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INICIAR
Introdução
Boas-vindas à História Medieval Oriental! Nosso estudo irá começar com este
capítulo que trata dos princípios gerais, básicos e teóricos da disciplina que lhe
ajudarão a formular respostas para questões: como ocorreu o processo de declínio
do Império Romano? É correto falarmos em “queda” de Roma? Também vamos
estudar os momentos principais do Império Bizantino que sucedeu ao Romano na
região do Mediterrâneo oriental. E você sabe a importância desse império para a
História? Sabe qual o impacto da queda de Bizâncio para a história mundial? Pois
são questões pertinentes que influenciam o mundo contemporâneo que vivemos,
por isso vamos apresentar respostas para todas elas. Tudo pronto? Então vamos
começar!
gerais da disciplina
No primeiro capítulo, você irá se familiarizar com as discussões historiográficas
referentes à transição do Império Romano para o Império Bizantino, e a passagem
da Antiguidade para o Medievo. Além disso, irá estudar o Império Bizantino, do
desenvolvimento independente do mundo Romano Ocidental até a queda no século
XV. Vamos dedicar maior espaço à discussão sobre o contexto Romano e Bizantino
do que às relações de Bizâncio com bárbaros, islâmicos e eslavos. Dessa forma, seu
estudo terá maior coesão e aproveitamento.
Já no segundo capítulo, vamos estudar o “período das migrações”, as populações de
fala germânica, iraniana e os hunos, além dos principais problemas envolvidos na
interpretação dos eventos do período. Você irá lidar com questões que até hoje
influenciam nossa forma de pensar como, por exemplo, o uso do termo “bárbaros” e
as considerações etnocêntricas que o acompanha.
Em seguida, para o terceiro capítulo, vamos abordar o surgimento do Islamismo, a
Arábia Pré-islâmica e Maomé, do surgimento dos califados islâmicos até as invasões
turcas.
E por fim, no último capítulo, teremos a Europa de Leste, o surgimento do primeiro
principado russo e as nações eslávicas ao redor. Você também irá conhecer as
implicações para o tempo presente do estudo do passado medieval, percebendo a
impossibilidade de se desvincular as múltiplas temporalidades.
Saiba que os três primeiros capítulos que estudaremos estão conectados a uma
discussão teórica própria dos historiadores envolvidos com o estudo da História
Antiga e Medieval. É provável você já ter ouvido, por exemplo, a respeito do
Islamismo e sua conexão com nosso contexto geopolítico atual, certo? Por outro
lado, é possível que você desconheça a terminologia usada para definir a cronologia
de muitos desses eventos, que se convencionou chamar de “Antiguidade Tardia”.
Então, para continuar nossos estudos vamos para a abordagem da Antiguidade
Tardia. O que significa essa expressão? Qual a relação com a história do Império
Bizantino?
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Arte austríaco, usaria o termo, mas foi apenas após a década de 1970 que a
definição seria empregada de forma mais sistemática e generalizada. Podemos citar
obras dos historiadores Peter Brown (1971) e Ian Wood (2016), no exterior, e Renan
Frighetto (2012), no Brasil, como alguns dos trabalhos de referência no campo. Perry
Anderson (1982), autor marxista, também foi de grande relevância historiográfica na
discussão das modificações no período.
VOCÊ O CONHECE?
Peter Brown (1935 - ) é historiador britânico e professor emérito na Universidade Princetown. Brown foi o
principal responsável em definir o campo de estudos conhecido como Antiguidade Tardia, na década de
1970. Sua produção é extensa e relevante tratando de muitos temas próprios da Antiguidade Tardia,
incluindo Santo Agostinho, História da Igreja e do Cristianismo, declínio e queda do Império Romano.
Quer conhecer mais sobre o autor? Leia o texto “Peter Brown - Scholarship and Imagination: The Study of
Late Antiquity” (RAWLINGS, 2002) em: <http://prelectur.stanford.edu/lecturers/brown/
(http://prelectur.stanford.edu/lecturers/brown/)>.
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VOCÊ SABIA?
Teocracia e Hierocracia são os dois conceitos fundamentais usados para explicar os sistemas de
governo medievais. Teocracia (de Theokratos, governo de Deus), diferentemente do conceito
popular, não significa a Igreja tendo primazia sobre o Estado, mas o contrário: o diferencial é que o
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rei ou imperador é considerado o eleito, ou ungido do Senhor e, desta forma, seu governo e
autoridade vêm diretamente de Deus. Já por Hierocracia (de Hierokratos, governo do sagrado) se
compreende um sistema no qual os homens da Igreja têm autoridade acima da dos reis e
governantes, interferindo decisivamente nas tomadas de decisão e políticas do reino (SOUZA, 1995).
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Figura 1 - Mapa do território de Bizâncio na época de Justiniano (c- 565). Fonte: WELLS, 2011, p. 19.
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Figura 2 -
Estátua de Constantino ao lado da York Minster, no suposto local de sua aclamação como Imperador.
Fonte: travellight, Shutterstock, 2017.
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Constantino travou na década que se seguiu uma série de batalhas contra os outros
governantes, Maxêncio e Licínio, intentando tomar o governo de todo o Império
Romano para si. O clímax dessas disputas deu-se no ano de 312 na Batalha de
Mílvia. Ali, o exército de Constantino usou um símbolo desconhecido para os
demais, uma cruz com as letras gregas Chi (Χ, χ) e Ro (Ρ, ρ). Segundo Lactâncio (ca.
250 - ca. 325), conselheiro de Constantino, o imperador tivera um sonho no qual vira
o símbolo citado. Você consegue decifrar o símbolo? Para Lactâncio, as letras eram
as iniciais gregas do nome de Cristo que os católicos, posteriormente, chamariam de
Crisma.
Já Eusébio (ca. 260-340), narra uma versão ligeiramente diferente do ocorrido. A
visão de Constantino ocorrera em plena luz do dia e ele vira uma cruz nos céus que
continha o símbolo com a mensagem In Hoc Signo Vinces (“vencerás por este
símbolo”). Na noite seguinte, o próprio Cristo teria aparecido ao imperador em
sonho, instruindo-o a fazer seu estandarte com o símbolo visto. O que se sabe com
certeza é que Constantino, apesar de comandando forças em menor número que
Maxêncio, venceu a batalha, entrando vitorioso em Roma e tomando várias medidas
para consolidar seu poder.
No ano seguinte (313), Constantino promulgaria o chamado Edictum Mediolanense,
o Edito de Milão. Não há certeza de que houve, de fato, uma publicação formal com
tal nome, pois os textos que restaram discordam entre si. Pelo edito, o Cristianismo
ganhou status legal dentro do Império e passou a ser tratado de forma benéfica
(FREND, 1982).
Você precisa ter em mente que a despeito da compreensão errônea de senso
comum, o edito não tornou o Cristianismo a religião oficial do Império Romano, mas
tentou reparar os danos feitos pelas perseguições de até então, tomando medidas
como a defesa da liberdade religiosa e a restituição de propriedades.
Antes de ser um ato de um imperador cristão, o edito foi uma medida de busca de
estabilidade por um imperador hábil. O paganismo greco-romano tradicional não foi
perseguido, suprimido ou prejudicado, ao menos inicialmente (LATOURETTE, 2006).
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Veja que a esta altura a doutrina cristã da trindade comum hoje em dia ainda não
fora formulada. Compreendia-se Cristo como Deus, mas as definições mais
elaboradas da doutrina seriam postuladas por Santo Agostinho em décadas
posteriores.
Na cidade de Niceia, Constantino patrocinou um concílio - uma reunião dos
eclesiásticos de todo o Império Romano - a fim de decidir qual posição deveria ser
considerada ortodoxa. O acontecimento é um dos marcos mais importante na
história da Igreja, pois, ainda que outras reuniões de bispos já tivessem ocorrido,
nada com essa amplitude fora realizado até então No decorrer da História do
Cristianismo, a prática de se efetuar concílios para resolver questões complexas,
principalmente doutrinárias, foi consolidada. O objetivo era oferecer uma visão do
que consistiria a posição ortodoxa da Igreja em relação a tais questões.
No Concílio de Niceia (325), portanto, se lidou com o Arianismo e com temas
menores como as definições da lei canônica. O Arianismo foi declarado heresia e a
posição ortodoxa, considerando a divindade de Cristo enquanto filho de Deus, seria
chamada de ”nicena”. A decisão, no entanto, não foi aceita unanimemente e os
arianos mantiveram muito de sua força.
Poucos anos após Niceia, líderes arianos aproximaram-se de Constantino e
conseguiram retomar posição de proeminência. Alexandre de Alexandria, um dos
grandes nicenos, faleceu em 328, e outros líderes relevantes na determinação da
ortodoxia nicena, como Atanásio, foram perseguidos.
Em 330, Constantino tomou outra medida de impacto duradoura na história do
Império Romano de Oriente. Você sabe do que se trata? Pois foi a transformação do
pequeno entreposto comercial de Bizâncio na nova capital do Império, que agora
passaria a se chamar Constantinopla, a pólis de Constantino.
Uma característica importante da nova capital era sua localização geográfica. Estava
próxima das fronteiras romanas no Danúbio, sob ameaça dos bárbaros, ao mesmo
tempo em que se encontrava distante o suficiente de Roma, Ravena e outras cidades
com forte presença da aristocracia antiga romana, que lutava entre si em busca de
poder.
Para alguns autores, como Angold (2002), esse foi o ato fundador do Império
Bizantino. Você deve ter em mente que da fundação de uma nova capital à aceitação
foi um grande salto.
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Figura 3 - Constantinopla (atual Istambul) - ponte entre as partes europeia e asiática da cidade
contemporânea. Fonte: Mikhail Starodubov, Shutterstock, 2017.
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Valente - que usava Antioquia, e não Constantinopla, como capital - enfrentou uma
rebelião levantada por Procópio, primo do falecido Juliano, e teve de lidar
constantemente contra godos e persas. Em 375, tribos godas derrotadas pelos
hunos buscaram asilo no território romano. Seus líderes conseguiram a aprovação
do imperador para cruzar o Danúbio, entrando em território romano, mas os godos
foram tratados pelos comandantes romanos de forma degradante, desonrosa e
desonesta, o que resultou em revolta generalizada (AMMIANUS MARCELINUS, 1935).
O episódio culminou na Batalha de Adrianópolis, ocorrida em 378, onde dois terços
do exército romano foram destruídos e o imperador Valente, morto. Seu sobrinho,
Graciano, que a esta altura governava o Ocidente, não quis o governo também a
Oriente, e no ano seguinte apontou a Teodósio como novo imperador do
Oriente. Até o momento você acompanhou uma sucessão de desastres, mas vamos
encerrar com alguns imperadores que resgataram um pouco da glória antiga.
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Figura 4 - As muralhas de Teodósio II foram construídas com objetivo de ampliar o território da capital
Constantinopla. Fonte: steve estvanik, Shutterstock, 2017.
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VOCÊ SABIA?
O Nestorianismo foi uma heresia cristã de proeminência no século IV. Predominante na Igreja Cristã
persa, nesse período, foi considerado heresia após o Concílio de Éfeso, ocorrido em 431 durante o
governo de Teodósio II. Também conhecido como “doutrina das duas pessoas”, ensinava que Cristo
teria duas naturezas distintas, divina e humana, não unidas, em oposição à fé nicena, que
considerava que Cristo era, simultaneamente, homem e Deus. Para o nestorianismo, quando
considerado humano, Cristo seria filho de Deus apenas por adoção e Maria, antes de “Mãe de Deus”,
deveria ser conhecida como “Mãe de Cristo” (SIMÕES, 2009).
VOCÊ SABIA?
Entre as dinastias dos Teodósios e dos Justinianos, encontra-se a dinastia dos Leônidas, que durou
de 457 a 528. Nesses anos, o Império Romano a Ocidente cairia em definitivo, mas o Oriente tinha
outras preocupações tanto externas quanto internas para lidar. Externamente, Bizâncio lidou contra
os persas, atingindo finalmente a paz na década de 460, tendo também interferido na situação da
cidade norte-africana de Cartago, conquistada pelos vândalos. Internamente, os imperadores
tiveram que lidar com uma crise financeira e econômica, promovendo reformas monetárias.
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Figura 5 -
Representação de Justiniano I, em mosaico, na Basílica de San Vitale, Ravena, Itália. Fonte:
mountainpix, Shutterstock, 2017.
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Por fim, o último eixo de ação que você deve conhecer está ligado à igreja. Como
seus sucessores de maior sucesso, como Constantino I e Teodósio I, Justiniano
empreendeu um grande esforço na manutenção da unidade religiosa. Para tanto,
fortaleceu os laços existentes entre a Igreja e o Estado, colocando-se como líder
máximo da igreja. Algumas medidas apresentavam-se como demonstrações
públicas da relação do imperador com a Igreja, como as reformas e as ampliações
feitas na Igreja de Santa (Hagia) Sofia. Além disso, devemos citar que minorias e
seitas foram perseguidas (ANGOLD, 2002). Com a morte do imperador em 565, seus
sucessores não foram capazes de manter as mesmas políticas de forma satisfatória
mesmo porque, como você pode imaginar, a atuação de Justiniano foi bastante
pesada para os cofres públicos e teve o potencial de exaurir os recursos financeiros
do Império.
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VOCÊ SABIA?
O cargo de exarca ou exarco (do grego ἔξαρχος) foi instituído pelo imperador bizantino Maurício
(539-602). Exarcas eram os governadores apontados pelo Imperador Romano do Oriente sobre as
províncias ocidentais de Ravena, na Península Itálica e Cartago, no norte da África, que seriam
chamadas de “exarcados”.
Você se lembra dos verdes e azuis? E qual o papel desses dois grupos nessa parte da
História? Com Maurício (539-602), imperador de 582 a 602, eclodiu a chamada
Revolta de Focas, com participação das duas facções. (ANGOLD, 2002). O imperador
ordenara que as legiões permanecessem durante o inverno na fronteira do Danúbio,
mas o exército encarou a ordenança negativamente, se recusando a cumprir o
mandato e se amotinando. As legiões aclamaram seu líder, o centurião Focas, como
o novo imperador.
As notícias do motim no exército não tardaram a chegar à capital, onde as facções
do hipódromo apoiaram às legiões e seguiram seu exemplo, se rebelando e
apoiando Focas. Com isso, não apenas o imperador Maurício, mas também seus
familiares foram executados.
O resultado foi catastrófico, destruindo o pequeno avanço que Maurício fora capaz
de obter no governo do Império. Os eslavos e ávaros voltaram a pressionar o
Império, invadindo o Peloponeso e diminuindo drasticamente a relevância das
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Figura 6 - Mapa de Bizâncio mostra as expansões dos árabes, búlgaros, ávaros e eslavos no território do
Império. Fonte: BELTRÃO, 2000. p. 20.
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Pela primeira vez desde as conquistas islâmicas, iniciadas três séculos antes, os
bizantinos seriam capazes de novamente expandir-se territorialmente. O estado de
confronto com o mundo islâmico permaneceria, no entanto, uma nova aliança seria
forjada pelos bizantinos que resultaria, antes de tudo, em uma conquista de grande
monta para a Cristandade Oriental: trata-se aqui da conversão da Rússia de Kiev em
988. Após um período de cerca de duas décadas de enfrentamento, os rus, então
governados por Vladimir, se tornariam os maiores aliados de Bizâncio durante o
governo de Basílio II.
Por fim, há a culminação de um processo que já se avizinhava desde os tempos dos
nicéforos, no século IX, e mesmo antes, por ocasião dos movimentos iconoclastas,
de discordância com o Ocidente.
Durante o governo de Constantino Monomachos, entre os anos de 1042-1055, ocorre
o chamado Cisma. No ano de 1054, legados do papa Leão IX foram enviados ao
patriarca de Constantinopla, Miguel Celarius, que empregava o uso de “patriarca
ecumênico”, reclamando que a autoridade universal do bispo de Roma fosse
reconhecida por Miguel. O patriarca recusou-se a cumprir a demanda dos legados
de Roma que em resposta o excomungaram. Diante disso, o patriarca excomungou-
os também (CARVALHO, 2016).
O evento ficaria conhecido como Cisma e você deve compreendê-lo como o ponto
alto de uma série de discordâncias relativas a diversas situações que foram
estudadas ao longo do capítulo. Essas situações incluíram: as alegações no Concílio
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Figura 7 - Isaque I Comneno, fundador da Dinastia dos Comnenos, retratado em mosaico. Fonte: Stig
Alenas, Shutterstock, 2017.
Aleixo teve carreira militar de sucesso durante seu antecessor, Nicéforo III, e se
aproveitaria de seu gênio militar nas mais de três décadas de seu governo. Descrito
pelos latinos do ocidente como astuto governante, seus estratagemas foram
responsáveis parcialmente tanto por seus sucessos quanto pela falta de
continuidade destes mesmos sucessos.
Ele transformou a dinâmica imperial bizantina, afastando-se de procedimentos
burocráticos e adotando uma abordagem personalista, calcada em alianças com
famílias de poder e influência. Se por um lado sua argúcia propiciou a execução de
políticas que trariam cerca de um século de prosperidade a Bizâncio, por outro a
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CASO
Os Angelidas e a Quarta Cruzada
A tradição dos Comnenos de personalizar o governo, diminuir o peso da burocracia estatal e criar
uma rede de poder altamente personalizada ligada a privilégios e gerida por meio de intrigas e
manipulações acabaria por gerar seu ônus para Bizâncio.
O preço da política se faria sentir logo na dinastia sucessora, os Angelidas. Isaque, seu fundador, teve
reputação de incompetente, dissoluto e ineficaz, que gastaria muitos recursos públicos
levianamente e sob quem Bizâncio perdera muito território; no final, seria deposto e preso. No
governo de seu sucessor, Aleixo III (1153-1211), o desastre se precipitaria. Organizou-se no ocidente a
quarta cruzada, que seria levada a cabo em 1204 e cujos objetivos originais, organizada diretamente
pelo papa Inocêncio III, eram atacar o Egito.
Os cruzados, no entanto, atuaram de forma diferente. Aleixo IV, filho do deposto Isaque, fugira de
Constantinopla e, por intermédio dos mercadores de Veneza, negociou com os cruzados que, ao
invés de se dirigirem para o Egito, atacaram e devastaram Constantinopla. Aleixo III foi libertado da
prisão e recolocado no trono, mas não teve condições de atender às demandas dos cruzados, que
acabaram por fundar o Império Latino de Constantinopla, de 1204 até 1261.
Síntese
Você terminou os estudos sobre a história Bizantina, dos processos que levaram ao
seu surgimento enquanto uma unidade política distinta do Império Romano até os
eventos que precipitaram sua crise. Conheceu algumas de suas principais dinastias
e momentos-chave de sua história em sua relação com o Ocidente e Oriente, seu
legado cultural e impacto na história mundial.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
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Referências bibliográficas
ALLAN, T. História em Revista 1100-1200/ Campanhas Sagradas. Rio de janeiro:
Abril Livros, 1994 [1989].
AMMIANUS MARCELINUS. AMMIANUS MARCELINUS. Tradução de John C. Rolfe.
Londres: William Heinemann Ltd; Cambridge: Harvard University Press, S.D, 1935,
648 p.
ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. Porto: Edições
Afrontamento, 1982.
ANGOLD, M. Bizâncio: a ponte da Antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro:
Imago, 2002 [2001].
BELTRÃO, C. O mundo bizantino. São Paulo: FTD, 2000.
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