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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

DISSERTAÇÃO FINAL
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MEDIEVAL
ERA MEDIEVAL: A INFLUÊNCIA ATÉ A MODERNIDADE

Pietra Chimello Contessotto

São Carlos,
08 de Abril de 2023.

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SUMÁRIO
1. Introdução ................................................................................................................. 3
2. Antiguidade .............................................................................................................. 4
3. Era Medieval ............................................................................................................ 5
4. Alta Idade Média ..................................................................................................... 6
5. Baixa Idade Média ................................................................................................... 7
6. Influências da Idade Medieval ................................................................................. 8
7. Conclusão .................................................................................................................. 9
8. Bibliografia ................................................................................................................ 9

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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apontar influências que herdamos desde a era
clássica, e como ocorreu a mudança dos estudos filosoficos que passaram da exclusiva
admiração divina para o estudo do homem, colocando no centro de situações sociais e como
se sucedeu a queda do Império Romano e deu origem aos feudos e migrações dos grandes
centros para as áreas urbanas.

INTRODUÇÃO
Toma-se conhecimento da influência das civilizações clássicas e dos filosofos
modernos atualmente, mas pouco se fala sobre a era em que viveu entre elas, por muitos
tratada como “idade das trevas”, levando em consideraçaõ apenas a doença e fome que
prevaleceu nestes anos, e pouco se lembra da atuação da igreja neste período.

Para compreendermos o mundo atual devemos retornar as nossas origens, mesmo


quetenham sido tempos difíceis e ensalubres, pois isso possibilitou a evolução, conciliando a
religiosidade com o dia a dia de muitas pessoas da época.

Em um primeiro momento, abordarei o que antecedeu a idade medieval, mais


conhecida como idade antiga e os principais filosofos destes anos e de forma breve, os
acontecimentos que levaram a criação do sistema vigente na idade medieval.

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Ademais, dividirei a Idade Média em duas parte, a alta e baixa, tratando sobre o auge e
seu declinio no âmbito da história, e as pesquisas em torno da fé e a posição dos indivíduos
diante Deus. Por fim, mostrarei algumas heranças vindas da era medieval, seja religiosa ou
não.

ANTIGUIDADE

O período que iremos tratar neste começo é denominado por Antiguidade, e o que
difere da Pré-História é a criação da escrita, na Suméria, ao buscarmos sobre este período
encontramos um foco em dois tipos de civilizações diferentes, as ocidentais e as clássicas,
gregos e romanos fazem parte da segunda civilização citada acima, e foram responsáveis por
diversas contribuições para sociedade nos ramos da filosofia, matemática e história.

As cidade gregas eram intituladas de polis, que nascem em meados do século VI a.C,
e sua organização social constituia basicamente de homens livres, nascidos na polis, metecos
e escravos. Podemos encontrar a definição destas antigas cidades no livro Política de
Aristóteles:

A cidade, enfim, é uma comunidade completa, formada a partir de várias


aldeias e que, por assim dizer, atinge o máximo de auto-suficiência. Formada a
princípio para preservar a vida, a cidade subsiste para assegurar a vida boa. É por
isso que toda cidade existe por natureza, se as comunidades primeiras assim o
foram. A cidade é o fim destas, e a natureza de uma coisa é seu fim, já que sempre
que o processo de génese de uma coisa se encontre completo, é isso que chamamos a
sua natureza, seja de um homem, de um cavalo, ou de uma casa. (ARISTÓTELES,
1998, p. 53)

As cidades gregas possuiam autonomia e detinham todo o poder, dentre este modelo
econômico, a sociedade começou a se desenvolver no quesito de pensamento humano, os
habitantes da polis se reuiniam em praça publica para discutir sobre os assuntos que os
rodeavam, sendo Tales de Mileto considerado o primeiro filosofo, embora o termo filosofia
tenha sido criado por Pitagoras, que é a junção de "philos" (amor) e "sophia" (conhecimento).

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Os primeiros filosofos eram chamados de pré-socráticos, e aprofundaram seus estudos
sobre a natureza e tentavam descobrir o elemento que originou o mundo que conhecemos. Ao
passar dos anos, o foco nos estudos mudou, tornando o homem como seu centro,
denominando esta nova fase de antropologia, e Sócrates foi um grande propulsor deste
pensamento.

Embora Sócrates não tendo tomado nota de suas reuniões e conceitos, seus disciplos
foram responsáveis por propagar estas ideias e Platão se tornaria o mais importante
representante.

Em grande parte de suas obras, Platão expressa a dualidade de corpo e alma, sendo o
ser humano imortal e fundamentalmente alma, pertencente ao mundo inteligível, o filosofo
contribui também no ramo político, escrevendo sobre justiça, administração e defesa da polis.

A República é um livro de extrema importância, onde o principal assunto abordado é a


justiça, em que Sócrates é o executor das ideias, se referindo a uma cidade ideal, alterando o
sistema de governo presente na época, a aristocracia, é importante resaltar a influência da
morte de Sócrates para a continuidade deste texto, pois foi acusado injustamente de corromper
a juventude e Platão julga ser inválido um não sábio estar no poder, não tendo validade a base
da democracia.

Ademias, na história, o império romano estava chegando ao seu fim, com o colapso no
sistema escravista, os habitantes das cidades começam a migrar para os feudos, buscando
proteção e um novo sistema de trabalho, servindo ao clero e nobres, diante esta mudança
saimos do período antigo para o medieval, na qual trabalharemos a seguir.

ERA MEDIEVAL

Este período iniciou por volta do ano 476 d.C, marcado pelo feudalismo e uma forte
influência cristã. Durante muito tempo os historiadores discutiram o uso do termo “idade das
trevas”, pois era considerado pejorativo, sendo desfalcada pelo final da antiguidade clássica e

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a modernidade, mas hoje é utilizado Idade Média, após o rechonecimento das influências
artisticas e filosoficas.

Podemos dividir a idade média em duas partes, que iremos tratar separadamentes
agora.

ALTA IDADE MÉDIA

Este termo se refere a criação da Europa medieval até seu ápice, com a queda do
Império Romano, toda sua conquista territorial ficou pertencente aos Bárbaros (povos não
pertencentes ao Império Romano), que por sua vez, começaram a invadir cidades europeias,
criando medo na população local, e por este motivo os habitantes migraram para os feudos
atrás de proteção.

Por outro lado, a Igreja Católica se aliou aos reis, e bárbaros, aumentando seu poder, a
fé se expandiu tornando mais influênciadora a precensa e ordens do Papa, por volta do século
VII o cristianismo se consilidou como a principal e correta religião.

A sociedade naquela época era dividida em três partes, o clero que se mantinha acima
de todos, a nobreza e por fim os escravos, que trabalhavam na agricultura local para sustentar
as classes elevadas a eles em troca de proteção.

No ramo filosófico, os autores deste período tentavam conciliar o cristianismo com a


razão filosófica, os primeiros pensadores eram religiosos, muitas vezes padres em que o
objetivo era propagar os ensinamentos da bíblia, abaixo contém um trexo em que Walter
Ullmann demonstra a importancia da religião nas leis da época.

La ley tenía como instrumento de la doctrina un respetable pasado bíblico.


Aunque se ha reconocido así tan sólo en fecha reciente, la Biblia, y en especial e
Antiguo Testamento, estaba fuertemente impregnada de materia legal, de ahí que,
em consecuencia, un elevado número de princípios de gobierno básicos en la Edad
Media se modelaran sobre las enseñanzas de la Biblia. ( ULLMANN, 1983, p. 23)

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A partir deste ponto, os imperadores passaram a se tornar representantes de Deus na
terra, sem poder ser contrariados, pois ele tinha sido escolhido e não poderiamos questionar
das atitudes divinas.

A filosofia foi dividida em quatro partes, primeiro vieram os padres apostólicos,


durante os séculos I e II, este nome está relacionado a ser uma pregação baseada em escritos
muito antigos criado por apostolos, a segunda fase de filosofos se chama apologistas,
presentes nos séculos III e IV, que defendia a fé cristã, defendendo a religião como uma
filosofia natural, os últimos presentes na alta idade média são os filosofos patrísticos, que foi
criada depois do século IV e o principal objetivo era adaptar textos filosoficos para o
cristianismo, utilizando obras de Platão em sua fundamentação.

BAIXA IDADE MÉDIA

Podemos caracterizar esse período pelo grande aumento populacional devido a


diminuição das guerras bárbaras, a agricultura deixou de ser subsistência, e devido a expansão
ocorrida nos feudos, os habitantes passaram a migrar para as cidades novammente, voltando o
comércio local.

Se iniciava as Cruzadas também, com o intuito de conquistar a Terra Santa e tomar


Palestina e Jerusalém que estavam nos comandos de turcos, teve grande apelo nas massas da
população, Walter Ullmann dialoga sobre o assunto abaixo:

Las cruzadas fueron amplíos movimientos de masas en aplicacíon de un


programa ideológico. Una veez que se ha apelado a las multituddes, ya no resulta
fácil prescindir de éstas. De nuevo se nos ofrece una paradoja, es decir, se apelaba a
las masas para que sirviesen a los gobiernos teocráticos. (ULLMANN,1983, p. 155)

As escolas e universidades abriram seu leque de pesquisas e interesses, conduzindo a


discussões mais livres, retomando ideias aristotélicas, desestabilizando o governo ascendente,
chamamos isto de filosofia escolástica, ela refletia a existencia de Deus, da alma e
imortalidade, um dos filosofos mais importantes nesta época era São Tomás de Aquino que
tenta estabelecer os princípios para provar a existência do ser divino.

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Para a salvação do homem, é necessária uma doutrina conforme à revelação
divina, além das filosóficas, pesquisadas pela razão humana. Porque, primeiramente,
o homem é por Deus ordenado a um fim que lhe excede a compreensão racional,
segundo a Escritura (Is 64,4): O olho não viu, exceto tu, ó Deus, o que tens
preparado para os que te esperam. Ora, o fim deve ser previamente conhecido pelos
homens, que para ele têm de ordenar as intenções e atos. ( AQUINO, 2001, p. 116)

Nesta passagem, o autor responde sua primeira questão “se, além das ciências
filosóficas, é necessária outra doutrina”, concluindo uma jusção entre as duas e abrindo
portas para discussões futuras como a existência e perfeição de Deus.

Dentre estes aspectos, também devemos pontuar outros problemas enfrentados na


baixa idade média, em razão da qualidade e higiene baixa nos grandes centros, uma doença
devastadora surgiu, a peste bubônica, onde o surto ocorreu entre os anos 1348 e 1350,
reduzindo 1/3 da população europeia.

O final da idade média é marcado pelo expansão dos turcos, no século XIV, reduzindo
a cidade de Constantinopla, e a conquista da capital bizantina em 1453 marcou o fim do
Império Romano.

No quesito filosófico, o desfecho desta era marcou a transição do estudo voltado a fé


para o antropocentrismo, colocando o homem de volta ao centro de pesquisa, retomando
ideias da filosofia clássica, criando a vertendede pensamento racional e empirista.

INFLUÊNCIAS DA IDADE MEDIEVAL

Apesar de mal vista, a Idade Média influência até hoje nos quesitos cultura e arte
principalmente, um exemplo que muitos não tomam conhecimento são as festas religiosas,
pois devido a forte interferência do cristianismo nos séculos passados.

Nos primeiros anos da Igreja medieval durante a gestação das festividades


da chegada da quaresma a Igreja se mostrou bastante aberta quanto a certas
celebrações lúdicas, considerando-as boas e necessárias ante a chegada dos dias de
recolhimento e abstinência que implicavam no espírito da quaresma. (VAZ e
PRATES, 2016, p. 3)

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Temos conhecimento do formato de livros devido este período, pois os pergaminhos
haviam sido deixados de lado devido a falta de praticidade, a partir do século I foram criados
os códices, que eram semelhantes ao cadernos, facilitando a distribuição e organização dos
textos, contribuindo para estruturas mentais mais complexas.

Ademais as universidades foram criadas nesta época, ispiradas nos mosteiros que eram
um edifício de habitação, oração e trabalho de uma comunidade de monges e freiras, eram
instituições de alunos e mestres controladas por bispos, no entanto, devido a forte presença da
religião, os assuntos eram controlados.

Lembramos das tradições trazidas de nossos colonizadores, como roupas, religião,


habitos e moradia, mas não levamos em conta que estas origens também tiveram que ter
influências passadas, nas quais vinham da idade média.

CONCLUSÃO

Em suma, ao olharmos os costumes da Idade Média devem ser analisadas antes


mesmo de sua datação histórica, com a criação de cidades romanas,e expansão territorial, os
estudos filosóficos sofreram grande mudança, passando primeiramente pela tentativa de
entender a origem do mundo para a antropologia. Ao entrarmos definitivamente nesta era,
deixamos o estudo do homem de lado e seguimos para um olhar divino, entrando em conflitos
sobre sua imortalidade e poder dentre nós mortais, mas entrando em crise, este sistema
educacional retornou os estudos no homem em sociedade, por isto para entendermos as
atitudes de um homem agora, devemos primeiro analisar sua infância, ambiente e crenças de
família, para enfim compreendermos em parte suas condutas.

BIBLIOGRAFIA
ARISTÓTELES. Política. Edição bilíngue (português-grego); tradução de Antônio Campelo
Amaral e Carlos de Carvalho Gomes. 1º edição. Lisboa: Vega, 1998.
PLATÃO. A República. Editora Lafonte, 2017.
ULLMANN. Walter. Historia del pensamiento político em la edad media. Editorial Ariel,
S.A, 1983
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TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Trad. de G. C. Galache et al. São Paulo: Loyola,
2001-2006. 9 vols 2.
VAZ, ANGELA e PRATES, ELIANE. A influência da idade média em nossos dias: cultura,
representações e festividades. Revista Don Domênico, Guaruja, 8º edição, p. 1-10, junho,
2016.

Esta dissertação teve como ponto de partida o seguinte exerto:

“La frecuente afirmación de que los siglos medievales tienen n los tiempos modernos una
continuación perfecta adquiere na especial importancia referida al impacto de las ideas políticas
medievales sobre la formación de conceptos políticos que tan sólo en el período moderno han
conocido su completo de-sarrollo. Es más, en ningún otro terreno resulta tan evidente omo en el de las
ideas la continuidad en su evolución. Por ello mismo resultaría antihistórico, y en el fondo pueril, creer
que las ideas politicas de la alta Edad Media no tenían antecedentes n la baja Edad Media. Pocas
ramas de la historia resultan tan tiles para ilustrar el mismo proceso
histórico como el estudio de la historia de las ideas políticas. De hecho, se trata del mismo tipo de
enfoque que adoptamos cuando nos disponemos definir el carácter de una persona adulta. Al tratar de
explicar los rasgos de su carácterno empezamos por considerar el producto ya terminado, el hombre
por completo formado. Por el contrario, intentamos descubrir detalles reveladores de su infancia y su
juventud que expliquen la influencia y los determinantes que han operado sobre el adolescente y el
hombre en formación.”

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