Os dois textos descrevem as condições de Roma no século V. O primeiro texto de Agostinho atribui a compaixão mostrada pelos invasores bárbaros ao cristianismo. O segundo texto de Salviano critica os romanos por serem piores inimigos entre si do que os bárbaros, e descreve como os romanos pobres buscavam refúgio entre os invasores para escapar da opressão e injustiça.
Descrição original:
fontes primarias medievais
Título original
Excertos de “Cidade de Deus”, De Santo Agostinho e “O Governo de Deus”, De Salviano (Séc v)
Os dois textos descrevem as condições de Roma no século V. O primeiro texto de Agostinho atribui a compaixão mostrada pelos invasores bárbaros ao cristianismo. O segundo texto de Salviano critica os romanos por serem piores inimigos entre si do que os bárbaros, e descreve como os romanos pobres buscavam refúgio entre os invasores para escapar da opressão e injustiça.
Os dois textos descrevem as condições de Roma no século V. O primeiro texto de Agostinho atribui a compaixão mostrada pelos invasores bárbaros ao cristianismo. O segundo texto de Salviano critica os romanos por serem piores inimigos entre si do que os bárbaros, e descreve como os romanos pobres buscavam refúgio entre os invasores para escapar da opressão e injustiça.
Todas as devastaes, os massacres, pilhagens, incndios e os maus
tratos cometidos neste desastre recente de Roma devem-se aos costumes de guerra. Mas aquilo que aconteceu de modo novo, esta selvageria brbara que por uma prodigiosa mudana da face das coisas, pareceu to suave a ponto de escolher e designar as mais vastas baslicas, para ench-las de gente do povo nas quais ningum seria tocado, das quais ningum seria retirado, s quais muitos foram levados por inimigos compadecidos para que fossem libertados, e das quais ningum seria levado em cativeiro mesmo por inimigos cruis: isto foi em nome de Cristo, e deve ser atribudo aos tempos cristos...
Salviano, O Governo de Deus, sculo V
Os romanos eram, entre si mesmo, inimigos piores que os seus inimigos de fora, porque apesar de serem atingidos pelos brbaros, eles prprios se autodestruram ainda mais. O povo saxo cruel, os Francos so prfidos, os Gpidas desumanos, os Hunos impudicos. Mas seus vcios so to carregados de culpa quanto os nossos? A impudiccia dos Hunos ser to criminosa quanto a nossa? Um Alamano bbado to digno de represso quanto um cristo bbado? Devemos nos surpreender com a impostura dos Hunos e dos Gpidas, que ignoram ser a impostura uma falta? O perjrio do Franco ser reprovvel, mesmo que ele pense ser apenas uma maneira vulgar de falar, e no um crime? Os pobres esto despossudos, as vivas gemem, os rfos so pisoteados, a tal ponto que muitos dentre eles, inclusive gente de bom nascimento que recebeu uma boa educao, refugiam-se entre os inimigos. Para no perecer sob a opresso pblica, procuram entre os Brbaros a humanidade dos Romanos porque no podem mais suportar entre os Romanos a desumanidade dos Brbaros. So diferentes dos povos junto aos quais buscam refgio, no partilhando suas maneiras, sua linguagem, seja-me permitido dizer, nem mesmo o cheiro ftido dos corpos e vestimentas dos Brbaros; mas preferem sujeitar-se diferena de costume a sofrer junto aos Romanos com a injustia e a crueldade. Emigram deste modo para junto dos Godos e dos Bagaudas, ou junto de outro Brbaros que dominam em toda parte. No se arrependem deste exlio, porque preferem viver livres sob aparente escravido a viver escravizados sob aparente liberdade. O nome do cidado romano, antes forte e estimado, valia alto preo, mas hoje encontra-se repudiado e evitado, no apenas valendo pouco, mas abominvel... Da que mesmo aqueles que no se refugiaram junto aos Brbaros so forados a se tornar Brbaros, como sucede maioria dos espanhis e a uma grande parte dos Gauleses, e a todos aqueles que, em todo o mundo romano, a iniqidade constrange a no ser mais romanos. Falamos agora dos Bagaudas que, expropriados pelos maus juzes, castigados, mortos, aps ter perdido o direito da liberdade romana perderam tambm a
honra do nome romano. Ns os chamamos de rebeldes, de homens
decados, mas fomos ns que os foramos a ser criminosos.