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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de filosofia e ciências humanas

Departamento de História

História Antiga Ocidental, turma 9038F - Maria Regina Cândido

Gabriel Romão Esteves, matrícula 202410172711

Helenismo e Romanização

O conceito de Helenismo aborda a disseminação da cultura grega ao longo dos


séculos, especialmente durante períodos marcados por expansão militar, colonização e
intercâmbio cultural. Isso foi mais proeminente durante o reinado de Alexandre, o Grande, que
ascendeu ao trono macedônico após a morte de seu pai, Felipe II. Alexandre, educado pelo
filósofo grego Aristóteles, difundiu amplamente a cultura helenística em seus vastos domínios.

Lee I. Levine, discerta em seu livro Judaísmo e “Helenismo na Antiguidade” a


diferença entre termos praticamente sinônimos: Helenismo e Helenização. Para ele, o
Helenismo representa um ambiente cultural predominantemente grego, observado durante os
períodos Helenísticos, Romano. Já a Helenização refere-se ao processo pelo qual essa cultura
grega foi adotada e adaptada em níveis locais. (LEVINE, 1999, p. 277-279).

Em paralelo, Johann G. Droysen (1808-1884), define o Helenismo como uma mistura


singular de influências gregas e orientais, que deu origem a uma cultura cosmopolita estendida
por uma grande área geográfica. Ele defendeu que as vitórias de Alexandre expuseram os
gregos a diversas culturas e costumes, resultando em transformações substânciais na
identidade grega e na civilização ocidental como um todo (DROYSEN, 2010, p. 190)

De acordo com Maria F. Eyler “... hellenizein significava “falar grego” ou “viver
como os gregos”. Essas monarquias helenísticas eram governadas por reis macedônios por
nascimento e gregos por cultura.” (EYLER, 2014, p. 120). Isto demonstra que a helenização
foi tão forte a ponto de sincretizar até a origem dos reis, fazendo com eles deixem de lado de
sua “nacionalidade” em prol da helenização.

Assim, é possível afirmar esse sicretismo cultural com base em materiais


arqueológicos extraídos das regiões dominadas por Alexandre da Macedônia, como

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tetradracmas com seu rosto, encontradas em regiões da Ásia Central, demonstrando que a
expansão helênica moldou o comércio aos arredores do mediterrâneo.

Figura 1- Tetradracma representando Alexandre, O Grande feita entre 297-281 aC, emitido pelo rei
Lisímaco da Trácia

FONTE: https://api.artic.edu/api/v1/artworks/5764/manifest.json

Séculos após a morte de Alexandre e o Helenismo ainda presente de forma atuante na


construção cultural de toda a região grega, surge, no centro da atual Itália, o que se tornaria o
maior império antigo ocidental. Roma inicia sua expansão no em IV a.C, ainda como
república, contudo, não há registros escritos por romanos naquela época (BREARD, 2017, p.
23). Mas, para se entender um processo semelhante a Helenização, porém com a cultura e
costumes romanos, faz-se mister utilizar o termo Romanização, descristo pela primeira vez
pelo historiador Theodor Mommsen(1817-1903) no livro História de Roma (1854), onde o
autor define como o período de expansionismo e inserção da cultura romana aos povos
barbaros, o que gerou, nas falas de Mommsen, um progresso civilizatório(MOMMSEN,
1854-1855, 1885. pp. 1934)

Também é proposta uma definição de Romanização pelo historiador Greg Woolf (1961),o
qual afirma que "Romanização deve ter sido o processo pelo qual os habitantes se tornavam e
se identificavam como um tipo de romano" (WOOLF, 1988, p.7). Em outras palavras, a
Romanização ocorreu quando os povos bárbaros adotaram e se integraram à cultura romana.
Uma citação significativa para compreender essa adesão à Romanização vem do século II
a.C, do historiador romano Tácito (apud Breard, M. SPQR: Uma História da Roma Antiga,
p.22) que dizia "eles criam desolação e a chamam de paz", ilustrando como os romanos
conquistavam terras bárbaras e ofereciam uma suposta paz em troca de submissão.

Este conceito ganhou maior relevância durante o período do imperialismo romano, 2

iniciado no governo de Otávio Augusto (27 a.C-14 d.C), devido à vasta expansão territorial e

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política que sucedia, que se estendia da Britânia ao Norte da África. Apesar da extensão dos
territórios, os romanos conseguiram manter uma certa centralização e unidade linguística,
apesar das diferenças regionais. Além disso, Augusto construiu a ideia de cidadania romana
em todo o império, promovendo uma identidade arquitetônica marcante. Esse processo de
unificação, sincretismo e aculturação das populações bárbaras é referido como Romanização
(BREARD, 2017, p. 16-25).

Diante desse cenário, é possível entender que tanto o Helenismo quanto a


Romanização são processos de unificação e homogeneificação de culturas e práticas culturais
em determinadas, e as vezes na mesma, localidade com períodos distintos, os quais atuam de
forma política e militar expansionista em prol de uma cultura considerada superior, uma
espécie de imperialismo à moda antiga (HAMMON, 1948, p 105-161)

Assim, podemos estrabelecer semelhanças e contrastes entre os dois períodos


históricos. Dionísio de Halicarnasso, um autor romano do século I a.C, diz em seu livro Das
Antiguidades Romanas que “Roma poderia considerar-se uma cidade grega”.(BONET, 1991,
p. 11.). Com base nessa documentação, é possível inferir que existem diversas similitudes
entre a helenização e a romanização, aliás, uma vem de forma posterior e influenciada pela
outra, contudo, em espaços, relações culturais e formas de atuação que se constratam. Entre os
fatores que aproximam esses dois processos, pode-se citar que ambos ocorreram e se
difundiram pelo mediterrâneo, expalharam sua cultura por meio de guerras e de uma suposta
superioridade cívica. A Helenização se difundiu pela propagação da filosofia, da literatura e
das artes. Já a Romanização difundiu-se pela expansão do processo burocrático estatal
romano, as leis, a administração e do conceito de cidadão, bem como a unificação linguística
do império.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-LEVINE, Lee I. Judaísmo e Helenismo na Antiguidade. Hendrickson Publishers,
1999, p. 277-279
2-BREARD, M. SPQR: Uma História da Roma Antiga. Editora planeta do Brasil
LTDA, 2017, p.16-25
3-MOMMSEN, T. História de Roma. Lebooks Editora, 2021, p. 1934 4-WOOLF f, G.
Becoming Roman. New York. Cambridge University Press, 1988, p.7
5-HAMMOND, M. Ancient Imperialism: Contemporary Justifications, 1948, p.
105-161.
6-BONET, J. P, Introducción, Dionísio de Halicarnasso, Sobre la Composición
Estilística, Barcelona, PPU, 1991, p. 11
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