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TEORIA E
PRÁTICA
DESPORTIVA I-
LAZER E
RECREAÇÃO

Profª. Me. Tatiane Pacheco de Mattos


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TEORIA E PRÁTICA
DESPORTIVA I-
LAZER E RECREAÇÃO
PROFª. ME. TATIANE PACHECO DE MATTOS
3

Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério

Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira

Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos

Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira

Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Esp. Izabel Cristina da Costa


Profa. Esp. Imperatriz Matos

Revisão técnica: Profa. Ph.D Fabiana Grecco

Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza Mendes Leite


Fernanda Cristine Barbosa
Prof. Esp. Guilherme Prado

Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Eliza P. Campos

© 2021, Faculdade Única.



Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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TEORIA E PRÁTICA
DESPORTIVA I - LAZER
E RECREAÇÃO
1° edição

Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
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TATIANE PACHECO DE MATTOS


Doutoranda e Mestre em Educação, Con-
textos Contemporâneos e Demandas Popula-
res (PPGEduc/UFRRJ), especialista em Política
de Promoção da Igualdade Racial na Escola
(UFRRJ, 2016), especialista em História da África
e do Negro no Brasil (UCAM, 2015), especialista
em Gestão Integrada (ISEAC, 2013), graduada
em Pedagogia (UNINTER, 2018), graduada em
Educação Física (UNIABEU, 2006). Tem atua-
do em todos os níveis da educação básica e na
educação superior com questões pedagógicas
relacionadas aos campos da Educação Física e
da Pedagogia, inclusive, nas questões que per-
passam às relações étnico-raciais e as deman-
das infantis que envolvem o desenvolvimento
psicomotor, bem como as demandas juvenis,
dentre as suas perspectivas e desafios.

Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-


ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/4957083170030234
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
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LEGENDA DE

Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a
seguir:

FIQUE ATENTO
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas
quais você precisa ficar atento.

BUSQUE POR MAIS


São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.

VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.

FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.

GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: LAZER E RECREAÇÃO

1.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................10


1.2 Uma Abordagem Histórica (Lazer, Recreação E Ludicidade) ........................................................................................................................................................................10
1.3 Perspectivas Sociais ....................................................................................................................................................................................................................................................................14
1.4 Marcadores Legais Do Lazer: Diálogo Entre A Cf/88 E Os Estatutos .........................................................................................................................................................15
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................21

UNIDADE 2
LAZER E RECREAÇÃO NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO
2.1 Introdução .......................................................................................................................................................................................................................................................................................26
2.2 O Lúdico No Desenvolvimento Humano ....................................................................................................................................................................................................................26
2.3 A Relação Entre A Escola E O Lazer ................................................................................................................................................................................................................................28
2.4 A Recreação Com Brinquedos E Brincadeiras .......................................................................................................................................................................................................30
2.5 O Lazer E A Recreação No Processo De Socialização .........................................................................................................................................................................................33
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................37

UNIDADE 3
AS DIVERSAS TEORIAS DO JOGO
3.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................41
3.2 O Papel Do Jogo E Do Lazer Na Inclusão Social .....................................................................................................................................................................................................41
3.3 O Jogo Sob As Perspectivas De Froebel .....................................................................................................................................................................................................................44
3.4 O Jogo Sob As Perspectivas De Bruner .......................................................................................................................................................................................................................45
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................................................................................................................................................................48

UNIDADE 4
OS TIPOS DE JOGOS E PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
4.1 Princípios da gestão ambiental nas empresas .......................................................................................................................................................................................................53
4.2 Jogos Artísticos: Artes Plásticas, Teatro E Música .................................................................................................................................................................................................53
4.3 Jogos Desportivos ......................................................................................................................................................................................................................................................................56
4.4 Jogos Expressivos: Dança .....................................................................................................................................................................................................................................................57
4.5 O Jogo No Processo De Socialização ............................................................................................................................................................................................................................59
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................61

UNIDADE 5
LAZER E RECREAÇÃO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
5.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................65
5.2 O Lazer E A Recreação Na Trajetória Da Educação Física ...............................................................................................................................................................................65
5.3 Lazer E Recreação: Espaços Públicos E Privados E Equipamentos ..........................................................................................................................................................67
5.4 Lazer E Meio Ambiente ...........................................................................................................................................................................................................................................................70
5.5 Quem É O Profissional Habilitado? ................................................................................................................................................................................................................................73
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................76

UNIDADE 6
PLANEJAR E AVALIAR: AÇÕES NECESSÁRIAS PARA UM EVENTO

6.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................81


6.2 Por Que Planejar? .......................................................................................................................................................................................................................................................................81
6.3 Para Quê Avaliar? .......................................................................................................................................................................................................................................................................84
6.4 Atividades Recreativas ...........................................................................................................................................................................................................................................................86
FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................................................................................................................................................................................................92

RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................................................................95


REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................96
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UNIDADE 1
Analisaremos os conceitos de lazer, recreação e lúdico pelo caráter subjetivo,
verificando que apesar dos termos propiciarem o entendimento de que são
sinônimos, ao considerarmos o contexto histórico, percebemos os aspectos
C ONFIRA NO LI VRO

singulares do campo social e político

UNIDADE 2
Conheceremos o quanto o lúdico está implicado ao desenvolvimento humano, aos
brinquedos e as brincadeiras em uma relação recíproca. Além disso, veremos como
o lazer e a recreação são importantes para o processo de socialização

UNIDADE 3
Vamos identificar o papel do jogo e do lazer na inclusão social, bem como os seus
respectivos desafios no ambiente escolar, trazendo as teorias de Froebel e Bruner, e
não obstante, o ambiente não escolar revelando a dimensão do lazer.

UNIDADE 4
Conheceremos sobre alguns tipos de jogos, entre eles, os jogos artísticos, os jogos
desportivos, os jogos expressivos que envolve a dança. Em seguida vamos analisar
pela perspectiva piagetiana a relação do jogo com o processo de socialização.

UNIDADE 5
Abordaremos como o lazer e a recreação vão ao encontro do componente curricular
da educação física; apontaremos, ainda, para os campos profissionais nos espaços
públicos e privados, trazendo a discussão do meio ambiente e o respectivo perfil
profissional.

UNIDADE 6
Anunciamos as etapas e fases do planejamento, bem como o seu processo avaliativo
sob a perspectiva de sucesso na programação e satisfação dos participantes. Em
seguida, apresentamos possibilidades práticas de atividades como fio condutor
para trabalho profissional.
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FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA: LAZER E
RECREAÇÃO
10
1.1 INTRODUÇÃO
Para que possamos apresentar definições sobre o lazer, recreação e ludicidade, é
extremamente, necessário termos a compreensão de que são termos subjetivos, e que
apesar dos termos propiciarem o entendimento de que são sinônimos, vamos verificar a
partir do contexto histórico que possuem aspectos singulares, inclusive, de como ambos
se relacionam com a dimensão social, a partir das políticas públicas, com maior destaque
para o lazer, citado muitas vezes no rol legislativo.

1.2 UMA ABORDAGEM HISTÓRICA (LAZER, RECREAÇÃO


E LUDICIDADE)

O entendimento sobre lazer, recreação e ludicidade requer que façamos um


movimento de voltar um pouco na história, no caso do lazer, vamos partir da Revolução
Industrial (DANIACHI, 2020). Isso porque é a partir deste período que surgem novas
demandas econômicas. Entretanto, devemos destacar que este recorte temporal não
deve ser considerado como verdade absoluta, pois, está inserido entre as diferentes
perspectivas sobre o tema.
Diante disso, os autores Silva, Pimentel e Schwartz (2021) consideram a dificuldade
de fazer esta demarcação temporal, justamente, pela ideia ampliada de que o lazer
sempre existiu, embora, não houvesse uma sistematização. Podemos concluir, assim
que o termo lazer é anacrônico, tendo em vista que não identificamos o tempo de sua
origem.
O que vamos adotar nesta seção é o lazer baseado na sistematização e organização
da sociedade, que está implicada ao trabalho, como bem mencionam Silva, Pimentel e
Schwartz (2021, p. 32):
ele passa a existir e a ser sistematizado a partir da orga-
nização social do tempo de trabalho. Com a regulação
de tempos específicos de trabalho e de não trabalho,
houve ganhos que impulsionaram direitos ao trabalha-
dor, como férias anuais remuneradas e aposentadoria,
dando mais visibilidade ao lazer, no âmbito da perspec-
tiva do tempo disponível.

Esta nova perspectiva social trouxe grande impacto na sociedade, o que favoreceu
uma nova ordem de para o modus vivendi da população. Como herança deste percurso,
desfrutamos, ainda, hoje, dos clubes e associações (inclusive, as cristãs) que oferecem
atividades culturais e esportivas. Segundo Silva, Pimentel e Schwartz (2021, p. 32)
“ampliaram-se as perspectivas de entretenimento, em que a fruição artística e o teatro
ganharam notoriedade”. Outra herança é a ideia de o lazer vincular-se ao simples prazer
sentido na realização de algo, ou simplesmente, o ócio, desde que seja indissociável do
prazer.
Neste mesmo sentido, Daniachi (2020, p. 10) colabora com a ideia de que
a concepção de lazer vem sendo aprimorada em consonância as mudanças na
sociedade, “sobretudo, no entendimento da relação trabalho x descanso”. No contexto
do aprimoramento, Ribeiro (2014) acrescenta que é necessário que a atividade possua
determinadas características para serem consideradas lazer. São elas: caráter liberatório
11
(não tem cunho obrigatório implicado à atividade); caráter desinteressado o único fim é
a satisfação); caráter hedonístico (estado de prazer); caráter pessoal (escolhas conforme
a personalidade).
A partir desta exposição acerca do lazer, qual definição você apresentaria para
este termo? Para te ajudar na elaboração (autoral) deste conceito, veja a percepção de
Silva, Pimentel e Schwartz (2021, p. 33): “É o fenômeno sociocultural moderno, o qual
foi sistematizado na atualidade, conforme a reorganização do tempo destinado ao
trabalho”.
Lembre-se que esta reorganização do tempo, culturalmente, busca priorizar o
trabalho, como se tivéssemos uma hierarquia a cumprir. Sendo assim, pense de como
você usa o seu tempo? Você também tem o hábito de hierarquizar o trabalho e o lazer?
Após pensar sobre a sua relação de trabalho e lazer, vamos dar continuidade,
priorizando o conceito de recreação, e para que você não confunda recreação com lazer,
fique atento a esta leitura.
Silva, Pimentel e Schwartz (2021, p. 36) quando trabalham com o termo recreação,
tendem a trazer uma informação datada. Ou seja, eles consideram que:

Desde a Pré-história, a recreação já estava presente, liga-


da a festejos comemorativos no início da temporada de
caça ou associada à adoração de alguns deuses ou mes-
mo em cerimônia fúnebres (Guerra, 1988). Para além da
diversão em si, a recreação também possuía um caráter
religioso, o qual era ritualizado com a presença de ele-
mentos lúdicos, transmitidos por gerações, ainda que
fossem alteradas suas formas e objetivos aplicados.

Analisando a citação, vimos que além da marcação de período, há manifestações


recreativas. Daqui, concluímos que recreação precisa ter uma sequência de atividades
de cunho divertido e lúdico, e não obstante, ter objetivo. Assim, já conseguimos ensaiar
as primeiras diferenças com o lazer.
Ainda sobre a origem da recreação, Ribeiro (2014, p. 31) traz considerações que se
somam ao nosso entendimento sobre a recreação. A autora pontua que “a recreação
tem sua origem nos Estados Unidos, no século XIX, por meio de duas influências”: a.
recreacionismo; b. playgrounds (um modelo baseado em Berlim). No Quadro 1 vamos
elencar as suas principais características. Veja:
Recreacionismo
Local Casas comunitárias
Atividades crianças
dirigidas jovens
adultos
Atividades jogos
esportes
dança
programas culturais
Objetivo preencher o tempo livre, principalmente das classes
mais baixas.
12
Playgrounds
Local parques infantis
Características espaço com muitas atividades, inclusive, recreativas.
Profissionais especializados
Objetivos de: educação física
Moral
social
Quadro 1: Influências da recreação nos Estados Unidos (séc. XIX)
Fonte: Quadro elaborado pela própria autora adaptado de Ribeiro (2014, p. 32).

Vimos com o Quadro 1 as contribuições do recreacionismo e dos Playgrounds para


chegarmos à concepção de recreação, e percebemos que entre os dois movimentos
influentes, temos de comum a existência de objetivo. Como um termo flutuante,
modulado conforme o contexto, no Brasil a recreação surgiu com o objetivo de evitar o
ócio e a preguiça, promovendo uma formação moral e cívica (RIBEIRO, 2014, p. 33):
Inicialmente na escola, no ensino público primário
como um conjunto de atividades prazerosas como brin-
cadeiras, jogos, exercícios ginásticos, atividades manu-
ais, oferecidos aos alunos nos horários intercalados aos
das atividades obrigatórias.

Temos aqui, a recreação como estratégia de controle na escola, mas segundo


Ribeiro (2014, p. 33) no século XX a proposta, inclusive dos objetivos, não ficou somente
no espaço escolar, pois, com os centros de recreio, parques infantis e clubes, se propunha
preencher o ócio juvenil em prol de melhores condições de saúde, além de “evitar a
vagabundagem e os vícios”.
Outro importante grupo populacional alcançado por esta proposta eram os
trabalhadores, todavia, agregava-se a ideia de que deveriam recuperar-se visando maior
produção nas atividades laborais. Revela-se, novamente, o interesse servil e fabril, o que
Ribeiro (2014) chama de utilitaristas e funcionalistas.
Avançando na construção do seu conceito mais atual, a recreação se afasta do
sentido “de reproduzir, restabelecer, recuperar. Nesse âmbito, destaca-se a ideia de que o
objetivo da recreação era a renovação/recuperação para o trabalho”, caminhando agora
na direção do “recriar, criar de novo, dar novo vigor”. Ou seja, um conceito em oposição
à alienação e a submissão, “mas que de qualquer maneira não deixa de considerar a
questão do divertimento”, sobretudo, atendendo ao pilar da educação, tendo em vista a
relação com o exercício de recriar e criar (SILVA, et al, 2011, p, 12).
Silva, et al (2011, p. 13) ainda apontam que a “recreação pode ser compreendida
como maneira de reflexão e de interação consciente com a nossa realidade, o que nos
pode auxiliar no encaminhamento de mudanças”. Ribeiro (2014, p. 33) concorda, contudo,
apresenta outros objetivos, bem mais ampliados. A autora, atualmente, concebe a
recreação “como um conjunto de atividades oferecidas em uma programação, no tempo
livre, com o objetivo principal de proporcionar o prazer e a diversão aos participantes”.
Para Ribeiro (2014) a recreação pode ser promovida em espaços e objetivos diversos,
como por exemplo, utilizar como recurso de aprendizagem, fomentar o ganho de capital
financeiro, bem como difundir valores de cunho civilizatórios. Veja a Figura 1 e buque
interpretar e correlacioná-la com a concepção da autora.
13

Figura 1: Atividade recreativa e cultural na escola


Fonte: Acervo Pessoal do Autor (2022)

Após o seu exercício de análise, chamo a atenção para os elementos da Figura 1, os


quais anunciam que se trata de uma atividade recreativa de cunho educacional. Entre
os seus objetivos está a aprendizagem. Caso ainda seja dúbio este entendimento, basta
consultar as quatro características que já mencionamos por Ribeiro (2014): liberatório,
desinteressado, hedonístico e pessoal.
Concluindo sob o entendimento de Haetinger e Haetinger (2012), a recreação está
contida no lazer e ambos proporcionam prazer, mas a recreação tem de específico, as
práticas recreativas, além disso, a ludicidade é um conceito é implicado à recreação.
Para Oliveira e Silva (2017, p. 98), “as atividades lúdicas que o ser humano
pratica durante sua vida viabilizam distração, educação, entretenimento, recreação
e relaxamento”. Temos atrelado a isso, as brincadeiras e os jogos, que não são bem
considerados a luz do tradicionalismo, porém, hoje, são desstaque importantes para o
desenvolvimento motor, social, afetivo e intelectual.
As teorias modernas, do início do século XX, suscitam o lúdico como inato, ou seja,
o lúdico atravessa a nossa vida, desde criança à idade senil. Ele é um pilar que integra
o nosso contante desenvolvimento, seja na aprendizagem escolar ou até mesmo na
cosntrução de valores da sociedade. Acerca do desenvolvimento humando implicado
ao lúdico, veremos suas particularidades, em breve, na Unidade 2.
Para finalizar o percurso desta seção, visite os textos sugeridos no ícone Busque
por Mais, pois também servirão de suporte para a compreensão do lazer e recreação sob
a perspectiva social, já propositalmente, aguçada no percurso histórico.

FIQUE ATENTO
Não esqueça que o cenário europeu está no palco dos estudos quando trazemos as dis-
cussões sobre o lazer e a Revolução industrial. Lembre-se que no Brasil, o impacto destas
discussões chegou em tempo posterior.

VAMOS PENSAR?
Reflita sobre as sociedades dos séculos passados e liste as atividades de lazer que as mu-
lheres e homens participavam. O que podemos concluir após a lista? Acerca do que estu-
damos... que tal fazer uma reflexão sobre a política romana intitulada de pão e circo?
14
BUSQUE POR MAIS

Leia mais sobre a dimensão histórica do lazer e da recreação com Silva, Pimen-
tel e Schwart (2021), no link: https://bit.ly/3M7WKyn. Acesso em: 10 mar. 2021.

Em Ribeiro (2014) sobre as diferenças entre lazer e recreação pelo link: https://
bit.ly/39HIhuI. Acesso em: 10 mar. 2021.

GLOSSÁRIO
Compreende-se por modus vivendi a “maneira de viver; modo de se portar na vida, de
conviver, de sobreviver” (MODUS VIVENDI, 2022).

1.3 PERSPECTIVAS SOCIAIS

Nesta seção vamos dar continuidade à discussão anterior, no entanto, refletindo e


inclinando-se mais para o lazer e a recreação nas questões sociais. Mas como você pode
perceber, na leitura anterior, tivemos nuances das perspectivas sociais. O que já colabora
com o entendimento desta.
Analisemos as casas comunitárias e os playgrounds. Enquanto a primeira, reuni
crianças, jovens e adultos que pertencem às classes economicamente mais baixas,
oferendo atividades recreativas, o segundo, é a ocupação de espaços de acesso público, e
ambos se vinculam à diversão, entendemos, assim, que mesmo com o foco na recreação,
os papeis destas iniciativas serviram, também, para a democratização do divertimento.
Você consegue imaginar por que estas iniciativas são importantes? De forma
subliminar, há a implicação como o sistema econômico capitalista (DANIACHI, 2020),
estabelecendo o distanciamento entre operários e patrões, os quais mantinham poder
de consumo diferente. Para elucidar esta assertiva, vamos pensar em quem é o sujeito
de direitos. Se você tem dinheiro, tem acesso à diversão (lazer), saúde, moradia etc. Se
você não tem dinheiro, não tem acesso. Como garantir o acesso sem dinheiro?
Os itens citados são necessidades básicas do sujeito e para que todos tenham
acesso, sem distinção, criam-se políticas sociais para garantia dos direitos. Em
contribuição, Camargo (2011, p. 10) entende que “política social sugere uma carência
social, uma necessidade social”. Para isso é preciso espaços livres e espaços construídos
para a prática esportiva, artística e demais áreas.
As iniciativas de promoção de tais práticas são das empresas públicas, provadas e
em maior concentração, as Organizações Não-Governamentais (ONG, 2022) e privadas
sem fins lucrativos, como conferido por Camargo (2011). Mas na próxima seção, vamos
verificar como isso ocorre de forma legal, ou seja, quais são os dispositivos para a
democratização do acesso ao lazer, que é previsto como direito social.
15

FIQUE ATENTO
O sistema capitalista substitui o sistema feudal, contudo, o capitalismo ganhou mais es-
paço com a Revolução Industrial, reconstruindo as relações de trabalho.

VAMOS PENSAR?
É preciso ficar atento sobre o lazer e o é lazer-mercadoria, pois constituem interesses distin-
tos. O lazer-mercadoria é uma grande tendência que fomenta o constante consumo. Qual
lazer você tem adotado?

BUSQUE POR MAIS

Confira as diretrizes para uma política global do lazer em Camargo (2011) pelo
link: https://bit.ly/3l2MN9C. Acesso em: 20 mar. 2021.

Veja em Melo (2012) sobre os interesses culturais do lazer, pelo link: https://bit.
ly/3Nd6hEm. Acesso em: 20 mar. 2021.

Veja um interessante artigo sobre o lazer e a exclusão social no link: https://bit.


ly/3NbK9dO. Acesso em: 15 mar. 2021.

GLOSSÁRIO
Organização Não-Governamental é um “órgão social sem fins lucrativos, que não visan-
do lucro nem ligado ao governo, é composto por um grupo independente que se dedica
às ações sociais ou solidárias”

1.4 MARCADORES LEGAIS DO LAZER: DIÁLOGO ENTRE


A CF/88 E OS ESTATUTOS

Vimos com Carmargo (2011) a necessidade de espaços próprios para as atividades


de lazer, mas o que vai levar o poder executivo a planejar estas obras nas cidades ou
até mesmo viabilizar as iniciativas para o lazer? Primeiro, vamos compreender o lazer
no campo do direito social que antes mesmo de ser previsto em nossa Constituição
16
Federal (CF) de 1988, foi citado como direito social na Declaração Universal dos Direitos
Humanos da ONU, em 1948 (STIGGER, 2019).
O Artigo 24º da Declaração supracitada, diz que: “Toda pessoa tem direito ao
repouso e aos lazeres, especialmente a uma limitação razoável da duração do trabalho
e as férias periódicas pagas” (UNICEF, 2022, documento online Percebemos, aqui, que
existe um hiato entre 1948 e 1988, o que demonstra como o Brasil precisa avançar no
entendimento concreto e prático de que o lazer é uma necessidade básica, evitando
assim, a descontinuidade nas ações.
A CF de 1988 tem em seus Artigos 6º, 7º, 217º e 227º as seguintes redações (BRASIL,
1988, documento online):

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-


mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à mater-
nidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
IV - salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-
ficado, capaz de atender às suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincu-
lação para qualquer fim;
Art. 217º É dever do Estado fomentar práticas desporti-
vas formais e não formais, com direito de cada um, ob-
servados:
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de
promoção social.
Art. 227º É dever da família, da sociedade e do Estado as-
segurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com abso-
luta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dig-
nidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda for-
ma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.

Fazendo a leitura atenciosa dos artigos, supracitados, temos o lazer como direito
social, e que o salário-mínimo deve atender a nove necessidades, incluindo o lazer, onde
estas necessidades devem ser garantidas em prol da promoção social pela família,
sociedade e Estado. Agora, vamos pensar sobre estas informações... O trabalhador deve
ter acesso ao lazer mediante o salário recebido, que atualmente, o mínimo é de R$
1.212,00 (GOV.BR, 2022, documento online), mas deve ter a garantia deste, também, a
partir de iniciativas outras.
Com o salário mencionado, o lazer acaba não ocupando espaço na vida das
17
pessoas, neste sentido, contamos com ações públicas. Veja na Figura 2, temos o Projeto
“Bike Itaú”, que faz parte das iniciativas de responsabilidade social e sustentabilidade.
São bicicletas que ficam disponíveis em estações das 7 às 22 horas, para aluguel com
valores populares (a partir de R$ 3,00) (ITAÚ, 2020, documento online).

Figura 2: Projeto “Bike Itaú” na cidade do Rio de Janeiro


Fonte: Acervo Pessoal do Autor (2022)

A Figura 2 representa o Projeto “Bike Itaú”, que oportuniza o acesso, pensando


na perspectiva de pedalar nas ciclovias da cidade. Mas a Figura, também, cumpri um
importante papel.
Ainda, na problematização do acesso, para esta discussão, Ribeiro (2014) nos
provoca a pensar sobre as dimensões territoriais. Os espaços de lazer, geralmente, fazem
parte do projeto arquitetônico da cidade, dando destaque aos seus Centros. As pessoas
que residem em bairros periféricos precisam ter um dispêndio maior para transitar
nestas regiões, o que implica no orçamento financeiro, logo, a .isso se relaciona com a
falta de acesso.
A autora ratifica as nossas impressões iniciais, de que é precisa avançar no
entendimento concreto e prático de que o lazer é uma necessidade básica de todos, e
viabilizar forma de acesso e permanência por meio de planejamento, além das praças
públicas.
Retomando os marcadores legais, além do texto constitucional, temos o Estatuto
da Criança e Adolescente, o Estatuto do Idoso e o Estatuto da Juventude. Veja o que diz
o Estatuto da Criança e Adolescente (BRASIL, 1990, documento online):
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade
em geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos
e espaços para programações culturais, esportivas e de
lazer voltadas para a infância e a juventude.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito à infor-
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
produtos e serviços que respeitem sua condição pecu-
liar de pessoa em desenvolvimento.
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
18
internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberda-
de, entre outros, os seguintes:
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:

Além de reforçar o Artigo 227º da CF (1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente


envolve as esferas do governo na questão e estabelece o fomento nas atividades,
inclusive, de lazer, pois, consideram os sujeitos de direito, envolvidos em um processo de
desenvolvimento. No que tange esta temática, as crianças e adolescentes em situação
de liberdade privada, também são os sujeitos de direito.
Trouxemos, ainda, os artigos do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003, documento
online):
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da socie-
dade e do Poder Público assegurar ao idoso, com abso-
luta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer,
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária.
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, espor-
te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que
respeitem sua peculiar condição de idade.
Art. 23. A participação dos idosos em atividades cultu-
rais e de lazer será proporcionada mediante descontos
de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos
para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer,
bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de aten-
dimento:
IX – promover atividades educacionais, esportivas, cul-
turais e de lazer;

Veja que os Artigos são uma releitura dos que já discutimos, anteriormente, além
disso, traz consigo, uma ação de inclusão os beneficiando com descontos em eventos
e prioridades de acesso, quando promovidos pelas entidades. Não menos importante,
veja, ainda, o que diz o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013, documento online):
Art. 23. É assegurado aos jovens de até 29 (vinte e nove)
anos pertencentes a famílias de baixa renda e aos es-
tudantes, na forma do regulamento, o acesso a salas
de cinema, cineclubes, teatros, espetáculos musicais e
circenses, eventos educativos, esportivos, de lazer e en-
tretenimento, em todo o território nacional, promovidos
por quaisquer entidades e realizados em estabeleci-
mentos públicos ou particulares, mediante pagamento
da metade do preço do ingresso cobrado do público em
geral.
Art. 29. A política pública de desporto e lazer destinada
ao jovem deverá considerar:
19
I - a realização de diagnóstico e estudos estatísticos ofi-
ciais acerca da educação física e dos desportos e dos
equipamentos de lazer no Brasil;
IV - a oferta de equipamentos comunitários que permi-
tam a prática desportiva, cultural e de lazer.

Ao jovem é ofertado o acesso, também, pela política da meia entrada e é alvo


de pesquisas que levam ao redirecionamento das políticas em prol do lazer. É possível
perceber que o que temos em comum é o incentivo à convivência na sociedade
por aparelhos e espaços arquitetônicos, como: “quadras, bibliotecas, lagos e lagoas,
academias de ginástica, parques naturais, parques de diversões e temáticos, cinemas,
teatros, pistas de skate, piscinas, praças, danceterias [...]”, etc. (RIBEIRO, 2014, p. 59).
Assim vimos nesta seção que os dispositivos legais existem para garantir o lazer
como direito social, entretanto, é preciso estarmos sempre atentos para que este seja
assegurado, e para isso, é necessária nossa participação ativa nos espaços de deliberações,
como por exemplo, sessões abertas nas casas legislativa, assembleias, entre outros.

FIQUE ATENTO
As crianças e adolescentes privados de liberdade têm o lazer garantido nos espaços dis-
postos nas unidades de internação para menores infratores.

VAMOS PENSAR?
Faça um mapeamento da cidade em que você mora, elencando os espaços que são ou po-
dem ser utilizados para o lazer da comunidade. Avalie e reflita se há variedades e se atende
de forma satisfatória a região.

BUSQUE POR MAIS

Para compreender mais sobre a relação do lazer e a desigualdade social, veja o


link: https://bit.ly/37IkOck. Acesso em: 15 abr. 2021

Acerca da política de lazer, veja Camargo (2011) no link: https://bit.ly/3yuQCwl.


Acesso em: 15 abr. 2021.
20
GLOSSÁRIO
Quando utilizamos a palavra “garantir” nas redações legais, o termo volta-se para o sen-
tido de responsabilizar-se (GARANTIR, 2022).
21
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (INSTITUTO CONSULPLAN- 2019- Adaptado). Sobre esporte e lazer, marque V para as


afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) O Estado brasileiro instituiu o lazer como direito social em 1935, através da promulgação
da Constituição Federal.
( ) A partir da Constituição Federal, o esporte e o lazer como direitos passaram a se inserir
no âmbito das responsabilidades do Estado.
( ) O lazer ligado ao aspecto tempo considera as atividades desenvolvidas no tempo
liberado do trabalho, ou no tempo livre ou disponível, não só das obrigações profissionais,
mas também das familiares, sociais e religiosas.

A sequência está correta em:

a) V- V- V.
b) V- F- F.
c) F- V- F.
d) F- F- F.
e) F- V- V.

2. (FUNDEP- 2021- Adaptado). O lazer é entendido por muitas pessoas como “válvula de
escape” para as tensões do cotidiano, melhora da autoestima, busca do autocuidado e
do equilíbrio emocional. Considerando esse contexto, avalie as seguintes afirmativas e a
relação proposta entre elas.

I. O lazer foi construído pela cultura corporal, criada e sistematizada pelo homem, sendo
atualizada e ressignificada. É um de seus papéis considerar e respeitar os princípios
culturais de cada sociedade, para não tornar a atividade descontextualizada.

PORTANTO

II. O lazer deve ser referenciado como um direito social, historicamente construído, e
intimamente vinculado aos aspectos de tempo e vivenciados como influência da
cultura e ações fundadas no lúdico.

A respeito dessas afirmativas e da relação proposta entre elas, assinale a alternativa


correta.

a) As afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.


b) As afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
c) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
d) A afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira.
e) As afirmativas I e II são falsas e não se justificam.
22
3. (PR/FAUEL- 2020- Adaptado). Tanto o termo recreação como o lazer convive em nossa
realidade sem maiores reflexões sobre os seus significados. Enquanto o termo recreação
é influência norte-americana, o lazer surge a partir da influência europeia. Essa dupla
denominação está presente atualmente e em geral utiliza-se a recreação para designar
o conjunto de atividades, e o lazer para abordar o fenômeno cultural. Considerando o
texto, qual é o atual, conceito de RECREAÇÃO?

a) A recreação tem como sentido a reprodução. Restabelecer a condição física e psíquica


do trabalhador.
b) É o conceito que tem como definição o de descanso e desenvolvimento do lazer, e
orientada para a criação permanente do indivíduo por si mesmo.
c) Pode ser entendida como o recrear.
d) Sentido de recreação é estimular para recriar, criar de novo, dar novo vigor.
e) A recreação é uma estratégia para conter a ociosidade das crianças e adolescentes.

4. (Profissional de educação física, Prefeitura de Catanduvas - PR/FAUEL, 2021, adaptada).


A recreação se constituiu e continua sendo uma das disciplinas que integram os saberes
de formação do profissional de Educação Física. Porém, a associação entre a recreação
e o lazer é muito comum. Basta verificar os estudos de diversos autores dessa área para
constatar como boa parte de análises sobre o lazer, no contexto da Educação Física,
parecem evocar a recreação. Assim, ao relacionar as características básicas da recreação,
podemos especificar como:

I. Ser encarada pelo participante como um fim em si mesma, sem que se esperem
benefícios ou resultados específicos de rendimento.
II. Levar o praticante a estágios psicológicos negativos, pelo caráter individualista, por
estar sempre ligada ao individualismo.
III. Propiciar aos praticantes estímulos para o exercício e desenvolvimento da criatividade
até sua plenitude.

Os itens corretos são:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I, III, apenas.
e) I, II e III.

5. Para Ribeiro (2014, p. 31) “a recreação tem sua origem nos Estados Unidos, no século
XIX, por meio de duas influências”:
a. recreacionismo; b. playgrounds.

Associe as lacunas e marque a alternativa correta.


(a) recreacionismo
(b) playground
23
( ) atividades dirigidas para adultos
( ) uso de casas comunitárias
( ) a perspectiva era preencher o tempo livre dos mais pobres
( ) o objetivo era promover o conceito de moral

a) a, a, a, b
b) a, a, b, b
c) b, a, b, b
d) b, a, a, b
e) b, b, a, b

6. A Lei nº 8.069 de 1990 institui o lazer como direito dos sujeitos considerados Crianças
e dos Adolescentes. Neste sentido, avalie as afirmativas abaixo, com V para verdadeiro e
F para falso, em seguida, e marque a alternativa correta.

( ) É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
( ) A participação em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante
descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos,
culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.
( ) É assegurado o acesso a salas de cinema, cineclubes, teatros, espetáculos musicais e
circenses, eventos educativos, esportivos, de lazer e entretenimento, em todo o território
nacional, promovidos por quaisquer entidades e realizados em estabelecimentos
públicos ou particulares, mediante pagamento da metade do preço do ingresso cobrado
do público em geral.

a) V- V- V
b) V- F- F
c) F- V- F
d) V- F- V
e) F- F- F

7. A Constituição Federal de 1988 trouxe significativos avanços no que tange o direito e


o acesso ao lazer. Os Artigos 6º, 7º, 217º e 227º colaboram em explicitar mais sobre este
direito social. Marque a alternativa que relaciona, corretamente, os artigos mencionados.

(a) Artigo 6º (b) Artigo 7º (c) Artigo 217º (d) Artigo 227º

(d) É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao


jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(c) É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, com direito de
24
cada um, observados: § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção
social.
(a) São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social: IV - salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;
(b) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

a) F- V- V- V
b) V- V- F- F
c) V- F-V- V
d) F- F- F- F
e) V-V- V- V

8. O lazer pode se manifestar na execução de alguma atividade, ou simplesmente, ser o


ócio que satisfaz a pessoa. Nesta direção, para ser considerado lazer, é preciso considerar
alguns aspectos importantes. Marque a alternativa que conceitua, corretamente, alguns
aspetos do lazer.

(A) o caráter liberatório revela que não há obrigatoriedade implicado à tal atividade.
(B) o caráter desinteressado é o ato de o profissional respeitar as pessoas que não querem
participar das atividades.
(C) o caráter pessoal se refere às escolhas que a pessoa faz.

a) A, B, C
b) C
c) A, C
d) A, B
e) B
25

LAZER E
RECREAÇÃO NO
CONTEXTO DO
DESENVOLVIMENTO
26
2.1 INTRODUÇÃO

Na Unidade 2 vamos conhecer sobre como o lúdico está implicado ao


desenvolvimento humano, desmistificando algumas ideias arraigadas no passado de
que a ludicidade é dispensável e que a escola não é lugar para lazer. Em continuidade
vamos ver que o lúdico implica em brinquedos e brincadeiras em uma relação recíproca,
além disso como o lazer e a recreação são importantes para o processo de socialização.

2.2 O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

O lúdico é um conceito que por vezes tem disso contestado, justamente, pelo fato
de não ser considerado importante para algumas pessoas, como discutimos na Unidade
acima, acerca de uma “pseudohierarquia” entre trabalho e lazer. Além disso, não era bem
visto nas escolas que preconizavam o controle e a disciplina. Pensando nisso, é preciso
apresentar algumas definições sobre o termo, para refletirmos sobre seu impacto no
desenvolvimento humano.
Segundo Silva, Pimentel e Schwartz (2021, 139), “o lúdico é um elemento ligado
ao divertimento, sendo manifestado de diferentes formas, como no jogo, na arte ou na
brincadeira”. Avançando mais, Haetinger e Haetinger (2012, p. 5) compreendem que
“atividades lúdicas são aquelas que promovem a imaginação, e principalmente, as
transformações do sujeito em relação ao seu processo de aprendizagem”.
Neste sentido, é possível perceber uma possível disruptura entre o lúdico e corpo,
uma vez que interpretamos que não é possível desvincular o lúdico do corpo, por quê: A
mente é conectada com os movimentos que o corpo faz seja nos jogos ou brincadeiras,
assim, temos uma relação de reciprocidade entre eles. O corpo, matéria, está conectado
às nossas emoções, a mente. Temos então um único plano, uma única dimensão.
Logo, o lúdico está imbricado ao desenvolvimento físico, social, cognitivo e afetivo,
sendo estes aspectos dos elementos para o desenvolvimento humano. Tal perspectiva
chamou a atenção de importantes pesquisadores, como Jean Piaget e Lev Vygostky, os
quais construíram suas teorias baseadas nos métodos científicos, como observação e
análise.
Silva (2020, p. 9) relatam que os estudos de Jean Piaget e Lev Vygostky “contribuíram
de maneira expressiva para a compreensão do processo ensino-aprendizagem no
contexto da ludicidade”. Contudo, os autores defendem aspectos diferentes no processo
de desenvolvimento.
Veja o que Silva (2020, p. 9) ressalta :
Uma das diferenças entre as discussões de Piaget e Vy-
gotsky é o ponto de partida muito particular de cada
um. Piaget tem como princípio aspectos estruturais li-
gados a questões atreladas a uma visão biologista de
desenvolvimento. Vygostky, por sua vez, constrói sua
proposta partindo da cultura, da interação social e da
dimensão histórica do desenvolvimento mental.

Temos aqui, o lúdico sendo considerado nas duas teorias, no entanto, há maior
destaque na teoria vygostiana. É como se o lúdico fosse meio de adquirir habilidades
e competências, além disso, é pelo lúdico, brincadeiras e jogos, que a criança retrata
27
o mundo adulto. Todavia, Piaget considera que é por meio destas atividades que as
crianças constroem o mundo que querem. Mas atenção, mesmo com focos distintos,
não é possível negar o desenvolvimento social, metal e físico nas duas teorias dos
desenvolvimento humano.

FIQUE ATENTO
Apesar das teorias de Piaget e Vygostky apresentarem defesas distintas, elas não se so-
brepõem, pois elas têm alto grau de reconhecimento internacional.

VAMOS PENSAR?
Reflita sobre o seu período escolar e avalie a presença do lúdico na escola, nas brincadeiras
de rua e demais espaços. Foi significativa?

BUSQUE POR MAIS

Veja os capítulo 4 e 5 para saber mais sobre as teorias de Piaget e Vygostky, em


Nogueira (2018), pelo link: https://bit.ly/3w7DATE. Acesso em: 15 mar. 2021.

Com Macedo (2011), veja o capítulo 1: O lúdico no processo de aprendizagem es-


colar, com o link: https://bit.ly/39dBTLx. Acesso em: 15 mar. 2021

GLOSSÁRIO
Pseudo “é um termo de origem grega, a partir de pseudes / pseúdos, que significa lite-
ralmente “mentira” ou “falsidade”” (PSEUDO, 2022).
28
2.3 A RELAÇÃO ENTRE A ESCOLA E O LAZER

Vimos que o lazer possui quatro relevantes características elencadas por Ribeiro
(2014): é importante que não haja nenhuma tipo de obrigação vinculada à atividade de
lazer, onde a satisfação é fim exclusivo, gerando o estado de prazer, logo, é deve ser uma
atividade de cunho pessoal e subjetiva. Diante disso, como relacioná-lo com o espaço
escolar, tendo em vista que a escola é um ambiente com regras, obrigações e horários a
cumprir?
Recorremos a Haetinger e Haetinger (2012, p. 17) para compreender esta dimensão:

Podemos dizer que o lazer na escola deve ser formativo


e qualitativo, no sentido de preparar a pessoas para o
famoso tempo livre. Dessa forma, o lazer e a recreação
voltam a estar associado à prática educativa (se é que
algum dia estiveram separados dela), sendo um dire-
tamente dependente da outra. Numa educação para o
lazer, é fundamental o conhecimento das atividades a
serem propostas.

Decerto os estudantes têm raros momentos de tempo livre, pois sabemos que
a escola é uma instituição que zela por um programa dentro de uma estrutura pouco
flexível. Mas está entre as suas boas práticas, trabalhar com orientações para que os
estudantes façam escolhas de qualidade no momento do tempo livre, de forma que
possa impactar, positivamente, no bem-estar e convívio social (HAETINGER; HAETINGER,
2012).
Pensando, agora, sobre o lazer dentro das instituições educacionais, poderíamos
citar os intervalos. Mas, somente, os intervalos? Que outro momento de lazer uma
instituição educacional pode e deve ofertar? Para problematizar estas questões é
necessário que seja divulgada a Meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), do decênio
2014 -2024 (BRASIL, 2014, documento online):
O atual PNE tende a “oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos 25% (vinte e
cinco por cento) dos(as) alunos(as) da educação básica” (BRASIL, 2014, p. 10).
O interesse desta carga horária aumentadas visa o (BRASIL, 2014, p 28, documento
online)
desenvolvimento de atividades de acompanhamento
pedagógico, experimentação e investigação científi-
ca, cultura e artes, esporte e lazer, cultura digital, edu-
cação econômica, comunicação e uso de mídias, meio
ambiente, direitos humanos, práticas de prevenção aos
agravos à saúde, promoção da saúde e da alimentação
saudável, entre outras atividades.

Vimos então, que a escola é mais que um aparelho de disciplina e controle; além
de se assemelhar às estruturas de um trabalho. Nela, ou em seus respectivos espaços
parceiros, devem ser dinamizadas as atividades que buscam promover o lazer com/para
os alunos. Uma possibilidade é o trabalho com Projetos, onde toda a comunidade escolar
29
possa participar da construção, principalmente, os estudantes, sujeitos protagonistas da
educação escolar.
É possível que ainda haja dúvidas sobre a relevância do lazer no referido PNE,
sendo assim, recorremos a Tenório, et al (2019, p. 3):

A prática do lazer nas escolas age como uma ferramen-


ta capaz de aumentar a motivação e o interesse dos
alunos dentro do ambiente escolar por meio do diver-
timento, tornando o processo de aprendizagem mais
cativante, o que contribui diretamente em seus desem-
penhos como estudantes.

Neste sentido, entendemos que é de fundamental importância não só a discussão


sobre o lazer nas escolas, mas sim, a materialização desta temática em prol de uma
educação compromissada com a qualidade de vida e bem estar social. Sendo assim,
Ribeiro (2014) nos apresenta como categoriza o lazer: Atividades físico-esportivas,
atividades artísticas, atividades manuais, atividades intelectuais, atividades sociais. Estas
categorias contribuem para uma proposta tanto a nível de secretaria de educação como
a nível de secretaria de esporte.

FIQUE ATENTO
Educação integral é diferente de educação em tempo integral. Segundo Barbosa (2018,
p. 101), “um trata da formação integral do sujeito e pode ocorrer em tempo parcial ou in-
tegral e outro se configura na ampliação da jornada escolar”.

VAMOS PENSAR?
Vimos que a escola deve educar para o lazer, bem como promovê-lo. Vamos ao seguinte
exercício reflexivo: Pense sobre a seguinte situação hipotética: A secretaria de esporte de
determinado estado te convida para elaborar um Projeto com duração de 4 meses em 4
escolas polos da rede, atendendo aos alunos do Ensino Médio, pelo entendimento que o
lazer é um direito social e necessário. Reflita sobre a situação hipotética e pense nos meca-
nismos, recursos e fundamentações para que possa ser apresentado.

BUSQUE POR MAIS


Veja mais a relação entre o lazer e escola na unidade 3 de Marcellino (2016) no
link: https://bit.ly/39KIaP1. Acesso em: 15 mar. 2021.

No capítulo 6 de Ribeiro (2014), veja como elaborar uma programação de lazer,


com o link: https://bit.ly/39b5LrX. Acesso em: 15 mar. 2021.
30
GLOSSÁRIO
Educação em tempo integral se refere a jornada escolar do aluno, sendo no mínimo de
sete horas, no mínimo (BRASIL, 2014, documento online).

2.4 RECREAÇÃO COM BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

Antes de discutirmos um pouco sobre o contexto atual, é necessário trazer a


memória outros episódios da Revolução Industrial, já apresentada na Unidade anterior.
Achamos importante acrescentar que neste período as crianças trabalhavam nas
fábricas, inclusive, em situações que apresentavam perigo. E por conta das limitações que
são pertinentes a este conjunto populacional, os salários eram bem menores, quando
comparados a de um adulto ao realizar a mesma tarefa (FIGUEIREDO; CAVALCANTE,
2019).
Este dado nos ajuda a compreender que o brincar não é um pensamento que
surgiu naturalmente, apesar de ser inerente ao ser humano. Este entendimento veio
com estudos e pesquisas modernas que trouxeram contribuições acerca da importância
do brincar, considerando como uma coisa séria. Vaja com Kishimoto (2010, p. 1) o impacto
do brincar:
É importante porque dá a ela o poder de tomar decisões,
expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos ou-
tros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar,
expressar sua individualidade e identidade por meio de
diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os
movimentos, de solucionar problemas e criar. Ao brin-
car, a criança experimenta o poder de explorar o mundo
dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para
compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas lin-
guagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar
se destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua
importância se relaciona com a cultura da infância, que
coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se
expressar, aprender e se desenvolver.

Aqui, temos uma compreensão da importância do brincar para o desenvolvimento


humano e o que e está envolvido neste processo. A imaginação em grande medida está
envolvida com o caráter lúdico.
Vimos no decorrer da leitura que a recreação tem o caráter lúdico e que envolve
brincadeiras e/ou brinquedos, sendo estes, elementos que se completam, que apesar
de serem negados o seu reconhecimento por um período da história, a brincadeira e o
brinquedo são inerente a nós.
Se por um lado o “corpo é o primeiro brinquedo que a criança utiliza” (LORO, 2018, p.
32), o brincar é a “forma mais livre e individual, que designa as formas mais primitivas de
exercício funcional, como a lalação” (KISHIMOTO, 2012, p. 111). Brinquedos e brincadeiras,
aparentemente, são questões muito simples de serem compreendidas, mas há nuances
que precisamos ficar atentos, como por exemplo, levar em consideração o público que
31
estará envolvido, ou seja, a idade de quem interagirá.
Quando nos remetemos à recreação, não nos referimos apenas às crianças, temos
que incluir os jovens e os idosos realizando as devidas adaptações para a execução
das atividades, conforme as potencialidades e limitações de cada grupo, precavendo a
infantilização e adultização. Veja a partir das Figuras 3 e 4, os exemplos de atividades que
consideram as especificidades de cada grupo.

Figura 3: Atividade lúdica conhecida como pescaria com idosos


Fonte: Acervo Pessoal do Autor (2022)

A Figura 3 apresenta um grupo de idosos participando da popular brincadeira


conhecida como pescaria. Aqui, imaginamos estar diante do rio e pacientemente,
tentando pescar. Percebam que os participantes estão em sentados, sendo uma
adaptação por conta dos incômodos que sentimos ao ficarmos em pé e com o tronco
semiflexionado. Estes incômodos são mais perceptíveis, justamente, pela perda do
equilíbrio, da resistência muscular, entre outras habilidades e passam a ser acometidas
em decorrência da nossa idade.
Agora, veja com a Figura 4 uma brincadeira que pelo exposto acima, é inviável
a participação dos idosos. Contudo, com público infantil faz muito sucesso além de
colaborar para refinamento de atividades rudimentares, como saltar. Esta brincadeira
é popularmente conhecida como corrida do saco ou do sapo, já que é preciso cruzar a
linha de chagada pulando como sapo e dentro de um saco.

Figura 4: Corrida do saco/sapo com crianças


Fonte: Acervo Pessoal do Autor (2022)

Tanto na Figura 3 e Figura 4 temos atividades recreativas que requerem dos


participantes a imaginação, assim, entendemos que lúdico é implicado às brincadeiras.
“O imaginário e a fantasia são elementos mais importantes quando pensamos em
brincadeiras. E, por estarem tão presentes, podem determinar o andamento das
atividades propostas” (DANIACH, 2020, p. 48).
Mas temos ainda, a dimensão dos brinquedos. Acerca disso, além da questão
etária, Loro (2018, p. 31) levanta aspectos importantes para a avaliação dos brinquedos,
“como a durabilidade, a atratividade, a adequação, a segurança, a multiplicabilidade de
32
usos, o atendimento à diversidade racial, o respeito às diferenças de gênero, de classe
social e de etnia e o não estímulo à violência”.
Ao lidarmos com a compra de brinquedos, todos estes itens citados devem
ser considerados, mas sabemos que o brinquedo não necessariamente precisa ser
comprado. O brinquedo pode ser construído ou, simplesmente, ser adaptado conforme
a nossa imaginação. Um cabo de vassoura pode ser o cavalinho de pau.
Daniachi (2020, p. 49) considera o brinquedo como objeto da brincadeira. “Sem
ele a ação lúdica pode até acontecer, mas com o uso de qualquer tipo de brinquedo, a
brincadeira fica mais prazerosa”. Neste mesmo sentido, Barreto et al (2017, p. 143 apud
KISHIMOTO, 2003) ressalta que “o brinquedo é o suporte para que ocorra a brincadeira”.
É possível que a maior parte da população brasileira conheça um brinquedo
chamado de pião, tendo em vista que faz parte do rol das brincadeiras populares, que
nomeamos “roda pião”. Descrevemos como um objeto de madeira com a ponta metálica,
onde o envolvemos por uma linha de barbante e lançamos ao chão. O brinquedo, que
gira rápido, vai perdendo velocidade até parar. ,
Na Figura 5 temos um modelo do brinquedo, veja:

Figura 5: Pião como brinquedo das brincadeiras populares


Fonte: Acervo Pessoal do Autor (2022)

Na Figura 5 mencionamos as brincadeiras populares que ocorriam, comumente,


nas ruas da cidade, as quais, atualmente, precisam passar por um trabalho de resgate,
isso porque, com a intensificação dos brinquedos tecnológicos , nossos hábitos e
comportamento se modificaram.
Os aparelhos eletrônicos são os brinquedos em alta, ainda mais após um longo
período de isolamento social, devido à pandemia do Novo Coronavírus (COVID – 2019).
Muitos se adaptaram ao novo modelo de interação. Os celulares e tablets foram
instrumentos lúdicos que de forma online mantiveram a sociabilidade das pessoas,
inclusive, com jogos, dos diferentes grupos populacionais, logo, os equipamentos
eletrônicos são uma realidade na recreação.
Deste modo, concluímos, em consonância com Daniachi (2020, p. 47- 48) que “a
brincadeira e o brinquedo são as ferramentas do recreador em suas ações. Elas podem ser
complementares ao uso de jogos e apresentar características semelhantes”. Percebemos
que em todo tempo estão em foco o aprendizado e a socialização, independentemente
da idade dos participantes, mas ao que tange a socialização, veremos na próxima seção
mais detalhadamente.

FIQUE ATENTO
É importante ter atenção durante a comunicação com os idosos, para não os infantilizar,
lembrar sempre que são adultos.
33

VAMOS PENSAR?
Considere a seguinte situação hipotética: Você foi contratado por instituição que acolhe
idosos para realizar atividades recreativas em um dia por semana, pelo período de 3 horas.
O coordenador da instituição, preocupado com os idosos cadeirantes, lhe pedi a progra-
mação do seu primeiro dia de trabalho. Agora, faça os seguintes exercícios, pense sobre os
pontos discutidos e elabore esta programação. Depois volte nela e veja se esquece de algo
ou se equivocou.

BUSQUE POR MAIS


Acesse o link: https://bit.ly/3NflSDH. Acesso em: 15 mar. 2021. E veja um cardápio
de brinquedos e brincadeiras.

Ainda sobre as brincadeiras, veja mais em Batista (2021) com o link: https://bit.
ly/38ndD9L. Acesso em: 15 mar. 2021 .

Loro (2018) sobre brinquedos no link: https://bit.ly/3PcOC1L. Acesso em: 20 mar.


2021

GLOSSÁRIO
Utilizamos o termo adultização quando caracterizamos as crianças como pequenos
adultos (SANTOS, 2014, p. 1). Lalação é sinônimo de balbuciação. São os sons que a crian-
ça emite antes da fala (LALAÇÃO, 2022).

2.5 O LAZER E A RECREAÇÃO NO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO

Nesta seção vamos discutir mais sobre o lazer e a recreação sob a perspectiva
da socialização, e para tanto, é necessário ter sólida compreensão sobre o respectivo
conceito. Então, recorremos o entendimento de Johnson (1997, p. 212) que demarca a
socialização como “processo através do qual indivíduos são preparados para participar
de sistemas sociais”, e isso é implicado a dois pontos: “com o que participamos e como
participamos”.
Na mesma direção, para Brenner (2011) “em sentido mais amplo, a socialização
ocorre por processos e mecanismos que permitem a uma pessoa a desenvolver relações
sociais, se adaptar e se interagir à vida social” (p. 38).
Tanto Johnson (1997) como Brenner (2011) tendem a destacar a participação dos
34
sujeitos, envolvendo interação. Johnson (1997) vai um pouco além, problematizando com
o que interagimos e como interagimos. Estes pontos levantados pelo autor são muito
relevantes, para evitar situações em que atividade dinamizada coloque os sujeitos em
um estado de passividade.
Interpretamos, assim, e acrescentamos que a socialização é um processo de
interação, e que pode ocorrer espontaneamente, como podemos perceber no caso
dos menos tímidos, bem como pode ocorrer por indução, sendo este o caso em que
observamos a timidez por parte dos sujeitos. Em contribuição, Loro (2018) reconhece
esta indução como intervenção colaborativa do adulto.
É bem comum ficarmos um pouco tímidos ao chegarmos em um ambiente novo,
onde somos recebidos por desconhecidos. Isso tanto pode ocorrer no primeiro dia de
aula, como em um encontro de trilha agenciado por terceiros. Nestas situações é típica
a realização de dinâmicas que possam “quebrar o gelo”, ou seja, atividades que possam
propiciar a interação entre os envolvidos.
Pelos exemplos mencionados, entendemos que o processo de socialização
acontece em diferentes ambientes, onde podemos citar também a própria casa, (sendo
ela a nossa primeira instituição social), a igreja, o shopping, um evento e até mesmo as
praças públicas da cidade.
Decerto há pessoas que optam por atividades individuais em lugar das coletivas,
como é o caso de alguns possíveis conhecidos seus, pessoas que gostam mais de fazer
caminhadas e corridas sozinhas, sendo este o campo do lazer físico-esportivas, mas, há
outro grupo que opta pelo contrário e prefere vivenciar experiências de forma coletiva.
No decorrer do texto vamos trazer um recorte mais voltado para este segundo grupo,
tendo em vista o tema da socialização, ocorrendo o mesmo para a recreação.
Podemos considerar que as opções de lazer são infinitas, justamente, pelo
entendimento que o lazer é extremamente subjetivo, mas vamos trazer algumas opções
aqui, com o objetivo de colaborar para o seu cardápio de atividades que podem ser
utilizadas ou até mesmo induzir outras para o seu exercício profissional.
No Quadro 2 reunimos opções de lazer no Estado do Rio de Janeiro, promovidas
pelo Instituto Educação em Movimento (IEM, 2022, documento online).

Trilhas em Parques Municipais


Atividades de reflorestamento
Caminhadas em Parques Municipais
Rapel em Parques Municipais
Passeio de ciclismo
Brincadeiras de rua
Aniversário na rua
Aventura na escola
Quadro 2: Opções de atividades de lazer
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

As atividades do Quadro 2 ocorrem em espaços públicos, no entanto, podemos


considerar os espaços privados, que vão demandar um outro nível de organização e
que exigirá um dispêndio maior de dinheiro. Por isso, é importante saber mais sobre o
público que participará.
Ainda sobre as atividades realizadas pelo IEM, elas ocorrem de forma regular, e
35
apesar de sempre ter pessoas novas chegando, em maior parte elas permanecem, e essa
regularidade propiciou a criação de vínculos, formando assim para elas, a ampliação dos
seus espaços de socialização.
Acerca da recreação, temos características bem próximas das quais trouxemos
acima, com tudo, de maneira peculiar queremos chamar a atenção para dois pontos. O
primeiro é sobre o público infantil. Para Barreto et al (2017, p. 141) a recreação:
auxilia na promoção do desenvolvimento pessoal e co-
letivo de cada criança não apenas no ambiente escolar,
mas em seu cotidiano, no convívio em família e na for-
mação de seu caráter, isto é, suas aprendizagens resso-
nam na melhoria das práticas sociais do educando, nos
diferentes espaços de vivência.

Sabemos por meio de Jean Piaget e Lev Vygostky que construímos a nossa
personalidade no período da infância, pela vivência e experiência que nos são ofertadas,
bem como os valores e normais que nos são apresentadas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2002), e por este caminho, a recreação cumpre um importante papel em nossa vida,
pois teremos inscrições desta fase para toda a nossa vida. Logo, não é possível entender
a recreação como dispensável.
O segundo ponto é implicado ao anterior, pois não significa que na vida adulta
(aqui também nos referimos ao grupo de idosos) a recreação seja dispensável, isso
porque, já sabemos que o desenvolvimento humano é contínuo, seja cognitivo, motor ou
afetivo, como por exemplos respectivos temos o nosso estágio responsável que exige de
nós que nossa mente resolva situações percebidas com praticidade e responsabilidade;
na dimensão das qualidades física, ao longo do tempo perdemos força, velocidade,
flexibilidade, equilíbrio, etc.; na dimensão afetiva estamos buscando a nossa inteligência
emocional (SILVA, 2010).
Diante do exposto, a recreação é tão necessária para criança quanto para p adulto.
Para ilustrar, trouxemos a Figura 6 que representa uma brincadeira popular chamada de
“pique bandeira” ou também conhecida como “bandeirinha arreou”.

Figura 6: Pique bandeira ou Bandeira arreou


Fonte: SPE educação (S/A online, documento online, 2021).

Para explicar a Figura acima, buscamos o entendimen-


to de Ferreira, et al (2018), orientando para a divisão do
grupo em duas equipes, tendo cada uma delas o seu
campo. A fixação da bandeira deve ser ao fundo do
campo adversário, para que a brincadeira se desenvolva
no resgate da respectiva bandeira. O participante que
é pego em campo oponente, deve permanecer parado
até que um colega da equipe possa resgatá-lo.
36
Observe que na brincadeira é necessário tomar decisões, montar equipes e
a colaboração entre eles. Os participantes que são da mesma equipe criam mais
rapidamente laços, por isso, uma variação interessante é a troca na formação dos
integrantes, queremos dizer, “como embaralhar” e dividi-los sem critérios, após algumas
partidas. Isto evita que estejamos sempre com as mesmas pessoas e por consequência,
deixe de socializar com outras.
Podemos pegar este mesmo princípio de criar variações de atividades que
possam ser direcionadas ao grupo de idosos, considerando sempre, claro, as respectivas
limitações e especificidades. Uma sugestão que deixamos é você procurar sobre o “vôlei
sentado”, que é um jogo pré-desportivo adaptado do vôlei. É interessante que você faça
essa pesquisa, até mesmo porque o jogo estará em nossas próximas discussões.

FIQUE ATENTO
Lembrando que estas terminologias das brincadeiras populares são de acordo com a
regionalidade, e por especificidade, algumas regras podem ser um pouco ou completa-
mente diferentes.

VAMOS PENSAR?
Uma professora de educação física que atua na região periférica e com alunos da classe
popular, foi convidada para ministrar uma aula em uma escola privada com alunos da eli-
te social. Para aquecimento entregou a bola a uma equipe e deu partida no jogo intitulado
como “queimada”. Mas os alunos não se moviam e não compreenderam a proposta. O que
você acha que pode ter gerado este desconforto?

BUSQUE POR MAIS


Acesse o link: https://bit.ly/3MoZA2d. Acesso em: 20 mar. 2021. Para saber mais
sobre as atividade lúdicas de sociabilização em Cavaralli e Zacharias (2018).

Para ter ideias sobre eventos, veja o capítulo 1 em Mallen (2013) pelo link: https://
bit.ly/3ac0JvU. Acesso em: 20 mar. 2021.
37
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (SELECON- 2019- Adaptado). O lazer deve ser tratado na escola pedagogicamente,


no sentido de se educar para o lazer. Darido e Rangel (2005) ao debaterem o lazer no
espaço escolar propõem que haja pela escola e pela Educação Física a perspectiva de se
educar:

a) pelo lazer
b) contra o lazer
c) rejeitando o lazer
d) para o lazer
e) sem o lazer

2. (FEPESE- 2020- Adaptado). Consideramos que para as crianças, os brinquedos são


ferramentas importantes para o seu desenvolvimento físico, social, afetivo, e cognitivo,
atuando como instrumento de aquisição ).

Analise as afirmativas abaixo sobre os jogos e as brincadeiras na escola.

1. Servem apenas para liberar e extravasar sentimentos, sair da rotina de sala.


2. O brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidades
de forma natural e agradável.
3. Os jogos e as brincadeiras, por serem desprovidos de regras, não contribuem para a
construção de valores morais e éticos.
4. Ensinar os conteúdos escolares por meio de jogos e brincadeiras não contribui para
que a criança se aproprie do conhecimento de modo crítico.
5. Fazer uso de jogos e brincadeiras durante as aulas regulares pode ser um recurso
inovador para os alunos.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

a) São corretas apenas as afirmativas 2 e 5.


b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
d) São corretas apenas as afirmativas 3, 4 e 5.
e) São corretas apenas as afirmativas 1, 2, 3 e 5.

3. (UniFil- 2021- adaptado). A recreação não é exclusiva da infância. O adulto, o idoso


também são grupos participantes. A sua prática leva a desenvolver resistência, força,
flexibilidade, agilidade e velocidade que são qualidades próprias de cada indivíduo e
podem ser aprimoradas. Assinale a alternativa que corresponde às qualidades citadas
acima.

a) Fisiologia do exercício.
38
b) Capacidades físicas.
c) Ginásticas.
d) Lutas.
e) Dança.

4. (AEVSD/FACAPE- 2021). Através de atividades lúdicas, a criança no pré-escolar


desenvolve o processo de aprendizagem e amplia seu repertório de movimentos e
relações sociais. Através do brincar, a criança vai assumindo sua realidade, seu meio
social, sua linguagem, seus usos e costumes. Brincando, a criança logra e interioriza o
mundo adulto. O brinquedo, por meio da multiplicidade de formas e materiais, contribui
fundamentalmente para:

Marque a alternativa que completa incorretamente a ideia apresentada acima:

a) desenvolver a capacidade de criação.


b) estabelecer consciência de nível grupal.
c) capacidade de iniciativa própria.
d) amplia a capacidade de expressão.
e) o risco de acidentes.

5. É uma brincadeira popular que consiste em pular sobre um traçado riscado no chão
que, por sua vez, pode apresentar inúmeras variações. Conhecida mais como amarelinha,
tem as seguintes etapas:

( ) Em seguida, ignorando-a, ela terá que pular com um pé só nas casas isoladas e com
os dois nas duplas, até chegar ao céu, onde pisará com os dois pés, antes de retornar da
forma semelhante até as casas 2-3.
( ) A criança deve jogar uma pedrinha dentro dos limites da casa de número 1.
( ) Ao retornar para o jogo, ela recomeça a atividade a partir da casa seguinte.
( ) Ela terá que apanhar a pedrinha sem perder o equilíbrio.

Enumere a sequência das etapas e marque a alternativa correta:

a) 2, 1, 4, 3
b) 2, 3, 4, 1
c) 1, 2, 3, 4
d) 4, 2, 1, 3
e) 3, 1, 4, 2

6. As crianças são orientadas a ficar em um determinado ponto e um adulto fica


à frente deles, a certa distância. Quando o adulto virar de costas, as crianças devem
correr em direção a ele, porém quando ele virar de frente de novo as crianças devem
parar imediatamente. Aquela criança que se mover, volta ao ponto de início do jogo. A
brincadeira é popularmente conhecida como:

Marque a alternativa correta, abaixo.


a) pique cola
39
b) estátua
c) cobra-cega
d) espelho
e) mamão na rua

7. Segundo Ribeiro (2014), o lazer possui categorias: Atividades físico-esportivas,


atividades artísticas, atividades manuais, atividades intelectuais, atividades sociais. Suas
faces são exploradas conforme o ambiente, o objetivo e a realidade encontrada. A partir
disso, marque a alternativa que melhor se relaciona com as categorias do lazer.

a) Na escola o lazer ainda encontra resistência, por isso ainda não devemos trabalhar,
evitando conflitos com a comunidade escolar.
b) Apenas as atividades físico-esportivas e atividades intelectuais devem ser trabalhadas
na escola, durante as aulas de educação física.
c) As atividades físico-esportivas, atividades artísticas, atividades manuais, atividades
intelectuais podem ser trabalhadas apenas nas escolas em horários vagos.
d) As atividades físico-esportivas, atividades artísticas, atividades manuais são exclusivas
do desenvolvimento da secretaria de esporte.
e) As atividades físico-esportivas, atividades artísticas, atividades manuais, atividades
intelectuais, contribuem para uma proposta tanto a nível de secretaria de educação
como a nível de secretaria de esporte.

8. Há pessoas que optam por atividades individuais, pois sentem-se mais à vontade,
o que não está errado, entendo que o lazer tem cunho subjetivo. Há ainda as pessoas
que optam pelas atividades coletivas. Marque a alternativa que representa exemplos
respectivos do lazer individual e coletivo.

a) Passeio de bicicleta e meditação


b) Caminhada e passeio de bicicleta
c) Meditação e aniversário na rua
d) Trilhas e passeio de bicicleta
e) Aniversário de rua e brincadeira na rua
40

AS DIVERSAS TEORIAS
DO JOGO
41
3.1 INTRODUÇÃO

Na Unidade 3 vamos conhecer mais sobre o papel do jogo e do lazer na inclusão


social, bem como o seus respectivos desafios. Para isso não vamos nos limitar ao ambiente
escolar, mas sim, chamamos a sua atenção para além desta, trazendo a dimensão do
lazer.
Em seguida retomamos o ambiente escolar apresentando as teorias de Friedrich
Froebel e Jerome Bruner, os quais defendem a aprendizagem significativa e as
relacionam com o jogo e a brincadeira, revelando estes como recurso de aprendizagem
e desenvolvimento.

3.2 O PAPEL DO JOGO E DO LAZER NA INCLUSÃO SOCIAL

Vimos na unidade 2 um pouco sobre os brinquedos e as brincadeiras e, vamos ver


agora, que há uma linha muito tênue quando dividimos o jogo destes dois conceitos
visto, anteriormente.
Kishimoto (2016, p. 1) diz que:
a variedade de jogos conhecidos como faz de conta, sim-
bólicos, motores, sensório-motores, intelectuais ou cog-
nitivos, de exterior, de interior, individuais ou coletivos,
metafóricos, verbais, de palavras, políticos, de adultos,
de animais, de salão e inúmeros outros mostra a multi-
plicidade de fenômenos incluídos na categoria jogo.

Mas a autora faz uma demarcação no ao definir o conceito de jogo, pois nela “há
regras externas que orientam as ações de cada jogador. Tais ações dependem, também,
da estratégia do adversário. Entretanto, nunca se tem a certeza do lance que será́ dado
em cada passo do jogo” (KISHIMOTO, 2016, p. 1).
Todavia, o caráter subjetivo e cultural vai encaminhar entendimentos distintos
sobre o jogo, ainda mais que temos um grande abismo entre a cultura oriental e ocidental.
Neste sentido há muita complexidade em definir o jogo com absoluta precisão.
Acerca dos jogos na escola, este também recebera duras críticas num tempo
pretérito, justamente, pela concepção que a escola deveria disciplinar. O pensamento
do jogo como ferramenta de aprendizagem é instituído recentemente, com os avanços
das pesquisas na educação, onde tivemos a contribuição de precursores como Froebel
e Bruner, que serão vistos mais adiante.
No ambiente escolar o jogo educativo se populariza e pode se revelar em dois
sentidos apontados por Kishimoto (2016, p. 23).
1. sentido amplo: como material ou situação que permi-
te a livre exploração em recintos organizados pelo pro-
fessor, visando ao desenvolvimento geral da criança; e
2. sentido restrito: como material ou situação que exige
ações orientadas com vistas à aquisição ou ao treino de
conteúdo específicos ou de habilidades intelectuais.

Percebemos que nos dois sentidos, é necessário organização e planejamento, pois


desta forma reunimos os recursos e avançamos nos objetivos. Claro, tomando como
42
princípio o jogo como meio de aprendizagem. Este entendimento também se revela
em Cória-Sabini e Lucena (2015), os quais citam a previsão e o planejamento no jogo com
função pedagógica, auxiliando no alcance dos objetivos.
O jogo na escola tem a função significativa e isso não se dá sem orientação.
Ressaltamos o trabalho de intervenção do orientador entre os participantes do jogo. A
atenção deve estar voltada para desencadear desafios, suscitar reflexões, fazer correções
etc., pois “sem a constante presença do adulto, o jogar fica restrito ao seu uso comum (já́
muito aproveitado pelas crianças espontaneamente!) e o contexto escolar fica reduzido
à sua má́ fama” (LINO, 2011, p. 25).
Caminhando nesta direção, devemos nos preocupar em manter a função lúdica e
a função educativa para a socialização. Acerca disso, temos o jogo como peça importante
no processo de inclusão. Queremos destacar que tal processo não deve ser lembrado
apenas em datas pontuais do calendário escolar, e sim, ser base para a produção do
conhecimento, que em nosso caso, afunilamos para o campo curricular da educação
física.
Antes de prosseguirmos com a discussão referente ao processo de inclusão,
devemos ter explícitos os conceitos de educação física inclusiva e educação física
adaptada, que muitas vezes se confundem em nossa prática, isso por conta que ambas
têm como objetivo o desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor dos estudantes,
mas diferem na maneira de ministrar.
A inclusão nas aulas de educação física requer que as aulas sejam planejadas e
moduladas no sentido de adequar-se e atender a especificidade do aluno. Neste formato,
fica mais evidente o convívio sob a igualdade. Já a educação física adaptada segue outra
prática. Para a participação do aluno que apresente alguma característica, o professor
deve elaborar adaptações para atender às respectivas especificidades, resultando em
modelos diferentes de atividades: 1. onde participa o grupo típico de alunos; 2. que
atenda aos alunos com alguma deficiência (COSTA, 2017; GARCIA, 2014; SALLES; ARAUJO;
FERNANDES, 2015).
Entendido estes dois importantes conceitos, retomamos ao campo da inclusão.
A escola é percebida como uma das instituições na sociedade e é o espaço que deve
promover e ampliar as ações inclusivas. Cabe ao ambiente escolar “acolher todos os
alunos, independentemente do tipo ou grau de dificuldade que eles possam ter”, tendo
em vista que esta dificuldade, socialmente, não é considerada um problema e sim,
diversidade (TARDIN, 2018, p. 6).
Sabemos que o tema da inclusão ainda é muito complexo para o entendimento
unanime das escolas, e que possivelmente, por conta disso, a discussão vem ganhando
visibilidade em Seminários e Congressos. Mas ainda temos outro desafio, o de relacionar
a inclusão com o lazer, já que é comum avaliarmos, equivocadamente, que a diferença
seja um ponto limitador da pessoa.
O lazer deve ser compreendido como direito social e, também, meio de
desenvolvimento para a sua participação com dignidade na sociedade. Neste sentido,
concordamos que o acesso aos espaços da sociedade deve ser para todos, inclusive, os
espaços de lazer, da mesma forma em que instituições como clínicas e hospitais são
estruturados.
As estruturas dos ambientes citados são elaboradas seguindo normas, como por
exemplo, a norma brasileira ABNT NBR 9050. Savioli (2011, p. 167-168) chama a atenção
para os demais ambientes, como clubes e parques que em grandes proporções, gera
43
desânimos aos portadores de necessidades especiais, afinal:

Quem não gostaria de, em vez, de subir uma escada


íngreme, subir uma rampa com leve inclinação ou até
subir de elevado. Isto, quando relacionado a espaços de
lazer, tem grande importância, pois o momento de des-
canso e de entretenimento de gerar momentos agradá-
veis e de satisfação, e não de cansaço e constrangimen-
to por dificuldade arquitetônica.

Nesta mesma direção, Meneghetti, et al (2013, p. 9) apontam que “as pessoas


com deficiências têm necessidade de experimentar atividades descontraídas, alegres
e revitalizantes [...]”. Cientes que precisamos avançar no quesito estruturas, cabe a nós,
planejarmos as ações de lazer com os recursos ao nosso alcance, levando ao portador
de necessidades especiais o respectivo contexto social e cultural por meio das relações
desenvolvidas.
Em colaboração, reproduzimos as sugestões de Saviolli (2011) para as atividades
de lazer, veja: passeios, encontros com familiares aos finais de semana, colônia de férias,
acampamento, etc. Concluímos que estas atividades podem ter como participantes
pessoas com e sem necessidades especiais, fazendo jus ao conceito de inclusão.
Ressaltamos que proposta gerida deve oportunizar a acessibilidade de todos, e
isso inclui as diferentes modalidades de lazer, como as físico-esportivas, as manuais, as
artísticas e as intelectuais.

FIQUE ATENTO
A Norma ABNT NBR 9050 “trata sobre Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos e estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados
quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edi-
ficações às condições” (CAU, 2020).

VAMOS PENSAR?
Que tal refletir um pouco mais sobre as atividades inclusivas e as atividades adaptadas?
Uma deve sobrepor à outra? Elas se complementam? Quando optar por elas? Algumas
delas podem gerar exclusão?

BUSQUE POR MAIS

Acesse o link: https://bit.ly/3G2J05V. Acesso em: 20 mar. 2021. e leia o capítulo


3 de Cória-Sabini e Lucena (2015) para compreender mais sobre jogos no am-
biente escolar.
44
Busque compreender o jogo na educação no capítulo 2 com Kishimoto (2016)
no link: https://bit.ly/3yPj10k. Acesso em: 20 mar. 2021.

Veja no link: https://bit.ly/38IG4yW. Acesso em: 20 mar. 2021. Como Tardin (2018)
construiu um jogo pensando na inclusão.

3.3 O JOGO SOB AS PERSPECTIVAS DE FROEBEL

Friedrich Froebel é considerado o psicólogo da infância, isso porque dedicou grande


parte da vida em estudos voltados para a educação infantil, os quais interpreta que os
estágios de desenvolvimento na infância e pós-infância não são segregados (KISHIMOTO,
2011), tendo em vista os aspectos comuns que atravessam todo o desenvolvimento do
ser humano.
Esta ideia de continuidade na tese froebeliana partiu das experiências vida que
Froebel adquiriu em berços evangélicos onde considera que somos seres em permanente
evolução conectados à Deus, da mesma forma, as coisas da natureza (KISHIMOTO, 2011).
Sua pesquisa deu origem ao espaço que reúnem crianças de 0 a 6 anos de idade,
o qual chamou de jardim de infância, pelo entendimento que crianças crescem como
um jardim se regados e cuidados. Seu foco estava voltado para uma aprendizagem
significativa baseada no pilar de aprender fazendo, além disso, se debruçou sobre a
temática do jogo e brincadeiras para o desenvolvimento e educação pelo processo de
auto educar-se (PIETROBOM; KENDZIERSKI, 2012, p. 10).

Para a educação do autoconhecimento com liberdade,


Froebel elege o jogo o seu grande instrumento que, jun-
tamente com os brinquedos faria a mediação para o au-
toconhecimento através do exercício da exteriorização
da essência divina de cada criança.

Percebemos que na teoria froebeliana o jogo e o brinquedo são mediadores entre


a criança e o conhecimento, pois contribuem no sentido de estimular a percepção dos
respectivos dons recebidos de Deus. Kishimoto (2011, p. 61) menciona que esta teoria
não foi a primeira “a analisar o valor educativo do jogo, Froebel foi o primeiro a colocá-lo
como parte essencial do trabalho pedagógico, ao criar o jardim de infância com usos dos
jogos e brinquedos.”
A partir das pesquisas anteriores, Froebel desenha a metodologia que intitula de
dons e ocupações, envolvendo tanto os jogos quanto os brinquedos (KISHIMOTO, 2011, p.
64):
1. dons, materiais como bola, cubo, varetas, anéis etc.,
que permitem a realização de atividades denominadas
ocupações, sob a orientação da jardineira, e 2 brinque-
dos e jogos, atividades simbólicas, livres, acompanhadas
de músicas e movimentos corporais, destinadas a libe-
45
rar a criança para a expressão das relações que estabe-
lece sobre objetos e situações do seu cotidiano.

Diante do exposto percebemos que é necessária a devida orientação no processo


de estimulação e desenvolvimento da criança, que neste caso, é realizada pela jardineira.
Avaliamos, assim, que o jogo e brinquedo se relacionam de forma indissociável
proporcionam as experiências e vivências.
Temos o entendimento que a linguagem é uma forma de se expressar socialmente
e o que Pietrobom e Kendzierski (2012, p. 6) pontuam é que “o brinquedo é uma forma
de autoexpressão”. A ação do brincar se revela um ato necessário e importante para o
desenvolvimento da criança.

FIQUE ATENTO
A teoria froebeliana foca no trabalho educativo, contudo, em grande medida dialoga
com as perspectivas de Jean Piaget.

VAMOS PENSAR?
Considerando os conceitos trabalhados, reflita sobre quais características os ambientes de
aprendizagem, devem ter, pensando na estimulação da criança.

BUSQUE POR MAIS


Para conhecer a biografia de Froebel, veja o capítulo 3 em Kishimoto (2011) no
link: https://bit.ly/39yB9AS. Acesso em: 20 mar. 2021.

3.4 O JOGO SOB AS PERSPECTIVAS DE BRUNER

Jerome Bruner tem grande destaque no campo do currículo, onde apresenta


importantes contribuições acerca da estrutura da matéria para a construção do
conhecimento na educação escolar, onde os conceitos gerais devem anteceder os mais
especializados, de forma natural e gradativa, priorizando o modelo de aprendizagem
significativa (KISHIMOTO, 2011).
O pesquisador defende que o ensino deve estar vinculado a atitude de compreender
“as relações entre os fatos e entre as ideias, única forma de se garantir a transferência
do conteúdo aprendido para novas situações”, por conceber que a aprendizagem é
“captar as relações entre os fatos”, adquirindo novas informações, transformando-as e
transferindo-as para novas situações (BOCK; TEIXEIRA; FURTADO, 2002, p. 219-220).
Vistos tais aspectos, os relacionamos ao jogo e o correlatamos ao desenvolvimento
cognitivo. As vivências do jogo permite que a gente acesse e interiorize não somente
46
as regras postas, mas avance no que tange o desenvolvimento cognitivo, que tem suas
etapas imbricadas a resolução de problemas. Veja o Quadro 3:

0 – 3 anos respostas motoras


3 – 9 anos representações icónicas
10 anos ... Símbolos
Quadro 3: Etapas do desenvolvimento cognitivos, segundo Bruner
Fonte: Adaptado de CRESPO ( 2016).

A etapa caracterizada como respostas motoras, “a criança vai descobrindo o seu


corpo e as suas potencialidades” e envolve em grande medida as ações manipulativas;
na etapa das representações icónicas, ela faz a “relação entre o real e o que está a
representar”, recorrendo muitas vezes à memória visual; na etapa dos símbolos, a
criança a partir dos 10 anos “liberta-se do real e torna-se capaz de representar através de
símbolos, utilizando muito a sua imaginação” (CRESPO, 2016, p. 40).
Crespo (2016, p. 40) diz que neste processo “a criança reorganiza as Informações
recebidas do meio ambiente, age consoante o modo como estruturou essas mesmas
Informações”. A medida em que a criança faz essa relação, ela tem uma aprendizagem
significativa. Outro ponto que Bruner nos chama a atenção é para o conceito de erro.
É comum que durante a aprendizagem a gente perceba e sinalize erros, mas este
processo deve seguir as perspectivas do erro instrutivo. Este conceito como menciona
Bock, Teixeira e Furtado (2002) se opõe a punição pelo erro, a qual não contribui para
o processo de desenvolvimento da criança. Consideramos o erro uma estratégia para
a descoberta, tendo em vista que Bruner defende a aprendizagem por descoberta
estimulando à criança a ação de investigar.

FIQUE ATENTO
A ideia que Bruner traz de conhecimentos gerais para os conhecimentos mais especia-
lizados, segue um percurso de currículo intitulado de currículo espiral, “que consiste no
princípio de que a criança compreende os conteúdos transmitidos através de graus cada
vez mais complexos” (CRESPO, 2016, p. 41).

VAMOS PENSAR?
Os conceitos não devem ser fragmentos em nossa prática, é preciso trazê-los para a nossa
realidade. Pensando nisso, reflita sobre situações utilizando o jogo que contribuem para o
processo de investigação pela criança.

BUSQUE POR MAIS


Para conhecer a biografia de Bruner, veja o capítulo 7 em Kishimoto (2011) no
link: https://bit.ly/3yJSRvO. Acesso em: 20 mar. 2021.
47
Temos ainda o espetáculo para bebês, BebêPlimPlim: https://bit.ly/3MuvUk5.
Acesso em: 20 mar. 2021. , que segundo Broock (2016) tem a ideia fundamenta-
da em Bruner.

Leia o capítulo 2 para melhor compreensão, acessando o link: https://bit.ly/3yR-


vQqK. Acesso em: 20 mar. 2021.
48
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (IF Sul Rio-Grandense- 2021- Adaptado). Os autores Salles, Araújo e Fernandes


(2015) discutiram os resultados sobre como os professores de Educação Física escolar
perceberam a inclusão de alunos com deficiência e quais estratégias utilizaram para
promover essa inserção em suas aulas.

Com base nessa discussão entre os autores, é correto afirmar que

a) a inclusão significa que não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas que é
a escola que deve se adequar às condições e à disposição do aluno.
b) a existência de leis e/ou declarações é capaz de reverter as representações e as práticas
arraigadas de segregação entre pessoas com e sem deficiência.
c) os cursos de formação para docentes são o único meio possível para promover o
reconhecimento do processo de inclusão dentro da educação física escolar.
d) a inclusão deve implicar exclusivamente um ensino individualizado para alunos com
algum tipo de deficiência, tanto dentro quanto fora das salas de aula.
e) a inclusão é um processo natural no cotidiano.

2. (IF Sul Rio-Grandense- 2021, Adaptado). Os processos de inclusão são uma


realidade em muitos espaços educacionais. Vanja Ferreira, na obra: Educação física,
interdisciplinaridade, aprendizagem e inclusão (2006), quando se refere à escola,
à inclusão e à exclusão, indica que cabe ao professor de Educação Física facilitar a
conscientização de elementos que permitem autorregulação para os problemas de
inter-relação, levando, assim, à socialização e à inclusão. Quais são esses elementos?

a) Formativos e éticos.
b) Econômicos e culturais.
c) Socioculturais.
d) Socioafetivos.
e) Éticos

3. (AEVSF/FACAPE- 2021). A Educação Física Inclusiva possui uma característica


fundamental que a define. Seus objetivos demarcam diferenças com a Educação Física
Adaptada. Ambas têm como objetivo o desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor
dos estudantes, mas diferem na maneira de fazê-lo. Marque a alternativa que mais se
alinha com a Educação Física Inclusiva:

I. Muda minimamente as regras de maneira a atender cada tipo de deficiência.


II. Inclui modalidades próprias dos esportes paralímpicos.
III. Rompe com o foco no esporte competitivo.
IV. privilegia o convívio e o bem-estar de todos.

Está correto o que se afirma em:


49
a) I e III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II e IV, apenas.

4. Os estudos realizados por ____________________ trouxeram contribuições para o


entendimento que _____________________ é ferramenta utilizada durante a educação
infantil, em prol de uma aprendizagem significativa. Para o pesquisador, as brincadeiras
e jogos são base para o processo de auto educar-se. Marque a alternativa que completa
as lacunas.

a) Bruner / a brincadeira
b) Froebel / o brinquedo
c) Froebel / o jogo
d) Bruner / o brinquedo
e) Froebel / a recreação

5. (SC- 2018- Adaptada). A teoria froebeliana tem grande influência do campo da


psicologia, e dedica-se ao estudo da infância e o jogo. Defende que os estágios de
desenvolvimento na infância e pós-infância não são segregados. Tais estágios possuem
aspectos comuns que atravessam todo o desenvolvimento do ser humano. Em relação
a Friedrich Froebel e suas teorias, assinale V para Verdadeiro e F para Falso:

(__) Defendia um ensino de obrigações porque o aprendizado depende dos interesses


de cada um e se faz por meio da prática.
(__) O educador considera o início da infância como uma fase de importância decisiva
na formação das pessoas.
(__) Foi o fundador dos jardins-de-infância.
(__) Dizia que a criança é como uma planta em sua fase de formação, exigindo cuidados
periódicos para que cresça de maneira saudável.
(__) Para ele, as brincadeiras não são um recurso necessário da aprendizagem. São
apenas momentos de diversão para as crianças.

Respectivamente temos:

a) V-F-V-V-F
b) V-V-F-F-V
c) F-V-V-V-F
d) V-V-F-V-F
e) F-V-V-F-F

6. Bruner defende em sua teoria que a criança capta as relações entre os fatos, em
seguida, adquiri outras novas informações, transformando-as e transferindo-as para
novas situações. Esta compreensão do desenvolvimento cognitivo pode ser vista em
circunstância em que as ocasiões exigem o raciocínio e a resolução de problemas.
50
Considerando os itens, abaixo, marque a alternativa que caracteriza a etapa de
desenvolvimento cognitivo infantil de 3 a 9 anos de idade.

I. Ilustração de uma história narrada e cartazes


II. Construção de castelo com blocos
III. Releitura de uma pintura em folha de ofício

a) II, apenas
b) III, apenas
c) I e II, apenas
d) I e III, apenas
e) I, II e III

7. (ENADE- 2021). A educação destina-se a múltiplos sujeitos e tem como objetivo a


troca de saberes, a socialização e o confronto do conhecimento, segundo diferentes
abordagens, exercidas por pessoas de diferentes condições físicas, sensoriais, intelectuais
e emocionais, classes sociais, crenças, etnias, gêneros, origens, contextos socioculturais.
É preciso fazer da escola a instituição acolhedora, inclusiva, pois essa é uma opção
“transgressora”, porque rompe com a ilusão da homogeneidade e provoca, quase
sempre, uma espécie de crise de identidade institucional.

Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica.
Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013 (adaptado).

Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre


elas.

I. O processo de inclusão é possível quando, além de outros fatores, o profissional da


educação observa as pessoas como sujeitos que possuem a mesma identidade na
sociedade.
PORQUE
II. O entendimento de que a normalidade social reside nas diferenças entre as pessoas
permite que os professores promovam o acesso às aprendizagens para todos os alunos,
independentemente das características de cada um.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.


b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta
da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

8. (ENADE- 2017).
No ano de 2009, os legisladores da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de
Educação, por meio de políticas nacionais de inclusão escolar, instituíram as Diretrizes
51
Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na educação básica, com
base no documento final da Declaração de Salamanca (1994), em que governantes e
delegados, representando 88 governos e 25 organizações internacionais, em assembleia,
reafirmam a estrutura de ação em educação especial a seguir.
“O princípio que orienta esta estrutura é o que escolas, deveriam acomodar todas as
crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
linguísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças em
situação de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade,
crianças pertencentes minoria linguística, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos
em desvantagem ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes
desafios aos sistemas escolares. No contexto dessa estrutura, o termo “necessidades
especiais” refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais
especiais se originam em função de deficiência ou dificuldades de aprendizagem”.
Com base nas Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado
na educação básica e na Declaração de Salamanca (1994), conclui-se que, nas aulas
inclusivas, o professor deve:

a) respeitar a dificuldade do aluno pertencente ao público-alvo de educação especial,


planejando e elaborando atividades diferentes em consonância com as limitações
impostas por sua condição, o que facilita o seu processo de inclusão escolar.
b) estar preparado para lidar com as diferentes necessidades de aprendizagem de cada
aluno, inclusive com as dos estudantes com deficiência.
c) respeitar a dificuldade do aluno pertencente ao público-alvo da educação especial,
planejando e elaborando avaliações simplificadas e individualizadas.
d) delegar ao aluno pertencente ao público-alvo de educação especial a responsabilidade
por definir os parâmetros de sua própria avaliação.
e) evitar atividades que demandem a adaptação pedagógica ou a utilização de
tecnologias assistivas para atendimento educacional especializado.
52

OS TIPOS DE JOGOS
E PROCESSO DE
SOCIALIZAÇÃO
53
4.1 INTRODUÇÃO
Nesta Unidade vamos conhecer sobre alguns tipos de jogos, entre eles, os jogos
artísticos, que envolvem artes plásticas, teatro e música; os jogos desportivos; os jogos
expressivos que envolvem a dança. Em seguida vamos analisar por perspectivas
piagetiana, como o jogo está implicado ao nosso processo de socialização.

4.2 JOGOS ARTÍSTICOS: ARTES PLÁSTICAS, TEATRO E MÚSICA


Segundo Haetinger e Haetinger (2012) o jogo artístico envolve três dimensões
das artes, são elas: atividades de artes plásticas, atividades de artes teatrais e atividade
de artes musicais; e para ilustrar a concepção de jogos artísticos apresentadas pelos
autores, apresentamos as Figuras 7, 8 e 9, as quais colaboram para o entendimento dos
respectivos conceitos:

Figura 7: Atividades com escultura


Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)

A Figura 7 exemplifica a realização de uma atividade voltada para as artes


plásticas, que usa a argila com o objetivo de construir esculturas. Observamos por meio
da referida Figura que este tipo de atividade trabalha os movimentos manipulativos,
desenvolvendo a coordenação motora fina, além de proporcionar o uso da imaginação
que está implicada ao lúdico.
Takatsu (2015, p. 56) aponta que
Quando se trabalha com as artes plásticas, tendo as ati-
vidades lúdicas como intervenções pedagógicas, esse
aprendizado se torna significativo. Tanto o brincar como
a produção artística estão centrados na busca do criar e
imaginar tanto o novo como o simbólico.

Temos como outros exemplos as atividade de “desenhos, gravuras, recortes,


colagens, maquetes, móbiles, trabalhos com tinta, esculturas, massa de modelar,
dobraduras, quadros, mosaicos, máscaras, vitrais etc.” (HAETINGER; HAETINGER, 2012, p.
26).
Em seguida, temos a Figura 8 representada pelo teatro de fantoches. Ela exemplifica
as atividades das artes teatrais, pois como consideram Haetinger e Haetinger (2012, p
26), as atividades teatrais são “jogos dramáticos, peças, dramatizações, improvisações
teatrais, fantoches, mímicas, teatro de sombra etc.”.
54

Figura 8: Fantoche com E.V.A


Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)

Apesar da Figura 8 apresentar características de um público infantil passivo,


os jogos teatrais são também amplamente utilizados pelos jovens que transitam em
diferentes espaços, como a escola, a igreja, a Organização Não Governamental (ONG) e
até mesmo a praça da cidade, onde se revela uma função comunicativa.
Para Correia e Gomes-da-Silva (2018, p. 919 citado por KOUDELA, 1998, 2010),
os jogos teatrais “são capazes de promover momentos de gênese do improviso”. Tais
improvisos atravessam o âmbito emocional do sujeito participante que em nossa
avaliação, proporciona a liberdade de expressão que se associa a sensação de bem- estar.
Takatsu (2015, p. 19) reitera que:

Nesses jogos, pode-se trabalhar o desenvolvimento do


ser humano de forma integral, levando em considera-
ção os relacionamentos interpessoais, a individualidade,
o coletivo, a afetividade e a inteligência. O trabalho com
jogos dramáticos se dá́ utilizando a criatividade, a dra-
matização e o lúdico no “aqui e agora”.

Como última dimensão, apresentamos os jogos musicais, que se fazem presentes


no desenvolvimento humano tantos nas estruturas motivacionais, como nas cognitivas,
sensório-motoras e corporal-sinestésicas (MIRANDA, 2013), onde temos o lúdico como
matéria prima destas estruturas.
Acerca disso, queremos destacar as obras musicais realizadas pela dupla musical
que compõem a “Palavra Cantada” desenvolvendo a valorização da cultura, dos ritmos
e dos instrumentos brasileiros, mas há ainda os jogos musicais tradicionais, ou seja, os
mais populares como as cantigas de roda do folclore brasileiro.
Para Broock (2016, p. 99) “a representação musical pode ser experienciada a partir do
próprio corpo da criança”, ou seja, “o material sonoro pode ser representado por meio de
sinais corporais”, tendo em vista que existem gestos universais.
Avançando um pouco mais, apresentamos em seguida a Figura 9 para ilustrar a
atividade da dimensão musical, onde Haetinger e Haetinger (2012, p 26) citam como
exemplos: “montagem de instrumentos, ritmos, canto, composição, paródias, coral,
dicção”.
55

Figura 9: Instrumentos musicais recicláveis


Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)

A partir do exposto, compreendemos que os jogos musicais permeiam o imaginário


da criança, tanto no momento da coreografia, quanto na construção de instrumentos
musicais, mesmo que estes sejam de materiais recicláveis. Assim, de lúdica o nosso
imaginário ultrapassa o que é real e concreto ao seu redor.

FIQUE ATENTO
“Palavra Cantada” é formada pela dupla Sandra Peres e Paulo Tatit que reúnem um re-
pertório autoral onde misturam músicas e brincadeiras.

VAMOS PENSAR?
Pense um pouco mais sobre a questão do improviso nos jogos teatrais. De que forma é pos-
sível tratar o improviso para que não seja entendido com algo descompromissado?

BUSQUE POR MAIS


Veja no link um modelo de aula utilizando os jogos musicais: https://bit.ly/3LCj-
FB6. Acesso em: 20 mar. 2021.

Veja em Broock (2016) no capítulo 4, como o corpo torna-se uma representação


musical, pelo link: https://bit.ly/3PzkldC. Acesso em: 25 mar. 2021.

Veja e Takatsu (2015) uma breve síntese sobre a música e teatro no link: https://
bit.ly/3Lwt3WJ. Acesso em: 25 mar. 2021.

Conheça com Takatsu (2015) músicas folclóricas e juninas no link: https://bit.


ly/3LoOBo8. Acesso em: 25 ma. 2021.
56
4.3 JOGOS DESPORTIVOS

É preciso explicarmos que impulsionados pela falta de consenso entre autores, bem
como a aproximação no significado dos termos, construímos esta seção considerando
o jogo desportivo e esportivo no mesmo sentido semântico. Sendo assim, adotaremos
para a padronização, o termo anunciado no título.
Acerca dos jogos desportivos inferimos que estes tencionam uma reflexão sobre a
forma que são conduzidos, e apontamos isso pelo fato de propiciarem a competição e a
exclusão, caso não estejam vinculados à proposta de função social.
Nesta mesma direção, concordamos com Haetinger e Haetinger (2012, p. 27) ao
conceberem que “os jogos desportivos entre crianças devem valorizar as atividades
físicas, motoras e emocionais, e não a competição, sob a pena de serem excludentes e
não inclusores”.
Partindo desta ideia podemos sistematizá-los como um tipo de jogo que gera
competição entre os participantes, os quais estão sob um conjunto de regras a serem
respeitadas, onde se busca alcançar o melhor resultado no placar. Em contribuição, Koch
(2005) ressalta o controle e o direcionamento, como elementos importantes no jogo.
Tais características devem receber demasiada atenção, justamente, para que o caráter
excludente por habilidade, gênero ou outros, não sejam privilegiados, e sim, haja a
valorização e o reconhecimento da socialização. Como exemplos de jogos desportivos,
podemos citar inúmeros, contudo, apontamos os mais populares de nível nacional e
internacional, sendo o futebol, o handebol e o vôlei (os coletivos), e a corrida e o ciclismo
(os individuais).
Tantos os coletivos quantos os individuais estão subordinados a um regulamento,
para que os participantes tenham condições igualitárias em jogo. Gostaríamos de citar,
ainda, o jogo pré-desportivo na educação física. Segundo Goulart (2018), este tipo de
jogo antecede o desportivo para promover o aprendizado do mesmo e a sua condução
se difere bastante, a exemplos, o tempo de duração e demais regras são adaptadas e o
perfil é mais recreativo.

FIQUE ATENTO
Abordamos o jogo desportivo em uma perspectiva social e inclusiva, mas devemos ter
explícito, que em competições de alto rendimento, o caráter excludente é uma caracte-
rística necessária.

VAMOS PENSAR?
Reflita sobre a seguinte situação hipotética: Você foi convidado a estar desenvolvendo uma
equipe juvenil de handebol na comunidade da cidade, sendo que os interessados em par-
ticipar da equipe não têm conhecimentos prévios sobre o desporto. Quais jogos pré-des-
portivos você poderá estar trabalhando para que se desenvolva as habilidade necessário
no basquete?
57
BUSQUE POR MAIS
Aprofunde a leitura sobre os esportes de invasão mais populares, como futsal,
futebol, basquete e handebol em Micaliski (2020) no link: https://bit.ly/3wsLZ4f.
Acesso em: 25 mar. 2021.

Veja em Koch (2005) sobre os pequenos jogos esportivos pelo link: https://bit.
ly/3sLTAsy. Acesso em: 25 mar. 2021.

4.4 JOGOS EXPRESSIVOS: DANÇA

Para abordarmos os jogos expressivos, que tratam sobre a dança, trazemos a cena
uma discussão sucinta sobre o corpo, que ainda segue sendo motivo de muita polemica
na sociedade.
Com uma ideia cristã de corpo sagrado herdada da Idade Média, somos
repreendidos, principalmente o corpo feminino, pelo fato de usarmos o corpo como
linguagem para expressarmos as nossas sensações e emoções, como por exemplo, em
situações como saltar de alegria, o corpo se movimenta quase que involuntariamente,
isso por conta das nossas emoções expressadas.
E com a dança não ocorre de maneira tão distinta, tendo em vista que ela faz parte
da nossa primeira infância, e que no decorrer dos anos, criamos limitações para o corpo e
por consequência, para a comunicação por conta das repressões e preconceitos sociais,
sendo que tais limitações seguem se reverberando ao longo do nosso desenvolvimento,
e não apenas na forma física. Takatsu (2015, p. 60) ressalta que “quando alguém tem mais
conhecimento sobre seus movimentos e seu corpo, tem uma autoestima mais elevada”.
Além disso, reiteramos que concordamos com Marques (2012) ao considerar a
dança um signo, ou seja, uma forma de linguagem. Esta forma de comunicação quando
trabalhada de forma lúdica, favorece a descoberta de nossas potencialidades, como
por exemplo, a amplitude articular. Não obstante, em uma dimensão mais psicológica,
nos revela que podemos conduzir a nossa própria história.. Sendo assim, veja que a
dança tem um campo de atuação muita maior que o entendimento de um corpo como
máquina.
Queremos destacar que a dança não se esgota em decorar passos de forma
irrefletida e mecânica. Trazemos à tona as perspectivas da arte e da linguagem como
importante propulsores da expressividade, a qual podamos ao longa da nossa vida
(MARQUES, 2014). Em contribuição Haetinger e Haetinger (2012, p. 26) considerarem
que todos os jogos podem ser considerados expressivos, contudo, afunilam os olhares
para os jogos onde têm a expressão a principal habilidade, tais como as atividades que
envolvem a expressão corporal, ritmos e movimentos.
Para melhor compreensão, vaja a Figura 10 e a respectiva análise.
58

Figura 10: Dança de rua


Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)

A Figura acima demonstra passos da dança de rua conhecida como break, que,
comumente, é usada nas disputas de passinhos. Os movimentos da dança exploram a
amplitude do corpo descobrindo e explorando as potencialidades deste corpo, dando
a liberdade de criar, além de apresentar a sua subjetividade, a história e a cultura da
população de periferia, que em muitas situações trazem na música e no movimento,
denúncias de descasos nas periferias urbanas.

FIQUE ATENTO
A Disputa de passinho são batalhas onde os oponentes fazem coreografias que acom-
panham um ritmo musical acelerado, “contorcendo todo o corpo, abaixando e subindo,
enquanto as mãos são responsáveis por movimentos que se comunicam, seja com o
oponente na batalha, seja com o público” (OTEMPO, 2014, documento online).

VAMOS PENSAR?
A dança sempre é muito polêmica e sofre muitas repressões sociais quando envolve o
corpo masculino. Pense em alternativas que possam trabalhar a questão do preconceito
diante da afirmativa.

BUSQUE POR MAIS


Veja e Takatsu (2015) uma breve síntese sobre a dança no link: https://bit.
ly/3Pw0U5c. Acesso em: 25 mar. 2021

Veja com a dança pode ser um vetor de conhecimento e informação no link:


https://bit.ly/3MrRbem. Acesso em: 25 mar. 2021.

Veja mais sobre a disputa de passinhos em: https://bit.ly/38F2Jwf. Acesso em: 25


mar. 2021.
59
4.5 O JOGO NO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO

Podemos perceber que o que vimos sobre os jogos nesta Unidade, nos leva ao
entendimento de que estes são importantes ferramentas para o processo de socialização,
pelo fato de oferecerem espaços para trocas e compartilhamentos. Sendo assim, a
socialização ocorre por um processo de construção.
Para melhor explicar este caminho percorrido, vamos dialogar com a teoria do
interacionista Jean Piaget com base no Quadro 4. Veja:

• Primeiro 18 Jogo de exercício • Repetições funcionais e agradáveis


meses
• Aos 12 meses • Repetições fortuitas e combinações de
• ações e de manipulações
• Aos 2 anos Jogo simbólico • Predominância do jogo simbólico (ficção,
• imitação e faz de conta)
• 7 a 11 anos Jogos de regras • Maior interação social, menos posições
• individuais
Quadro 4: Estágios do jogo, segundo o desenvolvimento humano (Jean Piaget)
Fonte: Adaptado de Kishimoto (2016)

O Quadro anunciado apresenta que ao longo do nosso desenvolvimento,


atravessamos os três estágios do jogo. Analisamos que nos primeiros meses de vida da
criança tem o próprio corpo como mediador do jogo, onde pequenos gestos como levar
a mão ao rosto, repetidas vezes se torna um jogo.
No segundo estágio a criança permanece egocêntrica, centrada em si, porém,
agora com a predominância do jogo simbólico de acordo com a realidade externa. Já no
terceiro estágio, Piaget traz o jogo com regras como um importante marco em nossas
vidas, pois é nele que passamos a nos relacionar, ocorrendo (KISHIMOTO, 2016, p. 42)

a transição da atividade individual para a socializada.


Esse jogo não ocorre antes de 4 a 7 anos e predomina
no período de 7 a 11 anos. Para Piaget, a regra pressupõe
a interação de dois indivíduos e sua função é regular e
integrar o grupo social.

É neste estágio que passamos a preconizar os ideais coletivos, tendo a assimilação


das regras como ponte para a interação nos grupos de convivência, tendo em vista
que no decorrer das interações nos jogos, ocorre a interiorização das regras, que são
transportadas para a vida real. Estas transferências para a vida real colaboram para a
organização social.
Mas destacamos que o jogo como ferramenta de socialização está para além da
obediência de regras. Cordeiro (2009, p. 20) diz que:

Quando a criança se relaciona espontaneamente com


outras crianças, desenvolve uma autoimagem positiva
de si mesma, e sente-se confiante segura a investir nas
relações e nas trocas afetivas. Aos adultos cabe a tarefa
de promover os encontros sociais, buscando descobrir o
prazer da convivência.
60
Sendo assim, o jogo no processo de socialização alimenta a autoestima e laços
afetivos em suas redes sociais. Fazendo ainda uma correspondência com a perspectiva
de Jean Piaget, a partir dos 7 anos de idade a criança segue para a fase que está propensa
as interações, inscrevendo novas aprendizagens sobre as posições individuais, contudo,
Cordeiro (2009) traz a questão do estímulo que o adulto deve promover.
Apesar do estágio ser uma sequência biológica para Jean Piaget, é preciso que
haja a oferta deste ambiente. Estes elementos conjugados nos revela a ideia de que a
socialização é um processo.

FIQUE ATENTO
Jean Piaget é considerado um teórico interacionista porque defende a dimensão orgâ-
nica do sujeito, visto a sequência de estágios a ser percorrido, bem como a influência do
ambiente.

VAMOS PENSAR?
Considerando que é comum interagirmos com o bebê enquanto ele ainda está no útero
materno, é possível reconhecer que a socialização ocorre ainda na vida uterina? Reflita
sobre isso e pesquise argumentos que concordam ou que refutam tal ideia.

BUSQUE POR MAIS


Veja mais sobre o jogo na concepção de Jean Piaget com Lino de Macedo
(2009) no link: https://bit.ly/3wufumj. Acesso em: 25 mar. 2021.

Leia sobre o egocentrismo da criança no estágio de desenvolvimento cognitivo


chamado por Piaget de período pré-operatório em Dumart (2015). no link: ht-
tps://bit.ly/38xDBYl. Acesso em: 25 mar. 2021.
61
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (SEDF / QUADRIX- 2017- Adaptado). Os jogos escolares servem para a fraternidade! Para
a socialização dos participantes! Para a prática salutar das atividades gimnodesportivas!
Para a Educação, enfim... — Seu Diretor, a sua escola participa dos Jogos Escolares? —
Claro! Somos uma instituição educacional. — E quais foram os resultados educacionais
da participação do seu colégio? — Duas medalhas de ouro, cinco de prata, três
terceiros lugares, e o nosso time de basquete tava massacrando o inimigo quando foi
desclassificado por um juiz ladrão. — Ah!!! V. Bracht. Esporte na escola e esporte de
rendimento. In. Movimento. Porto Alegre/RS, v. 6, n.º 12, 2000, p. 14-24. Considerando o
diálogo e as tensões é correto afirmar que:

a) A postura do diretor não corresponde ao jogo em um ambiente escolar, onde visa a


socialização dos participantes.
b) A conquista das medalhas é o resultado que se espera dos jogos que objetivam a
socialização entre os participantes.
c) O esporte de alto rendimento tem como característica acumular medalhas por pontos
ou performances, então, o diretor mantém-se alinhado com as perspectivas da educação
física escolar.
d) A participação em jogos estudantis não deve se limitar a prática inclusiva e de
socialização, e sim, perceber ali a oportunidade de se destacar.
e) Tanto o esporte de alto rendimento quanto o esporte para socialização, devem estar
presentes nas aulas de educação física escolar.
Gabarito
Alternativa a. O diretor demonstra um a postura excludente e alta performance ao
tratar os jogos escolares objetivando apenas o ganho de medalhas. Esta postura está na
contramão da proposta educacional, que tem cunho inclusivo e de socialização.

2. (SC/OS Concursos- 2021- Adaptado). Considerando a leitura da Unidade 4, podemos


classificar os jogos em grandes grupos, são eles: _____. Marque a alternativa que
corresponde à lacuna.

a) Jogos artísticos, jogos expressivos, jogos recreativos e brincadeiras, jogos desportivos.


b) Jogos artísticos, jogos expressivos, jogos de mímica, jogos desportivos.
c) Jogos artísticos, jogos expressivos, jogos de tabuleiro.
d) Jogos teatrais, jogos musicais, jogos desportivos.
e) Jogos artísticos, jogos desportivos, jogos expressivos.

3.(AMEOSC- 2021- Adaptado). Analise as assertivas a luz dos jogos.

I. Através dos jogos a criança pode estimular o desenvolvimento do seu raciocínio lógico,
da cooperação, criatividade, coordenação, imaginação e socialização.
II. Os jogos podem oportunizar aos alunos aprenderem a respeitar regras, discutir,
inventar, criar e transformar o mundo onde estão inseridos.
III. O jogo não pode se constituir em uma atividade organizada por um sistema de regras.
62
Está (ão) CORRETA (S):

a) Apenas o item I está correto.


b) Apenas o item III está correto.
c) Apenas os itens I e II estão corretos.
d) Apenas os itens II e III estão corretos.
e) Os itens I, II e III estão corretos.

4. (AMEOSC- 2021- Adaptado). No tocante aos princípios, finalidades e objetivos da


educação física, podemos afirmar que é por meio de vivências corporais e interações
sociais éticas que o sujeito__. Marque a alternativa que corresponde a lacuna.

a) Aprende a viver plenamente sua corporeidade, de forma lúdica, tendo em vista a


qualidade de vida, a estética corporal padrão, a promoção e manutenção da saúde.
b) Aprende a viver parcialmente sua corporeidade, de forma competitiva e disciplinada,
postergando os cuidados com a promoção e manutenção da saúde.
c) Apropria-se de conhecimentos sobre o corpo e suas práticas, desenvolve sua identidade,
amplia sua capacidade de escutar e dialogar, de trabalhar em equipe, de conviver com
o incerto, o imprevisível e o diferente.
d) Aprende a conhecer e a perceber, de forma permanente e contínua, seu corpo,
suas limitações, na perspectiva de superá-las, e suas potencialidades, no sentido de
desenvolvê-las, de maneira dependente e responsável.
e) Passa a ser disciplinar.

5. Considerando os tipos de jogos, associe a primeira coluna com a segunda:

Primeira coluna:
1- jogos artísticos
2- jogos expressivos
3- jogos desportivos

Segunda coluna:
( ) uma forma de linguagem que, quando trabalhada de forma lúdica, permite às
crianças a descoberta de suas potencialidades de movimento, permitindo que se torne,
também, protagonista de sua história.
( ) são jogos dramáticos, peças, dramatizações, improvisações teatrais, fantoches,
mímicas, teatro de sombra etc.
( ) os jogos desportivos entre crianças devem valorizar as atividades físicas, motoras e
emocionais, e não a competição, sob a pena de serem excludentes e não inclusores.

Marque a alternativa que corresponde a sequência da segunda coluna.

a) 1, 2, 3
b) 2, 1, 3
c) 1, 3, 2
d) 3, 2, 1
e) 3, 1, 2
63
6. Sendo os jogos as atividades que promovem interação, as suas variações vão depender
dos objetivos e da forma em que são conduzidos. Marque a alternativa que corresponde
aos jogos artísticos envolvendo artes plásticas.

a) esculturas e dobraduras
b) paródias e recortes
c) futsal adaptado e maquetes
d) pintura de quadro e teatro de sombras
e) dramatizações e fantoches

7. (AMEOSC- 2021- Adaptado). De acordo com a arte-educadora e artista visual Laura


Aidar, a dança é um tipo de manifestação artística que utiliza o corpo como instrumento
criativo. Geralmente, essa forma de expressão vem acompanhada por música. Entretanto,
também é possível dançar sem o apoio musical. Na dança, as pessoas realizam
movimentos ritmados, seguindo uma cadência própria ou coreografada, originando
harmonias corporais. Nesse contexto verifica-se que a dança:
a) Independente das influências culturais, bem como da época, pois a dança permanece
inalterada e conserva toda a tradição de um povo.
b) Representa características, expressões, sentimentos, comunicações e representações
de um povo.
c) É uma manifestação rítmica, com base na expressividade e de cunho artístico e não
contém qualquer elemento da chamada linguagem corporal.
d) Representa uma forma de expressão corporal baseada em gestos padronizados, que
necessariamente requer habilidade para execução.
e) É uma sequência de passos ensaiados.

8. O pesquisador interacionista Jean Piaget desenvolveu uma teoria que abarca o


conceito do jogo durante o desenvolvimento da criança. Ele dividiu em três estágios
a nossa passagem evolutiva, sendo: jogo de exercício, jogo simbólico e jogo de regras.
Neste sentido, avalie os itens abaixo:

I. Jogo de exercício é representado por repetições funcionais e agradáveis, havendo


combinações de ações e de manipulação.
II. Jogo simbólico predomina o simbolismo como a ficção, a imitação e o faz de conta.
III. Jogo de regras proporciona mais interação social e menos posições individuais.

Marque a alternativa que apresenta o/s item/ns correto/s.

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I, II e III.
64

LAZER E RECREAÇÃO
NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO FÍSICA
65
5.1 INTRODUÇÃO

Nesta Unidade vamos abordar como o lazer e a recreação vão ao encontro


do componente curricular da educação física, apresentando quais são os espaços
públicos e privados e equipamentos que servem para as práticas citadas. Além disso,
problematizamos o meio ambiente como espaço de interação do ser humano, a partir
de uma conduta ética.
Neste interim apontamos os campos de trabalho para os profissionais formados em
licenciatura e bacharelado, finalizando a unidade apresentando o perfil do profissional
que desejam trabalhar com o lazer e a recreação.

5.2 O LAZER E A RECREAÇÃO NA TRAJETÓRIA DA


EDUCAÇÃO FÍSICA

Na Unidade 1 vimos a história e as demarcações legais do lazer e da recreação, como


também vimos que sob o entendimento de Haetinger e Haetinger (2012), a recreação
está contida no lazer e ambos proporcionam prazer, mas a recreação tem de específico,
as práticas recreativas e o conceito de ludicidade.
A leitura da referida Unidade é fundamental para o entendimento desta seção da
Unidade 5, pois, aqui, apresentamos aspectos históricos mais específicos que trazem
o lazer e a recreação para o contexto da educação física no Brasil, que surge por uma
perspectiva de controle e submissão.
Daniach (2020) menciona que o auge dos estudos sobre recreação e lazer em Brasil
foi na década de 1970, este sendo um período intensamente marcado pela ditadura
militar. Os aparelhos sociais, como a escola, estavam a serviço da propagação dos valores
proclamados na época.
Os ideais difundidos neste período tinham como plataforma a “política de
embranquecimento da população” (DANIACHI, 2020, p. 13) e, tanto o currículo escolar
quanto a proposta da escola tornou-se reflexo da política implantada. Na educação física
houve um significativo investimento no esporte de alto rendimento, tornando as aulas
maçantes pelo método de repetição e execução perfeita do movimento.
Cayres-Santos (2020, p. 194 citado por FIORANTE I, 2015) contribuem para
entendimento do impacto deste período histórico na educação física no Brasil:
O desenvolvimento da Educação Física Brasileira até a
década de 80 do século passado foi marcado pela pre-
sença de pressupostos de caráter higienista, militarista
e esportivista, os quais estavam intimamente relacio-
nados com a prática pedagógica dos professores des-
ta área. Esta realidade revelou que a Educação Física é
filha de cada época, estando, portanto, sujeita a trans-
formações e necessidades referentes a cada momento
histórico.

Na Unidade 1 vimos a história e as demarcações legais do lazer e da recreação, como


também vimos que sob o entendimento de Haetinger e Haetinger (2012), a recreação
está contida no lazer e ambos proporcionam prazer, mas a recreação tem de específico,
66
as práticas recreativas e o conceito de ludicidade.
A leitura da referida Unidade é fundamental para o entendimento desta seção da
Unidade 5, pois, aqui, apresentamos aspectos históricos mais específicos que trazem
o lazer e a recreação para o contexto da educação física no Brasil, que surge por uma
perspectiva de controle e submissão.
Daniach (2020) menciona que o auge dos estudos sobre recreação e lazer em Brasil
foi na década de 1970, este sendo um período intensamente marcado pela ditadura
militar. Os aparelhos sociais, como a escola, estavam a serviço da propagação dos valores
proclamados na época.
Os ideais difundidos neste período tinham como plataforma a “política de
embranquecimento da população” (DANIACHI, 2020, p. 13) e, tanto o currículo escolar
quanto a proposta da escola tornou-se reflexo da política implantada. Na educação física
houve um significativo investimento no esporte de alto rendimento, tornando as aulas
maçantes pelo método de repetição e execução perfeita do movimento.
Cayres-Santos (2020, p. 194 citado por FIORANTE I, 2015) contribuem para
entendimento do impacto deste período histórico na educação física no Brasil:
O desenvolvimento da Educação Física Brasileira até a
década de 80 do século passado foi marcado pela pre-
sença de pressupostos de caráter higienista, militarista
e esportivista, os quais estavam intimamente relacio-
nados com a prática pedagógica dos professores des-
ta área. Esta realidade revelou que a Educação Física é
filha de cada época, estando, portanto, sujeita a trans-
formações e necessidades referentes a cada momento
histórico.

A concepção higienista trazia a ideia de corpo saudável e a fomentação dos hábitos


de higiene; a concepção militarista, chamada também de tecnicista, e a concepção
esportivista preparavam os jovens para o combate além de discipliná-los a executarem
os movimentos de forma eficiente, sem o exercício da reflexão e questionamento,
valorizando a capacidade física e um corpo mecânico (CAYRES-SANTOS, 2020). Em
específico sobre o modelo esportivista, Daniach (2020) menciona que até hoje é uma
metodologia de ensino presente nas escolas e universidades.
Vimos mais na Unidade 1 que a recreação não se distanciou desta perspectiva
de controle e disciplina. Somente a partir da redemocratização da sociedade com a
promulgação da CF em 1988, novos ideais sobrepuseram tais concepções tradicionais
e originaram-se tendências mais sociais e progressistas, as quais compreendem o ser
humano em sua totalidade, ampliando a ideia do corpo para além de um aparelho
biomecânico e alienado.
Acerca da metodologia recreacionista, esta surge com duras críticas a
metodologia esportivista, indo de encontro aos seus ideais, contudo (DANIACHI, 2020, p.
27)
essa concepção voltou-se a outro extremo, pois para,
contrapor uma metodologia tão castradora, limitada,
seletiva e até mesmo preconceituoso, surgira, ideias
bastantes libertário, em que os próprios alunos deci-
diam o que iam fazer nas aulas, de que forma fariam as
atividade e quais materiais utilizariam.
67
Isso contribuía para a presença da competição nas aulas da educação física
marcando a recreação nas escolas, tendo em vista que era mais latente a presença
dos jogos e as práticas inclusivas (DANIACHI, 2020). As aulas se distanciam do estado
maçante e reprodutivista para dar espaço à recreação que favorece o lazer aos envolvidos,
deixando as aulas mais prazerosas. A seguir, na próxima seção vamos verificar que as
práticas de recreação e lazer podem ser realizadas em diferentes ambientes, não sendo
uma exclusividade da escola.

FIQUE ATENTO
Consideramos o uso da palavra “redemocratização” devido ao período de censura que o
Brasil viveu no Regime Militar. Entendemos que o processo democrático foi interrompido
na década de 1960 e retomado apenas após a saída dos militares do poder.

VAMOS PENSAR?
Busque na sua memória as cenas das aulas de educação física enquanto aluno do ensino
fundamental e ensino médio. Você consegue correlacionar as aulas com as abordagens
apontadas? Agora, enquanto profissional, que abordagem, ou quais, você considera mais
apropriada para o contexto social de hoje?

BUSQUE POR MAIS


Para conhecer mais sobre as concepções e tendências da veja os pressupos-
tos da educação física com Cayres-Santos e Ungari (2020) no link: https://bit.
ly/39Dq6q2. Acesso em: 25 mar. 2021.

Veja sobre o lazer nas brincadeiras e jogos no capítulo 4, com Silva, Pimentel e
SCHWARTZ (2021), no link: https://bit.ly/3Ns67cq. Acesso em: 25 mar. 2021.

5.3 LAZER E RECREAÇÃO: ESPAÇOS PÚBLICOS E


PRIVADOS E EQUIPAMENTOS

O lazer e a recreação não são exclusividades dos ambientes escolares, vamos ver
nesta seção uma série de alternativas de ambientes que podem ser utilizados para estas
práticas, sendo eles de caráter público e de caráter privado.
Para o entendimento de espaço público recorremos as considerações apresentadas
por Bovo Martins (2016 apontado por CASTRO, 2002), que anuncia o espaço público como
um produto de uso social, e propõe que o acesso é correlacionado a livre circulação de
forma gratuita. Diferente do espaço privado, onde a livre circulação é restrita, pelo fato
do espaço em questão ter uma visão voltada para os rendimentos e lucros.
68
A utilização de espaços públicos para lazer é uma alternativa, contudo, devemos
estar preparados para lidar com questões como de manutenção e conservação. Como
menciona Santana e Alves (2014), a administração destes espaços pertence às esferas
de governo, no entanto, inferimos que cabe aos usuários zelar por sua preservação.
Temos como exemplos de opções de lazer em espaços públicos como praças, quadras e
parques, ondem podemos realizar piqueniques, andar de bicicleta, até mesmo patinar.
Dependendo da estrutura física do espaço, há incontáveis possibilidades. Veja na Figura
11 um destes exemplos.

Figura 11: Piquenique no Parque do Ibirapuera em São Paulo


Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)

A Figura 11 representa uma atividade de lazer no Parque, espaço público no Estado


de São Paulo. Sobre os espaços privados Santana e Alves (2014) explicam que é de caráter
particular, sendo a manutenção responsabilidade do proprietário, onde passa a ser
subsidiada em grande medida pelas cobranças de ingresso para acesso. Destacamos
que mesmo havendo interesse mercadológico no espaço, a ideia de preservação deve
ser levada em consideração por seus usuários, que podemos considerar como um
comportamento de respeito convencionado.
Apontamos para as praças, quadras e parques como espaços de lazer, sendo
que tais exigem, minimamente, equipamentos disponíveis, os quais também têm
a sua manutenção de responsabilidade de outrem. Na dimensão dos equipamentos,
apontamos para os específicos considerando a dimensão física de espaço e finalidades,
que são classificados em três categorias (SANTANA; ALVES, 2014, p. 194-195, citado por
BRUHNS, 1997)
Equipamentos especializados ou microequipamento:
são os equipamentos destinados a atender uma ati-
vidade específica ou um conteúdo cultural específico.
Têm-se como exemplo as academias de ginásticas,
teatros, centros esportivos, cinemas, bibliotecas etc.
Equipamentos polivalentes: podem ser classificados
como equipamentos médios ou macroequipamen-
tos. Os equipamentos médios polivalentes são
destinados a receber uma programação diversifi-
cada, atendendo a vários interesses socioculturais,
que comportam um número de 2.500 pessoas por
dia e até 5000 em eventos nos fins de semana. Tem
como exemplos: centros culturais, esportivos, comuni-
tários e etc. E os Macroequipamentos são destinados
ao atendimento de massa contemplando programação
69
diversificada. Exemplos são os parques temáticos, reser-
vas ecológicas, parques aquáticos, dentre outros.
Equipamentos turísticos: todos aqueles destinados
a atividade turística. Compreende uma diversificação
de ofertas que possam atender as necessidades dos
turistas. É composto por hotéis, acampamentos, pousa-
das, colônias de férias etc.

Perceba que os equipamentos especializados oferecem estruturas voltadas para


tal finalidade em si, diferente dos equipamentos polivalentes, pois estes trazem a ideia
de múltiplas funções. Por último, os hotéis, pousadas e atividades em acampamentos
promovem atrativos para a exploração turística. Sendo estes as três categorias de
equipamentos específicos.
Não obstante, apresentamos os equipamentos não específicos do lazer, ou seja,
sua finalidade não é o lazer, contudo, é possível vivenciá-lo, exemplificamos como “a
casa, a rua, a escola e até mesmo, o ambiente de trabalho” (SANTANA; ALVES, 2014, p.
196).
Mencionamos acima equipamentos que também encontramos nas organizações
privadas. Ribeiro (2014, p. 78) apresenta exemplos de organizações privadas, sinalizando
alguns ambiente e espaços:
hotéis de lazer (resorts, spas, fazendas etc.), acampa-
mentos, campings, condomínios, shoppings, buffets,
parques de diversões temáticos e aquáticos, navios de
cruzeiros, empresas de recreação e eventos, brinquedo-
tecas, casas de repouso ou asilos, hospitais, restauran-
tes, livrarias, clubes, academias, empresas específicas
de lazer e recreação etc.

Dentre os exemplos apresentados acima pela autora, inferimos que alguns destes
citados, são vistos também em espaços com acesso público, como é o exemplo da
brinquedoteca e livrarias. Isso ocorre pela iniciativa das ONGs por meio de projetos que
buscam atuar nas demandas em que o Estado não está presente.
Concluímos assim que tantos os espaços públicos, os espaços privados, quantos
os espaços administrados pelas ONGs, são ambientes que oferecem lazer e recreação
promovendo a socialização.

FIQUE ATENTO
Entende-se por esfera de governo: municipal, estadual e federal.

VAMOS PENSAR?
Veja sobre as novas tendências e protocolos da recreação hoteleira pós pande-
mia, disponível em: https://bit.ly/3PKEduv. Acesso em: 25 mar. 2021. E reflita sobre
as adaptações do profissional neste novos tempos. Você acha que está prepara-
do para estes novos desafios?
70
BUSQUE POR MAIS
Veja em Cavallari (2011) a recreação hoteleira no link: https://bit.ly/38y85JP.
Acesso em: 25 mar. 2021.

Em Marcelino (2019) conheça um repertório de atividades de recreação e la-


zer para hotéis, acampamentos, prefeitura, clubes e outros, pelo link: https://bit.
ly/3NlAdyi. Acesso em: 25 mar. 2021.

Conheça mais sobre as organizações públicas e provadas com Ribeiro (2014) no


link: https://bit.ly/3yPKQpg. Acesso em: 25 mar. 2021

5.4 LAZER E MEIO AMBIENTE

Consideramos esta seção uma das mais importantes neste livro didático, isso
porque, há uma memória justa, coletiva e legal de que o meio ambiente precisa ser
preservado. Sobre esta assertiva não temos dúvidas, no entanto, reiteramos que é
possível que haja a interação entre o ser humano e o meio ambiente em uma proposta
de lazer, de modo que se possa contemplá-lo seguindo condutas éticas.
Quando nos referimos às condutas éticas, queremos apontar as considerações de
Marinho (2004, p. 12):
O empenho pela ética, pelo respeito às diferentes for-
mas de vida, o incentivo pela autonomia, pela solidarie-
dade e pela democracia são algumas das metas cultiva-
das e almejadas tanto pelo lazer quanto pela educação
ambiental. Infelizmente, a educação formal deixa suas
funções a desejar uma vez que parece se ater apenas
a um ensino teórico massivo ou a práticas esvaziadas
de conteúdos e, nesse processo, com o sentido de su-
peração, a educação para o lazer e a educação ambien-
tal têm ambas como finalidade a formação de sujeitos
conscientes, sensíveis e críticos no que se refere ao tem-
po livre e à natureza.

Nesta concepção temos o meio ambiente e o lazer a favor da formação para a prática
do cidadão. A interação entre ser humano e natureza contribui de maneira significativa
para “o despertar de uma sensibilidade e de uma responsabilidade ambiental coletiva,
contribuindo, até mesmo, para impulsionar o estabelecimento de políticas em níveis
local e global” (MARINHO, 2004, p. 12).
Destacamos que a vida agitada decorrente das demandas que queremos abraçar
nos levou cada vez mais para os centros das cidades, onde somos cercados de arranhas
céus, comércio e indústrias, contudo, atualmente, buscamos mais por áreas verdes
71
quando não estamos envolvidos nestas demandas estando, assim, mais perto do meio
ambiente. Tal comportamento pode ter sido impulsionado pelas macro ações que
envolvem o turismo.
A Medida Provisória nº 1.795, de 31 de dezembro de 1998 dispõe sobre a organização
dos Ministérios da República e podemos ver duas pastas listadas no Artigo 13º, inciso VIII,
que intitula Ministério do Esporte e Turismo. De igual forma está a Medida Provisória
nº 2.216-37, de 31 de agosto de 2001 (BRASIL, 1998, documento online; BRASIL, 2001,
documento online).
As Medidas tomaram força de Lei, onde o Ministério do Esporte que foi fundando em
1995, em 1998 passa ter em sua administrar o campo do turismo. Somente no ano de 2003
o Esporte e o Turismo se desvincularam, tendo cada um as suas pastas independentes
(BRASIL, 2003, documento online). Mesmo que por um período relativamente curto
de trabalho híbrido, heranças foram deixadas, e quando abordamos o lazer e o meio
ambiente, temos uma linha tênue que nos separa do campo do turismo.
Acerca disso, temos atividades realizadas em eventos que são construídos com
parcerias de secretarias e departamentos. Ribeiro (2014, 76) considera que quando a
cidade consegue sediar eventos ou etapas de eventos a partir da organização das suas
secretarias, a economia da cidade é movimentada, pois “atraem turistas que ocupam
os meios de hospedagem, gastam nos restaurantes, nos bares, compram passeios etc.”.
Como exemplo a autora cita eventos como o “Circuito Adventure Camp, corrida de
aventura nacional e no Campeonato Brasileiro de Rafting”.
Seguindo esta direção, apresentamos a Figura 12 que representa uma experiência
exitosa envolvendo o departamento de agricultura e meio ambiente e turismo.

Figura 11: Canoagem com plantio de mudas em Miracatu/SP


Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)

A Prefeitura de Miracatu em comemoração aos 83 anos da cidade sediou um


evento de canoagem seguido de plantio de mudas, promovido pelo Departamento de
Agricultura e Meio Ambiente. Em parceria, o Departamento de Turismo, situado no Ginásio
de Esportes da cidade encarregou-se pelas inscrições dos candidatos (CLICRIBEIRA,
2021, documento online).
Tal prática pode ser contextualizada com a educação ambiental a partir do
problema do desmatamento, e a necessidade do reflorestamento. Veja como Marinho
(2004, p. 10 apontado por SORRENTINO, 2002) apresenta esta prática:
Dentre os desafios na realização da educação ambien-
tal, relativos à sensibilização e à mobilização do grupo
para enfrentar e solucionar problemas; estão aqueles
referentes à construção de situações/jogos/simulações
que permita o exercício da capacidade de trabalho in-
72
terdisciplinar e intersaberes, com o objetivo de construir
conhecimentos e procedimentos capazes de preparar
os sujeitos para tomadas de decisão sobre grandes im-
passes com os quais nos deparamos, a cada momento.

Consideramos o evento da Prefeitura de Miracatu, SP, um indutor de outras


variações que podem ser feitas pelo profissional de educação física com a prática da
caminhada, trilha, corrida de orientação etc., e ainda, “podendo, da mesma forma, serem
utilizadas como atividades de lazer, com fim nelas mesmas”, como menciona Marinho
(2004, p. 6).
As atividades relacionas ao meio ambiente também fazem parte do currículo escolar
pela compreensão apresentada por Marinho (2004 apontado por SORRENTINO, 2002),
sendo um importante elemento da formação dos alunos. Diante da BNCC, a educação
física tem entre as suas unidades temáticas, a “Práticas Corporais de Aventura” que se
revelam no meio ambiente em duas categorias (BRASIL, 2014, p. 218-219, documento
online):

As práticas de aventura na natureza se caracterizam por


explorar as incertezas que o ambiente físico cria para o
praticante na geração da vertigem e do risco controla-
do, como em corrida orientada, corrida de aventura, cor-
ridas de mountain bike, rapel, tirolesa, arborismo etc. Já
as práticas de aventura urbanas exploram a “paisagem
de cimento” para produzir essas condições (vertigem
e risco controlado) durante a prática de parkour, skate,
patins, bike etc.

Aqui, o meio ambiente está sendo palco para a interação dos alunos que são
oportunizados a novas descobertas e envolve um elemento fundamental, o “produto
cultural vinculado com o lazer/entretenimento e/ ou o cuidado com o corpo e a saúde”
(BRASIL, 2014, p. 213, documento online).
Ainda em tempo, é preciso considerar uma série de indicadores para a realização
de atividades na interação com o meio ambiente, com segurança (BRASIL, 2014,
documento online). Segundo Daniach (2020, p. 84) é necessária verificar previamente “o
clima, vegetação, habitantes do local” entre outros indicadores que veremos na unidade
que se refere ao planejamento. Assim, concluímos que é possível a interação do ser
humano e meio ambiente para a prática do lazer e que também é possível recorrer a
parcerias de outras secretarias para a promoção deste campo.

FIQUE ATENTO
Em 2019 a Lei nº 13.844 tornou o Ministério do Esporte extinto, passando a sua administra-
ção para o Ministério da Cidadania, com a Secretaria Especial do Esporte.
73

VAMOS PENSAR?
Reflita sobre a corresponsabilidade de cada um acerca do meio ambiente e, pense sobre
quais possibilidades de projetos de lazer podem ser submetidos às secretarias da sua cida-
de. Mas antes, que tal fazer um mapeamento de pontos que podem ser explorados?

BUSQUE POR MAIS


Consulte em Ribeiro (2014) para conhecer mais sobre o meio ambiente e a prá-
tica de atividades de lazer, pelo link: https://bit.ly/3lyKATq. Acesso em: 25 mar.
2021.

Leia sobre o meio ambiente e a qualidade em Busato (2020) pelo link: https://
bit.ly/3PvuvvN. Acesso em: 25 mar. 2021.

5.5 QUEM É O PROFISSIONAL HABILITADO?

Os profissionais que buscam desenvolver trabalhos no campo da recreação e do


lazer, majoritariamente, são os estudantes que cursaram educação física. Sinalizamos,
ainda, que a recreação e o lazer possuem aspectos comuns entre a licenciatura e o
bacharelado, por conta disso, este componente curricular está tanto no currículo voltado
para a atuação no campo escolar, bem como no campo não escolar, todavia, destacamos
que apenas o licenciado pode atuar na dimensão escola.
A nível de formação, há cursos de pós-graduação a nível latu senso e strito senso
que se dedicam as pesquisas deste campo de trabalho, justamente, pelo entendimento
de ser um tema de grande impacto na formação do profissional, que popularmente, é
reconhecido como recreacionista, como pontua Cavallari e Zacharias (2018, p. 19), podendo
desempenhar papéis, como: “animadores, supervisores ou técnicos em recreação”.
Tais papéis desempenhados irão depender das demandas de trabalho, até mesmo
porque, “uma mesma pessoa pode ocupar cargos diferentes em momentos diversos, ou
mesmo acumular funções concomitantemente” (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2018, p. 19),
claro, desde que este conjunto de tarefas estejam cadenciados e sincronizados.
Contudo, Ribeiro (2014, p. 101) traz uma percepção ampliada e de multiplicidade do
profissional. A autora cita ainda que a atuação no campo do lazer passa pela questão de
nomenclaturas, como: “monitor, recreador, recreacionista, animador, animador cultural,
animador sociocultural, agente cultural, agente de lazer, gentil organizador, promoter,
coordenador de lazer etc.”.
O termo multiplicidade se torna muito pertinente, pois as percepções variam entre
os autores. Para Melo (2012) reunimos ainda para o profissional de lazer, nomenclaturas
como dinamizador e gentil organizador. Mas queremos chamar a sua atenção para o
74
fato de que, apesar do profissional de educação física estar habilitado para o exercício
neste campo de trabalho, é necessário que este tenha um perfil específico, ou seja, reúna
habilidades e características identitárias.
Ribeiro (2014, p. 101-102) elenca pontos importantes que devemos levar em
consideração na construção do perfil deste profissional, veja:

» habilidade para atuar em equipes de diversas áreas e


para isto deve gostar de lidar com pessoas; » capacidade
para desenvolver e adaptar atividades de lazer e recre-
ação para diferentes públicos e em diversos espaços; »
disposição e sensibilidade para contatar e lidar com os
participantes, ao mesmo tempo, considerar suas prefe-
rências, personalidades e dificuldades diversas; » respei-
to quanto à vontade dos participantes; se não quiserem
participar de determinada atividade de lazer e recrea-
ção que ele propôs, uma vez que o participante está em
seu tempo livre e suas escolhas e formas de participa-
ção devem ser consideradas; » não confundir o tempo e
as atividades de lazer proporcionadas ao público com o
“seu lazer”, ou seja, quem deve usufruir da programação
são os participantes e não o animador; » ter organização
para desenvolver o planejamento, a execução e avalia-
ção de programações e projetos também a longo prazo
» entendimento de como montar propostas e projetos
para diversas instituições;
» procurar, na medida do possível, ser critico quanto às
injustiças sociais e tentar minimizá-las, principalmente
em relação ao lazer, uma vez que todos nós temos direi-
to ao lazer.

Dentre as qualidades elencadas, temos implicitamente a criatividade, a


organização, a flexibilidade, a empatia e o sendo crítico. Logo, “carisma e capacidade de
lidar com público não são dimensões suficientes, mas não podemos negar que sejam
características importantes”, indiferente do público-alvo que se está atuando, que pode
ser desde o infantil ao grupo de idosos.
Neste sentido Melo e Júnior (2012, p. 75) rompem com o entendimento equivocado
que “qualquer um pode assumir tal função, bastando ter algumas características de
personalidade (ser divertido, ter carisma) e saber muitas brincadeiras”. É necessário um
conjunto sólido de saberes científicos e filosóficos para a atuação no campo profissional
da recreação.

FIQUE ATENTO
Para a habilitação profissional é necessário que além do curso de graduação em educa-
ção física, o profissional esteja devidamente registrado no Conselho Regional de Educa-
ção Física (CREF). É importante lembrar que o profissional de turismo pode atuar nestas
dimensões, contudo, as propostas que envolvem esportes são exclusivas do profissional
de educação física.
75

VAMOS PENSAR?
O trabalho com a recreação e o lazer decerto sofreu grande impacto com a pandemia do
COVID-19. Pense sobre possíveis estratégias que podem colaborar com as alternativas para
o profissional neste campo de trabalho.

BUSQUE POR MAIS


É importante que você busque conhecer as atribuições do animador, supervi-
sor e ou técnico em recreação, lendo o capítulo 3 de Cavallari e Zacharias (2018)
no link: https://bit.ly/3Nr9gJH. Acesso em: 25 mar. 2021.

Veja no link a reportagem sobre a carreira do recreador: https://bit.ly/3G5pbuL.


Acesso em: 25 mar. 2021.

Leia mais sobre a multiplicidade do recreador em Ribeiro (2014) no link: https://


bit.ly/3yQQLu6. Acesso em: 25 mar. 2021
76
FIXANDO O CONTEÚDO

1. O profissional formado em educação física é habilitado para o exercício de funções


como recreador, animador, agende de lazer entre outras nomenclaturas, tendo em vista
a diversidade de campo para atuação, como por exemplo, hotéis acampamentos, escolas
etc. Considere os itens, abaixo:

I. Para o exercício profissional no campo da recreação e do lazer, é necessário ter a


formação de bacharelado em educação física.
II. Para o exercício profissional no campo da recreação e do lazer, é necessário ter a
formação de licenciatura em educação física.
III. Para o exercício profissional de recreador nas escolas, é necessário ter a formação em
educação física.

Diante disso, marque a alternativa com os itens verdadeiros.

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) III, apenas.
e) I, II e III.

2. Apesar do egresso do curso de educação física estar habilitado para desenvolver


trabalhos no campo da recreação e do lazer, é necessário que reúna qualidades bem
específicas para lidar com a dinâmica de atuação. Entre as qualidades indispensáveis
estão:

I. Ter organização para desenvolver o planejamento, a execução e avaliação de


programações.
II. Procurar, na medida do possível, ser critico quanto às injustiças sociais e tentar
minimizá-las, principalmente em relação ao lazer, uma vez que todos nós temos
direito ao lazer.
III. Deve gostar de lidar com pessoas; Marque a alternativa que corresponde aos itens
acima, como verdadeiro ou falso:

a) V- V- V.
b) F- F- V.
c) V- F- V.
d) V- V- F.
e) F- F- F.

3. A prática do lazer ocorre nos espaços públicos e privados e tais espaços podem
apresentar equipados conforme o espaço e finalidades, inclusive, aqueles que são
específicos de lazer. A partir disso, considere as coluna.
77
(1) Equipamentos especializados
(2) Equipamentos polivalentes
(3) Equipamentos turísticos

( ) É composto por hotéis, acampamentos, pousadas, colônias de férias etc.


( ) Tem como exemplos: centros culturais, esportivos, comunitários e etc.
( ) Têm-se como exemplo as academias de ginásticas, teatros, centros esportivos,
cinemas, bibliotecas etc.

Marque a alternativa que corresponde corretamente as colunas apresentadas.

a) 1, 3, 2
b) 3, 2, 1
c) 1, 2, 3
d) 3,1, 2
e) 2, 1, 3

4. (VUNESP- 2019). Uma das abordagens da Educação Física escolar é a denominada de


esportivista (Maldonado e Silva, 2016). Quando esses autores se referem aos escritos de
Darido, mencionam que adeptos dessa abordagem entendem que a Educação Física
possui como finalidades a busca do rendimento, a seleção e a iniciação esportiva, e seus
conteúdos procedimentais têm como foco o esporte e os valores, atitudes e normas
ensinados que visam ao desenvolvimento:

a) Do prazer e divertimento.
b) Do autocuidado e da empatia.
c) Da participação, cooperação e do respeito mútuo.
d) Da eficiência, produtividade e perseverança.
e) Da consciência ambiental e da inclusão dos mais fracos na sociedade.

5. (PR / FAUEL- 2019- Adaptada). No Brasil a inserção da Educação Física na escola se


deu através da instituição militar, sendo as aulas ministradas por instrutores do exército.
A disciplina escolar era entendida como atividade exclusivamente prática. Tinha como
objetivo desenvolver e fortalecer física e moralmente os indivíduos. O referencial que
sustenta seu conteúdo de ensino era oriundo das ciências biológicas que reforçava
o caráter científic o e eugenista da disciplina. No período pós-guerra surge no Brasil
a divulgação e influência do esporte na Educação Física escolar. Isto identificou a
subordinação da disciplina escolar aos códigos/sentidos da instituição esportiva. Dessa
forma, a EDUCAÇÃO FÍSICA MILITARISTA apoiou-se em qual contexto? Marque a
alternativa correta.

a) A Educação Física Militarista não estava preocupada com a saúde pública, pois
entendia que tal questão não podia ser discutida independentemente do levantamento
da problemática forjada pela atual organização econômico-social e política do país.
b) A Educação Física Militarista era a caracterização da competição e da superação
individual como valores fundamentais e desejados para uma sociedade moderna,
voltada, então, para o culto do atleta-herói.
78
c) Na Educação Física Militarista a concepção que vai questionar da sociedade a
necessidade de encarar a Educação Física como uma prática capaz de promover saúde
ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física como uma prática
eminentemente educativa, respeitando suas peculiaridades culturais, físico-morfológica
e psicológicas.
d) A Educação Física Militarista não se resume numa prática militar de preparo físico.
É, acima disso, uma concepção que visava impor a toda a sociedade padrões de
comportamento estereotipados, frutos da conduta disciplinar própria ao regime da
época.
e) A educação militarista tinha como princípio a sua prática sob a perspectiva da cultura
corporal. .

6. (SEDU – ES / FCC- 2016- Adaptada). O trabalho pedagógico envolvendo as práticas


corporais na natureza tem sido apontado como gerador de efeitos positivos no que tange
à educação ambiental. Resguardados os procedimentos alinhados a uma educação
sensibilizadora, destaca-se como aspecto positivo dessa opção metodológica:

Marque a alternativa correspondente.

a) O domínio das técnicas específicas requisitadas pelas práticas corporais na natureza.


b) O desenvolvimento de novas percepções sobre a natureza por meio de descobertas.
c) O desenvolvimento de um comportamento combativo com relação à poluição
ambiental.
d) A capacidade de encontrar soluções sustentáveis para a degradação do meio ambiente.
e) A mudança nas opções de lazer, com preferência para as práticas corporais na natureza.

7. (SEDUC – MT / IBFC- 2017). Ao desenvolver atividades de aventura nas aulas de


Educação Física, devem apresentar uma didática e pedagogicamente com a parte teórica
e prática, sendo que o espaço adequado e equipamento específico não necessariamente
a escola precisa oferecer e ter, pois a ação da educação não se restringe a uma prática
pela prática, mas a vivência oferece inúmeros conhecimentos, tanto esportivo, cultural,
social. (CASSÁRIO/2011). Neste contexto, de acordo com o autor, as aulas de Educação
Física devem:

Assinale a alternativa correta.

a) promover o amadurecimento e a autonomia do aluno.


b) promover somente a atividade física e a saúde.
c) promover propostas que visam fortalecer os conhecimentos de lazer, esporte e meio
ambiente.
d) promover somente o lazer e descanso dos alunos, depois de disciplinas mais
importantes como a matemática.
e) promover propostas que visam o desenvolvimento de habilidades esportivas.

8. A Base Nacional Comum Curricular traz importantes inovações para o campo da


educação física. Entre estes, oportuniza aos alunos o acesso ao meio ambiente pela
interação nas atividades da unidade temática chamada práticas corporais de aventura.
79
Marque a alternativa que corresponde, corretamente, as atividades classificadas.

a) São práticas de aventura na natureza: corrida de aventura e parkour.


b) São práticas de aventura na natureza: corridas de mountain bike e tirolesa.
c) São práticas de aventura urbana: corridas de mountain bike e tirolesa.
d) São práticas de aventura urbana: rapel e patins.
e) São práticas de aventura urbana: arborismo e skate.
80

PLANEJAR E AVALIAR:
AÇÕES NECESSÁRIAS
PARA UM EVENTO
81
6.1 INTRODUÇÃO
Nesta Unidade vamos anunciar as etapas e fases do planejamento, bem como o
seu processo avaliativo sob a perspectiva de sucesso na programação e satisfação dos
participantes. Em seguida, apresentamos possibilidades de programações com atividades
recreativas que podem servir de fio condutor no respectivo trabalho profissional.

6.2 POR QUE PLANEJAR?

Vimos na Unidade anterior alguns exemplos de atividades que podem ser realizadas
no campo da recreação e lazer, pelo profissional de educação física, entretanto, devemos
atentar para a importante medida de planejar. Mas afinal, você sabe o que e porque
devemos planejar?
Vamos partir de um passeio hipotético em família, aonde todos irão de carro
para o Litoral de outro Estado, e para diminuir as chances de imprevistos, e garantir
que o passeio seja proveitoso, você resolve fazer um check list. Entre os itens elencados
temos: a revisão do carro; o mapeamento dos postos de combustíveis; as reservas de
hospedagem; a compra de itens para consumo; a separação dos itens de higiene e de
materiais de praia, a consulta sobre o clima da região neste período, entre outro.
Perceba que para a programação em família acontecer, é necessário que ocorra
uma sequência de ações: Fazer a revisão do carro demonstra preocupação com a
segurança; mapear os postos de combustíveis no percurso da viagem, demonstra
preocupação com a pane seca; como também, consultar o clima da região previamente,
demonstra interesse em aproveitar dias de praia. Todos os itens são importantes e
fizeram-se presentes no planejamento, de maneira que a viagem para o Litoral possa
acontecer.
Assim, o planejamento se materializa em nosso cotidiano, entre conversas e ações
realizamos uma viagem em família. Agora, direcionando nossos olhares para o campo
mais técnico, veja como o planejamento contribui no sentido para além do controle de
processos, o qual também é importante, tendo em vista principalmente a questão da
segurança sobre o evento ou projeto que se pretende desenvolver.
O ato de planejarmos revela que temos perspectivas futuras, sejam metas ou
objetivos. Qualquer atividade deve ter explícita as razões de sua execução, ou seja, qual
o objetivo da proposta?
Nas palavras de Ribeiro (2014, p. 83)
Planejar é antecipar o futuro, diz respeito a pensar nos
meios para alcançar os objetivos e metas em um futu-
ro próximo ou distante. Planejar é, também, dar impor-
tância na interação do “antes” (planejar), “durante” (exe-
cutar) e o “depois” (avaliação).» entendimento de como
montar propostas e projetos para diversas instituições;
» procurar, na medida do possível, ser critico quanto às
injustiças sociais e tentar minimizá-las, principalmente
em relação ao lazer, uma vez que todos nós temos direi-
to ao lazer.

O ato de planejar possibilita antecipar e prever a execução dele, recrutando recursos


82
materiais e imateriais para a execução da proposta profissional, que leva em conta muitas
variáveis, tais como, o número de participantes, a faixa etária destes participantes, o
espaço utilizado, o clima, e muitos outros que veremos ao longo da seção.
Na concepção de Cavallari e Zacharias (2018, p. 23) o processo de planejamento se
divide em três etapas: diagnóstico, prognóstico e execução, sendo respectivamente:
• “o levantamento da situação atual/real; como tudo se encontra no momento”;
• “estabelecer critérios para se atingir a situação ideal; como tudo deverá ficar”;
• “desenvolvimento efetivo que foi estabelecido no prognóstico; fazer acontecer e
consequentemente avaliar”.
Observando a definição de cada etapa, percebemos que são interdependentes,
ou seja, não é possível pular uma ou duas etapas que Cavallari e Zachariias (2018)
apresentam. As etapas reúnem importantes informações que impactam na execução e
qualidade da programação. O Quadro 5 anuncia as fases que estão implicadas as etapas
do planejamento. Veja:

Fase da Preparação Objetivos/filosofia


Público-alvo
Estrutura
Período
Alimentação
Meio de transportes
Recursos humanos
Uniforme
Materiais disponíveis
Levantamento de custos
Critérios para participação
Divulgação
Fase da Inscrição Cadastramento/identificação
Cuidados com saúde/limitações/comporta-
mento
Termo de responsabilidade
Regulamento
Fase da Programação Número de participantes
Plano de ação
Atividades
Cronograma
Material esportivo
Material de primeiros socorros
Material de uso de limpeza, manutenção etc.
Balanço financeiro
Quadro 5: Fases do planejamento
Fonte: Adaptado de CAVALLARI e ZACHARIAS ( 2018, p. 23 - 27).
83
No Quadro 5 trouxemos uma dimensão mais técnica para ser observada e
executada, a qual contribui para o nosso check list profissional. Temos ainda apontado por
Cavallari e Zacharias (2018) outras duas fases importantes. São elas: a operacionalização
e a avalição.
A operacionalização compreende a necessidade de refletirmos sobre pontos que
dirão mais sobre o nosso comportamento que apesar da execução de todas as fases do
planejamento e nossas precauções, concordamos com Cavallari e Zazharias (2018) que
estamos sujeitos aos imprevistos. Nestes casos devemos promover alternativas com o
objetivo de resolver tal situação, o que revela a necessidade de uma postura profisisonal,
onde não podemos perder de cista o que estudamos sobre o perfil na Unidade 5.
A etapa de execução (CAVALARI; ZACHARIAS, 2018) agrega um importante
momento, a avaliação, que deve ser feita a partir de provocações como: para quê, quando,
como, quem e o quê. Para melhor compreensão, vamos discutir a avaliação na seção
seguinte.

FIQUE ATENTO
O ato de planejar não quer dizer que temos que nos prender aos objetivos apenas com
finalidades de desenvolver alguma habilidade ou competência. Não se trata apenas dis-
so, pois a leitura até o momento revela que o lazer pelo lazer, pelo prazer é válido e ne-
cessário.

VAMOS PENSAR?
Leia a seguinte situação hipotética. Um diretor de uma conceituada empresa multinacio-
nal lhe contrata para fazer um evento de aventura na natureza durante o sábado e no do-
mingo com os funcionários como parte de um projeto de lazer, e na etapa de diagnóstico,
você percebe que a instituição tem em seu quadro de colaboradores quatro cadeirantes.
Considerando o Quadro 5 pense nas possibilidades de programação para serem apresen-
tadas ao diretor da empresa.

BUSQUE POR MAIS


Para conhecer mais sobre cada uma das fases do planejamento veja o capítu-
lo 4 de Cavallari e Zacharias (2018) no link: https://bit.ly/3wxyCi0. Acesso em: 25
mar. 2021.

Veja em Ribeiro (2014) mais sobre planejamento no capítulo 4 pelo link: https://
bit.ly/3yT8jWq. Acesso em: 25 mar. 2021.
84
6.3 PARA QUÊ AVALIAR?

Na seção anterior mencionamos as provocações que consideramos no momento


da avaliação, podendo ser este o último momento do evento proposto, conforme
Cavallari e Zacharias (2018) consideram. Além disso, também concordamos que é um
dos mais importantes, pois a partir da avaliação é possível tomarmos ciências de pontos
que auxiliarão no próximo evento.
Para Ribeiro (2014) a avaliação feita pelo profissional precisa considerar duas
variáveis que impactam diretamente no sucesso do evento, são elas, a eficácia e a
eficiência. A primeira corresponde ao alcance dos objetivos propostos na fase da
preparação, já a eficiência corresponde à percepção se o empenho nos recursos deram
conta do que foi proposto.
É importante incluir os participantes do evento no processo avaliativo por conta
das respectivas impressões. Ribeiro (2014) sugere que seja feita por meio de entrevistas,
pedindo inclusive, sugestões. Outra técnica para coleta de dados é uso de formulários
e questionário para o preenchimento dos participante e, isso pode ser feito durante a
programação, como menciona a autora, não é um regra realizar a avaliação somente ao
final de toda programação.
Veja no Quadro 6 um layout de questionário que pode ser entregue aos participantes
com o intuído de preenchimento, para que contribua com o processo avaliativo da
programação.

Seção A
1 Faixa etária
( ) menos de 10 anos ()10 a 20 anos ( )21 a 30 anos ()31 a 40 anos () 41 a 50
anos ( ) 51 a 60 anos ( ) acima de 60 anos
2 Gênero
( ) feminino ( ) masculino
3 Sexo
() feminino () masculino
4 Costuma frequentar esse espaço de lazer?
() sempre () às vezes () durante a semana () finais de semana () férias
Seção B
6. Como ficou sabendo da programação (evento)?
() faixa () cartaz ()panfleto () rádio () TV () jornal () internet () amigos ou
parentes () outro: ______________________
Seção C
7. Opinião geral sobre o evento:

8. Atividades que mais gostou no evento

9. Atividade de que menos gostou do evento

10. Sugestões de outras atividades de lazer (ou evento) para este espaço
85

11. Sugestões para o funcionamento deste espaço

Quadro 6: Questionáio de avaliação para preenchimento dos participante


Fonte: Adaptado de RIBEIRO, (2014, p. 95)

Os itens da Seção A constróem o perfil do participante, a Seção B contribu para a


nossa ciência de qual meio de comunicação teve maior exito, o que impacta em decisões
para os próximos investimentos. Os itens da Seção C contribuem para a percepção do
sucesso do evento entre os participantes, nos sinalizando formas de manter ou melhorar
a qualidade do serviço e espaço para a satisfação de participante.
O questionário acima utilizou três modelos de perguntas: abertas, fechadas e
mistas. Veja a definição de cada uma no Quadro 7.

Abertas Nas questões abertas, o informante responde livremente, da forma


que desejar.
Fechadas Nas questões fechadas, o informante deve escolher uma resposta en-
tre as constantes de uma lista predeterminada, indicando aquela que
melhor corresponda à que deseja fornecer.
Mistas As questões mistas (fechadas e abertas) são aquelas em que, dentro
2 Gênero de uma lista predeterminada, há um item aberto, por exemplo, “ou-
tros”.
Quadro 7: Modelos de perguntas para uso no questionário
Fonte: Adaptado de Gerhardt e Silveiras (2009, p. 70).

Concluímos que o questionário do Quadro 6 é chamado de misto e em análise


dos Quadros 6 e 7 percebemos que as perguntas fechadas revelam uma padronização
nas respostas, possibilitando uma melhor visualização, inclusive, se for apresentada
por meio de gráficos. Uma das formas de analisar os dados graficamente é o uso do
formulario eletrônico oferecido pela ferramenta do Google Form.
Os dados obtidos a partir das informações dos participantes revelam possibilidades
de ampliar as chances de novos eventos com o mesmo e outros participantes. Assim,
mediante o exposto buscamos evidenciar de forma contextualizada as provocações
citadas ao início da seção, que são, para quê avaliar, quando avaliar, como avaliar,
quem valia e o quê avalia. Em, decorrência, vamos em seguida apresentar propostas
de programações que podem fazer parte do seu acervo de conhecimentos, servindo de
indutor às novas ideias.

FIQUE ATENTO
Para que a avaliação seja o mais fidedigna possível, é recomendamos que o instrumento
de coleta de dados preserve-se como anônimo, pois assim, os participantes podem ficar
mais a vontade para relatar algum incoveniente ou desconforto.
86
VAMOS PENSAR?
A avaliação feita pelos participantes, em algum momento, pode nos deixar desapontados,
contudo, reflita como ela pode nos revelar nossos pontos cegos, que são aqueles que nos
impede de alavancar na carreira.

BUSQUE POR MAIS


Veja uma pesquisa sobre a prática do lazer de diferentes grupos sociais, a par-
tir de um processo avaliativo, que possibilita intervenção, no capítulo 4 em Dias
e Isayama (2014) no link: https://bit.ly/3PAhy3V. Acesso em: 25 mar. 2021.

Leia sobre a avaliação de projetos no capítulo 1 em Pinto (2014) no link: https://


bit.ly/3PyHyfL. Acesso em: 25 mar. 2021.

6.4 ATIVIDADES RECREATIVAS

Na seção de atividades recreativas queremos trazer exemplos de programações,


no sentido de colaborar para a construção de possíveis eventos que você, enquanto
profissional, pode promover. Reiteramos que as propostas anunciados não devem ser
compreendidas como engessadas e imóveis, tendo em vista a o contexto observado,
conforme mencionado na etapa de diagnóstico do planejamento.
A seguir, apresentamos dois modelos de ordem prática para programação de
lazer, de acordo com os conceitos já estudados.

Diagnóstico do público
Dia das Crianças é uma programação voltada para crianças de 6 a 12 anos, filhos dos funcionários da
empresa. Poderão participar todos os filhos dos funcionários da empresa X e do clube, nessa faixa
etária. Serão crianças de classes sociais diversas, uma vez que participarão filhos de funcionários de
qualquer função, da produção à diretoria. Estão previstas 200 crianças.
Objetivos da programação
• Comemorar o Dia das Crianças;
• Proporcionar diversão aos filhos de funcionários;
• Promover a sociabilização entre os funcionários e seus familiares.
Levantamento e análise dos recursos (físicos, humanos materiais)
87
• Físicos: os coordenadores do evento já conhecem bem os espaços do clube e resolveram que serão
utilizados os seguintes espaços para o desenvolvimento do Dia das Crianças: pátio coberto, lago,
teatro e a varanda do restaurante.
• Humanos: está prevista a contratação de 15 animadores de uma empresa de recreação e os coor-
denadores do evento serão “Joao Paulo” e “Mariana”, professores de educação física que atuam na
secretaria de esportes do clube.
• Materiais: para os animadores: apito, boné, prancheta e camiseta. Para as atividades: microfone e
aparelho de som, CDs, dinheiro de papel, cadeiras (uma por participante), bexigas (um pacote), pul-
seiras de identificação, lembranças para as crianças, lanches (dois kits de lanches por pessoa, com
sanduíche, um suco e um doce).
• Financeiros: o coordenador deverá consultar a Secretaria de Esportes para conhecer o quanto de
recursos haverá para desenvolver o evento.
Período
Trata-se de uma programação eventual com duração de 8 horas, em 12/10.
Proposta da programação
9:00 - 9:30: chegada ao clube 9:30 - 10:30: boas-vindas, café da manhã no pátio e divisão das equipes
10:30 - 11:30: gincana das Solicitações (todo o clube)
11:30 - 12:30: passeio de pedalinho e caiaques (lago)
12:30 - 13:30: almoço (restaurante) 13:30 - 14:00: descanso com rodas cantadas (varanda do restauran-
te)
14:00 - 15:00: “caça ao corrupto” (todo o clube)
15:00 - 16:00: jogos cooperativos (pátio)
16:00 - 16:30: lanche (área externa do pátio) 16:30 - 17:30: apresentações artísticas (mágico, malabares
no teatro)
17:30: encerramento, entrega de lembranças aos participantes e avaliação (teatro)
Divulgação
O evento será divulgado por meio de faixas na entrada do clube, e-mail aos associados e pelo site do
clube e, ainda, oralmente por meio de convites dos professores aos funcionários.
Implantação da programação
8:00: o coordenador se encontra no clube para checar todas os materiais, chegada dos animadores,
confirmação dos lanches e
do restaurante.
8:30: checagem de todas as atividades e onde cada animador ficará: dois animadores acompanha-
rão cada equipe. Os coordenadores ficarão no microfone para instruir as crianças quanto às ativida-
des, pontuação etc. E aproveitam este tempo anterior ao início da festa para confirmar a programa-
ção com os animadores.
9:30: boas-vindas, colocação de uma pulseira de identificação para as equipes. Café́ da manhã̃.
10:30: início da gincana após divisão das equipes e explicação dos coordenadores. A gincana das soli-
citações solicita aos participantes que tragam objetos: o maior calçado, a menor folha, um objeto de
time de futebol, o RG de um funcionário do clube etc. Estas tarefas estarão listadas na programação
do coordenador, que pedirá estes objetos às equipes pelo microfone. Os animadores ajudarão na
organização da equipe e conferência dos pontos. Em seguida à contagem dos pontos, o coordena-
dor avisa no microfone qual a equipe ganhadora. Depois avisam as crianças que a próxima atividade
é no lago do clube. Todos se dirigem para o lago, acompanhados dos animadores e coordenadores.
Funcionários do clube os esperam com os coletes. Após experimentarem o passeio, todos se dirigem
ao restaurante. Animadores os acompanham e os auxiliam na organização das crianças nas mesas.
Os coordenadores avisam que após o almoço vão se encontrar na varanda do restaurante. Após as
rodas cantadas todos se dirigem ao pátio onde será explicada a atividade da caça ao corrupto, uma
caça em que as equipes procurarão os animadores escondidos pelo clube, que farão o papel de
“bandido”.
88
As equipes deverão entregá-los para os coordenadores que são os “policiais federais” e receber uma
“recompensa em dinheiro (de papel)”. Ganha a equipe que ficar mais rica e não aceitar o suborno
dos bandidos. Ao final da atividade, o coordenador diz ao microfone qual a equipe ganhadora. Como
esta atividade é competitiva e cansativa, agora o coordenador os convida para participar de alguns
jogos cooperativos, ali mesmo no pátio, à sombra e com menos movimentação do que a atividade
anterior. Após os jogos, o lanche é oferecido também no pátio. Depois o coordenador os convida
para se dirigir ao teatro onde terão as últimas atividades, como apresentação de mágica e mala-
bares. Após 50 minutos de apresentação, o coordenador avisa às crianças que o Dia das Crianças
terminou e todos ganharão, das mãos dos animadores, uma pequena lembrança. O coordenador
aproveita para fazer uma avaliação com os participantes e cita as atividades para que eles aplaudam,
para checar as que eles mais gostaram. Também disponibiliza o microfone para alguma criança que
queira falar sobre a comemoração. Após receberem a lembrança, as crianças são dispensadas e vão
esperar por seus responsáveis que já aguardam fora do pátio. O coordenador pede então que os
animadores fiquem mais 15 minutos para realizar uma avaliação.
Avaliação da programação
Uma reunião com os animadores após o evento permitiu que os coordenadores tivessem uma me-
lhor visão a respeito do evento. As atividades aconteceram como previstas e alguns incidentes como
alguns tombos de crianças na gincana e na caça ao corrupto foram identificados. Concluíram que
a programação foi eficaz e eficiente. A reunião foi curta, pois todos estavam cansados. No seguinte
dia útil, os coordenadores, juntos, digitaram um relatório em que apresentaram os resultados do
evento: número de participantes, a participação dos animadores, a questão dos objetivos alcança-
dos, os materiais, lanches e lembranças que foram suficientes. Este relatório foi entregue ao Diretor
de Esportes do clube, bem como as fotos do evento. Também foi entregue ao jornalista responsável
pela confecção do jornal do clube. Vamos relembrar que a avaliação faz parte do planejamento, é
o “depois” e não deve ser esquecida. Nessa fase, os coordenadores checam se houve o pagamento
dos lanches oferecidos, assim como dos profissionais contratados, como o mágico e a pessoa que
apresentou os malabares. Muitas vezes, essas pessoas recebem o pagamento logo após a atividade;
nesse caso, se dirigiriam à secretaria do clube e, após, assinariam um recibo. O coordenador precisa
checar todos esses detalhes e, se for o caso, incluir no relatório do evento. Por isso, é importante que
um checklist (lista) com os detalhes dessas tarefas esteja pronto antes da programação, para que
não seja esquecido nenhum detalhe.
Quadro 8: Programação para o Dia das Crianças
Fonte: Adaptado de RIBEIRO, (2014, p. 95)

A programação do Quadro 8 refere-se à atividade de curta duração, ou seja, é


pontual, pois ocorre em uma data específica. Perceba que ela apresenta um roteiro,
como se fosse um passo a passo, para que todos os profissionais da equipe trabalhem
em harmonia. Chamamos a atenção para a avaliação. Apesar de sempre focarmos na
satisfação dos participantes, na avaliação cabe à vista em todos os setores envolvidos,
inclusive, acompanhando o fluxo de pagamento.
Apresentamos a seguir, uma proposta de duração maior para o acampamento de
férias, baseada nas considerações de Stoppa (2013). Veja o Quadro 9.

Diagnóstico do público
Estudantes do gênero masculino e feminino de 12 a 17 anos de idade, matriculados na
escola contratante, com previsão de 50 inscrições.
Objetivos da programação
• Oportunizar a interação com o meio ambiente;
• Promover a sociabilização entre os participantes.
• Oferecer aprendizagem cultural, artística e crítica.
Levantamento e análise dos recursos (físicos, humanos materiais)
89
• Físicos: campos abertos, ginásio coberto, quadra de tênis, enfermaria, lavanderias,
refeitório, salão de jogos, salão de beleza, sala multidisciplinar, 26 unidades de chalés,
lago, piscina infantil e sem olímpica, haras, casa central, vestiário feminino e masculi-
no, auditório, autódromo.
• Humanos: 30 animadores, entre psicólogos, enfermeiros, médicos, turismólogo, mú-
sico, pedagogos, seguranças, psicopedagogo, e os coordenadores do acampamento,
sendo professores de educação física.
• Materiais: em anexo.
• Financeiros: os coordenadores receberão suporte financeiro da instituição de ensino,
após planilha de custos entregue.
Período
10 a 20 de janeiro (período compreendido nas férias escolares)
Proposta da programação
1º dia:
Manhã: Recepção dos estudantes e apresentação do espaço.
Pausa: 12h 14h
Tarde: Caminhada e atividades aquáticas
Pausa: 16h30 17h30
Noite: Sessão de vídeo
Janta seguido de recolhimento: 21h
2º dia:
Manhã: Café da manhã e trilha na natureza
Pausa: 12h 14h
Tarde: Atividades no salão de jogos
Pausa: 1630h 17h30
Noite: Oficina de artesanato
Janta seguido de recolhimento: 21h
3º dia:
Manhã: Café da manhã e atividades de quadra
Pausa: 12h 14h
Tarde: Atividade no lago (pedalinho e pesca)
Pausa: 1630h 17h30
Noite: Rodízio de pizza e caraoquê
Janta seguido de recolhimento: 21h
4º dia:
Manhã: Café da manhã e atividades de campo
Pausa: 12h 14h
Tarde: Atividade no haras e atividades aquáticas
Pausa: 1630h 17h30
Noite: Encontro em volta da fogueira
Janta seguido de recolhimento: 21h
90
5º dia:
Manhã: Café da manhã e atividades livres
Pausa: 12h 14h
Tarde: Atividade no auditória[o (peça teatral)
Pausa: 1630h 17h30
Noite: Sessão de vídeo
Janta seguido de recolhimento: 21h
6º dia:
Manhã: Café da manhã e atividades no autódromo
Pausa: 12h 14h
Tarde: Atividade livre na piscina
Pausa: 1630h 17h30
Noite: Bingo
Janta seguido de recolhimento: 21h
7º dia:
Manhã: Café da manhã e atividades livres
Pausa: 12h 13h
Saída: 14h
Divulgação
O evento será divulgado pela instituição escolar
Avaliação
A avaliação é realizada após a finalização de cada dia, mediante o uso do aplicativo
que permite usar o número de estrelas (entre 1 e 5), habilitando para o registro de con-
siderações por escrito.
Quadro 9: Proposta de animação para acampamento de férias
Fonte: Adaptado de STOPPA (2013, p. 15-16)

As atividades de acampamento de férias podem ter uma duração “por um


período de até 25 dias” como Stoppa (2013, p. 15) pontua. O Quadro que apresentamos
tem finalidade didática, por isso, fizemos um recorte de apenas 7 dias. Reiteramos que
em um período longo, é necessário ampliar a programação diversificando-a, para a
programação não se torne repetitiva e possa trazer satisfação aos envolvidos.
Vamos atentar para o momento da avaliação. Utiliza-se no modelo acima, o recurso
online, que possibilita a visualização das impressões em tempo real, não sendo necessário
aguardar reunir todos os dados para a análise do índice de satisfação. Isso colabora no
sentido de intervir com medidas de replanejar, caso os resultados não estejam sendo
conforme o esperado. Isso se deve a característica de flexibilidade que o planejamento
possui, ou seja, Vasconcellos (2002) considera o planejamento flexível.
Concluímos assim, que avaliação e planejamento são conceitos implicados e
esperamos que esta seção em diálogo com toda a parte conceitual, contribua de forma
prática para o repertoria do campo profissional de recreação e lazer.

FIQUE ATENTO
Há situações em que o participante opta em não participar de determina atividade. No
intuito de evitar que o participante se sinta deslocado, procure reunir atividades alterna-
tivas.
91

VAMOS PENSAR?
Leia a seguinte situação hipotética. A Secretaria de Esporte e Lazer da sua cidade lhe con-
vida implantar o evento intitulado a Semana da Criança no Parque de Eventos durante 4
dias na semana. A previsão é de atender de 13 às 17 h, aproximadamente, 250 crianças ao
dia, então você considera a possibilidade de trabalhar com estações e circuitos. Tomando
a situação hipotética, reflita sobre o desafio e elabore uma proposta de programação exe-
quível, utilizando o modelo do Quadro 8 ou 9.

BUSQUE POR MAIS


Veja mais repertórios de atividades por ambiente em Marcellino (2013) pelo link:
https://bit.ly/3wuZAZ4. Acesso em: 25 mar. 2021

Veja mais sobre o desenvolvimento da colônia de férias no capítulo 6 em Dias e


Isayama (2014) no link: https://bit.ly/38JyX9v. Acesso em: 25 mar. 2021.
92
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Os participantes podem contribuir em grande medida no processo avaliativo da


programação em execução (ou executada), para isso devemos refletir, previamente, sobre
as perguntas que se fazem de fato relevantes. Considerando os conceitos de perguntas
abertas, fechadas e mistas, marque a alternativa correta.

a) Nas questões fechadas o informante responde livremente, da forma que desejar.


b) Nas questões abertas o informante deve escolher uma resposta entre as constantes
de uma lista predeterminada, indicando aquela que melhor corresponda à que deseja
fornecer.
c) Nas questões abertas e fechadas o informante deve escolher uma resposta entre as
constantes de uma lista predeterminada, indicando aquela que melhor corresponda à
que deseja fornecer.
d) As questões mistas são aquelas em que, dentro de uma lista predeterminada, há um
item aberto, por exemplo, “outros”.
e) As questões abertas são aquelas em que, dentro de uma lista predeterminada, há um
item aberto, por exemplo, “outros”.

2. A avaliação é um importante momento de refletir e redirecionar as ações, caso


necessário, principalmente, se não atingimos o objetivo do que foi proposto. Marque a
alternativa que está em consonância ao processo avaliativo.

a) A avaliação é um importante recurso para mensurar a programação do evento, por


isso, ela é obrigatória ser feita ao final deste.
b) A avalição feita pelo profissional precisa considerar a eficácia e a eficiência.
c) Os participantes também contribuem para o processo avaliativo, onde são oportunizados
verificar se a programação atendeu aos objetivos propostos e se o empenho nos recursos
deram conta do que foi proposto.
d) Aconselha-se que os participantes do evento não se envolvam no processo avaliativo.
e) O questionário avaliativo onde os participantes podem expressar suas impressões
deve ser preenchido pelo profissional do evento.

3. O planejamento é um instrumento que além de fornecer previsão, direciona a execução


das tarefas até o momento final do evento. Cavallari e Zacharias (2018) concluem que o
planejamento se divide em etapas. Considere os itens, abaixo:

I. Diagnóstico: o levantamento da situação atual/real.


II. Execução: desenvolvimento efetivo que foi estabelecido no prognóstico.
III. Prognóstico: estabelecer critérios para se atingir a situação ideal.
IV. Avaliação: desenvolvimento efetivo que foi estabelecido no prognóstico.

Marque a alternativa que corresponde aos itens corretos.

a) I, II, III, IV
93
b) I, II, III
c) I, IV
d) II, III, IV
e) I, III, IV

4. O planejamento se materializa entre conversas e ações e nos permite diminuir as


chances de imprevistos durante a programação, por isso é preciso considerar as fases do
planejamento:

I- O levantamento de custos, a divulgação e o cadastramento dos participantes fazem


parte da fase de preparação.
II- Verificar tanto a disposição dos recursos humanos e do regulamento, são tarefas que
pertence a fase da inscrição do participante.
III- O termo de responsabilidade e a alimentação pertencem a fase da programação.

Considerando as fases do planejamento, marque a alternativa que apresenta,


corretamente, as afirmações verdadeiras e falsas.

a) I- v, II- v, III-v
b) I- v, II- f, III- f
c) I- f, II- f, III-f
d) I- v, II-v, III- f
e) I- f, II- v, III- f

5. O planejamento é um importante instrumento a ser utilizado pelos profissionais de


recreação. Planejar permite ___ o futuro. Diz respeito a pensar nos meios para alcançar
os ____ em breve ou distante. Marque a alternativa que completa as lacunas.

a) Antecipar / participantes
b) Antecipar / objetivos
c) Determinar / pontos positivos
d) Postergar / participantes
e) Adiantar / profissionais

6. O momento da avalição de um evento ou programação precisa ser considerado, pois


é um meio de aprimorar nossas habilidades em campo profissional. Considerando as
leituras sobre avaliação, marque a alternativa que dê ao encontro da afirmação feita.
a) A avaliação consiste em reunir as impressões adquiridas do profissional e dos
participantes.
b) A crítica entendida de forma construtiva pode aumentar a qualidade do serviço.
c) A avaliação é utilizada como recurso para mensurar a satisfação dos envolvidos.
d) A avaliação é facultativa aos participantes, evitando a exposição do profissional.
e) O aprimoramento profissional é realizado pelos feedbacks que recebemos dos
participantes.

7. O planejamento e avaliação são processos indispensáveis para o trabalho na recreação


e lazer, apesar de cada elemento possui características singulares. Marque a alternativa
94
que corresponde as colunas corretamente.

(1) Planejamento
(2) Avaliação

( ) Auxilia no cumprimento das ações.


( ) Instrumento que deve ser exequível.
( ) Os participantes participam deste processo.
( ) É capaz de gerar resultado mensurando o índice de satisfação dos participantes.
( ) É feito a desenvolvido a partir do diagnóstico.

a) 1 – 2 – 1 – 2 - 1
b) 2 – 2 – 1 – 2 - 1
c) 1 – 2 – 2 – 2 - 2
d) 2 – 2 – 1 – 1 - 1
e) 1 – 1 – 2 – 2 – 1

8. O planejamento não é um instrumento exclusivo da educação física escolar. As


atividades de recreação e lazer em hotéis, acampamentos, clubes também dependem
de um planejamento a ser executado, que apesar da sua herança tecnicista, ou seja,
seu viés tradicional visto que aparentemente é um manual, ele tem uma fundamental
característica que permite os ajustes, quando necessário. Marque a alternativa que
representa tal característica.

a) Flexibilidade
b) Adaptabilidade
c) Alternativo
d) Inconstante
e) Dispensável
95
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 C

UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 E

UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 A
96
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27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos
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