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História

Como Estudar História? Métodos e Sugestões / Egito e Mesopotâmia

Teoria

O que é História para você?


Como definiu o historiador francês Marc Bloch, a história é uma ciência que estuda os seres humanos e suas
ações no tempo. Seja através dos aspectos políticos, culturais, econômicos ou sociais ou até mesmo
utilizando fontes como memórias, filmes, documentos oficiais ou livros, o historiador, ao fim, tem como
interesse fundamental as relações humanas e as suas contradições.
Assim, as fontes que falam sobre o passado podem ser múltiplas e hoje, para o historiador, nada é
descartável. Podemos citar como exemplo o próprio impacto das chamadas Fake News no desenrolar de
questões políticas e sociais na contemporaneidade, pois, se um historiador rejeita uma fonte histórica por
não ser legítima ou por não contar “uma verdade”, ele descarta também uma série de indagações que
poderiam ser feitas ao documento, afinal, qual seria o propósito da mentira? O que teria levado alguém a
falsificar um documento? Qual história o falsificador queria contar?

Cena do filme "O capital no século XXI", uma referência ao lema da Revolução Francesa, porém com o nome da cantora Beyoncé.
Disponível em: http://variluxcinefrances.com/2020/filmes/o-capital-no-seculo-xxi/

Posto isso, hoje, podemos considerar uma grande quantidade de fontes para estudar o passado, entre filmes,
fotografias, estatísticas, lendas urbanas, documentos, roupas, marcas, livros, tecnologias etc. Para utilizar
essas fontes e interpretar o passado, construindo uma narrativa, o historiador, portanto, deve sempre indagar
tais fontes e levantar questões e problemas postos pelo presente de forma crítica.
A questão do anacronismo também é fundamental ao se estudar história, pois, ao olhar para o passado,
estamos sempre presos às convenções e aos problemas do presente, no entanto, ao estudar a história
devemos sempre compreender o tempo através de suas próprias características, sem impor valores pessoais
ou contemporâneos ao passado, pois este seria um olhar anacrônico. Um outro problema que também deve
ser evitado para uma melhor compreensão do passado é o etnocentrismo.
Essa prática, muito comum, acaba levando estudantes e historiadores a compreensões muitas vezes
preconceituosas sobre uma determinada sociedade de um tempo. Afinal, definir que um grupo seria atrasado
comparado ao outro, ou hierarquizar etnias e civilizações coloca mais uma vez a imposição de valores
História

pessoais sobre o passado, desrespeitando uma outra característica fundamental da história, que é a
relatividade do tempo e a sua não-linearidade. Diferentes sociedades possuem diferentes formas de se
desenvolver e de lidar com o mundo e com a sua história, logo, isso também deve ser levado em conta ao
estudarmos o passado.

A divisão da História em períodos


Assim, tendo em vista essas questões fundamentais sobre o estudo da história e tendo em mente que hoje
os historiadores trabalham com uma ideia de história não linear, ou seja, sem uma noção de “início, meio e
fim” e nem comparações entre o tempo histórico de diferentes grupos, vale destacar que, para fins didáticos,
ainda realizamos uma divisão linear e cronológica da história no ocidente. Deste modo, o estudo da história,
sobretudo não acadêmico, continua impregnado por uma visão eurocêntrica e limitada do tempo, mas que,
apesar de ser muito criticada, por fim, auxilia na compreensão cronológica dos fatos estudados.
Visto isso, um dos pontos fundamentais dessa cronologia, para as tradições ocidentais, seria o nascimento
de Jesus Cristo que, para uma civilização historicamente cristã, esse é o momento mais importante da
humanidade. Logo, seguimos esta orientação independente de outras religiões. Essa escolha, apesar de muito
baseada também em aspectos astronômicos, revela como as relações de poder influenciam na maneira
como a história é contada.
Desta forma, ainda classificamos os séculos de acordo com períodos que se iniciam e terminam com eventos
que tiveram grande poder de ruptura com o passado e que proporcionaram mudanças na própria estrutura da
sociedade ocidental.
História

Pré-História
Período que trata das sociedades anteriores ao domínio da escrita. Essa nomenclatura é muito questionada
atualmente já que traz, implicitamente, que os povos sem escrita não teriam história.

Idade Antiga
A Idade Antiga se iniciou com as Civilizações da Antiguidade Oriental, as primeiras a desenvolverem um
código escrito. A Idade Antiga se inicia em aproximadamente 4 mil anos a.C., com civilizações como os
egípcios, os persas, os babilônios, etc, além da chamada Antiguidade Clássica, período em que se
desenvolveram as civilizações grego e romana.

Idade Média
O período chamado de Idade Média durou aproximadamente mil anos. Ele se iniciou com a queda do Império
Romano do Ocidente e se encerrou em 1453 com a Tomada de Constantinopla. É nele que estudamos o
Feudalismo, período de fortalecimento da Igreja Católica.

Idade Moderna
A Idade Moderna se iniciou no século XV, período de transição do feudalismo para os Estados Nacionais
Modernos. É um dos períodos mais cobrados nos vestibulares e costumamos caracterizá-lo, na Europa, como
o período do Antigo Regime. Ele encerra com a Revolução Francesa em 1789.

Idade Contemporânea
A Idade Contemporânea se iniciou com a Revolução Francesa, contexto no qual muitos
dos pilares da sociedade que vivemos hoje são fundados. Os acontecimentos dos
séculos XIX, XX e XXI, incluindo os atuais, estão inseridos no que chamamos de Idade
Contemporânea.
Sendo assim, pela contagem do calendário Cristão, estamos no período conhecido
como o século XXI Depois de Cristo (d.C.). Para a contagem dos séculos, basta
observarmos o ano escolhido e separar os dois últimos algarismos. No caso de uma
data que termine com dois zeros, por exemplo, 1800, eliminam-se os zeros, sobrando
apenas o 18, logo, 1800 é o século XVIII. No entanto, se os dois últimos algarismos não forem zero, eles
também podem ser riscados, mas, desta vez, acrescentamos +1 aos dois primeiros, assim, 1802, por exemplo,
seria século XIX (1802 / +1 ou 1835 / +1). Lembrando que os séculos, em história, são sempre escritos usando
os algarismos romanos: I, II, III, IV...
Deste modo, vale reforçar que, apesar da cultura cristã ocidental utilizar essa forma como padrão para
estudar, classificar e entender o passado, existem outras culturas, no entanto que, lidam com a história de
outras formas. No caso judaico, por exemplo, o calendário está sempre 3.761 anos “a frente” do calendário
cristão, enquanto o muçulmano, ao contrário se inicia no que consideramos o ano 622, que marca a fuga de
Maomé para Medina. Também podemos destacar que alguns povos africanos e nativo-americanos, diferente
destes outros, preferem compreender o tempo muito mais pela oralidade do que pela escrita, logo, também
se relacionam com o passado e com a passagem do tempo de outra forma.
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Eixos temáticos
Como muitas vezes os períodos históricos são muito abrangentes, entre os historiadores acadêmicos, ainda
existe a análise histórica focada em eixos temáticos que são divididos da seguinte forma:

Cultura
A cultura dentro do estudo histórico ajuda a compreender a vida dos operários, camponeses e artesãos, assim
como das elites, já que este conceito abrange comportamentos sociais em um determinado contexto e região.
Com o conceito de cultura, podemos abordar assuntos como a religiosidade, a arte, os hábitos cotidianos,
mentalidades, etc. É importante lembrar que as culturas não devem ser hierarquizadas, ao contrário disso, a
valorização da pluralidade de culturas é um caminho para a construção de um conhecimento que respeite a
diversidade das sociedades.

Política
Geralmente associamos o conceito de política aos governantes e tendemos a pensar em um passado recente.
No entanto, a política é tão antiga quanto à humanidade, já que este conceito se relaciona à ideia de poder e
de administração das relações humanas em grupo, ou seja, desde que os homens começaram a viver em
grupo e tomaram consciência de sua existência, existiam atos políticos. O estudo da política nos ajuda, assim,
a compreender que poderes são instituídos em cada conjuntura histórica e, claro, como se relacionam com o
restante da sociedade.

Sociedade
O estudo da sociedade nos ajuda a compreender como nos organizamos no decorrer da história. As formas
de organização social se transformam ao longo do tempo, assim como variam muito de região para região. É
importante relacionar o conceito de sociedade com o de cultura e de política, já que estão em permanente
diálogo.

Economia
O estudo da economia está associado às relações de produção e troca. Ou seja, debruça-se sobre as
atividades produtivas e as relações a elas associadas. A forma como os indivíduos produzem traz, sem
dúvidas, inúmeros impactos sobre as demais relações sociais. Assim, um estudo da economia é fundamental
para compreensão de seus impactos das sociedades humanas em diversos contextos históricos.
Dentro cultura ocidental cristã, a divisão do tempo em períodos históricos também possibilita a compreensão
histórica através de três categorias: a estrutura (longa duração), a conjuntura (média duração), e os fatos
históricos (curta duração), propostos pelo historiador francês Fernand Braudel.
Essas três categorias também permitem olhar um determinado tempo através de uma mudança de escalas,
facilitando assim a compreensão. A estrutura de um tempo histórico seria, por exemplo, as coisas que
demoram muito a passar, que estão consolidadas em uma determinada sociedade, sem sofrer grandes
rupturas, um exemplo seria o capitalismo na idade contemporânea, ou o feudalismo durante a Idade Média.
A ruptura com essas estruturas normalmente marca momentos revolucionários de uma sociedade ou o início
de uma nova fase e, geralmente, estão associadas a aspectos econômicos.
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Já a conjuntura, seria algo que também é lento, mas que não tem raízes tão fortes e por isso acaba sofrendo
mais com a ação dos homens, como, por exemplo, as questões culturais e sociais. Podemos citar como
conjunturas de um determinado período o renascimento artístico, a reforma protestante ou o período de
formação dos Estados Totalitaristas no início do XX.
Por fim, a curta duração seriam os conhecidos fatos históricos, de percepção imediata e extremamente
instáveis, podendo sofrer alterações diretas pelas ações humanas. Geralmente, o que definimos como curta
duração se relaciona com os acontecimentos políticos, fatos históricos como revoluções, golpes, atentados,
pequenas guerras, campanhas militares, grandes eventos e coisas que mudam rapidamente.

Pesa a visão: Não esquece que a história não acontece de forma beeem separadinha, porque ela é igual a
nossa vida: tudo junto e misturado. Além disso, abandona essa ideia de que para estudar história é preciso
gravar datas e nomes. De que forma a História tem interferido na sua história? De que forma você está fazendo
História aí do outro lado da tela? O nosso lema (e o do Enem) é: pensamento crítico, bebê!

As civilizações antigas

Mesopotâmia, a “terra entre rios”

Mapa da região da Mesopotâmia destacando o Crescente Fértil. Disponível em:


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mapa_da_crescente_f%C3%A9rtil.png Acesso: Janeiro de 2022.
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A região da Mesopotâmia (palavra que em grego significa “entre rios”) marca um processo histórico de
sedentarização da humanidade. Os antigos grupos humanos que habitavam aquele território costumavam
viver como nômades, sem lugar fixo, no entanto, a ocupação da região ao redor dos rios Tigre e Eufrates
permitiu uma experiência revolucionária, que estabeleceu cidades-Estados, uma agricultura estável e a
construção de importantes tecnologias e técnicas para aproveitar a água da região.

A escolha da Mesopotâmia para a ocupação está relacionada a larga faixa de terra fértil (conhecida como
Crescente Fértil) que vai do rio Nilo ao Golfo Pérsico, permitindo acesso à água, fácil agricultura e uso das
cheias para irrigação. Assim, a geografia da região influenciou diretamente na formação de sociedades
hidráulicas, que dependiam profundamente das cheias dos rios e do que as águas poderiam fornecer. Nesse
período, era comum que Estados autoritários dominassem os meios e ferramentas de controle da água e
utilizassem a religião como forma de domínio sobre as populações locais, logo, muitas cidades
mesopotâmicas presenciaram teocracias de regadio, ou seja, governos fundamentados na religião e que
controlavam os recursos hídricos.

As civilizações da mesopotâmia:

Sumérios
Foram os primeiros povos a habitarem a Mesopotâmia aproximadamente em 4.000 a.C.,
migrando principalmente para a região conhecida, hoje, como o Iraque. Os sumérios se
estabeleceram na área fundando cidades como Kish, Ur, Uruk, Nipur e Lagash, que,
segundo achados arqueológicos, demonstram um impressionante desenvolvimento
urbano, com complexas formas de administração e organização para o período. Os
sumérios também desenvolveram ricas técnicas de arquitetura, engenharia e escrita,
construindo enormes templos como os zigurates (templos de poder político e religioso), armazéns, técnicas
de irrigação e plantio e até mesmo a escrita cuneiforme.

Acádios
Com o enfraquecimento Sumério depois de muitas disputas internas, outros grupos que habitavam a região,
principalmente vindos da Síria, passaram a invadir as cidades construídas na Mesopotâmia. Por volta de 2500
a.C., esses grupos absorveram os conhecimentos sumérios e desenvolveram novas formas de ocupar a
região, construindo a cidade conhecida, como Acad. Com a conquista realizada, o rei Sargão I unificou as
antigas cidades e fundou o Império Mesopotâmico.

Amoritas – Primeiro Império Babilônico


Os povos amoritas foram os sucessores dos acádios na ocupação da região mesopotâmica. Os amoritas
ocuparam inicialmente a região da Babilônia, mas, com o reinado de Hamurabi (1728-1686 a.C.) logo se
espalharam por todo o Golfo Pérsico, fundando o I Império Babilônico.
Hamurabi também foi responsável pela criação de um conjunto de leis conhecidas como o “Código de
Hamurabi”, sintetizadas pela frase “Olho por olho, dente por dente”. Na lei, aquele que cometesse um crime,
seria condenado com uma pena semelhante ao crime que cometeu. A antiga Babilônia também se tornou um
importante centro comercial na antiguidade e uma referência urbana e arquitetônica para a época.
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Assírios - Império Assírio


Semitas que viviam na região norte da Mesopotâmia e assumiram o poder após a queda dos amoritas. Os
assírios ficaram conhecidos pelo Estado forte e centralizado e pela militarização dessa civilização. Eram
cruéis e utilizavam técnicas inovadoras no combate, destacando o uso de armas de ferro, cobre e estanho,
que garantiram grandes vitórias e a conquista de escravos, base de trabalho dessa sociedade. Apesar o
desenvolvimento, sucessivas crises internas permitiram que o Império Assírio fossem derrotado pelos povos
Caldeus.

Caldeus - Segundo Império Babilônico


Em 612 a.C. os Caldeus e os Medos iniciaram ataques à Nínive, capital do Império Assírio, e conquistaram o
território, fundando o Segundo Império Babilônico. Foi o rei Nabucodonosor (605 – 563 a.C.), com um poder
centralizado, quem transformou a capital Babilônica novamente em um importante centro comercial, criando
fortalezas militares, investindo em obras públicas e na construção os famosos Jardins suspensos e o zigurate
conhecido como Torre de Babel.

O Egito e o Nilo
Assim como as sociedades que se desenvolveram ao redor dos rios Tigre e Eufrates, na África, povos
anteriormente nômades passaram a ocupar as margens do rio Nilo e desenvolver uma sociedade hidráulica
e agrária graças as cheias do rio. Tendo em vista que o norte da África possui um clima árido e regiões
desérticas, o rio Nilo, como afirmou o grego Heródoto, tornou-se a “dádiva do Egito”. Para compreendermos
o desenvolvimento dessa civilização, podemos dividir a história do Egito em 3 fases: o Antigo Império (3200
a.C. – 2100 a.C.), o Médio Império (2100 a.C. – 1580 a.C.) e o Novo Império (1580 a.C.-715 a.C.).

Mapa do Egito Antigo destacando as cidades ao redor do Rio Nilo. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Egito_pt.svg. Acesso: Janeiro de 2022.
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O Antigo Império (3200 a.C. – 2100 a.C.)


Antes das formações dinásticas do Egito, as civilizações que viviam na região já desenvolviam muitas
tecnologias e técnicas fundamentais para o estabelecimento da agricultura e para o uso das águas do rio
Nilo. Esse desenvolvimento também culminou na própria divisão da sociedade em “nomos” e, posteriormente,
na formação de cidades e de um império com um governo centralizado na figura do Faraó. Por volta de 3500
a.C., enfim, dois reinos haviam se formado na região, sendo eles o Alto Egito, ao sul e o Baixo Egito, no Norte.
Apesar de ainda ser algo controverso e da existência do Faraó Menés não ser amplamente aceita, estima-se
que mais ou menos em 3.200 a.C. este Faraó teria unificado os dois territórios e iniciado os períodos
dinásticos do Antigo Império. O novo Faraó passou a ser cultuado como um deus, em um regime conhecido
como monarquia teocrática, centralizou o governo dos nomos e desenvolveu ainda mais os aparatos de
controle sobre o rio Nilo, burocratizando o acesso às tecnologias, à terra e desenvolvendo o modo de
produção.
Sobre essa questão, vale destacar que, quem controlava as terras e a exploração das tecnologias usadas para
canalização do Nilo, para a irrigação, para a drenagem e para o aproveitamento das enchentes era o Estado e
uma elite local. Visto isso, o Estado aproveitava a mão de obra que trabalhava nas terras e nas obras públicas
em um regime de servidão coletiva. Assim, apesar de utilizarem a terra para a subsistência de suas famílias,
estes servos deveriam pagar ao Estado tributos em forma de dinheiro, mercadoria, excedente de produção ou
mais trabalho pelo uso da terra. Essa forma de relação social desenvolveu classes sociais distintas e foi muito
comum em regiões como o Egito e a Mesopotâmia, sendo conhecido como o Modo de Produção Asiático.
Graças ao trabalho dessas pessoas, o Egito viveu um grande período de
desenvolvimento político, econômico e cultural e, durante a terceira e a quarta
dinastia, sobretudo no poder dos faraós Seneferu (2613 – 2589 a.C.) e Queóps
(2589 – 2498 a.C.) o Antigo Império viveu seu auge, com a construção inclusive de
grandes pirâmides e monumentos arquitetônicos. Essas obras, apesar de terem
um importante significado político, pois demonstrava o poder de seus Faraós, eram
utilizadas como túmulos para Faraós e nobres. Os egípcios, politeístas,
acreditavam que com a mumificação e o enterro dos Faraós ao lado de seus
pertences, o corpo divino do líder estaria protegido pela pirâmide e pronto para uma
possível reencarnação no futuro, segundo os ideais religiosos.
Vale destacar que, graças à prática da mumificação, os egípcios também foram fundamentais para o
desenvolvimento de noções anatômicas, de componentes químicos e de uma medicina antiga muito rica.
Assim como, a construção das pirâmides levou à descoberta de noções matemáticas e ao desenvolvimento
de técnicas de arquitetura avançadíssimas.

Médio Império (2000 a.C. – 1580 a.C.)


Por volta de 2300 a.C., o Antigo Império passou a conviver com séculos de instabilidade política e econômica,
marcada pelas secas, pela fome e por pestes. Neste período, a crise levou ao enfraquecimento do Faraó e ao
fortalecimento de nobres locais, nos antigos nomos, chegando ao fim o Antigo Império.
Apenas em 2061 que o império retomou a centralização do poder com o faraó Mentuhotep II (2061 a.C. –
2010 a.C.), que derrotou os líderes das nomas e transformou Tebas na nova capital do império. No entanto,
apesar da vitória, os constantes conflitos entre o faraó e os nomarcas permitiu o enfraquecimento dos
egípcios e, posteriormente, o início de uma forte invasão estrangeira, com os hebreus e os hicsos. A ocupação
dos hicsos durou quase dois séculos e sacramentou o fim do chamado Médio Império.
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Novo Império (1580 a.C. – 525 a.C.)


A unidade política foi resgatada novamente por volta de 1580 a.C., com a insurreição dos egípcios contra os
hicsos, que marcou enfim o início do Novo Império. Os hebreus, que também haviam penetrado na civilização
egípcia, foram escravizados com a derrota dos hicsos, mantendo-se nesta condição de cativeiro até a fuga
em 1250 a.C.
Foi neste período que se consolidou no Egito a estrutura social mais complexa dessa civilização: no topo, o
Faraó era uma figura divina e representava o Estado, abaixo, entre os nobres, encontrava-se o Vizir, que era
indicado pelo Faraó para cuidar da administração do Estado, e os sacerdotes, responsáveis pelas questões
religiosas. Nas classes intermediárias, além dos soldados, existiam os escribas, responsáveis pela
contabilidade, por registros e fiscalizações no reino. Por fim, dentre as classes mais baixas estavam os
artesãos, os comerciantes, os camponeses e, na base os escravizados.
Uma das principais características deste período foi o desenvolvimento bélico e a expansão egípcia para
novas terras, conquistando regiões ao sul, próximo ao Sudão e ao leste, próximo à Mesopotâmica com
Tutmés III (1480 a.C. – 1448 a.C.) e, com Ramsés II(1292 a.C. – 1225 a.C.) chegando inclusive na Ásia. Essa
expansão garantiu o domínio de outros povos, a conquista de escravizados uma era de muita riqueza para o
Novo Império.
Entretanto, apesar das diversas conquistas no exterior, internamente o império mais uma vez ruía graças aos
conflitos entre nobres e sacerdotes. Por volta de 1100 a.C., mais uma vez o Egito voltou a se fragmentar em
dois reinos, o que foi crucial para o enfraquecimento desta civilização e a posterior conquista do Egito por
outros impérios que cresciam ao redor, como o macedônico e o romano.
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Exercícios

1. (UFRGS 2018) Leia o texto abaixo:


Linguisticamente, a Europa tornou-se o lar dos ‘arianos’, falantes de línguas indo-europeias advindas
da Ásia. A Ásia Ocidental, por outro lado, foi o lar dos povos nativos de línguas semitas, um ramo da
família afro-asiática que inclui a língua falada pelos judeus, fenícios, árabes, coptas, berberes, e muitos
outros do norte da África e Ásia. Foi essa divisão entre arianos e outros, incorporada mais tarde nas
doutrinas nazistas, que, na história popular da Europa, tendeu a encorajar o subsequente menosprezo
das contribuições do Oriente para o crescimento da civilização.
GOODY, Jack. O roubo da história. Como os europeus se apropriaram das ideias e invenções do Oriente. São Paulo: Contexto,
2015. p. 38-39.
Assinale a alternativa que indica a visão de mundo aludida no texto.
a) Antropocentrismo
b) Eurocentrismo
c) Paganismo
d) Isolacionismo
e) Humanismo

2. (UEA 2013) As ciências, as técnicas, as instituições políticas, as ferramentas mentais, as civilizações


apresentam ritmos próprios de vida e de crescimento.
(Fernand Braudel. Escritos sobre a história, 1969. Adaptado.)

No fragmento, o historiador Fernand Braudel critica a classificação da história em grandes períodos


unificados e homogêneos, ao ressaltar que
a) a mudança histórica é orientada pelas concepções que os homens têm da política, da sociedade
e da economia.
b) as sociedades humanas seguiram, a partir da Revolução Industrial, um mesmo modelo de
transformação histórica.
c) as artes, a cultura e a tecnologia modificam-se, diferentemente dos fatos políticos, de maneira
muito semelhante.
d) a existência social dos homens é múltipla e que os elementos que a compõem modificam-se de
forma desigual no decorrer do tempo.
e) a economia é a determinação mais poderosa na vida dos homens e que a história da humanidade
é impulsionada pelas novidades técnicas.
História

3. (Enem 2010) A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz
respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que
nada entendem.
VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.

Nessa definição, o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos principais:
um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por uma democracia
incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história
política?
a) A distribuição equilibrada do poder.
b) O impedimento da participação popular.
c) O controle das decisões por uma minoria.
d) A valorização das opiniões mais competentes.
e) A sistematização dos processos decisórios.

4. (Vunesp 2013) O desenvolvimento do capitalismo provoca transformações. Ao se expandir, o


capitalismo encontra espaços com peculiaridades sociais, políticas e culturais diante das quais precisa
adaptar-se para lograr sua implantação. Flexível, o capitalismo assume, por conseguinte, colorações
diversas sobre a superfície do planeta, conservando e/ou dando novos significados a certos aspectos
das diferentes culturas.
(Marcos Lobato Martins. In: Carla Bassanezi Pinsky (Org.). Novos temas nas aulas de História, p. 138)

O trecho apresentado ressalta a renovada importância da História


a) regional.
b) política.
c) institucional.
d) ambiental.
e) demográfica.
História

5. (UNICENTRO 2017) A intervenção das sociedades humanas no espaço, intensificada pela evolução do
desenvolvimento tecnológico, vem transformando as paisagens terrestres. Além da ação humana, a
natureza também atua modificando as paisagens por meio de fenômenos naturais. Para as
transformações das paisagens, o geógrafo pode utilizar diferentes escalas de tempos utilizadas.
Assinale qual alternativa define “tempos históricos”.
a) Calculado em era e períodos. Marca acontecimentos de duração muito longa, como a formação
da Terra e dos continentes.
b) Contado em séculos e assinala fatos históricos marcantes, como o fim e o início das grandes
civilizações, as grandes navegações, a Revolução Industrial, etc.
c) Marca a ocorrência de um fenômeno que se repete em ciclos, podemos citar como, eventos sociais
migração de trabalhadores rurais, eventos naturais, etc.
d) Fatos que ocorrem em períodos de curta duração, sendo eles de causas naturais ou provocados
pelo homem.

6. (UEG GO/2013) Grandes civilizações começaram a se formar por volta de 7 mil anos atrás [...]. Essas
civilizações, pelas suas características, são chamadas de sociedades agrárias ou férteis, mas existem
ainda outras denominações, como Impérios Teocráticos de Regadio.
ARRUDA, José J. de A; PILETTI, Nelson. Toda a história – História geral e história do Brasil. São Paulo: Ática, 2000. p. 17.

O texto refere-se ao nascimento das primeiras civilizações humanas no Crescente Fértil. Sobre este
assunto:
a) Identifique três dessas grandes civilizações, uma no continente africano e duas no asiático.
b) Explique o significado da expressão “Impérios Teocráticos de Regadio”.
História

7. (UFTM MG/2011) (...) um dos traços mais visíveis da economia egípcia antiga era, sem dúvida, o
estatismo faraônico: a quase totalidade da vida econômica passava pelo faraó e seus funcionários, ou
pelos templos. Estes últimos devem ser considerados parte integrante do Estado, mesmo se, em certas
ocasiões, houve atritos entre a realeza e a hierarquia sacerdotal (...). As atividades produtivas e
comerciais, mesmo quando não integravam os numerosos monopólios estatais, eram estritamente
controladas, regulamentadas e taxadas pela burocracia governamental.
Ciro F. Cardoso. O Egito Antigo, 1982. Adaptado.
A partir do texto, conclui-se que, no antigo Egito:
a) a economia era ineficiente, pois funcionários corruptos exploravam os camponeses e desviavam
os impostos devidos ao Estado.
b) as constantes disputas entre a burocracia estatal e os sacerdotes levaram à separação entre o
poder político e religioso, o que comprometeu o poder do faraó.
c) o domínio do poder público sobre a sociedade inibiu o surgimento de iniciativas privadas, capazes
de racionalizar a produção e evitar o desperdício.
d) a cobrança de impostos constituía-se na principal atividade do Estado, que não dispunha de
exércitos organizados para enfrentar inimigos externos.
e) a organização da economia garantia ao estado o controle dos excedentes de produção, que se
constituíam em importante fator de poder político.

8. (UEMA 2020) A sociedade brasileira passou por muitas mudanças em relação às mulheres. As
pesquisas históricas nas últimas décadas têm mostrado a participação feminina em todos os
acontecimentos de nossa história. Analise as imagens a seguir.

Debret. O Jantar. c.1820. Disponível em: Foto oficial da seleção brasileira feminina para Copa do
https://ensinarhistoriajoelza.com.br/stj/wp- Mundo de 2019/CBF. Disponível em:
content/uploads/2015/11/Jantar_Debret.jpg https://www.cbf.com.br/selecao-
brasileira/noticias/selecao-feminina/selecao-brasileira-
feminina-faz-foto-para-a-copa-do-mundo-2019

Com base nas imagens e nos estudos históricos, compare a condição feminina, no Brasil, explicando
duas mudanças dos papéis sociais femininos concernentes ao período colonial e à atualidade.
História

Gabaritos

1. B
O texto destaca como se deu o processo de construção linguística de uma Europa ligada essencialmente
ao arianismo, apontando que sua formação remete a aspectos culturais do Oriente que foram sendo
renegados ao longo do tempo. Além disso, o autor ressalta a fabricação do modus operandis da cultura
cristã ocidental baseado em uma dicotomia entre nós (europeus) e eles (tudo aquilo que não é europeu),
ou seja, apontando para uma visão eurocêntrica de mundo.

2. D
O autor aponta pra um aspecto importante do estudo de história: a não linearidade. Segundo o trecho, é
possível perceber que para ele os aspectos que compõem a história não podem ser vistos de forma
homogênea e nem evolucionista, uma vez que cada sociedade possui o seu próprio ritmo de crescimento
e tempo histórico.

3. C
Para o autor, a política está ligada a dois processos que possuem um denominador em comum: a
manutenção do poder na mão de uma minoria. Se em um primeiro momento a população era impedida
de participar ativamente da política, no segundo momento, ele aponta para o fato de que é permitida a
participação do povo, porém em um processo que elas não sabem como funcionam plenamente, em
ambos facilita-se o controle do poder político por parte de uma minoria.

4. A
O capitalismo pode ser considerado uma conjuntura histórica, que, de acordo com o autor do trecho,
encontra peculiaridades provenientes de cada região, sociedade e cultura e, portanto, precisa encontrar
formas de se adaptar a essas diferenças para lograr sucesso.

5. B
O tempo histórico é diferente do tempo geológico ou natural, pois esse é marcado pelos acontecimentos
envolvendo a atuação dos seres humanos no planeta e suas relações sociais. Assim, os tempos
históricos podem ser divididos através de marcos específicos, delimitados por grandes acontecimentos.

6.
a) Na Ásia: assírios, babilônicos, caldeus, sumérios, fenícios, hebreus. Na África: Civilização Egípcia, o
Reino de Kush, a Civilização Núbia e o Império Axumita.

b) Este modelo político estava relacionado ao monopólio do Estado sobre as tecnologias hidráulicas e
sobre as terras e, consequentemente, a profunda relação entre um líder político com características
divinas e o próprio Estado.

7. E
No Egito Antigo o Estado era o grande detentor de terras e quem tinha o controle sobre os trabalhos
realizados na servidão comunitária. Assim, o Estado e a nobreza garantiam para si tributos pagos pelos
camponeses e trabalhadores urbanos, excedentes de produção e até mesmo o monopólio sobre
tecnologias hidráulicas.
História

8. Analisando as imagens é possível perceber uma diferença gritante entre os períodos apontados, tanto
socialmente quanto racialmente. Na primeira imagem, a mulher branca é representada dentro do período
colonial em um ambiente familiar aonde sua função era de subserviência ao homem e a organização do
lar. Dentro do mesmo contexto, a mulher negra é representada como uma escravizada ao dispor de seus
donos. Já a segunda imagem, apresenta as mulheres ocupando um espaço que até pouco tempo era
considerado, essencialmente, masculino. Outro fator que podemos apontar na segunda figura, é que
essas mulheres estão em pé de igualdade entre elas, ainda que possamos fazer diversas ressalvas,
diferentemente da primeira imagem que existia uma evidente hierarquização.

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