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HISTÓRIA
DA EDUCAÇÃO
Profª. Me. Margaret Regina de Assis
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
PROFª. ME. MARGARET REGINA DE ASSIS
3

Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério

Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira

Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos

Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira

Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Esp. Izabel Cristina da Costa

Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza Mendes Leite


Fernanda Cristine Barbosa
Prof. Esp. Guilherme Prado

Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Eliza P. Campos

© 2021, Faculdade Única.



Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
1° edição

Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
5

MARGARET REGINA DE ASSIS


Mestre em Educação na área de concen-
tração Formação de Professores, Instituições e
História da Educação pela Universidade Fede-
ral de Ouro Preto (2018). Especialista em Gestão
Escolar pela Universidade Federal de Ouro Pre-
to (2016). Graduada em Pedagogia pela Univer-
sidade do Estado de Minas Gerais (2008). Atua
como Professora formadora do Pacto pela Alfa-
betização na Idade Certa e na área de pesquisa
em Educação, ênfase em Formação Docente,
Práticas Pedagógicas e Saberes Docentes.

Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-


ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/8826398505441753
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
6
LEGENDA DE

Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a
seguir:

FIQUE ATENTO
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas
quais você precisa ficar atento.

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virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.

VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.

FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.

GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
DOS PRIMÓRDIOS À ANTIGUIDADE OCIDENTAL

1.1 A Educação Difusa Nas Sociedades Tribais .................................................................................................................................................................................................................10


1.2 A Educação Na Antiguidade Oriental .............................................................................................................................................................................................................................12
1.3 A Educação Na Antiguidade Clássica Ocidental .....................................................................................................................................................................................................14
1.4 A Educação Espartana ..............................................................................................................................................................................................................................................................16
1.5 A Educação Ateniense ...............................................................................................................................................................................................................................................................16
1.6 A Educação Na Antiguidade Clássica Ocidental: Roma ....................................................................................................................................................................................17
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................20

UNIDADE 2
A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA
2.1 As Características Da Educação Medieval ..................................................................................................................................................................................................................26
2.2 A Educação Feudal ....................................................................................................................................................................................................................................................................28
2.3 A Educação Urbana ...................................................................................................................................................................................................................................................................30
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................33

UNIDADE 3
A EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA
3.1 A Institucionalização Da Escola ..........................................................................................................................................................................................................................................38
3.2 O Diálogo Entre O Antigo E O Moderno .....................................................................................................................................................................................................................39
3.3 A Influência Da Igreja Na Formação Do Cidadão .................................................................................................................................................................................................39
3.4 A Revolução Pedagógica Burguesa ...............................................................................................................................................................................................................................41
3.5 O Brasil: A Catequese À Serviço Da Educação Na Colônia – Século XVI ...............................................................................................................................................42
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................45

UNIDADE 4
EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE
4.1 O Movimento Naturalista De Rousseau ........................................................................................................................................................................................................................51
4.2 Kant E O Idealismo ....................................................................................................................................................................................................................................................................53
4.3 A Educação No Brasil A Partir Da Contemporaneidade: Um Breve Histórico .................................................................................................................................54
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................60

UNIDADE 5
A EDUCAÇÃO PÓS-CONTEMPORÂNEA – SÉCULO XX
5.1 Concepções Educacionais No Século XX .....................................................................................................................................................................................................................65
5.2 Concepção Sociológica ...........................................................................................................................................................................................................................................................66
5.3 Concepção Psicológica ...........................................................................................................................................................................................................................................................68
5.4 Concepção Tecnológica .........................................................................................................................................................................................................................................................69
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................72

UNIDADE 6
A EDUCAÇÃO NO ANO DE 2020 EM MEIO À CRISE DE UMA PANDEMIA
6.1 As Dificuldades Das Escolas Pela Adoção Emergencial Do Ensino Remoto No Brasil ...............................................................................................................77
6.2 A Nova Relação Família-Escola ..........................................................................................................................................................................................................................................79
6.3 Ensino Híbrido: Uma Nova Concepção De Educação? ....................................................................................................................................................................................80
FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................................................................................................................................................................................................86

RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................................................................92


REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................93
8
UNIDADE 1
Nesta unidade serão abordados os aspectos do período paleolítico e neolítico,
primórdios da humanidade. As características da educação difusa nas sociedades
tribais serão apresentadas, bem como a educação na antiguidade clássica, mais
C ONFIRA NO LI VRO

especificamente na Grécia e Roma.

UNIDADE 2
A abordagem sobre os ideais da educação na Idade Média, ressaltará as características
da Educação Medieval (influência da igreja católica na educação), a Educação Feudal
(surgimento da classe burguesa) e a Educação Urbana (educação difundida por
meio da linguagem oral e artística).

UNIDADE 3
A Idade Moderna apresenta a institucionalização da escola, o diálogo entre o antigo
e o moderno para o resgate de uma educação humanista e a influência da revolução
francesa na vida do cidadão. Fará, também, uma breve abordagem sobre a educação
no Brasil a partir do século XVI.

UNIDADE 4
A Unidade 4 aborda o Iluminismo que marca o início do século XVIII iniciando
a contemporaneidade, marcada por revoluções importantes que alteraram
significativamente a vida do cidadão do mundo.

UNIDADE 5
A Unidade 5 faz uma breve abordagem das concepções pedagógicas que têm
norteado o trabalho educacional em todo o mundo. No entanto, o assunto será mais
bem detalhado e aprofundado na disciplina de Didática.

UNIDADE 6
A Unidade 6 apresentará o Ensino Remoto, fruto de uma educação que se constituiu
emergencial devido à pandemia do Coronavírus. A nova relação famíia/escola será
abordada, apresentando uma pequena abordagem acerca do Ensino Híbrido que
já vem sendo discutido e experimentado há mais de 20 anos e que agora tem a
oportunidade de se firmar à nova realidade do século XXI.
9

DOS PRIMÓRDIOS
À ANTIGUIDADE
OCIDENTAL
10
Para que se entenda a evolução do homem que o inseriu em sociedade e, para
tanto, necessitando de uma vida organizada que transfere às próximas gerações seu
modo de vida para a sobrevivência, faz-se necessária uma abordagem que situe o ser
humano na pré-história: o período Paleolítico e o Neolítico, conhecidos como idade da
pedra e que marcam o primeiro período da história da humanidade de aproximadamente
5.000.000 a 5.000 a.C.
O período Paleolítico, também conhecido como idade da pedra lascada, era
dividido em paleolítico inferior e superior. Tem características que apontam que o homem
vivia em grupos, era nômade e lutava por sua sobrevivência. Os primeiros hominídeos
viviam da caça e da coleta. Já possuíam o controle do fogo e confeccionavam seus
próprios instrumentos de trabalho como a faca e o machado, utilizando-se de materiais
como a pedra lascada, madeiras e ossos. Posteriormente, foram aperfeiçoando as suas
ferramentas, a partir de marfim e ossos para a confecção de arco e flecha, lançador de
dardos, anzol e linha, o que comprova que desenvolviam o hábito da caça e da pesca.
As pesquisas mostram, a partir dos historiadores e antropólogos, que nessa época já
desenvolviam a pintura e a arquitetura.
Já o período Neolítico é dividido em dois momentos: idade da pedra polida e idade
dos metais. Na primeira fase, inicia-se o cultivo dos campos, o que contavam com o auxílio
de ferramentas como a enxada e passaram a desenvolver o artesanato que consistia na
confecção da cerâmica e dos tecidos, a partir do tear inventado por eles. Surge, agora,
os primeiros arquitetos, que utilizavam as pedras para a edificação de suas moradias. A
segunda fase é marcada por invenções que alteram, radicalmente, a vida do ser humano
na face da terra: a roda, a escrita, a metalurgia e o arado de bois. Surgem as primeiras
cidades e a metalurgia.

BUSQUE POR MAIS


Caro (a) aluno (a), sugere-se o filme “A Guerra do Fogo”, para que você en-
tenda o contexto da Pré-História, período no qual a descoberta e o domínio
da arte de “fazer” o fogo representava o poder de uma tribo sobre as demais
e sua luta pela sobrevivência. O filme aborda ainda, que sempre há alguém
que detém o conhecimento de algo e encontra uma maneira de transferi-lo a
outros, como nos mostra a cena em que um hominídeo ensina aos demais a
habilidade de “tirar” o fogo do atrito de um graveto com a pedra. Vale a pena
conferir a dica. O trailer está disponível em: https://bit.ly/3gxC0Dl. Acesso em:
14 fev. 2021.

1.1 A EDUCAÇÃO DIFUSA NAS SOCIEDADES TRIBAIS

Falar em educação em uma época quando a escola ainda não se institucionalizava


em um ambiente fechado e organizado, num tempo em que não se imaginava adotar
métodos educacionais, a responsabilidade pelo ensino era atribuída aos adultos a partir
das influências de conduta e comportamento, conforme ilustrou tão bem Aranha (1996,
p. 56):
11
O homem não possui aparelhamento instintivo como o
dos animais, e por isso precisa ser socializado para so-
breviver, o que é feito mediante a educação recebida
das pessoas que o circundam, a partir dos modelos so-
ciais do grupo a que pertence. De fato, desde que nasce,
o homem é submetido a um intenso processo de apren-
dizagem que não termina senão com a morte.

A vida tribal era pautada no sagrado que perpetuava os mitos e ritos por meio da
oralidade, mantendo-se os costumes e as crenças de uma geração a outra. Não há nessa
sociedade uma hierarquia, o trabalho é coletivo, existindo a figura do chefe guerreiro
que transmitia os anseios da comunidade que, embora demonstrassem respeito e
prestígio não lhe deviam obediência, uma vez que não exercia um papel de soberano. A
educação visava o desenvolvimento de habilidades, capacitando o homem à integração
social, onde a criança imitava o adulto em sua conduta a partir das atividades cotidianas,
aprendendo e acumulando conhecimento de tradições como as artes, os ofícios, os ritos,
os cultos e outras manifestações culturais:
A formação é integral — abrange todo o saber da tribo
— e universal, porque todos podem ter acesso ao saber
e ao fazer apropriados pela comunidade. É bem verda-
de que alguns se destacam, detendo um conhecimento
mais amplo ou especial — como no caso do feiticeiro
— o que, no entanto, não resulta em privilégio, mas ape-
nas em prestígio, como já foi dito. O conhecimento mí-
tico imprime uma tonalidade especial à educação, pois
os relatos aprendidos não são propriamente históricos,
no sentido da revelação do passado da tribo. Diferente-
mente, o mito é atemporal e conta o ocorrido no “início
dos tempos”, nos primórdios. Daí os diversos ritos que
marcam as passagens, como o nascimento e a morte
ou ainda a iniciação à vida adulta (ARANHA, 2006, p. 35).

A figura, a seguir, organiza as características do modelo de educação praticado


nas sociedades primitivas tribais:

Figura 1: Principais característica do modelo de educação na sociedade primitiva


Fonte: Adaptado de Aranha (2006)
12
Quando a escrita se torna necessária para registro e controle (em decorrência
das produções e da vida social, alterada pelo surgimento das classes sociais e relação
de trabalho escravista), o saber que era acessível a todos, fica agora restrito às classes
dominantes.

1.2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL

As civilizações antigas procuravam se instalar em regiões atravessadas por rios,


o que garantiria condições necessárias à sobrevivência de suas famílias. Organizavam-
se em castas que não se misturavam, tendo a influência da religião em seus costumes
e modo de viver. Cambi (1999) faz uma abordagem interessante para caracterizar as
sociedades da época, o qual intitulou de Sociedades Hidráulicas que nascem no Extremo
Oriente com a China e a Índia:
As grandes sociedades hidráulicas nascem no Extremo
Oriente com a China e a Índia, as quais, sulcadas por
grandes rios, acolhem populações numerosas e diversas
e organizam sua vida de modo unitário por meio da reli-
gião e do papel do Estado. São sociedades ligadas à cul-
tura dos vegetais” (Braudel): o milho, a cevada, a ervilha,
o sorgo; onde a carne escasseia. São sociedades ligadas
ao problema da irrigação. Aspectos centrais também
nas sociedades hidráulicas mais ocidentais: da Mesopo-
tâmia e do Egito, que se modelam segundo a mesma
estrutura das asiáticas e manifestam as mesmas carac-
terísticas tanto sociais como técnicas e um forte desen-
volvimento destes dois aspectos (CAMBI, 1999, p. 60-61).

Origina-se, portanto, o Estado, as classes sociais e a educação informal que, de uma


geração a outra consistia na transmissão dos valores e do estilo de vida praticados por
cada casta/comunidade. De acordo com Monroe (1970) a educação era teórica e prática,
uma vez que a experiência dos adultos se transmitia oralmente às crianças para que se
ajustassem ao meio natural em que viviam e aos costumes de sua comunidade. Bittar
(2009) atribui esta prática a um binômio entre “falar bem” e “o fazer”. Na educação prática,
acontecia o treino para obtenção de alimentos, abrigo e vestuário, treinamento este que
acontecia através da imitação que a criança fazia do adulto: os meninos aprendiam o
ofício dos homens e as meninas, por sua vez, os trabalhos domésticos realizados pelas
mulheres mais velhas. A função educativa pela teoria consistia na instrução dos jovens
pelos mais velhos, preservando as tradições e a cultura da sociedade.
Na Índia, a educação era fortemente influenciada pela religião hinduísta e
posteriormente pelo budismo. Os sacerdotes, mais conhecidos como Brâmanes recebiam
uma educação privilegiada, estudando, além da religião, disciplinas como a filosofia,
literatura, gramática, matemática, astronomia, direito e medicina. Os demais indivíduos
das outras castas recebiam uma educação voltada para a prática, ou seja, precisavam ser
formados para o trabalho. No entanto, os Sudras e os Pários eram excluídos de acesso
a qualquer tipo de educação. Com os ideais budistas, a educação sofre forte influência
pelos ensinamentos espirituais do mestre, no sentido de desenvolver a personalidade
por meio da autoconscientização e senso crítico, a partir de uma postura proativa
13
de seus discípulos. Os alunos aprendiam a ler e a escrever, por meio das escrituras
sagradas hindus, como os Vedas, focando no desenvolvimento espiritual, sem prejuízo
da estimulação intelectual que acontecia através da instrução da lógica e da poesia. O
ideal educativo consistia no desenvolvimento do ser humano integral: físico, espiritual
e intelectual. No entanto, a educação não tinha caráter universal devido ao sistema
de castas que diferenciava a educação de acordo com a classe, já que indivíduos de
uma casta não poderiam migrar para a outra. A imagem aponta o funcionamento da
sociedade em castas:

Figura 2: Sistema de castas na Índia


Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3vhPF5o. Acesso em: 14 fev. 2021

FIQUE ATENTO
Entenda melhor como funcionava o sistema de castas na Índia: Os Brahmins (brâma-
nes) que estão no topo da pirâmide eram os sacerdotes. Os Kshatriyas (xátrias) eram os
guerreiros e magistrados. Os Vaisyas (vaixás) eram agricultores e comerciantes, já os Su-
dras, artesãos e os Pariah (párias) eram os servos que não pertenciam a nenhuma casta
e serviam para os serviços elementares.

A educação na China favorecia mais as classes abastadas como os mandarins,


conhecidos como “funcionários literatos” que recebiam instrução em escolas
especializadas e intelectualizadas, influenciadas pelo Confucionismo (religião mais
sofisticada que o Budismo e que ensinava Filosofia e Ética) e pelo Taoísmo que pregava
o misticismo e a salvação. O mesmo não acontecia com os cidadãos de castas inferiores
como os camponeses, mercadores e artesãos que, não tendo uma cultura organicamente
definida, permaneciam subordinados aos governantes e contavam com uma formação
elementar que, pela limitação da difícil língua chinesa (ARANHA, 2006; CAMBI, 1999),
memorizavam conteúdos como o cálculo e a alfabetização. Há relatos, na história da
antiguidade, de que o Confucionismo influenciou, positivamente, a educação formal
tendo como método a promoção de valores sociais. A cultura chinesa teve suas raízes no
Confucionismo (entrar no mundo humano), Budismo e Taoísmo (transcender o mundo
humano). No entanto foi o Confucionismo que impactou a sociedade humana com seus
ensinamentos. Os textos de Confúcio eram indicados para memorização e os alunos
se submetiam a exames que avaliavam a Língua escrita (ideográfica), a Literatura e a
Matemática.
No JAPÃO a educação segue o modelo da China, tendo características dualista
14
e literária, nada pragmática em uma sociedade fortemente dividida por classes sociais
(CAMBI, 1999). As religiões predominantes eram o Xintoísmo, primeira religião do Japão
e o Budismo. De acordo com Piletti e Piletti (2012, p. 20) a educação formal no Japão
começava entre 13 e 16 anos, tendo como base dois livros: o Kotio que ensinava os deveres
familiares e o Rongo que disseminava a filosofia de Confúcio:
[...] À semelhança da China, o sistema de exames era
muito importante. Os mestres eram escolhidos pela
monarquia, mas havia, também, mestres particulares.
[...] No início do século VII d.C., surgiu a Universidade de
Tóquio, onde se ensinava Ciência Política, Jurisprudên-
cia, Matemática, Medicina, Astronomia e os clássicos
chineses. Mais tarde, a Universidade foi substituída pelo
Colégio de Confúcio, que chegou a ter até três mil alu-
nos. As mulheres recebiam uma educação limitada.

Ainda de acordo com Piletti e Piletti (2012) no ano de 270 d.C., um chinês letrado levou
a escrita chinesa para o Japão sendo que, na ocasião, muitos japoneses desconheciam a
arte de escrever.

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• Para que você, aluno (a), compreenda melhor sobre a vida de Confúcio,
assista ao filme “A batalha pelo Império”. Trailer disponível em: https://bit.
ly/3dHRtPl. Acesso em 15 fev. 2021.
• “O código budista não se baseia na aceitação de poderes sacerdotais, nem
na necessidade de dispendiosos sacrifícios aos deuses, mas na conduta
mora. A maior novidade representada pelo budismo, no entanto, é a não
discriminação da casta ou classe, ocupação ou riqueza. Assim, ele atraiu
as castas inferiores e as recentes classes de mercadores. Durante sua vida
e, durante os dois séculos que se seguiram à sua morte, por volta de 480
a.C., a influência de Buda restringiu-se a uma pequena área da Índia.
Mas, seus ensinamentos, que correspondem a uma revolução humanista, in-
fluíram e continuam influindo na cultura oriental quanto na ocidental” (PI-
LETTI; PILETTI, 2012, p. 22-23).

1.3 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL

A Grécia Antiga compreende o período clássico dos séculos V a IV a.C, época em


que não existia monarquia central e sim cidades-estados, surgindo daí o conceito de
cidadania.
Como bem explica Cambi (1999), há uma mudança drástica na forma como a
cultura é difundida, agora com caráter autônomo que abraça todos os saberes de
forma racional, contemplando mais a teoria do que a prática, o que passa de educação
à pedagogia, a partir da qual emergem modelos que fogem à tradição. O termo que
irá expressar a mudança na formação/educação do cidadão grego é a paideia, termo
cunhado por volta do século V a.C. e que, de acordo com Werner Jaeger citado por
15
(ARANHA, 2006) transcende as expressões como civilização, cultura, tradição, literatura
ou educação: todas fundem-se no conceito global de paideia.
De acordo com vários teóricos a Grécia é o berço da civilização, deixando
características importantes que se assemelham com a educação dos séculos XIX e XX.
“Nenhum outro período há, até o século XVIII, tão cheio de sugestões para o educador
do presente” (MONROE, 1970, p. 27). A educação não está mais a serviço da teologia,
tampouco é restrita ao sacerdote. Os gregos viam na educação formal, o ideal de
preparar os indivíduos para a cidadania, por meio do desenvolvimento intelectual da
personalidade, a partir do estudo do homem, da natureza e do sobrenatural. Pensadores
importantes como Sócrates deixaram-nos muitos ensinamentos acerca da natureza
racional do homem que deveria desenvolvê-la, para a vida, por meio de disciplinas como
a ciência, a arte, a filosofia e a religião.
A educação na Grécia antiga foi dividida em dois períodos: o período antigo
e o período novo. O período antigo compreende o homérico e o histórico. O período
antigo homérico é apresentado a partir de Homero, provável autor das epopeias Ilíada e
Odisseia, conforme apresenta Aranha (2006) que retratava os acontecimentos da época.
A figura abaixo nos proporciona uma visão privilegiada de como ocorria a educação no
período mencionado, exatamente porque suas obras poéticas (epopeias) eram lidas e
estudadas, visando à educação militar do nobre grego:

Figura 3: Educação no Período Antigo Homérico


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Observe que o modelo de educação apresentado na figura acima aborda a


formação para a guerra/ação (Ájax), a formação para a arte de falar bem/retórica (Ulisses)
e, por fim, para a formação integral, representada por Aquiles, onde deverá acontecer a
junção dos dois propósitos de educação. Fica patente, pela representação da imagem,
a partir da influência de Homero, que a educação escolarizada/formal não foi planejada
para a alfabetização de crianças, no período compreendido entre o ano de 900 a 750 a.C,
mas visando o investimento na educação dos jovens, tendo característica política que
intencionava a formação para o exercício do poder.
Outro período antigo é o histórico que apresenta o tipo de educação praticado nas
cidades de Esparta e Atenas, visando também a formação dos jovens gregos:
16

Figura 4: Modelos de Educação no Período Antigo Histórico


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

FIQUE ATENTO
A educação torna-se escolarizada na Grécia, cuja principal característica era política. No
entanto, a escola não foi idealizada para atender às necessidades das crianças pequenas
e sim dos adolescentes e jovens da classe dominante, cuja sociedade era escravista. O
objetivo maior da formação dos jovens voltava-se para a tarefa do poder, ou seja, formar
para governar, privilégio exclusivo da classe dominante. A escola do alfabeto “B.A.BA”
surge na Grécia antiga (século V), a partir das poleis.

1.4 A EDUCAÇÃO ESPARTANA

A educação que se pretendia desenvolver na cidade-estado Esparta valorizada as


atividades bélicas, ou seja, os jovens eram treinados para as guerras, a partir de uma
formação militar. A criança, a partir dos 7 anos de idade, recebia educação púbica (pelos
mais velhos) que era obrigatória e contemplava o ensino de música, canto e dança
coletiva, sendo que a partir dos 12 anos, as atividades voltavam-se para a ginástica que
praticava o treino militar. O ideal de vida do homem espartano consistia na luta e defesa
pelos interesses do Estado.

1.5 A EDUCAÇÃO ATENIENSE


Em Atenas, além da educação voltada para a força física, formavam-se o cidadão
para o intelecto, por meio da iniciativa privada. A partir dos 7 anos de idade, as meninas
permaneciam em companhia das mulheres, dedicando-se ao trabalho doméstico, ao
passo que os meninos recebiam, fora do ambiente doméstico, ensino de alfabetização,
educação física (ginástica) e musical. Surge aí a figura do Pedagogo, escravo designado
a acompanhar a criança do sexo masculino para participar das atividades educativas.
Importante ressaltar que, de acordo com Aranha (2006), o ensino de leitura e escrita
merecia, na ocasião, menor importância em detrimento das práticas esportivas e
musicais, cujos professores tinham maior prestígio. Vale destacar ainda que durante o
17
período grego existiam dois tipos de ginásios públicos: a Academia (para os filhos de
sangue puro) e o Cinosargo (para os filhos de sangue misto).
No período Helenístico, de acordo com Aranha (2006), a Paideia torna-se
enciclopédia, significando conhecimento geral que toda pessoa culta precisava adquirir,
a partir do aprofundamento de estudos teóricos, que acabava restringindo as práticas
da ginástica. As disciplinas ficaram então divididas entre humanísticas (gramática,
retórica e dialética) e científicas (aritmética, música, geometria e astronomia). A filosofia
é aperfeiçoada e posteriormente, introduz-se o estudo de teologia com o advento do
cristianismo.

VAMOS PENSAR?
Importante ressaltar que os filósofos se preocupavam com questões acerca da intencio-
nalidade pedagógica do ensino a ser ministrado, marcando dois períodos da filosofia
grega: pré-socrático (séculos VII e VI a.C) – surgimento dos primeiros filósofos; socrático ou
clássico (séculos V e IV a.C) tendo a contribuição de três grandes personalidades, a saber:
Sócrates, Platão, discípulo do primeiro e Aristóteles, discípulo do segundo); e por fim pós-
-socrático (séculos III e II a.C) com o surgimento das correntes filosóficas do estoicismo e
do epicurismo. Bittar (2009) contribui afirmando que Platão e Aristóteles defendiam que
a educação deveria ser intelectual, portanto a escola não poderia formar para a prática,
sendo esta uma finalidade mercenária, vil, ligada ao trabalho braçal, escravista. Eram
resistentes, também ao ensino da escrita, habilidade própria dos escribas e defendiam o
ensino pela oralidade e memorização por parte dos estudantes. Sabe-se que a educação,
ainda que não escolarizada, acontece na vida do ser humano, desde o seu nascimento,
uma vez que é um ser racional formado a partir de uma alma humana constituída de
racionalidade. Assim, com base em tudo o que você estudou na Unidade 1, suas leituras
complementares e estudos autônomos, reflita: Qual foi o legado deixado pela Antiguida-
de à educação para os dias atuais?

BUSQUE POR MAIS


Importante conhecer o Mito da Caverna de Platão que contribui para reflexão
de educadores acerca do rompimento com o senso comum e alienação em
busca da sabedoria (luz fora da caverna). Assista o video “O mito da caverna –
Platão”. Disponível em: https://bit.ly/3sLm4zJ. Acesso em: 15 fev. 2021.

1.6 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL: ROMA

A educação na Roma antiga sofreu forte influência da conquistada Grécia,


no entanto os romanos eram considerados um povo mais prático, objetivo e prezava
pela eficácia e utilidade (MONROE, 1970). Os processos educativos começavam no lar,
onde o caráter moral era formado pelo pai, sendo que a mulher tinha um papel muito
importante para a vida familiar, diferente das mulheres gregas que não delegavam a
função de criar os filhos às amas. Outra característica importante da educação em Roma
diz respeito à paideia dos filósofos gregos Platão, Isócrates e Aristóteles que influenciou
18
o que os romanos denominaram de Humanitas, termo que abrange a formação integral
do homem (ARANHA, 2006).
A história da educação romana pode ser dividida em três períodos: educação
primitiva (século V a III a.C.), helênica (século III a I a.C.) e imperial (século I a V d.C.).
Na fase da Roma arcaica que, conforme Cambi (1999) era o período em que governaram
sete reis, de Rômulo a Tarquínio, acontecia a educação dita primitiva ou como Aranha
(2006) denominou de “heroico-patrícia”. As famílias tinham pátrios poderes sobre os
filhos e os educavam: os meninos aprendiam a ler, escrever, contar, conhecimentos
de agricultura, guerra e política. Já as meninas aprendiam os trabalhos domésticos.
Após os 17 anos, os meninos aprendiam tarefas militares e questões da vida pública.
Desenvolviam, também, habilidades como nadar, equitar e manejar armas. Praticavam
exercícios físicos visando à preparação para as guerras.
Importante ressaltar que o modelo de educação adotado nesse período foi o
das Doze Tábuas, texto-base que foi escrito no bronze, no ano de 451 a.C., que discorria
sobre a dignidade, a coragem e a firmeza como valores máximos (virtudes) a serem
desenvolvidos no cidadão, juntamente com a parcimônia e a piedade (CAMBI, 1999). A
publicação da lei das Doze Tábuas, segundo Aranha (2006) constitui o primeiro código
escrito romano. O método de aprendizagem prática era de imitação do pai e seus
antepassados. As escolas elementares, na ocasião, ensinavam a ler, escrever e a contar, a
partir do lúdico, pela prática dos jogos.
No período de educação helênica, influenciado pela cultura grega, aprendiam o
latim, o grego, os clássicos, principalmente a partir de Homero. Os jovens de famílias mais
ricas aprendiam a retórica para oratória política e jurídica. Esse período foi marcado pelas
escolas dos letrados que posteriormente passaram a se chamar escolas de gramática,
época em que a Odisseia foi traduzida para o latim e introduzida como conteúdo literário
para os jovens estudantes: “com o tempo, a humanitas degenerou, restringindo-se ao
estudo das letras e descuidando-se das ciências...” (ARANHA, 2006, p. 89).
Enfim, no período imperial a educação já era patrocinada pelo Estado e tinha o
objetivo de difundir a cultura greco-romana. Quintiliano (40 a 118 d.C.) foi um pensador
importante dessa época, influenciando a educação com a obra “A educação do orador”.
A educação precisava seguir quatro etapas: na família – primeira infância, elementar:
sobre os cuidados de um professor; secundária: música, literatura, geometria e oratória;
superior: retórica para formação do orador.

BUSQUE POR MAIS


Para ampliação do conhecimento acerca do filósofo Sócrates que foi mencio-
nado nesta Unidade, assista ao filme “Sócrates” que pode ser encontrado em
vídeo-locadoras e/ou na internet. Trailer disponível em: https://bit.ly/3xcX6Nn.
Acesso em: 05 fev. 2021.
19
GLOSSÁRIO
• Dualista: em que há dualismo, existência simultânea de duas coisas, princípios, sen-
sações contraditórias numa mesma situação ou pessoa.
• Pragmática: ramo da linguística que se dedica ao estudo dos mecanismos de inte-
ração entre o falante e o ouvinte, principalmente a influência do contexto e do uso
concreto da língua no processo de comunicação.
• Retórica: arte de bem falar; argumentação ou comunicação clara; eloquência.
• Dialética: arte do diálogo; arte de, através do diálogo, fazer a demonstração de um
tema, argumentando para definir e distinguir com clareza os assuntos e conceitos
debatidos nessa discussão.
• Poleis: comunidade cujo governo era desenvolvido pelos próprios cidadãos (homens
livres, em grego: politikos), separando claramente o espaço público, do privado; regi-
da por normas gerais, preceitos e um poder por eles guiado, realizava comércio com
outras cidades, durante a Antiguidade Grega (século VIII, a.C.): Pólis Grega.
Fonte: Dicionário Online de Língua Portuguesa. Disponível em: https://bit.ly/3n0A3R8.
Acesso em: 10 abr. 2021.

FIQUE ATENTO
POVOS PRIMITIVOS: A EDUCAÇÃO EM SUA MAIS SIMPLES FORMA
Entre os povos primitivos a educação prática não é organizada. Ela é ministrada através
da imitação direta do adulto pela criança. A educação teórica consiste na transmissão
às gerações mais jovens, do corpo geral de conhecimentos ou de crenças animistas, que
constituem a interpretação das experiências da vida. Essa transmissão é realiada por
meio de diversas cerimônias. As cerimônias de iniciação são as mais importantes, do
ponto de vista educacional. Do animismo provém as religiões naturais, as primeiras fi-
losofias e as ciências rudimentares. Com a formulação destas, criam-se as linguagens
escritas e se desenvolve um corpo especial de conhecimento acessível apenas a poucos.
Isto constitui matéria para um estádio superior de educação. Juntamente desenvolve-se
um sacerdócio especial que se diferencia dos curandeiros ou exorcistas, de um lado, e do
povo comum do outro. O sacerdócio torna-se uma classe especial de professores para
todos. Logo que se organizam para ensinar os futuros membros de sua própria ordem,
surge a primeira escola. Com a formação de um currículo definido, de um magistério e
da escola, encerra-se o estádio primitivo na educação e atingem-se os primeiros estádios
da civilização.
Texto extraído do livro História da Educação de Paul Monroe, 1970, páginas 10 e 11.
20
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (ENADE- 2011) Não brota do individual, mas da ideia. Acima do homem como ser
gregário ou como suposto eu autônomo, ergue-se o Homem como ideia. A ela aspiram
os educadores gregos, bem como os poetas, artistas e filósofos. Ora, o Homem,
considerando na sua ideia, significa a imagem do Homem genérico na sua validade
universal e normativa. Como vimos, a essência da educação consiste na modelagem
dos indivíduos pela norma da comunidade. Os gregos foram adquirindo gradualmente
consciência clara do significado desse processo mediante aquela imagem do Homem,
e chegaram por fim, através de um esforço continuado, a uma fundamentação, mais
segura e mais profunda que a de nenhum povo da Terra, do problema da educação.
JAEGER, W. W. Paideia: a formação do homem grego. Tradução: Artur M. Pareira. 2. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 10-11.

Considerando o tema abordado no texto, avalie as afirmações seguintes:

I. A educação grega se distinguia da educação da maioria dos povos que a antecederam


por considerar a razão como instrumento a serviço do próprio homem.
II. A filosofia era ensinada na Grécia e abrangia os mais diversos tipos de conhecimento,
que se estendiam pela matemática, astronomia, física, biologia, ética, entre outros.
III. A Grécia possuía diferentes cidades-estado com processos de ensino semelhantes
e caracterizados pela igualdade de oportunidades aos diferentes segmentos da
população.
IV. A educação grega foi caracterizada pela presença de diferentes pensamentos
filosóficos como os de Sócrates, dos Sofistas, Platão e Aristóteles, que compartilhavam
dos mesmos ideais e processo de ensino.

É correto apenas o que se afirma em:

a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

2. (CONCURSO PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA - PI) Na Grécia Antiga, várias


cidades estados se revezaram no poder, mas apenas duas obtiveram grandes conquistas
e importância política, social e econômica durante muito tempo. Por conta disso, a
educação em ambas era bastante diferenciada, inclusive a maneira pela qual os exercícios
físicos eram encarados e desenvolvidos. Uma pensava o desenvolvimento holístico do
indivíduo, valorizando os exercícios como complemento, mas sem muito apelo bélico, a
outra percebia os exercícios como a única maneira de se conseguir preparar o indivíduo
para o conflito e para a vida.
21
As características referem-se respectivamente, à:

a) Atenas e Esparta.
b) Esparta e Atenas.
c) Esparta e Jônios.
d) Esparta e Minus.
e) Jônios e Esparta.

3. (CESPE. 2006 - ADAPTADA) A história da Antiguidade Clássica é marcada por


continuidades e descontinuidades em relação ao mundo diversificado da Antiguidade
Oriental. Povos da Mesopotâmia e do Nilo demonstraram que o processo histórico que
unia o Oriente e a África ao Mediterrâneo europeu não era estanque, isolado e sem
comunicação com o que viria a ser a pujança de Grécia e Roma. A propósito da riqueza
dos povos da Antiguidade Clássica e de suas heranças, assinale a opção correta:

a) Roma e Grécia construíram suas histórias de costas para as heranças das sociedades
hidráulicas da Mesopotâmia e do Egito.
b) O escravismo, inexistente em experiências históricas até então, era um sistema
secundário de utilização da força de trabalho nas duas grandes civilizações da Antiguidade
Clássica.
c) As formas mais avançadas de manifestações filosóficas e científicas que apareceram
na sociedade grega, como também em Roma, eram inéditas, mas continham aspectos
herdados de tradições que vinham de sociedades do Oriente Próximo.
d) As condições da vida e do trabalho, no mundo clássico antigo, foram marcadas
por formas assalariadas de remuneração do trabalho muito próximas às do mundo
contemporâneo.
e) Todas as respostas estão corretas.

4. Podemos dizer que a Grécia é o berço da Pedagogia por sua trajetória, aparição dos
filósofos e seus questionamentos relacionados à educação, concebemos três principais
filósofos, identifique qual dos filósofos tinha como ideal de educação, diante da frase
que representa o seu pensamento. “A educação não serve apenas para alcançarmos o
conhecimento de fora para dentro, mas para despertar no indivíduo o que ele já sabe”.

a) A citação refere-se ao pensamento de Sócrates.


b) Alexandre o grande, tinha esse ideal de educação.
c) A citação refere-se ao pensamento dos sofistas
d) Platão acreditava nesse ideal como educação.
e) O pensamento é de Aristóteles.

5. Leia o texto e responda a questão

História da Educação
Lucila C. Pereira
Tomando a herança cultural deixada pela antiguidade como a fonte principal
sobre a qual a civilização ocidental se ergueu, o legado deixado pelas principais
cidades estados da Grécia Antiga – Esparta e Atenas – constitui-se como princípio
22
de organização social e educativa que serviu de modelo para diversas sociedades
no decorrer dos séculos. Reconhecida por seu poder militar e caráter guerreiro, o
modelo de educação espartano baseava-se na disciplina rígida, no autoritarismo,
no ensino de artes militares e códigos de conduta, no estímulo da competitividade
entre os alunos e nas exigências extremas de desempenho. Por outro lado, Atenas
tinha os logos (conhecimento) seu ideal educativo mais importante. O exercício da
palavra, assim como a retórica e a polêmica, era valorizado em função da prática da
democracia entre iguais. Como herança da educação ateniense surgiram os sofistas,
considerados mestres da retórica e da oratória, eles ensinavam a arte das palavras para
que seus alunos fossem capazes de construir argumentos vitoriosos na arena política.
Fruto da mesma matriz intelectual, porém em oposição ao pensamento sofista, o
filósofo Sócrates propunha ensinar a pensar – mais do que ensinar a falar - através de
perguntas cujas respostas dependiam de uma análise lógica e não simplesmente da
mera retórica.
[...] (Adaptado).

Ainda que existam concepções opostas, tanto o pensamento sofista quanto o socrático
contribuíram para a educação contemporânea por meio da (s)/do(s):

a) experiências do passado e das reflexões retóricas com base em uma disciplina rígida,
no diálogo e nas exigências de desempenho pelo código de conduta.
b) valorização da experiência e do conhecimento prévio do estudante enquanto
estratégias que se tornaram muito importantes para o sucesso na aprendizagem desse
aluno.
c) processo de educação do indivíduo no qual é considerado o desenvolvimento dos
grupos sociais e das sociedades como principal motivo para a efetivação do ensino/
aprendizagem.
d) princípios de organização das sociedades visando a prática da democracia, o incentivo
à capacidade de polemizar e argumentar por meio da palavra.
e) Todas as alternativas estão corretas.

6. Texto para a questão.

Por que o legado do sábio chinês Confúcio atravessou milênios?


Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra
constante que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido
o produto de uma variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o
marxismo. No entanto, uma tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por
mais de dois milênios: as ideias do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.).
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso
em vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um
mosaico de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que
refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em reino
tentando persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu
nada além de um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um grupo de
seguidores dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o
23
confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte
que definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é
uma religião como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo
espiritual, ele afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto
se estava nele.
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito
fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a
seus pais e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem
fosse imposta pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as
pessoas deveriam ser encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem
aproveitar ao máximo sua posição.
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia
de sua posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse
bons camponeses ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso
ou um aristocrata, cruel. O pensamento confucionista também se diferenciava
do pensamento moderno, na medida em que glorificava o passado e defendia a
veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse Confúcio, referindo-se à antiga dinastia
que foi considerada uma "idade de ouro" perdida por gerações de governantes
chineses.
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos
governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do povo
perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente derrubados. Confúcio nunca
deu aos governantes uma licença para a opressão.
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade
significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser
civilizados, independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi"
("pessoas de integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios"). Para isso, a educação era
fundamental.
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio
provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas
por governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor
maneira de governar um país, os governantes chineses também garantiram o
monopólio do uso da força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em
si, mas da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma revolução
comercial, e no final do período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial
rendeu-se à lógica do lucro.
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos.
No entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até
meados do século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes
de ópio e missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do pensamento
confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do
nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo progresso,
em vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas
do antigo mundo confucionista.
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China
contemporânea, o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung,
24
está buscando a tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O
"professor número um", Confúcio, está novamente nos programas escolares. Os valores
de ordem, hierarquia e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21
quanto no século 5 a.C.
(Rana Mitter. Revista BBC History. 31/12/2018, com adaptações)

A respeito das ideias do texto, analise as afirmativas a seguir:

I. O confucionismo, em sua forma original, perdurou até o século XIX, quando se mesclou
ao budismo, ao taoísmo e ao marxismo.
II. A noção de identidade chinesa se modificou no século XX, em função do impacto
do nacionalismo e do comunismo. Entretanto, há uma retomada dos princípios de
Confúcio no século XXI.
III. Segundo Confúcio, estado moral e posição social não se interdependiam,
diferentemente da obrigatoriedade de cooperação mútua entre governantes e
governados.

Assinale:

a) Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.


b) Se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
c) Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) Se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) Se nenhuma afirmativa estiver correta.

7. Na civilização indiana, a estrutura social passou a ser organizada por meio do sistema
de castas. Sobre esse sistema, é correto dizer que:

a) Os indivíduos passavam a pertencer a determinada casta a partir do momento em


que era iniciado em rituais de purificação religiosa.
b) Os indivíduos estavam associados a castas de acordo com o seu nascimento.
c) As castas eram definidas de acordo com o desempenho militar.
d) As castas não tinham nenhuma relação com o sistema religioso hindu.
e) Nenhuma casta se considerava superior à outra.

8. O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, originário
da região da Índia, que foi criado por:

a) Mahatma Gandhi;
b) Bhagavad-Gita;
c) Mao Tse-Tung;
d) Siddhartha Gautama;
e) Confúcio. 
25

A EDUCAÇÃO
NA IDADE MÉDIA
26
2.1 AS CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO MEDIEVAL

O período denominado Idade Média compreende a Alta Idade Média que começou
com a queda do Império Romano no período dos séculos V até meados do século IX e a
Baixa Idade Média que vai do final do século IX até o século XV, quando os turcos tomam
Constantinopla (1453).
De acordo com Monroe (1970) a educação, sob o domínio do cristianismo, recebe
um caráter totalmente novo: a instrução da Igreja, pela doutrina, e a prática do culto,
substituem uma educação intelectual praticada por meio de treino físico e retórico. Para
que se entenda melhor a educação na idade média será dividida em dois momentos
como alguns teóricos denominam: a educação cristã e a educação medieval.
Segundo Cambi (1999) na Alta Idade Média a vida era organizada pelas relações de
vassalagem e dos princípios do feudo. Uma época em que foi marcada pelas invasões
bárbaras, pelo fortalecimento da igreja católica e a formação do império carolíngio. Na
Baixa Idade Média a burguesia, nova classe social, surge revolucionando a cultura. A
educação passa por transformação como discorre Cambi:

Nessa época tão complexa e dinâmica, tão inquieta e


dramática, a educação/instrução também sofre uma
profunda transformação: institucionaliza-se no nível su-
perior numa organização totalmente nova como a uni-
versitas studiorum, livre agregação de docentes e estu-
dantes que acolhe as diversas especializações do saber e
forma os profissionais necessários para uma sociedade
em transformação. [...] Todo o universo da educação so-
fre uma transformação no sentido burguês: especializa-
-se, articula-se, socializa-se e, gradativamente, também
se laiciza, se separa do predomínio eclesiástico, pondo
em ação os primeiros germes da Idade Média (CAMBI,
1999, p. 15).

Aranha (2006) cita a educação, na idade Média, em três abordagens: a educação


bizantina, a educação islâmica e a Paideia cristianizada:

1. A educação bizantina (Império Romano do Oriente ou Império Bizantino – de 395 a


1453): Tem ênfase na vida cristã, no entanto, embora zelosos pela religiosidade, ainda
se sentiam fortemente ligados ao humanismo. O ensino religioso não predominava
nos níveis primário e secundário, no entanto, os clássicos pagãos eram bastante
estudados, visando à formação humana e a preparação para o ofício da Administração
do Estado. Destaca-se a Universidade de Constantinopla no período de 425 a 1453 que
acolheu as obras antigas e orientou os estudos de filosofia e ciências, preservando o
direito romano.
2. A educação Islâmica – No século VIII há um renascer cultural pelos árabes que
se estende até o século IX com a criação da “Casa de Sabedoria”. Os árabes se
interessavam por pesquisa e experimentação, os quais se destacavam nas áreas de
matemática (algarismos, álgebra, logaritmos), medicina, geografia, astronomia e
cartografia. Várias escolas primárias são criadas com o intuito do ensino de leitura
27
e escrita. O Alcorão era ensinado para que os ensinamentos de Alá influenciassem a
vida moral. Nessa época existiam preceptores particulares.
3. A Paideia cristianizada - Com as reformas de Alcuíno no século IX, o conteúdo do
ensino se constituiu em trivium (gramática, retórica e dialética) para o ensino médio
e quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música) para o ensino superior.
Com a liberação do Mediterrâneo, desenvolve-se o comércio e renascem as cidades,
surgindo a classe burguesa. A partir daí modifica-se o sistema educacional e como
consequência, o surgimento das escolas seculares que objetivavam uma educação
para a vida prática. Disciplinas como a história, geografia e ciências naturais
substituíram os tradicionais trivium e quadrivium
A Pedagogia na Idade Média - Embora os monges temessem a influência da
produção intelectual sobre os fiéis, não poderiam abrir mão da herança cultural, o que
passaram a contar com os monges copistas, a fim de traduzir os textos, selecionados da
literatura e filosofia gregas, para o latim. Os bibliotecários eram instruídos a controlar o
acesso a leituras permitidas ou proibidas, preservando a fé a todo custo. Outra medida
para combater as ideias pagãs foi a criação da filosofia cristã que não ignorava a razão,
mas fazia dela um instrumento para a fé, em dois períodos denominados de Patrística
(filosofia dos padres da igreja do século II ao V – ainda na Antiguidade) e Escolástica
(filosofia das escolas cristãs ou dos doutores da igreja, do século IX ao XIV).
As teorias cristãs, no ocidente, influenciaram a pedagogia na idade média, conforme
podemos verificar no quadro a seguir:

Figura 5: Características da Pedagogia na Idade Média


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

A análise do quadro acima, que aborda influências na educação da Idade Média,


aponta dois grandes filósofos: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
A educação cristã – De acordo com Cambi (1999) o cristianismo provocou uma
revolução educativa/cultural no mundo antigo:
Trata-se da afirmação de um novo “tipo” de homem
(igualitário, solidário, caracterizado pela virtude da hu-
manidade, do amor universal, da dedicação pessoal,
como ainda pela castidade e pela pobreza), que do âm-
bito religioso vem modelar toda a visão da sociedade e
28
também os comportamentos coletivos, reinventando a
família (baseada no amor e não apenas e sobretudo na
autoridade e no domínio), o mundo do trabalho (abolin-
do qualquer desprezo pelos trabalhos “baixos”, manu-
ais, e colocando num plano de colaboração recíproca os
patrões e escravos, os serviçais, os empregadores e os
dependentes) e o da política (que deve inspirar-se nos
valores ético-sociais de igualdade e solidariedade, de-
vendo ver o soberano agir como um pai e um guia do
povo, para dar vida a uma res publica christiana) (CAM-
BI, 1999, p. 121).

O autor acrescenta que o cristianismo provoca uma revolução pedagógica


e educativa, marcando por muito tempo a vida no Ocidente. Aranha (2006) faz uma
abordagem interessante a partir da Paideia que intitula de “Paideia cristianizada”. Foram
mil anos, marcados pela influência da igreja católica na vida de toda a sociedade.
Por volta do século VI, há uma necessidade de transmissão dos ensinamentos
morais aos novos irmãos monges, o que faz surgir as escolas monacais, a partir das
quais ensinavam o latim e as humanidades, sendo os melhores alunos premiados com o
estudo da filosofia e teologia. Com a queda do império, as escolas continuaram a existir
de forma muito precária, onde lutavam pela manutenção das sete artes liberais (lógica,
gramática, retórica, aritmética, música, geometria e astronomia).
A partir do século VIII com mudanças bruscas no comércio pela invasão do Islã,
o povo perde o interesse pela escola, no entanto o Estado buscava pessoas religiosas e
cultas para as tarefas administrativas. Entre o século VIII e IX, o imperador Carlos Magno
influencia a educação quando reúne em sua corte, na Alemanha, grandes intelectuais
com o intuito de reformar a vida eclesiástica e o sistema de ensino, o que dá origem às
escolas palatina (ao lado do palácio) responsável por difundir estudos para restruturação e
fundação de escolas monacais e catedrais, bem como das escolas paroquias, responsável
pelo nível de ensino elementar.

2.2 A EDUCAÇÃO FEUDAL

Para que se entenda como ocorreu a educação na sociedade feudal, no período


compreendido entre 476 e 1492 (aproximadamente), importante é perceber como se
comportava a sociedade na época. A figura, a seguir, apresenta as classes, bem como o
papel desempenhado por elas:
29

Figura 6: A sociedade Feudal


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ulVGND. Acesso em: 04 fev. 2021.

A sociedade estava organizada em torno do feudo. Cambi (1999, p. 155) descreve o


feudo de forma que consigamos entender o que a pirâmide representa:
O feudo é uma unidade territorial, governada por um
senhor que age dentro dele como fonte de direito, que
se empenha na sua defesa militar, que impõe aos habi-
tantes do feudo a obrigação à fidelidade e à submissão,
em troca de proteção. A economia do feudo é, em ge-
ral, de subsistência, produzindo e consumindo in loco
as mercadorias de que tem necessidade, reduzindo ao
mínimo o intercâmbio e apresentando-se predominan-
temente agrícola. A cultura, no feudo, desenvolve-se
somente no castelo do feudatário ou nas igrejas e, so-
bretudo, nos mosteiros: ela também se caracteriza por
poucos intercâmbios e é toda devotada à fé cristã, aos
seus dogmas, aos seus mitos.

Na sociedade feudal a estrutura era estática, não havia possibilidade de migração


de um nível para o outro. Quem nascia nobre gozava de seus privilégios até à morte, ao
passo que aqueles que nasciam servos ou à margem da sociedade, não encontravam
meios de ter sua sorte alterada.
A economia feudal nasce com a invasão, no mar mediterrâneo, dos mulçumanos
(Islã), dos húngaros e escandinavos. A religião, também, influenciava a sociedade que
procurava se distanciar dos prazeres da carne, amedrontada, pelo juízo final (Apocalipse),
voltando a atenção, sobretudo para o trabalho.
A igreja monopolizava o ensino formal, difundindo o modelo cristão de educação. As
escolas abaciais e catedrais foram organizadas pela igreja e transmitiam o saber às elites.
O ensino agora volta-se para os valores cristãos, o que diferencia, consideravelmente, do
ensino de Grécia e Roma que intencionavam a formação do cidadão para a vida política.
Nas escolas catedrais ensinavam-se a leitura e a memorização, o cálculo e o canto, sendo
o público alvo os noviços, ou seja, os meninos-monge (CAMBI, 1999). As escolas catedrais
30
cultivavam o ensino do trívio (gramática, retórica e dialética) e sobretudo de quadrívio
(aritmética, retórica e dialética). Tanto as escolas abaciais quanto as catedrais eram
ligadas ao estudo dos textos canônicos, dedicadas à formação espiritual. Por outro lado,
as escolas palacianas, que ensinavam a gramática e a retórica, tinham um ideal laico que
objetivava formar a nobreza e os administradores do império. Carlos Magno (742-814)
tinha um ideal pela fusão de igreja e estado, formando uma sociedade cristã, cuja bíblia
seria a norteadora da formação cultural e espiritual dos indivíduos.

2.3 A EDUCAÇÃO URBANA

Por volta do ano 1000, com o surgimento das cidades, uma nova classe social se
forma: a burguesia, totalmente urbana com ideais de empreendedorismo, individualidade,
liberdade, laicidade e produtividade. Há a partir de agora um distanciamento do
Feudalismo e o mundo é renovado pelas novas formas de produção que exigem saberes
especializados. Surgem movimentos de lutas sociais que se expressam através das
produções artísticas e literárias.
As famílias encaravam as crianças como adultos em miniatura, não dispensando
aos pequenos os devidos cuidados com a saúde física e psicológica, permitindo, inclusive,
a sua participação, sem censuras, em festas religiosas e outros eventos da vida adulta. A
educação voltava-se para a formação moral (igreja) e técnicas (oficinas) para o trabalho.
O povo era analfabeto e aprendia a partir da linguagem oral e imagens, por meio
da cultura que era propagada, também, pelo teatro:

Mas a palavra age também através do teatro, que po-


tencializa ainda mais as palavras com a imagem. Já o
teatro que nasce nos adros das igrejas com representa-
ções sacras é um teatro explicitamente educativo: con-
firma a fé, que ele dramatiza, elementariza e reduz aos
princípios essenciais, tornando-os facilmente perceptí-
veis e comunicativos. O combate entre a alma e o corpo,
uma das peças mais difundidas na Idade Média, exacer-
ba e confirma o dualismo dramático da antropologia
cristã e a sua visão da vida como sublimação heroica.
Ao lado do teatro sacro, existe também o teatro popular:
a comédia, a farsa, a sotie (ou farsa dos loucos), que en-
contram espaço sobretudo no Carnaval, que exaltam os
temas censurados pela cultura oficial (o ventre, o sexo, a
fome, o engano, etc) e os potencializam de forma paró-
dica (CAMBI, 1999, p. 179).

Percebe-se pela citação de Cambi que a sociedade e a igreja utilizavam-se do teatro


para transmitir os seus ensinamentos ao povo, mas também através das imagens de
obras artísticas, como representaram bem os artistas Giotto, Gaddi, Ambrogio Lorenzetti,
dentre outros:
31

Figura 7: Quadro da morte de São Francisco de Giotto de Bandone


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3oVEUnA. Acesso em: 04 fev. 2021.

Cita-se o teatro, as imagens pela arte, no entanto, as festas também tinham o


poder de alimentar o imaginário do povo pelo povo, configurando-se em uma espécie
de educação informal, que conforme Cambi (1999), exerce um papel fundamental para
uma sociedade analfabeta.
Por outro lado, a alfabetização (ensino formal) ocorria para as classes altas, a partir
da igreja (religiosa) ou da cavalheiresca (laica). A igreja, por meio de seus representantes
ensinavam a interpretar os valores cristãos através de textos e obras que contribuíam com
a formação espiritual, como aconteceu por meio da Escolástica e Teologia ensinadas nas
universidades. Por outro lado, a educação para uma sociedade laica ocorria por meio da
epopeia cavalheiresca, mitos, poesias trovadorescas que promoviam visões simbólicas e
alegóricas de amor e espiritualidade pelas virtudes cristãs.

VAMOS PENSAR?
Conforme expõe Piletti e Piletti (2012, p. 47), as quatro causas do fracasso do ensino apon-
tadas por Santo Agostinho são:
1. Pouca capacidade do mestre;
2. Repetição cansativa de conhecimentos;
3. Reduzida Inteligência do educando;
4. Desatenção do aluno no ensino.
Para os dias atuais, as causas apontadas por Agostinho, podem remeter à formação con-
tinuada docente; à didática utilizada no cotidiano escolar; às dificuldades cognitivas e
distúrbios de aprendizagem dos alunos. Você concorda? Reflita sobre isso!!!

BUSQUE POR MAIS


A Igreja Católica detinha o poder e o controle pela disseminação do conhecimen-
to e pela guarda das informações contidas em livros e manuscritos, mantidos à
sete chaves. O filme “O nome da rosa” é indicado para proporcionar uma visão
32
mais ampliada acerca dos conflitos decorrentes do poder, ocorridos durante a
Idade Média. Pode ser encontrado na internet. Assista ao trailer abaixo:
• Filme “O nome da Rosa” – Direção de Jean-Jacques Annaud. Itália, França: 1986.
Disponível em: https://bit.ly/3dKCq7z. Acesso em 10 fev.2021
Outro filme interessante que situa o estudante no contexto histórico da época
estudada:
• Filme “Santo Agostinho, o declínio do império romano” – Direção de Christian
Duguay. Disponível em: https://ytube.io/3H5K. Acesso em 16 fev.2021.

GLOSSÁRIO
Laica: não faz apologia a nenhuma religião. Não se influencia por nenhuma crença reli-
giosa.
Epopeia: palavra de origem grega, nome dado à poesia épica que designa um gênero po-
ético predominantemente narrativo, dedicado à exaltação de feitos históricos, lendários
ou míticos.
Patrística (pais da igreja): período que vai do século II da era cristã até o século VIII.

FIQUE ATENTO
IDADE MÉDIA: A EDUCAÇÃO COMO DISCIPLINA
A religião cristã foi quem exerceu influência dominante durante toda a Idade Média. O
Cristianismo ofereceu uma solução para o problema social e educativo grego, aplicando
o princípio de amor ou caridade cristã, em que se harmonizam o indivíduo e os fatores
sociais. Esta solução fundada na natureza moral do homem e não na sua natureza in-
telectual, proporcionava um ideal atingível a todos. A educação tornou-se dominante-
mente moral e, daí um treino disciplinar ou preparatório. A igreja cristã foi, a princípio,
benevolente com a cultura clássica. Mas, com a inclusão puramente formal do mundo
secular nos quadros da igreja, tornou-se necessário acentuar o elemento moral, com ex-
clusão do elemento intelectual e literário. O monaquismo deu a a essa educação moral
uma organização minuciosa e rígida. O monaquismo, por exigir algum conhecimento da
leitura e da escrita, levou à cópia de manuscritos , à conservação da literatura, à redação
de crônicas e a outros tipos de literatura, e promoveu a organização de escolas. As últi-
mas ordens monásticas foram tipicamente educativas. Com a renascença do interesse
pelas questões teológicas, a lógica e a filosofia foram trazidas para apoio da religião.
Resultou daí a escolástica. O mundo do saber ampliou-se e sistematizou-se num todo
unificado. Surgiram numerosas universidades que incrementaram a vida intelectual. En-
quanto isso elaborou-se uma educação para a sociedade secular sob o regime feudal.
Esta foi a educação da cavalaria, em que o conceito como disciplina se traduzia no treino
do pajem e do escudeiro, considerado como preparatório para as atividades dos cavalei-
ros. Após o encerramento do século XIII os novos interesses individualistas encontraram
expressão nas literaturas vernáculas, no comércio, nos novos interesses intelecutais, na
influência dos sarracenos e dos frades, e nos novos tipos de escolas. A tendência de todas
essas mudanças era a de minar a unidade de pensamento e vida, tão caracterísitca da
Idade Média.
Texto extraído do livro História da Educação de Paul Monroe, 1970, página 145
33
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (UFU,2010) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreitamente devedora do


platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de
Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo
sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas
resistências (de tornar-se cristão). (PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental.
In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro Zahar Editores: 1983,
p.77.)

Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de Plotino,
o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao pensamento
de Platão.

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma dessas diferenças:

a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro, enquanto,


para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser humano.
b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto para
Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que vivemos.
c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já que é
apenas a forma do corpo.
d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscência, a alma reconhece as Ideias
que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o conhecimento é resultado da
Iluminação divina, a centelha de Deus que existe em cada um.
e) Todas as alternativas estão corretas.

2. (CESPE, 2006 - Adaptada) O feudalismo era, na Idade Média, um sistema não apenas
econômico, mas também social, marcado por forte ressonância na formulação do poder
político de quase toda a Europa Ocidental. Com relação a esse sistema, assinale a opção
correta.

a) O feudalismo, sustentado na escravidão, dominou a Europa Ocidental desde a crise do


Império Romano até praticamente à Revolução Francesa.
b) Sustentada pela noção de estamento, a sociedade feudal apresentava taxas baixíssimas,
ou quase inexpressivas, de mobilidade interna.
c) Na Idade Média, as mulheres detinham poderes adicionais associados ao sistema de
reprodução da cultura religiosa.
d) A força da religião, embora fundamental na construção das instituições feudais, não
influenciava o poder político.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

3. Temos um olhar marcado para o período da Idade Média, já que foi um longo tempo
cerca de mil anos de predominância da religião, principalmente do aspecto referente à
34
educação.
De acordo com o trecho a seguir, identifique qual era a posição da Companhia de Jesus
diante da educação burguesa.

“Repetições em casa. Todos os dias, exceto os sábados, os dias feriados e os festivos,


designe uma hora de repetição aos nossos escolásticos para que assim se exercitem as
inteligências e melhor se esclareçam as dificuldades ocorrentes".

a) A educação burguesa não era prioridade na Idade Média.


b) A educação estava centrada em formar cidadãos.
c) O ensino era voltado para formação de monges.
d) A educação priorizava a formação dos padres.
e) A educação era pensava somente nos plebeus.

4. Para São Tomás de Aquino a educação é:

a) Uma atividade que jamais se revelará como potência.


b) Uma potencialidade que torna irreal o ato potencial.
c) Uma atividade que torna realidade o embrutecimento potencial.
d) Uma atividade que evita a realidade no que é potencial.
e) Uma atividade que torna realidade aquilo que é potencial.

5. (UFU, 2003) A teoria da iluminação divina, contribuição original de Agostinho à filosofia


da cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão, porém, diferencia-se dela em
seu aspecto central.

Assinale a alternativa abaixo que explicita esta diferença.

a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia platônica do dualismo, tal cmo


este foi definido por Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria da iluminação
está situada no plano suprassensível e só é alcançada na transcendência da existência
terrena para a vida eterna.
b) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, está fundamentada na luz de Deus, luz
interior dada ao homem interior na busca da verdade das coisas que não são conhecidas
pelos sentidos; esta luz é Cristo, que ensina e habita no homem interior.
c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia, recebendo os ensinamentos de
Arcesilau e Carnéades, o que resultou na posição dogmática do filósofo cristão quanto à
impossibilidade do conhecimento da verdade, sendo o conhecimento humano apenas
verossímil.
d) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento nela repousa. Assim, a posição de
Agostinho afasta-se da filosofia platônica, ao admitir que a alma possui uma existência
anterior, na qual ela contemplou as ideias, de modo que o conhecimento de Deus é
anterior à existência.
e) Todas as alternativas estão corretas.

6. Leia os textos e responda a seguir:


35
TEXTO I
Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz da ciência a não ser lendo, com
um amor sempre mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os porcos!
Nem por isso deixarei de ser um seguidor dos Antigos. Para eles irão todos os meus
cuidados e, todos os dias, a aurora me encontrará entregue ao seu estudo.
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas.
São Paulo: Unesp, 2000.
TEXTO II
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admitir tudo o que parece vir
dos modernos. Por isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero torná-la pública,
atribuo-a a outrem e declaro: — Foi fulano de tal que o disse, não sou eu. E para que
acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: — O inventor foi fulano de tal, não sou
eu.

BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp,
2000.

Nos textos são apresentados pontos de vista distintos sobre as mudanças culturais
ocorridas no século XII no Ocidente. Comparando os textos, os autores discutem o(a):

a) Produção do conhecimento face à manutenção dos argumentos de autoridade da


Igreja.
b) Caráter dinâmico do pensamento laico frente à estagnação dos estudos religiosos.
c) Surgimento do pensamento científico em oposição à tradição teológica cristã.
d) Desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé e razão.
e) Construção de um saber teológico científico.

7. (ENEM 2015) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente


– nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e
industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses
homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho.
Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só
tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito,
em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades.
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010

O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia


o(a):

a) Apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.


b) Relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho.
c) Importância organizacional das corporações de ofício.
d) Progressiva expansão da educação escolar.
e) Acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.

8. Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a expressão “Idade Média”,


36
eles não teriam ideia do que estaríamos falando. Como todos os homens de todos os
períodos históricos, eles viam-se na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade
Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma satisfação da necessidade
de se dar nome aos momentos passados. No caso do que chamamos de Idade Média, foi o
século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o termo expressava
um desprezo indisfarçado em relação aos séculos localizados entre a Antiguidade
Clássica e o próprio século XVI. Este se via como o renascimento da civilização greco-
latina, e portanto, tudo que estivera entre aqueles picos de criatividade artístico-literária
(de seu próprio ponto de vista, é claro) não passara de um hiato, de um intervalo. Logo,
de um tempo intermediário, de uma idade média.
(Hilário Franco Junior. A Idade Média: Nascimento do Ocidente, p.9)

O “desprezo indisfarçado” de que fala o texto acabou dando origem a uma visão
retrospectiva da Europa medieval como a “idade das trevas”. Essa visão, originada no
mundo moderno:

a) Estava baseada nas práticas bastante disseminadas à época de feitiçaria e bruxaria,


marcas da sociedade medieval, enquanto entre as autoridades da Igreja predominava o
analfabetismo.
b) Contraria a ideia de que o conceito de “feudalismo” confere uma lógica ao
desenvolvimento histórico da Europa, fazendo-se necessária a superação do atraso
feudal para o desenvolvimento europeu.
c) Teve pouca repercussão, e o olhar que predomina hoje no senso comum ressalta a
Idade Média como o período em que se formaram os contornos políticos e culturais do
continente europeu.
d) Tem como referência o obscurantismo religioso, a ausência de universidades e a falta
de leituras até mesmo no interior da Igreja Católica, características marcantes do período
medieval.
e) Esteve condicionada por uma perspectiva racionalista, num momento em que ser
humanista significava colocar em questão os pressupostos teocêntricos defendidos
pela Igreja.
37

A EDUCAÇÃO
NA IDADE MODERNA
38
Nesta unidade será abordado o Renascimento ou a Renascença: período
compreendido entre os séculos XV e XVI que marcará o retorno aos valores greco-romanos
e a busca pelos valores antropocêntricos em oposição ao teocentrismo que marcou a
Idade Média. A influência dos aspectos religiosos para a educação será discorrida a partir
da Reforma e Contrarreforma. Por fim, uma pequena abordagem acerca da Revolução
Burguesa, iniciando o século XVII/XVIII.

3.1 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESCOLA

A modernidade altera a vida familiar que passa a ser nuclear e adquire uma
característica mais afetiva, empenhada pelos cuidados com as peculiaridades da infância
e de suas necessidades. As crianças que antes eram envolvidas na vida dos adultos, têm
agora o seu próprio lugar de proteção no seio familiar que, por sua vez, emana esforços de
cuidados e planejamento no sentido de prepará-las para a vida adulta. Da mesma forma
a escola se altera, caminhando junto à família, buscando formas de munir os alunos
de conhecimentos científicos, mas também de valores essenciais à formação humana.
Há agora a preocupação em separar as crianças por faixas etárias – “classes de idade”
segundo Cambi (1999), bem como a organização dos níveis de ensino que atendam a
públicos específicos (século XVI):
Duas Instituições educativas, em particular, sofrem uma
profunda redefinição e reorganização na Modernidade:
a família e a escola, que se tornam cada vez mais cen-
trais na experiência formativa dos indivíduos e na pró-
pria reprodução (cultural, ideológica e profissional) da
sociedade. A ambas é delegado um papel cada vez mais
definido e mais incisivo, de tal modo que elas se carre-
gam cada vez mais de uma identidade educativa, de
uma função não só ligada ao cuidado e ao crescimento
do sujeito em idade evolutiva ou à instrução formal, mas
também à formação pessoal e social ao mesmo tempo
(CAMBI, 1999, p. 203).

A Burguesia, classe emergente da sociedade medieval, percebia a necessidade da


formação de seus herdeiros para a administração de seus negócios, bem como para a
vida política. Surge, a partir do século XVI os colégios que tinham como meta a formação
moral, no entanto, ainda muito ligados à igreja, o que frustrava os ideais humanistas
renascentistas.
Assim, por iniciativa de particulares, criam-se as primeiras escolas na Europa que
passam a ver a criança como um ser com características diferentes dos adultos, as quais
necessitavam receber uma educação voltada para suas peculiaridades físicas, emocionais
e psicológicas. Personalidades como Martinho Lutero (1483-1546) e Melanchthon (1497-
1560) batalhavam pela fundação de escolas primárias para todas as crianças (Aranha,
2006). Lutero defendia a escola pública, atribuindo ao Estado a competência de promover
o ensino universal gratuito a todos. A proposta luterana se contrapunha ao rigor de
castigos, bem como do verbalismo proposto pela Escolástica, defendendo a introdução
de jogos, exercícios físicos e música no currículo escolar.
39
3.2 O DIÁLOGO ENTRE O ANTIGO E O MODERNO

Aranha (2006) aponta um possível resgate de uma cultura que desperta o ser
humano para a sua essência, desvinculada da imposição de influências religiosas:

O retorno às fontes da cultura greco-latina, sem a inter-


mediação dos comentadores medievais, foi um proce-
dimento que visava também à secularização do saber,
isto é, a desvesti-lo da parcialidade religiosa, para torná-
-lo mais humano. Procurava-se com isso formar o espí-
rito do indivíduo culto mundano, “cortês” [...]. (ARANHA,
2006, p. 124).

Assim como Aranha, Cambi (1999) fala sobre os novos elementos da educação do
Renascimento que dialogam com o período clássico: o físico para a formação do caráter
a partir da cavalaria e literatura, sendo conteúdo cívico para a prática cotidiana dessa
nova era antes reservada à formulação religiosa e teológica. Outro elemento, ainda, é o
estético, o qual inspirou a nova educação no estudo da literatura, trabalhada no cotidiano
escolar através da gramática e da retórica, expressado na perfeição da língua ensinada,
bem como no caráter e conduta formados a partir da educação por ela intencionada. O
historiador acrescenta, ainda, que o conteúdo da nova educação, expresso pelas línguas
e literaturas clássicas dos gregos e romanos designa-se humanidades, ressaltando que a
finalidade da educação passa para o domínio da literatura, abordando a partir de então
as questões antropocêntricas, o que diverge da ênfase que era dada aos aspectos da
espiritualidade na vida cotidiana que separava o santo do profano. O humanismo busca,
então, a individualidade desvinculada da teologia autoritária própria da Idade Média. A
ênfase do saber volta-se para a racionalidade.

3.3 A INFLUÊNCIA DA IGREJA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO

A Reforma protestante foi um movimento originado por reação contra abusos da


igreja católica, sendo a venda de indulgências um episódio importante promovido pelo
papa Leão X que perdoava os pecados a partir da contribuição financeira para a igreja
católica. Martinho Lutero foi um dos reformadores que mais influenciou o movimento
– nascido na Alemanha (1483-1546) – membro da ordem dos agostinianos e, mais tarde,
professor da universidade de Wittenberg. Lutero foi o autor das 95 teses, manifesto
elaborado e redigido por ele e afixado na porta da igreja de Wittenberg que culminou em
sua excomunhão da igreja católica em 1520. Ele defendia que o relacionamento do ser
humano com Deus não necessitava da mediação da igreja com exigências de sacrifício
e contribuição financeira, mas pela fé. Defendia que a Bíblia deveria ser traduzida em
todas as línguas e fosse acessível a todos os interessados.
A doutrina luterana influenciou a educação em sua época, a qual defendia a
educação pública mantida pelo Estado e que foi se institucionalizando ao longo do
tempo:
• Escola primária: alfabetização (textos bíblicos), matemática, atividades musicais
(cantos e hinos cristãos);
• Educação secundária: reservada aos filhos da alta burguesia: caráter religioso, ensino
40
do latim, obras clássicas greco-romanas, preparação para as profissões liberais;
• Escolas superiores e universidades – despreza a Escolástica medieval e valoriza a
interpretação da bíblia.
Vale ressaltar aqui que Lutero, Calvino e posteriormente Comenius buscavam uma
escola que atendesse a todas as crianças.

Figura 8: Lutero e as 95 teses


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3oTXFrv. Acesso em: 04 fev. 2021.

Por outro lado, a Contrarreforma foi uma reação da igreja católica para reverter
os efeitos da reforma que desmoralizava o clero. Através do Concílio de Trento, a igreja
reafirma os seus dogmas e estabelece os tribunais da Inquisição. A Companhia de Jesus,
ordem dos Jesuítas, tendo como fundador Inácio de Loyola, criou escolas religiosas e a
partir delas, catequizou povos de continentes recém descobertos, sobretudo no Brasil. O
método aplicado por eles era o Ratio Studiorum que funcionava da seguinte forma:

Figura 9: Funcionamento do método Ratio Studiorum


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

FIQUE ATENTO
Ratium Studiorum (1599 –1759)
Significa “Plano de Estudos” Conjunto de normas criado para regulamentar o ensino nos
colégios jesuíticos. Tinha por finalidade ordenar as atividades, funções e os métodos de
avaliação nas escolas jesuíticas. O plano contido na Ratium era de caráter universalista
e elitista.
41
3.4 A REVOLUÇÃO PEDAGÓGICA BURGUESA

A partir do século XVII a classe burguesa (França) torna-se dominante e o capitalismo


se consolida. Os ideais educacionais, a partir da revolução da burguesia, pregavam a
universalidade, a gratuidade, a laicidade e a estatalidade. Nasce, então, o sistema nacional
de educação subordinado ao Estado em um ambiente de muitas contradições pelos
movimentos do proletariado, classe menos favorecida que necessitava do trabalho fabril
e que, muitas vezes, deixava de enviar a criança para a escola a fim que ela trabalhasse
e contribuísse com o sustento da família. A educação agora vai se desvinculando dos
ideais da igreja católica que perde o seu poder para o Estado.
Destaca-se aqui uma grande personalidade que ficou conhecida como o pai da
Didática Moderna: John Amos Comenius (1592-1670), autor da obra “Didática Magna”
escrita em 1632. A máxima de Comênio, nome conhecido no Brasil era: “Ensinar tudo
a todos”. O método proposto por esse grande pensador educacional consistia na
transmissão do conhecimento pelo professor, cujos alunos permaneceriam obedientes
e receptivos aos ensinamentos do mestre. Comênio comparava a educação a uma
máquina, o que remete à mecanização do ensino ou a uma educação mecanizada,
conforme expressa o pensamento de Comênio citado no livro História da Educação de
Piletti e Piletti (2012, p. 137) que referencia Munford:
Não é uma coisa na verdade maravilhosa que uma má-
quina, um objeto sem alma, possa se mover de maneira
tão semelhante à vida, tão contínua, tão regular? Antes
da invenção dos relógios, a existência dessas coisas não
parecia tão impossível como o fato de que as árvores
pudessem andar, ou as pedras falar?

Figura 10: Ideais educativos por Comenius


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3wHiNnD. Acesso em: 04 fev. 2021.
42
De acordo com Terra (2014) Comênio afirmava que não há como dissociar a fé
religiosa da filosofia orientada pela razão e o empirismo da ciência. O educador tinha
uma visão de totalidade, defendia a adoção da pansofia. Defendia escolas maternais
para que as crianças se desenvolvessem tendo acesso ao saber desde a tenra idade.

BUSQUE POR MAIS


Martinho Lutero encabeçou a Reforma, tendo sido influenciado pelos precurso-
res John Wyclif, padre e teólogo (século XIV) e Jan Huss. Para um entendimento
melhor de como ocorreu o movimento da Reforma, o filme “Lutero”, do original
“Luther”, dirigido por Eric Till, com roteiro de Camille Thomasson e Bart Gavigan
é indicado e pode ser encontrado nos links a seguir:
• “Lutero” está disponível em: https://ytube.io/3H5N. (original). Acesso em 15 fev.
2021.

VAMOS PENSAR?
A forma mecanizada de educação que prevê a pouca participação do aluno (sendo o
professor o detentor do saber que transmite o conhecimento acumulado pela humanida-
de) é capaz de educar/formar o aluno do século XXI a partir do que a BNCC (a mais nova
legislação educacional brasileira) preconiza?

3.5 O BRASIL: A CATEQUESE À SERVIÇO DA EDUCAÇÃO


NA COLÔNIA – SÉCULO XVI

Por mais de 200 anos, os índios, os filhos dos colonos e os futuros sacerdotes foram
catequisados pelos jesuítas, missionários originados da Companhia de Jesus na cidade
de Lisboa, em Portugal e que foram enviados ao Brasil para ensinar, a princípio, os nativos
a ler e escrever, por meio dos valores cristãos católicos, conforme afirma Monroe (1970,
p. 183): “A companhia de Jesus, organizada em 1540, tornou-se o principal instrumento
da Contrarreforma. Os meios adotados pela Ordem para consecução de seus propósitos
foram a pregação, a confissão e o ensino”.
As estruturas do ensino foram organizadas pelo padre português Manuel de
Nóbrega é o primeiro jesuíta a aprender a língua dos nativos brasileiros (tupi-guarani) foi
Aspilcueta Navarro.
A Ordem dos Jesuítas dispensava maior interesse pelas escolas secundárias
e superiores que as denominavam como Colégios inferiores (ginásios) e superiores
(universidades seculares e teológicas), etapas da Ratio Studiorum.
43

Figura 11: Os Jesuítas no Brasil


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3yEkSlY. Acesso em: 04 fev. 2021.

VAMOS PENSAR?
“Os jesuítas nos legaram um ensino de caráter verbalista, retórico, livresco, memorístico
e repetitivo, que estimulava a competição através de prêmios e castigos discriminatórios
e preconceituosos, os jesuítas dedicaram-se à formação das elites coloniais e difundiram
nas classes populares a religião da subserviência, da dependência e do paternalismo, ca-
racterísticas marcantes de nossa cultura ainda hoje. Era uma educação que reproduzia
uma sociedade perversa, dividida entre analfabetos e sabichões, os ‘doutores’” (GADOTTI,
2002, p. 231).
Partindo da citação do educador brasileiro Moacir Gadotti, pense em como os Jesuítas
influenciam, até os dias atuais, o nosso sistema educacional. Qual foi o legado deixado
por eles?

GLOSSÁRIO
Pansofia: Sabedoria humana; ciência universal.

FIQUE ATENTO
LEITURA COMPLEMENTAR – Texto 1
O Renascimento e a Educação Humanista
O Renascimento foi principalmente um momento do individualismo. Os traços caracte-
rísticos do período são as tentativas para derrubar, na igreja, no Estado, nas organizações
industriais e sociais, na vida intelectual e educacional as diversas formas de autoridade
dominantes durante a Idade Média. No início do movimento no sul da Europa deu-se re-
levo à cultura como meio de desenvolvimento pessoal; mais tarde no norte o principal in-
teresse se focalizou no saber como meio de reformar os males e injustiças da sociedade,
produtos da ignorância. Dois tipos distintos de pensamento e de práticas educacionais
surgiram do Renascimento. O primeiro foi a restauraçaõ da educação liberal dos gregos
44
que visava ao desenvolvimento da personalidade por meio de uma grande variedade de
recursos educativos. Este objetivo da educação era amplo e incluía diversos elementos
além do intelectual e empregava muitos meios além do literário. Cedo, entretanto, ficou
para trás, e sobreviveu apenas em várias formas de protestos ou movimentos reforma-
dores, que se levantaram contra o tipo dominante de educação. Este tipo dominante de
educação que foi o segundo resultado educacional do Renascimento foi a estreita edu-
cação humanista, franca decadência da ampla educação humanista ou liberal grega. As
línguas e literaturas clássicas foram, primeiramente, estudadas como fonte de todas as
ideias liberais; depois como exercício em apreciação literária formal e finalmente como
uma simples disciplina formalista paa o indivíduo. Cada país produziu um certo número
de líderes educacionais do Renascimento e tipos de escolas adequados. Entre os líderes,
Erasmo foi o mais notável. O ginásio alemão, a escola pública inglesa, o colégio e a es-
cola de gramática colonial americana foram todas escolas de tipo humanista estreito.
Em todas os conteúdo da educação foi restringido às literaturas e línguas latina e grega.
Esta educação puramente formal veio a identificar-se com a educação liberal, transfor-
mando-se o tipo dominante de educação até o séulo XIX. Qualquer outra concepção ou
prática de educação durante os primeiros tempos do período moderno foi inteiramente
subordinada a este período, não tendo outra importância senão como protesto ou germe
de desenvolvimento futuro.
Texto extraído do livro História da Educação de Paul Monroe, 1970, página 171

- LEITURA COMPLEMENTAR – Texto 2

MECANIZAÇÃO: Uma metáfora recorrente

Pelas propostas do método de Comênio, não é de estranhar que, ao analisá-lo, a me-


canização surja como metáfora recorrente. Assim, segundo Mumford, Comênio não foi
apenas o precursor, mas também o inventor da educação mecanicamente programa-
da. É dele a seguinte afirmação: “Será tão agradável ver a educação realizada segundo
meu plano como olhar uma máquina automática, e o procedimento será tão isento de
fracasso como estas invenções mecânicas, quando são corretamente fabricadas.” (apud
Munford 1974:136).
45
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Observamos que dentro do período que compreende a Reforma e a Contra-Reforma,


houve uma manifestação religiosa, tanto no aspecto espiritual quanto político relacionado
ao domínio da sociedade de acordo aos seus interesses, porém houve uma manifestação
no que se refere à educação nos dois períodos. Diante dos aspectos positivos e negativos
trazidos para a educação, assinale a alternativa correta.

a) No período da Reforma podemos observar que a educação priorizava o preparo


rigoroso com a mente e na Contra-Reforma a educação está baseada nos jogos e nos
exercícios físicos.
b) Era recomendado dentro do contexto educacional o estudo da matemática e literatura
na Contra-Reforma, enquanto na Reforma a educação estava baseada aos manuais de
instrução e organização (Radio Studiorum).
c) O objetivo da Contra-Reforma era o trabalho de alfabetização voltado para a leitura do
livro sagrado e na Reforma a formação estava voltada à formação dos padres.
d) A Reforma foi propagada através de ordens religiosas espalhadas pelo mundo com
o único objetivo de catequizar as pessoas enquanto a Contra-Reforma tinha como líder
Martinho Lutero priorizando o estudo dos monges.
e) A educação na Reforma propunha uma educação contemplada entre jogos, música,
matemática e história e a proposta educacional da Contra-Reforma era a formação para
o magistério através de manuais, normas e informações bibliográficas.

2. (CONC, 2010) “O que são os ricos sem sabedoria, senão os porcos engordados com
farelo? Os pobres sem o conhecimento das coisas o que são, senão burros de carga? Um
homem de bom aspecto, mas ignorante o que é, senão um papagaio de bela plumagem?
Ou então, como disse alguém, uma bainha de ouro com um punhal de chumbo?”.
Comenius J.A. – trad. Benedetti, Ivone Castilho – Didática Magna, Ed. Martins Fontes, 3ª
Ed. 2006, S.Paulo, pags. 75/76.

Das indagações acima podemos concluir que Comenius tece elogios:

a) Ao conhecimento;
b) A sabedoria e ao conhecimento;
c) Ao seu método de ensino;
d) À Didática Magna;
e) N.d.a.

3. (CONC, 2013) Segundo Comenius, a arte de ensinar exige:

I. Disposição tecnicamente bem feita do tempo.


II. Dedicação exaustiva do mestre.
III. Organização de todas as coisas necessárias.
IV. Escolha do método adequado.
46
V. Aptidão dos alunos.

Está CORRETO o que se afirma apenas em:

a) I, II e III.
b) II, IV e V.
c) I, III e IV.
d) I, IV e V.
e) I, II e IV.

4. (CONC, 20130) Classifique as afirmações a seguir como (V) verdadeiras ou (F) falsas,
tendo por base os princípios elencados por Comenius na Didática Magna, que garantem
a facilidade de ensinar.

I. Iniciar pelas coisas mais gerais em direção às mais particulares.


II. Começar pelas coisas mais fáceis e só depois incluir as mais difíceis.
III. Proceder de maneira rápida e dinâmica, sem perder tempo.
IV. Ensinar apenas o que apresentar utilidade imediata.
V. Ensinar tudo por meio de hipóteses e abstração.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:

a) V- F- V- V- F.
b) V- V- F- V- F.
c) F- V- V- F- V.
d) F- F- V- V- V.
e) V- F- V- F- V.

5. (CONC, 2018) A Companhia de Jesus foi fundada no contexto da Reforma Católica


(também chamada de Contra reforma). A Companhia de Jesus, cujos membros são
conhecidos como jesuítas é uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo de
estudantes da Universidade de Paris. Os padres jesuítas tiveram um importante papel
na Reforma Católica. Foi deles a responsabilidade de catequisar e de recatequisar povos
e nações inteiras. São expoentes dessa Companhia:

a) Pedro Álvarez Cabral, Rui Barbosa, Padre José Agostinho.


b) Inácio de Loyola, Padre Manuel da Nóbrega, José de Anchieta.
c) Tomé de Mendes Sá, Raul Vieira de Santos, Diogo Pinto de Azevedo.
d) Santo Agostinho, Bartolomeu Dias, Antonio Vieira.
e) Gutierre Oliveira, Cristóvão Colombo, Augusto dos Reis.

6. (SEDUC, 2018): Sobre a Contra-Reforma é CORRETO afirmar:

I. O movimento não teve o apoio do papa e dos bispos católicos, pois acreditavam que
não havia nada o que fazer para evitar o avanço do protestantismo na Europa.
II. Conseguiu eliminar todas as religiões protestantes já no século XVI.
III. Provocou guerras religiosas na Europa, suscitando um clima de perseguições e
47
conflito religioso.
IV. O movimento promoveu o retorno do Tribunal do Santo Oficio, determinou a
catequização de indígenas nas terras descobertas e criou o Índice de Livros Proibidos.

a) Todas estão corretas.


b) Apenas I, II.
c) Apenas I, III.
d) Apenas II, IV.
e) Apenas III, IV.

7. (FUNDATEC 2020) A Reforma foi colocada em movimento no início do século XVI,


quando Martinho Lutero afixou suas 95 teses às portas da Igreja do Castelo da cidade, e
logo se espalhou pela Europa e outros continentes. No entanto, apesar de ter sensibilizado
muitos, muitas de suas propostas chocaram com práticas multisseculares, cujas raízes
estavam presas na consciência religiosa das pessoas, como os rituais e missas e o culto
aos santos. A respeito das implicações da Reforma e do conflito entre a Igreja tradicional
e o movimento de reforma, assinale a alternativa correta.

a) O Santo Ofício passou a designar seus tribunais à condenação de sábios, cujas ideias
eram consideradas ameaçadoras ao poder multissecular da Igreja sobre a produção e
circulação de conhecimento, alterando a preferência dos alvos, que eram as pessoas
consideradas feiticeiras.
b) A força da Igreja, acumulada durante séculos, fazia dela a principal, senão a única,
instituição para onde acorriam as poucas pessoas que desejavam e tinham condições
de obter alguma espécie de formação intelectual, o que garantiu que o privilégio do
conhecimento dessa instituição não fosse ameaçado.
c) O movimento de laicização do conhecimento significou que os livros das impenetráveis
bibliotecas conventuais se abriram à curiosidade e à crítica de uma população sedenta
de saber.
d) O culto aos santos de devoção, as peregrinações e procissões, os rituais das missas
foram abandonados pelos fiéis, a partir da adoção de mecanismos de introspecção e
regeneração interior propostos pelos reformistas.
e) A Reforma foi um movimento essencialmente religioso, com consequências apenas
na vida social e religiosa das pessoas, visto que o objetivo era propor novos modos de se
comportar em relação ao metafísico.

8. (SEDUC, 2006) Durante o período colonial no Brasil (1530-1822), os Jesuítas dominaram


plenamente a educação da colônia. Sobre a sua atuação na educação, é correto afirmar
que:

a) Instauraram uma eficiente educação pública, mas foram expulsos do Brasil e só


retornaram depois da Revolução de 1964, através da intervenção militar.
b) Os Jesuítas seguiam o método de estudo conhecido como Ratio Studiorum, inspirado
do modelo medieval escolástico.
c) Foram os primeiros a falar de "educação democrática" e, por isso, foram expulsos pelo
Marquês de Rabicó, mais tarde ironizado num personagem de Monteiro Lobato.
d) Eles foram os responsáveis pela criação, ainda durante a Colônia, dos primeiros cursos
48
jurídicos do Brasil, no Recife
e) Na verdade, a presença jesuítica na Colônia foi sem importância e só depois de
instaurado o Império é que eles passaram a dominar a educação.
49

EDUCAÇÃO NA
CONTEMPORANEIDADE
50
A contemporaneidade é marcada a partir do século XVIII pela influência do
Iluminismo, ou como muitos teóricos intitulam “século das luzes”, que reflete o poder da
razão humana para interpretar e reorganizar o mundo (ARANHA, 2006).
Importante destacar também que o Liberalismo influenciou a Pedagogia de
forma a difundir os ideais de liberdade e laicidade. Aranha (2010), aborda a situação em
que a Burguesia reage contra o poder absoluto da Nobreza que tinha muitas regalias
a partir do recebimento de impostos pagos pelos súditos. Tal classe de comerciantes
desejava autonomia para administrar os seus próprios negócios sem a interferência do
Estado Mercantilista. Na ocasião Adam Smith (1723-1790 - filósofo e economista) foi um
dos teóricos a defender os princípios da lei natural de distribuição de riquezas: “laissez
faire, laissez passer, le monde va de há même” = “Deixe fazer, deixe passar, o mundo
caminha por si mesmo”.
A educação, a partir de então, ganha um ideal de estar desvinculada da religião
e dos interesses das classes dominantes, devendo ser neutra de influências religiosas
e oferecida a todos, conforme expressa o lema da burguesia “Igualdade, liberdade e
fraternidade”.
No quadro a seguir, destacam-se características da época contemporânea, o que
permite uma visão mais ampliada acerca do modo de vida dos cidadãos nos aspectos
políticos, sociais e, sobretudo, educacionais:

Figura 12: Características da contemporaneidade


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Como indicado no quadro foi uma época em que estava acontecendo uma
mudança no estilo de vida a partir da Revolução Industrial que obrigou a migração do
campo para as cidades e em decorrência o movimento de massas em busca dos seus
direitos que se expressavam pela educação.

FIQUE ATENTO
A idade contemporânea é a época das Revoluções: desde 1789 até 1848, depois até 1917 e até
o pós-1945, a história dos últimos dois séculos é marcada justamente pelas tensões revolu-
cionárias, pelas rupturas que elas implicam e pelas exigências (de guinada em relação ao
passado, de reconstrução abi mis da sociedade e de advento da “sociedade justa” – ou mais
justa) que atinge áreas geográficas, povos e culturas que se rediscutem, operam rupturas
com as tradições, tendem à renovação radical; e são movimentos orientados de maneira
diversa, ora políticos (como os fascismos, que nascem como solução ad hoc numa crise polí-
51
tica), ora sociais (como as revoluções socialistas, de 1871 a 1917, ao pós-45), ora técnicos (como
o “fundamentalismo” islâmico atual), ora tecnológicos (como ocorreu no Japão), ou entrela-
çados entre si, mas que caracterizavam em profundidade as sociedades contemporâneas
(CAMBI, 1999, p. 378)

4.1 O MOVIMENTO NATURALISTA DE ROUSSEAU

Monroe (1970) pontua que o “Movimento Naturalista”, ou movimento das massas


pelos direitos dos homens, embora seja distinto do “Movimento Iluminista”, considerado
por este teórico como protesto dos intelectuais à repressão da época, marca, também
a era contemporânea. O quadro, a seguir, aponta as características dos referidos
movimentos:

Figura 13: Movimentos Século XIII


Fonte: Monroe (1970)

O movimento naturalista foi tão importante como marco para a contemporaneidade


quanto o movimento iluminista. De acordo com Piletti e Piletti (2012), Rousseau,
considerado um romântico e naturalista, pregava que o homem era naturalmente bom
e que sociedade e civilização é quem o corrompe. A filosofia romântica de Rousseau
influenciou a educação, até então, permeada pela religião:
Na educação, o movimento naturalista representou
uma revolução. É que, na última parte do século XVII e
maior parte do século XVIII, o formalismo estéril e sem
vida que dominou a religião se refletiu, também, na
educação. A filosofia romântica e do sentimento reage
contra esse formalismo e, em seu lugar, propõe uma
concepção racionalista do mundo e da vida e defendem
a importância do sentimento, da fantasia, da intuição,
do desejo e das forças irracionais da vida (PILETTI; PI-
LETTI, 2012, p. 82).

O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) liderou o movimento naturalista no


início do século XVIII. Foi influenciador de grandes acontecimentos como a Revolução
Francesa.
Suas obras importantes:
• Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens (Política).
• O Contrato Social (Política).
• Emílio (Educação).
52
Contribuição para a Educação:
• De acordo com Aranha (2006), o pensamento de Rousseau marca a Pedagogia
Contemporânea: o foco da educação passa do professor para o aluno que deixa de
ser visto como um adulto em miniatura. O ideal educativo de Rousseau consistia em
educar para uma vida natural e plena, a partir da experiência da criança pela sua própria
curiosidade e ação, o que dispensava a interferência por meio da imposição e transmissão
de conhecimento.
Cambi (1999, p. 354-355) resume a grande contribuição de Rousseau para a
pedagogia contemporânea:

A visão da infância, o papel do educador, a própria


consciência por parte do pedagogo das estruturas e da
função (até social e política) do próprio discurso muda-
ram profundamente através das lições de Rousseau,
enquanto a pedagogia no seu conjunto adquiriu uma
dimensão mais francamente antropológica e filosófica,
distanciando-se de um tradicional vínculo quase subal-
terno em relação às instituições pedagógicas e às práti-
cas didáticas. Ao lado de Comenius, mas com posições
nitidamente diferentes, Rousseau é de fato uma chave
mestra do pensamento pedagógico e, além disso, é o
primeiro artífice do seu mais inquieto e contraditório
percurso contemporâneo.

O autor pontua que depois de Rousseau, a pedagogia se direciona para um olhar


mais sensível às questões consideradas marginais naquela época. Rousseau foi visto
como o “pai” da pedagogia moderna, o qual revolucionou a nova concepção de infância.
De acordo com Terra (2014) foi o precursor dos ideais de John Dewey, Maria Montessori e
dos movimentos da Escola Nova. Para Rousseau o professor deveria interferir o mínimo
possível no processo de aprendizagem do aluno até os 12 anos de idade, devendo estar a
criança livre para aprender naturalmente pelos sentidos e experiência prática, uma vez
que acreditava que o homem nascia e era naturalmente bom, no entanto era corrompido
pela sociedade.

VAMOS PENSAR?
Rousseau foi um dos autores da Enciclopédia (dicionário racionado das ciências), junta-
mente com D’Alambert, Diderot, Voltaire, Jaucourt e Montesquieu. Piletti e Piletti (2012)
mencionam que havia divergências entre Rousseau que pregava a intuição entre os de-
mais participantes que, ao contrário, enfatizavam a razão.
Em sua obra “Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens”, Rousseau con-
dena a influência corrosiva da sociedade educada, incluindo as artes e a política, na for-
mação da humanidade.
Como você, futuro educador, analisa a condenação que Rousseau atribuía à sociedade
intelectualizada? A educação, hoje, está isenta das influências do contexto social e histó-
rico?
53
Embora as ideias de Rousseau tivessem sido preteridas por muitos estudiosos,
destaca-se três nomes de seus seguidores que deixaram marcas na história da educação.

4.2 KANT E O IDEALISMO

Outros movimentos deram origem a pedagogias mais novas e radicais como


pontua Cambi (1999) quando cita que, à exemplo de Rousseau, adeptos do materialismo,
Vico e Kant esboçaram projetos educativos, influenciados pela filosofia da época que
lutavam por uma educação laica, estatal e igualitária.
Immanuel Kant (1724-1804) teve sua formação influenciada por Rousseau e suas
ideias pedagógicas que, em forma de lições, foram publicadas em 1803, dialogando e
influenciando Hebart e Pestalozzi:

O objetivo da educação, para Kant, é “transformar a ani-


malidade em humanidade” pelo desenvolvimento da
“razão”; tal objetivo, porém, não se atinge “por instinto”,
mas somente pela “ajuda de outrem”. Daí a importância
dos adultos (já que “uma geração educa a outra”) e da
disciplina (que “impede o homem de desviar, por causa
de suas inclinações animais, da sua finalidade”). É justa-
mente a disciplina que, ao lado da educação ética como
formação da consciência do dever, adquire um peso
determinante na pedagogia de Kant, a ponto de impri-
mir-lhe um caráter por vezes quase oposto ao naturalis-
mo e à reivindicação da autonomia da infância típicos
de Rousseau, mas também de Locke e de um amplo
setor da pedagogia setecentista. Mais alinhado com as
reivindicações pedagógicas do iluminismo está o outro
princípio da pedagogia kantiana, o da necessidade da
educação, que é exposto no pequeno tratado com vigor
e clareza (CAMBI, 1999, p. 362).

Terra (2014) aponta que Kant defendia que o educando necessita ser capaz de
construir o seu próprio conhecimento, pensando por si mesmo. Apostava na educação
leiga que forma o homem através da cultura, da moral, da disciplina e civilidade.
Acreditava, ao contrário de Rousseau que o homem não nasce bom, mas também
não nasce mau, devendo a educação transformá-lo pela disciplina. Terra cita dois tipos
de disciplina que são indispensáveis para a formação do homem: a autodisciplina e a
disciplina autoritária. A autora segue afirmando que para Kant disciplina e autonomia
andam juntas: “disciplina e autonomia não são coisas opostas. Pelo contrário, a disciplina
é necessária para que o homem aprenda a guiar sua vontade pela razão e assim possa
ser autônomo” (TERRA, 2014, p. 64).
54
FIQUE ATENTO
Kant estabelece três níveis de desenvolvimento no processo educativo:
1. A educação do corpo: o desenvolvimento de habilidades por meio de atividades
apropriadas. O disciplinamento das inclinações sensíveis para seguir a própria
razão;
2. A educação intelectual: o pleno desenvolvimento das diferentes potencialidades
humanas, como um exercício da inteligência em vez da simples memorização de
conceitos. “O entendimento é o conhecimento do geral. O juízo é a aplicação do
geral ao particular. A razão é a faculdade de distinguir a ligação entre o geral e o
particular”. (KANT, 1996 a, p. 67)
3. A educação moral: a formação do caráter possui três pontos fundamentais: a
obediência, a verdade e a sociabilidade. “caráter consiste no hábito de agir segun-
do certas máximas” (KANT, 1996 a, p. 81).
Disponível em: https://bityl.co/6Vem. Acesso em: 19 fev. 2021.

4.3 A EDUCAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA CONTEMPORA-


NEIDADE: UM BREVE HISTÓRICO

A partir da independência do Brasil, em 07 de setembro de 1822 quando,


organizando a nação como Estado, foi promulgada constituição própria, através de
Assembleia Nacional Constituinte e Legislativa, a partir da qual, D. Pedro assinalou a
necessidade de uma legislação especial sobre a instrução pública como bem descreve
(SAVIANI, 2006, p. 11, 12):
A tarefa de fixar os parâmetros constitucionais para essa
legislação especial cabia à Comissão de Instrução Pú-
blica da Assembleia Nacional Constituinte. E o caminho
encontrado por essa comissão foi instituir um prêmio
para quem apresentasse a melhor proposta de um “Tra-
tado Completo de Educação da Mocidade Brasileira”.
Embora os parlamentares tenham se perdido em dis-
cussões adjetivas relativas ao prêmio, o enunciado da
questão é indicador do tema que foi posto na ordem do
dia, requerendo solução urgente e prioritária: a organi-
zação de um sistema de escolas públicas, segundo um
plano comum, a ser implantado em todo o território do
novo Estado. Essa aspiração esteve presente reiterada-
mente nos discursos das autoridades, de modo geral,
assim como dos parlamentos, refletindo-se na Comis-
são de Instrução Pública que, entretanto, não conseguia
objetivar num projeto a necessidade proclamada de um
plano geral para a organização da instrução pública.

Ao analisar esta citação, percebe-se que a instrução pública sempre foi preocupação
dos governantes brasileiros que desafiavam os estudiosos e pesquisadores a idealizarem
um projeto para educação das crianças e jovens, no entanto, pontua-se a dificuldade
do atingimento de tal objetivo até os dias atuais, principalmente por não priorizarem os
55
recursos financeiros para tal finalidade. No entanto, ainda segundo Saviani:
Um outro legado do século XIX, cujo marco legal visível
foi o Ato Adicional de 1834, expressa-se no descompro-
misso do governo central com a manutenção da ins-
trução popular. Durante os 49 anos correspondentes
ao Segundo Império, entre 1840 e 1888, a média anual
dos recursos financeiros investidos em educação foi de
1,80% do orçamento do governo imperial, destinando-
-se, para a instrução primária e secundária, a média de
0,47%. O ano de menor investimento foi o de 1844, com
1,23% para o conjunto da educação e 0,11% para a ins-
trução primária; e o ano de maior investimento foi o de
1888, com 2,55% para a educação e 0,73% para a instru-
ção primária e secundária [...] E Rui Barbosa constatava
em 1882: “O Estado, no Brasil, consagra a esse serviço
apenas 1,99% do orçamento geral, enquanto as despe-
sas militares nos devoram 20,86%” [...] O reflexo desse
descompromisso manifesta-se ainda hoje (SAVIANI,
2006, p. 28, 29).

O descompromisso do governo central com a manutenção da instrução popular


relatada na citação foi considerado por Saviani como um legado negativo que perdura
até os dias atuais, no entanto, faz-se relevante citar, de acordo com o mesmo autor,
o projeto de Januário da Cunha Barbosa (1827-1854) que pretendia regular todo o
arcabouço do ensino distribuído em quatro graus, como demonstra o quadro a seguir,
sendo considerado legado positivo para a educação brasileira.

PRIMEIRO GRAU SEGUNDO GRAU TERCEIRO GRAU QUARTO GRAU


PEDAGOGIAS LICEUS GINÁSIOS ACADEMIAS
Abrangeria os conhe- Voltaria para a forma- Compreenderia Destinaria ao
cimentos elementares ção profissional, com- os conhecimentos ensino das ciên-
necessários a todos, preendendo os conhe- científicos gerais, cias abstratas e de
independentemente cimentos relativos à como introdução observação;
da sua situação social agricultura, à arte e ao ao estudo aprofun- Estudo das ci-
ou profissão comércio dado das ciências ências morais e
e de “todo gênero políticas
de erudição”
Quadro 1: Projeto Januário da Cunha Barbosa
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Ao traçar um histórico sobre a trajetória da educação no Brasil é interessante


entender acerca de sua periodização, a partir de breves e longos séculos, constituídos em
marcos importantes que possibilitam uma visão da trajetória da educação, a presença
e o significado da pedagogia ao longo do tempo, cujo legado, segundo Saviani, foi
transferido para o século XX:
56
1º período 2º período 3º período 4º período 5º período
Século XVI Século XVII Século XVIII Século XIX Século XX
(breve) (longo) (Breve) (Breve) (Longo)
(1549 – 1599) (1599 -1759) (1759 – 1834) (1827 – 1890) (1890 -2001)
Pedagogia Organização Século da Pe- Promulga- Aprovação do
Brasílica (che- dos estudos dagogia Pom- ção da Lei Plano Nacional
gada dos pri- segundo as balina, com a das Escolas de Educação
meiros jesuítas regras do “Ratio implantação de Primeiras completou o
Studiorum” das aulas ré- Letras até a ciclo das refor-
gias. implantação mas educativas
vigência até a dos grupos dos anos de
expulsão dos escolares. 1990 no Brasil
Jesuítas
Quadro 2: essão de séculos na Educação Brasileira
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

A partir do projeto de Januário da Cunha Barbosa, o termo “Pedagogia” recebe


conotação positiva, referente à educação de crianças. De acordo com (SAVIANI, 2006),
o termo não era contemplado em projetos anteriores, o que é explicado por estudiosos
que mencionam que, embora o termo seja cunhado em 1495, com o significado de
ciência da educação das crianças, não foi citado por Condorcet, que preferia os termos
“método de ensinar”, “arte de ensinar”, “instrução”, “ordem didática”. Saviani explica que
à época de Condorcet, o termo “pedagogo” assumia significado depreciativo de “mestre
pedante, autoritário e pobre de espírito”.
Em 1867 é publicado o livro “A Instrução pública no Brasil”, cujo autor é Liberato
Barroso, o novo ministro do Império, de acordo com Saviani (2006), e inaugurando a
fase final do Império, período fértil, de acordo com o autor, em propostas e projetos
que intencionavam solucionar o problema da educação nacional, contudo, sem êxito
prático. Em 1879, através do Decreto 7.247, de autoria de Leôncio de Carvalho, reforma-se
o Ensino primário, secundário e superior no município da Corte. O referido documento
prevê, também, a obrigatoriedade do ensino primário dos 7 aos 14 anos de idade a todo
os cidadãos brasileiros.
Rompendo-se com a Reforma anterior, a nova Reforma prevê a criação de Jardins
de Infância para as crianças de 3 a 7 anos, Caixa Escolar, Bibliotecas e museus escolares,
subvenção a instituições particulares, equiparação de escolas normais particulares
às oficiais e de escolas secundárias privadas ao Colégio Pedro II, criação de escolas
profissionais, de bibliotecas populares e de bibliotecas e museus pedagógicos onde
houver escola normal; e a regulamentação do ensino superior abrangendo a associação
de particulares para a fundação de cursos livres em salas dos edifícios das escolas ou
faculdades do Estado, as faculdades de direito e as faculdades de medicina.
Relevante mencionar que a Constituição de 1824 dedicou algumas poucas linhas
à educação, sem capítulo específico, ao contrário do que acontece na Constituição de
1988 que vigora até os dias atuais. A Constituição de 1891 nada menciona ao longo de
seu texto. De acordo com o decreto nº 19.402, em 14 de novembro de 1930, foi criado o
Ministério da Educação com o nome de Ministério dos Negócios da Educação e Saúde
Pública, pelo então presidente Getúlio Vargas.
A partir da constituição de 1934, o tema Educação, é colocado sob a responsabilidade
da União, que previa, no Capítulo I, artigo 5º “traçar as diretrizes da educação nacional” e
57
no Capítulo II, artigo 150º “ficar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino
em todos os graus e ramos, comuns e especializados” para “coordenar e fiscalizar a
sua execução em todo o território do país”. Na ocasião estudiosos e pesquisadores da
Educação já haviam apresentado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito
em 1932 por Fernando de Azevedo, subscrito por 26 signatários, dentre eles Anísio Teixeira.
Com a Constituição de 1946, são restabelecidos elementos que integraram o programa
de reconstrução educacional dos pioneiros da Educação Nova, tais como: exigência do
concurso de títulos e provas para o exercício do Magistério (artigo 168, inciso VI, pag. 281)
e a competência da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional
(artigo 5º, inciso XV, alínea d). Para atender a esse último dispositivo constitucional, o
ministro da educação e saúde, Clemente Mariani, constituiu uma Comissão para elaborar
o anteprojeto da LDB.
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB que regulamenta o ensino
no país foi sancionada e homologada através da Lei nº 4024/1961, pelo então presidente
João Goulart, prevista na Constituição de 1934 e publicada em 20 de dezembro de 1961.
Foram quase 30 anos para a elaboração de uma lei criada para definir e regularizar a
organização da educação com base nos princípios da constituição.
Uma década após a promulgação da Lei 4024/61, é instituída a nova Lei de Diretrizes
e Bases da Educação, inspirada nessa mesma Constituição, a Lei 5.692, sancionada pelo
então presidente Sr. Emílio Garrastazu Médici. A LDB de 1971 voltava-se para a formação
profissional e adaptação do ensino às demandas da produção industrial. A legislação
contemplava a formação de técnicos para o atendimento do mercado de trabalho, sendo
proposta uma pedagogia tecnicista para formação de técnicos e profissionais aptos às
demandas da produção industrial.
Somente com a Constituição de 1988, houve grande mudança da legislação
brasileira para a área educacional com a nova LDB, Lei nº 9.394/96, sancionada pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso, que ao contrário da anterior, apresenta até os
dias de hoje, características mais sociais.
Importante para a compreensão do processo educacional brasileiro, destacar
nesta unidade, os aspectos positivos e negativos deixados como legado pelo século XIX
à Educação Brasileira até os dias atuais:

Em suma, o legado educacional do breve século XIX


comporta alguns aspectos positivos como a institucio-
nalização da escola e da formação de professores; mas
contém, também, aspectos negativos entre os quais
avulta a tendência a desonerar o Estado de seus com-
promissos com a educação, gerando um discurso con-
traditório com a prática corrente, com consequências
funestas que perduram até os dias de hoje (SAVIANI,
2006, p. 29).
Os dois enfoques citados mostram que os aspectos positivos, deixados como
legado, embora tenham se concretizado no século XX, tornam-se obsoletos e precários
para o público do século XXI. Por outro lado, os aspectos negativos perduram até os dias
atuais, podendo ter responsabilidade pelo retrocesso de um legado que poderia mudar
os rumos da educação de nosso país.
58
FIQUE ATENTO
A organização da educação pública - Educação
Enquanto o Estado se esforçava para oferecer a escola gratuita para os pobres, é bem ver-
dade que os ricos ainda procuravam as escolas tradicionais religiosas. De fato, a urbaniza-
ção e a industrialização criaram o fenômeno das crianças na rua, e havia a necessidade de
“controle do corpo infantil”, a fim de evitar os problemas sociais que daí poderiam derivar.
Apesar das críticas dos religiosos à educação laica, lentamente os governos conseguiam
intervir inclusive nas escolas particulares, mediante legislação que buscava uniformizar o
calendário escolar, o controle do tempo, o currículo, os procedimentos, criando os “sistemas
educativos nacionais”. Neste período, verificou-se uma nítida separação entre os pedago-
gos, os teóricos da educação, e os educadores propriamente ditos, que exerciam seu mister
nas salas de aula.. Na reorganização da rede secundária, mantinha-se a dicotomia que
destina à elite burguesa a formação clássica e propedêutica, enquanto para o trabalhador
diferenciado da indústria e do comércio é reservada a instrução técnica. No ensino uni-
versitário, ampliado e reformulado, foram criadas as escolas politécnicas para atender às
necessidades decorrentes do avanço da tecnologia. Iniciados por Froebel, surgiram os “jar-
dins da infância”. O interesse pela educação estendeu-se às escolas normais, denominação
genérica dada aos cursos de preparação para o magistério Ao lado da expansão da rede
escolar, outro objetivo dos educadores no século XIX era formar a consciência nacional e
patriótica do cidadão. Até então a educação tivera um caráter geral e universal, mas agora
se dava maior ênfase à formação cívica, certamente em razão das tendências nacionalis-
tas da época. Veremos adiante como a emergência do movimento romântico na Alemanha
repercurtiu na pedagogia daquele época.
Texto extraído do livro História da Educação e da Pedagogia de Mária Lúcia de Arruda Aranha, 2006, páginas
200/201.

BUSQUE POR MAIS


MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA
Documento importante, elaborado no século XX por educadores e intelectuais
do Brasil, o qual nos situa no contexto educacional da época: fazem propostas
pautadas em uma educação de qualidade baseada em princípios como gratui-
dade, laicidade, obrigatoriedade.
• O vídeo de um dos manifestos mais importantes da história, “Os pioneiros,
entusiastas da educação nova” está disponível em: https://ytube.io/3H5R.
Acesso em: 01 fev. 2021
• A Universidade Virtual de São Paulo também disponibiliza uma aula muito
interessante sobre a “Legislação do Ensino” e está disponível em: https://ytu-
be.io/3H5S. Acesso em: 01 fev.2021
• Acesse também o documento referente a “Educação Nova” que está disponí-
vel em formato PDF em: https://ytube.io/3H5S. Acesso em: 01 fev. 2021.
59

VAMOS PENSAR?
“Os dois enfoques citados nos mostram que os aspectos positivos, deixados como legado,
embora tenham se concretizado no século XX, tornam-se obsoletos e precários para o
público do século XXI. Por outro lado, os aspectos negativos perduram até os dias atuais,
podendo ter responsabilidade pelo retrocesso de um legado que poderia mudar os rumos
da educação de nosso país”.

GLOSSÁRIO
Legado: o que é transmitido a outrem que vem a seguir
Subvenção: transferência de recursos financeiros públicos, para instituições privadas e
públicas, de caráter assistencial, sem fins lucrativos, com o objetivo de cobrir despesas de
seus custeios.
60
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (ENADE) Sobre as distintas concepções de educação ao longo da história, numere a


coluna da direita de acordo com sua correspondência com a coluna da esquerda:

João Amos As instituições educacionais corrompem o homem e tiram a liber-


Comenius dade. Para a construção do homem e da nova sociedade, é preciso
educar a criança de acordo com os princípios da natureza, forman-
do seus sentidos e a racionalidade para a liberdade e capacidade de
discernimento.
Jean Jacques A escola deve incentivar a discussão de temas sociais a partir dos
Rousseau quais o professor e os alunos agem em conjunto, sustentada em
uma concepção dialética em que o docente e o discente aprendem
juntos dinamicamente, por meio de uma prática orientada pela
teoria e de processos constantes de troca de ideias entre professor e
aluno.
Johan F. A prática escolar deve imitar os processos da natureza. Nas relações
Herbart entre docente e discente, os interesses da criança devem ser consi-
derados. A organização do tempo e do currículo deve considerar os
limites do corpo e a necessidade, das crianças e dos adultos, de ter
outras atividades.
Paulo Freire O objetivo maior da educação é a moralidade, em um processo no
qual o professor é o arquiteto da mente dos alunos.

Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna da direita, de cima


para baixo:

a) 4 – 3 – 2 – 1.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 1 – 2 – 4 – 3.
d) 4 – 3 – 1 – 2.
e) 2 – 4 – 3 – 1.

2. O pensamento filosófico-educacional fundamenta-se em teorias sobre a sociedade e


o papel da escola. Um de seus grandes representantes foi Jean-Jacques Rousseau, que
influenciou as ideias pedagógicas iluministas e inaugurou uma nova forma de pensar a
educação, segundo a qual a(o):

a) A transformação educativa deve ocorrer paralelamente à revolução social.


b) A mente nasce desprovida de conteúdos, nada se aprende, não há ideias inatas.
c) Aversão pelo tédio deve ser evitada, devendo-se despertar a capacidade de admirar e
perguntar como início de autêntico ensino.
d) O homem nasce bom e a sociedade o perverte, cabendo à educação formá-lo como
ser humano e como cidadão.
e) O impulso para a busca pessoal e a verdade deve ser despertado e estimulado, sendo
o autoconhecimento o início do caminho para o verdadeiro saber.
61
3. Sua filosofia da educação foi determinante para que a Escola Nova se propagasse por
quase todo o mundo:

a) Paulo Freire.
b) John Dewey.
c) Carl Rogers.
d) Pestalozzi.
e) Maria Montessouri.

4. (ENADE, 2008) O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi publicado em 1932 e
assinado por 26 educadores brasileiros, entre eles Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo
e Lourenço Filho. Nos trechos a seguir, aparecem algumas de suas principais ideias. Mas,
do direito de cada indivíduo à sua educação integral, decorre logicamente para o Estado
que o reconhece e o proclama, o dever de considerar a educação, na variedade de seus
graus e manifestações, como uma função social e eminentemente pública, que ele é
chamado a realizar, com a cooperação de todas as instituições sociais. A consciência
desses princípios fundamentais da laicidade, gratuidade e obrigatoriedade, consagrados
na legislação universal, já penetrou profundamente os espíritos, como condições
essenciais à organização de um regime escolar, lançado, em harmonia com os direitos
do indivíduo, sobre as bases da unificação do ensino, com todas as suas consequências.

Com base nesses trechos, conclui-se que, em seu contexto histórico, o Manifesto era:

a) Libertário, pois pregava o fim do Estado.


b) Autoritário, já que defendia a obrigatoriedade escolar.
c) Elitista, porque pregava a dualidade do sistema de ensino.
d) Inovador, pois compreendia a educação como um direito social.
e) Conservador, na medida em que entendia a educação pública como privilégio.

5. As transformações sócio-político-econômicas ocorridas no Brasil nos anos 1920 e 1930,


gerou a mobilização de diversos segmentos da intelectualidade com objetivo de propor
algo novo para a educação brasileira. Deste movimento surgiu a Escola Nova, uma
proposta educacional que defendia:

a) A observação da educação como um problema social, que deve ter atenção e prioridade
da sociedade e do Estado. Pregando uma educação escolástica baseada nos princípios
tradicionais da educação brasileira concebida pelos Jesuítas sem influências externas.
b) O ensino público, laico e gratuito, de caráter obrigatório e com responsabilidade
dividida entre o Estado e a família. Ao Estado cabia garantir a oferta de vagas em uma
escola autônoma e à família cabia garantir a frequência escolar dos educandos
c) A ampliação da rede de ensino privada e pública, garantindo o caráter laico do ensino
oferecido e estabelecendo faixas de pagamento de anuidades de acordo com o poder
aquisitivo da família do educando.
d) A co-educação entre Estado e família, cabendo ao Estado a oferta de ensino público,
obrigatório e focalizado nas necessidades do aluno e da sociedade, e à família cabia o
custeio da formação dos seus filhos.
e) Um ensino autônomo, que garantia independência em relação aos interesses estatais,
62
mas tendo como referência a linha adotada nas escolas católicas existentes a época.

6. Em se tratando de história da educação brasileira, em 1879 houve a reforma de Leôncio


de Carvalho, que entre outros aspectos:

a) Apontar que no período da exploração inicial, os esforços educacionais foram dirigidos


aos indígenas, submetidos à chamada "catequese" promovida pelos missionários jesuítas
que vinham ao novo país difundir a crença cristã entre os nativos.
b) Houve a expulsão dos jesuítas (reformas pombalinas), passando a ser instituído o
ensino laico e público através das aulas régias, e os conteúdos baseiam-se nas Cartas
Régias, a partir de 1772, data da implantação do ensino público oficial no Brasil (que
manteve o Ensino Religioso nas escolas).
c) Propunha também o fim da proibição da matrícula para escravos mas que vigorou
por pouco tempo.
d) Confirmou que o padre Manuel de Nóbrega chefiou a primeira missão da ordem
religiosa.
e) Fundou-se a Universidade Federal do Amazonas, considerada a mais antiga
universidade brasileira.

7. Tendo em vista os estudos históricos sobre a relação entre a educação escolar e a


formação profissional no Brasil, é verdade que:

a) Na época dos jesuítas a dimensão prática foi colocada de lado, não havendo
preocupação com a preparação para o trabalho.
b) A partir da Lei Nº 5692, aprovada em 1971, o ensino de Segundo Grau tornou-se
obrigatoriamente profissionalizante.
c) Com a vinda da Família Real a escola afastou-se da tarefa de suprir as necessidades de
mão-de-obra, priorizando a formação política.
d) No Império nenhuma iniciativa de formação profissional foi tomada, mas foi priorizado
o atendimento destinado aos escravos alforriados.
e) Com a Lei de Diretrizes e Bases Nº 9394, aprovada em 1996, a educação profissional
deixa de ter um capítulo especial e perde importância.

8. “A questão da periodização é, sem dúvida, uma das mais relevantes e também das
mais complexas e, por isso mesmo, das mais controvertidas no campo dos estudos
históricos. Em verdade, a periodização não é um dado empírico, isto é, não está inscrita
no próprio movimento objetivo dos fenômenos históricos investigados. A periodização,
enquanto uma exigência de compreensão do objeto, é, antes, uma questão teórica que
se põe para o historiador ao enfrentar a tarefa de organizar os dados visando a explicar o
fenômeno que se propôs investigar”. (SAVIANI, 2008, p. 12).
Ao realizar a periodização das ideias pedagógicas no Brasil, Saviani (2008) aponta quatro
períodos que vão de 1549 a 2001. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a
característica geral das ideias pedagógicas no 4° período.

a) Predominância da pedagogia nova.


b) Monopólio da vertente religiosa da pedagogia tradicional.
c) Configuração da concepção pedagógica produtivista.
63
d) Coexistência entre as vertentes religiosas e leigas da pedagogia tradicional.
e) Todas as alternativas estão corretas
64

A EDUCAÇÃO
PÓS-CONTEMPORÂNEA
– SÉCULO XX
65
O século XX foi marcado por grandes acontecimentos como as grandes
guerras mundiais: a primeira (1914-1918) e segunda (1939-1945), a fundação da URSS –
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1922, bem como a grande depressão
econômica ocasionada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, fatos
que influenciaram o mundo inteiro. Trata-se de um período da história mundial onde
ocorreram grandes mudanças no estilo de vida dos cidadãos, fortemente influenciado,
inclusive, pelo desenvolvimento científico e tecnológico. A educação já estava sendo
impactada com movimentos na sociologia, psicologia e pedagogia, conforme discorre:
O século XX foi um período marcado por rápidas trans-
formações em todos os setores do conhecimento hu-
mano, impulsionadas pelo avanço da ciência e tecno-
logia. Entretanto, muitas dessas mudanças tiveram
sua origem nas formulações teóricas desenvolvidas no
século anterior. No campo das relações entre capital e
trabalho, as teses divulgadas em 1848 por Marx e Engels
em seu Manifesto Comunista encontraram aplicação
prática em 1917, com a revolução que em 1922 criou a
União Soviética. Passando do coletivo para o individu-
al, o estudo dos processos mentais iniciados em 1879
só viria a revolucionar as relações humanas mais tarde,
quando Freud desvendou o inconsciente e criou a psi-
canálise. De forma semelhante as reformas educacio-
nais implementadas pelas escolas novas devem muito à
educação progressista de John Dewey e os conceitos da
psicologia (TERRA, 2014, p. 68, 69).

Esta Unidade fará uma breve apresentação das concepções pedagógicas que
marcaram e ainda influenciam a educação, as quais serão aprofundadas na disciplina
de Didática. Apresentará alguns teóricos e seus ideais que vêm contribuindo com a
evolução da educação, até os dias atuais, seja de forma positiva ou negativa.

5.1 CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS NO SÉCULO XX

As correntes educacionais seguem evoluindo ou retrocedendo, de acordo com


o contexto histórico vivenciado. A partir do século XX, concepções pedagógicas se
evidenciam nas áreas da sociologia, da tecnologia, da psicologia, dentre outras. Tais
concepções são tratadas especificamente por teóricos como Libâneo (1985) em sua
obra Tendências Pedagógicas, Abordagens Do Processo de Mizukami (1992) e Teorias
Pedagógicas de Saviani (1985) conforme apresenta o quadro abaixo:

CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS SEGUNDO TEÓRICOS


LIBÂNEO (1985) SAVIANI (1985) - MIZUKAMI (1992)
TENDÊNCIAS IDEIAS/TEORIAS ABORDAGENS
Pedagogias Pedagogias Teorias não Teorias não críticas Tradicional
Liberais Progressistas críticas
Tradicional Libertadora Tradicional Tradicional Comportamentalista
Renovada Libertária Nova Nova Humana
Progressista
66
Renovada Crítico-social Tecnicista Tecnicista Cognitivista
não diretiva dos
conteúdos
Tecnicismo Teorias não críticas Sociocultural
Quadro 3: Concepções Pedagógicas, segundo Libâneo, Saviani e Mizukami
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

5.2 CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA

A partir de movimentos operários iniciados por Lenin (1917), na Rússia, que derrubou
Nicolau II em que, na ocasião a população vivia em total miséria, a classe operária era
explorada e não contava com mínimas condições dignas para o trabalho. Pode se dizer
que os movimentos sofreram influência de filósofos ativistas como Karl Marx e Georg
Wilhelm Hegel. A concepção sociológica considera o problema social como o foco
principal da educação. Defende que as questões sociais influenciam o processo educativo
de uma sociedade. A educação, portanto, cumpre determinado papel, dependendo
da realidade vivenciada em seu contexto histórico, no qual a sociedade está inserida,
seja para a mudança ou para a reprodução social (Bourdieu, Passeron). De acordo com
(ARANHA, 2006) as ideias socialistas provocaram grandes alterações nas concepções
pedagógicas. Destacam-se nomes como Karl Marx, Anton Makarenco, Gramsci e Hegel
que partiam da concepção histórica e dialética.
• Georg Wilhelm Hegel (1770-1831) – desenvolveu a filosofia do devir (movimento do
“vir a ser”) e a dialética idealista. Sua obra “O método” exerceu influência sobre outros
teóricos e filósofos como Karl Marx.
• Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo, ativista político alemão, um dos fundadores do
socialismo científico e da sociologia. Pregava que a educação deveria ser para todos e
para uma formação capaz de tornar o homem agente de transformação da realidade,
mas ao mesmo tempo produto do meio, deixando patente que ele abordava a
educação partindo-se de críticas à sociedade capitalista:

Nessa visão crítica, a ideia de que a escola é um local de


“democratização do saber” encobre a contradição fun-
damental da sociedade capitalista. Na verdade, a escola
classista é mais um dos espaços destinados à reprodu-
ção da hierarquia econômica, entre proprietários e não
proprietários; da hierarquia social entre burgueses e
proletários; e da hierarquia política entre governantes e
governados. [...] A educação voltada para o atendimento
das demandas da divisão do trabalho capitalista difun-
de uma consciência social deformada, que aceita como
natural a divisão entre o trabalho intelectual (concep-
ção) e braçal (execução). O trabalhador é visto apenas
como uma engrenagem da desumana máquina, redu-
zido a sua ocupação funcional e impedido de realizar
suas potencialidades humanas. Essa educação alienada
e alienante forma os futuros trabalhadores como seres
especializados, desinteressados dos resultados do seu
trabalho para a sociedade, preocupados apenas com
67
o salário no fim do mês. Uma educação voltada para
a produção, e o trabalho como um fim em si mesmo,
mero meio de subsistência. (TERRA, 2014, p. 70).

• Antônio Gramsci (1871 a 1937) – filósofo e jornalista – Para Gramsci a educação


intelectual é direito de todos e não somente para os filhos da classe dominante. O
modelo de escola para Gramsci idealizava um ensino público, gratuito, humanístico
que pudesse contemplar tanto a instrução técnica/profissional quanto a formação
propedêutica que abrange a instrução científica, literária e filosófica. Opunha-se aos
modelos de escolas elitistas e utilitaristas, uma vez que a primeira privilegiava a classe
dominante, enquanto a segunda formava as massas para o trabalho braçal.
• Anton Makarenko (1888 a 1939) – seu ideal era que a escola fosse uma coletividade
igualitária, participativa e solidária. Trabalhava com crianças e jovens recolhidos das
ruas e acreditava que, ao mesmo tempo em que a escola deveria permitir a liberdade
e individualidade dos internos, deveria exercer uma disciplina rígida. A escola tinha
um projeto: a construção do Socialismo na União Soviética
• István Mészáros (1930-2017) – Para o filósofo a educação precisa estar a serviço do
desenvolvimento da consciência socialista. Cita dois conceitos (utilizados em prol
do capitalismo) que são centrais e necessários para a compreensão de seu projeto
às críticas contra o capitalismo: a doutrinação e a internalização. A doutrinação, na
concepção do autor, é a tentativa da educação pelo olhar do “capital” para fazer-
se acreditar que o capitalismo é o único regime possível, ainda que alienante. Já a
internalização, segundo o filósofo, atua nos indivíduos, no sentido não só da aceitação
do capitalismo (como regime vigente), mas para legitimá-lo, incorporando-o ao
cotidiano, o que conta com os aparelhos ideológicos do Estado, sobretudo das
instituições que promovem o ensino formal (a escola), para a reprodução do discurso
da classe dominante.

FIQUE ATENTO
O ideal, pregado pelos movimentos socialistas em prol da educação, buscava:
“A preparação dos seres humanos para construírem uma sociedade socialista a fim de que
todos pudessem viver totalmente livres e com direitos iguais. Os teóricos da educação con-
templam, em suas obras, a base que permite a transição para uma sociedade comunista,
livre de uma sociedade hierárquica e desigual que convive com as injustiças e individualida-
des decorrentes do capitalismo. As ideias socialistas influenciaram educadores como Antô-
nio Gramsci, Anton Makarenko e István Mészáros”. Disponível em: https://bityl.co/6VfY. Acesso
em 20 fev.2021

BUSQUE POR MAIS


• Foi citado, nesta Unidade, a “Reprodução Social” em virtude da abordagem
da Concepção Pedagógica Socialista. Para que você, aluno, entenda melhor,
consulte o livro: Bourdieu & a Educação dos autores Maria Alice Nogueira e
Cláudio M. Martins Nogueira (2009) no capítulo IV – “A escola e o processo de
reprodução das desigualdades sociais” . Disponível em: https://bityl.co/6Vfj.
Acesso em: 20 fev. 2021.
68
• A mecanização da educação foi um ideal difundido pelo educador Come-
nius como abordado na unidade anterior, mas também tratado na presente
unidade como “a educação voltada para o atendimento das demandas da
divisão do trabalho capitalista”. Para que você, aluno, compreenda melhor a
mecanização, sugere-se o filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin. Dis-
ponível em: https://ytube.io/3H5Z. Acesso em: 15 fev. 2021.

5.3 CONCEPÇÃO PSICOLÓGICA

Defende a criança como o centro do processo educacional, a partir do qual devem


ser consideradas as etapas de seu desenvolvimento físico e psicológico. Dentro dessa
concepção, destacam-se correntes como a Escola Nova originada a partir do movimento
escolanovismo que buscava a superação do modelo tradicionalista de educação (que
tem como método a memorização dos conteúdos, a passividade do estudante que
recebe os ensinamentos do professor, sendo este o detentor do saber, que apresenta os
conteúdos a partir de aulas expositivas).
1. A Escola Nova - tinha o objetivo de promover uma educação liberal que
contemplava o desenvolvimento da personalidade do estudante, por meio de sua
participação efetiva no processo de Ensino e de Aprendizagem. Alguns teóricos
contribuíram para a propagação das novas ideias pedagógicas:
• John Dewey (1859-1952) – Filósofo e Pedagogo: autor das ideias pedagógicas que
originaram o movimento da Escola Nova. A partir de sua tese de doutorado que contou
com referências como Kant e Hegel, defende que o ensino precisa aliar teoria à prática,
ideia concebida a partir do pragmatismo. Atualmente o teórico é referência para a
Pedagogia de Projetos que enfatiza o “Aprender fazendo” como desenvolvimento de
competências no cotidiano escolar. A partir desse pensamento dizia que a escola
não prepara o aluno para a vida, mas ela é a própria vida, a partir da qual as vivências
devem ser valorizadas para o desenvolvimento da capacidade prática. De acordo com
(TERRA, 2014), vale destacar que Dewey vivencia grandes mudanças na sociedade dos
Estados Unidos, a partir da guerra civil entre1861 a 1865: as cidades se modificam pela
industrialização acelerada e a chegada de trabalhadores que migram do campo em
busca de uma vida melhor. Esta época foi marcada, também, pelo fim da escravidão.
• Jean-Ovide Decroly (1871 a 1932); ênfase no “Aprender a aprender” através de centros
de interesse.
• Maria Montessori (1870-1952) na Itália - destaca-se o ambiente que deve ser
apropriado à criança, prestigiando a educação dos sentidos.

2. Pedagogia Não Diretivas. A função desta pedagogia é a de facilitar a aprendizagem


sem a direção do professor, mero facilitador, que permite ao aluno vivenciar a sua própria
experiência:
• Alexander Neill (1883-1973) - fundador da escola Summerhill na Inglaterra – a escola
não seguia os parâmetros exigidos por lei: as crianças são livres para vivenciarem suas
emoções e instintos.
• Carl Rogers (1902-1987) – defende a relação entre as pessoas para que se desenvolvam,
uma vez que o ato educativo é relacional.
69
3. Pedagogia Cognitiva. Grandes teóricos pesquisadores deram importância a três
dimensões importantíssimas para o entendimento do desenvolvimento da criança em
suas diversas fases da vida e de como ela aprende: a motora, a afetiva e a cognitiva.
Citamos alguns teóricos e suas contribuições para esta concepção de educação.
• Jean Piaget (1896-1980) - Epistemologia Genética: que investiga o desenvolvimento
cognitivo do indivíduo desde o nascimento até a adolescência.
Para a efetiva aprendizagem devem ser considerados:
• As fases do desenvolvimento da criança;
• Os pré requisitos de conteúdos a serem trabalhados;
• O conhecimento prévio do estudante;
Máxima: “O ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados,
mas é antes de tudo aprender a aprender, é aprender a se desenvolver e aprender a
continuar a se desenvolver depois da escola”.
• Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) – Avaliar a criança a partir da Zona de
Desenvolvimento Proximal – ZDP, ou seja, considerar a zona real e a zona potencial
de aprendizagem.
Máxima: “Para compreender a linguagem dos demais não é suficiente compreender
as palavras, é necessário entender seu pensamento”.
• Henri Wallon (1879-1962) – valorizou a afetividade no processo de aprendizagem.
Máxima: “A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos
dirigidos a elas”.
• David Paul Ausubel (1918 – 2008) – Aprendizagem significativa.
Máxima: Se eu pudesse reduzir toda a psicologia educacional a uma só frase, eu
diria isto: o fator mais importante que influencia a aprendizagem é o que o estudante já
sabe. Verifique isso e ensine de acordo.

5.4 CONCEPÇÃO TECNOLÓGICA

Defende os meios e os métodos do trabalho educativo. O teórico que se destacou


foi:

• Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) – elaborou uma teoria do condicionamento


e da aprendizagem, a partir de estudos e experimentos sobre o comportamento
humano, estabelecendo meios de torná-lo previsível. Para este pesquisador, a função
do professor na sala de aula é conduzir um adequado programa de estudo, de
modo que o comportamento desejável do aluno seja convenientemente reforçado.
A proposta é que o controle do comportamento educacional do aluno será feito
por meio de uma forma de ensino, a partir da qual o aluno recebe recompensas
imediatas a cada resposta desejada. Skinner recebeu críticas devido ao caráter
mecanicista da pedagogia proposta, uma vez que a educação se reduz à mera
aquisição de ensinamentos preestabelecidos, o que não promove o desenvolvimento
da capacidade crítica do aluno, desfavorecendo, também, as relações afetivas entre
professor e aluno.
70
GLOSSÁRIO
Pragmatismo – constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do século
XIX, com origem no Metaphysical Club, um grupo de especulação filosófica lide-
rado pelo lógico Charles Sanders Peirce, pelo psicólogo William James e pelo juris-
ta Oliver Wendell Holmes, Jr., congregando em seguida acadêmicos importantes
dos Estados Unidos. Segundo essa doutrina metafísica, o sentido de uma ideia
corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos. Disponível em: ht-
tps://bit.ly/3oSUnF1. Acesso em 20 fev. 2021.

FIQUE ATENTO
As três tendências do pensamento educacional dos séculos XVIII e XIX contribuíram para este
ponto de vista eclético na educação. Em geral as contribuições psicológicas foram sobretudo
para o método; a científica, para o conteúdo; a sociológica, para um objetivo mais amplo e
para um melhor mecanismo institucional. E, além disso, cada movimento exerceu sua influ-
ência particular sobre o método, sobre a finalidade, sobre a organização e sobre o conteúdo.
As contribuições mais importantes destes movimentos podem ser resumidas em poucas
frases. De Rousseau veio a ideia de que a educação é vida, que deve centralizar-se na criança
e encontrar sua finalidade no indivíduo e em cada estádio particular da vida. De Pestalozzi
veio a ideia de que o trabalho educativo eficiente depende do conhecimento atual da criança
e de uma genuína simpatia por ela; que a educação é um crescimento dentro e não uma sé-
rie de acréscimos de fora; que este crescimento é o resultado das experiências ou atividades
da criança; consequentemente que são os objetos e não os símbolos que devem formar a
base do processo de instrução; que as percepções sensoriais e não os processos da memória
formam a base da primeira educação. De Herbart veio a ideia dum processo científico de ins-
trução, a base científica da organização do currículo; e a ideia da formação do caráter como
alvo da instrução, a ser alcançado cientificamente por meio do uso do método e de currículo
conforme foram definidos. De Froebel veio a verdadeira concepção da natureza da criança; a
correta interpretação de que o ponto de partida da educação está na tendêncida da criança
para a atividade; a verdadeira interpretação do currículo como representação para a criança
do resumo da experiência do mundo ou da herança da cultura da raça; e em geral, a primeira
e, contudo, a mais completa aplicação da teoria da evolução ao problema de educação. Da
tendência científica veio a insistência por uma revisão do conceito de educação liberal, uma
nova definição da cultura exigida pelo ponto de vista sociológico, para que o ensino indus-
trial, tecnico e profissional fosse introduzido em todos os estádios da educação e que se fizes-
se tudo, a fim de contribuir para o desenvolvimento do homem livre, - o cidadão plenamento
desenvolvido. Da tendência sociológica veio a crença geralmente aceita de que a educação
é o processo de desenvolvimento da sociedade; que seu objetivo é o produzir bons cidadãos;
prepará-lo para alguma forma de participação produtiva nas atividades sociais do presente,
numa palavra, que ele deve aprender a servir a si mesmo, por meio do serviço prestado aos
outros.
Texto extraído do livro História da Educação de Paul Monroe, 1970, páginas 364/365.

BUSQUE POR MAIS


Caro aluno, estudamos neste capítulo acerca das concepções pedagógicas que,
em cada época, quebram paradigmas e contribuem com inovações para a edu-
cação em todo o mundo.
71
A Escola Nova foi um movimento do “escolanovismo” que buscava uma educa-
ção mais ativa que enfatizasse a formação integral do cidadão, rompendo com
o autoritarismo da escola tradicional.
Para uma melhor compreensão do que foi o movimento da Escola Nova, assista
as três partes do projeto de “Didática Geral” desenvolvido pelo curso de Pedago-
gia da Universidade Federal de Santa Catarina.
• Parte 1. Disponível em: https://ytube.io/3H5c. Acesso em: 20 fev. 2021.
• Parte 2. Disponível em: https://ytube.io/3H5d. Acesso em: 20 fev. 2021
• Parte 3. Disponível em: https://ytube.io/3H5f. Acesso em: 20 fev. 2021.

VAMOS PENSAR?
A Escola Nova tem influenciado a educação brasileira até os dias atuais, seja para propos-
tas de novas metodologias, seja inspirando a elaboração de documentos legais. Como os
ideais deste movimento influenciou a construção da BNCC? Reflita sobre isso!
72
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Diversas são as possibilidades de se reconhecer e categorizar as concepções


pedagógicas que pautaram e ainda pautam o fazer escolar no Brasil. Mas há vários
pontos de confluência nas classificações feitas pela literatura especializada. Acerca dessa
temática é correto afirmar que:

a) A Escola Nova no Brasil teve seu início após a aprovação da Constituição Federal de
1988, que consagrou novos direitos e ampliou o papel da educação em nosso país, e tem
por foco a educação para a democracia.
b) A pedagogia tradicional, também conhecida por reprodutivista, tem por escopo a
manutenção das tradições culturais, com forte ênfase no ensino das linguagens.
c) As pedagogias liberais têm a liberdade em sua essência, incentivando a escola a se
libertar de currículos oficiais e a produzir, autonomamente, suas próprias diretrizes para
o processo de ensino-aprendizagem.
d) A pedagogia tecnicista privilegia excessivamente a tecnologia educacional e
compreende os professores e os alunos como executores e receptores da proposta
educativa, normalmente elaborada com pouco vínculo com o contexto social a que se
destina.
e) A pedagogia histórico-crítica parte da história como a base de todo o conhecimento
e, por isso, centraliza o currículo a partir do ensino da história em cada um dos campos
de conhecimento e das diversas disciplinas.

2. (CONCURSO, 2016) A partir das décadas de 60 e 70, diversos teóricos, por diferentes
caminhos, chegam à conclusão que a escola está de tal forma condicionada pela
sociedade, dividida em classes, que, ao invés de democratizar, reproduz as diferenças
sociais, perpetuando o status quo. (ARANHA,1996, p. 176).

Essa teoria está representada na concepção:

a) Socialista.
b) Capitalista.
c) Não diretiva.
d) Crítico-reprodutivista.
e) Tecnicista.

3. Sobre as distintas concepções de educação ao longo da história, numere a coluna da


direita de acordo com sua correspondência com a coluna da esquerda:

1. João Amos Comenius.


2. Jean Jacques Rousseau.
3. Johan F. Herbart.
4. Paulo Freire.
I. As instituições educacionais corrompem o homem e tiram a liberdade. Para a
73
construção do homem e da nova sociedade, é preciso educar a criança de acordo com
os princípios da natureza, formando seus sentidos e a racionalidade para a liberdade
e capacidade de discernimento.
II. A escola deve incentivar a discussão de temas sociais a partir dos quais o professor
e os alunos agem em conjunto, sustentada em uma concepção dialética em que o
docente e o discente aprendem juntos dinamicamente, por meio de uma prática
orientada pela teoria e de processos constantes de troca de ideias entre professor e
aluno.
III. A prática escolar deve imitar os processos da natureza. Nas relações entre docente e
discente, os interesses da criança devem ser considerados. A organização do tempo
e do currículo deve considerar os limites do corpo e a necessidade, das crianças e dos
adultos, de ter outras atividades.
IV. O objetivo maior da educação é a moralidade, em um processo no qual o professor é
o arquiteto da mente dos alunos. Assinale a alternativa que apresenta a numeração
correta da coluna da direita, de cima para baixo.

a) 4 – 3 – 2 – 1.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 1 – 2 – 4 – 3.
d) 4 – 3 – 1 – 2.
e) 2 – 4 – 3 – 1.

4. (ENADE) Você e seus colegas de escola estão discutindo as contribuições de alguns


filósofos para a educação, entre as quais a teoria educacional de Dewey, que destaca a
noção de que:

a) A educação é um processo que deve romper com os limites que a ordem institucional
impõe à escola.
b) A brutalidade presente no homem é causada por sua inclinação para a liberdade, e
isto requer polimento.
c) O ensino e, por conseguinte, o aprendizado, deve partir dos conceitos morais e
intelectuais.
d) O homem tem necessidade de cuidados e formação, sendo que esta compreende,
além da disciplina, a instrução.
e) O importante para a criança e para o adulto é o aprendizado de como lidar com a
mudança constante.

5. (CONCURSO UFCG 2019) No percurso da educação brasileira, na década de 1970, junto


à presença da tendência tecnicista, surgiram estudos empenhados em fazer a crítica da
educação dominante, pondo em evidência as funções reais da política educacional que,
entretanto, eram acobertadas pelo discurso político pedagógico-oficial. Esses estudos
podem ser agrupados sob a égide de uma:

a) Tendência tradicional.
b) Tendência escolanovista.
c) Tendência crítico-reprodutivista.
d) Tendência construtivista.
74
e) Tendência positivista.

6. (IBGE – 2016 - Pedagogo) Marque a alternativa referente ao teórico que defendeu


a ideia de que “a escola, como todas as outras instituições sociais, atua no cotidiano
dos homens, e é a partir da dicotomia `mudanças versus conservação` que ela deve
ser analisada; além disso, a alienação e os preconceitos também se destacam como
dois elementos básicos que contribuem para reprodução da sociedade capitalista no
cotidiano”.

a) Karl Marx.
b) Auguste Comte.
c) Max Weber.
d) Émile Durkheim.
e) Karl Mannheim.

7. Dalben e Castro (2010), na obra A relação pedagógica no processo escolar: sentidos e


significados, realizam uma contextualização histórica da relação pedagógica na escola.

No que se refere à relação pedagógica no contexto da Escola Nova, é correto afirmar que
a(o):

a) Objetivo maior da relação pedagógica escolar é repassar os conhecimentos


considerados verdadeiros e corretos e controlar os significados e os valores sociais e
culturais das pessoas.
b) Relação pedagógica inspirada na interação entre os sujeitos e destes com o mundo
é apontada como base da produção do conhecimento escolar, e a ação do professor se
fundamenta nas experiências pessoais e subjetivas dos alunos.
c) Sistema educacional como um todo e a relação pedagógica escolar são impregnados
pela racionalidade técnica do trabalho produtivo. A questão educativa é enfocada como
um ajustamento individual e harmônico dos sujeitos.
d) Relação pedagógica defendida por essa proposta situa o conceito de diferença como
fundamental para sua compreensão; desse modo, o principal foco da relação pedagógica
torna-se o reconhecimento de cada um na sua individualidade.
e) Todas as alternativas estão corretas.

8. No que se refere ao Quarto Período (1969 a 2001) da História das Ideias Pedagógicas
no Brasil, Dermeval Saviani o considera como aquele em que se configurou a concepção
pedagógica produtivista. Nessa perspectiva de análise, o autor caracteriza as concepções
pedagógicas de acordo com o contexto histórico. Diante disso, qual assertiva a seguir
corresponde à análise de Saviani (2008)?

a) Com base no pressuposto da neutralidade científica e distante dos princípios da


racionalidade, a pedagogia produtivista advoga a reordenação do processo educativo
de maneira que o torne subjetivo.
b) Enquanto na pedagogia tradicional o elemento principal passava a ser a organização
racional dos meios; na pedagogia tecnicista, a iniciativa cabia ao professor, que era o
sujeito do processo.
75
c) Com a aprovação da Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971, buscou-se estender essa
tendência produtivista por meio da pedagogia tecnicista, na qual a organização do
processo converte-se na garantia da eficiência.
d) Do ponto de vista pedagógico, conclui-se que, se para a pedagogia tradicional, a
questão central é aprender a fazer; na pedagogia nova, o que importa é aprender; e
ainda, na pedagogia tecnicista, o que prevalece é o aprender a aprender.
e) Todas as alternativas estão corretas.
76

A EDUCAÇÃO NO ANO
DE 2020 EM MEIO À CRISE
DE UMA PANDEMIA
77
Nesta unidade será discorrido sobre o Ensino Remoto, fruto de uma educação
que se constituiu emergencial devido à pandemia do Coronavírus. Será apresentada
uma pequena abordagem acerca do Ensino Híbrido que já vem sendo discutido e
experimentado há mais de 20 anos e que agora tem a oportunidade de se adequar à
nova realidade do século XXI:
No início do ano de 2020 o mundo foi surpreendido por uma pandemia de um vírus
altamente contagioso e letal, o covid-19, o que obrigou a sociedade à mudança brusca
de conduta e comportamento. O primeiro caso de contágio pelo vírus SARS-CoV2, foi
identificado em Wuhan, na China, no final de dezembro do ano de 2019. Desde então, os
casos começaram a se espalhar rapidamente pelo mundo a partir do continente asiático,
espalhando-se para os demais.
Em fevereiro de 2020 identificou-se o primeiro caso no Brasil, mais especificamente
no estado de São Paulo. Então, pela propagação rápida do vírus à toda população
mundial, em março do mesmo ano, definiu-se o surto da doença como pandemia pela
OMS - Organização Mundial da Saúde.
A pandemia influenciou, negativamente, todos os setores da vida dos cidadãos
do mundo que, contra a sua vontade, viram-se obrigados ao confinamento no interior
de seus lares, impedidos da vivência em sociedade até mesmo para o trabalho. As
relações sociais se alteraram, muitas empresas encerraram as suas atividades por não
conseguirem se autosustentarem diante do cenário que a pandemia causou. As escolas
tiveram que suspender as suas atividades presenciais e a educação precisava, a partir de
então, mudar a sua modalidade de ensino para alcançar o seu público, agora ausente
das dependências físicas das instituições escolares.
No Brasil, os esforços foram empreendidos por parte dos entes federados, estados e
municípios, em busca de soluções tecnológicas. Reguladas por decretos e resoluções, as
secretarias de educação adotaram o caráter de ensino remoto, a partir do qual as escolas
se organizaram de forma emergencial para a capacitação do corpo administrativo e
docente, no sentido de prestar todo o apoio necessário às famílias dos alunos.

6.1 AS DIFICULDADES DAS ESCOLAS PELA ADOÇÃO


EMERGENCIAL DO ENSINO REMOTO NO BRASIL

A proposta de ensino remoto, a princípio, demonstra ser uma solução eficaz para
o problema, tendo em vista que o aluno terá toda a assistência necessária, uma vez que
os responsáveis se encontram confinados, também em casa, muitos trabalhando em
regime home office. No entanto, dificuldades são evidenciadas, principalmente para
os alunos das instituições públicas que se esbarram na falta de infraestrutura para a
adequação ao novo formato de ensino. Os desafios são incontáveis, começando pela
própria escola que tem a missão emergencial de readequar a sua proposta pedagógica a
partir de reuniões e planejamentos diários e ou semanais. Outra dificuldade identificada
diz respeito ao corpo docente, muitos professores ainda não têm afinidade com as
ferramentas digitais, necessitando, portanto, de capacitação pela própria escola que se
desdobra para dar conta de toda demanda que ainda é desconhecida para todos: um
grande desafio para “aprender a aprender” em caráter emergencial.
O momento obriga a se pensar em um ensino remoto emergencial: remoto
porque acontecerá à distância e necessitará de replanejamento das ações de Ensino e
78
de Aprendizagem para que os objetivos educacionais sejam alcançados; emergencial
porque o ano letivo não pode ser interrompido, quando há um calendário a ser cumprido.
O que precisa ficar claro para todos os envolvidos nesse processo (escola, família, alunos)
é que a nova modalidade de ensino e de aprendizagem, ainda que à distância, não
significa a adoção da EaD nas escolas, sendo esta modalidade de ensino regida por
legislação própria.
O momento é de desafio extremo em um país que ainda não superou os
problemas decorrentes do analfabetismo funcional, vê-se agora obrigado a ter que exigir
habilidades digitais e recursos próprios de alunos que, em sua maioria, não contam
com celulares e computadores para as novas demandas educacionais. O trabalho em
regime home office em alguns espaços escolares, alterou, significativamente, a vida
dos profissionais da educação, sobretudo do professor que teve a sua carga horária
“ampliada informalmente” em permanecer por importante tempo participando de
reuniões pedagógicas, planejando as suas aulas, entrando nas salas virtuais, orientando
e esclarecendo as dúvidas dos discentes que agora, contam com outras formas de
comunicação para as finalidades educacionais, dentre elas, o whats app, sem contar com
as tarefas que já faziam parte de sua rotina diária: correção de atividades e avaliações,
preenchimento de diários de classes, participação em Conselho de Classe, dentre outras.
Uma minoria de docentes pode contar com capacitações e treinamentos elaborados
pela própria rede de ensino, no entanto, a grande maioria viu-se obrigada a desempenhar
o seu papel, cumprindo todas as exigências impostas, sem sequer receber orientações
e diretrizes claras: muitas vezes o próprio corpo diretivo não detinha as informações a
serem repassadas: a situação é nova para todos que tentam se adequar a um “novo
normal”, imposto pela pandemia.
As escolas particulares com seus recursos próprios e empenho possível dos
familiares adequam-se com maior facilidade, promovendo aulas efetivas em salas virtuais
com a participação ativa do corpo docente: é uma oportunidade ímpar para o que a
BNCC preconiza acerca do protagonismo discente: o aluno agora tem a oportunidade de
exercer a sua autonomia no sentido de organizar os seus horários para assistir as aulas on
line, seja para as aulas síncronas ou assíncronas, buscando os estudos complementares
e realizando as tarefas propostas.
Por outro lado, as escolas públicas, sobretudo das regiões mais carentes, padecem
da falta de recursos materiais e tecnológicos por parte das famílias, mas também da
própria escola. Ressalta-se que, se para o público das escolas particulares faz-se necessária
a adequação à nova realidade (porque ainda que dispõem de todo o aparato tecnológico
e suporte necessário à participação nas salas virtuais, tudo é muito novo), o que dizer de
alunos das escolas públicas que além de não disponibilizarem dos materiais necessários,
têm dificuldades que muitas vezes não são sanadas pelos próprios familiares?
Importante ressaltar que, ainda que precários, esforços conjuntos foram
empreendidos na tentativa da não interrupção total das atividades educativas nas
instituições escolares, desde as séries iniciais até o ensino superior. Com relação à
Educação Infantil o ensino remoto torna-se complicado, uma vez que nem todas as
famílias dispõem de tempo e condições materiais para a dedicação às atividades lúdicas
propostas, sem contar que o desenvolvimento da criança na fase infantil depende
da interação com seus pares da mesma faixa etária, aliada às atividades lúdicas que
garantem o desenvolvimento psicomotor.
79
BUSQUE POR MAIS
• Para aprofundar seus conhecimentos em Ensino a Distância, verifique o livro
“História da Educação” da organizadora Márcia de Lima Elias Terra, aborda
sobre o assunto na Unidade 4, página 157. Disponível em: https://bityl.co/6VhX.
Acesso em 26 fev. 20.21

• A Lei 9.394 de 1996 – Artigo 80, é o regulamentador do Ensino a Distância no


Brasil. Disponível em: https://bityl.co/6Vhi. Acesso em 27 fev.2021

• E o Decreto 9.057 de 2017 respalda o exposto no artigo 80 da Lei 9.394/96. Dis-


ponível em: https://bityl.co/6Vho. Acesso em 27 fev.2021

6.2 A NOVA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

A relação da família com a escola sempre mereceu o olhar investigativo por parte
de teóricos e pesquisadores, uma vez que se trata de uma relação de parceria, no entanto
bem delicada que precisa ser pautada no respeito e sobretudo na ética. Os papéis
necessitam estar bem definidos, uma vez que cobranças são feitas de forma equivocada:
à família compete o papel de criar/educar a criança e à escola o papel de ensinar/instruir.
Com o ensino remoto devido à pandemia do Covid-19, as relações se estreitaram, uma
vez que o seio familiar passa a ser também a sala de aula, onde todos os membros da
família precisam contribuir com o processo educativo do estudante, ajudando a sanar as
dificuldades apresentadas.
A experiência que o ensino remoto proporciona às famílias, de certa forma, permite
um melhor entendimento do papel que o professor exerce na sala de aula, uma vez que
não há mais a divisão de casa/escola, ou seja, o processo de Ensino e de Aprendizagem
está ocorrendo no espaço do lar, adaptado como sala de aula, necessitando, também,
da mediação de algum responsável. Tal mudança pode alterar a forma como a família
enxerga e se relaciona com a escola, estando, agora, mais consciente do papel exercido
pelo professor.
O pesquisador Henrique Ueyda do Amaral, menciona em um artigo intitulado
“Relação das escolas com as famílias durante a pandemia” realizada pelo Instituto de
Pesquisa Datafolha que, segundo o autor do referido artigo, foi contratada pela Fundação
Lemman e Itaú Social. Amaral acrescenta que o público entrevistado foram os pais,
mães ou os responsáveis pelos alunos das redes públicas de todas as regiões do Brasil. O
artigo data de 11 de agosto de 2020 e está publicado no site Camadas Educacionais, cujo
acesso foi realizado em 26 de fevereiro de 2021. O resultado da pesquisa foi representado
em gráfico de pizza, o qual apresenta o resultado que revelou, segundo os professores
entrevistados, aumento da participação da família durante determinado período do
Ensino Remoto:
80

Figura 14: Relação escola família pandemia


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ukX82Y. Acesso em: 26 fev. 2021.

Pela análise do gráfico o relacionamento entre a família e a escola teve uma


melhora considerável, no entanto o pesquisador alerta para o fato de que a pesquisa
revelou também que 44% dos pais queixavam-se por não ter recebido orientações
suficientes para acompanharem os seus filhos.

BUSQUE POR MAIS


Leia o artigo: Estratégias educacionais durante a pandemia no Brasil do profes-
sor e pesquisador Henrique Ueyda do Amaral, o qual aborda aspectos impor-
tantes e relevantes acerca da educação na pandemia. Disponível em: https://bit.
ly/3ukX82Y. Acesso em 26 fev. 2021.

6.3 ENSINO HÍBRIDO: UMA NOVA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO?

A educação bancária, característica da tendência tradicional de educação


foi e ainda é criticada por muitos teóricos e pesquisadores da educação, dentre eles
Paulo Freire, conforme deixa claro na afirmação: “Saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção” (FREIRE, 1996). Assim como Paulo Freire, muitos pesquisadores, ao longo
da história da educação no mundo, contribuíram para o entendimento da necessidade
da interação e do protagonismo do estudante para que a educação aconteça de forma
efetiva e significativa. A imagem, a seguir, mostra o estudante como a peça principal
de uma engrenagem, representada aqui, pela educação: todos os esforços precisam se
direcionar ao estudante que é a razão da existência da instituição escola.
81

Figura 15: Engrenagens do Processo Educativo


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ur1Jka. Acesso em: 26 fev. 2021.

Diante das transformações ocasionadas pela pandemia do Covid-19, a educação


tem conseguido permanecer ativa, em muitas redes de ensino, graças ao uso das
tecnologias digitais que tornaram possível a implantação do Ensino Remoto, ainda que
precariamente. É patente que a educação sofrerá mudanças na forma como a escola
se constituiu. Pesquisas disponibilizadas por algumas instituições pesquisadoras que
promovem estudos na área educacional já comprovam a tendência do novo modelo de
educação, a saber: o Ensino Híbrido. No entanto a realidade socioeconômica brasileira
pode acentuar ainda mais as desigualdades socioeducativas. Se por um lado a educação
está ganhando com o rompimento do modelo tradicional que insiste em permanecer,
mesmo diante de tantas teorias e pesquisas que comprovam a sua não eficácia, sabe-
se muito bem que a maioria da população brasileira carece de recursos materiais e
financeiros para adequação ao novo modelo híbrido de educação. A proposta é resultado
de pesquisas e experimentações há pelo menos uns 20 anos, modelo que já vem sendo
implantado nos Estados Unidos, Europa e alguns países da América Latina.
A área educacional apesar de adotar o modelo tradicional de ensino, contemplando
prioritariamente as aulas expositivas, vem revendo as suas práticas através de professores
pesquisadores que defendem e propõem métodos mais dinâmicos, capazes de
possibilitar uma participação mais ativa dos alunos. Para que o Ensino Híbrido se torne
uma realidade no retorno às aulas presenciais, o corpo docente precisa estar familiarizado
com o que propunham os teóricos já conhecidos como Paulo Freire em suas obras acerca
do combate à educação bancária, John Dewey que defendia o “aprender fazendo” a partir
de projetos de Zabala (1998), que propõe uma educação pautada no desenvolvimento
de habilidades e competências.
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC que foi homologada pelo então ministro
da educação Mendonça Filho em 20 de dezembro de 2017, indicador de que esforços
estão sendo investidos para uma proposta de educação que adote uma educação
contextualizada, significativa, capaz de contribuir para a formação integral do estudante,
propõe as metodologias ativas, tornando o aluno o protagonista de suas próprias iniciativas.
Desta forma, as metodologias ativas intencionam dar ao estudante possibilidades
diversas para que seu aprendizado aconteça de forma efetiva. As Metodologias Ativas
preconizadas pelo documento legal visam formar estudantes proativos, protagonistas de
seu próprio aprendizado a partir do desenvolvimento de competências e habilidades tais
como a argumentação, comunicação, cultura digital, empatia, cooperação, pensamento
científico, crítico e criativo, repertório cultural, responsabilidade e cidadania, trabalho e
projeto de vida. Alguns exemplos de metodologias ativas são a Rotação por Estações, a
82
Rotação Individual, o Laboratório Rotacional e a Sala de Aula Invertida que pode ser o
próprio Ensino Híbrido.
Para os educadores atentos às mudanças que vêm acontecendo ao longo dos anos
e com o advento da Era da Informação, a pandemia proporciona uma oportunidade
de reflexão para entender o que o momento requer: utilizar as tecnologias em favor
da educação em um momento em que existe muita dispersão a partir de tanta mídia
disponibilizada ao público discente e que necessita de direcionamento com relação ao
uso correto das ferramentas digitais:
[...] hoje, sofre-se por saturação e por dispersão, pois todo
o aparato sensorial está ocupado e foram entupidas as
brechas capazes de catalisar a experiência. [...] Por isso,
assim como acontece com o aluno no colégio, o usuário
midiático atual costuma estar potencialmente entedia-
do e desatento, não exatamente oprimido nem reprimi-
do. Não deixa de ser curioso que essa busca incessante
por diversão termine engendrando uma mescla de fas-
tio e ansiedade, que desemboca numa insatisfação im-
possível de saciar. “Ver televisão fragmenta, fissura, não
por causa dos valores ruins, mas pelo tédio que produz;
fragmenta porque satura, porque tudo se torna igual,
como acontece no zapping, e não se sabe como sair dis-
so”. Ademais em contato com tais dispositivos, constrói-
-se um tipo de subjetividade bem diferente daquela que
germinava na sala de aula. Assim como a demanda de
diversão gera tédio, a hiperconexão produz desconcen-
tração, como uma reação defensiva ante a avalanche de
informações e contatos. No entanto, o grande problema
surge quando esse efeito – que é também um requisi-
to – do estilo de vida contemporâneo entra em colisão
com as exigências do dispositivo escolar (SIBÍLIA, 2012,
p. 88-89).

Desta forma, o que Paula Sibília aponta nos faz refletir que embora haja o acesso a
todo tipo de informação por meio das mídias, cabe aos educadores pensarem em utilizar
todo o aparato midiático possível para o direcionamento e filtragem das informações
com vistas à formação do alunato, o que tornará as aulas mais interessantes e motivantes,
resultando em uma aprendizagem realmente significativa, aplicável na vida do cidadão,
onde todos saem ganhando. O estudante da presente era pós contemporânea é
considerado o nativo digital (Marc Prensky, 2001), familiarizado e inserido em um universo
midiático que agora, mais do que nunca necessita do professor mediador para apontar
o caminho que o levará à aquisição do conhecimento pretendido.

FIQUE ATENTO
Quando trabalhamos com metodologias ativas – colaborativas e cooperativas (collaborati-
ve and cooperative learning) –, que integram o grupo de técnicas Inquiry-Based Learning
(IBL) e que tem suas raízes na visão de Vygotsky, de que existe uma natureza social inerente
ao processo de aprendizagem – base de sua teoria de Desenvolvimento por Zona Proximal
83
(DZP) – a construção do conhecimento permite o desenvolvimento de importantes compe-
tências, como: saber buscar e investigar informações com criticidade (critérios de seleção e
priorização) a fim de atingir determinado objetivo, a partir da formulação de perguntas ou de
desafios dados pelos educadores; compreender a informação, analisando-a em diferentes ní-
veis de complexidade, contextualizando-a e associando-a a outros conhecimentos; interagir,
negociar e comunicar-se com o grupo, em diferentes contextos e momentos; conviver e agir
com inteligência emocional, identificando e desenvolvendo atitudes positivas para a apren-
dizagem colaborativa; ter autogestão afetiva, reconhecendo atitudes interpessoais facilitado-
ras e dificultadoras para a qualidade da aprendizagem, lidando com o erro e as frustrações,
e sendo flexível; tomar decisão individualmente e em grupo, avaliando os pontos positivos e
negativos envolvidos; desenvolver a capacidade de liderança; resolver problemas, executan-
do um projeto ou uma ação e propondo soluções. Disponível em: https://bit.ly/3jsHgra Acesso
em: 08 fev. 2021

Sassaki (2020, online) publicou um artigo intitulado “O ensino híbrido será o legado
da pandemia para a educação?” o qual menciona uma análise feita a partir do Fórum
Econômico Mundial trazendo uma reflexão importante acerca da situação das escolas
pós pandemia:
A análise do Fórum Econômico Mundial sobre os pos-
síveis impactos da pandemia na educação, revela uma
mudança imediata: milhões de pessoas no planeta es-
tão sendo educadas graças à brecha digital que trouxe
novas abordagens pedagógicas via uso de tecnologias.
Implementada como alternativa às salas de aula fecha-
das, essa via tecnológica conferiu inovação educacional
a um setor que sempre resistiu aos ventos da mudança;
sempre investiu em um modelo de aulas expositivas. A
outra face dessa moeda – sobretudo em um contexto
nacional –, é a possibilidade do aumento do gap digital,
ou seja, a desigualdade socioeconômica pode ser exa-
cerbada, tornando o acesso educacional de qualidade
mais distante no Brasil. Por isso, é fundamental a atu-
ação do poder público e de organizações da sociedade
civil no combate a essa distorção.

GLOSSÁRIO
• Online: conectado direta ou remotamente a um computador e pronto para uso (diz-se
de sistema, equipamento ou dispositivo); disponível para acesso imediato por um com-
putador.
• Home Office: Home office é o escritório em casa. É possível trabalhar home office a
partir de três tipos de arranjo: sendo funcionário de uma empresa, sendo freelancer ou
como empresário de uma empresa home based.
• Assíncrona: Comunicação que não ocorre nem se efetiva no mesmo tempo e espaço,
falando do emissor e receptor, uma mensagem enviada e não precisa ser respondida
naquele exato momento, geralmente se efetiva por cartas, e-mails etc. Etimologia (ori-
gem da palavra assíncrona). Feminino de assíncrono, a + síncrono.
• Gap digital: não-inclusão digital que limita o acesso da população de baixa renda a
computadores e à Internet.
84
BUSQUE POR MAIS
• O termo Nativo Digital foi cunhado pelo pesquisador Marc Prensky em 2001.
Para que você entenda melhor a análise feita pelo pesquisador que aborda as
características do Nativo Digital e Imigrante Digital, segue o link de seu artigo
“Digital natives, digital immigrants". Disponível em: https://bityl.co/6ViI. Acesso
em: 13 fev. 2021.
• O artigo “Imigrantes e nativos digitais: um dilema ou desafio na educação?”
está disponível em: https://bityl.co/6ViZ. Acesso em : 13 fev. 2021

FIQUE ATENTO
Como surgiram as metodologias ativas?
Em uma sociedade que evolui tão rápido, cujo mercado de trabalho demanda profissionais
que não possuem apenas competências técnicas (hard skills), como também as comporta-
mentais (soft skills), o modelo tradicional já não se mostra como o mais apropriado em todos
os casos.
De acordo com o artigo “History & Context for Active Learning”, o termo “aprendizado ativo”
e a ideia correlata de um ensino centrado no aluno, não mais no professor, começou a atrair
interesse entre os educadores entre o final da década de 1970 e o início da década de 1980.
Curiosamente, porém, cabe aqui um parêntese: Reginald “Reg” William Revans, um profes-
sor acadêmico, pode ser considerado como um pioneiro da aprendizagem ativa, conceito
desenvolvido por ele na década de 1940 de acordo com a Action Learning Associates.
Embora já sejam debatidas há um bom tempo, as metodologias ativas ganharam bastante
destaque recentemente. Afinal, colocar os alunos na posição de protagonistas é algo bem
mais próximo das exigências do mercado de trabalho e da própria vida estudantil atual. Isso
fica evidente com o Ensino Híbrido como uma solução para o retorno às aulas presenciais e
certamente se manterá como uma grande força mesmo depois que a situação se normalizar,
dada a maior responsabilidade que o aluno passa a ter em sua aprendizagem.
Em uma situação nova, em que encontros assíncronos, conteúdos disponibilizados em Am-
bientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) e diferentes métodos avaliativos passaram a fazer
parte da rotina, as metodologias ativas são simplesmente indispensáveis.
Os professores, por sua vez, atuam como facilitadores do conhecimento, não como protago-
nistas. Eles orientam os alunos com questões e incentivos para colocar os estudantes, real-
mente, como os personagens principais do processo de aprendizagem.

BUSQUE POR MAIS


A unidade discorreu sobre o “Ensino Híbrido Metodologias Ativas”, tendência para
a Educação na era pós-contemporânea. Para que você, caro aluno, entenda me-
lhor sobre o tema, sugerimos o vídeo a seguir:: https://bityl.co/6Viq. Acessos em: 15
set. 2021.

https://ytube.io/3H5o. Acessos em: 15 set. 2021.


85
https://ytube.io/3H5p. Acessos em: 15 set. 2021.

VAMOS PENSAR?
O mundo inteiro tem investido esforços para que a vacinação contra a Covid-19 aconteça
o mais rápido possível para a volta à normalidade, sobretudo as escolas. Ao chegar no
final da Unidade 6, e com base em tudo o que você aprendeu durante a disciplina Histó-
ria da Educação, reflita: A educação, após o retorno às aulas presenciais continuará com
o mesmo formato pré pandemia?
86
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Conforme abordado na Unidade 6, a pandemia do Covid-19 alterou a rotina do cidadão


mundial. Empresas, comércios e instituições escolares tiveram que estudar, em tempo
record o replanejamento de seu funcionamento. Sabemos que a escola tem um caráter
peculiar cuja dinâmica afeta a vida de crianças, adolescentes e jovens. Para que este
público não sofresse a ruptura em seu percurso educacional, secretarias de educação
demandaram esforços para a garantia da continuidade das atividades, ainda que de
forma remota.

Observe atentamente a imagem, acima, e responda a questão que julgar a mais correta
para o contexto apresentado:

a) O professor nada sofreu com a pandemia do coronavírus, uma vez que sempre contou
com a tecnologia como recursos didáticos para o planejamento de suas aulas.
b) Com o Ensino Remoto os professores estão com o tempo favorável à pesquisa e
formação continuada autônoma, o que tornarão suas aulas mais ricas e interessantes.
c) O ensino remoto chegou para ficar, foi muito bem assimilado por todas as redes
de ensino público, uma vez que as escolas sempre receberam os recursos materiais
necessários à nova realidade, o que foi essencial para o atendimento aos professores e
às famílias mais carentes.
d) Com o processo de Ensino e de Aprendizagem acontecendo de forma remota, o
professor está mais atento à participação dos alunos que interagem bem, uma vez que
são nativos digitais e possuem habilidades e acesso às tecnologias.
e) O Ensino Remoto tem ressignificado as práticas pedagógicas, impactando não só as
crianças, adolescentes e jovens, mas sobretudo o professor que vê-se duramente afetado
com o excesso de trabalho para além da carga horária contratada para a realização de
seu ofício.

2. “Na perspectiva desse processo eficiente e personalizado de aprender, o Ensino Híbrido


funciona como um motor que alimenta a inovação e aquisição de conhecimento dentro
87
e fora da escola”. Sassaki, 2020

A frase acima, citada por Sassaki, pesquisador da área de Educação Inovadora, faz
referência ao Ensino Híbrido, modalidade de educação tão discutida durante o ano de
2020. Sobre o Ensino Híbrido é correto afirmar:

a) Trata-se de uma nova modalidade de ensino, sendo obrigatória a sua implantação


nas escolas, a partir do ano de 2021.
b) O Ensino Híbrido propõe aulas totalmente à distância nos moldes da EaD;
c) As metodologias ativas podem contar com o Ensino Híbrido como forma de planejar
o trabalho pedagógico diário: o aluno conta agora com aulas síncronas e assíncronas.
d) No Ensino Híbrido o professor continua sendo o detentor do saber que dá aulas
expositivas, todos os dias, enviando atividades extra escolares através dos meios digitais,
onde o aluno as realiza on line, facilitando as correções pelo professor.
e) O Ensino Híbrido irá promover o escalonamento dos estudantes nas escolas, o que
facilitará o trabalho do professor, podendo dar maior atenção em uma classe com menor
número de alunos.

3. Analise a imagem abaixo:

“Ao contrário dos professores que acreditam que os pais é que devem ir à escola
mostrando-se interessados pelo desenvolvimento de seus filhos e pela relação
entre família e escola, Tancredi e Reali (2001), Reali e Tancredi (2002), Caetano (2004)
88
acreditam que a construção da parceria entre escola e família é função inicial dos
professores, pois eles são elementos-chave no processo de aprendizagem. Dada a
formação profissional específica que têm, as tentativas de aproximação e de melhoria
das relações estabelecidas com as famílias devem partir, preferencialmente, da escola,
pois ´transferir essa função à família somente reforça sentimentos de ansiedade,
vergonha e incapacidade aos pais, uma vez que não são eles os especialistas em
educação’ (Caetano, 2004, p. 58).”
(Oliveira e Araújo-Marinho, 2010) Consulta em: https://bityl.co/6Vk8. Acesso em: 16 jan.2021.

Com base no que você aprendeu na Unidade 6 e de acordo com o texto acima, marque
a alternativa correta:

a) A família sempre esteve presente na escola, participando ativamente da vida escolar


de seus filhos, acompanhando o seu desenvolvimento e estabelecendo um diálogo
saudável com a direção da escola e seu corpo docente;
b) A relação família-escola enfrenta algumas dificuldades no entendimento de seu papel
com relação ao aluno, cuja família delega, muitas vezes, o ato de educar aos professores;
c) A situação vivenciada pela pandemia do covid-19 aproximou a família da escola
alterando, significativamente, as relações que eram excelentes pelas atribuições já bem
delimitadas;
d) A família, a partir do ensino remoto adquire um papel relevante na vida do estudante
pois assume o papel do professor, ensinando os conteúdos enviados pela escola,
passando o professor a exercer o papel de tutor.
e) A situação vivenciada pela pandemia esclareceu definitivamente um equívoco que
persistia desde a institucionalização da escola: a família reconhece e assume o seu papel
de criar os filhos, formando o seu caráter a partir da ética para uma vida em sociedade.

4. A pandemia do Coronavírus pegou todo mundo de surpresa, obrigando as escolas a


se adequarem a uma nova modalidade de educação: o Ensino Remoto. Tal iniciativa foi
uma emergência para tentar manter as crianças, os adolescentes e os jovens ligados às
escolas, buscando alternativas para que o ano letivo acontecesse sem interrupção. No
entanto, sabemos que, embora muitos profissionais da educação já estejam considerando
tal iniciativa como Ensino Híbrido, as realidades são bem diferentes, sendo que o Ensino
Remoto pode ser o marco para que o Ensino Híbrido seja implantado definitivamente
nas instituições educacionais de ensino formal.
89
Com base no que você aprendeu na Unidade 6 e estudos complementares, assinale a
alternativa correta com relação ao Ensino Híbrido, tendência da educação pós pandemia.:

a) Segue a mesma metodologia e legislação do Ensino a Distância - EaD


b) Consiste somente em planejar aulas on line para que o aluno assista em casa e faça as
atividades enviadas pelo professor.
c) O Ensino Híbrido faz parte das metodologias ativas que requerem a formação
continuada dos professores para lidarem com as tecnologias digitais a fim de
proporcionarem alternativas de aprendizagem, a partir das quais acontecerão aulas
síncronas e assíncronas.
d) É o Ensino Remoto que foi implantado no ano de 2020, nova modalidade de ensino,
onde o estudante está vinculado a uma escola, conta com todo o acompanhamento da
equipe pedagógica e docente, mas permanece estudando somente em casa.
e) Todas as instituições escolares deverão adotar o Ensino Híbrido ainda no ano de 2021.

5. (ENADE, 2017) A identidade e o papel docente têm se alterado ao longo dos anos.
O entimema que concebe o professor como aquele ser que seduz, que encanta pelo
conhecimento, tem ficado apenas na memória dos professores. Na Idade Média, o
entimema que se consolidou foi o do professor sacerdote, que professava uma fé. Na
Idade Moderna, o entimema que identificava o professor como aquele que tinha o poder
de interferir na mobilidade social de seus alunos e era capaz de possibilitar ascensão
para aqueles que dispunham a dedicar-se ao trabalho acadêmico. Na Idade Mídia, o
papel do professor está subsumido de valor e, na grande maioria das vezes, o professor
aparece retratado de forma caricaturada. O fracasso dos alunos é estampado nos meios
de comunicação e aponta que os professores não conseguem cumprir o seu papel social.

Com base no texto, avalie as afirmações a seguir:

I. O trabalho do professor foi modificado ao longo da história, bem como seu status
profissional.
II. Na Idade Média predominou a laicidade do magistério
III. O trabalho do professor na Idade Moderna foi marcado pelo entimema da doação ao
outro, visando à salvação dos alunos.
IV. O trabalho do professor na Idade Mídia é pautado na inserção das tecnologias e nas
relações da sociedade.

É correto apenas o que se afirma em:

a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II, III.
e) I, II e IV.

6. Em relação ao uso de tecnologias digitais no processo ensino e aprendizagem, leia as


afirmações a seguir e marque (V) (para as VERDADEIRAS) ou (F) (para as FALSAS).
90
I. Com a utilização de tecnologia em sala de aula o professor assume um papel
secundário no processo de ensino e aprendizagem.
II. A Internet é muito útil para a realização de pesquisas acadêmicas, de onde o aluno
pode copiar livremente qualquer conteúdo sem citar autoria ou fonte.
III. O uso de recursos multimídia, como imagens, sons e vídeos, quando bem aplicados,
fornecem um meio mais atraente de aprendizagem.
IV. A simples utilização de um computador pelo professor, por si só, já garante a melhoria
do processo de ensino e aprendizagem.

A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:

a) F- V- F- V.
b) V- F- V- F.
c) F- V- V- V.
d) V- V- F- F.
e) F- F- V- F.

7. Quando o assunto é informática educativa, podemos tratar de materiais educacionais


que permitem a interação do aluno com conteúdos e exercícios disponíveis em meio
digital de modo a complementar uma situação de aprendizagem, vinculando, para sua
utilização, uma avaliação prévia para verificar se está adequado ao conteúdo pretendido,
bem como ao público-alvo.
Marque a alternativa CORRETA que corresponde à nomenclatura do tipo de material
educacional definido:

a) Portal.
b) Hardware.
c) Ensino híbrido.
d) Ambiente virtual de ensino e aprendizagem.
e) Objetos de aprendizagem.

8. Nos cursos presenciais da educação profissional tecnológica e mesmo no ensino


superior, muitas instituições fazem uso de um ambiente virtual de ensino e aprendizagem
para auxiliar na mediação docente. Nesse momento temos vinculado à educação
presencial, ferramentas e potencialidades do ensino a distância. As ferramentas de
comunicação, disponibilizadas no referido ambiente virtual podem ser classificadas de
duas formas (síncronas e assíncronas Coluna A), e possuem vários exemplos (Coluna B).

Coluna A
I. Síncronas.
II. Asssíncronas.

Coluna B

( ) E-mail.
( ) Fórum.
( ) Chat.
91
( ) Lista de discussão.
( ) Webconferência.
( ) Blog.

Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de associação, de cima para


baixo.

a) II, II, I, II, I, II.


b) I, I, II, I, II, I.
c) II, I, II, I, II, II.
d) I, II, II, II, I, II.
e) II, I, I, II, I, I.
92
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 E

UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 C

UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 E
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 C
93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PILETTI, C.; PILETTI, N. História da Educação: De Confúcio a Paulo Freire. São Paulo:
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SASSAKI, C. O ensino híbrido será o legado da pandemia para a educação?. Geekie,


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SAVIANI, D. O legado educacional do longo século XX brasileiro. In: SAVIANI, D. et al.


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ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F. da F. Rosa. Porto


94
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95

graduacaoead.faculdadeunica.com.br

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