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APLICADA À
SAÚDE
Autoria
CRISTINA ABRANTES
E JULIA LEME
Presidente da Divisão de Ensino Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Pró-Reitor Prof. Carlos Longo
Coordenação Geral de EAD Prof. Everton Renaud
Coordenação de Metodologia e Tecnologia Profa. Roberta Galon Silva
Autoria Profa. Cristina Gonçalves de Abrantes
Profa. Julia Severi Leme Fonseca
Parecerista Profa. Fabiana Sekiguchi
Supervisão Editorial Felipe Guedes Antunes
Projeto Gráfico e Capa DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional,
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
Caro aluno,
A metodologia da Universidade Positivo tem por objetivo a aprendizagem e a comu-
nicação bidirecional entre os atores educacionais. Para que os objetivos propostos se-
jam alcançados, você conta com um percurso de aprendizagem que busca direcionar a
construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização prática e das
atividades individuais e colaborativas.
A proposta pedagógica da Universidade Positivo é baseada em uma metodologia dia-
lógica de trabalho que objetiva:
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Indicam o que se espera que você
aprenda ao final do estudo do ca- TÓPICOS QUE SERÃO ESTUDADOS
pítulo, baseados nas necessidades Descrição dos conteúdos que
de aprendizagem do seu curso. serão estudados no capítulo.
CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO
Contextualização do tema que será PERGUNTA NORTEADORA
estudado no capítulo, como um Ao final do Contextualizando o cená-
cenário que o oriente a respeito do rio, consta uma pergunta que esti-
assunto, relacionando teoria e prática. mulará sua reflexão sobre o cenário
apresentado, com foco no desenvol-
vimento da sua capacidade de análi-
PAUSA PARA REFLETIR se crítica.
São perguntas que o instigam a
refletir sobre algum ponto BOXES
estudado no capítulo. São caixas em destaque que podem
apresentar uma citação, indicações
de leitura, de filme, apresentação de
um contexto, dicas, curiosidades etc.
PROPOSTA DE ATIVIDADE
Sugestão de atividade para que você
desenvolva sua autonomia e siste-
matize o que aprendeu no capítulo. RECAPITULANDO
É o fechamento do capítulo. Visa
sintetizar o que foi abordado, reto-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS mando os objetivos do capítulo, a
São todas as fontes utilizadas no pergunta norteadora e fornecendo
capítulo, incluindo as fontes mencio- um direcionamento sobre os ques-
nadas nos boxes, adequadas tionamentos feitos no decorrer do
ao Projeto Pedagógico do curso. conteúdo.
AFIRMAÇÃO
Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares
BIOGRAFIA
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se
a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
ESCLARECIMENTO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de
conhecimento trabalhada.
EXEMPLO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
Currículo Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatex-
tual/visualizacv.do?id=K8728819J6
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5982760818787158
PSICOLOGIA CLÍNICA
• Objeto e métodos
• Abordagens psicológicas
AMPLITUDE E APLICAÇÃO DA
PSICOLOGIA NA SAÚDE
• Campo de atuação
• Promoção, prevenção e reabilitação
em saúde
• O cuidado em saúde
CURIOSIDADE:
O termo Psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de lógos,, que significa
razão. Portanto, Psicologia significa estudo da alma.. A alma era concebida como a
parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos, o desejo,
a sensação e a percepção.
Psicologia e Psiquiatria
Psiquiatria: a Psiquiatria é uma especialidade médica que se destina ao estudo e ao trata-
mento de patologias mentais. O profissional psiquiatra cursou a faculdade de Medicina e se
especializou em Psiquiatria. Dentre suas funções, estão previstas o diagnóstico, o tratamento
medicamentoso (de forma exclusiva), a prevenção e a reabilitação das mais variadas doenças
mentais. Exemplos desse tipo de quadro são: a depressão, a esquizofrenia e a bipolaridade.
O modelo biomédico, no qual os psiquiatras se baseiam, detém uma visão cartesiana do
mundo. A visão cartesiana consiste na ideia de que o mundo podia ser comparado a uma
máquina, e que o conhecimento do universo passaria assim pelo conhecimento detalhado do
funcionamento de tal máquina. Por essa perspectiva, o que importa são os fenômenos obser-
váveis – ou seja, o corpo –, ficando, assim, o homem centrado em seus aspectos biológicos e
processos biológicos e físico-químicos.
Sob essa perspectiva, a doença seria um defeito mecânico localizado em uma máquina físi-
ca e bioquímica. Esse defeito pode ser reparado por meios físicos (como é o caso da cirurgia)
ou químicos (com o uso de medicações, por exemplo). Logo, a parte doente pode ser tratada
isoladamente de todo o resto do corpo.
Psicologia: o psicólogo cursou a faculdade de Psicologia, que não adota o modelo biomé-
dico para a compreensão do ser humano, e sim por seu aspecto biopsicossocial. Todas as
pessoas sofrem influências biológicas, psicológicas e sociais, de forma que todos se interligam,
mas não se sobrepõem uns aos outros.
Fatores Sociais
Fatores Biológicos
O ser humano é determinado por aspectos orgânicos, como genéticos e fisiológicos, por
sua própria percepção e por experiências próprias (ações, pensamentos e sentimentos) conso-
lidadas no mundo (interação com grupos familiares, institucionais sociais e culturais).
CURIOSIDADE:
Muitas áreas são importantes para a análise do comportamento humano. Por
exemplo: afetiva, biológica (doenças), familiar, conjugal, sexual, ambiente cultural,
interpessoal, amizades, trabalho, lazer, social, questões morais, escolar, religiosa,
regras sociais e hábitos.
Platão Aristóteles
Figura 3. Platão e Aristóteles, respectivamente. Fonte: MÚSICA E SOCIEDADE. Acesso em: 22/03/2019.
Império Romano
A Psicologia no Império Romano e na Idade Média estava atrelada ao conhecimento religio-
so, já que a Igreja Católica monopolizava o saber, inclusive o estudo do psiquismo.
Nesse período, também havia duas teorias:
a) Santo Agostinho: inspirou-se em Platão, pois também fazia uma cisão entre alma e cor-
po, e a alma também era imortal por ser o elemento que liga o ser humano a Deus. A diferença
é que a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma manifestação divina no
homem;
b) São Tomás de Aquino: inspirou-se em
Aristóteles e na distinção entre essência e
existência. Entendia que a essência humana
busca a perfeição por meio de sua existên-
cia. A diferença se pautava no entendimento
de que somente Deus seria capaz de reunir a
essência e a existência. Portanto, a busca de
perfeição pelo ser humano seria a busca de
Figura 4. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, respectivamen-
Deus. te. Fonte: FILOVIDA. Acesso em: 22/03/2019.
Psicologia científica
O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em
1879. Portanto, a Psicologia é considerada uma ciência jovem, se comparada a outras áreas. Ele
publicou o livro Princípios da Psicologia Fisiológica, na Alemanha.
Figura 6. Primeiro laboratório de Psicologia do mundo. Fonte: EX-ISTO. Acesso em: 22/03/2019.
Seu status de ciência foi obtido na medida em que se liberta da Filosofia, definindo seus
objetos de estudo, que são o comportamento, a vida psíquica, a consciência. Com isso, passa
a ser necessário formular métodos de estudo para esses objetos e teorias enquanto corpo
consistente de conhecimentos na área.
Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da metodologia científica, isto é, deve-se
buscar a neutralidade, os dados devem ser passíveis de comprovação e o conhecimento deve
ser cumulativo, servindo como ponto de partida para outros experimentos e pesquisas na área.
No entanto, foi nos Estados Unidos que ela encontrou campo para um rápido crescimento,
resultado do grande avanço econômico do país. É ali que surgem as primeiras abordagens ou
escolas em Psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente.
Nesse sentido, a Psicologia da Saúde tem como objetivo compreender como os fatores
biológicos, comportamentais e sociais influenciam a saúde e a doença.
Ela é um campo de especialização da Psicologia que aplica seus princípios, técnicas e ciência
para avaliar, diagnosticar, tratar, modificar e prevenir patologias físicas, mentais ou qualquer
outro ponto relevante para os processos de saúde e doença.
ESCLARECIMENTO:
Ambientes nos quais se aplica Psicologia da Saúde: hospitais, centros de saúde co-
munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos.
Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e
Psicologia Social Comunitária.
A saúde é classificada nos setores primário, secundário e terciário. Pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), o paciente se dirige nesta ordem de atendimento:
a) Nível primário: neste nível de atenção, há o atendimento inicial ou de casos mais sim-
ples. Nesse momento, não se dispõe de tratamentos mais complexos e são marcados exames
e consultas, além da realização de procedimentos básicos como troca de curativos. É também
neste nível em que são organizadas as ações para a promoção da saúde pública em espaços
comunitários. O atendimento na atenção primária pode encaminhar para um médico especia-
lista da atenção secundária, por exemplo. São nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) onde se
configura a porta de entrada do sistema único de saúde;
b) Nível secundário: aqui, são realizados procedimentos de intervenção, atendimento
emergencial, bem como tratamentos de casos crônicos e agudos de doenças. Nesse setor,
estão os primeiros especialistas, como oftalmologista, cardiologista, etc. Portanto, são encon-
ATENÇÃO
SERVIÇOS HOSPITALARES DE MAIOR COMPLEXIDADE
TERCIÁRIA
SERVIÇOS AMBULATORIAIS
Serviços ambulatórios com especialidades clínica e cirúrgicas.
ATENÇÃO
Serviços de apoio diagnóstico e terapêutico.
SECUNDÁRIA
Serviços de atendimento de urgência e emergência.
HOSPITAIS GERAIS
UNIDADES DE SAÚDE
ATENÇÃO PRIMÁRIA Atenção primária à grupos populacionais situados em
uma área de abrangência delimitada.
O psicólogo da saúde pode atuar em qualquer setor. Já a Psicologia Hospitalar tem sua
função centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde, realizando atividades
como atendimento psicoterapêutico, grupos psicoterapêuticos, enfermarias em geral, grupos
de psicoprofilaxia, atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva, pronto aten-
dimento, avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico, consultoria e interconsultoria.
Rodriguez-Marín (2003) sintetiza as tarefas básicas do psicólogo que trabalha em hospital:
1) Coordenação: relativa às atividades com os funcionários do hospital;
2) Auxílio à adaptação: intervenção na qualidade do processo de adaptação e recuperação
do paciente internado;
3) Interconsulta: atuação como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o
paciente;
4) Enlace: intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros
profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes;
5) Assistencial: atuação direta com o paciente.
CURIOSIDADE:
A Psicologia enquanto ciência ainda se mantém em construção. Assim, novas abor-
dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana-
lítica Junguiana, Psicoterapia Corporal (Reich), Gestalt-terapia, Psicologia Positiva,
entre outras.
Visão behaviorista
O fundador do behaviorismo foi John Watson. Segundo ele, para transformar a Psicologia
em uma ciência “respeitável”, era necessário que os psicólogos usassem métodos objetivos
(experimentação e observação) e estudassem comportamentos observáveis.
Os princípios behavioristas se baseiam nos estudos dos eventos ambientais (chamados
de estímulos) e os comportamentos observáveis (denominados de respostas). Um tópico
central de investigação é a aprendizagem pela experiência a, qual tem influência sobre o
comportamento.
Visão cognitiva
Um grande número de psicólogos, na década de 70, contestaram o modelo estímulo-respos-
ta do behaviorismo, enfatizando ser necessário que os psicólogos buscassem compreender os
processos mentais. As ideias behavioristas não foram rejeitadas completamente, uma vez que
nas sessões terapêuticas foi incorporado o princípio de fazer perguntas precisas e conduzir
pesquisas e métodos objetivos, mas abriu espaço para a auto-observação e a introspecção.
Segundo essa teoria, é a mente que caracteriza o comportamento especificamente huma-
no. Sendo assim, o objeto de estudo passa a ser o funcionamento da mente, buscando com-
preender a estrutura, as funções e os processos mentais. Além disso, foca-se em estudos e
pesquisas sobre o conhecimento (processos cognitivos) e atuação prática.
ESCLARECIMENTO:
O psicólogo de abordagem psicanalítica é o profissional que cursou a graduação
de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi-
canalistas são profissionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma
formação específica em instituição reconhecida na área.
Perguntas sobre a
Personalidade
pessoa como um todo,
Qualquer pergunta normal e anormal
experiência subjetiva,
bem definida sobre O funcionamento da (leis, determinantes,
OBJETO problemas significativos;
o funcionamento de mente. aspectos inconscientes);
o extraordinário e
qualquer animal. tratamento de
individual como também
anormalidade.
o usual e universal.
Respeitado o
conhecimento intuitivo
do observador; aceitáveis Paciente: introspecção
METÓDOS DE PESQUISA Métodos objetivos e
Métodos objetivos. todos os procedimentos, informal; analista:
ENFATIZADOS introspectivos.
mesmos osnão observação e análise.
científicos, como o de
análise literária.
Pessoas (geralmente
POPULAÇÃO ESTUDADA Todos os animais. Principalmente pessoas. Pessoas.
adultos em terapia).
Comparações
Úteis para determinar Certas variáveis devem ser
Normalmente estatísticas entre
Estudos a etiologia da doença; controladas por seleção em
conduzidos no grupos expostos a
epidemiológicos. fácil replicação, boa vez de manipulação direta;
campo. diferentes fatores
generalização. demorado, caro.
e risco.
Combinação
Não são Ajuda a compreender Tendências potenciais
estatística dos
Metanálise. coletados relatos conflitantes, decorrentes da seleção dos
resultados de
dados novos. replicáveis. estudos incluídos.
vários estudos.
Cultura
Sistema endócino
Sociedade Vizinhos
Células Genes
Sistema cardiovascular
Sistema nervoso
Sistema imune
Comunidade Família
Compreendendo o ser humano de forma integral, como um ser único que influencia e é
influenciado por diversos contextos e subsistemas, a Psicologia da saúde apresenta basi-
camente três principais atuações: a promoção, a prevenção e a reabilitação.
Promoção
A promoção de saúde engloba ações que possibilitam melhorar a saúde das pessoas. É
um processo que inclui não somente ações direcionadas ao desenvolvimento de habilida-
des e potencialidades do indivíduo, mas também ações amplas que visam a modificações
das condições econômicas, sociais e ambientais de forma a minimizar o impacto desses
fatores na saúde individual e pública.
Ou seja, não tem como foco apenas o tratamento de doenças específicas, mas se preocupa
em também desenvolver ações transversais, articuladas com demais estratégias e políticas do
Sistema Único de Saúde (SUS), buscando impulsionar e gerar saúde e bem-estar.
Associa-se à prática de promoção de saúde, valores tais como: vida, saúde (física e mental),
solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria.
Prevenção
Segundo o Sistema Único de Saúde (SUS) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010), existe a concepção
de três níveis de prevenção: a primária, a secundária e a terciária. Esses três níveis organizam,
principalmente, as formas de acesso ao serviço.
Independentemente da classificação do SUS, há uma compreensão diferente desses ní-
veis, tendo como parâmetro o momento de atuação (antes, durante ou depois da doença ter
surgido). Ambos, pesquisadores e profissionais, desempenham ações e processos educativos
orientados para evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e preva-
lência na população.
• Primária: esforços para detectar e enfraquecer os fatores de risco de enfermidades, pre-
venindo a ocorrência de doenças e lesões. O exemplo de não fumar corresponde a uma ação
de prevenção ao tabagismo que é fator de risco ao câncer de pulmão, entre outras doenças.
Já o exemplo de usar cinto de segurança é entendido como fator de proteção e prevenção de
lesões em casos de acidente;
• Secundária: busca identificar e tratar a doença logo no início de seu aparecimento. No
caso de uma pessoa diagnosticada com diabetes, será feito o acompanhamento diário de sua
glicemia, bem como serão realizadas orientações para uma boa nutrição;
• Terciária: atuações com foco em conter ou retardar danos de uma doença já em estado
avançado. Em muitos casos, essa atenção também busca reabilitar o paciente. Um exemplo de
ação nesse nível são as radioterapias e quimioterapias como forma de tratamento de tumores.
Reabilitação
Esse processo trabalha com a restauração de movimentos e funções comprometidas, seja
em decorrência de uma doença ou de um acidente, com o objetivo de a pessoa recuperar seu
bem-estar biopsicossocial, ou seja, reabilitar e manter sua funcionalidade ideal em diversos
âmbitos (físico, sensorial, intelectual, psicológico e social), na relação sujeito-ambiente, favore-
cendo o alcance de sua independência.
A reabilitação contempla diferentes ações: diagnóstico, intervenção precoce, diversidade de
modalidades de atendimento e avaliação. Essa diversidade no atendimento é a característica
Identificar problemas
e necessidades
Avaliar efeitos
Planejar, implementar e
coordenar intervenções
Definir problemas e mediadores
alvo; selecionar as medidas adequadas
Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Dica: uma boa síntese é um texto curto, mas que aborda as ideias centrais do capítulo a
partir da sua perspectiva. Para ficar mais fácil, você pode fazer “pequenas sínteses” para cada
subtítulo do capítulo.
Recapitulando
Neste capítulo, buscamos compreender a Psicologia como uma ciência. Conhecemos seus
objetos, métodos e aplicação na saúde. Verificamos o que compõe a Psicologia, e como ela é
diferente daquela que conhecemos em nosso cotidiano. Para isso, foi fundamental compreen-
der sua história e fundamentos epistemológicos.
Vimos que existem várias psicologias. E isso quer dizer que existem várias formas de estu-
dar a psique, adentrando em diversos objetos e áreas. Compreendemos que a Psicologia da
saúde é uma área dessa ciência, sendo a Psicologia hospitalar uma subárea, pois existem di-
O TRABALHO EM EQUIPE
• A multidisciplinaridade
• A interdisciplinaridade
• A transdisciplinaridade
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
• Empatia
• Assertividade
• Ética
Referente/Contexto:
assunto, situação
Código:
língua
Canal:
meio de veiculação
A comunicação verbal abarca tanto a linguagem escrita quanto a falada. É uma das formas
de comunicação mais utilizada devido a sua capacidade de transmitir ideias e conceitos de
grande complexidade, além de ser o tipo de comunicação em que as pessoas mais tem cons-
ciência e identificam em seu dia a dia.
MEIO
Meu Deus,
vou ser
demitido!
RUÍDO
MENSAGEM
Essa confusão ocorre pela presença de ruídos, bloqueios e filtragens. Com os ruídos, a men-
sagem é distorcida ou mal interpretada; com os bloqueios, a mensagem não é captada e a
comunicação fica interrompida; já com as filtragens, a mensagem é recebida apenas em parte.
Além desses fatores que interferem na comunicação, é preciso lembrar que cada indivíduo
possui suas próprias crenças, valores, religião e está inserido em uma determinada cultura
e ambiente de convivência, ou seja, são condições que podem influenciar na transmissão da
mensagem ou na forma como a informação é interpretada.
ESCLARECIMENTO:
Dentro do conjunto de habilidades sociais, uma das principais classes é o das habi-
lidades de comunicação, a qual é composta por fazer e responder perguntas, dar e
pedir feedback, elogiar, iniciar, manter e encerrar uma conversação.
Os modos de comunicação foram evoluindo e, com o avanço da internet, estamos cada vez
mais conectados e com acesso às informações na palma das mãos.
A grande questão da era digital que se faz presente no campo da saúde é até que ponto es-
ses avanços tecnológicos têm realmente favorecido a aproximação das pessoas e a produção
de uma comunicação eficaz, ou seja, aquela comunicação que cria vínculos, que de fato torna
comum os pensamentos, os comportamentos, as ideias e o que se almeja comunicar.
Trata-se de uma questão complexa: de um lado a transformação digital da saúde pode
ser utilizada em demasia e de modo indiscriminado, pautando-se em informações que não
são legítimas e confiáveis, além de favorecer o crescimento do autodiagnóstico e autome-
dicação; por outro lado, os avanços tecnológicos têm possibilitado os atendimentos online
em saúde, favorecendo as trocas de informações e pesquisas em níveis mundiais, maior
probabilidade de diagnósticos precoces e precisão no tratamento e, consequentemente, o
aumento de sobrevida dos pacientes, além de favorecer o posicionamento ativo do pacien-
te na busca por informações.
AFIRMAÇÃO:
“[...] quem recebe uma má notícia dificilmente esquece onde, como e quando ela foi
comunicada”. (ALMANZA-MUÑOS e HOLLAND apud VICTORINO et al, 2007, p. 55)
A experiência dessa comunicação é vista pelos profissionais como uma situação limite, e um dos
fatores que podem favorecer a dificuldade de comunicação das más notícias são os próprios medos
dos profissionais da saúde, os quais estariam relacionados aos receios de incomodar com a comuni-
cação de uma notícia difícil, de serem culpados pelos pacientes e familiares, do desconhecido e de
dizer “não sei”, de expressar emoções e, por fim, da própria morte.
Assim, muitas vezes, sem saber lidar com a reação emocional do paciente e familiares, o profissio-
nal pode expressar promessas falsas de cura, negligenciar o sofrimento ao fazer uma comunicação
abrupta e diretiva, sem muitas explicações e espaços para expressão do paciente.
• O que são más notícias?
As más notícias podem ser compreendidas como aquelas que alteram de maneira trágica e ne-
gativa a perspectiva do paciente em relação a seu futuro. Por essa definição, compreende-se que a
reação do paciente depende, dentre outras coisas, de sua visão de futuro, sendo essa visão única,
individual e influenciada pelo contexto psicossocial ao qual ele está condicionado.
De maneira ampla, as más notícias incluem situações de ameaça à vida, ao bem-estar pessoal,
familiar e social, diagnósticos de doenças terminais e/ou crônicas, perdas familiares, diagnósticos e
ESCLARECIMENTO:
O termo norte-americano Setting é usado na área da saúde para se referir ao am-
biente, ao cenário e à condição do atendimento.
• Organizar o tempo: para que haja espaço suficiente para informações, reflexões e esclareci-
mento de dúvidas.
• Aspectos específicos da comunicação: expressões faciais e corporais, uso de linguagem sim-
ples e clara, atenção ao tom de voz; solicitar que o paciente explique com suas próprias palavras o
que compreendeu da informação.
• Reconhecer o que e o quanto o paciente quer saber: oferecer o espaço para que o paciente
coloque sua vontade sobre os assuntos de esclarecimento.
• Encorajar e validar as emoções: período de silêncio para processamento da má notícia, legiti-
mar o que o paciente está sentindo; questionar as necessidades emocionais do paciente, oferecendo
referências de serviços interdisciplinares.
• Atenção e cuidado com a família: a família costuma servir de apoio e suporte para o paciente.
Por isso, se faz importante o cuidado com ela.
• Planejar o futuro: o profissional pode auxiliar na redução da ansiedade do paciente, resumindo
o que foi discutido e apresentando o planejamento e os próximos passos.
BIOGRAFIA:
Robert Alexander Amiel Buckman (22 de agosto de 1948 – 9 de outubro de 2011) era
médico britânico e autor. Ficou famoso por seus escritos sobre medicina e ciência
popular. Ele se especializou em oncologia e ensinava habilidades de comunicação
nesta área. Foi dessa forma que ele criou o protocolo SPIKES.
É um protocolo prático que apresenta seis passos que visam proporcionar maior segurança ao
profissional da saúde, o qual tem como objetivos principais: saber o que o paciente e seus familiares
estão compreendendo no momento (isso auxilia o profissional a saber por onde começar), fornecer
informações de acordo com o que o paciente e sua família suportam receber, acolher qualquer reação
que possa vir ocorrer e, por último, o desenvolvimento de uma estratégia ou plano de tratamento.
Multidisciplinaridade
Existe uma temática comum
Não existe nenhuma relação nem cooperação entre disciplinas
Figura 3. Multidisciplinaridade.
2.2.2 A interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade, como o próprio nome sugere, trata da ação recíproca de um elemento
sobre o outro e vice-versa. Com ela, há troca de instrumentos, técnicas, metodologias e esque-
mas conceituais entre os saberes, levando ao diálogo, enriquecimento e transformação desses
entendimentos.
Nesse modelo, se contempla as intersubjetividades e o respeito às diferenças existentes dian-
te de múltiplos olhares e compreensões sobre um determinado objeto. Isso ocorre, no entanto,
perante a consciência dos limites e das potencialidades de cada campo do saber, na busca de um
fazer coletivo. Aqui, se visa ao intercâmbio mútuo e à interação de diversos conhecimentos de
forma recíproca e coordenada, mas com uma perspectiva metodológica comum a todos. Busca-
Interdisciplinaridade
Existe cooperação e diálogo entre as disciplinas
Existe uma ação coordenada
Figura 4. Interdisciplinaridade.
2.2.3 A transdisciplinaridade
A transdisciplinaridade parte da impossibilidade de abarcar o mundo no âmbito de alguma
disciplina. Entende, portanto, que as relações entre as disciplinas não apenas interagem, mas
são um sistema total, impossibilitando separar as matérias. Nesse sentido, se iguala os saberes
por sua integração total. Por esse motivo, construir conhecimento implica em construir novos
modos de ser a partir da plasticidade própria do ser humano. O propósito é a relação complexa
dos diversos saberes, sendo que nenhum é mais importante do que o outro. Dessa forma, é um
nível bem superior e complexo de integração contínua e ininterrupta dos conhecimentos.
Nesse modelo, busca-se suprir uma anomalia do sistema anterior, não destruindo o anterior,
mas se abrindo a novos saberes. A necessidade da transdisciplinaridade decorre do desenvol-
vimento dos conhecimentos, da cultura e da complexidade humana. Nesse caso, é necessário
tecer laços entre a genética, o biológico, o psicológico e a sociedade.
O trabalho da equipe de saúde pela perspectiva transdisciplinar iguala o trabalho do médico,
enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo, etc.
Transdisciplinaridade
Cooperação entre todas as disciplinas e interdisciplinas
Figura 5. Transdisciplinaridade.
Sendo assim, para se desenvolver um nível cada vez maior de integração disciplinar, pode-se
investir em novos modelos de formação de equipe, já que a equipe de saúde pode funcionar como
um ambiente facilitador em prol da saúde e do desenvolvimento das pessoas em tratamento.
A renovação das concepções a respeito do ser humano e de seu funcionamento por um ponto
de vista amplo precisa abarcar sua dimensão social, relacional, cultural, psíquica e corporal como
dimensões indissolúveis.
Para isso, é preciso investir na capacitação dos profissionais para o trabalho em equipe. Para
além das teorias e conceitos, é preciso contar com profissionais sensibilizados e abertos a elabo-
rações conjuntas.
Se olharmos para a equipe de saúde como um todo, perceberemos suas particularidades e di-
nâmicas próprias, bem como suas complexidades. Dessa forma, devemos entender a equipe como
um organismo em busca da criação de condições necessárias para seu funcionamento saudável.
O funcionamento saudável de uma equipe de saúde seria a capacidade de se apropriar, en-
quanto todo, das potencialidades e contribuições de cada profissional que a compõe. Então,
cada um tem certo grau de permeabilidade que lhe permite modificar e ser modificado no pro-
cesso de construção de um saber e um fazer que transcenda o limite do individual, e gere a ho-
meostase da equipe.
2.3.1 Empatia
Por definição, empatia pode ser a característica de compreender emocionalmente alguém
ou a capacidade de se identificar com o outro.
Ela pode ser o processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com
base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro.
Praticar empatia é ter como hábito o exercício afetivo e cognitivo de buscar inte-
ragir, percebendo a situação sendo vivida pela pessoa que a vive. Isso não quer dizer
que ao praticar a empatia, o sujeito deve se confundir com o outro, mas sim procurar
compreender a dor ou prazer do outro como se estivesse no lugar dele. Essa condição
separa o “eu” do “outro” e, ao mesmo tempo, os une pela compreensão emocional do
que o outro vive.
Ela envolve, segundo estudos sociológicos, três componentes:
• Afetivo: pauta-se na compreensão de estados emocionais de outros.
• Cognitivo: refere-se à capacidade de perceber estados mentais de outros.
• Regulação das emoções: lida com o grau das respostas empáticas (diferenciação de emoções
vividas por mim e pelo outro, pela percepção das próprias respostas emocionais automáticas).
AFIRMAÇÃO:
“Curar ocasionalmente, aliviar frequentemente e consolar sempre”, de Ambroise
Paré (BARROS FILHO, 2007), remete à sensibilização dos profissionais da saúde por
cada condição que se transforma, momento a momento, do paciente.
Empatia no caso da equipe de profissionais da saúde: será com empatia que toda equi-
pe poderá formar laços de confiança e colaboração, por meio da reciprocidade que cultiva as
boas relações entre equipes, gestão, pacientes e instituição. Nesse sentido, os gestores das
equipes podem, com a empatia, compreender seus subordinados e manter um interesse ativo
por suas preocupações e orientarem-se para servir, antever, identificar e satisfazer as neces-
sidades dos profissionais, identificando e aprimorando seus pontos fracos e reforçando suas
aptidões. Além disso, os colaboradores podem, pela empatia, entender as necessidades da ins-
tituição, do setor, dos pacientes e da gestão, e trabalhar sobre essas premissas sem esquecer
das próprias necessidades.
ASSISTA:
O Óleo de Lorenzo:: baseado em fatos reais, o filme mostra a trajetória de uma pessoa
leiga que busca a cura de determinada doença por se deparar com o sofrimento de
seu filho. Nessa busca, a personagem entra em contato com uma comunidade de
crianças que sofrem das mesmas condições e aprende com exercício da empatia.
2.3.2 Assertividade
Definição: Assertividade é uma competência emocional baseada na manifestação de uma
posição clara, educada e coerente, com transparência na atitude, respeitando o ouvinte e ter-
Objetivo: agradar
Esse treino assertivo permite que o profissional de saúde se comunique de forma mais
adequada com o paciente, possibilitando que ele compreenda melhor a informação que lhe
é transmitida. Isso auxilia diretamente na adesão ao tratamento e também é um importante
instrumento na gestão do estresse no trabalho.
Veja alguns pontos essenciais para se trabalhar a assertividade em profissionais da saúde:
a) Moderação da expressão emocional (em excesso ou déficit).
b) Elaboração de perguntas e respostas das mesmas.
c) Elaboração de críticas justas e respostas das mesmas.
2.3.3 Ética
A palavra “ética” vem do grego ethos e significa caráter, disposição, costume, hábito.
A ética, como um conceito, é diferente da moral, pois, enquanto esta se fundamenta
CONTEXTO:
O significado da palavra ética vem do grego “Ethos”, e diz respeito ao modo de
ser do indivíduo, ou ao caráter do ser humano. Na Grécia Antiga, os filósofos
foram os primeiros a pensar o conceito de ética, associando à ideia de moral e
cidadania.
Nesse sentido, e aplicando o conceito ao trabalho dos profissionais de saúde, uma con-
duta ética no trabalho, assim como seguir padrões e valores, tanto da sociedade quanto da
própria organização, é essencial para o alcance da excelência profissional.
Na prática dos profissionais de saúde, a ética é analisada sob três aspectos:
1) A relação com o paciente;
2) A relação da equipe;
3) A relação com a sociedade.
Veja quais são as premissas éticas importantes na relação com o paciente:
Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Dica: uma boa síntese é um texto curto, mas que aborde as ideias centrais do capítulo, a
partir da sua perspectiva. Para ficar mais fácil, você pode fazer “pequenas sínteses” cada qual
de um subtítulo do capítulo.
Recapitulando
Neste capítulo, buscamos compreender as relações de trabalho no campo da saúde.
A partir de uma pequena introdução com conceitos gerais sobre a teoria da comunicação,
O PROCESSO DE ADOECIMENTO
• Conceito de saúde
• Aspectos psicossociais do processo
saúde/doença
ASSISTA:
O filme O Curioso Caso de Benjamin Button é uma ficção que conta a história de
uma pessoa que nasce na fase da velhice e, à medida que sua vida passa, vai reju-
venescendo até virar um bebê. É interessante para se pensar nas peculiaridades
de cada fase da vida.
Cronossistema
(dimensão de tempo)
Macrossistema
Exossistema
hierarquia religiosa
Mesossistema
Si cac
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Local de trabalho
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Grupo de
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Meios de
comunicação
em massa
Crenças e ideologias
dominantes
Figura 1. Sistemas que circundam e constituem o indivíduo. Fonte: PAPALIA; FELDMAN, R. D., 2013. (Adaptado).
Vamos, a seguir, verificar como cada um desses contextos pode influenciar o desenvolvi-
mento do ser humano:
Saúde
Cultura
A cultura refere-se ao modo de vida de um grupo ou sociedade, incluindo costumes, tradi-
ções, crenças, valores, idioma etc. Ela está sempre mudando, seja pela dinâmica que se recon-
figura em contextos maiores ou pela própria cultura.
Pensar em cultura como uma forma ampla, não se deixa compreender a complexidade dos
povos. Por isso é muito importante pensar nos subgrupos que podem consistir em pessoas
unidas por descendência, raça, religião, língua e/ou nacionalidade, o que contribui para um
sentido de identidade comum. Isso quer dizer que muitas atitudes, crenças e valores são com-
partilhados.
Esses grupos e subgrupos se constituem de histórias, culturas e condições socioeconômicas
variáveis, que podem se assemelhar em determinados aspectos e se diferenciarem em outros.
Pensar nessas redes pode parecer bastante complexo.
Uma forma de aproximação a esse fenômeno são os padrões culturais que podem influen-
ciar a composição da unidade domiciliar, as brincadeiras das crianças, o tipo de comida que
comem, seus recursos econômicos e sociais, a forma como seus integrantes agem entre si, o
modo como os jovens aprendem etc. Todos esses aspectos constituem as fases de desenvolvi-
mento na qual o indivíduo está inserido.
Questões normativas e não normativas
Outro fator a ser pensado pelos cientistas do desenvolvimento são os eventos que tendem
a ocorrer com quase todas as pessoas em determinado período (influência normativa), e ques-
tões individuais (não normativas).
O evento normativo é experimentado de modo semelhante pela maioria das pessoas em
um grupo. Alguns tipos são:
a) Influências normativas etárias: semelhantes para pessoas de uma determinada faixa
etária, que estão vivenciando os mesmos eventos biológicos (como puberdade e menopausa)
3.1.3 Comportamento
Alguns estudos tentam descrever e explicar o desenvolvimento humano, predizendo que
tipos de comportamento poderiam ocorrer sob certas condições. O modo como os teóricos
explicam o desenvolvimento depende das seguintes questões:
O que é mais importante, a hereditariedade ou o ambiente?
Os teóricos diferem quanto à importância relativa que dão ao que é inato (genético, da or-
dem do natural) e à experiência (influências socioambientais e culturais). Quando se pesquisa
determinada pessoa, quase todas as características dela apontam para uma mescla de heran-
ça e experiência. Por exemplo, ainda que a inteligência tenha um forte componente hereditá-
rio, os fatores de estimulação dos pais e educação também são determinantes.
As “tendências naturais” das crianças, como as voltadas para música ou esportes, podem
ser desenvolvidas se praticarem atividades que reforcem essas tendências. Da mesma forma,
elas provavelmente não serão potencializadas se não forem treinadas.
O desenvolvimento é ativo ou passivo?
Para responder a essa pergunta, foram desenvolvidas duas grandes teorias que se contra-
dizem: a mecanicista e organísmica.
Alguns teóricos do modelo mecanicista entendem que as pessoas são como máquinas, que
reagem ao que lhes chega do ambiente, sendo que o comportamento dos organismos é muito
semelhante diante dos mesmos estímulos. Essa perspectiva busca identificar e isolar os fato-
res que fazem as pessoas reagirem de determinada forma.
Behaviorismo ou teoria
da aprendizagem As pessoas são reativas; o ambiente controla o
tradicional (Pavlov, comportamento.
Aprendizagem Skinner, Watson)
3.2.1 Infância
A palavra infância tem origem no latim infantia, do verbo fari = falar, em que fan = falante e in cons-
titui a negação do verbo. Sendo assim, infans refere-se ao indivíduo que ainda não é capaz de falar.
CURIOSIDADE:
Na história da infância, nota-se que a preocupação com as crianças é vista somente
a partir do século XIX, tanto no Brasil como em outros lugares. Na era medieval, por
exemplo, as crianças eram vistas como mini adultos, sendo tratadas sem discrimi-
nação e não tinham cuidados especiais.
CURIOSIDADE:
Terríveis dois anos é o termo usado para se referir ao período dos dois anos de
idade, em que as crianças querem experimentar suas próprias decisões e exercitar
suas preferências. Geralmente, esse comportamento ocorre na forma de negativis-
mo, na tendência de exclamar o “Não!”, opondo-se à autoridade.
Dos dois aos sete, as crianças passam pelo estágio de desenvolvimento cognitivo, chamado
“pré-operatório”.
Neste estágio, as crianças se orientam pelas percepções que tem da realidade, e conseguem
resolver problemas manipulando objetos concretos, como por exemplo, identificar entre três
caixas qual é a maior; entretanto, ainda apresentarão dificuldades com questões abstratas.
Durante a fase pré-escolar há a expansão da curiosidade intelectual, sendo recorrente as
perguntas “o que é isso? ” e “por que?”
Apresentam pensamento egocêntrico, centrados no eu. Tendem a enxergar o mundo essen-
cialmente com base nas próprias perspectivas, sendo difícil para elas se colocarem no lugar
de outras pessoas e compreender a existência de outras perspectivas. Neste aspecto, nota-se
também, em conjunto com a curiosidade, que a criança faz aquilo que ela tem vontade, bus-
cando o prazer imediato.
Terceira infância
Neste momento do desenvolvimento, o crescimento físico desacelera. Os meninos são ligei-
ramente mais altos do que as meninas no início desta fase, porém, as meninas apresentam o
estirão da adolescência mais cedo e, assim, tendem a ser mais altas comparadas aos meninos
no fim da terceira infância.
Há o aperfeiçoamento da força e das habilidades físicas, bem como do desenvolvimento motor,
ampliando as possibilidades de atividades motoras que antes eles já eram capazes de realizar.
CURIOSIDADE:
Considerando os modelos atuais de vida: os jovens saem mais tarde da casa dos
pais, prolongamento dos estudos, maior período de dependência financeira etc.,
novos estudos enfatizam que esteja ocorrendo um prolongamento da adolescên-
cia, sendo esta considerada até os 24 anos.
Menarca 10-16.5
Não é só a aparência física que exibe mudanças na transição da infância para adolescência,
o modo de pensar também muda.
Seguindo a teoria dos estágios cognitivos de Piaget, os adolescentes estão na fase das ope-
rações formais, momento em que desenvolvem o pensamento abstrato, apresentando a ca-
pacidade de antecipação, análise, compreensão de metáforas e construção de teorias.
Além disso, começam a ser capazes de planejar o futuro de maneira mais realista, pois não
se restringem ao aqui e agora, passando a assimilar também o tempo histórico.
Neste estágio, os adolescentes tendem a analisar os acontecimentos de maneira mais crítica e
reflexiva. Analisam questões mais amplas e complexas, buscando compreender a vida, a própria
identidade, questões sociais e de religião, e demonstram incômodo frente às contradições.
Sendo assim, apesar do pensamento dos adolescentes ainda não estar completamente ma-
duro, eles são capazes de raciocinar de maneira abstrata e, ao abandonar o pensamento ego-
cêntrico, passam a elaborar juízos morais tendo como base o senso de justiça.
ASSISTA:
Assista a série 13 reasons why,, que trata do suicídio de uma adolescente e as con-
sequências dessa ação na vida de seus amigos e familiares. A série retrata também
outras vivências características da adolescência: bullying, uso de substâncias quími-
cas, tendência grupal e descobertas sexuais.
FEMININO MASCULINO
Diminuição de estrogênio e de
Mudança hormonal Diminuição da testosterona
progesterona
FREQUÊNCIA DE MENÇÃO
Religioso 97 17.4
Aceitação 63 113
Diversos 31 5,6
Nota: 100 adultos mais velhos descreveram 556 comportamento de enfrentamento para 289
experiências estressantes.
Os percentuais somam mais do que 100 devido ao arredondamento.
Fonte: Koenig, George e Siegler, p. 306.
AFIRMAÇÃO:
“Em geral, nove décimos da nossa felicidade baseiam-se exclusivamente na saúde.
Com ela, tudo se transforma em fonte de prazer”. (Arthur Schopenhauer).
CURIOSIDADE:
Recentemente, médicos dos EUA criaram uma entidade nosológica e lhe deram um
C.I.D.: é a “síndrome da felicidade”, incompatível com a situação do homem, com
suas dificuldades, dúvidas, medos e incertezas.
Ser saudável não é se adaptar passivelmente a tudo. Questionar, criticar, sofrer e se mobili-
zar diante de contradições sociais e frustrações faz parte do processo de estar vivo. O estado
extremo de hiperadaptação mental é pautado em uma vida psíquica severamente empobre-
cida, já que a fantasia se torna amortecida, havendo um rebaixamento da criatividade e da
possibilidade de transformação da realidade.
Saúde no Brasil
Há, também, uma forma complementar e essencial para se compreender o conceito de saú-
de no contexto brasileiro, que é como um direito à cidadania. Ele foi expresso na Constituição
Brasileira de 1988, abordando a saúde na perspectiva política, econômica e social.
Pela legislação, a saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido perante medidas
políticas públicas e intervenções sociais e econômicas, que visem à redução do risco à doença
e garantam acesso universal e igualitário dos cidadãos às ações e serviços para a sua promo-
ção, proteção e recuperação.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma nova formulação política e organizacional para a
efetivação do que foi proclamado em legislação. Seus princípios doutrinários foram estabe-
Princípios do SUS
Ideológicos
Organizacionais
ou doutrinários
Universalidade Descentralização
Integralidade Regionalização
Equidade Hierarquização
Vale lembrar que o SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Ele abrange
desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, oferece consultas, exames
e internações, promove campanhas de vacinação e ações de prevenção e vigilância sanitária.
• Sistema Sistema
O que se está estudando no
momento
Subsistema
• Subsistema
As partes identificadas que Subsistema
integram o sistema
• Supersistema
(ecossistema)
O todo, o sistema é parte dele
Figura 7. Hierarquia de sistemas sob a perspectiva da teoria sistêmica. Fonte: SlidePlayer, 2014. (Adaptado).
Recapitulando
Nesse capítulo, buscamos compreender aspectos do desenvolvimento humano, as influên-
cias hereditárias e ambientais, sendo o desenvolvimento vitalício, contextual, multidimensio-
nal e multidirecional.
Para isso, entendemos o conceito de desenvolvimento humano, e seus fatores determinan-
tes, sendo eles normativos ou não.
Debruçamo-nos sobre as especificidades de cada uma das fases da vida humana, começan-
do pela infância (que pode ser analisada sobre três grandes subfases), a adolescência e seus
aspectos transitórios, a vida adulta e as diferenças históricas sobre essa maior parte da vida,
bem como diferenças entre o jovem adulto e a meia-idade. Finalmente, compreendemos a
velhice, englobando a morte no fim da vida.
Para respondermos à pergunta norteadora, nos aprofundamos no conceito de saúde e ve-
rificamos as complexidades de se chegar no “completo bem-estar”, analisamos ainda a saúde
como um direito garantido ao cidadão no contexto brasileiro e a necessidade de se compreen-
der o ser humano de forma integral, verificando seus aspectos biopsicossociais.
Se para estar saudável o ser humano deve gozar de bem-estar em todas as áreas, será que todas
as áreas do conhecimento deveriam estar na promoção da saúde? Podemos dizer que sem a pro-
moção efetiva da saúde, tende-se a comprometer o desenvolvimento de toda uma população, uma
vez que verificamos as importantes determinações contextuais para cada fase da vida humana.
Foi proposta também a reflexão de que se alguma vez vocês já se descreveram como “atrasa-
dos” ou qualquer outra comparação ou parâmetro para se casar, se aposentar etc. Fizemos essa
indagação acreditando que, em algum momento, mesmo que de modo passageiro ou de manei-
ra não intencional, vocês já se compararam com outro colega ou se impuseram alguma cobrança
desse tipo. Sendo assim, gostaríamos de evidenciar o quão facilmente nos deixamos levar pelo
relógio social imposto pela nossa cultura, estando impregnado em nossas ações e pensamentos.
DOR E SOFRIMENTO
• Conceito de dor
• Sofrimento humano
• Espiritualidade no contexto da saúde
• Cuidados paliativos e cuidados no fim
da vida
A MORTE E O MORRER
• Conceito de morte
• Perspectivas da morte na infância,
adolescência, fase adulta e velhice
• Educação para a morte
PERDAS E LUTO
• Estudos sobre o luto
• Cuidados com as pessoas enlutadas
• Comportamentos autodestrutivos
• Suicídio
CURIOSIDADE:
Thánatos é a personificação do deus da morte na mitologia grega. Ele é um perso-
nagem que aparece em inúmeros mitos e lendas. É filho de Nix (a Noite) e Érebo (a
Escuridão), e irmão gêmeo de Hipnos (o Sono). Habitava, juntamente com Hades, o
mundo dos mortos.
CONTEXTO:
Os periódicos fundamentais para a sistematização da Tanatologia começaram
em 1970, nos Estados Unidos. No Brasil, as principais fontes de referência são o
Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto (LELu) da Pontifícia Univer-
sidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e o Laboratório de Estudos sobre a Morte
(LEM) do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP).
Aplicações da Tanatologia:
• auxiliar as pessoas a desmitificar a morte como uma fantasia de castigo, introduzindo a
ideia de morte como um processo natural;
• preparar as pessoas para assumirem perdas;
• educar e tratar de forma humana e inteligente quem está próximo da morte, procurando
compreender a dinâmica das emoções envolvidas nesse processo;
• promover o princípio de autonomia, que permite que os sujeitos tomem suas próprias
decisões no processo de morte e vida, pois a dignidade de cada um vem por meio do respeito
e liberdade.
• Élie Metchnikoff (1903): o cientista russo iniciou os estudos em Tanatologia por entender
que, sem uma atenção sistemática ao tema da morte, as ciências da vida não estariam com-
pletas. Afinal, estudos acadêmicos poderiam ajudar aqueles que enfrentam a morte a ter uma
melhor compreensão do fenômeno, amenizando o medo por ela suscitado.
• Herman Feifel (1959): o psicólogo norte-americano escreveu, logo após a Segunda
Guerra Mundial, o clássico O significado da morte. Discute-se, na obra, a importância da te-
mática, refutando-se mitos detidos por cientistas e profissionais através da filosofia, arte,
religião e sociologia.
• Kübler-Ross e Saunders (1960): revolucionaram o trabalho com pacientes em estágio
terminal e trouxeram o tema da morte para discussão pública.
• Kastenbaum (1970): foi o responsável por criar o periódico Omega: Journal of Death and
Dying, a primeira sistematização de bibliografia da área.
• Jessica Mitford (1978): escreveu The american way of death, obra que causou grande po-
lêmica, traçando um retrato da morte no Ocidente e apontando o trato da morte como tabu.
• Bluebond Langner (1987): questionou sobre a real contribuição que algumas pesquisas
ofereciam por se preocuparem mais com definições operacionais, tratando de detalhes e iso-
lando alguns aspectos do tema da morte. Isso ocorreria pelas exigências de rigor metodológico
da mesma década.
Estresse
Dor
que isso. Os seres humanos lutam contra suas formas de dor psicológica; suas
sidades e sensações não desejadas. Elas pensam nisto e se preocupam com isto,
têm ressentimento disto, antecipam e temem isto (...) ao mesmo tempo demons-
sabendo que vão morrer um dia, eles se preocupam com o seu futuro. Mesmo
Como percebemos, o próprio conceito de dor não se pauta em apenas uma categoria da
vida das pessoas, mas passa por inúmeras variáveis, como, por exemplo, questões ambientais,
subjetivas e culturais.
De forma genérica, podemos pensar no
sofrimento humano como um estado de afli-
ção severa, associado a acontecimentos que
ameaçam a integridade de alguém. Ele atinge
várias dimensões, como as emoções e as rela-
ções com o corpo. Essas formas de sofrer não
se dão de maneira isolada, mas em contínua
e complexa manifestação, de modo que uma
forma de sofrer quase sempre leva a outras.
Uma pessoa com dificuldades familiares pode, por exemplo, desenvolver depressão, com
perda de apetite e dificuldade para dormir. Na prática, as relações causais não são tão simples
e separadas, uma vez que todas as dimensões do ser humano andam juntas.
Podemos aprofundar essas questões na seguinte medida:
a) sofrimento físico: vai além dos sintomas que se dão no corpo em si, voltando-se a todas
as questões que levam a desconforto, mal-estar e perda da qualidade de vida por problemáti-
cas vigentes no corpo;
b) sofrimento psicológico: refere-se às dores emocionais que podem ou não repercutir
no corpo. Sintomas decorrentes são: ansiedade, depressão, preocupação, irritabilidade, culpa,
isolamento psíquico, sentimento de impotência etc.;
Dimensão
espiritual
Dimensão
física
AFIRMAÇÃO:
“A morte tem o poder de colocar todas as coisas nos seus devidos lugares. Longe do
seu olhar, somos prisioneiros do olhar dos outros, e caímos na armadilha de seus
desejos” (ALVES, 2002).
Princípio Premissa
Os quatro grandes pilares dos cuidados paliativos englobam os princípios descritos na Fig. 4:
É importante ressaltar que tais cuidados são um direito do paciente e um dever dos profis-
sionais da saúde e do Estado, e não um “luxo” para essa fase, já que podem durar de alguns
dias a até mesmo anos. Um aspecto importante que os cuidados paliativos promovem é o es-
tado ativo do paciente no processo de adoecer, a partir do suporte familiar e da competência
dos profissionais envolvidos.
CURIOSIDADE:
A morte clínica se tornou um conceito, pois atualmente muitas funções vitais po-
dem ser substituídas por máquinas, prolongando-se a vida indefinidamente. Esses
são os casos de “coma”, popularmente conhecidos como “estados vegetativos”.
Cogntivamente
A onipotência pela
Fracasso, derrota e como reversível e
Adolescência possibilidade de criação
incompetência. emocionalmente
e ação.
como negligência.
Responsabilidade em
relação à comunidade e Pode acontecer O mistério, o poder
Adulto
colaboração com o seu consigo. e a força.
desenvolvimento.
Solidão, tristeza,
Dificuldades corporais,
Com convívio e vida, pobreza, ou
Velhice financeiras, de
ou dor e perda. sabedoria e
produtividade.
tranformação.
DICA:
Na bibliografia básica deste material, encontra-se a obra Sobre a morte e o morrer
de Elizabeth Kübler-Ross (1987). O livro oferece a um público leigo o esclarecimento
de questões envolvendo o tema da morte, por meio do processo de luto de pessoas
que relatam sua experiência de perda. Vale a pena!
Esse tipo de trabalho pode apresentar fortes repercussões para algumas pessoas e ser irre-
levante ou até mesmo danoso para outras, provocando ainda mais ansiedade. É por isso que
todo esse processo deve ser feito com muito cuidado.
Outra estratégia interessante é a abordagem da morte nas escolas e a preparação de edu-
cadores para essa atividade. Esse tema seria muito importante, pois estão aumentando signifi-
cativamente as mortes de crianças e adolescentes por diversas causas, principalmente violên-
cia, abuso de drogas, suicídio e outras situações de risco. É importante, também, abrir espaços
de discussão sobre a morte para o público leigo, bem como para estudantes e profissionais
interessados, a fim de que a temática alcance a todos (já que faz parte da vida de todos).
ASSISTA:
O filme Sociedade dos poetas mortos,, do diretor Peter Weir, indica que, quando ocor-
re um suicídio, pode haver o desejo de assassinar o outro. É possível haver interfe-
rência de fatores eróticos, tornando difícil matar a quem se ama.
4.4.4 Suicídio
O suicídio é um ato individual, mas que
carrega características da sociedade que o
produz. É complexo e indefinido, caracteri-
zando-se como um homicídio intencional de
si mesmo. São várias as formas que as pes-
soas renunciam às suas existências, e este
ato consolida a atitude desesperada de quem
não quer viver. Em um sentido mais amplo, o
suicídio inclui processos autodestrutivos in-
conscientes, lentos e crônicos.
Existem também os parassuicídios, que
são atos que não se expressam de modo ex-
plícito e manifesto, mas sim de forma incompleta, deslocada, ou até mesmo simbólica, como
se verifica em certos acidentes e automutilações.
O suicídio é resultado de uma indução social, e não de uma livre determinação individual.
Entretanto, cada pessoa articula, a sua maneira, os recursos com os quais a sociedade as co-
loca em contato.
O indivíduo que atenta contra a sua vida atenta também contra a sociedade, sendo esta
uma denúncia trágica sobre uma crise coletiva. Quando uma pessoa se mata, fracassa uma
proposta coletiva daquela sociedade.
Pelo fato de o suicídio ser um ato e um processo muito complexo, ele não pode ser considera-
do sempre como psicose, ou como decorrente de desordem social. Também não pode ser ligado,
de forma simplista, a um determinado acontecimento, afinal, não existe uma simples e única
resposta. Trata-se de um processo, que pode ocorrer no início ou em qualquer fase da vida.
AFIRMAÇÃO:
“O suicídio é o único problema filosófico verdadeiramente sério, pois julgar se a vida
vale ou não a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia.”
(Albert Camus, O mito de Sísifo).
Homens (77.81%)
Mulheres (22.19%)
Tipos de suicídio
Suicídio egoísta: como somos seres sociais, a socialização costuma ser essencial no que diz
respeito ao sentido que se dá à vida. No caso do suicídio egoísta, o indivíduo se isola do âmbito
social, ou o aponta como fonte de sofrimento. O suicídio egoísta resulta de uma individualiza-
ção excessiva em sociedades desagregadas, gerando sentimento de solidão e desespero.
• Depressão;
• Gênero masculino;
• Transtorno bipolar;
• Idade entre 15 e 30 anos e acima de 65 anos;
• Transtornos psiquiátricos relacionados ao uso
• Sem filhos;
de álcool e outras substâncias;
• Moradores de áreas urbanas;
• Transtornos de personalidade;
• Desempregados ou aposentados;
• Esquizofrenia;
• Isolamento social;
• Aumento do risco com associação de
• Solteiros, separados ou viúvos;
transtornos psiquiátricos: paciente bipolar que
• População especiais: indígenas, adolescentes
também seja dependente de álcool terá risco
e moradores de rua.
maior do que se ele não tiver essa dependência.
Suicidabilidade:
Ter tentado suicídio, ter familiares que tentaram ou consumaram suicídio, ter ideias e/ou planos
de suicídio.
Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Recapitulando
Neste capítulo, foi apresentado o conceito de tanatologia e as aplicações desta área de
estudos. Perguntamo-nos se a tendência à quantificação poderia levar à repetição de temas
e reduzir a profundidade da discussão de uma temática complexa como esta. Quanto a isso,
verifica-se que, tratando-se de um campo de pesquisas com influência do rigor científico, a
apresentação de temáticas repetidas e a pouca exploração do lado subjetivo do assunto po-
dem levar a certa redução.
Entretanto, observamos também crescente compreensão dos aspectos subjetivos, amplian-
do os conceitos de dor e sofrimento, de forma a considerar os âmbitos físicos, psicológicos,
sociais e até mesmo espirituais.
Também refletimos se a dor poderia ter outros objetivos para a pessoa, por ser um aviso
persistente da necessidade de ajuda. Perguntamo-nos se ela seria apenas uma sensação inde-
sejada que necessita ser abolida, ou também uma experiência que pode ser cuidada, e gerar
outros benefícios e possibilidades de ressignificação.
Podemos responder que, sendo a dor vista como uma possibilidade de expressão, não so-
mente da sensação física imediata, mas também do pedido de ajuda e cuidado, uma vez que
esses sinais são atendidos, evidencia-se uma série de benefícios ao paciente em fases termi-
nais, bem como na atenção aos familiares e pessoas enlutadas.
Neste capítulo ainda foram citadas as diferenças de cada fase do desenvolvimento quanto à
concepção e à vivência da morte. Além disso, foram expostos estudos sobre as perdas e o luto,
evidenciando os cuidados necessários e atenções especiais aos comportamentos autodestru-
tivos e ao suicídio.
Como reflexão final, evidenciamos que a compreensão da morte e dos processos de morrer
a partir dos aspectos biopsicossociais presentes afetam positivamente as relações e o cuidado
no campo da saúde. Isso porque esse processo favorece o autoconhecimento e o respeito para
com as dores do outro, sem fazer pré-julgamentos, ofertando espaço de fala e expressão de
sentimentos e oferecendo acolhimento integral, tanto para os pacientes e familiares quanto
entre os profissionais.