Seu Pai;
b) A distância (separação) de seus irmãos – judeus (Jo. 15.17-25);
c) O anuncio da sua glória futura (Mt. 26.57-8).

Continuemos a comparar: José foi colocado em uma cova, onde por certo
morreria, porém, seus irmãos preferiram vendê-lo aos ismaelitas. Os judeus, sabedores que
matando a Jesus, estariam desobedecendo a lei “não matarás”, transferiram Jesus para os
gentios.

José foi vendido por moedas de prata; sofreu grande tentação, porém sem
pecado, foi rebaixado e acusado injustamente; foi perdoador até de seus agressores. Ei-lo em
tudo, como o Filho e Esperança de Israel! Glória a Deus.

As palavras muito usadas naquela época eram: “Ide a José, fazei tudo o que ele
vos disser”. Maria usou as mesmas palavras nas bodas em Caná da Galiléia (Jo. 2.5). Hoje as
palavras são: “Vinde a Jesus”! “Ele é o caminho, e a verdade e a vida”. (Jo. 14.6)

46
 As tribos de José e de Benjamim

Queremos dar um destaque especial a estas duas tribos:


José – José é “Um ramo frutífero, ramo frutífero a fonte, seus ramos correm
sobre os muros” (Gn. 49.22). Quer dizer sobre as bênçãos abundantes que procederiam dos
seus inúmeros frutos.
Benjamim - Benjamim é “Lobo que despedaça” (Gn. 49.27). Foi uma tribo
guerreira, cruel. Porém, Benjamim é o complemento de José quanto ao tipo de Jesus Cristo.
Ninguém reúne em si um completo tipo de Jesus Cristo. Em Benjamim está o que falta em
José.

Benjamim, “O filho da minha mão direita”, representa o Messias de “Poder”,


pelo qual todo Israel procurava. Entretanto antes de ser chamado por Seu pai, ele teve de sua
mãe, outro nome: “Benoni” que quer dizer, “filho da minha tristeza”.

Assim Cristo, conhecido por nós como “O rejeitado”, está agora exaltado e
assentado à Destra de Deus. Ele é aquele que Israel tem rejeitado.

Os judeus esperavam por um Cristo triunfante, que reinaria sobre toda a terra.
“O sofredor”, que precedeu o “Conquistador”, esse eles rejeitaram. Vemos então que o poder
não recaiu sobre Benjamim, por quem esperavam seus irmãos, mas sobre José aqueles que
eles rejeitaram. Cristo, o Messias, tem sido profetizado pelos judeus como um
“Conquistador”, todavia, como tal, ele não ambiciona aparecer-lhes. Jesus não podia deixar se
chamar “Conquistador”, sem primeiro passar pelo sofrimento do pecado. Então os judeus
rejeitaram-no como Messias.

 A morte de José

“... fareis transportar meus ossos daqui...” (Gn. 50.25). O caráter integro de
José permanece até o fim de sua existência na terra. 17 anos junto de seu pai em Canaã, e, 93
anos no Egito, num total de 110 anos de vida. Ao término de sua carreira, não mais se vê
preocupado com a política, mas sim no seio de sua família no Egito. Teve honrarias de Faraó
no seu enterro, contudo, preferiu que seus ossos fossem retirados do Egito, quando seus
descendentes de lá se retirassem.

47
A fé perseverante de José estava firmada nas promessas de Deus, de que Canaã
seria a pátria do seu povo (Gn. 13.12-15; 26.3; 28.13), por isso pediu que seus ossos fossem
transportados para a terra da promessa. Quatrocentos anos mais tarde, quando os israelitas
deixaram o Egito, na sua viagem para Canaã, levaram consigo os ossos de José (Ex. 13.19; Js.
24.32; Hb. 11.22).

Da mesma forma, todos os salvos sabem que o seu futuro está reservado, não
neste mundo presente, mas noutra pátria, “a celestial”, onde habitarão para sempre com Deus
e desfrutarão eternamente da sua presença e bênçãos.

É essa a promessa de Deus aos seus servos fiéis (Hb. 11.8-16; Ap. 21.1-4).

Sempre haverá um “opor do Sol”; Morreram: Abraão, Isaque, Israel e José,


entretanto, para o “povo de Deus”, sempre haverá um amanhecer; Deus enviou Moisés, o
grande líder e legislador, para libertar “seu povo” do Egito.

48
Nome muito apropriado, dado pelos tradutores gregos, e quer dizer “saída”,
numa referência a saída do povo de Israel da terra do Egito.

Sendo o segundo livro do Pentateuco (pentateuchos = cinco livros) que é o nome


que se dá a coleção dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento: Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio, coleção esta também chamada pelos Israelitas de Lei, Lei
de Moisés, Lei do Senhor, ou até aos dias de hoje como Toráh.

Todas estas definições dão a entender que estes cinco livros eram tidos como um
só volume, como se acham nos manuscritos judaicos.

Depois de haverem sido escravizados na terra do Egito, o povo de Israel foi


autorizado a partir, dando margem ao nome do livro em estudo.

Mesmo que não declarado, a tradição atribui a autoria do livro a Moisés,


conforme inúmeras referências no Antigo Testamento e pelo próprio Senhor Jesus (Mc.
12.26).

A maior parte do livro narra eventos ocorridos entre o nascimento de Moisés (+ -


1.526 a.C) até por volta do ano 1.445 a.C.

Podemos fazer o seguinte esboço do livro:

I. OPRESSÃO E LIBERTAÇÃO 1-15

II. AS PROVISÕES, MANDAMENTOS E ALIANÇAS COM O SENHOR 16-24

III. O TABERNÁCULO E SUAS CERIMÔNIAS 25-31

IV. A RENOVAÇÃO DA ALIANÇA 32-35

V. O TABERNÁCULO É LEVANTADO 35-40

49
I. OPRESSÃO E LIBERTAÇÃO - 1-15

Dando seqüência aos escritos de Gênesis, o livro começa com a informação


sobre Jacó e seus descendentes, seguindo a ordem disposta em Gn. 35.23-26.

Abençoados por Deus, o povo de Israel se multiplicava e se fortalecia (1.7),


porém o livro nos diz que “se levantou um outro rei que não conhecera a José” (1.8), que
não fez questão de preservar a memória e os feitos deste homem de Deus.

Movido pelo orgulho e jactância, convocou o povo do Egito a afligir o povo de


Israel afim de que estes não pudessem prevalecer contra eles, e então baixou decreto,
ordenando as parteiras para que matassem os filhos machos nascidos dos Hebreus. Apesar do
decreto e a possibilidade de serem levadas à morte, as parteiras não obedeceram, fazendo com
que o povo hebreu se fortalecesse ainda mais.

Vendo e temendo em como o povo se multiplicava, o rei do Egito, também


chamado de Faraó, convocou mais uma vez seu povo para que, quando do nascimento dos
filhos dos hebreus, os meninos fossem jogados no Rio Nilo, sendo que as meninas poderiam
ser aproveitadas como servas ou esposas, oposto aos machos, que quando adultos poderiam se
rebelar contra o reinado egípcio, promovendo uma revolta militar.

Este fato de utilizar o Rio Nilo, que era a fonte de vida e símbolo de idolatria ao
povo do Egito, agora como fonte de morte, seria drasticamente repelido pelo Senhor, como
veremos mais adiante.

Sabe-se que quando damos nomes, estamos promovendo a memória de alguém


(como o nome de uma rua, por exemplo), no caso em tela, observe que são citados os nomes
das duas parteiras, Sifrá e Pua (1.15), mas, no entanto, em nenhum momento encontramos o
nome do rei do Egito, apesar de sua influência.

50
Com esta atitude de matar os meninos hebreus, o rei estava colocando em
extinção a descendência do povo de Deus, o que jamais seria permitido pelo Todo Poderoso, a
exemplo de outras ocasiões que encontramos na Bíblia Sagrada, Deus tinha uma aliança a
zelar e, portanto um povo a preservar.

Em meio a este decreto o rei do Egito, nasce um menino hebreu, tendo sido
escondido pela mãe por três meses, e não podendo mais escondê-lo, fez para este um cesto de
junco (uma planta que dava as margens do rio Nilo), e a calafetou com betume (assim como
na arca de Noé Gn. 6.14). O cesto foi “rebocado” com este produto, que tem a função de
impermeabilizar, assim como produtos atuais que tem no mercado (principalmente no ramo
da construção), como o Neutrol.

Vejamos as providências de Deus neste caso:


 O menino é colocado no rio dentro de um cesto, que ao ser levado pela
correnteza, é seguido de longe por sua irmã, que observa qual destino se dará. A menina vê
quando o cesto se aproxima do local onde a filha de Faraó se banhava. Tendo encontrado o
menino e reconhecido que era hebreu, sua irmã intervém e lhe pergunta se quer que chame
alguém para cuidar do bebê. Diante da aprovação da filha de Faraó, a menina vai e chama a
sua própria mãe (e mãe do bebê). Perceba que a mãe não só fica com o próprio filho, mas
ainda recebe salário da filha de Faraó por isto. Ironicamente a própria filha de Faraó foi usada
como instrumento por Deus para impedir a atrocidade do pai exterminador.
 Sendo o menino já grande, foi entregue a filha de Faraó, a qual coloca o
nome de Moisés (tirado das águas), nome este também inserido em nomes egípcios como
Amósis e Tutmósis.

Moisés estava com quase quarenta anos, quando viu um egípcio maltratando um
hebreu. Movido pela injustiça de ver seu povo sendo oprimido, levantou-se contra o egípcio e
o matou, escondendo seu corpo na areia, sem saber que estava sendo visto por outros hebreus.

No dia seguinte, Moisés observa dois hebreus brigando, e ao interrogar-lhes


ouve do hebreu: “quem te pos por príncipe ou juiz sobre nós. Pensas em matar-me
também?”, sem saber que realmente o Senhor Deus lhe daria este encargo. Depois deste
episódio, Moisés fugiu (2.11-15).

51
Na terra de Mídiã, Moisés se casou com Zípora, filha do sacerdote Jetro, e teve
seu primeiro filho “Gérson”, que no seu nome hebraico trás as consoantes “g-r-sh-m”, que
vem do verbo mandado para longe, ou estrangeiro (2.16-22).

Enquanto isto, o povo de Israel no Egito, clamava a misericórdia do Senhor.

O CHAMADO

No monte Horebe, também chamado de “Monte de Deus” ou “Sinai”, conforme


várias passagens que o designam como sendo o mesmo local, Moisés apascentava as ovelhas
do sogro, quando lhe apareceu o Anjo do Senhor em meio a uma vegetação de nome Sarça,
cuja planta é de aparência de uma árvore seca, também conhecida como “espinheira do
Egito”, e que cresce na África, na península do Sinai (Horebe) e nas praias do Mar Morto,
mas o que chamou a atenção de Moisés, é que a aparição se deu em meio a uma chama de
fogo, fogo este que não consumia a sarça (3.1-4). Deus então manifesta a Moisés que tinha
ouvido o clamor de seu povo na terra do Egito (3.7) e que estava comissionando Moisés para
libertá-los (3.7-22).

Moisés relutou ao chamado e se considerou incapaz para a ação libertadora de


Deus, mas o Senhor lhe concedeu vigor e confiança, ao demonstrar poderes, transformando a
vara em serpente e vice-versa, e deixando a mão de Moisés leprosa e depois a restaurando,
mostrando o poder do Senhor sobre a vida humana e animal (serpente). Moisés deveria ainda
levar seu irmão Arão, três anos mais velho (7.7), para ser seu porta-voz.

DE VOLTA AO EGITO

Diante de Faraó, Moisés e Arão, procuraram convencer o rei do Egito a libertar


o povo de Israel, enfatizando que era ordenança do “Deus dos Hebreus”, pelo que foi
prontamente recusado, e ao contrário, ordenou ainda mais trabalho aos hebreus (5.6-14).

Moisés e Arão retornam a presença de Faraó, que diante de nova negativa do


monarca, usa a vara de Arão (7.10) que se transforma em serpente.

52
A serpente era no Egito símbolo real, e aparecia com freqüência nos ornamentos
reais egípcios, e era temida por todo o povo. No entanto, a magia, astrologia, bruxaria,
necromancia, dentre outros, eram muito usadas na antiguidade, no que seus encantadores e
magos fizeram o mesmo, entretanto a serpente de Arão devorou a dos egípcios. A partir daí,
deu-se uma seqüência de pragas derramadas sobre aquela terra do Egito:

1. ÁGUAS EM SANGUE (7.14-25) – As águas da fonte primordial de vida


para mos egípcios, o Rio Nilo, e que se associava a numerosos deuses, foram transformadas
em sangue, tornando aquela fonte de vida em fonte de morte (lembre-se de que era neste rio
que eram jogados os recém nascidos hebreus). A verdadeira fonte e controle dos rios
pertencem ao Senhor.
2. AS RÃS (8.1-15) – As rãs eram associadas à fertilidade no Egito. Agora
são usadas para trazer desgosto àquele povo. Rãs aos milhares, nas casas, no quarto, no forno,
por toda a parte rãs aos montões. Faraó reclama com Moisés que lhe pergunta: ‘quando ele
quer que clame ao Senhor para cessar a praga’, no outro dia cessaram e morreram as rãs, que
amontoadas cheiravam mal.
3. PIOLHOS (8.16-19) – Os piolhos (que em algumas traduções podem vir
como “mosquitos” que picam) infestaram todo o Egito. Homens, gado, tudo o que havia. Os
magos egípcios não podendo imitar a peste, declararam a Faraó que era o dedo de Deus que
fazia aquilo, porém o rei não os ouviu.
4. MOSCAS (8.20-32) – Quando se fala em moscas neste caso, significava
moscas aos milhares, enxames de moscas por todo lugar, infestaram a terra do Egito, porem
não afligia o povo de Israel. Neste fato, faraó procura fazer uma barganha com Moisés dando-
lhe duas alternativas: primeiro disse que poderiam adorar a Deus ali no Egito mesmo. Depois
disse que poderiam ir, mas não muito longe. Claro que Moisés não concordou.
5. PESTE NOS ANIMAIS (9.1-7) – Mais uma vez, somente nos animais do
povo do Egito foram atacados por esta peste. Agora as pragas começam a trazer prejuízos
materiais. O gado e os animais utilizados no transporte e no trabalho real morreram. Note que
neste trecho, por três vezes é mencionado que o povo de Israel nada sofreu. Note ainda que
não podemos afirmar o espaço de tempo entre uma praga e outra, mas repare que
posteriormente tinha mais animais no Egito que morreriam na chuva de pedra e na hora da
perseguição ao povo de Deus. Talvez a morte da pestilência tenha atingido somente os
animais do campo.

53
6. ÚLCERAS (9.8-12) – Os tumores arrebentavam em úlceras, que atingiram
inclusive os magos do rei, que já não podendo fazer mais nada (como nas últimas pragas),
também nesta não o puderam.
7. CHUVA DE PEDRAS (9.13-35) – Os campos dos egípcios foram
dizimados, só que mais uma vez, na terra de Gósen, onde estava o povo de Israel, a praga de
novo não chegou.
8. GAFANHOTOS (10.1-20) – Agora, as plantações refeitas da chuva de
pedras, são destruídas por gafanhotos, mui numerosos de modo que toda a terra se escureceu
com a nuvem de gafanhotos que assolou a terra do Egito. Devorou toda a erva, todo o fruto.
Faraó procura novamente barganhar com Moisés, mas de novo não aceitou as condições do
rei.
9. TREVAS (10.21-29) – Nesta praga, uma densa escuridão tomou conta da
terra do Egito. A escuridão era tanta, que por três dias ninguém se levantou ou enxergava um
ao outro. Agora se prepare para mais esta: NA TERRA ONDE O POVO DE DEUS ESTAVA
HAVIA LUZ. Faraó incansável procura novamente barganhar com Moisés a ida incompleta,
e mais uma vez foi rejeitada.
10. MORTE DOS PROMOGÊNITOS (11.1-10 / 12.29-30) – Esta praga
agiria diretamente nas vidas humanas. Todos iriam padecer do plebeu ao nobre, do escravo ao
Senhor. Os animais também iriam morrer. Houve um grande clamor. Em toda a casa havia um
morto (inclusive na casa de Faraó). Assim faraó não teve outra saída a não ser autorizar a
saída do povo de Israel.

A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA

Sabendo Deus que já não restava outra saída para Faraó, que a de autorizar a
saída do povo de Israel, ordenou uma celebração, que é respeitada até os dias de hoje pelo
povo israelita. A páscoa.

Passar o sangue de um cordeiro nos umbrais das portas e comer pão sem
fermento.

A páscoa (saída/passagem) é a primeira das festas anuais de Israel, foi instituída


para comemorar o acontecimento da saída do povo hebreu do Egito. O cordeiro deveria ser
assado inteiro e comido com ervas amargas.
54
PERSEGUIÇÃO E PASSAGEM PELO MAR

Com uma grande comitiva, roupas, ouro e prata dos egípcios, partiram os filhos
de Israel depois de 430 anos de estada na terra do Egito.

Movidos pela realidade de que agora não tinham mais escravos para o trabalho,
Faraó e seus oficiais começaram uma perseguição pelo deserto ao povo de Deus.

Diante do Mar Vermelho, Deus ordena que Moisés levante seu bordão, estenda a
mão e divida o mar.

O povo de Israel passou o mar em terra seca (14.22). Vendo os egípcios que os
israelitas avançavam, adentraram também pelo caminho, só que as águas voltaram ao seu
curso normal e cobriram todo o exército de Faraó que pereceram no meio do mar, mas o povo
de Deus passou a pé enxuto (14.29). Assim o Senhor livrou a casa de Jacó naquele dia
(14.30).

II – AS PROVISÕES, MANDAMENTOS E ALIANÇAS COM O

SENHOR - (16-24).

COMEÇA A PEREGRINAÇÃO

Feitas as devidas comemorações depois da passagem pelo Mar Vermelho, o


povo começou a peregrinar, vejamos alguns fatos desta caminhada:

 As águas amargas de Mara tornam-se doces e potáveis, aptas para beber.

 Famintos no deserto, Moisés anuncia ao povo murmurador, que o Senhor faria


chover pão do céu diariamente. Com esta provisão divina, o povo não precisaria se preocupar
com o sustento, somente caminhar rumo à terra que o Senhor lhes daria. Quando viram o que
caia do céu perguntaram: “o que é isto”. Daí veio a palavra maná (do Heb. O que é isto?), ao
que Moisés respondeu: “isto é o pão do Senhor”.

55
 Desejosos de comer carne, o Senhor envia codornizes pela tarde, em mais uma
demonstração da provisão divina para com o seu povo.

 Tendo partido o povo, chegaram ao deserto de Sim. Não havia água naquele
acampamento, revoltado, o povo murmurou contra Moisés, que sob a ordem de Deus, feriu a
rocha em Horebe, e a mesma milagrosamente verteu água para o povo.

 Com a multidão dependendo da liderança de Moisés para julgar entre o povo


(se cumpre a pergunta do hebreu no capítulo 2.14: “quem te pos de juiz entre nós?”), seu
sogro lhe aconselha a dividir o cargo, sob pena de desfalecer. Moisés prontamente ouviu o
conselho e nomeou auxiliares na tarefa de julgar as causas mais simples e as graves “recorrer”
a Moisés, ou “outra instância” superior.

Três meses se passaram desde a saída do Egito, e no monte onde o Senhor


chamou Moisés o orientou para que preparasse o povo para receber as orientações e
ordenanças para que se tornassem um povo separado por Deus.

OS DEZ MANDAMENTOS

Em meio a trovões, relâmpagos e uma nuvem que cobria o monte, monte este
que fumegava, o Senhor ordena que somente Moisés e Arão suba ao monte.

Então falou Deus e transmitiu o que conhecemos como decálogo (deka=dez –


logoi=palavras), ou OS DEZ MANDAMENTOS, princípio básico da aliança do Senhor com
Israel.

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MANDAMENTO APLICAÇÃO PRÁTICA

1. Não terás outros deuses diante de mim Demonstre o respeito a Deus

2. Não farás imagem de escultura Devoção integral a Deus

3. Não tomarão o nome do Senhor em vão Fale com respeito e com cuidado

4. Lembra-te do sábado Reserve período para meditação e lazer

5. Honra teu pai e mãe Sincero respeito aos pais

6. Não matarás Deus é o dono da vida e da morte

7. Não adulterarás Fidelidade ao cônjuge

8. Não furtarás Não se aproprie do que não é seu

9. Não farás falso testemunho Integridade e respeito ao próximo

10. Não cobiçarás Satisfaça-se com o que é teu

Prosseguindo em sua orientação para conduzir Seu povo a uma vida de santidade
diante do Santo de Israel, Deus continua nas diversas Leis que se seguem, instituindo o
primeiro Código Civil de Israel. Vejamos:

 Leis acerca dos altares

 Leis acerca dos servos

 Leis acerca da violência

 Leis acerca da prosperidade

 Leis Civis e Religiosas

 Leis acerca do Falso Testemunho e Injúria

 Os deveres dos juízes

 O ano de Descanso

 O Sábado

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AS FESTAS SAGRADAS

III – O TABERNÁCULO E SUAS CERIMÔNIAS - (25-31)

Quando Moisés falou com Faraó para deixar seu povo sair do Egito, lhe disse
que era para que o povo fosse adorar ao Senhor Deus (8.25-29). Agora o Senhor traz
instruções específicas em como e onde Seu povo deveria adorá-lo: recursos, mobília, roupas,
modos de celebração. É importante a partir deste ponto, que o aluno faça um estudo mais
detalhado sobre os tipos (símbolos) que a Bíblia nos mostra.

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O trecho que iremos estudar agora é muito rico nestes detalhes, e é muito
gratificante estudá-lo e perceber como a Onisciência do Todo-Poderoso agiu em cada detalhe.
Os eventos a seguir são ricos em tipificar para nós através de métodos divinamente
pedagógicos, quão planejados por Ele foi a nossa redenção.

RECURSOS - (25.1-9)

As providências com os recursos a serem utilizados na construção do


tabernáculo (lembre-se de que esta a provisão divina já tinha começado na saída do povo do
Egito).

Vista Geral do Tabernáculo em suas cerimônias

A ARCA - (25.10-15)

A Arca, ou, a Arca da Aliança, ou, Arca de Deus, seria um depósito da Lei de
Deus. O mobiliário mais sagrado do Tabernáculo, onde ficavam guardadas as Tábuas da Lei.

59
O PROPICIATÓRIO - (25.17-22)

Não era apenas uma tampa da Arca. Seu nome tem a ver com expiação,
propiciação, uma “cobertura” dos pecados, onde era propiciada a satisfação da ira de Deus
contra o pecado. Nesta parte continha dois Querubins como guardiões, e são associados com
fogo e julgamento.

A Arca com o Propiciatório

60
A MESA DOS PÃES - (25.23-30)

Esta mesa deveria conter doze pães, simbolizando as doze tribos de Israel, estes
pães eram trocados aos sábados, sendo então trazidos pães frescos.

O CANDELABRO - (25.31-40)

O candelabro ou castiçal, era feito de ouro puro, tinha três hastes para cada lado,
perfazendo sete luminárias. Deveria ficar disposto no Tabernáculo, do lado oposto ao da mesa
dos pães, e servia para iluminar o interior do Tabernáculo (o Lugar Santo), e era dotado de
uma grande quantidade de ouro, por volta de 35 kilos de ouro.

61
AS CORTINAS - (26.1-13)

As Cortinas ou Cobertas. É impressionante notar, que até mesmo as cortinas do


Tabernáculo, foram minuciosamente detalhadas pelo Senhor nosso Deus. A forma com que
estavam dispostas no Tabernáculo, os colchetes para prendê-las, as suas cores com seus
significados espirituais e também o seu agrupamento.

A primeira cortina colorida e a mais interna, deveria ser de linho, sua cor branca
simboliza a pureza e justiça do Senhor, e contava com desenho de Querubins. Depois vinham
as cortinas feitas com pelos de cabra, outra com pele de carneiro e outra feita de peles finas e
por fim ainda, uma cortina para o transporte do Tabernáculo.

No Tabernáculo, as cortinas estavam uma sobre a outra, mas aqui estão


parcialmente recuadas para que possamos visualizar cada uma delas.

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O VÉU - (26.31-37)

Uma cortina de linho com desenhos de querubins e era o véu que separava os
dois compartimentos, ou seja: “O LUGAR SANTO” e o “SANTO DOS SANTOS”.

O ALTAR DO INCENSO - (30.1-10)

O Altar do Incenso deveria ser de madeira de acácia coberto de ouro. Ele deveria
ficar dentro do Lugar Santo, juntamente com o Candelabro e a Mesa dos Pães. Nenhum
incenso estranho deveria ser oferecido nele e também nenhuma outra oferta que não o incenso
aromático, especialmente formulado para tal.

63
O ALTAR DO HOLOCAUSTO - (27.1-8)

Neste altar seriam oferecidos os sacrifícios ao Senhor. A localização deste altar


era do lado de fora do Tabernáculo, dentro do local chamado Átrio.

O altar do holocausto com seus quatro chifres

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A BACIA DE BRONZE - (30.17-21)

“Farás uma Bacia de Bronze...”. Foi instruído para que se fizesse uma Bacia de
Bronze.

Colocada no Átrio, nela Arão e seus filhos deveriam lavar-se quando


adentrassem na tenda.

Por causa do sangue dos sacrifícios e da poeira, os sacerdotes precisavam se


lavar fisicamente. Claro que também simboliza que para adentrarmos a presença do Senhor,
devemos nos lavar espiritualmente. Note que a bacia ficava logo após o Altar do Holocausto,
localização que nos orienta que depois do “sacrifício perfeito” de Cristo, devemos no “lavar”
(pela Palavra).

65
O ÁTRIO DO TABERNÁCULO - (27.9-19)

O Átrio (Pátio) cercava o Tabernáculo propriamente dito. Era cercado por


cortinas de linho branco e onde estavam localizados: O ALTAR DO HOLOCAUSTO, A
BACIA DE BRONZE e cercava todo o Tabernáculo.

O Átrio tinha suas cortinas de linho branco sustentadas por colunas feitas em
bronze e prata.

Observe o aluno, que a partir do capítulo 25, o Senhor Deus começa a dar o
projeto, arquitetura e decoração do Tabernáculo, partindo do lugar mais santo, ou seja, do
“Santo dos Santos”. Note bem, que suas intenções começam a partir da Arca, cuja localização
era no Santo dos Santos. Se recorrermos ao versículo do Evangelho de João 3.16 pode
observar que: “Deus amou o mundo de tal maneira...”, portanto o desejo de salvar o homem
partiu do interior de Deus.

66
Confrontando isto com o simbolismo do Tabernáculo, percebemos que a
orientação partiu de onde vinha o centro da vontade divina, ou seja, onde Ele manifestaria Sua
Glória, do Lugar Santíssimo para fora, local onde os interessados em adorar e reconhecer o
Senhor como único Deus deveriam entrar.

ITENS A RESSALTAR

Já que falamos em simbolismo, iremos realçar rapidamente alguns


destes símbolos:

OS METAIS

 OURO – como o metal mais nobre, está diretamente associado à


realeza do SENHOR.
 PRATA – tem haver com a redenção prometida pelo SENHOR aos
seus escolhidos
 BRONZE (COBRE) – material utilizado também no Altar do
Holocausto, está diretamente ligado com a justiça e julgamento.

AS CORES

 AZUL – de cor celeste, nos mostra a natureza celestial.


 PÚRPURA – seu tom está entre a violeta e o carmesim. As vestimentas
de púrpura eram muito caras, e só pessoas de elevada posição as usavam, e seriam para
representar as dignidades reais. Simboliza no Tabernáculo, a realeza do Cristo que haveria de
vir.
 ESCARLATE – na antiguidade, escarlate era uma cor brilhante de
carmesim vivo encontrados abundantemente na Palestina, sendo que só a fêmea tinha o
pigmento colorante. Era extraída de um inseto chamado pelos árabes de Kermes, daí o nome
de carmesim. De forma e tamanho parecido com a ervilha, e a fêmea quando cheia de ovos,
tem a matéria prima de cor vermelha. Esta cor no simbolismo tem haver com o sofrimento
que o nosso Senhor haveria de padecer por nós.
 BRANCO – como a cor que predominava no átrio e outros lugares do
Tabernáculo e nas vestes sacerdotais, nos fala da pureza do Senhor Jesus Cristo.

67
VESTIMENTAS SACERDOTAIS

Tabernáculo projetado, agora era hora de instruir as cerimônias de adoração a


serem feitas, como seriam feitas e por quem seriam realizadas.

Deus comissiona Arão e sua família para que oficiassem como sacerdotes e
passa a descrever suas vestimentas nos mínimos detalhes, seguidos de seus procedimentos
sacerdotais.

Uma indumentária muito bonita e habilmente costurada, todos seus detalhes são
descritos no Êxodo.

68
SACRIFICIOS E CERIMÔNIAS

Como no exemplo das instruções do Tabernáculo, Deus instrui também quanto a


consagração dos sacerdotes e suas atividades.

Um óleo para a unção, especialmente elaborado, foi usado para a consagração de


pessoas e objetos.

Arão e seus filhos também foram instruídos a colocarem as mãos na cabeça do


animal que ia ser sacrificado, associando a pessoa ao animal, que se tornava seu representante
ou substituto.

O Tabernáculo em suas cerimônias

69
IV – A RENOVAÇÃO DA ALIANÇA - 32-39

Tendo Deus acabado de falar com Moisés no Monte Sinai (Ex. 31.18), lhe deu as
duas Tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.

Mas enquanto Moisés estava no Monte Sinai, e vendo o povo que este tardava a
descer do monte, o povo impaciente acercou-se de Arão e quiseram um ídolo para adorá-lo.
Diante do exposto, somos levados à lembrança do início da humanidade, quando Deus disse:
“do fruto da árvore não comerás...” Gn. 3.3. no caso em evidência com o povo de Israel,
Deus disse: “não terás outros deuses diante de mim”. Ex. 20.3.

Na instrução dada por Deus para a construção do Tabernáculo, Ele pediu que o
povo ofertasse voluntariamente para sua construção. Agora, foi ordenado que trouxessem
tirando de suas famílias.

Feito o bezerro, foram convidados a se “divertirem”, que tinha significado


diferente dos nossos dias de hoje. Se divertirem naquela ocasião era sinônimo de imoralidade
sexual e ritual pagãos.

Deus propõe a Moisés exterminar com a raça humana e recomeçar com ele uma
nova geração, ao que Moisés refutou e intercedeu pela misericórdia divina.

Moisés, entretanto ao descer e se deparar com aquela cena de idolatria, quebrou


as tábuas do concerto, como quem hodiernamente rasga um contrato feito.

Parafraseando mais uma vez o Éden, Arão, a exemplo de Adão, se desculpa: “foi
o povo”.

AS NOVAS TÁBUAS DA LEI

Deus diz a Moisés para lavrar novas tábuas como as primeiras e se apresentasse
perante Ele no monte, onde faz com o legislador uma aliança novamente.

70
Ao descer do monte, Moisés tinha seu rosto resplandecente, ao que o povo
temeu.

V – O TABERNÁCULO É LEVANTADO – 40.

Com o projeto pronto, o povo de Israel começa a trazer suas ofertas para a
construção da “Casa de Ouro”, todos estando dispostos de coração, ofertavam ao Senhor.
Foram entregues aos obreiros responsáveis, as ofertas chegaram de tal maneira que “ainda
sobejava” materiais (36.7).

Por volta de 2 anos depois da saída do povo de Deus do Egito, e


aproximadamente 9 meses depois da chegada ao Monte Sinai, o Tabernáculo, “morada de
Deus”, estava pronto.

Levantou suas bases, colunas, estendeu a tenda, o Testemunho, a Arca, o


Propiciatório, o Véu, a Mesa e os pães, o Candelabro, o Altar de Ouro, o Altar do Holocausto,
a Bacia e o Átrio, foi então levantado o santuário.

A nuvem cobriu a tenda e a Glória do SENHOR encheu o Tabernáculo (40.34).

“De dia a nuvem do SENHOR repousava sobre o Tabernáculo, e de noite havia


fogo nela...” (40.38).

O alvo principal de Êxodo foi alcançado, e o povo de Deus prosseguiu na sua


jornada, orientados pelo Senhor.

71
I

O livro Levítico é o terceiro livro do Pentateuco. É assim chamado por contar os


regulamentos e as observações que dizem a respeito do sacerdócio Levítico. As ordenanças do
Levítico foram encravadas na cruz, (Cl. 2.14). E depois da destruição de Jerusalém no ano 70
d.C. muitos desses ritos prescritos nesse Livro tornaram-se inteiramente obsoletos. Contudo
essas ordenanças são-nos de grande valor, não somente pela informação que nos fornecem
acerca dos judeus, mas das coisas espirituais. Pois esses sacerdotes ministravam “em figuras e
sombra das coisas celestes”.

O autor do livro é Moisés, escrito em 1440-1405 a.C. e tem como tema:


Santidade. (Hb. 8.5).

(Lv. 19.2). O Levítico abrange menos de um ano do tempo que Israel passou no
Sinai, e, tem a mesma relação para com o Êxodo que as Epistolas tem para os quatro
evangelhos. O Êxodo conta de redenção e lança os alicerces para a purificação, a adoração e o
serviço de um povo redimido. O Levítico apresenta os detalhes da vida, culto e serviço desse
povo. O Levítico destaca a maneira de um povo redimido aproximar-se de Deus pela
adoração, isto é, somente por meio do sangue. O povo, os sacerdotes, o Tabernáculo, os
vasos, os sacrifícios, as vestes sacerdotais, tudo é descrito como santo, isto é, separado, não só
do uso pecaminoso, mas do uso comum. (leia: cap. 2.3, 10; 6.18, 27; 7.16, 21; 10.3, 10, 12,
17; 11.3-45; 14.13; 16.4 ).

O Levítico tem relevância permanente para os crentes do Novo Concerto. O


Novo Testamento ensina que o sangue expiador de animais sacrificiais, realçado em Levítico,
era “a sombra dos bens futuros”.

72
(Hb. 10.1). A indicar o sacrifício, uma vez para sempre, de Cristo, pelo pecado
(Hb. 9.12). O mandamento bíblico para que o crente seja santo pode ser perfeitamente
cumprido pelo crente do Novo Concerto, através do sangue precioso de Cristo.

A chamada do crente é para que ele seja santo em todas as áreas da vida (1ª. Pe.
1.15). O segundo grande mandamento, conforme Jesus o definiu, deriva de Lv. 19.18:
“Amarás o teu próximo coma a ti mesmo”. (Mt. 22.39).

Esboço do Livro:
1º As leis cerimoniais concernindo sacrifício, purificação e expiação - cap. 1-16
2º As leis morais ou de santidade espiritual – cap. 17-26
3º Os votos e o resgate dos mesmos – cap. 27

1º – Cap. 1-16 - AS LEIS CERIMONIAS CONCERNINDO:


SACRIFÍCIO, PURIFICAÇÃO E EXPIAÇÃO.

Os Holocaustos (cap. 1)

O termo hebraico traduzido por “holocausto” significa “aquilo que sobe” para
Deus. O sacrifício era totalmente queimado, o que significa que a total consagração do crente
a Deus é essencial a adoração verdadeira. Ao mesmo tempo esse sacrifício abrangia o perdão
do pecado (v. 4) o que realçava o fato de que antes do adorador poder dedicar-se a Deus, tinha
que estar purificado do pecado (Mt. 5.23, 24). Segundo o escritor aos Hebreus, Jesus é o
cumprimento cabal do holocausto (Hb. 10.5-10).

Os Holocaustos alem de ser um sacrifício de consagração por parte do ofertante,


o sacrifício do holocausto constituía-se ainda em:
a) - Oferta da expiação;
b) - Sacrifício oferecido pelos já salvos (ou perdoados);
c) - Sacrifício perpétuo.

73
O sacrifício do holocausto tinha um ritual que envolvia os seguintes elementos e

ações por parte do ofertante:

a) – A oferenda de um animal sem defeito (um tipo de Cristo, Jo. 1.29; Hb. 7.6);
b) – O ofertante devia trazer o animal pessoalmente à tenda;
c) – O ofertante punha as mãos sobre o animal;
d) – O sangue do animal era derramado à porta da tenda da consagração.

O fato de que os símbolos e tipos no Levítico, apontam para Cristo, são


mostrados nas seguintes conclusões:

a) – Assim como todo o corpo do animal devia ser colocado sobre o fogo, Cristo
se entregou por nós sem reserva alguma (Fp. 2.5-8).
b) – Cristo foi voluntariamente até ao sacrifício (Is. 53.7).
c) – O holocausto era o sacrifício contínuo: Cristo é o nosso contínuo sacrifício,
feito uma vez, mas eficaz para todo o sempre.
d) – Cristo foi ao mesmo tempo a vítima do holocausto e o sacerdote ofertante.

Quando o animal morria era como se a pessoa que o trouxera também morrera,
no entanto, permanecia viva para servir a Deus. De modo semelhante, o cristão confia-se a
Cristo e une-se a Ele na sua morte (Rm. 6.3-11; 2º. Co. 5.21; Cl. 3.3; Hb. 9.14). Ele é
conclamado, portanto, a viver como se ressurreto dentre os mortos e apresentar-se como
sacrifício vivo a Deus (Rm. 12.1; Hb. 13.15). Deus muito se agradava do sacrifício que o
crente oferecia com fé obediente. Paulo aplica esta expressão, tanto ao sacrifício de Cristo
como as boas ações do crente (Fp. 4.18; Hb. 13.16).

Oferta de Manjares - (cap. 2)

A oferta de manjares (ou melhor, de cereais) era uma dádiva apresentada a Deus
como ato de adoração, e que simbolizava a dedicação a Deus – serviço, do fruto do trabalho
da pessoa. Subtendia que todo o trabalho humano devia ser feito como para o Senhor, e, que
nosso alimento cotidiano deve ser feito como ação de graças a Ele (1ª. Co. 10.31; Cl. 3.23).

74
Os elementos dessa oferta consistiam no seguinte:

a) Flor de farinha sem fermento;


b) Sal - símbolo de perpetuidade e preservação;
c) Óleo – símbolo de consagração e de alegria;
d) Incenso – Emblema de oração, súplica e fragrância;
e) Libações.

Ninguém era pobre demais que não pudesse oferecer alguma coisa para Deus.
Podiam oferecer flor de farinha de trigo, bolos cozidos e ofertas de cereais das primícias da
seara. A oferta era dada de acordo com as possibilidades do ofertante.

No versículo 11 diz: “Nenhuma oferta de manjares, que oferecerdes ao


Senhor, se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum oferecereis
ofertas queimadas ao Senhor”.

Não podiam ser oferecidos no altar porque eram usados para fomentar a
fermentação. A fermentação envolve alteração, decomposição ou deterioração, e geralmente
simboliza o mal. (Ex. 13.7).

Oferta de Paz – Ação de graça - (cap. 3).

O sacrifício pacífico era efetuado diante de Deus, no sentido do ofertante ter


comunhão com Ele, expressar gratidão ou fazer um voto. Para o ofertante envolvia um
compromisso com o concerto e celebrava a paz e a reconciliação entre Deus e o adorador.
Essa oferta prenuncia a paz e a comunhão que o crente tem com Deus e os irmãos na fé, tendo
por base a morte de Cristo na cruz.

(Cl. 1.20; 1ª. Jo. 1.3). Prenuncia ainda a nossa comunhão plena, quando todos
nós assentarmos com Deus no seu reino (Sl. 22.26; Lc. 14.15; Ap. 19.6-10).

Quanto a sua natureza, a oferta de paz levava em consideração o seguinte:


a) Não era uma oferta expiatória;
b) Era o sacrifício ou oferta do crente já perdoado e salvo;
c) Era uma cerimônia festiva;
d) Era oferta memorial (semelhante à Ceia do Senhor hoje).
75
Esta oferta tinha um ritual belíssimo, que consistia no seguinte:

a) Um animal macho ou fêmea;


b) Imposição das mãos do ofertante;
c) O sangue do animal era aspergido em redor do altar;
d) A gordura era do Senhor, assim como o sangue;
e) Certas partes do animal oferecido eram queimadas, e outras
simplesmente movidas perante o Senhor.

Levando em consideração o fato de que em Cristo foram satisfeitos todos os


requisitos exigidos quanto ao sacrifício de paz, a conclusão a que chegamos é que:

a) Temos paz com Deus (Rm. 5.1);


b) Temos motivos para dar graças (Lv. 7,12);
c) Temos acesso a Deus Pai;
d) Em Jesus nos alegramos nas bênçãos recebidas, como o judeu se
alegrava na oferta de ação de graças;
e) Podemos viver uma vida de santidade. (Ex. 19.6; Lv. 11.44);
f) O Senhor é dono da nossa vida em Cristo.

Sacrifício pelos pecados - (cap. 4).

Assim como o sacrifício do holocausto, o sacrifício pelo pecado também era


oferta de expiação, com uma diferença apenas: O primeiro era, como vimos, sacrifício pelo
pecado, enquanto que este é sacrifício pelos pecados. O holocausto era sacrifício do pecador,
quanto a sua natureza decaída, o qual, para se aproximar de Deus, tinha de fazer expiação por
sua própria vida. Era o pecado em sua natureza geral e abstrata. O sacrifício pelos pecados, no
entanto, considerava o pecado em particular, o sacrifício por um pecado específico, por um
ato pecaminoso praticado e confessado.

O ritual deste sacrifício consistia dos seguintes itens:

a) Sacrifício pelos pecados (4.1-12);


b) Sacrifício pela congregação (4.13-21);
c) Sacrifício pelos pecados de um príncipe (4.22-26);
d) Sacrifício pelo pecado do povo comum (4.27-35).

76
Devemos nos lembrar que, a posição que ocupamos perante Deus e os homens
trazem-nos grandes responsabilidades. Nossos pecados são sempre pecados, como os de
qualquer outro pecador, mas seus efeitos são sempre proporcionais à posição que ocupamos.
A Bíblia diz que há quem muito foi dado, muito será requerido. Este é um fato altamente
solene para ser esquecido. Os sacrifícios pelos pecados prefiguram a morte expiatória de
Cristo e o fato de Ele tomar sobre si o castigo dos nossos pecados. A eficiência da morte,
porém, foi infinitamente mais perfeita do que o sacrifício pelos pecados do Antigo
Testamento, pois que num só ato proveu uma expiação única por todos os pecados (Is. 53; 2ª.
Co. 5.21; Ef. 1.7; Hb. 9.11,12). Nós crentes do Novo Testamento, precisamos continuamente
do sangue de Cristo para expiar nossos erros, fraquezas e falhas involuntárias que decorrem
da fragilidade da natureza humana.

Os pecados oriundos de uma atitude rebelde e deliberada contra Deus e à sua


Palavra, no entanto, resultarão em juízo e morte espiritual, a menos que confessemos e nos
arrependemos dele mediante uma fé renovada na expiação efetuada por Cristo (Hb. 2.3;
10.26, 31; 2ª. Pe. 2.20, 21).

Sacrifícios por Transgressões ou de reparação - (cap. 5; 6.1-7).

Seguindo a orientação de Deus, Moisés estabeleceu as bases do sacrifício pelo


pecado contra Ele, quer fosse praticado pelo sacerdote, pelo príncipe, pela congregação ou
pelo indivíduo. Neste item, porém, trataremos de um novo tipo de pecado e sua conseqüente
forma de expiação. Podemos chamá-lo pecado de conduta ou relacionamento entre
indivíduos, portanto, de ofensas pessoais, com o inevitável reflexo religioso, e, da mesma
forma, contra Deus.

Os pecados de relacionamento que exigiam sacrifício de transgressão eram os


seguintes:
a) Ocultamento de um crime visto ou sabido (5.1);
b) Contato com coisa imunda (5.2,3);
c) Falso juramento (5.4);
d) Pecado ligado às coisas sagradas (5.14-16);
e) Pecado de omissão por ignorância (6.1,2);
f) Pecado de não restituir o achado, o penhorado e o roubado (6.3-5).

77
Para ter a sua transgressão expiada, o transgressor, de acordo com a sua
transgressão, deveria proceder da seguinte maneira:

1) Ofertas por vários pecados – cap. 5.6-11

a) Uma cordeira e uma cabra, para os mais abastados;


b) Dois pombos, se o ofertante fosse pobre;
c) A décima parte de uma efa de flor de farinha, se nem dois pombos ou
duas rolas o pecador pudesse comprar.

2) Transgressões nas coisas divinas – cap. 5.15

a) Nas transgressões conscientes, o transgressor deverá oferecer um


carneiro sem defeito, tirado do rebanho e avaliado em ciclos de prata, segundo o ciclo do
santuário. O animal deveria compensar em valor material o dano causado.

3) Transgressão nas coisas humanas – cap. 6.1-7

a) Restituir o roubado, o extorquido, o achado; pagar o falso juramento tal


qual o seu valor e acrescentar-lhes um quinto do seu valor;
b) Um carneiro sem defeito, trazido ao sacerdote, faria a expiação pela
culpa e o transgressor voltaria à comunhão, tanto com o seu semelhante, quanto com Deus,
que tinha testemunhado a ofensa.

Aplicado ao crente da era atual, através da obra de Jesus Cristo, o sacrifício pela
transgressão nos assegura o seguinte:

a) Cristo fez expiação pelo pecado e pela transgressão;


b) Cristo nos ilumina a consciência no tocante aos deveres da vida;
c) A intercessão de Cristo é a nossa oferta contínua pela culpa.

Cristo tornou-se a nossa propiciação diária pela culpa. Os animais e demais


elementos usados no culto judaico, foram substituído pelo nosso amoroso Salvador. O seu
sacrifício foi completo, quer para salvar, quer para preservar o salvo.

78
Lei sobre os sacrifícios em geral - (cap. 6.8-30; 7).

Neste item, são tratadas as leis dos sacrifícios e ofertas, e, consistem nos
seguintes pontos:

a) Lei do holocausto – cap. 6.8-13;


b) Lei da oferta de cereais – cap. 6.14-18;
c) Lei da oferta da consagração dos sacerdotes – cap. 6.19-23;
d) Lei da oferta pelo pecado – cap. 6.24-30;
e) Lei da oferta pela culpa ou transgressão – cap. 7.1-10;
f) Lei da oferta de paz – cap. 7.11-21;
g) Vários regulamentos sobre comer sangue, gordura, a porção dos
sacerdotes e vários outros regulamentos, culminando com uma síntese de todos os sacrifícios.
cap. 7.37, 38.

Quando se apresentava mais de uma classe de oferta (como em Nm. 7.16, 17),
em geral o procedimento é como se segue:
1) A oferta pelo pecado;
2) O holocausto;
3) A oferta de paz e a oblação (junto com uma oferta de libação).

Esta seqüência dá sentido ao sistema de sacrifício. Em primeiro lugar, devia se


resolver o problema do pecado (com a oferta pelo pecado). Em segundo lugar o adorador se
entregava plenamente a Deus (com o holocausto e a oblação). Em terceiro lugar, estabelecia-
se a paz e a comunhão entre o Senhor, o Sacerdote e o adorador. Veja a tabela a seguir:

79
OS SACRIFICIOS LEVÍTICOS
SACRIFICIO ELEMENTOS PROPÓSITOS TIPOLOGIA
HOLOCAUSTO Bode, carneiro, boi, Ato voluntário de Cristo, nosso sacrifício
Lv. 1; 6.8-13; pombinho (para os adoração; expiação pelos perfeito, que se entrega
8.18-21; 16.24 pobres); totalmente pecados involuntários em voluntariamente (Mt.
queimado, sem defeito. geral; expressão de 27.35-36; Ef 5.2; Hb.
devoção; compromisso e 7.26; 9.14; 1ª. Jo. 2.6).
completa entrega a Deus.
OBLAÇÃO Grão, flor de farinha, Ato voluntário de Destaca-se aqui a
Lv. 2; 6.14-23 azeite de oliva, incenso, adoração; reconhecimento perfeita humanidade de
bolo assado, sal, sem da bondade e das Cristo; ressalta-se a
fermento nem mel, provisões de Deus; entrega de sua vida (1ª.
acompanhava a oferta devoção a Deus. Jo. 2.6).
queimada (holocausto) e a
oferta da comunhão.
OFERTA DE Qualquer animal sem Ao voluntário de Cristo mediante a cruz,
PAZ defeito tomado do adoração; ação de graças restaurou a comunhão
Lv. 3; 7.11-34 rebanho; variedade de e comunhão (incluía uma do crente com Deus. Ele
bolos. comida de toda a é nossa paz, fez cessar
comunidade). as guerras.
OFERTA PELO Para o sumo sacerdote e a Para expiação de pecado Cristo padeceu “fora da
PECADO congregação: um bezerro. especifico e involuntário; porta” (Hb. 13.10-13).
Lv. 4.1 a 5.13; confissão de pecado:
6.4-30; 8.14-17; Para os lideres: um bode. perdão de pecado;
16.3-22 limpeza da imundícia.
Para qualquer pessoa do
povo: uma cabra ou um
cordeiro.

Para os pobres: duas rolas


ou dois pombinhos.

Para os muitos pobres: a


décima parte de uma efa
de flor de farinha.

SACRIFICIO Carneiro (somente). Para expiação de pecados Cristo, mediante seu


DE involuntários que requeria sacrifício, pagou a culpa
RESTITUIÇÃO restituição; limpeza da dos pecados atuais dos
Lv. 5.14 a 6.7; imundícia, fazer crentes.
7.1-6 restituição; acrescentar (Rm. 3.24-26; Gl. 3.13;
20%. Hb. 9.22

A Consagração dos sacerdotes - (cap. 8).

Conforme orientação divina dada a Moisés, Arão e seus filhos tinham sido
separados para o sacerdócio, e nenhum outro oficio poderiam exercer. Sua consagração exigia
separação das coisas do mundo, de tão elevada era a posição que tinham diante de Deus; é que
a partir do momento da consagração seriam vistos como legítimos representantes de Jeová.

80
Na consagração sacerdotal, eram usados os seguintes elementos:
a) Os vestidos sacerdotais (Ex. 28 e 29);
b) Óleo da santa unção;
c) O novilho para oferta do pecado, e dois carneiros (Ex. 29.1-3);
d) Os pães da proposição.

Depois de realizado a cerimônia de consagração de Arão e seus filhos ao


sacerdócio, por Moisés, na presença dos maiorais de Israel (v.6-13), é em seguida realizado o
sacrifício da consagração. (v. 14-32), deveriam permanecer enclausurados na tenda durante
sete dias. Durante este período eles se entregavam a meditação e estariam guardados de todo
contato com o mundo, para que não se contaminassem.

No Antigo Testamento o adorador que se aproximava de Deus precisava, não só


de uma oferenda, como também da mediação de um sacerdote. O sacerdócio Levítico, tem seu
cumprimento em Jesus Cristo, o sumo sacerdote do crente (Hb. 2.17).

O Novo Testamento não inclui nenhum ministério sacerdotal em relação aos


dons ministeriais entre os crentes (Ef 4.11). Jesus Cristo é o sumo sacerdote do novo concerto
(Hb. 9.15-20) e substitui o sacerdócio imperfeito do Antigo Testamento, sendo Ele um
sacerdote perfeito para sempre (1ª. Tm. 2.5; Hb. 7.25; 9.23-28)

O sacrifício pelos Sacerdotes e pelo povo - (cap. 9).

Passados os sete dias de reclusão, os sacerdotes podiam começar o trabalho de


oferecer sacrifícios, por si mesmo (v.1-14), e pelo povo (v.15-21), terminada esta parte, como
conclusão da cerimônia, Arão e Moisés abençoaram o povo.

Tendo Cristo e sua obra em mente, aprendemos o seguinte:


Quanto ao sacerdote:

a) Moisés era inferior a Cristo (Hb. 3.1-16);


b) Arão, primeiro sacerdote, também era inferior a Cristo (Hb. 5.1-4);
c) Quanto à origem oficial, também eram inferior a Cristo (Hb. 5.4);
d) Arão precisava ser santificado, mas Cristo não precisa (Hb. 5.5,6);
e) Arão era sacerdote dos filhos de Israel, Cristo, de toda humanidade.

81
Quanto aos sacrifícios:

a) O sacrifício de Arão devia repetir-se todos os dias, mas o de Cristo foi


feito uma vez para sempre (Hb. 9.11-22).
b) Os sacrifícios que Arão oferecia eram animais limpos e simbolicamente
puros, mas o sacrifício que Cristo ofereceu foi oferecido na sua própria pessoa,
completamente, limpa, santa e pura. (Hb. 9.23-28).
c) Arão oferecia sangue de animais, mas Cristo ofereceu seu próprio
sangue (Hb. 10.1-8).
d) Arão oferecia sempre vários sacrifícios, mas Cristo ofereceu um só (Hb.
10.11,12).
e) Nos sacrifícios do Tabernáculo havia partes impuras, mas o de Cristo
tudo foi puro. (Hb. 7.26).
f) O Tabernáculo de Arão era material e corruptível, mas o Tabernáculo
que Cristo ofereceu o Seu sacrifício foi o Seu corpo Santo (Hb. 10.5-10).

A ordenança do sacrifício era um prenuncio ou sumário preliminar do único


sacrifício pelo pecado, efetuado quando Jesus Cristo ofereceu seu corpo uma única vez e para
sempre. (Hb.10.12).

Dois filhos de Arão morrem perante o Senhor - (Cap. 10).

“E os filhos de Arão, Nadab e Abiú, tomaram cada um seu incensário, e


puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face
do Senhor, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do Senhor e os
consumiu; e morreram perante o Senhor”.

“E disse Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei


Santificado naquele que se chegue a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém
Arão calou-se.” ( v.1-3).

Nadabe e Abiu puseram nos seus incensários carvões em brasa de fonte estranha.
Alem disso, oferecer incenso no altar tinha que ser feito exclusivamente pelo sumo sacerdote
(Ex. 30.7-9; Lv. 16.11-13 ); Nadabe e Abiu foram mortos porque, como sacerdotes,

82
rebelaram-se contra Deus e sua Lei, em atitude de desafio profanando o santuário. Eles
tinham sido claramente proibidos de oferecerem fogo estranho perante o Senhor. Agindo
assim, eles que deveriam ensinar a Lei de Deus, negaram-se a levar a sério seus
mandamentos. Declaravam-se ministros santos de Deus, e, no entanto, estavam servindo aos
seus próprios interesses, sem qualquer temor de Deus em suas vidas. Esses dois homens eram
lideres do povo de Deus. Quando os ministros de Deus ostensivamente cometem pecado, isso
atinge grandemente a excelsa dignidade de Deus e o seu propósito redentor na terra. Tais
delitos profanam a Igreja e a totalidade do povo de Deus e desonram o nome do Senhor. Por
essa razão, a Bíblia ensina que somente aqueles que levam uma vida cristã de perseverança
na fidelidade a Deus e à Sua Palavra podem ser escolhidos como dirigentes do povo de Deus.

Leis referentes à pureza em geral - (cap. 11-15).

Os capítulos 11-15 expressam a solicitude de Deus pela saúde física e bem estar
do seu povo. Os povos antigos, vizinhos de Israel, nada sabiam a respeito de higiene,
saneamento, a importância de lavar-se, a prevenção de doenças infecciosas, nem dispensavam
cuidados adequados aos pobres e enfermos. As Leis de Deus promoveram o interesse por
essas coisas e predispuseram o povo a uma vida santa e a considerar que Deus é Santo.

Quanto a essas Leis temos:


a) Animais para alimento e Sacrifício - cap.11
b) A purificação da mulher após o parto – cap. 12
c) As leis referentes à lepra em Israel – cap. 13 e 14
d) Imundícias do homem e da mulher – cap. 15

O grande dia Nacional da Expiação - (cap. 16)

A palavra “expiação” vem do hebraico “Kippurim”, derivado de “Kaphar”, (que


significa “cobrir”), comunica a idéia de cobrir o pecado mediante um “resgate”, de modo que
haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido.

O grande dia nacional da expiação resume em si o ritual máximo do


Tabernáculo.

83
Quanto à sua natureza, o sacrifício oferecido no dia da Expiação era:
a) Era um sacrifício anual – ocorria no dia 10 de Tisri (setembro), o mês
dos grandes festivais religiosos de Israel.
b) Era o ponto alto de Todo o Cerimonial e de Todo o Pentateuco.
c) Era a maior profecia do sacrifício de Cristo.
d) O sacrifício do Grande Dia era à base de todas as seções evangélicas
dos salmos e dos profetas.
e) Grande parte do Novo Testamento seria ininteligível ou simplesmente
não existiria se não fosse o dia da expiação.

Quanto ao ritual do Grande Dia da Expiação Anual, aprendemos que:

a) Era uma data fixa, mas um dia semanal indeterminado (v. 29).
b) Seria dia de tristeza.
c) Era o Sábado dos Sábados.
d) O sacerdote era paramentado a rigor.
e) Animais eram oferecidos em sacrifícios: um novilho para oferta pelo
pecado do sumo sacerdote e sua casa; dois bodes e um carneiro para o sacrifício pelo pecado
do povo e para holocausto.

Com estes elementos estava preparado o material para a solenidade do grande


dia.

Quanto ao simbolismo do dia nacional da Expiação, temos:


a) O SACERDOTE: Era em figura do Sumo Sacerdote Maior, o Senhor
Jesus Cristo, com a diferença de que aquele tinha que oferecer primeiro sacrifícios por si
mesmo e depois pelo povo, o que devia repetir cada dia, enquanto que o nosso Sumo
Sacerdote não precisou oferecê-los por si mesmo, porque não tinha pecado.
b) A EXPIAÇÃO: Jesus foi tanto o nosso propiciatório como a nossa
oferta vicária. Ele mesmo entrou no santuário, não com sangue de bezerros, bodes ou
carneiro, mas com seu próprio sangue (Hb. 9.12; Rm. 3.25).
c) AS VESTES SACERDOTAIS: O sacerdote tinha de tirar suas vestes
sacerdotais e vestir de roupas claras que simbolizavam a pureza. Também Jesus teve de
despir-se de suas roupas principais, sendo sua própria túnica sorteada entre os soldados
romanos.

84
d) O SACERDOTE ENTRAVA SOZINHO NA TENDA: Da mesma
forma, Nosso Senhor Jesus Cristo entrou sozinho no Santo dos Santos de sua agonia e sozinho
fez a nossa expiação. Profeticamente ele diz em Isaias 63.3 “O lagar, eu o pisei sozinho, e
dos povos nenhum homem se achava comigo”.
e) O HOLOCAUSTO: Depois de feita a expiação, vinha à festa do
holocausto, significando que o pecado já não existia e o povo podia fazer festa com alegria.
Depois que o Senhor Jesus Cristo nos salvou podemos viver alegres e gozar a felicidade que
advem da salvação.

Visto que os sacrifícios de animais tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo


pelo pecado e que se cumpriram no sacrifício de Cristo, não há necessidade de sacrifício de
animais depois da morte de Cristo na cruz (Hb. 9.12-18).

2º- AS LEIS MORAIS OU DE SANTIDADE – Cap. 17-26

Leis sobre a matança de animais e o uso do sangue - (cap.17)

O ritual do Tabernáculo pedia a imolação de um número considerável de


animais para o sacrifício. Esta matança requeria cuidados especiais não só por causa da
higiene, mas também por causa do sangue. Tão importante é esta seção de Levítico que ela foi
dirigida não só a Moisés, Arão e seus filhos, mas a todos os filhos de Israel.

Esse princípio da expiação vicária através do sangue alheio ajuda-nos a


compreender a importância do sangue de Cristo para obtermos a nossa Salvação sob o novo
concerto. Quando Jesus Cristo derramou o seu sangue na cruz, Ele deu sua vida em
substituição à vida do pecador (Rm. 5.1). Visto que a vida de Jesus estava isenta de pecado,
sendo perfeito diante de Deus, seu sangue é de valor infinito e resulta em perfeita Salvação
para todos aqueles que o aceitam e o seguem (Cl. 1.14; Hb. 9.13, 14; Jo. 1.7; Ap. 7.14).

Problemas sociais para todos os povos - (cap. 18-20).

O povo de Israel devia ser diferente dos de Canaã e do Egito. Os pecados que
foram motivos para Deus destruir os cananeus e muitos outros povos antigos, não deviam ter

85
lugar entre os filhos de Israel. Deste povo especial, Deus requeria santidade, temor aos pais,
observância dos sábados (como sinal de pacto entre Deus e a nação), separação da idolatria,
animais para o sacrifício, o rabisco da colheita, o cumprimento dos deveres para com o
próximo, amor para com os irmãos, não comerem sangue, abstinência da prostituição, não
consultar adivinhos e feiticeiros; respeito à velhice, e hospitalidade para com o natural e o
estrangeiro. Alem disto, Deus proibiu Israel de oferecer seus filhos ao deus Moloque, e
condenou qualquer tipo de imoralidade que os identificassem com os povos que habitavam
Canaã antes deles. Os cananeus sacrificavam criancinhas aos seus deuses, como parte de sua
religião herética. Essa pratica detestável foi rigorosamente proibida por Deus. (Lv. 20.2-5; Jr.
32.35). Ato sexual com alguém do mesmo sexo é abominação ao Senhor. Tal ato é detestável
e repulsivo a Deus (v. 22, 23).

No capitulo 19.18, 34, diz: “Não te vingarás, nem guardará ira contra os filhos
do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Como o natural entre vós será o
estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiro fostes
na terra do Egito”.

O próximo refere-se a qualquer pessoa com quem temos algum contato, e não
apenas alguém que mora perto de nós. Este mandamento, que regulava a maneira de Israel
tratar os outos foi citado por Jesus Cristo (Mt. 22.39), por Paulo (Rm. 13.19), e, por Tiago
(Tg. 2.8). Os versículos 9-18 do capítulo 19 descrevem maneiras praticas de demonstrar-nos
amor e solicitude ao nosso próximo. Amor ao próximo inclui amar os estranhos (os
forasteiros e residentes estrangeiros) que vem morar onde vivemos. Jesus destaca a mesma
coisa na parábola do bom samaritano (Lc. 10.25-37). O próprio Deus amava o seu povo
quando eram estrangeiros, e requer que façamos o mesmo. Deus quer abençoar todas as
nações do mundo (Gn. 12.3; Jo. 3.6).

Algumas das Leis de Levítico eram aplicáveis somente a Israel, segundo o Velho
Concerto, ao passo que outras ainda são aplicáveis aos crentes do Novo Concerto. No tocante
as primeiras, algumas foram dadas visando evitar que os israelitas se envolvessem em práticas
pagãs dos povos vizinhos, por exemplo: a proibição quanto ao uso de diferentes tipos de
tecido no vestuário pode ter sido pelo fato dos sacerdotes pagãos praticarem feitiçaria,
mesclando diferentes tipos de tecidos nas suas roupas. O principio dessa lei, significava a
pureza livre de mistura.

86
Regulamento Sacerdotal - (cap. 21-22).

O capítulo 21 trata das qualificações e dos altos padrões para aqueles que
serviriam como ministros do povo de Deus. Deviam ser exemplos de vida santa, tanto nos
seus deveres cerimoniais, quanto ao seu caráter pessoal e seus atos: daí, Deus requerer deles
um padrão mais elevado do que ele exigia de um simples membro do seu povo.

Os sacerdotes deviam separar-se de todos os costumes ímpios e ter uma vida


irrepreensível, conformada a vontade de Deus. Um padrão inferior a este profanaria o nome
do seu Deus (profanar significa: infamar o nome do Senhor e despojá-lo da sua santidade).

O principio da santidade no ministério, continua no Novo Concerto, uma vez, é


que a vontade de Deus é que somente aqueles que vivem uma vida santa e reta sejam seus
escolhidos para cuidar do seu povo (1ª. Tm. 3.1-7; 4.12).

Os sacerdotes eram proibidos de se casarem com mulheres de passado imoral, ou


divorciadas; deviam casar-se somente com virgens ou com viúvas de outros sacerdotes (v. 13-
15; Ez 44.22 ).

Deus revelou através dessa Lei, que os ministros do seu povo devem ser
exemplos também quanto aos elevados propósitos para o casamento e a família. No Novo
Testamento é uma exigência divina que o homem seja um modelo de fidelidade a sua esposa e
família, antes de ser escolhido pastor de uma congregação.

Todo aquele que serve no ministério deve ser inculpável e irrepreensível.

No capitulo 22 as leis de santidade, por mais de uma vez referidas nas varias
comunicações de Jeová, são aqui renovadas em toda a sua força. O sacerdote deveria, pois,
guardar-se incontaminado, separado de tudo que literal ou cerimonialmente fosse julgado
imundo. Deveria ter cuidado no manuseio e administração das coisas sagradas.

87
As festas solenes de Israel - (cap. 23).

Como um povo santo, Israel possuía uma religião santa, festas santas, etc.
Dentre os elementos caracterizadores da vida e do culto dos hebreus, se destacam os
seguintes:
1) O Sábado;
2) A Páscoa;
3) Festa dos Pães Asmos;
4) Festa das Primícias;
5) Festa do Pentecostes;
6) Festa das Trombetas;
7) Dia da Expiação;
8) Festa dos Tabernáculos.

A maioria das festas sagradas de Israel se relacionava com as atividades


agrícolas e os acontecimentos históricos da nação hebréia. Foram instituídas como parte do
concerto no Sinai (Ex. 23.14-19). Todos os varões israelitas estavam obrigados a participar
das três festas dos peregrinos: Páscoa, Pentecostes e dos Tabernáculos, todavia, nem todas as
convocações santas eram festas. Seis dentre elas eram para celebrar e desfrutar as bênçãos de
Deus, uma se observava com tristeza. As festas eram celebradas com o duplo propósito de
refletir a bondade de Deus e de recordar que os israelitas eram o povo escolhido por Deus. As
celebrações solenes requeriam setenta e sete dias ao ano, nos quais os israelitas deviam
deixar seu trabalho e dedicar-se ao culto a Deus .

88
O diagrama e sua explicação que aparece em seguida mostra a relação entre as
festas hebraicas e o calendário atual.

89
O CALENDÁRIO HEBRAICO

NOME E REFÊRÊNCIA AGRICULTURA E FESTAS


EQUIVALENTE CLIMA
ABIBE; NISÃ Ex. 12.2; 13.4; Chuvas tardias de PASCOA,
(Março-Abril) 23.15; 34.18; Dt. primavera. PÃES ASMOS,
16.1; Ne. 2.1; Inicio da colheita da AS PRIMICIAS
Et. 3.7 cevada e do linho
ZIVE (LIAR) 1º. Rs. 6.1, 37 Colheita da cevada.
(Abril-Maio) Inicio da estação da seca
SIVÃ Et. 8.9 Colheita do Trigo PENTECOSTES
(Maio-Junho) FESTA DAS
SEMANAS
(TAMUZ) * Cuidado dos Vinhedos
(Junho-Julho)
( ABE ) Maturação das uvas,
(Julho-Agosto) figos e azeitonas.
ELUL Ne. 6.15 Processamento dos figos,
(Agosto- uvas e azeitonas.
Setembro)
ETANIM ( 1º. Rs. 8.2 Começam as chuvas AS TROMBETAS,
TISRI)* temporãs de outono. A EXPIAÇÃO,
(Setembro- Tem inicio a lavradura dos OS TABERNÁCULOS
Outubro) campos.
BUL 1º. Rs 6.38 Semeadura do Trigo
(MARESVÃ)* e da Cevada
(Outubro-
Novembro)
QUISLEU Ne. 1.1; Zc. 7.1 Começam as chuvas de HANUCHÁ
(Novembro- inverno (DEDICAÇÃO)
Dezembro) (neve em algumas regiões )
TEBETE Et. 2.16
(Dezembro-
Janeiro)
SABATE Zc. 1.7
(Janeiro-
Fevereiro)
(ADAR-SHEN)* Ed. 6.15; Et. 3.7; Florescem as amendoeiras. PURIM
(Fevereiro- Et.3.13; 8.12; 9.1, Colheita das frutas cítricas
Março) 15, 17, 19, 21
( ADAR-SHEM )* = Era acrescentado a cada três meses, para que o calendário lunar
( Segundo Adar ) correspondesse ao ano solar
* Os nomes entre parênteses não se encontram na Bíblia

90
Leis sobre a Lâmpada do Tabernáculo e os Pães da Preposição
(cap. 24-26)

Em resumo, os capítulos 24, 25 e 26 de Levítico, abordam os seguintes assuntos:


a) A lâmpada do Tabernáculo, também chamada lâmpada de Jeová, e a
necessidade de estar sempre acesa – cap. 24.1-4;
b) Os pães da presença ou da proposição – cap. 24.5-9;
c) O pecado de blasfêmia - cap. 24.10-23;
d) O ano sabático – cap. 25.1-7;
e) O ano do Jubileu – cap. 25.8-55;
f) Mandamentos, promessas e ameaças – cap.26;

3º – OS VOTOS E OS RESGATES DOS MESMOS - Cap. 27

Dízimos e ofertas (cap. 27).

Este capítulo trata dos dízimos e das ofertas. O dizimo é a décima parte do
produto da terra e do gado que era dado ao Senhor. O dizimo de Israel era entregue para o
sustento dos Levitas (Nm. 18.21) e dos sacerdotes (Nm. 18.28), para ajudar nas refeições
sagradas, e para socorrer os pobres, os órfãos e as viúvas (Dt. 14.22-29).

Nas Leis sobre o dízimo, Deus estava simplesmente ordenando que os seus, lhe
devolvessem parte daquilo que ele já lhes tinha dado.

Alem dos dízimos, os israelitas eram instruídos a trazer variadas oferendas ao


Senhor, principalmente na forma de sacrifício, como abordado nas lições anteriores. Alem
dessas oferendas, os israelitas podiam apresentar outras ofertas voluntárias ao Senhor.
Algumas destas eram repetidas em tempos determinados (Lv. 22.18-23; Nm. 15.3; Dt. 12.6,
17), ao passo que outras eram ocasionais. Leia: Ex. 35.20-29; Ex. 36.3-7; 2º. Rs 12.9, 10; 2º.
Cr. 31.5-19.

91
Houve ocasiões na história do Antigo Testamento em que o povo de Deus reteve
egoisticamente o dinheiro, não repassando os dízimos e ofertas regulares ao Senhor. Durante a
reconstrução do Segundo Templo, os judeus pareciam mais interessados na construção de
suas propriedades, por causa dos lucros imediatos que lhes trariam, do que os reparos da
“Casa de Deus” que se achava em ruínas. Por causa disso alertou-lhes o profeta Ageu que
muitos deles estavam sofrendo revezes financeiro (Ag. 1.3-6). Coisa semelhante acontecia no
tempo do Profeta Malaquias, e, mais uma vez, Deus castigou seu povo por se recusar a trazer-
lhes o Dízimo (Ml. 3.9-12).

Os exemplos dos dízimos e ofertas no Antigo Testamento contêm princípios


importantes a respeito da mordomia do dinheiro, que são válidos para os crentes do Novo
Testamento. Consideremos o seguinte:
a) Devemos lembrar-nos que tudo que quanto possuímos pertence a Deus,
de modo que aquilo que temos não é nosso, é algo que nos confiou aos cuidados. Não temos
nenhum domínio sobre as nossas posses.
b) Devemos decidir, pois, de todo o coração servir a Deus, e não ao
dinheiro (Mt. 6.19-24; 2ª. Co. 8.5). A cobiça é uma forma de idolatria (Cl. 3.5).
c) Nossas contribuições devem ser para o reino de Deus, especialmente
para a obra local e a disseminação do Evangelho pelo mundo (1ª. Co. 9.4-14; Fp. 4.15-18; 1ª.
Tm. 5.17, 18), ajudar os necessitados (Pv. 19.17; Gl. 2.10; 2ª. Co. 8.14; 9.2), para acumular
tesouros no céu (Mt. 6.20; Lc. 6.32-35) e para aprender a temer o Senhor (Dt. 14.22, 23).
d) Nossas contribuições devem ser proporcionais a nossa renda. O dízimo
é a décima parte. Dar menos que isto é desobediência a Deus. Alias equivale a roubar a Deus
(Ml 3.8-10); leia também: (1ª. Co. 16.2; 2ª. Co. 8.13,12).
e) Nossas contribuições devem ser voluntárias e generosas, pois assim é
ensinado tanto no Antigo Testamento (Ex. 25.1, 2; 2º. Cr. 24.8-11), quanto no Novo
Testamento (2ª. Co. 8.1-5, 11, 12). Não devemos hesitar em contribuir de modo sacrificial,
pois foi com tal espírito que o Senhor Jesus entregou-se por nós. Para Deus, o sacrifício
envolvido é muito mais importante do que o valor monetário da dádiva (Lc. 21.1-4).
f) Nossas contribuições devem ser dadas com alegria (2ª. Co. 9.7). Tanto
o exemplo dos israelitas no Antigo Testamento (Ex. 35.21-29; 2º. Cr. 24.10), quanto o dos
cristãos macedônios no Novo Testamento (2ª. Co. 8.1-5 ) servem-nos de modelos.
g) Deus tem prometido recompensar-nos de conformidade com que lhes
temos dado (Dt. 15.4; Ml. 3.10-12; Mt. 19.21; 1ª. Tm 6.19).

92
O livro de Números é o quarto livro do Pentateuco na Bíblia escrito cerca de
1405 a.C. Cronologicamente o livro de Números é uma continuação da História relatada em
Êxodo.

A autoria do livro de Números é atribuída a Moisés.

O título do livro é derivado das duas numerações do povo de Israel: a primeira


no segundo ano da sua jornada (cap. 1-4), a outra quando os israelitas estavam junto à terra de
Canaã, trinta e oito ano mais tarde (cap. 26), portanto o livro abrange trinta e nove anos.

Alem destes assuntos compreende o livro algumas leis e observâncias (cap. 5-


10.10), bem como vários episódios notáveis, por exemplo, a nomeação dos setentas anciãos
(cap. 11); e as expedições dos espias e suas conseqüências (cap.13-14).

A jornada dos Hebreus prolonga-se então. Segue-se a rebelião de Core, com os


subseqüentes decretos referentes ao sacerdócio (cap. 16-19).

A marcha final pelo deserto é então narrada, descrevendo-se os incidentes da


rocha, “tocada” com a vara, e da serpente de bronze, assim como a visita e as profecias de
Balaão (cap. 20-24). As murmurações e os castigos do povo ocupam uma grande parte dos
Números, sendo concluída esta parte do Pentateuco com a conquista de Mídiã (cap. 31), a
divisão do território ao oriente do Jordão (cap. 32), a recapitulação das estações do deserto
(cap. 33), uma exposição dos limites da terra de promissão (cap. 34), e as deliberações com
respeito às cidades de refúgio (cap.35) e ao casamento dos herdeiros (cap. 36).

93
O livro de Números, à parte a sua importância histórica, é particularmente
valioso pela maneira como descreve o cuidado do Senhor pelo Seu povo, a Sua justiça, e a
Sua compaixão. É também admiravelmente apresentado o caráter de Moisés, quanto à sua
fraqueza e a sua fortaleza moral.

As referências do Novo Testamento, aos personagens e aos incidentes nos


Números compreendem:
 Os nazireus (Nm. 6; Lc. 1.15; At. 18.18; 21.26).
 A Páscoa (Nm. 9; Jo. 19.36; 1ª. Co. 5.7).
 O maná (Nm. 11.4-9; Jo. 6.31-35, 41-58; Ap. 2.17).
 A fidelidade de Moisés (Nm. 12.7; Hb. 3.5, 6).
 Os prostrados no deserto (Nm. 14.16; 1ª. Co. 10.5; Hb. 3.8; Jd. 5).
 O pecado de Coré (Nm. 16; Jd .11).
 A vara de Arão (Nm. 17.8; Hb. 9.4).
 A disposição a respeito da novilha vermelha (Nm. 19; Hb. 9.13).
 Balaão (Nm. 22.5; 31.16; 2ª. Pe. 2.15; Jd. 11; Ap. 2.14).

A expressão “ovelhas que não tem pastor” aparece pela primeira vez em Nm.
27.17; compare: 1º. Rs. 22.17; 2º. Cr. 18.16; Ez. 34.5; Zc. 10.2; e no Novo Testamento com
Mt. 9.36; Mc. 6.34.

Esboço do Livro:
1- Israel no Sinai – cap. 1 a 10.10
2- Israel errante de Sinai a Cades – cap. 10.11 a 21
3- De Cades ao acampamento em Moabe – cap. 22 a 36

1º - ISRAEL NO SINAI – Cap. 1-10.10

O primeiro censo - (cap.1).

Concluída a construção do Tabernáculo, e, estando o povo preparado para a


marcha, Deus ordenou a Moisés que contasse o número dos filhos de Israel. O censo
verificou-se no primeiro dia do segundo mês do segundo ano após a saída do Egito. Contado
os filhos de Israel, verificou-seque os homens de vinte anos para cima, capazes de ir à
batalha, somava seiscentos e três mil e quinhentos e cinqüenta. Contados todos os homens,
evidentemente teríamos o dobro. Por isso julga-se que o numero dos filhos de Israel,
durante os primeiros anos de peregrinação era de mais ou menos três milhões; excetuando-
se a tribo de Levi que não fora contada dada a sua singular missão espiritual.
94
O propósito do censo era organizar Israel como nação e também o seu exército.
A realização do censo ressaltou o fato que cada indivíduo era importante nos propósitos
divinos e que a atividade da nação devia ser dirigida por Deus a quem também devia prestar
contas de tudo (cf. Fp. 4.3; 2ª. Tm. 2.19).

Ordem no acampamento - (cap.2).

Feita a contagem dos filhos de Israel, Deus ordenou que as tribos fossem
dispostas ao redor do Tabernáculo, da seguinte maneira:

a) Do lado Oriental: As tribos de Judá, Issacar e Zebulom.


b) Do lado Sul: As tribos de Rúben, Simeão e Gade.
c) Do lado Oeste: As tribos de Efraim, Manasses e Benjamim.
d) Do lado Norte: As tribos de Dã, Aser e Naftali.

Feita esta disposição, sempre que fosse levantado o acampamento, as tribos


marchariam na sua ordem, indo à arca do concerto no centro, conduzida pelos Levitas.

A Bíblia ensina organização, não como uma finalidade em si mesma, mas para
que o trabalho em vista se proceda de maneira ordenada. O Tabernáculo no centro do
acampamento simbolizava o fato de que a vida da nação girava em torno do Senhor e da sua
adoração, como seu redentor.

O serviço do Tabernáculo - (cap3-5).

“E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Faze chegar a tribo de Levi, e põe-na


diante de Arão, o sacerdote para que o sirvam...” (Nm. 3.5-6; leia também: Nm. 3.3, 9-10).

O serviço do santuário, tanto o culto quanto a manutenção do mesmo, seriam


prestados pelos Levitas que tivessem não menos de 30 anos, nem mais de 50 anos. Aos
gersonitas cabia a responsabilidade de todos os panos e véus do Tabernáculo; aos filhos de
Coate, a guarda das alfaias, mesas, altares e vasos de uso sagrado do Tabernáculo. Aos filhos
de Merári, cabiam a guarda e transporte dos varais, tábuas, colunas, bases, estacas e pequenas
peças do Tabernáculo.

95
Os sacerdotes eram ungidos com azeite para consagrá-los ao serviço de Deus.
Semelhantemente no Novo Testamento, quando os crentes são ungidos pelo Espírito Santo,
são consagrados e capacitados com poder, para serviço e testemunho no reino de Deus (At.
1.8; 2.4). Os nomes “Messias” (hebraico), e “Cristo” (grego) significam ambos “O Ungido”.
Tudo quanto Cristo fazia era pela unção do Espírito Santo.

A lei do Nazireu - (cap. 6.1-21).

Nazireu quer dizer consagrado. Vem de um verbo da língua hebraica que


significa consagrar. Podia dedicar-se ao Senhor ou ser dedicada pelos seus pais. Uma vez
dedicada ao Senhor a pessoa não podia beber vinho, comer uvas, cortar cabelo, nem
acompanhar um cortejo fúnebre. O nazireu era santo do Senhor. Em Israel era comum os pais
dedicarem a Jeová um filho desejado, como é o caso de Samuel, Sansão e tantos outros. Se
hoje houvesse esse costume, seria um meio de, publicamente, alguém testificar que essa
pessoa fora objeto de graça especial de Deus.

Os nazireus eram suscitados pelo próprio Deus para demonstrarem através do


seu modo de vida, o máximo padrão divino de santidade, de consagração e de dedicação,
diante do povo (Am. 2.11, 12). O propósito disso era ensinar a Israel que a dedicação total a
Deus deve primeiro brotar do coração da pessoa, para depois expressar-se através da
abnegação, do testemunho visível e da pureza pessoal. A dedicação completa do nazireu é um
exemplo daquilo que todo cristão deve procurar ser.

A benção sacerdotal - (cap.6.22-27).

Os versículos 22-27 demonstram como Deus graciosamente abençoa aos seus,


quando conservam a pureza da congregação e expressam o tipo de devoção sincera, vista no
voto do narizeu. Abençoar transmite a idéia da presença de Deus e sua operação e amor na
vida e no meio ambiente da pessoa. A dádiva de Deus é a paz. Paz significa estar completo,
sem nada faltar e recebendo tudo que é necessário para que a vida seja realmente vida (Ml.
2.5); isso inclui a esperança de um futuro ditoso (Jr. 29.11). O inverso da paz não é somente a
falta de harmonia, é também o mal em todas as formas (Rm. 1.7; 1ª. Co. 1.3; 1ª. Ts. 5.23).
A benção de Deus sobre o seu povo resultaria na salvação, esses, brilhando
como tochas acesas entre todas as nações (Sl. 67; 133.3; Ez. 34.26; Mt. 28.19; Lc. 24.50).
96
Novos passos para a marcha - (cap. 7-9).

Os capítulos 7 a 9 de Números fazem uma regressão ao dia da consagração do


Tabernáculo, tratando inclusive das ofertas consagratórias do culto do santuário, algumas
repetições sobre as lâmpadas usadas no Tabernáculo, e sobre o ritual consagratório dos levitas
ao sacerdócio. Tratam inclusive da celebração da segunda páscoa, a primeira e única ao longo
da caminhada no deserto.

A nuvem guiando o povo durante o dia e a coluna de fogo durante a noite, na


condução de Israel, eram símbolos da presença de Deus a guiar seu povo em pleno deserto.
Num caso, era o povo suavizando o calor causticante do sol; no outro, era–lhe facilitada à
vida eliminando a escuridão e o frio noturno. De qualquer forma, o Deus gracioso estava perto
do seu povo protegendo-o no seu dia-a-dia. Obedecer a Deus e seguir a sua vontade depende,
pois, tanto da orientação sobrenatural de Deus, quanto da nossa reflexão e saber, baseados nos
princípios da sua palavra. É importante que permaneçamos perto d’Ele o tempo todo e não
nos distânciarmos de sua proteção e vontade. A promessa que Deus fez de guiar o seu povo
do Antigo Testamento, continua atual para os crentes. Ele nos guiará mediante a sua Palavra e
o seu Espírito (Rm. 8.4). Ele dirigirá os caminhos de todos aqueles que o reconhecem (Pv.
3.6; Sl. 37.23; At. 5.19-20; 8.26; 13.1-4).

As trombetas - (cap. 10.1-10).

Antes de partir das cercanias do Sinai, Deus ordenou que se fizessem trombetas
de prata, para com elas ser dado o sinal de marcha. Um toque seria a chamada dos príncipes;
dois a da congregação; três significariam a ordem de marchar. Este sinal seria um estatuto
perpetuo em Israel. Sempre que houvesse perigo, seriam tocadas as trombetas, e, nos dias de
festa, seria o sinal da graça e da alegria.

No versículo nove Deus ajudaria o seu povo na guerra, somente se ele fosse
invocado mediante o sonido das trombetas. Deus determinou certas condições para os
israelitas terem sua ajuda. Deus pode deixar de agir em nosso favor se não permanecemos
perto Dele em oração, chamando por sua graça, proteção e presença.

97
2º - ISRAEL ERRANTE DO SINAI A CADES – Cap. 10.11 a 19

Os pecados durante a nova marcha - (cap.10.11 a 12).

No deserto havia apenas o maná que tinha de ser colhido a cada manhã e cozido
em panelas ou moído, para deles fazerem bolo. Enfastiado do maná, e com saudades do
alimento do Egito, os filhos de Israel murmuraram contra Deus e contra seu servo Moisés.

Em face da murmuração do povo, Moisés volta-se para Deus indagando o que


fazer em tamanho aperto. Deus declara que mandaria carne para o povo comer, não por um
dia apenas, mas por um mês inteiro. Tanto era a carne, segundo a Bíblia, que, quem menos
apanhou, apanhou dez hômeres, cerca de 3.600 Kg. Foi tal a ambição de cada um apanhar
mais que o outro que Deus se indignou com tal materialismo e mandou uma praga (muito
grande – 11.33), entre o povo, que matou muita gente.

Os israelitas não quiseram confiar em Deus e deixar com Ele sua vida e seu
futuro. Nós os crentes do Novo Testamento nunca devemos deixar de agradecer pela morte
sacrificial de Cristo por nós, pela libertação do pecado e pela graciosa provisão divina de
orientação e benção em nossa vida.

No capítulo doze, Miriã e Arão pecam contra o Senhor ao afrontarem seu servo
Moisés pelo seu casamento com uma mulher etíope (cuxita). Esse casamento não era nem
moral, nem legalmente errado. A humildade de Moisés consistia em sua confiança em Deus
como Senhor; daí ele ser isento de egoísmo e ambições carnais. Quando sob afronta ou
ameaça, Moisés dependia de Deus e Nele confiava como seu socorro e defesa.

As Escrituras afirmam que Deus se compraz em assistir ao humilde (Sl. 22.26;


25.9; 147.6; 149.4; Mt. 5.5; 1ª. Pe. 5.6). Jesus, como profeta semelhante a Moisés (At. 7, 37),
foi manso e humilde de coração (Mt 11.29), e entregava-se a Deus ao ser maltratado (1ª. Pe.
2.23).

O pedido de Miriã e de Arão ao questionarem a autoridade de Moisés foi falta de


temor a Deus e desacato a sua palavra através do seu profeta Moisés.

98
Moisés foi o mediador do Antigo Concerto, assim com Jesus é o mediador do
Novo (Hb. 3.2-6). Deus falava diretamente com Moisés (“boca-a-boca”), e daí a palavra que
Moisés transmitia ao povo era a palavra autentica de Deus. Embora Miriã e Arão fossem
líderes de Israel, não tinham o direito de contestar a autoridade de Moisés. Assim como Deus
lhes mostrou que não tinham o mesmo grau de autoridade de Moisés, assim também os
crentes atuais não têm o direito de se julgarem como tendo o mesmo nível de autoridade das
Escrituras.

Em Cades – Barnéia - (cap.13-15).

Após vários dias de viagem, o povo finalmente chegou a Cades. Depois do


Sinai, nenhum outro lugar existe, nesta narrativa, mais importante que Cades. Israel estava a
um passo da Terra Prometida. De tão perto que estava, e de tão iminente que parecia o
começo da conquista de Canaã, Moisés enviou doze espias, um representante de cada uma das
doze tribos de Israel, a fim de analisar a terra.

Após espioná-la, a conclusão a que chegaram tais espias foi que a terra era fértil
e desejável, manava leite e mel, mas, a questão agora era vencer os seus habitante e tomar as
suas cidades. Dos doze espias, dois (Calebe e Josué) concordaram com os outros, menos com
a invencibilidade dos habitantes da terra. Mas o argumento dos dez triunfou, conduzindo ao
povo a uma grande revolta, num declarado gesto de incredulidade diante das grandes
possibilidades do poder de Deus colocado em seu favor. Por esta razão Deus os fez andar
durante quarenta anos no deserto. Esse evento crucial, na viagem de Israel no deserto, ensina-
nos que não devemos admitir que a opinião da maioria, até mesmo da igreja, esteja sempre
certa. Os crentes fiéis devem estar dispostos a ficar firmes à base da Palavra de Deus, mesmo
se a maioria estiver contra eles (2ª. Tm. 1.15).

OS POVOS DA PALESTINA

No seu relato a Moisés, os espias mencionaram alguns dos povos que habitavam
“a Terra Prometida”. Dentre os quais se destacam os seguintes:

a) Os Amalequitas: Habitavam ao sul da Palestina e sudeste das


montanhas de Judá. Não tiveram grande papel nos maiores feitos daquela época, mas não
eram tão insignificantes.
99
b) Os Hiteus: De tudo que esta gente representa na história antiga, ainda é
pouco o que se sabe. Os espias os encontraram morando nas montanhas da Palestina, onde
mais tarde Josué foi encontrar fortes concentrações militares. São também chamados hititas.
c) Os Jebuseus: Os Jebuseus ou jebusitas eram os moradores de
Jerusalém, terra de Melquisedeque, cidade muito antiga, fundada, segundo alguns estudiosos,
uns três mil anos antes de Cristo.
d) Os Amoritas: Povo pouco conhecido. Sabe-se, no entanto, que
descendiam de Canaã (Gn. 10.16).
e) Os Cananeus: “Cananeu” é um termo genérico que inclui diversos
grupos étnicos, tais como os girgaseus, heveus, sineus e outros. Entre estes estariam os
anaquins, gente de alta estatura, que tanto medo incutiu nos dez espias. Habitavam a margem
do rio Jordão.

Foi, pois, contra tal gente que os dez espias temeram guerrear. Levando em
consideração os recursos humanos, eles tinham razão. Lutar contra um tão numeroso grupo,
com cidades fortificadas, quando eles não tinham mais do que as suas espadas, sem qualquer
outra defesa além da proteção divina, era coisa que só pela fé poderia ser conseguida e era o
que faltava àquela gente.

Crer em Deus importa em aceitar tudo quanto Ele disser como a verdade e agir
de acordo com isso, confiar inteiramente nas suas promessas, andar nos seus caminhos e amá-
lo de todo o coração e de toda a alma (Dt. 10.12). A presença da fé faz-nos aceitos por Deus e
considerados justos diante Dele; a ausência da fé nos condena. Moisés é um exemplo clássico
de um homem tão dedicado ao Senhor que se preocupa mais com a reputação de Deus do que
seu próprio sucesso e honra (Nm. 14.12, 13). Quando os crentes compreenderem com gratidão
tudo que Deus fez por eles através de Cristo, também desejarão acima de tudo exaltar ao
Senhor e à sua glória e evitar que seu nome caia no opróbrio dos incrédulos.

O perdão de Deus nem sempre significa isenção de castigos (Nm. 14.20, 21, 22,
23, 27, 37; 2º. Sm. 7.14). O Novo Testamento declara explicitamente que Deus ordenou seu
julgamento sobre Israel por sua desobediência e incredulidade, para que isso servisse de
advertência a todos os crentes.

100
Considerando o fracasso de Israel no deserto, temos para os crentes em Cristo a
seguinte exortação: “Vede irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e
infiel, para se apartar do Deus vivo”. (Hb. 3.12), e por isso deixar de entrar naquele repouso,
o Céu.

Os israelitas, não obstante seu arrependimento superficial e sua expressão


momentânea de confiança nas promessas de Deus ignoraram a advertência de Deus.
Cometeram o engano fatal de pensar que poderiam possuir a terra prometida sem obediência,
fé e profunda comunhão com Deus. Na sua confiança momentânea, porém desorientada,
foram derrotados. A lição principal para os que estão em Cristo Jesus é que as bênçãos do
concerto de Deus não poderão ser obtidas sem obediência da fé (Rm. 1.5). Proferir palavras
de confiança simplesmente formais nada resolve; é isso que vemos através das Escrituras. (Dt.
1.20-40; Sl. 95.10; 106.24-48; Am. 2.10; 5.25; 1ª. Co. 10.1-11; Hb. 3.7; 4.13).

Quarenta anos no deserto - (cap. 16-21).

Em face da rebeldia do povo, Deus o sentenciou a andar vagueando durante


quarenta anos em pleno deserto. Evidentemente a sentença divina fez o povo estremecer.
Quase nada sabemos da história desse povo durante os quarenta anos no deserto. Toda história
desse período resume-se em quatro simples capítulos do livro de Números, e nada mais.
Sabemos, no entanto que foi um período em que o cuidado e a proteção divina eram algo real
no meio do povo. Sabe-se, por exemplo, que as suas sandália não envelheceram e que seus
vestidos nunca se rasgaram, isto durante quarenta anos.

Nova rebelião – Cap. 16

O povo se rebela outra vez. Desta feita, a revolta assume proporção nunca antes
vista em proporção de liderança. Tratava-se de despojar Moisés e Arão dos privilégios que
tinham. É que alguns dos Levitas, não se contentando com o serviço do santuário, queriam
também ser sacerdotes. Por isso convidaram alguns rubenitas valentes, para acusar Moisés de
havê-los tirado do Egito, a única terra, segundo eles, que manava leite e mel, só para matá-los
em pleno deserto. A estes se aliaram mais de 250 chefes de tribos, maiorais da nação. Juntos
vieram a Moisés e pleitearam os mesmos direitos que este tinha. Tão grande foi o problema
gerado por esta rebelião que Deus teve de intervir, destruindo Coré, Datã e Abirão, líderes do
movimento e todos os seus familiares e seus aliados.
101
No dia seguinte a esses terríveis acontecimentos (cap. 16), a congregação de
Israel levantou-se cedo pela manhã e censurou Moisés por estar destruindo a nação. Moisés
chamou Arão, e logo a nuvem do Senhor apareceu sobre a tenda. Era o Senhor que voltava a
visitar os rebeldes com o seu juízo através de uma praga que matou num só dia 14000 dos
filhos de Israel.

Deus deixou claro que Ele estava no governo. Segundo o Novo Concerto, é Deus
que continua decidindo que tipos de pessoas devem pastorear a sua Igreja. Ele estabeleceu as
sagradas qualificações para aqueles que desejam servir o ministério (1ª. Tm. 3.1-12; 4.12-16;
Tt. 1.5-9). Quando os membros de uma igreja deixam de lado os padrões divinos para o
ministério pastoral e procuram ele mesmo dirigir esse assunto, desprezando a Palavra de
Deus, estão manifestando a atitude rebelde de Coré e dos demais que se juntaram a ele. A
direção da obra de Deus deve basear-se na Sua vontade revelada à Igreja. Os israelitas foram
enganados pelos rebeldes que os tinham como os homens mais espirituais entre eles. O povo
de Deus precisa de discernimento para evitar seguir a líderes que não provém de Deus.

A vara de Arão floresce - Cap. 17

Para evitar novos conflitos no futuro quanto, a saber, quem era Sacerdote sobre
Israel, Moisés mandou que cada príncipe, cada chefe de tribo, trouxesse uma vara. Na vara
correspondente à tribo de Levi foi escrito o nome de Arão. As varas foram postas na tenda da
congregação. No dia seguinte a vara de Arão havia florescido; brotaram folhas e nasceram
amêndoas. Todos os príncipes viram as varas e que só a de Arão florescera. Era o sinal da
aprovação divina. Depois Deus mandou que ela fosse guardada na tenda, junto com as tabuas
da Aliança e a vasilha que continha o maná, as únicas coisas que foram mantidas dentro da
arca. Este ato não só confirmava Arão como o escolhido de Deus, como também visava
impedir possíveis levantes quanto à liderança espiritual e nacional de Israel. Estava
confirmado: só Moisés era chefe civil, e só Arão era Sacerdote, de tais gerações.

Sob o Novo Concerto, líderes colocados por Deus, que proclamam fielmente a
Palavra de Deus, devem ser reconhecidos e obedecidos (Hb. 13.17; Rm. 13.1-4; 1 Tm. 2.1-3).

102
Direito e deveres dos Levitas - Cap.18.

Os Sacerdotes e os Levitas não deviam ter nenhuma herança terrena, pois o


próprio Deus era a sua porção e herança. Em principio esta promessa se estende a todos os
crentes em Cristo. Nossa herança não está nesse mundo, porque não passamos de peregrinos e
estrangeiros. Devemos buscar as coisas celestiais, pois Deus habita nos céu (Hb. 11.9-16).
Este é o nosso testemunho: “A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto,
esperarei Nele”. (Lm. 3.24).

A água da separação – Cap.19.

O sacrifício da bezerra ruiva propiciava a purificação de quem estivesse


ritualmente impuro ou contaminado, e, portanto, impossibilitado de aproximar-se de Deus em
adoração. Assim como os israelitas tinham nas cinzas um meio imediato à purificação, assim
também os crentes têm a disposição uma fonte sanadora no sangue de Cristo, na qual, pela fé
e arrependimento, podem encontrar a purificação de “todo pecado” (1ª. Jo. 1.7). Por meio
dessa purificação, poderão aproximar-se de Deus, receber misericórdia e obter graça para
ajudar a outros em tempo de necessidade (Hb. 4.16; 7.25).

A morte de Miriã Água de Meribá e a morte de Arão – Cap. 20.

No versículo 1 é narrada a morte de Miriã.

O povo peregrinara no deserto por 39 anos. A maioria das pessoas da primeira


geração já morrera sem receber o que fora prometido, porém, seus filhos em breve estariam na
terra prometida.

No versículo 8, Moisés e Arão foram ordenados por Deus a falarem a rocha, e


não feri-la, conforme fora feita em Horebe (Ex. 17.1-7).

Moisés foi proibido de introduzir o povo de Deus em Canaã, porque não


obedecera cuidadosamente a ordem do Senhor (compare v. 8 com v 11). Moisés era o líder
espiritual do povo de Deus, por meio de quem Deus outorgara a Lei. Sua responsabilidade de

103
obedecer à Palavra do Senhor era maior por causa da sua posição elevada e influência (Tg.
3.1). O pecado de Moisés foi duplo.

Primeiro falou imprudentemente, como se a gloria e o poder de Deus residissem


nele mesmo e em Arão (v.10; Sl. 106.33). Em segundo lugar agiu desaforadamente ao ferir a
rocha duas vezes com ira, ao invés de falar a rocha conforme Deus tinha ordenado.

Ao falar e agir temerariamente, Moisés demonstrou que não tinha total confiança
em Deus (v.12), e, daí, tornou-se rebelde contra seu mandamento (v. 24). Naquele momento
crítico, Moisés revelou falta de fé e obediência, que é o modo incorreto de se corresponder a
Palavra de Deus (Dt. 9.23; 1º. Sm. 12.15; 1º. Rs. 13.21; 2º. Rs. 17.14; Sl. 106.33). Além disso,
Moisés deixou de, com o seu ato, expressar que Deus é Santo e digno, e decidiu não temer a
Ele, nem obedecer ao seu mandamento. Através desses versículos, Deus faz ver a todos os
seus Ministros do Evangelho, que a responsabilidade de obedecer a Palavra de Deus é maior
devido a sua posição e influência. Assim como Moisés desqualificou-se para introduzir o
povo em Canaã, assim também os ministros de hoje podem ser reprovados em caráter
permanente para certas áreas de liderança por sua infidelidade aos mandamentos de Deus (1ª.
Tm. 3.1-7).

Nos versículo 22-29 – A morte de Arão

“Arão recolhido será a seu povo porque não entrará na terra que tenho aos
filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha palavra, nas águas de Meribá.” v. 24

As serpentes ardentes e a serpente de metal – Cap. 21.

Nos vs. 4-9, relata que o povo rodeou a terra de Edom, quando suas almas se
angustiaram e começaram a falar contra Deus e contra Moisés. Então o Senhor mandou entre
o povo serpentes que morderam o povo e morreu muitos israelitas, que se arrependeram logo
a seguir e reconheceram os pecados e pediram a Moisés que orassem ao Senhor para que
tirassem as serpentes. Então Moisés orou pelo povo. E disse o Senhor a Moisés: “Faze-me
uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar
para ela.” v.8.

104
E, Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; o que mordendo
as serpentes a alguém e este olhava para a serpente de metal era salvo da morte.

Estes versículos deixam-nos claro que o poder vivificante da serpente de metal


prefigura a morte sacrificial de Jesus Cristo, levantado que foi na cruz para dar a vida a todos
que para Ele olharem com fé. O próprio Jesus disse: “E, como Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado, para que, todo aquele que nele
crê, não pereça, mas, tenha a vida eterna.” (Jo. 3.14-15).

Também representa o homem que quer ser liberto do pecado para receber a
salvação; para isso acontecer o homem deve voltar-se de coração na obediência, na fé, e na
Palavra de Deus em Jesus Cristo.

Tanto a Serpente de Metal como o Tabernáculo não foram feitos como imagem
ou ídolo. Para justificar a adoração às imagens, a Igreja Católica Romana a Ortodoxa e outras,
ensinam seus “fieis” como no tempo do rei Ezequias, Israel fazia da Serpente de Metal, um
uso supersticioso havendo já para com ela uma reverência idólatra, na qual clamavam Neutsã,
que quer dizer serpente, e, também ofereciam incenso a ela. Por este motivo o rei Ezequias
destruiu totalmente.

“Este tirou os altos, e quebrou as estatuas, e deitou a baixo os bosques, e fez


em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até àquele dia os filhos de
Israel lhe queimavam incenso, e lhes clamavam Neutsã.” 2º. Rs. 18.4

3º - DE CADES AO ACAMPAMENTO EM MOABE – Cap. 22 a 36

Balaão e o pecado de Israel - (cap. 22-25).

Balaão era um profeta da mesopotâmia, intimado pelo rei moabita Balaque a


amaldiçoar Israel, na realidade o abençoou, porém, subornado pelo premio da injustiça,
seduziu o povo de Israel a impureza. Ele é o tipo de falso profeta no Novo Testamento.

105
A sua jumenta lhe falou, refreando a insensatez do profeta (Nm. 22.30; 2ª. Pe.
2.1-16). Ensinou a Balaque armar ciladas diante dos filhos de Israel, para comerem coisas
sacrificadas aos ídolos e se prostituírem com as filhas dos moabitas. O plano para destruir os
israelitas estava dando certo, logo que se consumiu o pecado dos filhos de Israel, irrompeu a
peste entre o povo.

Moisés ficou apavorado (Nm. 25.4, 5). Verificou que os juizes e chefes do povo
não tinham tomado qualquer medida contra os transgressores, e até muitos chefes tinham
caído no pecado em Peor.

Houve ainda, um homem que teve a coragem de trazer uma midianita, princesa
de Moabe, e apresentar-se com ela chorando diante da tenda da congregação (com o objetivo
de permanecer com aquela união reprovada por Deus), enquanto Moisés e os israelitas
choravam a morte de milhares pela peste (Nm. 25.6). Nisto Finéias, filho de Eleazar, o filho
mais velho, portanto, o próprio neto de Arão, tomou da sua espada e transpassou a ambos
dentro da tenda. Então cessou a praga. Vinte e quatro mil já tinham morrido, e outros vinte e
quatro mil, morreriam, a seguir, se não fosse à determinação deste homem de vingar a honra
da sociedade e a pureza da religião. O ato de Finéias foi em verdade, um ato de reabilitação
religiosa.

Finéias reagiu ante a degeneração moral e a idolatria entre o povo de Deus, teve
zelo excepcional pela honra de Deus, evidenciou no seu amor à retidão e a sua aversão ao
pecado, de modo como o próprio Deus demonstra. O zelo de Finéias tipifica o zelo de Cristo
pela santidade de Deus. O Senhor prometeu a Finéias um sacerdócio perfeito (Nm. 25.12, 13;
1º. Cr. 6.4ss). Quem é sinceramente zeloso pelo Senhor, sempre é recompensado com grandes
bênçãos Dele.

O segundo censo – (cap. 26).

Deus ordenou um segundo censo, a fim de preparar a nação para as suas


responsabilidades militares ao entrar em Canaã, quando da posse da herança da sua terra (Nm.
26.1-4, 51-56).

106
O anuncio da morte de Moisés - (cap. 27).

“Depois, disse o Senhor a Moisés; Sobe este monte Abarim e vê a terra que
tenho dado aos filhos de Israel. E, havendo visto, então, serás recolhido ao teu povo, assim
como foi recolhido teu irmão Arão; Porquanto rebelde fostes, no deserto de Zim, na
contenda da congregação, ao meu mandato de santificardes nas águas diante dos seus
olhos (estas são as águas de Meribá, de Cades, no deserto de Zim)” Nm. 27.12-14

Josué designado seu sucessor - (cap. 27).

“Então, disse o Senhor a Moisés: Toma para ti a Josué, filho de Num, homem
em que há o Espírito, e põe a tua mão sobre ele.” Nm. 27.18

“Espírito”, aqui, refere-se ao Espírito Santo. Entre as muitas qualificações de


Josué para a liderança, a principal era a de ele ser guiado pelo Espírito Santo. Como homem
ungido pelo Espírito do Senhor e que já revelara submissão a sua direção. Josué estava
altamente qualificado para ser o sucessor de Moisés, e investido de autoridade para dirigir o
povo (Nm. 27.19, 20).

O Holocausto - (cap. 28-29).

Esses capítulos ressaltam a importância dos sacrifícios e ofertas contínuos


oferecidos ao Senhor. Deviam ser oferecidos diariamente, semanalmente, no dia do Senhor,
no começo de cada mês, e, em certos dias do ano religioso. A necessidade contínua de o
homem chegar-se a Deus com sacrifícios salientava a verdade que a comunhão regular
incessante com Deus era necessária para sua contínua presença e benção. Esse princípio
espiritual não mudou. Os crentes de hoje precisam aproximar-se diariamente de Deus, com
oração e adoração a fim de receberem a sua graça salvífica e ajuda (Lc. 18.1; 1ª. Ts. 5.17).

O voto das mulheres - (cap. 30).

Este capítulo deixa claro que Deus requeria do seu povo o cumprimento das
promessas feitas a Ele e ao próximo. Nas Leis expressas nesse capítulo, Deus fez ver aos
israelitas a seriedade de um voto ou promessa, e acentuou que a falsidade, a mentira e a

107
hipocrisia não têm lugar entre o povo de Deus. Há, contudo, neste capítulo, dispositivos que
regulavam votos impensáveis na juventude, e os votos que afetavam o relacionamento entre
marido e mulher, ou, entre pai e filha (Ec. 5.4-6).

A destruição de Moabe - (cap.31).

Se os moabitas tivessem sido mais generosos para com Israel, teriam evitado a
calamidade da destruição deles e dos midianitas. Não souberam reconhecer que o povo que
estava chegando, vinha acompanhado do Deus Todo Poderoso.

Depois das tristes experiências em Baal-Peor, Deus ordenou o castigo dos


midianitas. Alem de matarem os homens, mataram cinco reis, inclusive Balaão. As mulheres
foram poupadas pelos soldados, mas Deus ordenou que toda aquela que tivesse pecado com
os filhos de Israel morresse, poupando-se as virgens. As cidades foram destruídas, isto é, as
muralhas e fortalezas. Depois da guerra, os soldados tiveram que ficar uma semana fora do
arraial, purificando-se.

Midianitas e moabitas são povos aparentados com os israelitas. Moabitas (e


amonitas) descendem da união incestuosa de Ló (Gn. 19.36-38). Os Midianitas descendem de
Abraão por Quetura (Gn. 25.1, 2); posteriormente eles se mesclaram com os ismaelitas,
também descendentes de Abraão, por Agar (Gn. 25.12), pois em Gn. 37.25, 27, 28 os
ismaelitas também são chamados midianitas.

Os Rubenitas e os Gaditas pedem terra - (cap.32).

A terra do oriente do Jordão era de uma fertilidade assombrosa e disso dá prova


o despojo de guerra apanhado dos moabitas. Era natural, pois, que algumas tribos
dispusessem ficar com esta posse que já estava à mão. Moisés concordou, contando que os
pertencentes assumissem o compromisso de que seguiram seus irmãos à parte ocidental, até
que toda a terra estivesse dominada. Isso fizeram. Foi então dada toda a região ao norte dos
moabitas, desde o rio Arnon ao sul, até ao monte Hermom ao norte, as tribos de Rúben e Gade

108
Deus ordena a conquista da Palestina - (cap. 33-34).

Deus fez sentir aos novos posseiros que deviam conquistar a terra, destruindo
todas as imagens, figuras, altares, colunas e qualquer coisa que indicasse culto a deuses
estranhos. A destruição desses cultos era, pois, uma medida de segurança e saneamento moral.
Foi ordenado também que os moradores fossem expulsos da terra.

No caso desses povos ficarem na terra, seria como espinhos nos calcanhares dos
novos habitantes da terra. Assim foi. Depois da conquista e depois de esfriado o fragor das
pelejas, conquistadores e conquistados deram-se as mãos, e um relacionamento proibido teve
lugar. O que Deus tinha desejado evitar deu-se. A conquista em todo seu sentido foi retardada
por séculos, e o progresso social e moral do povo israelita foram prejudicados.

As cidades de Refugio - (cap. 35-36).

Uma das peculiaridades do novo estado seria o fato de nele haver cidades sem
exércitos. A tribo de Levi não receberia herança entre seus irmãos. Seria estabelecida em
cidade no meio de todo o território, e se dedicaria ao culto divino com tempo integral. Não
receberia terra, nem a cultivaria, não iria à guerra, nem trataria de qualquer coisa que não
fosse de interesse espiritual. Sua missão era o culto divino.

As outras cidades sem exércitos eram as cidades de refugio, num total de seis.
Para lá podia correr todo criminoso que tivesse matado alguém sem intenção ou por engano,
onde estaria protegido contra o vingador. Nessas cidades o criminoso permanecia até que
provado que o crime não tinha sido proposital. Então podia sair e cuidar da sua vida. Foi a
forma estabelecida por Deus, para julgar serenamente de modo a evitar injustiças e crimes
contra pessoas inocentes.

O livro de Números termina assim:

“Estes são os mandamentos e os juízos que mandou o Senhor pela mão de


Moisés aos filhos de Israel nas campinas de Moabe, junto ao Jordão de Jericó.” Nm. 36.13

109
O livro de Deuteronômio é o quinto livro da Bíblia e o ultimo do Pentateuco,
escrito cerca de 1405 a.C. e traz como tema: “a Renovação do Concerto”.

O título, Deuteronômio vem da Septuaginta e significa “Segunda Lei”. O livro


consiste nas mensagens de despedida de Moisés, nas quais ele sumariou e renovou o concerto
entre Deus e Israel, para o bem da nova geração de israelitas. Tinham chegado ao fim da
peregrinação no deserto e agora estavam prontos para entrarem na terra de Canaã. A nova
geração, na sua maior parte, não tinha lembrança pessoal da primeira Páscoa, da travessia do
Mar Vermelho, nem da outorga da Lei no Monte Sinai. Careciam de uma narração inspirada
do concerto de Deus, da sua Lei e da sua fidelidade, bem como uma renovada declaração das
bênçãos resultantes da obediência e das maldições da desobediência.

Enquanto o Livro de Números registra as peregrinações no deserto, da rebelde


primeira geração de israelitas, abrangendo um período de trinta e nove anos, Deuteronômio
abrange talvez um período de um só mês, numa só localidade, nas planícies de Moabe,
diretamente a leste de Jericó e do rio Jordão.

Deuteronômio foi escrito por Moisés (Dt. 31.9, 24-26; cf. Dt. 4.44-46; Dt. 29.1),
e, entregue a Israel como um documento do concerto, para ser lido por extenso diante de todo
o povo, a cada sete anos (Dt. 31.10-13). É provável que Moisés tenha completado o livro
pouco antes de sua morte, cerca de 1405 a.C. O relato da morte de Moisés (Dt. 34)
evidentemente foi acrescentado logo após sua ocorrência (mais provavelmente por Josué)
como um tributo merecido a Moisés, servo do Senhor.

110
O propósito original de Moisés ao proferir seus discursos diante da nova geração
de Israel, antes de entregar as rédeas do governo a Josué para efetuar a conquista de Canaã, foi
exortar e instruir os Israelitas a respeito:
1) Dos atos poderosos de Deus e as suas promessas;
2) Seus deveres segundo o concerto: a fé e a obediência;
3) A necessidade de dedicarem-se ao Senhor, para andarem nos seus
caminhos, amá-lo e honrá-lo de todo coração, alma e forças.
Quase cem vezes, os livros do Novo Testamento citam Deuteronômio, ou a ele
aludem. Uma profecia messiânica deste livro (Dt. 18.15-19) é citado duas vezes em Atos (At.
3.22, 23; 7.37). Quando Jesus foi tentado pelo diabo, Ele respondeu, citando trechos de
Deuteronômio (Mt. 4.4, 7, 10; cf. Dt. 8.3; 6.13, 16). O cunho espiritual de Deuteronômio é
fundamental à revelação do Novo Testamento.

ESBOÇO DO LIVRO:
1 - PRIMEIRO DISCURSO: Retrospecto da Peregrinação – cap. 1-4
2 - SEGUNDO DISCURSO: Recapitulação das Leis – cap. 5 - 28
3 - TERCEIRO DISCURSO: Profecia do futuro de Israel - cap. 29-30
4 - CONCLUSÃO DO LIVRO: Últimos momentos de Moisés – cap. 31-34

1º - PRIMEIRO DISCURSO – Dt. 1-4

RETROSPECTO DA PEREGRINAÇÃO

Moisés estava agora com 120 anos. O povo de Israel estava no limiar da terra de
Canaã, num ponto que teriam atingido em apenas onze dias de jornada, quarenta anos antes.
Mas levaram quarenta anos. Quantas vezes temos de caminhar pelo mesmo caminho. Ficamos
espantados com a lentidão de Israel, quando na verdade deveríamos antes surpreender com a
nossa. Deveríamos envergonhar-nos do tempo que levamos para aprender nossas lições.
Deixar de viver na vontade de Deus e de andar segundo o Espírito (Rm. 8.12-15; Gl. 5.16)
pode resultar em atraso no plano de Deus para a nossa vida, ou, até mesmo, a supressão total
desse plano. Devemos ter um santo receio e inquietação quanto a estar fora da vontade do
Senhor e de ser privado da sua presença, graça e proteção em nossa vida.

111
Da geração que saiu do Egito, só restavam agora Josué e Calebe. Todos os
demais haviam morrido. Moisés precisava repetir a Lei em Canaã (Nm. 20,12).

Moisés começa trazendo-lhes à memória a ordem divina de tomar posse da terra


desejada e prometida. O povo é também lembrado da grande derrota sofrida em Cades-
Barnéia, de como rejeitara a Deus e se virara para voltar ao Egito, e de como muitos morreram
depois, pela loucura de querer entrar na terra após a infamar.

Passados quarenta anos de peregrinação, seus sapatos não envelheceram suas


roupas não desbotaram a cor, nem se romperam; apenas foram destruídos os que não creram.

Depois Moisés traz a lembrança do povo, os povos daquém do Jordão, entre os


quais estavam os amonitas e moabitas, descendentes de Ló, contra os quais fora proibido
guerrear por serem seus irmãos. Mesmo depois da recusa dos moabitas em permitir que os
filhos de Israel passassem pelos seus termos, em obediência a orientação divina; Israel tomou
outro caminho, mais longe, que os levou a leste do Jordão.

Se o povo atentasse ao que tinha aprendido ao longo da peregrinação pelo


deserto, de modo a não afastar-se do Deus Vivo, as vitórias prometidas estariam asseguradas.
Nada a acrescentar ou nada a tirar da Lei do Senhor. Era só cumpri-la. Nisto estava à
segurança dos filhos de Israel.

Os israelitas foram castigados por seus pecados de rebelião e incredulidade (Dt.


2.15; 1.26-40), porém, Deus continuou de certo modo a ser com eles, por confessarem o seu
pecado (Dt. 1.45-46). Deus continuará a abençoar e dirigir aqueles que se arrependem, apesar
de seus fracassos e de se apartarem por algum tempo da vida de santidade segundo a lei de
Deus.

Moisés, mesmo sabendo que estava proibido de entrar na terra desejada, ainda
assim orou ao Senhor pedindo clemência a fim de entrar na terra. Deus disse que não orasse
sobre o assunto, pois não seria atendido. É uma das poucas orações recusadas por Deus na
Bíblia. Em lugar de entrar na terra, recebeu de Deus a ordem de subir ao monte Pisga,
contemplar a terra e morrer. Neste lugar Deus disse a Moisés: “Dá ordens a Josué, e anima-
o, e fortalece-o; porque ele passará adiante deste povo e o fará possuir a terra que tu apenas
verás.” (Dt. 3.28).
112
Concluindo o discurso, Moisés exorta o povo à obediência incondicional a Deus
e ratifica a importância das três cidades de refugio, estabelecidas dalém do Jordão.

Os filhos de Israel estavam no final de sua longa caminhada de quarenta anos


pelo deserto. Estavam na planície a leste do Jordão, de onde se descortinava a terra deles no
esplendor da primavera. Mas o rio Jordão, na maior cheia do ano, parecia intransponível, alem
do grande numero de cidades fortificada e grandemente armadas. Os israelitas eram como
jovens estudantes, que, tendo terminados seus estudos, tinham o dever de começar e por em
pratica tudo aquilo que aprenderam ao longo dos anos de estudos.

2º - SEGUNDO DISCURSO – Dt. 5-28

RECAPITULAÇÃO DAS LEIS

A chave do segundo discurso de Moisés encontra-se em Deuteronômio 12.1:


“São estes os estatutos e os juízos que cuidareis de cumprir na terra que vos deu o Senhor,
Deus de vossos pais, para a possuirdes todos os dias que viverdes sobre a terra.”

Deus queria ensinar Israel o amor, que é o real cumprimento da Lei (Rm. 13.8-
10; Mt. 22.37-40).

Moisés anuncia a Lei de modo simples, claro e objetivo, de modo a poder exercer
domínio na vida do povo. (Lv. 11,44).

Neste seu discurso, Moisés faz o seguinte:


1) Repete os dez mandamentos, enfatizando a sua atualidade para a
geração a quem ele se dirigia.
2) Fala do seu papel como mediador entre Deus e o povo.
3) Enfatiza a obediência como o cumprimento integral da lei.
4) Admoesta o povo contra a infidelidade a Deus e a seus sagrados
princípios.
5) Mostra que as bênçãos são conseqüências naturais da obediência aos
mandamentos de Jeová.

113
6) Exorta os filhos de Israel a nunca se esquecer dos benefícios recebidos
das dadivosas mãos de Deus.
7) Lembra aos israelitas a capacidade provedora e protetora do Altíssimo.
8) Traz os sucessivos atos de infidelidade de Israel à memória deste,
advertindo-lhe do perigo de voltar às antigas praticas que o Senhor abomina.
9) Diz como intercedeu pelo povo quando este pecou contra Deus.
10) Fala das segundas Tabuas da Lei, e do que ensejou.
11) Destaca a vocação sacerdotal da tribo de Levi.
12) Volta a exortar o povo quanto à obediência e os benefícios dela
auferidos.
13) Fala da benção e da maldição: benção para o obediente, e maldição para
o desobediente e impenitente.
14) Indica o lugar do verdadeiro culto.
15) Reenfatiza os preceitos quanto o comer carne e quanto às ofertas do
culto.
16) Mostra a Israel como reconhecer os falsos profetas e como julgar os
idólatras.
17) Proíbe a mutilação do corpo.
18) Estabelece os critérios de seleção dos animais limpos e imundos.
19) Salienta a doutrina do dízimo e a importância deste no sustento material
dos obreiros e da obra do Senhor.
20) Fala do ano da remissão.
21) Enfoca leis em defesa dos pobres e dos escravos.
22) Relaciona: a Páscoa, o Pentecostes e a festa dos Tabernáculos, como as
três grandes festas dos judeus, a serem celebradas conforme o modelo divino.
23) Fala dos deveres dos juizes e do castigo pela prática da idolatria.
24) Dá o modo como agir no ato de julgar questões difíceis.
25) Antecipa o critério de eleição dum rei e os deveres da nação para com
este.
26) Especifica a herança e os direitos dos Sacerdotes e Levitas.
27) Condena os adivinhos e feiticeiros, mostrando que assim devem agir os
filhos de Israel quando tomarem posse da terra prometida.
28) Profetiza a chegada do grande profeta ‘semelhante a Moisés’, profecia
que se cumpriu na pessoa singular de Jesus Cristo.

114
29) Volta a falar das seis cidades de refugio e do significado do
estabelecimento delas.
30) Mostra ao povo como aplicar a pena capital contra o criminoso
voluntário.
31) Fala do valor de serem mantidos os limites antigos, e acerca das
testemunhas.
32) Estabelece princípios referentes à guerra.
33) Fala da expiação por morte cujo autor é desconhecido.
34) Estabelece princípios para legislar em questões as mais diversas: acerca
da mulher prisioneira, o direito do primogênito, acerca dos filhos desobedientes, quanto à
remoção de cadáveres do patíbulo, acerca de coisas perdidas.
35) Estabelece ainda diversas leis, principalmente quanto à castidade e o
casamento.
36) Fala de tipo de pessoas que devem ser excluídas das assembléias santas.
37) Fala ainda da limpeza do acampamento, acerca de fugitivos, prostitutas
e usuras; acerca do divórcio, leis de caráter humanitário; a pena de açoites, pesos e medidas
justas.
38) Determina a destruição total de Amaleque e seus exércitos.
39) Trata finalmente das primícias da terra, do dízimo mais uma vez, e
conclui exortando o povo à obediência.

Só um Deus perfeito poderia ser tão minucioso quanto ao Seu cuidado,


demonstrados por Leis tão perfeitas, visar o sucesso espiritual, moral e social do povo ao qual
tanto ama.

Os filhos de Israel estavam prestes a atravessar o Jordão, e esta passagem deveria


marcar um momento inesquecível, quer na história, quer na mente do mesmo povo. Logo
depois da passagem deveria ser levantado um monumento nacional que serviria de altar, visto
como os fatos da vida de Israel eram fatos religiosos e deveriam ser associados à religião.
Neste monumento deveria ser gravada a lei, para que seus ensinos se tornassem públicos e
fossem cuidadosamente observados. Sempre que alguém se aproximasse desse monumento, se
lembraria da maneira miraculosa como Deus os fez atravessar o Jordão na época da sua maior
cheia. Isso seria um memorial perpétuo de que Deus vela sobre o povo que o segue, serve e
obedece.

115
Quando mais tarde, Josué construiu este altar segundo a ordem dada a Moisés,
fez justamente como estava ordenado (Js. 8.30-35). Fez colocar sobre o Monte Ebal,
representantes das tribos de Rúben, Gade, Aser, Zebulom, Dã, e Naftali. Estes deviam proferir
as maldições que viriam sobre os transgressores da Lei. Enquanto isto sobre o Monte Geresim
colocou representantes das tribos de Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e Benjamim. A estes
cabia proferir as bênçãos que adviriam em função da obediência da Lei. Dada a posição
estratégica desses montes, uma pessoa postada no pico de qualquer um deles podia ser ouvida
facilmente por quem estivesse no vale. Desta forma os que declaravam bênçãos ou maldições,
eram facilmente ouvidos.

Um sumário das principais frases relacionadas com as maldições e bênçãos


relatadas por Moisés aos israelitas.

AS MALDIÇÕES – MONTE EBAL

1) Maldito o homem que fizer uma imagem de escultura ou de fundição.


2) Maldito aquele que desprezar o seu pai ou a sua mãe.
3) Maldito aquele que mudar os marcos do seu próximo.
4) Maldito aquele que fizer o cego errar o seu caminho.
5) Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da
viúva.
6) Maldito aquele que se deitar com a madrasta, porque profanaria o leito
de seu pai.
7) Maldito aquele que se ajuntar com animal.
8) Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de
sua mãe.
9) Maldito aquele que se deitar com sua sogra.
10) Maldito aquele que ferir ao seu próximo em oculto.
11) Maldito aquele que aceitar suborno para matar pessoa inocente.
12) Maldito aquele que não confirmar as palavras desta Lei, não as
cumprindo.

116
AS BENÇÃOS – MONTE GERIZIM

1) Bendito serás tu na cidade, e bendito serás no campo.


2) Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus
animais, e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas.
3) Bendito o teu cesto e a tua amassadeira.
4) Bendito serás ao entrares, e bendito ao saíres.
5) O Senhor fará que sejam derrotados os teus inimigos.
6) O Senhor determinará que a benção esteja no teu celeiro.
7) O Senhor constituirá para Si em povo santo.
8) O Senhor te dará abundância de bens.
9) O Senhor te abrirá o Seu bom tesouro, o céu.
10) O Senhor te porá por cabeça, e não por cauda.

Todas estas bênçãos prometidas seriam dadas em decorrência da obediência à


Lei; caso contrario, seriam mudadas em maldição. A elevação daria lugar à baixeza; e a paz à
perturbação.

Tem razão a Bíblia quando diz: “... grande fonte de lucro é a piedade com o
contentamento.” (1ª. Tm. 6.6).

3º - TERCEIRO DISCURSO – Dt. 29-30

PROFECIA DO FUTURO DE ISRAEL


(O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS)

“Estas são as palavras do concerto que o Senhor ordenou a Moisés, na terra de


Moabe, que fizesse com os filhos de Israel, alem do concerto que fizera com eles em
Horebe.” (Dt. 29.1).

117
O concerto feito no Sinai era a Constituição, a base de toda a legislação presente
e futura do povo de Deus. Através de seu servo Moisés, Deus já dissera que aos dez
mandamentos, nada se podia acrescentar ou tirar. É que os mandamentos compreendiam toda
a moral, religião e convívio social dos filhos de Israel. Era o concerto da vida pratica em que o
povo experimentaria o gozo de obedecer ao seu Deus, e o obstáculo ao curso da
desobediência. De fato, nenhum outro povo jamais teve tão altas promessas de ventura e
felicidade quanto os filhos de Israel. Porém, este povo tomou rumo diferente, preferindo a
senda da maldição em lugar da trilha da benção. O povo que poderia ser uma benção na mão
de Deus deu as costas àquele que o favoreceu com ricas e singulares promessas, vindo a se
tornar em motivo de tristeza e de dor ao coração de Jeová.

Segundo este discurso de Moisés, sempre que o povo se afastasse de Deus, seria
levado em cativeiro (observe o cumprimento no Livro de Juizes); e os povos que tomassem
conhecimento disso saberiam que se tratava de um povo que não tinha sabido cumprir os
mandamentos do seu Deus; facilmente concluiriam que se tratava de um Deus que ama os
obedientes, mas castiga os impenitentes. Testemunhariam a santidade de Jeová.

A única maneira dos israelitas e seus descendentes permanecerem para sempre na


terra de Canaã era guardar o concerto, amando ao Senhor e obedecendo a sua Lei (Dt. 30.15-
20).

Moisés ordenou ao povo que periodicamente relembrasse o concerto feito.

Cada sétimo ano, na festa do Tabernáculo, todos os israelitas deviam comparecer


ao lugar que Deus escolhesse. Ali, mediante da leitura da Lei de Moisés, eles relembrariam do
concerto de Deus com eles, e também mediante a renovação da promessa, de cumprir o que
ouviam (Dt. 31.9-13).

O Antigo Testamento registra vários exemplos notáveis dessa lembrança e


renovação do concerto. Após a conquista da terra e pouco antes da morte de Josué, este
conclamou todo o povo com este propósito (Js. 24). A resposta do povo foi clara e inequívoca:
“Serviremos ao Senhor nosso Deus e obedeceremos a sua voz”. (Js. 24.24). Diante disso:
“Assim, fez Josué concerto, naquele dia com o povo”. (Js. 24.25).

118
Semelhantemente, Joiada dirigiu uma cerimônia de renovação do concerto,
quando Joás foi coroado rei (2º. Rs. 11.17); e assim fizeram também o rei Josias (2º. Rs. 23.1-
3), o rei Ezequias (cf. 2º. Cr. 29.19), e Esdras (Ne. 8.1 a 10.39).

A chamada para relembrar e renovar o concerto é oportuna hoje. O Novo


Testamento é o concerto que Deus fez conosco em Jesus Cristo. Lembramos do seu concerto
conosco quando lemos e estudamos a sua revelação contendo suas promessas e preceitos,
quando ouvimos a exposição da Palavra de Deus e, mais especificamente, quando
participamos da Ceia do Senhor (1ª. Co. 11.17-34). Na Ceia do Senhor, também renovamos
nosso compromisso de amar ao Senhor e de servi-lo de todo o nosso coração.

O aspecto relevante tanto da antiga quanto da nova revelação de Deus dadas a


Israel, é a misericórdia divina. A despeito da mudança dos povos, este princÍpio divino
continua inalterado.

A disposição de Deus não sofreu nenhuma alteração, nem mesmo o Novo


Testamento com a amplitude como o conhecemos, em relação ao Antigo Testamento,
modificou esta linguagem e este admirável sentido.

Após ratificar as promessas da misericórdia divina, Moisés diz aos filhos de


Israel:

“Porque este mandamento que, hoje, te ordeno não é demasiado difícil, nem
está longe de ti”.
“Não estás nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo
traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos”?
“Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar que
no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos”?
“Pois esta palavra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração para a
cumprires.” (Dt. 30.11-14).

A superioridade do povo de Israel em comparação aos outros povos da terra, e as


do cristão em comparação aos gentios, consiste em que estes não têm Lei perto de suas mentes
e corações, o que os dispõe ao erro como pratica diária.

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Concluindo o discurso, Moisés enfatiza que, obedecer ou desobedecer aos
mandamentos divinos é uma questão de vida ou morte, pelo que toma os céus e a terra como
testemunhas de que Israel foi necessariamente advertido quanto ao caminho a seguir.

4º - CONCLUSÃO – Dt. 31-34

ULTIMOS MOMENTOS DE MOISÉS

Os últimos capítulos do livro de Deuteronômio registram as ultimas disposições


de Moises, como sejam:
1) A indicação de Josué como sucessor de Moisés.
2) O dever de a Lei ser lida ao povo, publicamente, de sete em sete anos.
3) Uma profecia quanto à futura rebeldia de Israel.
4) A determinação quanto à colocação do livro da Lei ao lado da Arca da
Aliança.
5) O cântico de Moisés.
6) O ultimo dia de vida de Moisés.
7) A benção de Moisés.
8) A morte de Moisés.

O registro da morte de Moisés foi provavelmente escrito por Josué, pouco depois
da morte do grande líder (Dt. 34.9). A Moisés não foi permitido entrar na terra prometida
antes da sua morte (Dt. 34.4). Todavia, muitos anos mais tarde, ele realmente entrou naquela
terra, quando apareceu no monte da transfiguração e falou com Jesus (Mt. 17.3).

Os grandes destaques na vida de Moisés foram: sua intima comunhão com Deus
e sua compreensão da natureza e da pessoa de Deus.

O desejo supremo de todos os crentes deve ser conhecer a Deus e experimentar


estreita comunhão com Ele. É o seu maior privilégio e direito como filhos de Deus (Jo. 1.12;
17.3; Rm. 8.14, 15; Gl. 4.6). Nenhuma pessoa que está em Cristo, e que cultiva uma vida
interior consagrada a Deus, e uma vida exterior de santidade deixarão de ter consigo a
presença e a graça de Deus.

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A comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo é a maior promessa e
recompensa do crente (Jo. 14.15-21, 23, 26; Ap. 3.20).

Aqueles que vivem sempre em comunhão com Deus, não temem a morte. Por
causa da sua confiança em Deus, podem até mesmo aguardar a morte com paz e alegria (Lc.
2.29; Fp. 1.2). Assim como Moisés, já tiveram um vislumbre da terra prometida; após a morte
herdarão “a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus.” (Hb.
11.10; Fp. 1.21).

PENTATEUCO –

- Conciso Dicionário Bíblico – Ed. de Educ. Religiosa e Pub. da Conv. Batista Brasileira.
- Dicionário Bíblico Universal – Buckland.
- O Pentateuco (Isaias Silva Freitas e Raimundo Ferreira de Oliveira – EETAD).
- Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer.

VERSÕES BÍBLICAS:

- Bíblia Explicada
- Bíblia na Linguagem de Hoje
- Bíblia Pentecostal
- Bíblia Revista e Corrigida
- Bíblia Revista e Atualizada
- Bíblia Vida Nova

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Educação Teológica Pastor João Batista. Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização expressa do detentor dos direitos.

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