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IMPERATRIZ-MA
2023
Texto I
LE GOFF, JACQUES. A IDADE MÉDIA explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,
2007.
Texto II
Para iniciar o texto o autor explica a intencionalidade do termo “Idade Média” e como
sua própria construção é para uma exaltação da era clássica e ao renascimento (momento em
que o termo foi criado), mostrando como esses períodos eram superiores. A própria divisão do
tempo não faz sentido quando se fala do período contemporâneo, para os que viviam na época
o termo não significava nada, nós dividimos o tempo para facilitar a compreensão dos fatos já
estabelecidos. mas elas não são tangíveis, já na introdução Hilário mostra que na sua
concepção de Idade Média, seu fim é dado com o início do renascimento em meados do
século XVI, o que difere de Le Goff.
No texto, mesmo apresentando quase que os mesmos tópicos de Le Goff, aqui o autor
usa de mais linhas para discorrer dos mesmos assuntos, indo mais fundo e dando mais atenção
aos detalhes. Hilário ao falar da concepção do que é Idade Média para os iluministas e os
renascentistas, informa ao leitor as primeiras aparições do termo (ou de algo aproximado) que
é feita por um bispo em 1469 usando o termo media tempestas que significa tempo médio, ou
como já em 1374 se foi usado tenebrae para se referir ao período dando início a ideia de um
tempo obscuro, acreditada por alguns até os dias atuai e como o termo fica popular e por que é
usado até os dias atuais. O que representaria a Idade Média para os seguidores dessas linhas
de pensamento? para esse intervalo de tempo o homem teve seu progresso interrompido, o
que havia sido começado com os gregos e romanos, fora interrompido e só com o
renascimento tem seu retorno. nesse tempo a barbárie, a ignorância, o medo, a insegurança, a
superstição etc. reinaram, impedindo os homens de prosperar.
Ao se distanciar dos valores, dos costumes, da arte e da cultura greco-romanos o
desprezo por esse período se intensifica tais aspectos são supervalorizados na sociedade
ocidental que suas produções são chamadas de góticas que é um sinônimo para bárbaro, por
não estar de acordo com a arte clássica. Muitos grupos tinham críticas pessoais a Idade Média
e a forma como ela se organizou, tais como os protestantes, devido a supremacia esmagadora
da igreja católica; os burgueses em razão das dificuldades de se fazer comércio na época; os
reis em função de seu poder fragmentado; os intelectuais por a cultura está muito ligada a
espiritualidade em declínio da racionalidade.
Muitos dos pensadores citados julgam a Igreja como culpada de todas as desgraças do
período, sobre isso Denis Diderot (1713-1784) afirmava que “sem religião seríamos um pouco
mais felizes”. É impossível não constatar a força que a Igreja tinha sobre a vida das pessoas
na Idade Média sendo ela responsável em unir os cidadão sobre uma mesma bandeira já que
ainda não existia a ideia de uma identidade nacional, ela que regulava o cotidiano dos
habitantes estabelecia regras e normas que mantiveram a ordem mas que de certa forma
também impedia o desenvolvimento.
Com o Romantismo se é dado um novo olhar para a Idade Média, iniciada a partir da
expansão Napoleônica com a necessidade de se despertar as especificidades de cada região e
exaltar essas diferenças e as transformam em características nacionalizantes, instigou a
pesquisa do período de forma a mostrar a já existência desses sentimentos nacionais. O
cientificismo outrora supervalorizado agora dá espaço para obras que valorizam os
sentimentos e o lado belo do tempo medieval, com romances históricos ambientados em
grandes construções góticas, essas escritas eram também carregadas de preconceitos que não
conseguiam expor de forma satisfatória o período como um todo, a medievalidade para eles
era um tempo de esplendor que deveria ser replicado, o que os leva a dar novos significados e
fazer mudanças na história a fim de construir uma Idade Média que sirva para seus propósitos,
não representando ela mas a montando a sua própria vontade. Até mesmo na Historiografia
houveram obras que enalteceram o período, segundo Thomas Carlyle que afirmava que a
civilização feudal era “a coisa mais elevada “ que a Europa havia produzido. Só no século
XX que os estudiosos começam a debruçar-se sobre a Idade Média segundo a ótica dos
próprios contemporâneos, postura que é devido muito à própria compreensão do papel do
historiador, que é o de entender o passado não de julgá-lo, o estudo do medieval se tornou
uma das principais áreas dentro da história, sendo algum de seus estudiosos responsáveis por
desenvolverem novas formas de se estudar a história. Entretanto, não significa que os autores
conseguiram reconstruir com exatidão o que foi a Idade Média, afinal isso seria impossível, o
historiador está encharcado de sua contemporaneidade. Mas mesmo não sendo uma literal
construção da realidade do passado, essa nova forma de olhar e descrever a era medieval é
menos limpa e sem estereótipos e preconceitos como as obras anteriores.
Mesmo com essas novas produções mais neutras, ainda é possível observar indivíduos
que relacionam o medieval a um obscurantismo, mesmo entre os mais cultos, fato que é
atribuído pelo autor as ideias difundidas ainda no século XVI, mostrando que a sua influência
na compreensão da Idade Média é vigente até os dias atuais. e houveram sim movimentos que
pretenderam renovar essas ideais e substituí-las por uma visão menos julgadora e mais
dissertativa dos acontecimentos.
Para as pessoas que viviam na idade média, a própria concepção de tempo era definida
de duas formas, segundo as crenças da própria religião, em primeiro o tempo é visto como um
tempo cíclico onde as coisas tendem a se repetirem, onde o cronológico estava a mercê da
biologia, sem o interesse de transformar fatos em história, essa visão está muito ligada ao
cotidiano das pessoas “comuns” da época. E a segunda interpretação é a do clero que
necessitava dessa noção das datas, para a realização de suas liturgias, que eram de suma
importância para a manutenção da fé das pessoas, ao passo que lembrava-as das celebrações
que existiam dentro da Igreja, como o nascimento de Jesus, sua morte etc.
O autor aborda diferentes óticas do mundo medieval que juntas falam uma parte da
história da História, suscitando diferentes Teorias filosóficas que alteraram a narração dos
fatos levando a diferentes conclusões do que foi a Idade Média, concepções que são válidas
em seus tempos, não expondo a verdadeira mentalidade dos habitantes da época, já que isso é
impossível. Temos fontes que nos aproximam daquela realidade, e teorias e métodos que nos
lpermitem especular sobre as idéias que predominavam, produzindo um maior entendimento
desse período de importância imensurável para a humanidade