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História Medieval I

Unidade I/ 2024.1
Atividade Avaliativa

Discente: Luciano de Souza Barbosa Netto

1. Criado no século XVI durante o Renascimento, o termo “Idade Média” carregava um


sentido de desprezo pelo período localizado entre a Antiguidade Clássica e o século já citado.
Com um critério inicialmente filológico, o termo buscava opor o latim “bárbaro” dos séculos
anteriores e as artes que fugiam dos padrões clássicos, frutos da decadência do Império
Romano, à produção literária e artística Renascentista, que buscava aproximar-se dos padrões
vistos nas obras greco-romanas da Antiguidade como forma de retomar o progresso que para
eles havia sido interrompido (FRANCO JR., 2001).

Devido aos ecos da Reforma Protestante, a Idade Média no século XVII continuou
estigmatizada como uma época sombria e supersticiosa, onde a supremacia da Igreja Católica
não permitia o pleno desenvolvimento intelectual, a fragmentação política impedia a
execução do poder absoluto pelos reis e a devoção a valores espirituais atrasava o
desenvolvimento da filosofia racional. Com o desenvolvimento intelectual do século XVIII, o
menosprezo pela Idade Média aumentou, com críticas ácidas ao clericalismo do período.

Apenas com o Romantismo na primeira metade do século XIX que o preconceito com a
Idade Média muda de forma, sendo construída uma versão idealizada do que foi aquele
período, buscando nele a origem das nacionalidades europeias e procurando refugiar-se das
inseguranças políticas da época.

Foi no século XX que começou-se a analisar o Período Medieval partindo dele mesmo e
não de concepções pré-estabelecidas, com o intuito de compreendê-lo melhor. Devido a esse
fenômeno o medievalismo passou a ser uma das áreas mais respeitadas da historiografia,
utilizando-se de novos métodos para explorar temas e conceitos que antes haviam sido
ignorados (FRANCO JR., 2001).

2. Romanos e germanos possuíam interações desde o estabelecimento do Império Romano,


no século I a.C., mantendo relações comerciais e militares entre si. Ao longo do tempo,
devido às crises na administração romana e dificuldades dos líderes em controlar as fronteiras
do império, os germânicos migraram de seus locais de origem para as fronteiras romanas.
Combinando esse fator com crises fiscais em Roma e a perda de poder de antigas
aristocracias, a hegemonia linguística, cultural e política romana fragmentou-se no Ocidente e
deu lugar aos novos reinos germânicos (ALEXANDRE, 2003).

Os reinos germânicos que surgiram desse processo herdaram muitas estruturas romanas e
o mundo gerado a partir desse processo é caracterizado “[...] por uma dialética entre
continuidade das estruturas do passado e mudanças dentro de um novo sistema.”
(ALEXANDRE, 2003, p. 6 apud SERRANO, 1995). A mais importante dessas heranças é o
cristianismo, que desenvolveu-se como religião dentro do Império Romano e partindo dela,
os povos germanos reinterpretam o modo de pensar das antigas civilizações ocidentais.

Nesse processo, a Igreja Católica teve um papel decisivo na transmissão do cristianismo


como cultura e religião, também servindo de ponte entre as elites romanas e germânicas,
colaborando com a sua fusão. Nesse período o clero assumiu funções intelectuais, procurando
desenvolver maneiras mais acessíveis de ensinar a doutrina cristã e outras disciplinas para as
pessoas que eram, em sua maioria, iletradas. As bases de poder das monarquias dessa época
tinham uma forte ligação com a cristandade, com o batismo de reis como Clóvis, na Gália, e
Recáredo, na Espanha, contribuindo para o disseminação do cristianismo em seus territórios
(ALEXANDRE, 2003). A cristandade fica cada vez mais desenvolvida dentro do poder
político, expandindo-se ainda mais no século IX, quando a maioria das monarquias vigentes
seguiam preceitos da Igreja Católica.

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