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DIÁLOGOS ENTRE AS

RELIGIÕES: DIVERSIDADE
RELIGIOSA
Lucas da Silva Sousa

1
Lucas da Silva Sousa

Licenciado em Filosofia (UECE); História (UNICESUMAR); Especialista em Gestão da


Educação (UNINASSAU); Mestrando em Ensino de Sociologia (PROFSOCIO-UFC). Professor
de Ensino Religioso, Filosofia e História de escolas da rede pública e privada do Estado do
Ceará. Elaborador de materiais didáticos da Secretaria de Educação do Estado do Ceará
(SEDUC).

DIÁLOGOS ENTRE AS RELIGIÕES:


DIVERSIDADE RELIGIOSA

1ª edição
Ipatinga – MG
2023

2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL

Diretor Geral: Valdir Henrique Valério


Diretor Executivo: William José Ferreira
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite
Fernanda Cristine Barbosa
Guilherme Prado Salles
Lívia Batista Rodrigues
Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Eliza Perboyre Campos

© 2021, Faculdade Única.

Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.

NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA


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Menu de Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:

São sugestões de links para vídeos, documentos


científicos (artigos, monografias, dissertações e teses),
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca
e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo
abordado.
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações
importantes nas quais você deve ter um maior grau
de atenção!

São exercícios de fixação do conteúdo abordado


em cada unidade do livro.

São para o esclarecimento do significado de


determinados termos/palavras mostradas ao longo
do livro.
Este espaço é destinado para a reflexão sobre
questões citadas em cada unidade, associando-o a
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu
cotidiano.

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SUMÁRIO

UNIDADE INTRODUÇÃO AS POSSILIDADES DO DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES


RELIGIÕES .................................................................................................. 8

01 1.1
1.2
1.3
1.4
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
A CONSTRUÇÃO DO DIÁLOGO PELO PENSAMENTO FILOSÓFICO .................... 8
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E A RELIGIÃO ............... 11
PARLAMENTO MUNDIAL DAS RELIGIÕES ............................................................ 16
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 22

UNIDADE CONCILIAÇÃO E RESPEITO AS DIFERENTES MATRIZES ........................... 27

02
2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 27
2.2 CONCEPÇÕES TEORICAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO ATO DE CONCILIAÇÃO
............................................................................................................................... 27
2.2.1 A mediação e a conciliação na Antiguidade ............................................28
2.2.2 A mediação e a conciliação na Idade Média ...........................................30
2.2.3 A mediação e a conciliação na Idade Moderna ......................................32
2.3 RESPEITO E A SUA CONSTRUÇÃO NA SOCIEDADE ............................................ 34
2.4 INVESTIGAÇÕES SOBRE AS DIFERENTES MATRIZES RELIGIOSAS NO MUNDO .. 36
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 42

UNIDADE A CONCEPÇÃO DA DIVERSIDADE NO CENÁRIO RELIGIOSO ............... 47

03
3.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 47
3.2 O QUE É DIVERSIDADE? ....................................................................................... 47
3.3 DIVERSIDADE RELIGIOSA ..................................................................................... 50
3.4 DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL .................................................................. 52
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 55

ABERTURA AS POSSIBLIDADES DE AFETO RELIGIOSO ENTRE AS


UNIDADE DIFERENTES RELIGIÕES ............................................................................ 60

04
4.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 60
4.2 ECUMENISMO ....................................................................................................... 60
4.3 DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO ................................................................................ 63
4.4 CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA ................................................... 66
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 55

UNIDADE O ESPAÇO PÚBLICO E A DIVERSIDADE RELIGIOSA ............................... 76

05
5.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 76
5.2 INTOLERÂNCIA RELIGIOSA .................................................................................. 76
5.3 CONSTITUIÇÃO DE OBJETOS MATERIAIS RELIGIOSOS NO ESPAÇO PÚBLICO . 79
5.4 LEGISLAÇÕES SOBRE A DIVERSIDADE RELIGIOSA: MUNDIAL E NACIONAL .... 82
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 86

UNIDADE O ESPAÇO POLÍTICO E A DIVERSIDADE RELIGIOSA .............................. 91

06
6.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 91
6.2 CENSO DEMOGRÁFICO DAS RELIGIÕES NO BRASIL ......................................... 91
6.3 O CAMPO POLÍTICO E A DEFESA DAS PAUTAS RELIGIOSAS ............................. 93
6.4 LAICIDADE E ESTADO LAICO ............................................................................... 96
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 99

5
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 102

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 103

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CONFIRA NO LIVRO

Na primeira unidade vamos discutir sobre a construção de um


diálogo para as religiões. Inicialmente vamos conhecer o conceito
de diálogo a partir da Grécia Antiga, após isso vamos conhecer a
Declaração Universal dos Direitos Humanos e para finalizar o
Parlamento Mundial das Religiões.

Conciliação e respeito as diversas matrizes religiosas é o objetivo


principal desta segunda unidade, onde vamos conceituar o que é
conciliar a partir das condições históricas: Antiga, Medieval e
Moderna. Como o respeito é visto e construído na nossa sociedade
e uma tentativa de explicitar as maiores e principais religiões
existentes no mundo.

Nesta unidade vamos compreender como a diversidade foi


construída a partir da sua base conceitual, chegando a uma de
suas ramificações que é a diversidade religiosa e como essa
diversidade acaba chegando ao território brasileiro e as suas
dificuldades.

Nesta unidade, trataremos sobre a conceituação do termo


ecumenismo, onde ele se insere no debate sobre o fenômeno
religioso, e consequentemente a apresentação do termo de
diálogo inter-religioso, e sua aplicação que diferencia do
ecumenismo. E por fim, apresentamos as Campanhas da
Fraternidade Ecumênicas com os seus objetivos gerais e específicos.

Nesta unidade, vamos discutir sobre o conceito de intolerância


religiosa, como ele foi formado a partir do contexto histórico e as
justificativas para ações. Continuaremos a discutir sobre os espaços
sagrados no Brasil e por fim conheceremos as legislações que são
pertinentes a garantia da liberdade religiosa.

Nesta última unidade, trabalharemos com os dados do Censo


Demográfico de 2010, no filtro relacionado a religião, como uma
busca a identificar o perfil religioso brasileiro. Posteriormente, será
apresentada a discussão sobre as religiões do exercício da política
e a defesa das suas pautas e por fim, vamos conhecer o sentido de
Estado Laico que é o que vigora no nosso país.

7
INTRODUÇÃO AS POSSILIDADES DO UNIDADE
DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES
RELIGIÕES

1.1 INTRODUÇÃO
01
Nesta primeira unidade temos como plano de ensino realizar algumas
discussões que dão subsídios necessários para a construção de um diálogo para as
religiões. Desta forma, estudaremos três temática importantes para a promoção da
construção de um diálogo permanente e necessário. No primeiro momento,
discutiremos sobre a conceituação do que é diálogo e a sua construção a partir da
Grécia Antiga, com pensamentos filosóficos de Platão e Sócrates, em especial. No
segundo tema trabalhado, iremos conhecer a Declaração Universal dos Direitos
Humanos compreendendo o seu fator histórico e a contextualização a partir do
entendimento de propor direito e garantias fundamentais a todos os seres humanos,
e para além disso, discutir como os Direitos Humanos resguardam aos indivíduos o
direito a sua religião e a crença. Para finalizar esta unidade, falaremos sobre o
Parlamento Mundial das Religiões, em seus dois encontros e um marco para a
construção de um diálogo inter-religioso que foram fundamentais para as relações
próximas entre as religiões atualmente.

1.2 A CONSTRUÇÃO DO DIÁLOGO PELO PENSAMENTO FILOSÓFICO

Para que possamos compreender como o diálogo chega aos dias atuais
como um fenômeno envolvido na mística da comunicação, precisamos desta forma
dá uma base sobre a constituição a partir do debate filosófico, que iremos nos
remontar as discussões propostas por Platão e Sócrates na Grécia Antiga.

8
Figura 1 : Escola de Atenas

Fonte: Rafael Sanzio (2022, online)

Etimologicamente o termo diálogo é o resultado da fusão das palavras gregas


dia e logos. Onde dia tem como significado “através”, e logos foi traduzida para o
latim como razão. Ou seja, seria uma busca a verdade através da razão. Mas com
tempo o termo adquiriu outros significados, como “palavra”, “verbo”, “fala”,
expressão”. Dessa maneira, o diálogo é uma forma de fazer circular sentidos e
significados. Isso quer dizer que quando utilizamos o diálogo ela reúne ao invés de
dividir. Diferentemente de como estamos acostumados a ver em debater políticos
ou troca de ideias, onde as pessoas buscam utilizar o diálogo como um instrumento
para defender e manter suas posições. Ao contrário disso, a prática do diálogo está
voltada para fortalecer vínculos e ligações. Tendo como objetivo as experiencias de
reflexão conjunta, geração de ideias, educação mútua e a produção de
significados.
Na Grécia Antiga, um filósofo chamado de Platão foi um exponencial para a

9
discussão dessa temática, escrevendo diversas obras inteiramente sobre a forma e
diálogos que colocavam os mais diversos interlocutores e discípulos. O diálogo no
ponto de vista de Platão se fazia na progressão em que dois indivíduos através de
perguntas e respostas tentem chegar à verdade. Uma de suas obras são os Diálogos,
onde há a encenação dramática entre vários discursos, que se pretendem
verdadeiros: sejam os discursos relativistas dos sofistas, sejam os filosóficos ou a
procura de definições de Sócrates (que foi o mestre, mentor de Platão). Nesta obra,
os diálogos não são constituídos a partir do autor Platão como personagem, mas de
outros personagens como Sócrates, Górgias, Cálicles, Teetero ou o Estrangeiro etc.
O diálogo não é qualquer conversa que seja espontânea e sem regras. Sua
progressão obedece a regras que dois interlocutores se comprometem a respeitar,
que estas são as condições de possibilidade do diálogo. São regras para um bom
diálogo: estar de acordo quanto ao sentido das palavras, sem jogar com as
ambiguidades da linguagem, a fim de desviar a discussão. Como também de
reconhecer e respeitar os direitos de cada um, em particular o direito à palavra. O
diálogo requer perguntas e respostas curtas que são submetidas a um exame
racional. Pela troca de argumentações e objeções, o diálogo permite a cada u
escapar da particularidade de sua opinião e ascender ao saber. O caminho da
razão é assim libertador.
Por isso o elo que liga em Platão o filosofar e o dialogar se baseia na
perspectiva do pensamento que é proposta por Sócrates no seguinte diálogo:

Um discurso que a alma mantém consigo mesma sobre os objetos que


ela examina (...) isso não é outra coisa, para ela, senão dialogar,
dirigir, a si mesma as perguntas e as respostas, passando da
afirmação à negociação. Quando ela (...) se mantém constante em
sua afirmação e não duvida mais, sua opinião está formada (PLATÃO,
TEETETO, 189E).

Neste diálogo é fundamental perceber que neste diálogo platônico a busca


sempre está em volta do conhecimento. Teeteto é mais uma prova de que isso
ocorre nos livros de Platão, pois neste diálogo a busca perpassa sobre o confronto
entre a verdade e o relativismo, dando base para o aprofundamento da verdade.

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Para que você possa conhecer um pouco mais sobre a forma dialógica proposta por
Platão. Fica para você a indicação do Box de Livros: A república, O julgamento e a morte
de Sócrates e O Banquete. Que estão disponíveis em um mesmo produto na Biblioteca
Virtual Pearson. Disponível em: https://bit.ly/3KcEN1V. Acesso em: 20 jan. 2023.

Os sofistas eram conhecidos como professores itinerantes. Eles receberam essa


denominação porque percorriam as cidades, se deslocando de um lugar para o outro,
ensinando as pessoas a arte da retórica e outros artifícios argumentativos. Na época em
que estes atuavam existia uma necessidade de fazer a política na Grécia dentro de uma
democracia direta, onde o próprio cidadão vai ao espaço discutir sobre as questões da
cidade, por isso esses professores eram tão importantes para o ensino da argumentação
pública, retórica e oratória. É importante ressaltar que esse trabalho que era realizado
pelos sofistas não era gratuito, as aulas eram concedidas mediante pagamento o que
em tese contrariava o pensamento dos filósofos da época, como por exemplo Sócrates,
pois estes sábios/professores eram adeptos também de uma relatividade do
conhecimento, onde não haveria uma verdade absoluta, e fazia com que o
conhecimento fosse tratado de forma relativizada.

1.3 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E A RELIGIÃO

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi adotada e


proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
através da resolução nº 217-A de 10 de dezembro de 1948. Trata-se de um
desdobramento da carta da ONU que visava, dentre outros propósitos, “conseguir
uma cooperação internacional para a promoção e estimulação ao respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça,
sexo, língua ou religião”. (Carta da ONU, artigos 1, 3)
Apesar da legislação, Camparato (2013, p. 224) acrescenta que do ponto de
vista tecnicista, a DUDH não tem a natureza de um tratado internacional, mas uma
recomendação da Assembleia Geral das Nações Unidas. Por isso que as

11
constituições dos diversos Estados nacionais reconhecem a dimensão normativa
pelo fato de se apresentar como costume internacional, de acordo com os temos
do artigo 48 do Estatuto da Corte de Haia (que será explicada posteriormente) .
Sobre essa temática da liberdade religiosa, a DUDH, no artigo 18 apresenta o
seguinte texto:

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e


religião, este direito inclui liberdade de mudar de religião ou crença
e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela
prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em
público ou em particular. (ONU, 1948, p. 4)

Figura 2: Declaração Universal dos Direitos humanos (versão oficial)

Fonte: NAÇÕES UNIDAS (2020, online)

Para compreender melhor esse artigo 18 é imprescindível refletir que ele


propõe uma abordagem a partir das dimensões de liberdade religiosa, o que do

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ponto de vista jurídico é um respaldo como princípio protetivo, onde possibilita que
a religião ser ensinado e a mudança de religião, bem como um princípio da
igualdade (isonomia), a partir do postulado da dignidade humana.
Quando Santos Junior (2007, p. 52) traz para nós a discussão sobre a liberdade
religiosa, ele nos posiciona dentro de uma questão que ultrapassa o sentido de ter
apenas liberdade de escolher ou não determinada religião, ele expande esse
assunto transformando-a de que o termo ela engloba outras questões e direitos
individuais e coletivos que precisam serem sustentados. Quando se discutes esses
elementos precisam serem levados em conta que há necessariamente
peculiaridade que partem da condição individual a coletiva, por exemplo, o
indivíduo tem uma fé ou crença e ela pode ser professada em determinada religião,
e está religião ocupa um espaço tanto dentro da sociedade quando no espaço
público.
Torna-se fundamental também a análise de regimes políticos em que não
adotam os direitos humanos, consequentemente a liberdade religiosa, segundo
Morange (2004, p. 262), essas ações transformam-se em caráter de postura
autoritária, tendo como base a liberdade como uma mera utopia ou somente o
direito de lembrança sobre o ato de celebrar o culto. Oro (2004, p. 322), advertia
para a existência até pouco tempo de contextos de violação do ideário exposto
no Artigo 18 da DUDH no Oriente e no Ocidente, eclodindo no retorno às
reivindicações dos direitos humanos, dentre os quais se clamava pelo direito à
liberdade religiosa, “diante de governos que insistem em instaurar credos oficiais
(incluindo aí os ateus) e de políticas que implicam na discriminação de minorias
religiosas”.
Soriano (2002, p. 9-15) traz questões sobre o pleno exercício da liberdade
religiosa garante ao indivíduo o direito de professar nenhuma crença, possibilitando
a este o ensejo de prescindir do quesito religioso. Logo, acrescenta-se um viés
analítico, considerando igualmente a liberdade de consciência como adjacente
à liberdade religiosa, sendo, todavia, diferente da liberdade de crença e
conferindo embasamento ao direito do sujeito ateu, isto é, aquele que nega a
existência de algum elemento divino. Assim, a liberdade religiosa relaciona-se a uma
liberdade que aborda um direito complexo, que aponta para a diversidade e
pluralidade de concepções que advoga e, paradoxalmente, até nega o
postulado religioso. Para Giumbelli (2008, p. 82), o princípio da liberdade religiosa

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pertence aos componentes que sustentam a democracia moderna, a modernidade
faz emergir os princípios da liberdade religiosa e a consequente igualdade (isonomia)
dos grupos confessionais, conferindo, ainda, legitimidade ao pluralismo religioso,
desdobrando-se às dimensões deste direito em termos de liberdade de consciência,
de crença, de culto e de organização religiosa.
Morange (2004, p. 212), distingue entre a liberdade de crença e de
consciência em um sentido que vai além do aspecto religioso, envolvendo
outros setores da vida do indivíduo, como a liberdade de crer ou não num
ente divino, de possuir e sustentar convicções de natureza filosófica ou moral e a
de expressar opinião e/ou pensamentos. Soriano (2002, p. 11-12) reflete o caráter
intrínseco da liberdade como direito em duplo sentido: a possibilidade de o indivíduo
que manifesta a sua crença em um sistema religioso escolher outra religião distinta
da primeira.
Para Silva (2009, p. 249), existe uma diferença entre a liberdade de crença e
culto, pois esta trata das formas de exteriorizar determinada crença, suas práticas
ritualísticas, cerimônias, dentre outras manifestações de caráter religioso. Para
Weingartner Neto (2007, p. 121) a liberdade de culto define-se a partir de uma ação
de cunho subjetivo, numa interface com a espiritualidade, vinculando-se a
expressões diversificadas referentes a uma gama comportamental contextualizada
em uma dada cultura. Em síntese, pode-se inferir que a liberdade de culto
relacionada à liberdade religiosa compreende a questão da exterioridade da
crença adotada, ao passo que a liberdade de crença diz respeito à dimensão interior
do sujeito que faz sua adesão à determinada entidade religiosa ou não.
Ainda sobre a classificação de Soriano a respeito da liberdade de
organização religiosa, embora não esteja claramente exposto no Artigo 18 da
DUDH, Santos Junior (2007, p. 77), ressalta o princípio da separação entre Igreja e
Estado, como direito de autonomia conferido aos grupos religiosos na forma de
funcionamento interno, em sintonia com o ordenamento legislativo de cada Estado
Nacional, equiparando entidade religiosa a algo semelhante a associação civil,
como expressa Soriano (2002, p. 13-4). Desta feita, a liberdade de associação
religiosa reflete um direito que compreende a esfera individual e desdobra-se num
direito de exercício coletivo de se associar a outros indivíduos visando realizar
atividades religiosas.
Um princípio basilar da liberdade religiosa decorrente do Artigo 18 da DUDH é

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o da igualdade (isonomia), promovendo posteriormente um avanço na legislação
de muitos Estados nacionais para a elaboração de normas jurídicas que
contemplassem todos os indivíduos e fossem “motivo pelo qual deve-se criar
um mecanismo de igualdade justa, proporcional e razoável, visando a proteger
a todos os grupos e indivíduos” (CANOTILHO, 2003, p. 427).
Segundo Giumbelli (2004), a isonomia proclamada pela liberdade religiosa
abrange todos cultos, permitindo aos adeptos de todas as religiões, individual
ou em grupo, elaborarem e se pronunciarem acerca de temas nevrálgicos
relativos à existência, não obstante a modernidade deflagrar a dinâmica da
secularização e promover novos fóruns para esta finalidade, como a própria ciência.
Em outras palavras, ao se conceber as religiões segundo um parâmetro
isonômico, respeita-se, ao mesmo tempo, as peculiaridades de cada crença,
seus ensinamentos e manifestação pública, orientando as constituições nacionais
a respeitar as minorias religiosas sem prestigiar alguma religião em detrimento de
outra, inclusive as maiorias religiosas.
Isso posto, pode-se inferir que se faz necessário fomentar um tratamento
isonômico entre as mais variadas confissões religiosas, partindo-se do princípio da
razoabilidade e da proporcionalidade para se garantir a manutenção da paz entre
as mais variadas confissões religiosas e diminuindo as tensões de cunho religioso.
Paradoxalmente, trata-se de um direito à diferença, pautado pela igualdade,
visando a tolerância e a paz na sociedade (GARCIA, 1994, p. 310).
Como visto, as dimensões da liberdade religiosa possibilitam a
compreensão da liberdade como direito do indivíduo para, de acordo com a
sua consciência, adotar ou não determinada crença ou religião que julgar
adequadas, além de exteriorizá-las mediante os ritos e práticas ligadas ao seu culto
e de se associar a outros indivíduos que porventura possuam a mesma crença,
com a finalidade de instituir uma organização religiosa formalmente.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) após o final da Segunda Guerra Mundial tem
como objetivo a promoção da paz, e como órgão judiciário desta organização foi
denominada de Tribunal Internacional de Justiça, ou Corte Internacional de Justiça ou
somente Corte Haia. Foi criada a partir da Carta das nações de 1945, onde sua sede fica
localizada na cidade holandesa de Haia. Ela atua com o objetivo de intervenção na
resolução de conflitos de ordem jurídica atendendo a solicitação da Assembleia Geral
ou do Conselho de Segurança.

Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais os direitos humanos, fica
a sugestão do livro escrita por Marco Mondaine, com o mesmo nome da temática:
Direitos Humanos. Neste livro você irá encontrar um estudo detalhado sobre a
constituição dos direitos humanos e seus desafios ao longo dos anos para se consolidar
uma importante legislação internacional sobre as questões relativas aos direitos as
pessoas humanas. Disponível em: https://bit.ly/3GhBHIV. Acesso em: 20 jan. 2023.

Como profissional que logo exercerá a carreira no magistério, ou seja, professor ou


professora, irão se deparar com realidades bem distintas em suas escolas de atuação.
Você terá nas suas salas de aula estudantes que professam as mais diversas profissões
religiosas ou não. Como você percebe que a Declaração Universal dos Direitos Humanos
no item tocante a religião pode lhe ajudar no exercício da profissão?

1.4 PARLAMENTO MUNDIAL DAS RELIGIÕES

O primeiro Parlamento das Religiões Mundiais, que aconteceram de 11 a 27


de setembro de 1893, na cidade de Chicago, Estados Unidos, foi considerado (o
primeiro encontro formal dos representantes das religiões universais da história do
mundo”. (HASSELMANN, 2003, p.27) O encontro em si, durou cerca de 18 dias e é um

16
marco na história das religiões mundiais como um acontecimento ímpar, tornando
um importante acontecimento para se pensar sobre o pluralismo religioso. Ao
mesmo tempo que é possível analisar sobre a época uma introspecção das religiões
asiáticas no ocidente, e o começo de um diálogo inter-religioso que marca um início
de novo século com novos pensamentos e reflexões. Eventos esse que se destaca
entre os importantes pensadores das ciências das religiões, que descreveram como
“talvez a mais importante assembleia religiosa jamais ocorrida”. (HASSELMANN, 2003,
p.28) Max Müller (1823-1900) considerou que o evento foi “um dos mais memoráveis
acontecimentos da história do mundo.(BRAYBROOKE apud HASSELMANN, 2003, p.
27)

Figura 3: Parlamento Mundial das Religiões de 1893

Fonte: Carl Teichrib (2022, online)

Tratar sobre esse primeiro Parlamento é importante para compreender o


universo dos diálogos entre as religiões que marcam a história e ainda na
contemporaneidade é possível encontrar inúmeros pesquisadores que buscam
compreender o fenômeno do diálogo entre as religiões a partir desse evento, como
descreve Sanchez:

Foi no final do século XIX que se deram as primeiras tentativas de


promover o diálogo oficial entre as religiões. Assim, 1893 é considerado
por muitos, como o ano que marcou oficialmente o início do diálogo
inter-religioso [...] Nesse encontro surgiu o Parlamento Mundial das
Religiões, e posteriormente outros encontros do parlamento foram
realizados (SANCHEZ, 2015, p. 86).

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Através do relato de Sanchez passamos a perceber que o Parlamento foi um
marco que impulsionou um novo paradigma na história das religiões universais,
ressaltando o evento como propulsor de novos processos que fomentaram mais
aproximação e diálogo entre as religiões. Mesmo com toda essa importância, a
realização do Primeiro Parlamento ocorreu em 1983 e o Segundo Parlamento só
ocorreu cerca de dez anos depois em 1993, fundamentada a partir dos desafios
emergidos no início do século XX, com duas guerras mundiais e as mudanças
profundas ocorridas no campo político, tecnológico, científico e religioso.
Como organizadores desse evento teremos o budista Anagarika Dharmapala,
representante do budismo Teravada, e o guru indiano Swami Vivekananda. Que são
lembrados durante uma das obras sobre evento escrito por Hans Küng:

Gostaria de lembrar que aquele Primeiro Parlamento das Religiões


Mundiais foi principalmente a obra de Swami Vivekananda, um
monge hindu muito carismático. Foi ele o primeiro a defender o
entendimento diante de um parlamento das religiões do Oriente e do
Ocidente. Um evento desses nunca se dera antes. O máximo que
houvera foram reuniões entre os cristãos. Nesse sentido, Chicago de
1983 foi a estreia. Mas Swami Vivekananda era um representante
solitário, a grande maioria dos representantes vinha do Ocidente.
(KÜNG, 2005, p. 125)

Assim como descreve Hans Küng, houve durante os dois eventos limitações
nas representações de religiões e continentes que infelizmente ficaram sem
representações, como é o caso do Islã, que não houve representação em nenhum
dos dois eventos. Mas sim há que se acrescentar que os eventos foram importantes
pois reunirão diversos membros de diversas religiões que puderam discutir sobre o
diálogo inter-religioso que foram surgindo nos anos posteriores a realização do
parlamento.
Frutos desses encontros são explicitadas pela pesquisadora Chistel Hasselman
(2003, p. 28) que elaborou um resgaste histórico sobre o surgimento dessas
organizações que, a partir do Primeiro Parlamento das Religiões Universais de 1983,
começaram a serem criadas e articuladas, como é caso da Associação
Internacional para a liberdade religiosa (Internacional Association for Religious
Freedom – IARF) em Boston aproximadamente em 1900. Após a Segunda Guerra
Mundial com as condições de migrações o diálogo inter-religiosos transformou-se em
um movimento que se estabeleceu em muitos países tornando a realidade de muitas
religiões, especialmente nas igrejas cristãs.

18
Foram criadas organizações de caráter nacionais e internacionais como é o
caso do “Congresso Mundial da Fé” (World Congresso of Faith – WCF) em 1936, o
“Templo da Compreensão” (Temple of Understanding – ToU) em 1960 a Conferência
Mundial sobre Religião e Paz” (World Conference on Religion and Peace – WCRP)
em 1970, entre outras, que tiveram como tarefa a superação de distanciamento
entre as religiões.
Fundamental ressaltar que no contexto histórico e social em que correu o
Parlamento, no final do século XIX, marcado ali sobretudo da razão e do cientificismo
em relação a religião. Foi um momento em que sociedade foi inspirada e
influenciada pelos ideais do positivismo e pelo processo de secularização, onde
grande parte das religiões começam a perder seu espaço de poder e se distanciar
do espaço público onde anteriormente teria autoridade. Alguns cientificas e político
faziam anúncio relacionado a um fim da religião a época, previsão essa que não
seguiu esses parâmetros como pode ser visto na história das religiões e também na
prática social da realidade. Hans Küng fez bastantes análises e reflexões sobre essas
ideias e visões pessimistas compartilhadas por muitos filósofos e sociólogos no início
do século XX, onde diz,

Há cientistas políticos que prevêem para o século XX e XXI um “choque


de civilizações”. A eles opomos a nossa visão de futuro, que não se
resume simplesmente em um ideal otimista, mas numa visão de
esperança realista, as religiões e as culturas do mundo, podem em
colaboração com todos os homens de boa vontade, ajudar a evitar
a colisão anunciada. (KÜNG, 2005, p. 9)

Muitos acontecimentos ao longo dos anos sucederam-se ao Primeiro


Parlamento. Estes caracterizaram-se como entrave para a continuação do diálogo
entre as religiões, desestabilizando o mundo: o desmoronamento da sociedade
burguesa e do mundo eurocentrista por ocasião da Primeira Guerra Mundial, de
1914 a 1918, provocando o esfacelamento do império alemão, o fim dos czares, o
fim dos 400 anos de cristandade protestante e da moderna teologia liberal, o
fascismo na Itália, na Espanha e em Portugal, e o nacional-sosicalismo na Alemanha,
que provocou a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, com a perseguição aos
judeus e outras pessoas ligadas a etnias e religiões distintas. Após esses fatos que
abalaram a paz e a ordenação mundial, começaram a surgir muitas organizações
que percebem a necessidade de diálogo como caminho para a (re)construção da
paz entre os povos.

19
A Declaração do Parlamento das Religiões Mundiais elucida nos princípios
que “reiteradas vezes, em diversos lugares do mundo, observamos que líderes e
adeptos de religiões instigam à agressão, ao fanatismo, ao ódio e à xenofobia;
inspiram e legitimam até mesmo confrontos sangrentos e marcados pela violência”.
(KÜNG, 2001, p. 15) Assim, usa-se a religião para fins meramente voltados à conquista
do poder político, até o extremo da guerra. Diante dessas constatações, afirma-se
nos seus princípios de uma ética mundial:

Condenamos todos esses desenvolvimentos e declaramos que isso


não tem que ser assim. Já existe uma ética nos ensinamentos religiosos
capaz de oferecer orientação diversa à desses desdobramentos
globais funestos. Embora essa ética não ofereça soluções diretas para
todos os imensos problemas mundiais, oferece a base moral para uma
ordem individual e global melhor: uma visão capaz de afastar homens
e mulheres do desespero, e as sociedades, do caos (KÜNG, 2001, p.
15).

Hans Küng, continua nestes termos, um pouco mais adiante:


Somos homens e mulheres que professam os mandamentos e práticas
das religiões mundiais. Afirmamos já haver um consenso entre as
religiões capaz, de constituir a base para uma ética mundial. (KÜNG,
2001, p. 16-17)

Estas alegações da Declaração formalizam o consenso fundamental mínimo


que diz respeito a valores obrigatórios, parâmetros permanentes e atitudes morais
básicas. Os delegados provenientes de diversas religiões e regiões, ao se dirigirem a
todos os seres humanos, religiosos e não-religiosos, expressaram as seguintes
convicções de acordo com Nascimento e Kirchner:

a) Todos nós somos responsáveis por uma ordem mundial melhor; b)


Nosso posicionamento em favor dos direitos humanos, da liberdade,
justiça, paz e preservação da Terra dão-se de forma incondicional; c)
Nossas tradições religiosas e culturais diversas não nos devem impedir
de assumir um posicionamento ativo e comum contra todas as formas
de desumanidade e em favor de mais humanidade; d) Os princípios
manifestados nesta Declaração podem ser assumidos por todos os
seres humanos que sustentam convicções éticas, sejam elas de
fundamento religioso ou não;
e) Nós, no entanto, como pessoas religiosas ou de orientação
espiritual – que fundamentam suas vidas numa realidade última, da
qual retiram força e esperança espiritual, em uma atitude de
confiança, de oração ou meditação, em palavras ou pelo silêncio –
estamos especialmente comprometidos com o bem da humanidade
como um todo, e preocupados com o planeta Terra. Não nos
consideramos melhores que outras pessoas, mas temos confiança
que a sabedoria milenar de nossas religiões seja capaz de apontar
caminhos, também para o futuro. (2019, p. 45 – 46)

20
Estas convicções partilhadas e assumidas em conjunto pelos representantes
do Segundo Parlamento das Religiões Mundiais confirmam a presença de um
consenso coletivo expresso nas terminologias “nós”, “nosso/nossa” empregada na
Declaração. Também percebemos, nas palavras que permeiam estas convicções,
uma esperança realista, pautada no anseio que “a humanidade, hoje em dia,
disporia de recursos econômicos, culturais e espirituais suficientes para dar início a
uma ordem mundial melhor”. (KÜNG, 2001, p. 17)
A situação dramática mundial nos leva a acreditar que a humanidade não
precisa “apenas de programas e ações políticas. Ela precisa também de uma visão
de convivência pacífica dos povos”. (KÜNG, 2001, p. 19) Contudo, cabe às religiões
(apesar de todo o mau uso que se faz delas, e de seus frequentes fracassos históricos)
a responsabilidade de manter vivas essas esperanças, objetivos, ideais e parâmetros.

21
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (UNESP/2009) O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura. As


produções da pintura apresentam-se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos
algo, mantêm o mais solene silêncio.
O mesmo ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se
pensassem, mas se os interrogarmos sobre o que dizem (…) dão a entender somente
uma coisa, sempre a mesma (…) E quando são maltratados e insultados,
injustamente, têm sempre a necessidade do auxílio de seu autor porque são
incapazes de se defenderem, de assistirem a si mesmos.
Platão, Fedro ou Da beleza. São Paulo; Guimarães, 1998

Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contrapondo-os à


sua concepção de filosofia. Assinale a alternativa que permite concluir, com apoio
do fragmento apresentado, uma das principais características do platonismo.
a) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o conhecimento funda-
se no rigor interno das argumentações, produzido e comprovado pela confrontação
dos discursos
b) O platonismo se vale da oratória política, sem compromisso filosófico com a busca
da verdade, mas dirigida ao convencimento dos governantes das Cidades
c) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de pequenas sentenças com
sentido completo, as quais, no seu entender, esgotam o conhecimento acerca do
mundo
d) O discurso platônico tem a mesma natureza do discurso religioso, pois o
conhecimento filosófico modifica-se segundo as habilidades e a argúcia dos filósofos
e) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias platônicas, sendo a filosofia uma
sabedoria alcançada na velhice e ensinada pelos mestres aos discípulos

2. (UNESPAR/2016) Platão, filósofo grego e um dos pensadores mais influentes da


história da filosofia, deixou quase toda sua filosofia escrita em forma de diálogos. Na
maioria deles, Sócrates é a personagem principal que debate com demais
interlocutores os temas relevantes que constituem, de certa forma, o todo da filosofia
de Platão. A forma de diálogo pode ser caracterizada como:
a) A demonstração de que Platão e os autores de sua época desconheciam outra
forma de escrita;

22
b) Apenas uma forma que facilitava lembrar o texto, visto que se tratava de uma
cultura da oralidade;
c) Uma estratégia adequada que privilegiava a construção do pensamento de
forma dialética através da maiêutica socrática;
d)A demonstração de que Platão não dominava completamente os problemas que
ele discutia e, por isso, precisava recorrer às ideias de outras pessoas;
e) Uma estratégia pedagógica para facilitar o uso das obras na Academia, escola
fundada por Platão.

3. (UFU/2019) - Sócrates buscou verdades absolutas, enquanto os sofistas, por sua


vez, afirmaram que a verdade era construída pela linguagem, logo, para eles, todo
conhecimento era relativo. “Embora em sua época tenha sido confundido com os
sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com estes filósofos. Ele procurava
um fundamento último para as interrogações humanas (O que é o bem? O que é a
virtude? O que é a justiça?)”.
COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 284

Com base nas considerações e no excerto acima, diz-se que Sócrates buscava
principalmente:
a) valores relativos.
b) verdades morais.
c) domínio retórico.
d) ensinar dogmas.
e) diálogo.

4. (FUNCAB/2012) Os sofistas, mestres da retórica e da oratória, opunham-se aos


pressupostos de que as leis e os costumes sociais eram de caráter divino e universal.
Deu-se assim, entre eles, o:
a) naturalismo.
b) relativismo.
c) ceticismo filosófico.
d) cientificismo.
e) racionalismo.

23
5. (FUNDATEC/2019) Analise a seguir alguns artigos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos:
“[...] Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, à igual
proteção da lei. Todos têm direito à igual proteção contra qualquer discriminação que viole
a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”. “Artigo XVIII –
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui
a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou
crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente,
em público ou em particular”.
“Artigo XXVII – Toda pessoa tem o direito de participar da vida cultural da comunidade, de
usufruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios [...]”.

Considerando esse arcabouço teórico da declaração dos direitos humanos, assinale


a alternativa que NÃO encontra sustentação teórica nesses artigos.
a) Apresenta proteção, particular e coletiva, de todos os seres humanos na cultura e
nos hábitos religiosos.
b) Desdobra-se em uma série de direitos, como os econômicos, os sociais e os
culturais, implicando a recusa de toda e qualquer discriminação.
c) Evidencia a interdependência dos seres humanos e a necessidade de harmonia
entre todos, evitando o reducionismo.
d) Representa bem-estar e liberdade para todos os membros da humanidade,
individual e coletivamente.
e) Evidencia a liberdade individual, a defesa de si próprio; em outras palavras,
respeitar os direitos individuais é aceitar tudo que está presente no outro, valorizando
na sua essência, sem propor juízo de valor, se é certo ou errado, pois não existe certo
e errado, o que existe é um “ente” pensante que deve agir de acordo com a
convicção independentemente das consequências.

6. (VUNESP/2022) É um instrumento internacional entre os países-membros da


Organização dos Estados Americanos (OEA) e que foi subscrito durante a
Conferência Especializada Interamericana de Direitos Humanos, em 22 de novembro
de 1969. Entrou em vigor em 18 de julho de 1978, sendo atualmente uma das bases
do sistema interamericano de proteção dos Direitos Humanos. Consagra diversos
direitos civis e políticos, entre outros, o direito ao reconhecimento da personalidade
jurídica, o direito à vida, à integridade pessoal, à liberdade pessoal e garantias

24
judiciais, à proteção da honra e reconhecimento à dignidade, à liberdade religiosa
e de consciência, à liberdade de pensamento e de expressão, e o direito de livre
associação.

É correto afirmar que o enunciado se refere


a) a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher.
b) ao Estatuto de Roma.
c) à Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação Racial.
d) à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica).
e) à Declaração Universal dos Direitos Humanos.

7. (FUNDEP/2019) O artigo XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma


que “toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de
manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.
SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS. Diversidade Religiosa e Direitos Humanos. Brasília, 2004.

O direito citado visa garantir e proteger a(o)


a) liberdade religiosa.
b) verdade de cada religião.
c) relativismo religioso.
d) proselitismo religioso.
e) ética e moral.

8. (IBADE/2017) Com relação à liberdade religiosa e o quanto é estabelecido na


Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta.

a) É assegurada a liberdade de ensino da crença religiosa somente de forma


coletiva.

25
b) A liberdade de manifestação de religião ou crença deve se dar apenas em
âmbito particular.
c) O direito à liberdade de pensamento inclui a liberdade de mudar de religião ou
crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença.
d) Os direitos e as liberdades estabelecidos na Declaração podem ser usufruídos por
qualquer pessoa com a capacidade de obedecer aos preceitos de sua religião.
e) Os homens e mulheres de maior idade têm o direito de contrair matrimônio e
fundar uma família, observadas as restrições de suas religiões ou crenças.

26
CONCILIAÇÃO E RESPEITO AS UNIDADE
DIFERENTES MATRIZES

2.1 INTRODUÇÃO
02
Nesta segunda unidade vamos ao encontro de temáticas relacionadas a
conciliação e o respeito as diferentes matrizes religiosas. Iniciamos fazendo um
percurso histórico sobre como o termo conciliação e mediação estava presentes na
Antiguidade, Idade Média e Moderna, como a partir da construção da sociedade
foi necessário haver uma mediação de conflitos esses que mesmo com a
instauração do Estado ainda é presente nas sociedades. Isso nos faz refletir a nossa
atual sociedade, mesmo possuindo Estado, poder de polícia, prisões, sistema
educacional, ainda há bastante conflitos, e uma necessidade de interlocução entre
essas problemáticas. Que por vezes também chegam ao espaço religioso com
ataques de intolerância e o não respeito a diversidade religiosa existente.
Em um segundo momento faremos as considerações sobre o que é respeito e
de que forma ele está presente na sociedade para a construção de um mundo
melhor com harmonia e respeito as diferenças culturais, religiosas e pessoais. Por fim,
passamos a conhecer as diferentes formas religiosas existentes do mundo, foram
elencadas as principais religiões de cada continente e suas características e
peculiaridades.

2.2 CONCEPÇÕES TEORICAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO ATO DE


CONCILIAÇÃO

Neste primeiro objeto de estudo faremos uma análise da evolução dos


métodos de alternativas de solução e mediação de problemas e conflitos. Para que
possamos compreender esse progresso é importante explorar como esses métodos
surgiram e o que estimulou a sociedade a buscar meios mais pacíficos para resolver
os conflitos em relação ao convívio das pessoas com os seus interesses comuns. É
fundamental analisarmos as transformações das civilizações com surgimento da
mediação e posteriormente a conciliação. Isso se demonstrará a partir do contexto

27
histórico instituídos na antiguidade, na Idade Média e pela Idade Moderna.

2.2.1 A mediação e a conciliação na Antiguidade

Desenvolvido por Karl Marx (2008) o materialismo histórico-dialético nos faz


refletir sobre o entendimento da história das sociedades humanas no cenário da luta
pela sobrevivência. Dessa forma a estruturação e separação das classes sociais,
divisão do trabalho, e consequentemente as disputas por propriedades e poder.
Na pré-história em especial no período Neolítico é o momento em que se tem
como forma decisiva para um surgimento do modelo de civilização, pois de certa
forma os seres humanos viviam como nômades, se mudando de local em local
quando havia necessidade de explorar novos locais para se alimentarem, e os seus
tempos bastante isolados em cavernas, até o momento de conviver em grupos
maiores e a formação da sociedade. Por isso, a vida humana foi inicialmente
regrada a normas de convívio social, criando a primeiras instituições. (GUGLIELMO,
1999, p. 32).
No Oriente com a adaptação por meio da escrita foi possível perceber
aspectos semelhantes a organização política, econômica e social. Sendo possível
verificar a presença dos Estados Teocráticos e da religião como forma de
ordenamento da vida em grupo. (SAID, 2000. p.12) Lembrando que o domínio do
território ficava sob o controle da organização estatal ou daquele que representava
o topo da hierarquia, que geralmente estava ligado a religião. Nessa história se
percebe diversas formas de movimentos de centralização e descentralização, onde
vão se vincular o favorecimento de misturas e convivências entre os povos, ligados
a questões como moradia, vendas e trocar de objetos, materiais e instrumentos, o
que ocasionada ideias e conflitos.
Diante de tantos conflitos e de um agente julgador com parcialidade se cria
como forma de ordenamento social a justiça, como função da resolução destes
conflitos, que se torne mais harmoniosa, rápida a solução a estes problemas.
Conforme Ronaldo Santos (2008) é possível observar que há uma relevante
preocupação na obtenção de justiça em praticamente todas as sociedades e por
meio da mediação e da conciliação foi possível compreender que era capaz de
encontrar esses resultados equilibrados.
No período republicano romano pode se associar a duas questões

28
fundamentais: quando os romanos buscaram organizar um efetivo militar para
impedir novas invasões, questões políticas agressivas, disputas pelo interior da
sociedade, em especial os plebeus que reivindicavam uma participação política
maior Essas duas questões se comunicam, pois, na medida em que Roma realizava
conquistas tendo em sua base pebleia (SANTOS, 2008, p. 22)
Se analisarmos atentamente a figura por exemplo de Jesus Cristo se
transformou em uma tensão social, pois ele mostrou aquilo que estava distante da
realidade que foi o amor ao próximo, o perdão e o desapego aos bens materiais.
Onde com esses princípios ele realizava uma mediação ou conciliação informal,
através de suas pregações de forma pacífica. Bueno (2013) explica que na época
de Jesus existiam diversas normas e códigos, entre eles o Código de Hamurabi (que
será explicado posteriormente), e essa norma se baseava na lei de Talião, em que
um dos seus artigos trazia a noção de “olho por olho, dente por dente”, isso
demonstrava que a civilização os seus problemas com base na violência e morte.
É possível, então, observar que Jesus Cristo foi um dos primeiros mediadores,
pois a mediação visa por meio do diálogo buscar a pacificação social. Além disso,
busca valorizar as partes do conflito dando a elas autonomia e responsabilizando-as
pela solução do litigio para que se sintam respeitadas a aprendam a lidar com os
conflitos do dia a dia (SPENGLER, 2016, p. 64).
Segundo Baschet (2009) o uso da mediação se espalhou em várias culturas,
dentre elas a islâmica, hindu, chinesa e japonesa. Na China pré-imperial se
presenciou a transição de um período informal para um período de formalismo e
legalismo (Século III a.C.), segue fundamentada na ideologia confucionista. A
filosofia de Confúcio era baseada na harmonia, liderança, moral, educação e
sacrifício. Era assim que os conflitos deveriam ser tratados. Segundo ele, o tratamento
formalizado e legal estimularia o dissenso e diminuiria a noção substancial de justiça
dos litigantes. A harmonia seria a projeção da conduta moral do líder sobre as
pessoas comuns, garantindo assim, a consciência pacífica entre as pessoas.
Na Grécia antiga, por exemplo, a mediação progredia-se mediante
compositores amigáveis. No Império Romano, com a invasão dos bárbaros, todos os
impasses passaram a ser resolvidos por meio das assembleias típicas dos germanos,
nos quais as questões eram resolvidas conforme os costumes da época (LORENCINI;
SALLES; SILVA, 2012, p. 11).
Por fim, um importantíssimo exemplo de soluções pacíficas na antiguidade é

29
o Tratado da Paz de 445 a.C entre Atena e Esparta. Assim a Grécia desfrutou de um
período de 30 anos de paz estável, podendo assim desenvolver na economia,
agricultura e em vários outros aspectos. Garantindo às civilizações prosperidade,
avanço e harmonia (BASCHET, 2009, p. 25)

2.2.2 A mediação e a conciliação na Idade Média

Como fim do Império Romano do Ocidente, quando se inaugura aqui na


historiografia de Idade Média. As mudanças na sociedade eram bem nítidas como
é demonstrada nos períodos da Alta Idade Média e na Baixa Idade Média. No
período Bizantino, se produziram joias, perfumes, especiarias entre outros. Porém
todo o mercado e o comercio estava sob o controle do Estado que de forma rígida
regulava o comercio interno e externo, além de vigiar as atividades e fazer a emissão
monetária (FLUSIN, 2007, p 22).
O fluxo comercial em crescimento levou a diferentes conflitos que tantas
vezes eram solucionados de forma violenta, outras de forma pacífica. A justiça laica
não era confiável para os cristãos, portanto eles trabalhavam bastante o uso desse
instrumento pacífico como recurso das divergências obtida na vida rotineira. Por isso
o acesso à justiça estava restrito devido ao domínio do Estado em conter o público
e o intermédio era feito como sugestão de um terceiro (BRAGA NETO; SAMPAIO;
2007, p. 5).
Importante lembrar que a partir do século XII a Idade Média vive uma
instabilidade completa de casos de arbitragem que estão relacionados com
cavalheiros, barões, proprietários feudais entre outros. E conflitos grandiosos como por
exemplo o Tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha, que foi orquestrada pela
bula papal de Alexandre VI. Isso que torna um processo de cristianização do
continente europeu, levando ao que os historiadores chamam de paz Christiana.
Que fica evidente a predominância papal cristã com um estreito auxílio do
imperador, já que este era figura máxima a época (BASCHET, 2009, p. 160).
Como o Papa representava o julgamento da autoridade maior do âmbito
espiritual era mais comum que a arbitragem papal fosse acionada na ocorrência de
disputas públicas. Entretanto, era muito frequente a interferência papel na esfera
privada/particular, através de seus auxiliares, como afirma Baschet (2009, 9. p.166).

30
[...] Enfim, mesmo sendo suscetível de servir aos interesses da realeza,
o esquema triunfal da sociedade remete a uma visão dominada pelo
clero, que continua sendo, até o fim do Antigo Regime, a primeira
ordem da sociedade. De fato, se se pôde identificar a aristocracia
como classe dominante do sistema feudal, essa constatação
permanece insuficiente, pois a ideologia do feudalismo põe acima
desta a Igreja [...]

Conforme cita o Guido Soares (1979), o jurista francês Michel de Taube,


aponta três fatores que determinaram o grande êxito da arbitragem na época
medieval: a prática frequente da arbitragem no âmbito da Igreja Católica Romana;
a recusa à arbitragem nas questões intercomunais; e o sistema de direitos recíprocos
presente na estrutura feudal (TAUBE apud SOARES, 1979, p. 7).
De forma muito parecida ao que ocorria entre os centros gregos na Idade
Antiga, as comunas do Baixo Medieval passaram a estabelecer soluções para suas
questões de limites territoriais por meio da escolha de um árbitro, em detrimento do
aparelho judiciário do Sacro Império Romano Germânico. A restauração do Direito
romano também foi um grande impulso para esta alternativa, uma vez que o seu ius
civile (direito civil romano; o primitivo direito romano) possuía um caráter
eminentemente privado, inclusive no tratamento de assuntos que, na Modernidade,
viriam a ser iluminados pelas disposições do Direito público (FLUSIN, 2007, p. 151).
Outra mencionável organização que ordenava os setores da sociedade
europeia é o feudalismo. Assim como sucedia nas humanizações gregas, aconteceu
na europeia: o Direito que na época era tratado como Direito Privado, hoje
corresponde ao Direito Público, porém no âmbito Internacional. O possuidor de
determinado feudo reunia na sua pessoa a totalidade do poder político daquele
território (VILAR, 1971, p. 88)
No entanto, apreciava determinado lugar na hierarquia mesclada também
por outros senhores feudais e pelos reis. Ao principiar litígios privados no âmbito
daquele feudo, era praxe que os particulares recorressem, quando insatisfeitos com
a decisão local, à arbitragem do superior hierárquico do seu senhor feudal, o
proprietário de outro feudo ou um rei, a fim de obterem a solução mais ao seu gosto
para aqueles litígios (VILAR, 1971, p. 89).
É valoroso aludir a prática da arbitragem nas corporações de ofício e de
profissões liberais, como preambulares sindicatos de classe, que principiou em
relevante escala no ocaso da era medieval. Neles, existia uma sólida e intransigente
hierarquia, que tornava mais favorável o uso da arbitragem para a resolução de

31
conflitos internos do que o recurso aos tribunais oficiais (GILISSEN, 1995, p. 5).
Também é válido destacar o impulso na transformação histórica e evolutiva
da mediação. Pois, devido às comunas do Baixo Medieval escolherem e utilizarem
árbitros para sanar os litígios de limites territoriais, passa-se se então a aplicar a
conciliação no aparelho judiciário do Sacro Império Romano Germânico. O árbitro
não somente sugere o recurso, como também o impõe diante as partes disputantes,
que se não satisfeitas procuravam embargos nas cortes superiores (GILISSEN, 1995, p.
8).
2.2.3 A mediação e a conciliação na Idade Moderna

Segundo a divisão tradicional da história, a Idade Moderna foi iniciada com


a tomada da Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, e terminou com a
Revolução Francesa, em 1789. Nesse período, as transformações econômicas,
políticas, sociais e culturais iniciadas na Baixa Idade Média se acentuaram, fazendo
as estruturas feudais cederem lugar cada vez mais ao que se conhece como
capitalismo (JUNIOR, 2008, p. 20). No século XI, Antes das invasões vikings na
Inglaterra, as monarquias organizadas na Baixa Idade Média configuraram
basicamente o que conhecemos como os Estados da Época Moderna e a região
era dividida em vários reinos. Mas as invasões normandas determinaram uma
unidade política na região, garantindo laços de fidelidade entre os barões e
Guilherme, o Conquistador.
Os guerreiros que seguiam o Conquistador faziam juramentos de fidelidade. A
alta nobreza inglesa era constituída por esses guerreiros que recebiam benefícios em
forma de domínios territoriais. É notório que somente esses privilegiados possuíam
vantagens nos litígios levados ao Estado, ostentado uma falsa mediação e
conciliação (FERRAZ, 2008,p. 22).
A questão que se pode fazer é: como a passagem do feudalismo para o
capitalismo afetou a mediação e a conciliação? Para obter uma resposta à essa
pergunta é necessário compreender o início da expansão europeia. Pode-se
estabelecer seu ponto de partida no movimento cruzadista iniciado em 1095. O
contato com novos costumes propiciou para a miscigenação cultural impulsionando
o comércio. E com clareza é legítimo afirmar que com o crescimento da
comercialização, há abundante crescimento litigioso (BROTTON, 2009, p. 51). O
Estado Moderno absolutista representa a alteração jurídico-política que acomodou

32
novas forças produtivas, permitindo a passagem do feudalismo para o capitalismo.
O historiador Pierre Vilar (1971, p. 38) ainda afirma:

[...] ainda que seja correto que não se possa exagerar o caráter
“fechado”, “natural”, da economia feudal nas suas origens (a troca
nunca foi “nula), não é menos exato que bastante tarde ainda, nos
séculos XVII e XVIII, a sociedade rural, surgida do feudalismo, viveu
durante muito tempo fechada em si mesma, com um mínimo de
trocas e de contatos em moeda. A comercialização do produto
agrícola foi sempre muito parcial. Contudo, no capitalismo evoluído,
tudo é mercadoria [...]

Segundo Junior (2008) o homem é um ser essencialmente social e comercial,


está inerente a ele também os conflitos advento da complexidade da organização
social. O conflito é da natureza das sociedades humanas, máxime nas sociedades
em que os povos disputam objetivos iguais. Essa competição inculca que as pessoas,
na luta desigual pela realização de suas necessidades, disputem e conflitem na
medida em que, em detrimento do sentimento comunitário, alguns acabem
usufruindo mais e melhor que outros.
É exatamente por isso, por reconhecerem-se conflituosos, que os homens logo
trataram, até para evitar o risco da extinção, de estabelecer mecanismos
restauradores da ordem, ou, como diria Ferraz Junior (2008), mecanismos de
decidibilidade dos conflitos que marcam a sociedade humana.
Conforme Roberto Unger (1979), para enfrentar e reagir perante os conflitos
inerentes da proximidade de ideias distintas, e possibilitar o a descoberta de forma
mais concisa para resolver os problemas da população, o Estado se fez moderno e
concentrou no governo o que há de maior importância para sistema
governamental: o poder. Dessa forma, monopolizou o ato de dizer e aplicar o Direito,
formando-se então, a jurisdição.
É possível observar com o presente estudo que com o surgimento da
jurisdição, o Estado ficou responsável pela resolução dos conflitos humanos, sendo
incumbido de decidir a forma e quem iria resolver os problemas das comunidades.
Dessa forma, os juízes ficaram responsáveis a designar quem deu início ao problema
e como isso seria solucionado. Assim, firmou-se novamente a transição da mediação
para a conciliação, pois o terceiro na ação deixou de auxiliar as partes para que
eles mesmos encontrassem uma solução, e passou a decidir e guiar as partes dando
respostas aos problemas apresentados. Introduzindo significativa mudança na
sociedade (UNGER, 1979).

33
Para que você possa compreender melhor sobre o que se trata o Código de Hamurabi
foi um código de leis que vigorou na Mesopotâmia, que leva exatamente o nome de
Hamurabi por se tratar do primeiro império babilônico, que segundo os historiadores
datam de mais ou menos 1792 e 1750 a.C. Esse código de leis tinha como base a Lei de
Talião, em que se punia aqueles que transgredissem a lei com uma forma semelhante,
que ficou muito conhecida a seguinte frase: “olhos por olho, dente por dente”. Esse
código é constituído por 281 preceitos gravados em uma pedra negra, que está
atualmente exposto no Museu do Louvre em Paris.

2.3 RESPEITO E A SUA CONSTRUÇÃO NA SOCIEDADE

Quando fazemos a primeira leitura deste tópico tentamos chegar a uma


construção do que seja respeito, todos falam dela e as vezes pedem que os demais
também se façam utilizar dela. Porém, poucos de nós sabem verdadeiramente o
que a palavra respeito tem como construção na nossa sociedade.
O respeito faz parte daquilo que chamamos de valores humanos, em sua
essência é aquilo que nos fazem como contribuição para que possamos viver bem
e em harmonia na sociedade, pois o respeito transcende além das relações
interpessoais, passando por normas, regras e poderes que são externos ao indivíduo.
Além de tudo o respeito precede relações de poder e hierarquia, onde há
superioridade, igualdade ou inferioridade. Para que você possa compreender isso,
lembre das relações entre professores e alunos, patrões e empregados, família e sua
convivência entre outras formas de demonstração.
Podemos também caracterizar o respeito como uma forma diretamente
ligada a obediência, pois se trata de relações que estão além do seu poder como
individuo pessoal. Podemos estabelecer por exemplo, a obediência as leis de uma
determinada sociedade, as instituições desta sociedade, às regras de jogos que não
foram criadas dentro do espaço de convivência, ou seja, regras externas, à Deus ou
a doutrina de uma religião. Nas relações em que há igualdade, é perceptível que
ambas as partes possuem o mesmo poder ou não há hierarquia, um respeito
relacionado a lealdade, honestidade e justiça. Podemos exemplificar o respeito
entre as pessoas, suas relações efetivas, emocionais e sentimentais, mesmo que em
determinados locais para além da família e da igreja.
Nas relações em que há superioridade hierárquica ou de poder é possível

34
perceber que o respeito deve estar ligado à não discriminação, à consideração e a
tolerância. O respeito aos idosos, as crianças, à natureza e as minorias. Desta forma,
o respeito nessa situação o indivíduo busca não impor sua vontade de forma
autoritária e intransigente, ainda que tenha poder para tal.
Segundo as teorias apresentadas até o momento a palavra “respeito”
segundo a etimologia é oriunda do latim, da palavra “respectus” que tem como
significado “olhar outra vez”, ou seja, é algo que merece ser revisto e digno de
respeito. Por esse motivo na nossa atual sociedade a palavra respeito é lembrada
como forma de veneração, de prestação de culto ou o fazimento de homenagem
a alguém.
O respeito nas religiões é percebido pelo respeito a suas crenças, a
obediência aos princípios religiosos e pelo respeito ao próximo. Esse respeito mútuo
é muito marcante em várias denominações religiosas pois apresenta formas básicas
e essenciais para o convívio social, não sendo apenas mera informação mais
princípio fundamental nas religiões. O respeito impede que uma pessoa tenha
atitudes reprováveis, autoritárias ou injustas em relações as demais pessoas.
Importante salientar que respeitar não quer dizer concordar plenamente com a
outra pessoa, mas significa não discriminar, ofender ou impedir que a pessoa realize
suas próprias escolhas com base nas suas convicções.
Como forma de continuidade a tratar sobre o respeito as religiões, apesar de
ser temática que será vista posteriormente, porém cabe neste momento algumas
ressalvas. O Estado Brasileiro é laico, ou seja, não tem religião. Tem enquanto Estado
o dever de garantir a liberdade religiosa como preceitua no artigo 5º, inciso VI: “ é
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e suas liturgias”.
A liberdade religiosa (como visto em capítulo anterior) é um dos direitos
fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Entretanto, muitas vezes o preconceito existe e se manifesta pela
humilhação imposta aquele que é diferente. No momento em que é humilhado,
discriminado, agredido devido à sua crença, ele tem seus direitos constitucionais e
seus direitos humanos violados; ou seja, é também vítima de um crime – onde o
Código Penal Brasileiros prevê punição para os criminosos.
É importante que as pessoas tenham consciência de que a religião é um

35
assunto pessoal e que cabe a cada indivíduo a escolha entre participar ou não de
alguma religião ou religiosidade. E aos outros seres humanos tem-se como dever o
respeito a sua escolha e ao governo a garantia da liberdade de escolha.

Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre o respeito, as
diferenças na nossa sociedade. Indicamos o livro: Igualdade e Diferença: Construções
históricas e imaginárias em torno da desigualdade humana de José D’Assunção Barros.
Disponível em: https://bit.ly/43aQY84. Acesso em: 20 jan. 2023.

2.4 INVESTIGAÇÕES SOBRE AS DIFERENTES MATRIZES RELIGIOSAS NO MUNDO

Como todos sabemos no Brasil em especial temos diferentes denominações


religiosas completamente diferentes umas das outras, porém conseguimos conhecê-
las através dos dados do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
que inclusive será estudado posteriormente nos capítulos que seguem. Mas você
deve estar se perguntando o por que iniciei essa terceira parte com informações
brasileiras, pois bem, se há o Censo do IBGE no nosso território ainda há dificuldades
de mapear quais religiões existem em nosso território imagina tentar quantificar
quantas religiões aproximadamente teríamos no mundo. Por meio de pesquisas em
sites, revistas, artigos científicos, e outros meios, não foi possível ter uma base sólida
de informação a respeito do quantitativo de religiões no mundo.
Para que possamos ter uma boa compreensão sobre as principais religiões
existentes em cada continente, faremos aqui quadros que explicam as religiosidades
de cada continente e suas peculiaridades.

Continente Africano:
África Se encontra a religião que predominou no Brasil, a religião dos Iorubas. É
Ocidental uma religião iniciática e possui no centro cosmológico: Onila, Grande
Mãe do Ile. (PALMIÉ, 2007, p. 78)
África Oriental Segundo a tradição religiosa banto, a vida é sustentada por um Ser
Supremo que reina sobre o universo e sobre os homens de modo distante,
porém benéfico. Todos os povos que compartilhavam a cosmovisão
banto acreditavam em um deus único, supremo e criador, chamado de
Kalunga, Zambi, Lessa ou Mvidie, entre outros nomes, de acordo com o
grupo étnico específico e com os atributos que se pretendia destacar

36
nessa divindade, como a totalidade da vida, a superação de tudo em
todos, a força e a inteligência. (DAIBERT, 2015, p. 8)
África Central Formam três grandes grupos principais, um deles são os mbutis, eles
acreditam que deus é um habitat, a mata. Não possuem sacerdote e
não praticam adivinhação e tem ritos de passagem para rapazes e
moças. (BEZERRA, 2015, p. 4)
África do Sul Na mitologia karanga, a realeza sagrada realizava o equilíbrio dos
contrários: o calor e umidade. (BEZERRA, 2015, p. 4)
Egípcios Cada cidade prestava atenção maior aos seus próprios deuses.
Geralmente, cada templo das grandes cidades, sedes do poder, criava
a sua própria cosmogonia com o deus local no ápice da hierarquia. Entre
esses deuses estão: Osiris, Ísis, Néftis, Set, Geb, Nut. Sendo Osiris um dos
deuses mais importantes dentro do pantaleão da civilização egípcia,
síntese que foi realizada por Plutarco. (SANTOS, 2003, p. 12)

Continente Americano:
Religião dos Os indígenas possuem diversas religiões onde quem orquestra são os
indígenas pajés. Em termos de criação, entre diversos mitos indígenas os criadores
brasileiros do universo costumam ser um par de companheiros ou irmãos,
identificados frequentemente com a lua e o sol. Como também têm
uma Criadora de Tudo. São religiões ricas em ritos de passagem.
(BEZERRA, 2015, p. 6 - 7)
Religião dos Um dos principais elementos da religião maia eram o sacrifício humano
Maias e animal. Acreditava-se que o sangue era primordial para o
funcionamento do universo. Inclusive os reis realizam o auto sacrifício,
na qual era retirado sangue de várias partes de seu corpo. O mais
importante deus masculino era Itzamná, representado na arte como um
homem velho e descrito como a divindade da escrita e do
aprendizado. (NAVARRO, 2008, p. 355)
Religião dos No princípio do cosmos havia Ometeotl. De modo mesoamericano ele
Astecas tinha um aspecto feminino e masculino. Dele nasceram os deuses
principais, Huitzilopochtli, Quetzalcoatl e Tezcatlipoca. A Deusa
principal é Coatlicue, chamada pelos frades cristãos de “mãe dos
deuses, coração da terra”, segundo um dos mitos de origem dos
astecas ela é mãe de Huitzilopochtl. (CAROLINE, 2006, p. 2)
Religião dos Possuíam um panteão de deuses. A divindade suprema era Viracocha.
Incas Inti, o deus Sol, era a principal divindade e o ancestral divino da realeza
inca. Sua esposa irmã era a deusa lua Mama Kilya. Esse incesto justifica
o casamento entre irmãos praticado pelo imperador. Sacrifícios de
animais e vegetais eram comuns nos ritos religiosos. (CAROLINE,2006, p.
9)

Continente Oceânico:
Religião dos Dois conceitos muito conhecidos das religiões oceânicas são o de mana e
povos tabu. Mana é uma espécie de propriedade conferida pelos deuses a
oceânicos pessoas, lugares e coisas. Na sociedade está associado à posição social e
a realizações espetaculares. Tabu está estreitamente vinculado a mana e
significa influência divina, sobretudo em seus efeitos negativos, que tornam
certos lugares, certas pessoas e certos objetos inabordáveis ou perigosos.
(BEZERRA, 2015, p. 10)
Religião dos O aborígine aprende a história sagrada de seu mundo durante iniciações
Australianos e cultos secretos iniciáticos. Existem tribos que acreditam em um Grande
Pai - chamado também de Eterna Juventude. Ele tem pés de ema, e possui

37
mulher e filho – de acordo com certas tribos, possui várias mulheres e vários
filhos. E tanto ele como todos os outros primitivos habitantes do céu ficam
indiferentes com relação ao que acontece na terra. (BEZERRA, 2015, p. 11)

Continente Asiático:
Religiões dos Encontramos a crença na existência de um ser supremo, nem sempre
Siberianos cultuado, e de espíritos intermediários, assim como, em deuses
celestes, em um “senhor das matas”, nas forças da natureza, na
deusa da terra, ou na deusa do mar. Não existem sacerdotes, nem
templos, a experiência religiosa é mística. Dessa forma, ganha um
destaque entre eles a figura do xamã. Aquele que domina a técnica
do êxtase, e com carisma atende sua comunidade curando e
aconselhando. Possuem mitologia, e alguns ritos mais comuns são: os
ritos de caça, sacrifícios de animais, culto do fogo, e ritos agrários
(BEZERRA, 2015, p. 11)
Religiões da Fazia parte do cotidiano dos sumérios 3.600 deuses, devidamente
Antiga registrados por eles. Esse povo desenvolveu os primeiros documentos
Mesopotâmia escritos, foi uma civilização literária, com um complexo sistema de
governo, e hierarquia religiosa, administrativa e social. O mito da
criação diz que, a Deusa Nammu – mar primordial- gera o primeiro
casal An (o céu) e Ki (a terra), dessa união nasce En-li (deus da
atmosfera), que separa seus pais. Seus textos também evocam o mito
da perfeição e bem-aventurança dos “primeiros tempos” e o mito do
dilúvio. A mais popular das divindades era Inanna. Aparecendo em
diversos mitos, ela era o planeta Vênus e seus domínios a fertilidade,
o amor e a guerra. Outro deus importante além de An e En-li, é Tamuz
deus da fertilidade. (BEZERRA, 2015, p. 12)
Religião dos O primeiro casal foi o primordial, El, que significa “deus” era o chefe
Cananeus do panteão, o “poderoso”, “pai dos deuses e homens”. Até que foi
se tornando um deus otiosus. Pois, um deus mais “especializado” Baal
promoveu-se a categoria suprema. Baal significa “Senhor”, ele é
fonte e princípio de fertilidade, mas também guerreiro, tal como sua
irmã e esposa Anat é, ao mesmo tempo, deusa do amor e da guerra.
Um dos mitos de combate pelo trono entre Baal e Yamm, um monstro
marinho, lembra evidentemente, a derrota do monstro marinho
Tiamat, vencido pelo deus mesopotâmico Marduk, segundo a quarta
tábua da Gênese babilônica, Enuma Elish, assim como a vitória de
Javé sobre o mar em certos Salmos e em Jó 26, 12-13. (BEZERRA, 2015,
p. 13)
Religião da A mitologia chinesa foi preservada de uma forma fragmentária. Os
Antiga China mitos mais antigos, envolvendo a criação, por exemplo, foram
encontrados depois da criação do confucionismo. Shandi (上帝) é
considerado a divindade suprema, ser distante e transcendente. E Nu
Kua (女媧) é a deusa que criou a humanidade, seu companheiro —
irmão e marido — era Fu Xi (伏羲). Estes dois seres às vezes são
adorados como os 14 primeiros antepassados dos seres humanos. Eles
são muitas vezes representados como criaturas metade-serpente,
metade-humana. (BEZERRA, 2015, p. 14)
Taoísmo Por volta de 600-500 a.C, Lao-Tzu, escreveu um livrinho chamado Tao
Tê Ching, ou Livro da Lei do Universo e Sua Virtude. Tao significa
caminho, mas também o Ser supremo ao qual o caminho conduz. O
Tao é uma força mística, impessoal e imanente que dá a vida e a
harmonia. É um caminho de observação da natureza, de seus ritmos
e fluxos. O taoísmo implica passividade, simplicidade, intervenção

38
mínima na natureza, e a busca pela longevidade, através de estudo,
da ação correta, da dieta e exercícios. (BIZERRIL, 2010, p. 290)
Confucionismo Confúcio ou Kung-fu-Tzu (551 a.C. – 479 a.C) foi uma espécie de
filósofo e educador, que ensinou um código social de
comportamento rígido e completo, baseado nos costumes, que
buscava manter a harmonia na sociedade. A virtude era dever de
todos, e em especial dos governantes. Ele ensinou a “regra de prata”
do “não faça aos outros o que você não quer que façam a você”.
Confúcio não especulou sobre a metafísica, mas considerou o ritual
importante, sendo um meio de codificar valores. (PINHEIRO-
MACHADO, 2007 p. 147)
Religião do O xintoísmo é a religião autóctone do Japão, um sistema de crenças
Japão/Xintoísmo muito antigo, sem fundador, ou livro sagrado. É o caminho do kami
(deuses). O kami é a natureza, o sol, a lua, os animais, as plantas etc.
E pode ser também, um ser humano iluminado que se tornou imortal.
Existe a lenda que diz que a linhagem imperial do Japão se originou
de Amaterasu, a deusa do sol. Existem diversos santuários, onde as 15
pessoas buscam pelas bênçãos dos kami, e realizam os festivais de
Ano-Novo, primavera/plantio e outono/colheita do arroz. (BEZERRA,
2015, p. 14)
Religião da Eles faziam culto a uma deusa-mãe, e a um grande deus, esse parece
Antiga Índia ser um protótipo de Xiva - uma figura itifálica sentada numa postura
“iogue” e rodeada de animais ferozes. Dedicavam sacrifícios
também a diferentes espíritos de árvores. Nas escavações também
encontraram o “Grande Bath” que lembra as “piscinas” dos templos
hindus de nossos dias. Por volta de 1700 a.C, essa civilização entrou
em decadência e deram lugar às investidas dos povos indo-
europeus. (BEZERRA, 2015, p. 15)
Hinduísmo O hinduísmo é tão multifacetado, que seria mais cabível falarmos de
hinduísmos. A diversidade de práticas é reflexo da variedade de
tradições étnicas, que enriquecem a religião. Mas, além do elemento
territorial e familiar que congrega está religião, a aceitação das
escrituras védicas é imprescindível para denominar-se hinduísta. No
entanto, como boa parte da população indiana é analfabeta, o que
mais importa são os inúmeros ritos religiosos. Alguns princípios que
unem os hinduístas são, a pertença ao sistema de castas, a adoração
a vaca, e a crença no carma e na reencarnação. As principais
divindades adoradas são o deus Vishnu e seu avatar Krishna, e o deus
Shiva. Além de inúmeras deusas, ganhando destaque a deusa Kali.
(BASTOS, 2018, p. 222)
Religião dos Os cultos são realizados sempre na presença de um fogo sagrado
Persas/Zoroatrismo (símbolo de pureza), mantido nos Templos do Fogo. Algumas
características dos rituais são a purificação da mente e do corpo e a
luta contra Angra Mainyu. E a obrigação de cinco orações diárias
individuais, iniciada com a limpeza do rosto, mão e pés. (BEZERRA,
2015, p. 16)

Continente Europeu:
Religiões dos Os principais traços das sociedades indo-europeias foram o
Indo-Europeus nomadismo pastoril, a estrutura patriarcal de família, e o gosto pela
organização militar. Tanto é que as “três funções” dessa sociedade
eram a sacerdotal, guerreira e produtiva. O (deus do) Céu é acima de
tudo o pai: cf. o indiano Dyauspitar, o grego Zεύçπατηφ, o ilírio
Daipatures, o latim Jupiter, o cita Zeus-papaios, o traço-frígio Zeus-

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pappos. A hierofania celeste também é percebida na designação de
deuses pelo nome de trovão: germânico Thôrr, celta Taranos, báltico
Perkûnas, protoeslavo Perun etc. (BEZERRA, 2015, p. 17)
Religião dos Ocorre primeiro a invasão dos povos micênicos (1400-1200 a.C). Estes
Gregos Antigos deixaram escritos em grego arcaico, que revelaram panteões locais
com divindades cultuadas posteriormente como, Zeus, Hera,
Poseidon, Ártemis, Dionisio. O período seguinte (1200-800 a.C) marca
o fim da civilização micênica e a chegada dos povos do norte e leste.
Cuja principal fonte de informação são as obras de Homero, Ilíada e
Odisseia. Os gregos praticavam um culto politeísta antropomórfico,
em que os deuses poderiam se envolver em aventuras fantásticas,
tendo, também, a participação de heróis (Hércules, Teseu, Perseu,
Édipo). A Teogonia de Hesíodo apresenta o nascimento das forças
naturais e dos deuses a partir do Caos primordial, da Terra (Gaia), do
Tártaro e de Eros (amor), dos antigos 19 Titãs seguidos pela geração
de Cronos (tempo), que castra o pai Uranos (céu), e pela de Zeus, que
vence o pai Cronos, e o exila em algum lugar da terra. (BEZERRA, 2015,
p. 18)
Religião dos O panteão germânico é repartido entre dois grupos divinos: os Ases e
Germanos os Vanes. Os principais entre os Ases são, Odin/Wodan, Thor e Thyr.
Entre os Vanes destacam-se Njordhr/Nerthus, Freyr e Freya. Os dois
grupos guerreiam, e quando da reconciliação definitiva, as principais
divindades Vanes, instalam-se entre os Ases. Existem também as
Valquírias, senhoras guerreiras do cortejo dos deuses, e toda uma
multidão de espíritos ocultos e furtivos, os Elfos, os Silfos, e os Pigmeus.
(BEZERRA, 2015, p. 19)
Religião dos O panteão Celta possui as deusas da fertilidade, ou mãe dos deuses,
Celtas as matronae, com grande difusão de culto, sendo chamada de Danu,
na Irlanda e Dôn na região das Gálias, por exemplo. Tem o deus
Cernunnos, identificado como “o senhor das coisas selvagens”.
Existem os deuses Teutates, Esus e Taranis, interpretados na ordem
como, “o homem da tribo”, optimus, e deus do trovão. Um importante
deus que atravessa todo universo celta é Lug, “senhor de todas as
artes” (BEZERRA, 2015, p. 20)
Religião dos A princípio os deuses romanos iniciavam com o deus-padroeiro dos
Romanos “começos” Jano, seguido da tríade Júpiter, Marte, e Quirino, e no fim,
Vesta, protetora da cidade. A influência etrusca mudou a tríade para
Júpiter, Juno e Minerva. No século V, Roma assimila divindades gregas,
como Hermes-Mercúrio, Apolo-Febo, Afrodite-Vênus, Ártemis-Diana. E
em 205-204 a.C, introduz a primeira divindade asiática Cíbele, a
Grande Mãe de Pessinonte. Em 186 a.C, o culto de Dionísio, em Roma
denominado bacanalias, é descoberto e perseguido pelo estado,
pois, representa um perigo a ordem, visto que ele escapa ao controle
do estado. (BEZERRA, 2015, p. 20)

40
Agora que estudamos neste tópico sobre as diversas religiões existente no mundo,
podemos agora compreender que a nossa sociedade ela é diversa, e você como futuro
professor (a) deve estar aberto ao diálogo inter-religioso, afinal você não poderá escolher
o tipo de alunos e suas crenças, por isso cabe a você um aprofundamento sobre essa
diversidade religiosa. Após o estudo desta unidade você se sinta mais preparado para o
tratamento de questões relacionadas ao respeito as religiões? Conte para nós como esta
unidade lhe auxiliou.

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FIXANDO O CONTEÚDO

1. (FUPAC/2013) O primeiro registro de leis de que se tem notícia é o Código de


Hamurabi. A seguir, a transcrição de quatro de seus artigos:
Artigo 2: Se alguém acusar um homem e o acusado mergulhar em um rio e afundar, quem
o acusa pode tomar posse de sua casa. Mas se o rio provar que o acusado é inocente e
ele escapar ileso, então quem o acusa será executado, e o acusado tomará sua casa
Artigo 200: Se um homem arrancou um dente de um outro homem livre igual a ele,
arrancarão o seu dente.
Artigo 201: Se ele arrancou o dente de um homem vulgar, pagará um terço de uma mina
de prata.
Artigo 202: Se um homem agrediu a face de um outro homem que lhe é superior, será
golpeado sessenta vezes diante da assembleia com um chicote de couro de boi.

O Código de Hamurábi é uma criação da:


a) Fenícia, e não estabelece equivalência entre a punição e o crime cometido.
b) Mesopotâmia, fundamentado no princípio da Lei de Talião “olho por olho, dente
por dente”.
c) Grécia, e não descarta a possibilidade de um julgamento divino.
d) Mesopotâmia, e a pena pelo delito não dependia da posição social da vítima e
do agressor.
e) Grécia e estabeleceu regras e direitos a todos os súditos, mas com privilégios às
classes dominantes.

2. (UECE/2018) O código de Hamurabi é o mais famoso e orgânico código de leis


existente, cujo significado não é o de uma medida legislativa, visto conter dúvidas
a respeito da aplicação concreta de suas disposições nos veredictos judiciais. No
que diz respeito a esse código, é correto afirmar que
a) Buscava demonstrar quão bem-organizado e bem governado seria o reino sob o
comando do monarca.
b) Precedia os veredictos judiciais, buscando promulgar novas disposições.
c) Tornava o rei dependente da tradição inaugurada por Ur-Nammu, fundador da
terceira dinastia de Ur.
d) Considerava a possibilidade de uma medida legislativa ser um instrumento de
debilidade da realeza.

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e) Não há nenhuma relação deste código com o reino de Nabucodossor e seus
principados.

3. (IBFC/2015) Para o educador de Ensino Religioso é necessário ter uma formação


teórica que contemple o conhecimento necessário, para conduzir as discussões
dentro de sala de aula, para manter sempre a atenção e o respeito às diferentes
concepções religiosas, uma vez que vivemos em “[...] um mundo das ‘religiões e
religiosidades’ porque, se queremos compreender melhor a realidade religiosa
em nossas sociedades, não podemos limitar nosso enfoque às religiões instituídas,
por mais diversificadas que sejam” (SOUZA, p. 34).
Atualmente, é preciso lembrar, muitas pessoas, apesar de não seguirem os
preceitos e códigos de uma religião em particular, têm um modo particular de
expressar sua religiosidade e precisam ser respeitados e ouvidas, ainda que não
estejam vinculadas à nenhuma religião convencionalmente reconhecida como
tal. Segundo adverte Cruz (2012, p. 7): “é importante que o amor tão exigido em
cada religião não se transforme em rejeição quando religiões diferentes entram
em contato”.
Assinale a afirmativa coerente com o texto acima:
a) Devido ao respeito com o relacionamento de cada um com o Sagrado, as
percepções particulares devem ser superadas para serem unidas numa forma
homogênea de crença como a maneira de contribuir para a construção de um
mundo mais fraterno.
b) As convicções religiosas particulares devem ser preservadas e mantidas acima de
tudo, suplantando todos os níveis de relacionamento, seja interpessoal ou entre
credos, raças ou países.
c) Somente através do conhecimento de suas próprias concepções religiosas
poderemos entender e respeitar as próprias confissões religiosas e os outros devem
respeitar que somos livres de preconceito e de intolerância, demonstrando que o
professor de ensino religioso é o detentor do real conhecimento em meio a um país
com exagerada diversidade étnica, cultural e religiosa.
d) O Ensino Religioso só poderá servir aos propósitos de fomentar a cultura de paz e
respeito à diversidade quando conseguirmos criar uma identidade pedagógica
que contemple a formação humana em uma amplitude holística.

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e) O Ensino Religioso não possui função na escola, pois é um resquício de uma
educação voltada a catequese instituída pela igreja católica.

4. (IBFC/2015) O Ensino Religioso, compreendido a partir da legislação vigente,


objetiva refletir sobre a formação do ser humano numa sociedade complexa,
marcada por experiências religiosas que buscam dar um sentido para a vida nas
relações cotidianas. Sendo integrante e integrado no currículo escolar, numa
perspectiva interdisciplinar, apresenta alguns desafios. Sobre a
interdisciplinaridade e os desafios do ensino religioso, assinale a alternativa correta:
a) O currículo tradicional, oriundo de um contexto histórico industrial, moderno,
consegue dar conta dos significados das experiências trazidas pelos estudantes
para a escola.
b) Conhecer, na dimensão humana, é o ato através do qual um sujeito, transformado
em objeto, recebe, dócil e passivamente, os conteúdos que outro lhe dá ou
impõe.
c) Na vida, a dimensão religiosa está desconectada com as diversas e complexas
áreas do conhecimento, diante do paradigma fragmentador do sentido da vida.
d) Um dos desafios enfrentados pelo ensino religioso é a superação e,
simultaneamente, a radicalização das fronteiras das áreas de conhecimento.
e) O currículo da escola progressista é uma forma de fazer com que o alunado não
tenha conhecimento sobre a perspectiva do ensino religioso e a sua importância.

5. (IBFC/2015) A realidade educacional no cotidiano de quem nele vive, se concebe


o espaço escolar como um lugar de todos, sem distinção de classe, raça/etnia,
sexo, religião, aparências, condições físicas e psicológicas. Mas, constata-se que
as informações adquiridas pelos alunos, juntamente com a vivência de cada um
deles, fornecem informações valiosas, porém fragmentadas que necessitam da
intervenção de professores laicos na práxis pedagógica. Para a maioria dos
discentes, prepondera a concepção de que a disciplina de ensino religioso nas
escolas públicas é mais uma nos horários normais e possui o objetivo de proclamar
a fé católica (CUNHA, 2011, p. 174).
Os alunos percebem e identificam a necessidade de mudanças, entretanto, não
conseguem evitar, e eles mesmos produzem equívocos que geram sentimentos de
incapacidade de aceitar as escolhas do outro:

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Assinale a alternativa que aponta para esta intolerância religiosa que se constata
em muitos destes alunos:
a) Para os alunos a disciplina de ensino religioso nas escolas públicas é mais uma
entre outras e possui o objetivo de proclamar a fé católica.
b) Nas relações de respeito se destacam tolerância e intolerância:
contraditoriamente, ora se aceitam as diferentes religiões e, em outras, os alunos
são produtores da intolerância, através do preconceito com o que não se
conhece.
c) Quanto à investigação e compreensão das implicações do respeito, da tolerância
dos alunos de escola pública com relação aos outros e a si próprio, é preciso
indicar caminhos criteriosos que matizem as interfaces entre o vivido e o campo
das relações de reciprocidade e convivência.
d) O ensino religioso deve contribuir para uma reflexão sistematizada acerca da
problemática das controvérsias religiosas e da aceitação que os alunos têm de si
próprios e dos outros.
e) As primeiras iniciativas para a formação docente em Ensino Religioso de caráter
não confessional, surgiram no Sul do Brasil, especificamente no Estado de Santa
Catarina.

6. (FUNDATEC/2019) Sobre o ensino religioso e a prática pedagógica, analise as


assertivas a seguir:
I. No passado, o ensino religioso abordava a prática de uma única religião,
atualmente é compreendido como a educação da cultura religiosa dos
brasileiros.
II. A atual constituição brasileira afirma que é “inviolável” o livre exercício da religião.
III. O conteúdo abordado pelo Ensino Religioso não pode ter a preocupação com os
processos históricos de constituição do sagrado, pois os processos históricos ficam
a cargo da disciplina de história.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

45
7. (FUNDEP/2018) O Islamismo, religião nascida e difundida a partir da alta idade
Média, é atualmente a religião que mais cresce no mundo. Sobre essa
religião, pode-se afirmar que a fé islâmica prega:
a) a concepção do Islamismo vinculada exclusivamente aos árabes, não
podendo ser professado pelos povos inferiores.
b) o politeísmo, isto é, a crença em muitos deuses, dos quais o principal é Alá.
c) o princípio da aceitação dos desígnios de Alá em vida e a negação de uma vida
pós-morte.
d) o monoteísmo, influência do Cristianismo e do Judaísmo, observado por
Maomé entre povos que seguiam essas religiões.
e) é uma religião baseada no cristianismo, que tem vários deuses sendo o Deus
católico principal.

8. (FGV/2014) "A conhecida frase 'a religião é o ópio do povo' é considerada como
a quintessência da concepção marxista do fenômeno religioso. Embora
obviamente crítico da religião, Marx leva em conta o caráter dual do fenômeno e
expressa:
"A angústia religiosa é ao mesmo tempo a expressão da dor real e o protesto
contra ela. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo
sem coração, tal como o é o espírito de uma situação sem espírito. É o ópio do
povo".
Adaptado de LOW, Michael,"Marxismo e religião: ópio do povo?", in AaVv. A teoria marxista hoje. Problemas e perspectivas. São
Paulo: CLACSO, 2007, pp. 2-3

Com base no texto acima, assinale a opção que caracteriza corretamente a


posição de Karl Marx em relação à religião.
a) A religião é uma realidade transcendente supra histórica.
b) A religião é uma manifestação do sagrado manipulada pelas classes
hegemônicas.
c) A religião é um sistema simbólico presente em todas as culturas.
d) A religião e a ética calvinistas causaram a acumulação primitiva do capital.
e) A religião é uma forma de alienação.

46
A CONCEPÇÃO DA DIVERSIDADE UNIDADE
NO CENÁRIO RELIGIOSO

3.1 INTRODUÇÃO
03
Nesta terceira unidade, teremos como base o termo diversidade para
compreender como ela se manifesta dentro das perspectivas relacionadas a
religião. Inicialmente vãos discutir a respeito da formação da palavra diversidade e
onde ela pode ser incluída na sociedade, para que a partir disso possamos chegar
a compreender em uma segunda parte o que é a diversidade religiosa, inclusive
essas definições corroboram com o que foi estudando em unidades anteriores
tratando sobre as inúmeras religiões existentes no mundo. E como terceira parte
deste estudo, vamos tentar articular algumas ideias a respeito da diversidade
religiosa no cenário brasileiro, deste do momento da colonização até 1890 onde
religião católica era a religião oficial.

3.2 O QUE É DIVERSIDADE?

A diversidade humana pode ser compreendida a partir de uma análise


sociocultural, onde se entende que há uma pluralidade de pensamento, de modos
de vida, costumes, tradições, modos de expressão, todas essas características estão
presentes entre os indivíduos que compõem as mais diversas sociedades ao longo
da história do ser humano. Essas diferenças são atribuídas aos grupos humanos com
base em seu gênero, orientação sexual, etnia, classe social, religião, língua, que
também são utilizadas como critério de fragmentação da sociedade para que
depois se justifique a segregação de grupos do gênero “homo”.
A partir desta discussão diferente atores nas mais diferentes correntes
teoréticas do campo educacional tem buscado assumir dois objetivos centrais
quanto as transformações das dinâmicas sociais: um deles aparece como uma
forma de combate a todas as formas de exclusão e o desenvolvimento de
estratégias que façam o incentivo de projetos onde os valores compartilhados são
fundamentais para que cada pessoa seja aceita e respeitada na sua singularidade.

47
Nem sempre a questão do respeito à diferença dentro da sociedade foi um
tema tão central quanto no pensamento dos séculos XX e XXI, após o cometimento
de grandes crimes contra a humanidade, primeira e segunda guerra mundial e
nazismo são bons exemplos para isso. Nesse sentido a questão do respeito e
convivência se tornou um elemento a ser investigado, analisado e refletido sobre a
perspectiva pragmática dentro da filosofia contemporânea.
Para se pensar sobre esses pontos é importante também refletir sobre o
respeito a diversidade identitária para que seja efetiva na prática a garantia da
igualdade de oportunidades e no acesso aos direitos sociais que em muitos locais
são negados pela hegemonia do poder, que despreza essa forma de colaboração
com as oportunidades de crescimento daqueles menos favorecidos. Esses grupos
esquecidos ou pouco lembrados são chamados de “minorias”, que lutam por
exemplo na aplicação dos direitos humanos, ou nos direitos das mulheres que em
pleno século XXI ainda é um desafio.
Como consequência da crise dos Estado que proporcionam o bem-estar há
um aumento das desigualdades materiais quanto os regimes neoliberais propostos
durante o século XXI, o que fez surgir inúmeras demandas sociais em torno da
geração política de inclusão de grupos marginalizados, que geralmente possuem
condições econômicas em defasagem para o sustento das suas necessidades
básicas.
Por isso que conceitos como multiculturalismo tem sido proposta como forma
de compreensão do Estado, se distanciado de conceitos como uniformidade e
homogeneidade, pois há uma carência perceptível a olho nu sobre a necessidade
de efetivação dos direitos cidadãos para toda a população, levando em
consideração as suas particularidades identitárias de cada grupo social. Destaca-
se, por sua vez, que a ideia de um multiculturalismo, como contrapartida, correria o
risco de fixar os indivíduos a identidades estagnadas, atribuindo-lhes essências
imóveis.
Pensa-se que sobre a diversidade humana é aquela que considera o outro
como alguém que precisa ser tolerado. Nesse discurso da tolerância como
condição de possibilidade para o exercício da liberdade e da vida humana
apresenta sérios problemas, na medida em que se trata de um reconhecimento que
assume, como ponto de partida, a própria identidade, a partir da qual pode ser
admitidos diferentes indivíduos a critério daquele que possua a identidade

48
hegemônica dentro do grupo. Nesse sentido, o conceito de tolerância tem sido
criticado por sua distância no reconhecimento da alteridade radical, para ser
entendida como tal, não podendo ser remetida aos parâmetros de uma identidade
homogênea que são tomadas como referência.
Então, a ideia de tolerância ao qual se fala do outro e a sua relação com o
diferente se enfraquece em relação a aceitação do outro como tal, pois há nesse
sentido o assumir de uma responsabilidade diante dele, ao mesmo tempo que
mascara as desigualdades, pois nesse modelo se promove a tolerância e não se
questiona as relações de exclusão, mas orienta-se para a sustentação da ordem
dada.

Multiculturalismo: o conceito se refere as várias relações existentes entre muitas culturas


em um mesmo ambiente. É um fenômeno social que pode ser percebida a partir do início
da globalização, o que indica ser um fenômeno das sociedade pós-modernas. Mas pela
relação dos indivíduos imigrantes há um choque cultural que possibilita a integração e o
desenvolvimento de novas culturas. Multiculturalismo ou pluralismo cultural são tratadas
de maneira sinônimas, e são conceitos que são atribuídos a sociologia que se aplica aos
estudos sociais. E nessa ideia, um grupo multicultural é aquele que se forma a partir de
grupos culturais que estariam interligados, em função do contato que as culturas têm
entre si.

Uniformidade: característica ou condição do que é uniforme; Que se comporta de


maneira regular; que insiste nas mesmas ideias; que tem sempre as mesmas opiniões;
regularidade. (UNIFORMIDADE, 2022, online)

Homogeneidade: que se comporta de maneira regular; que insiste nas mesmas ideias;
que tem sempre as mesmas opiniões; regularidade. (HOMOGENEIDADE, 2022, online)

Marginalizados: indivíduo mais ou menos improdutivo, indigente, subempregado ou que


como trabalhador, embora amparado pela legislação trabalhista, não tem condições
de manter uma família, vivendo por isso à margem da sociedade. (MARGINALIZADOS,
2022, online)

49
3.3 DIVERSIDADE RELIGIOSA

Ambas as religiões trabalham em função de um mundo, justo, solidário como


pela paz e principalmente pelo respeito a todos sem distinções, podendo as pessoas
a ter o direito de escolha religiosa, ou por não, optar por seguir nenhuma religião,
sendo livres para decidirem e sem usarem a violência para chegar a essa a escolha.
Cada vez mais vem surgindo novas religiões, rituais, mas ainda as religiões que
ganham destaque na atualidade é o cristianismo, islamismo, judaísmo por serem,
religiões marcantes, que vem crescendo e se expandindo.
Mas mesmo com a liberdade de culto ainda ocorre um conflito em religiosos,
em que acabam por gerar guerras, mortes, conflitos, falta de respeito à religião do
outro, tudo isso, por acharem que a sua religião é a melhor e a única que poderia
existir, como se não pudesse haver visões e crenças diferentes das suas, é o que
chamamos de intolerância religiosa.
Logicamente que as filosofias religiões, não devem ser associadas a essas
guerras como a culpada, são desculpas utilizadas por homem ganancioso que vem
na religião uma maneira de manipular, como praticar os seus preconceitos
incoerentes, como também um jeito de chegar ao poder.
Independente de qual seja, as religiões jamais vão pregar o mal ou que se
faça o mal às pessoas, pelo contrário ela prega o bem. A religião é uma maneira
que homem encontrou para se chegar a princípios essenciais, como de se ter uma
boa convivência em sociedade, desde o respeito, à união, solidariedade,
fraternidade, igualdade, a paz e outros.
A religião é um bem necessário à humanidade, mas do que se imagina, pois
não é simplesmente uma crença, um dogma é uma postura, conduta, organização,
enfim religião é conviver entre todos e com todos sem distinções, em nome de um
líder de um santo de vários deuses, ou de um líder, de santo, seja, a religião nasce
para a humanidade crescer.
Mencionamos que muitas vezes essa intolerância acontece porque as pessoas
desconhecem, não tem informações e nem conhecimento do que de fato as
religiões pregam sendo assim, acabam por julgar as religiões diferentes da sua, sem
nenhuma consideração pelo simples fato de que pensam, imaginam coisas e
doutrinas que não são as realmente defendidas pela religião julgada, muitas vezes
motivada pelo uso indevido ou associada a algumas pessoas que usam a religião

50
como uma máscara de atos errados, mas o que temos que considerar e ter em
mente é que todo o ser humano é sujeito a erros e que muitos deles agem por
vontade própria e que independente de religião, pois todas as religiões têm essas
pessoas com pensamentos e atitudes erradas.
Chegamos a um ponto em que só nos restou a lei para assegurar o direito de
liberdade de culto, ou seja, de obter o direito de as pessoas escolherem a qual
religião quer seguir, ou se não querem optar por nenhuma, passando a aceitar como
a respeitar aqueles que não vierem a seguir a sua religião. Assim como nos coloca,
Vade Mecum, (2006, p.7) “O tema liberdade de culto é previsto na Constituição
federal de 1988 em seu artigo 5º., inciso VI: “(...) sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas
liturgias”.
O direito fundamental a liberdade religiosa é uma das mais
importantes liberdades públicas, haja vista que, o mundo tem
observado uma grande intolerância religiosa. As intolerâncias servem
de reflexão a respeito das crenças, costumes, etnias, raças e outras
diferenças (MANDELI, 2008, p.41).

Porque, vem aumentando o número de casos em que pessoas passam agir


com violência contra outras pessoas de outras religiões adversas a sua,
desrespeitando, como reprimindo a sua liberdade, como o seu direito, sem
mencionarmos aquelas pessoas que agem de forma absurda e usam o nome de
Deus ou da religião para justificar os seus atos, como se a religião viesse a pregar
violências, guerras, pois, sabemos que nenhuma religião prega o mal pelo contrário
preza pela paz, pelo bem.
Sendo assim, tendo em vista que somos todos livres para pensar, sentir, crer e
fazermos nossas escolhas, também deveram ter respeito e a tolerância com outras
religiões.

A liberdade religiosa não consiste apenas em Estado a ninguém impor


qualquer religião ou a ninguém impedir de professor determinada
crença. Consiste ainda, por um lado, em o Estado permitir ou propiciar
a quem seguir determinada religião o cumprimento dos deveres que
dela decorrem (em maneira de culto, de família ou de ensino, por
exemplo) em termos razoáveis. (MIRANDA, 2000, p.409)

Ao referirmos à religião devemos buscar conhecer e entender a manifestação


do mesmo dentre as várias culturas religiosas, seus processos históricos de
constituição do sagrado, com o intuito de entender o processo de criação das
tradições. Para daí sim mencionar a respeito de uma religião, podendo se referir se

51
concorda ou discorda de suas crenças, seguimento doutrina enfim ensinamentos.
E devido à grande crescente discussão que se assemelha sobre as religiões a
seu mundo de diversidade de ensinamentos, é que se passou a pensar em um lugar
de diálogo, de esclarecimento, como compreensão e de conhecimento, para
poder formar futuros cidadãos conscientes quanto à questão religiosa, de forma que
venham a conhecer como a compreender e aceitar, mesmo que não a sigam a
suas diferentes formas de pensamentos religiosos.
Conscientemente ressaltamos que a educação é um ambiente de destaque,
considerado o lugar certo para ensinar, respeitar a diversidade religiosa
primeiramente porque, a disciplina de Ensino Religioso é ofertada de forma
facultativa, mas que ao mesmo tempo se torna obrigatória, pois a disciplina vem a
de encontro aos desígnios que pregam pelo respeito à diversidade religiosa.
Por isso, busca-se possibilitar aos alunos a reflexão e o entendimento de como
os grupos sociais se organizam e se relacionam com o sagrado; compreendendo
sua história e suas manifestações dentro das mais variadas culturas, permitindo a eles
o comprometimento da diversidade existente também dentro da religiosidade.
O essencial em qualquer ser humano com certeza é a consciência e o
respeito que todos devemos ter com o outro e sua opinião, vindo não só a respeitar,
como valorizar o direito de pensar e acreditar diferente do seu.

Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre as diversas religiões
existentes, mitos e cultura. Fica a sugestão do livro: Índia, lar dos deuses e terra das
multidões: uma aproximação as religiões indianas, de Joachim Andrade. Disponível em:
https://bit.ly/3zxlpYL. Acesso em: 20 jan. 2023.

3.4 DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL

Como visto anteriormente, a diversidade religiosa representa a grande


quantidade e variedade de religiões existentes no mundo. A diversidade religiosa se
manifesta nas diferentes crenças, culto e rituais ao redor do mundo, professados por
pessoas que vivem em diversos lugares e culturas. É possível encontrar diversidade
religiosa no cotidiano, quando em um mesmo local ou região há diversas formas de
cultos e rituais de diferentes religiões. Por exemplo: uma igreja católica, uma

52
ortodoxa, uma evangélica e um terreiro de candomblé.
A diversidade religiosa quando entendida o seu conceito de forma imediata
lembra-nos da representação da liberdade religiosa e da garantia de todas as
manifestações religiosas. Assim entendendo por esse termo que não existe uma
única religião que seja verdadeira e que ela se sobressaia sobre as demais. Da
mesma forma que garante os diferentes locais e culturas de diferentes religiões e
crenças. É bastante comum nos dias atuais se verem campanhas de “respeito a
diversidade religiosa” que tem como objetivo minimizar os episódios de intolerâncias
religiosas entre diferentes religiões ou pessoas que acreditam que a sua religião ou
crença é única. Esse termo foi completamente amparado por leis brasileiras, com o
intuito de promover o respeito entre as diferentes religiões, suas práticas e seus fiéis.
O Brasil é um país que possui uma enorme diversidade religiosa, fruto de uma
grande miscigenação cultural que ocorreu ao longo dos anos de processos
migratórios como conta para nós a história. A população brasileira de acordo com
o último Censo de 2010 é majoritariamente cristã, sendo sua maior parte católica,
como consequência dos vários anos de colonização portuguesa. Onde durante
esse período foi incutida dentro da sociedade uma dominação católica que até
mesmo chegou a ser declara a religião oficial do Estado brasileiro até 1890, dando
espaço para o Estado Laico pelo decreto de número 119-A onde separou a
administração pública das perspectivas religiosas.
E sem dúvidas não podemos deixar de citar a Revolução Francesa e o
Iluminismo como elementos fundamentais para essa separação em diferentes
sociedades. Por isso atualmente podem serem vistas religiões de diferentes crenças
e rituais, como o espiritismo, o protestantismo, o budismo, as religiões afro-brasileiras,
como o candomblé e a umbanda, entre várias outras. Todas seguindo aquilo que
preceitua a Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 5º, que afirma que a
liberdade de consciência e escolha da religião é inviolável e a proteção de locais
de cultos e suas liturgias é garantida por lei.

Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre as diversas religiões
existentes no Brasil, uma reflexão a partir do Censo de 2010. O livro é: Religiões em
movimento – O censo de 2010, organizado por Faustino Teixeira e Renata Menezes.
Disponível em: https://bit.ly/3mcgn0s. Acesso em: 20 jan. 2023.

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O Censo realizado pelo IBGE é um importante instrumento para que possamos ter dados
suficientes na elaboração de políticas públicas em nosso território, porém para nós que
aqui estamos estudando os diálogos inter-religiosos e a diversidade é fundamental saber
qual o perfil das religiões existentes em nosso território. Então aproveite o estudo do livro
indicado para que você possa conhecer as particularidades existentes pelo Brasil.

54
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (AOCP/2020) O fenômeno religioso tem muitas facetas e é heterogêneo por se


basear em diversas fontes e interesses relacionados à condição humana. Sobre o
fenômeno religioso, assinale a alternativa correta.
a) A religião é uma das dimensões da mitologia e serve ao indivíduo e à coletividade
como fonte de concepções sobre o mundo.
b) Na base da religião, estão a vontade de crer das pessoas e a construção de uma
manifestação coletiva com base nessa crença.
c) A religião é um sistema de símbolos que provoca motivações fortes e neuroses
duradouras nos indivíduos.
d) A religião é uma instituição social que existe ao longo da história e nas mais
diversas sociedades, mas cujo fim está próximo.
e) Autores da Sociologia e da Antropologia atribuíram diferentes razões para a
formação das religiões, como a possibilidade de sucesso e a vontade humana

2. (FEPESE/2017) Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F )


sobre o papel da escola e o respeito à pluralidade cultural e religiosa.
( ) Ensinar a reconhecer a pluralidade cultural e religiosa é parte inseparável da
identidade nacional.
( ) Investir na superação de qualquer tipo de discriminação cultural e religiosa.
( ) Apresentar a diversidade cultural e religiosa como patrimônio nacional.
( ) Demonstrar que as diferenças culturais e religiosas representam debilidades
sociais.
( ) Alimentar, através da pluralidade cultural e religiosa, a cultura da paz e da
convivência.

Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.


a) V • V • V • F • V.
b) V • V • F • V • V.
c) V • F • V • V • F.
d) V • F • V • F • V.
e) F • V • V • V • F.

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3. (UNESPAR/2018) A religião representa uma Instituição Social presente na
organização das sociedades. Por meio da religião, os indivíduos expressam suas
crenças e rituais relacionados à fé. As religiões influenciam a formação da moral e
dos valores sociais. A religião também pode ser usada como instrumento de
dominação e pode chegar ao fanatismo. Existe uma grande diversidade de religiões
no Brasil e isto se dá em função da característica de estado laico conforme
determinado pela Constituição Federal.

Frente a esses conceitos, é possível afirmar que:


a) As diferentes religiões presentes no Brasil são respeitadas por todos os membros da
sociedade;
b) O fanatismo religioso representa um risco para a tolerância e o respeito à
diversidade religiosa;
c) A Constituição Federal aponta uma religião oficial no Brasil;
d) O Estado Laico proíbe o exercício da liberdade religiosa;
e) As igrejas e templos religiosos devem receber auxílio financeiro dos governos.

4. (UNESPAR/2018) A Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade


Racial do Governo Federal do Brasil afirma, em sua página eletrônica, que “Ações
afirmativas são políticas públicas feitas pelo governo ou pela iniciativa privada com
o objetivo de corrigir desigualdades raciais presentes na sociedade, acumuladas ao
longo de anos. Uma ação afirmativa busca oferecer igualdade de oportunidades a
todos. As ações afirmativas podem ser de três tipos: com o objetivo de reverter a
representação negativa dos negros; para promover igualdade de oportunidades; e
para combater o preconceito e o racismo” (BRASIL, 2017).

Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O que são
Ações Afirmativas. Disponível em https://bit.ly/412Y0dj. Acesso em 15 jul. 2017.

A partir da análise desta definição de Ações Afirmativas, podemos afirmar que:


a) As Ações Afirmativas são necessárias numa condição de desigualdade que
cerceia os direitos sociais dos negros na sociedade;
b) As Ações Afirmativas são permanentes e representam um benefício perene para
os negros;
c) As Ações Afirmativas aumentam o preconceito racial;

56
d) As Ações Afirmativas são políticas compensatórias e retiram direitos de outras
raças;
e) As Ações Afirmativas reforçam a representação negativa dos negros na sociedade

5. (AOCP/2020) A Lei nº 11635/2007 instituiu o Dia Nacional de Combate à


Intolerância Religiosa. A comemoração, na data de 21 de janeiro, lembra o
enfrentamento do preconceito e visa estimular, na sociedade, a valorização da
diversidade religiosa. Nesse sentido, assinale a alternativa correta.
a) A valorização da diversidade religiosa é fruto de um movimento muito forte no
Brasil e no mundo, cuja principal característica é a adesão incondicional a
determinados valores e crenças etnocêntricas.
b) Algo que pode contribuir para a valorização da diversidade religiosa é se ter um
entendimento literal dos livros sagrados.
c) Aceitar que todas as religiões têm legitimidade, porque exprimem as diferentes
formas humanas de aproximação do mistério fundante da vida, pode representar
um passo importante para a valorização da diversidade religiosa.
d) Faz-se necessário fazer a defesa do cristianismo nas suas vertentes católica e
protestante como únicas instituições portadoras dos meios necessários à salvação.
e) A maior parte dos casos noticiados de intolerância religiosa aconteceram contra
pessoas adeptas de religiões afrodescendentes, como candomblé e umbanda,
portanto trata-se claramente de um descomedimento da mídia sensacionalista em
defesa desses grupos minoritários.

6. (UFRJ/2014) O Brasil é um Estado laico. Entre outras coisas, isso significa que não há
religião oficial e que a Constituição garante a liberdade de crença a todas as
pessoas. No que diz respeito à educação, as Diretrizes Nacionais para Educação em
Direitos Humanos reforçam a laicidade do Estado como um dos princípios a orientar
os sistemas de ensino. De acordo com estas e outras diretrizes e parâmetros
educacionais nacionais, entender que a educação pública é laica significa que:
a) é proibida qualquer forma de ensino religioso, seja confessional ou
interconfessional, em escolas públicas.
b) é proibida qualquer expressão de religiosidade nas escolas municipais e
estaduais, como o uso de crucifixos pelos alunos, por exemplo.

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c) a equipe pedagógica da escola tem direito a expressar suas concepções
religiosas no currículo e nas regras de convivência que regem a escola.
d) expressões religiosas são permitidas, evitando-se exageros, como o uso de guias
ou turbantes típicos de religiões afro-brasileiras.
e) o currículo da escola não deve estar subjugado a nenhuma crença religiosa
específica, ao mesmo tempo que se garanta o reconhecimento da diversidade
religiosa.

7. (IPAD/2014) Assinale, de acordo com a Constituição Federal do Brasil, a


assertiva correta:
a) Pelo fato do Brasil ser um Estado laico, qualquer cidadão que se encontra
divorciado, tem o direito de ter seu novo casamento celebrado na religião que
livremente escolher, mesmo que contrarie a doutrina nela pregada.
b) Nas religiões que permitem a poligamia, o Estado deve reconhecer oficialmente
para todos os efeitos a multiplicidade destes casamentos sem qualquer distinção,
mesmo que o Brasil adote a monogamia como um dos requisites para o casamento.
c) O Estado laico permite que aquele que professa ao ateísmo receba tratamento
distinto daquele que professa o teísmo.
d) O Estado laico não afasta a possibilidade do Brasil manter com representantes da
igreja católica a colaboração que seja do interesse público da nação.
e) Com fulcro que o Brasil e um pais laico, a autoridade pública não pode intervir
para obrigar fiéis de determinado credo a reduzir o barulho proveniente de seus
cultos religiosos

8. A liberdade religiosa está assegurada pela Constituição Federal de 1988 como um


direito fundamental, conforme se infere do art. 5.º, incisos VI e VIII:
Art. 5.º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias; (...)
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

58
Com respeito ao conteúdo desse direito fundamental, assinale a opção incorreta.
a) A liberdade de convicção religiosa abrange, inclusive, o direito de não acreditar
ou professar nenhuma fé, devendo o Estado respeitar o ateísmo.
b) Por ser o Brasil um Estado laico, nenhuma religião pode exercer pressão ideológica
junto aos cidadãos livres, nem imprimir sua marca em papéis do Estado.
c) Não há democracia, em sua concepção tradicional, se não houver perante a lei
igualdade dos cidadãos também no domínio das crenças religiosas.
d) Embora a liberdade de crença esteja assegurada na Carta Magna, tal direito
individual não pode ser invocado para a isenção de obrigação legal a todos
imposta nem para a recusa de cumprir prestação alternativa prevista em lei. Essa
restrição, na forma como foi fixada, é inconstitucional, pois, para haver verdadeira
liberdade religiosa, esta deve ser assegurada de forma plena.
e) O ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental não se afigura
inconstitucional, desde que seja disciplina de matrícula facultativa.

59
ABERTURA AS POSSIBLIDADES DE UNIDADE
AFETO RELIGIOSO ENTRE AS
DIFERENTES RELIGIÕES
04
4.1 INTRODUÇÃO

Nesta quarta unidade, vamos tratar sobre a abertura de possibilidade de


diálogo entre as religiões cristãs ou não, numa primeira parte vamos tentar definir o
conceito de ecumenismo e onde ela se insere dentro dessa discussão. Diferenciar o
que é ecumenismo e diálogo inter-religioso sem dúvidas será um divisor de águas
nesta unidade, são dois conceitos que muitas das vezes são levadas como sinônimas,
que significam a mesma coisa, porém elas têm significados complemente diferentes,
por mais que tratem de um mesmo campo, mas sua finalidade é diferente. E por fim,
discutiremos sobre a Campanha da Fraternidade, sua fundação e consequente a
introspecção do ecumenismo como forma de apresentação e discussão de
temáticas que levam relação com o cotidiano daqueles que professam sua fé.

4.2 ECUMENISMO

O termo “ato ecumênico” é utilizado para designar os encontros realizados


por pessoas de diferentes religiões, que se motivam pelo interesse comum, como
objetivo a busca pela paz e solidariedade entre os povos ou para expressar seus
posicionamentos diante de um acontecimento da sociedade. Portanto é
importante distinguir os eventos ecumênicos dos inter-religiosos (como será visto no
próximo tópico) como também é importante distinguir de outras manifestações
sociais, políticas e culturais em que se tenha representações da sociedade
organizada que nesta também se incluem as lideranças religiosas, pois há entre elas
aqueles que possuem participação na vida social de seus membros, á aqueles que
optam por somente ser líderes nas perspectivas religiosas. Por isso que tratar de
lideranças religiosas tem como base a especificidade com que cada um atua na
sua igreja, crença, fé, sociedade em si.

60
O termo “ecumênico” tem sua origem na significação da palavra latina
“oecumenucys” que representa o termo “geral, universal”, que por sua vez se
antecede a palavra que vem do grego “oikumenikos” que significa “mundo
habitado”. Por essa compreensão se entende de forma clara por exemplo, que os
concílios da Igreja Católica são chamados de ecumênicos, não porque há presença
de outras igrejas ou representantes, mas sim por que reúnem os bispos católicos do
mundo interior, com costumes, hábitos, culturas completamente distintas. Quando o
termo ecumenismo é empregado de forma social para as religiões cristãs que
historicamente romperam a comunhão plena entre si, como por exemplo é o caso
da Igreja Ortodoxa, Anglicana e outras.
Por mais que o ecumenismo entre tantas as vezes seja utilizada para designar
a unificação ou aproximação entre as diferentes religiões, não cabe a ela essa
função e sim do diálogo inter-religiosos. Para que possamos esclarecer melhor o
ecumenismo se cerca de uma visão de aproximação entre as igrejas cristãs, já o
diálogo inter-religioso condiz com a aproximação entre todas as religiões sejam elas
cristãs ou não.
Entre os cristãos a busca pelo diálogo ecumênico partindo da Igreja Católica
tem duas igrejas alvo, as Igrejas Ortodoxas do Oriente que se separam no grande
cisma do Oriente de 1054, e com as igreja que foram criadas a partir da reforma
protestante lá no século XVI. Não pensem que essa busca pelo ecumenismo é só
uma aproximação entre os ritos e rituais, pois essa ação tange com profundidade
elementos sobre o meio de estudos bíblicos-teológicos, promoção de caridade e
socorro humanitário quando há necessidade. Nesses atos ecumênicos cristãos não
há uma forma, rito ou ritual especifico, mas elementos que sejam comuns a todas as
tradições como é o caso da leitura bíblica, das preces e também como destaque a
oração do Pai-Nosso, que foi ensinada pelo próprio Jesus Cristo.

61
Figura 4: Celebração ecumênica na Catedral Ortodoxa de São Paulo, em 2016

Fonte: Casa da Reconciliação(2016, online)

Um grande exemplo do ecumenismo pode ser lembrado pela realização da


Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que tem como fim o
aprofundamento do diálogo entre as igrejas cristãs que trilham um caminho para a
unidade e a fraternidade daqueles que professam a fé em Jesus Cristo.

Figura 5: Papa Francisco com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Etíope Tewahido, Abuna
Matthias I

Fonte: L'Osservatore Romano (2016, online)

62
A Cisma do Oriente foi um conflito gerado pela Igreja Católica do Ocidente e do Oriente
isso no século XI. Do latim, a palavra “cisma” (shisma) significa dividir, partir, separar. E foi
isso que ocorreu, resultante dessa cisma foi realizada a criação de duas vertentes da
religião, as quais permanecem até os dias atuais: a Igreja Católica Apostólica Romana e
a Igreja Católica Ortodoxa. Esse evento foi chamado de “Grande Cisma do Oriente” pois
marcou uma grande diferença entre os interesses (políticos, culturais e sociais) da época.

Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre o Ecumenismo e o
Diálogo inter-religioso, deixamos a indicação do livro de Joachim Andrade, aonde ele irá
neste livro fazer a apresentação de conceitos relevantes sobre o fenômeno religioso
refletindo sobre a relação do ser humano com o meio ambiente. Link do livro:
https://bit.ly/3zwMUl0. Acesso em: 20 jan. 2023.

4.3 DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

Como vimos anteriormente, enquanto o ato ecumênico tem como foco o


diálogo entre as religiões cristãs, cabe ao diálogo inter-religioso a expansão de
fronteiras além do cristianismo, dialogando com todas as religiões que estejam
abertas ao diálogo. Na busca de trazer elementos que possam caracterizar essa
realidade do diálogo inter-religioso, chegamos ao âmbito da Igreja Católica
Apostólica Romana que com documentos e incitações por meio de suas
autoridades papais buscarem aproximar-se das demais religiões, como é o caso da
promulgação da Declaração “Nostra Aetate” que foi aprovada pelo Concilio
Vaticano II em 1965. Nesta declaração apresentam-se indicações e intenções de
colaboração para uma aproximação da igreja para com as religiões, tendo como
objetivo final a construção de pontes entre as diferentes tradições por meio do
diálogo e pautando-se pelo respeito.
No ano de 1991 o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso e a
Congregação para a Evangelização dos Povos, por ocasião dos 25 anos da
Declaração Nostra Aetate, trouxeram novas reflexões sobre o diálogo inter-religioso
criando um novo documento chamado de “Diálogo e anúncio” na qual vão
buscando aprofundar questões fundamentais para a criação e permanência da

63
rede de diálogos. É interessante salientar que nestes documentos a aproximação
para o diálogo sempre são faltados pelo compromisso com a vida, a defesa da paz,
os valores da dignidade humana, e a promoção de estudos e conhecimentos um
verdadeiro intercâmbio de heranças religiosas e valores espirituais.
Quando tratamos de encontros realizados por membros de diferentes
tradições religiosas, não apenas cristãs, pode esse vento ser chamado de “ato” ou
“encontro” inter-religioso e não uma “celebração” ou “oração”, pois como vimos
anteriormente as religiões cristãs tem elementos comuns e que se aproximam, nesta
nova realidade as diferentes tradições não possuem uma oração em comum, o que
faz com que cada grupo religioso tome a palavra em momentos específicos e
façam as suas próprias convicções religiosas, manifestando suas intenções de
acordo com a sua tradição religiosa.

Figura 6: Papa João Paulo II participa do encontro inter-religioso pela paz em Assis, Itália,
em 27-10-1986.

Fonte: CNS/L’Osservatore Romano (1986, online)

Um dos exemplos que podemos citar de evento inter-religioso (como mostra


a imagem acima) foi esse grande encontro que ocorreu na cidade italiana de Assis
em 1986, quando a Igreja Católica por seu representante máximo São João Paulo II
convidou diversos representantes de tradições religiosas do mundo para se reunirem
na cidade onde nasceu e viveu São Francisco de Assis para que cada representante
realizasse o seu credo e pedisse com forte fervor a paz para a humanidade. Evento

64
esse que foi uma das formas de diálogo inter-religioso a época e que foi seguida
anos mais tarde, em 1993 e 2002 por São João Paulo II, e em 2011 pelo Papa Bento
XVI. É fundamental também lembrar que em cada encontro inter-religioso desses
havia no momento um contexto social relacionado, por exemplo em 1986 estava
ocorrendo a Guerra Fria, no encontro de 1993 estávamos vivenciando a guerra dos
Bálcãs, e em 2002 a edição foi um relembrar da paz entre as nações após o ocorrido
em 11 de setembro de 2001.
No Brasil, um dos momentos em que houve um diálogo inter-religioso ocorreu
na Catedral da Sé em memória do jornalista Vladmir Herzog, preso e assassinado
pelo regime militar em 1975. Há algumas controvérsias sobre se o evento foi ou não
inter-religioso por pesquisadores e estudiosos do assunto, porém no evento houve
representante de diferentes tradições religiosas entre elas o Cardel Paulo Evaristo
Arns e o rabino Henry Sobel.
Nos dias atuais não foi abandonada a ideia de diálogos inter-religiosos, mais
a sua continuidade em iniciativas unilaterais e bilaterais como foi o caso da
Declaração conjunta sobre a fraternidade humana, assinada pelo Papa Francisco
e pelo Grão Imane Al-Tayyeb no dia 4 de fevereiro de 2019, nos Emirados Árabes
Unidos. Esse documento estará disponível o seu link no busque por mais, porém é
interessante perceber neste documento que sempre há uma contextualização
histórica, vivenciando temas da atualidade, como está preocupação:

A história afirma que o extremismo religioso e nacional e a intolerância


geraram no mundo, quer no Ocidente quer no Oriente, aquilo que se
poderia chamar os sinais duma «terceira guerra mundial aos
pedaços»; sinais que, em várias partes do mundo e em diferentes
condições trágicas, começaram a mostrar o seu rosto cruel; situações
de que não se sabe exatamente quantas vítimas, viúvas e órfãos
produziram. Além disso, existem outras áreas que se preparam a
tornar-se palco de novos conflitos, onde nascem focos de tensão e se
acumulam armas e munições, numa situação mundial dominada
pela incerteza, pela decepção e pelo medo do futuro e controlada
por míopes interesses económicos. (VATICANO, 2019)

65
 Declaração Nostra Aetate sobre a Igreja e as religiões não cristãs está disponível
através do link https://bit.ly/3nScI8v. Acesso em: 20 jan. 2023.

 Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso e Congregação para a


evangelização dos povos. Documento: Diálogo e Anúncio está disponível no link:
https://bit.ly/3KCoFZd. Acesso em: 20 jan. 2023.

 Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência


comum agrega muito conhecimento e está disponível pelo link: https://bit.ly/3UfRVrU.
Acesso em: 20 jan. 2023.

 Além dos documentos acima, também deixamos com indicação o livro: Diálogo inter-
religioso, de Marlon Ronald Fluck, onde ele trabalho com os conceitos de
ecumenismo, sincretismo e a influência das culturas sobre os fenômenos religiosos. Link
do livro: https://bit.ly/433mC7H. Acesso em: 20 jan. 2023.

4.4 CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA

A Campanha da Fraternidade (CF) nasce na Arquidiocese de Natal (RN) sob


a direção de D. Eugênio de Araújo Sales no período da quaresma de 1962, quando
este acumulava diversos cargos em instituições importantíssimas que somaram por
experiência para essa proposição, como por exemplo, Secretário Nacional da Ação
Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e presidente da Cáritas
Brasileira. Com uma ideia regional, localizada e especifica, chamou a atenção de
inúmeras instituições que proporiam que essa ideia fosse levada a âmbito nacional,
fosse uma campanha nacional que promovessem a fraternidade cristã, e a ajuda
aos necessitados. (CNBB, 1983; MACÁRIO, 2021)
Aprovado em 1964 a Campanha da Fraternidade pelos bispos do Brasil –
sendo seus Pontos Fundamentais apreciados pelo Episcopado de Roma. Porém
somente em 1965 a CNBB decidiu assumir toda a organização e consequentemente
a implementação da Campanha. Fazendo a Igreja Católica Romana no Brasil um
grande trabalho de implementação evangelizadora pelas vias da fraternidade e
do diálogo com as demais religiões, ao propor e dividir com outras entidades e
instituições a organização de ações que resultam o objetivo do diálogo.
No ano de 2000 a CNBB propôs um novo formato da Campanha da
Fraternidade, acrescentando o termo “Ecumênica”, que aconteceria no formato de

66
5 em 5 anos, e dividindo a organização junto com o Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs do Brasil (CONIC), então pela primeira vez tivemos uma Campanha da
Fraternidade Ecumênica, com tema: Dignidade Humana e Paz, e tendo como lema:
Novo Milênio sem Exclusões, trazendo como plano de fundo os grandes problemas
sociais que excluem grande parte das pessoas que vivem em vulnerabilidade social
no país. (PRATES, 2007; MACÁRIO, 2009)
No guia de orientação para essa CFE-2000 o objetivo foi definido como “unir
as Igrejas cristãs no testemunho comum da promoção de uma vida digna para
todos, na denúncia das ameaças à dignidade humana e no anúncio do evangelho
da paz”, (CONIC, 2000, p. 22) como objetivos específicos dessa ação foi proposto
“uma prática de vida em que valores morais e éticos exaltem a dignidade da
pessoa, evitem as exclusões que marginalizam pessoas e grupos, criem condições
de paz na convivência cotidiana” (CONIC, 2000, p. 22) e também “lutar por políticas
sociais e democráticas e promover a solidariedade e a partilha, no respeito aos
direitos fundamentais à subsistência e ás condições sustentáveis de vida digna de
todos, contra o apartheid social e econômico”. (CONIC, 2000, p. 22-23)

Figura 7: Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2000.

Fonte: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (2022, online)

Em 2005, sendo realizada a segunda CFE com tema: Solidariedade e Paz e o


lema: Felizes os que promovem a Paz. Possuindo como objetivo nesta Campanha
“unir as Igrejas cristãs e pessoas de boa vontade na superação da violência
promovendo a solidariedade e a construção de uma cultura de paz” (CONIC, 2005,
p. 47), com objetivos específicos relacionados “a promoção de ações públicas para

67
reformar e aperfeiçoar a legislação e as instituições responsáveis pela segurança
pública, tendo em vista o respeito aos direitos humanos e a sua inviolabilidade”
(CONIC, 2205, p. 48).

Figura 8:Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2005.

Fonte: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (2022, online)

Na CFE de 2010 teve como tema: Economia e vida, e como lema: Vocês não
podem ser a Deus e ao Dinheiro (Mt 6, 24). Nesta edição da campanha ecumênica
tinha como objetivo colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida,
refletindo sobre a cultura de paz e a união das Igrejas Cristãs e das pessoas de boa
vontade para a construção de uma melhor sociedade (CONIC, 2009, p. 21) e como
objetivos específicos temos a “sensibilizar a sociedade sobre a importância de
valorizar todas as pessoas que a constituem” (CONIC, 2009, p. 21) e também mostrar
a relação entre fé e vida, a partir da prática da Justiça, como dimensão constitutiva
do anúncio do Evangelho” (CONIC, 2009, p. 22)

68
Figura 9: Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2010.

Fonte: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (2022, online)

Na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, o tema foi tema: Casa


comum, Nossa Responsabilidade, sendo o seu lema: Quero ver o direito brotar como
fonte e correr a Justiça qual Riacho que não seca (Am 5, 24). Nesta campanha se
assegurou uma reflexão sobre o meio ambiente, ecologia e também sobre “o direito
ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por
políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de
nossa Casa Comum” (CONIC, 2015, p. 16), entre os seus objetivos especifico tivemos
como destaque a união das Igrejas Cristãs para a promoção da justiça e do direito
ao saneamento básico como também pelo entusiasmo para o envolvimento com
as necessidades humanas básicas.

69
Figura 10: Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2016.

Fonte: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (2022, online)

Como última Campanha da Fraternidade Ecumênica realizada em 2021 que


teve como tema: Fraternidade e diálogo: compromisso de amor, e como lema:
Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade (Ef. 2, 14), possuindo essa
campanha o objetivo de um diálogo amoroso e do testemunho da unidade na
diversidade, convidando as comunidades de fé a superação de polarização e
violências que marcam o mundo atual. E dos objetivos específicos temos denuncia
de violências contra as pessoas e os povos, a restauração da dignidade das pessoas
e superação dos conflitos.

70
Figura 11: Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2021.

Fonte: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (2022, online)

Após ter conhecido os caminhos geradores da Campanha da Fraternidade e


posteriormente a Ecumênica, passamos a perceber que os temas e lemas abordados tem
relação religião e sociedade por trazer questões do cotidiano das pessoas, refletindo
sobre economia, saneamento, dignidade e valores das pessoas, o não a violência. A
partir deste contexto de que forma você na sua prática profissional e no cotidiano da
sala de aula poderia ampliar as discussões sobre a Campanha da Fraternidade? De que
forma as Campanha da Fraternidades Ecumênicas poderiam fazer parte do seu plano
de ensino? Quais métodos e metodologia utilizariam? Coloque essas ideias em um plano
e posteriormente aplique em sala de aula.

71
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (Marinha/2014) Com relação ao movimento ecumênico é correto afirmar que:


Alternativas
a) a Igreja Católica Apostólica Romana é contra o ecumenismo porque afirma ser a
única igreja cristã verdadeira.
b) fazem parte da organização ecumênica "Conselho Nacional de Igrejas Cristãs":
católicos, luteranos, metodistas, presbiterianos, anglicanos e batistas.
c) o "Conselho Mundial de Igrejas" é uma organização de caráter ecumênico que
filia centenas de denominações cristãs, entre as quais não estão nem a Convenção
Batista Brasileira nem a Convenção Batista Nacional.
d) os "Princípios Batistas" vedam a prática ecumênica da participação na Ceia do
Senhor em comunhão com irmãos de outras denominações.
e) a "Aliança Batista Mundial" é declaradamente contra o diálogo ecumênico com
a Igreja Católica Apostólica Romana.

2. (IBADE/2020) “(...) é um dos elementos mais conflitivos do pluralismo eclesial,


expressando-se basicamente pelo modo como os agentes de pastoral de uma
igreja relacionam-se com os fiéis de outra igreja. Suas estratégias são as mais
variadas, e vão desde a abordagem direta até tentativas camufladas de
cooptação de fiéis.”
WOLFF, Elias. Caminhos do ecumenismo no Brasil. São Paulo: Paulus, 2002. p.59.

O Ecumenismo encontra obstáculos para a sua efetivação. O obstáculo que o


texto acima indica é o(a):
a) Fanatismo.
b) Ortodoxia.
c) Partidarismo.
d) Secularismo.
e) Proselitismo.

72
3. (VUNESP/2016) Encontro histórico: Papa e patriarca ortodoxo se reúnem em Cuba.
O encontro ecumênico entre o papa Francisco, chefe da igreja católica romana, e
o patriarca Kirill, líder espiritual da igreja ortodoxa russa, que acontece em Havana
(Cuba), nesta sexta-feira (12 de fevereiro), é um evento histórico.
EBC, 12 fev.16. Disponível em: http://goo.gl/kdJUlu. Adaptado.

Trata-se de um evento histórico, pois


a) sacramentou a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA,
ajudando a retirar o país latino-americano do isolamento.
b) indica o fim do governo dos irmãos Castro, em Cuba, que agora será substituído
por governos democraticamente eleitos.
c) constituiu-se como a primeira tentativa das igrejas cristãs de ajudarem na
reconciliação entre o governo cubano e o governo dos EUA.
d) foi o primeiro encontro entre o chefe católico e o ortodoxo russo, líderes de dois
dos principais ramos do cristianismo, desde sua separação no ano de 1054.
e) representou a retomada do cristianismo em Cuba, depois de muitas décadas em
que o país se declarou oficialmente ateu.

4. (FUNDEP/2019) O surgimento do pluralismo religioso no contexto das sociedades


modernas levou ao surgimento do diálogo inter-religioso. Para que esse diálogo
aconteça, é necessária a
a) relativização das certezas religiosas.
b) justificação das moralidades religiosas.
c) unificação das cosmovisões religiosas.
d) absolutização das convicções religiosas.
e) sincretismo religioso.

5. (IBADE/2020) Um dos entraves para o diálogo inter-religioso, baseia-se na ausência


da promoção e do reconhecimento do ser humano em sua integridade e
manifestação de sua espiritualidade. Muitas são as expressões de violência, no
mundo atual, em que as religiões e doutrinas colocam-se acima das aspirações
humanas e, por esse motivo, não criam pontes dialogais. Dentro dessas expressões
atuais, configura-se o:
a) niilismo.
b) ceticismo.

73
c) dogmatismo científico.
d) secularismo.
e) fanatismo.

6. ( IBADE/2020) “Faz alguns anos, uma frase de Saint-Exupéry foi muito significativa
para a minha geração: “Amar, além do encontro de um com o outro, é também
olhar juntos na mesma direção”. Para a frente e para mais longe, sem solipsismos.
Hoje poderíamos dizer que o que fundamentalmente nos convoca é a salvação do
planeta e da pessoa humana.”
TEIXEIRA, Faustino (Org.). O diálogo inter-religioso como afirmação da vida. São Paulo: Paulinas, 1997. p. 23

O trecho acima destaca um elemento importante para a construção de pontos


comuns entre as religiões: o diálogo. Entretanto, o texto dá uma outra dimensão,
alimentando-se do sonho, mas, no plano concreto, de uma humanidade plena e
fraterna. O texto alude diretamente para a(o):

a) Nova evangelização.
b) Diálogo inter-religioso.
c) Diálogo ecumênico.
d) Ecumenismo.
e) Reconhecimento da alteridade e da condição humana.

7. (IDECAN/2016) Com o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a
justiça qual riacho que não seca”, a Campanha da Fraternidade 2016, uma parceria
da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – e o Conselho Nacional de
Igrejas Cristã (Conic) trata de um tema de grande importância para o cenário social,
político e econômico do Brasil. Trata-se do(a):
a) Escassez de água.
b) Saneamento básico.
c) Corrupção na política.
d) Defesa do meio ambiente.
e) Violência urbana.

74
8. (FUNDATEC/ 2019) Analise as seguintes afirmações tendo como base o diálogo
inter-religioso e a possibilidade ou não de refletir esses temas em sala de aula,
observando as orientações curriculares nacionais do ensino religioso, e assinale a
alternativa correta.
I. Corão é a palavra de Deus revelada ao profeta Mohamed.
II. Bíblia é o livro sagrado dos cristãos.
III. Vedas para os hinduístas, é a religião que nasceu na Índia.

a) Respeitando a cultura de cada povo, de cada religião, não é possível refletir sobre
o Deus revelado ao profeta Mohamed, como foi expresso na assertiva I.
b) A assertiva II contempla todas as religiões e culturas, porque aproximadamente
80% da população mundial é cristã.
c) A assertiva III tem uma relação profunda com o cristianismo, pois os princípios
éticos morais são os mesmos, aceitá-los e ensiná-los com parcialidades configura
uma relação de diálogo inter-religioso.
d) A educação pensada dentro de um processo de entendimento entre todas as
tradições religiosas do mundo aguça a razão, a flexibilidade e o desenvolvimento
da capacidade humana. Portanto, considerando esse princípio, todas as assertivas
fazem parte do arquétipo de conteúdo para reflexão e estudos em sala de aula.
e) O Corão é a palavra de Deus revelada, assim como também a Bíblia é o livro
sagrado dos cristãos, portanto diálogo inter-religioso é ensinar as duas disciplinas na
sua essência nas escolas.

75
O ESPAÇO PÚBLICO E A UNIDADE
DIVERSIDADE RELIGIOSA

5.1 INTRODUÇÃO
05
Nesta quinta unidade, vamos discutir algumas questões relacionadas ao
conceito de intolerância religiosa como ele chegou a ser formado dentro da
sociedade, além disso serão discutidos alguns exemplos históricos de intolerância
religiosa que foram objetos de justificação de atitudes e atos errôneos ou infelizes na
nossa sociedade. Dando continuidade, falaremos sobre o conceito de espaço
sagrado, ou espaço religioso, onde são professados as crenças, rituais, ritos, fé, de
milhares de pessoas que saem de suas casas para o convívio e harmonia com o
sagrado. Por fim, trataremos sobre as legislações que garantem a liberdade religiosa
partindo de documentos mundiais e trazendo para a realidade brasileira com as
garantias constitucionais e leis de apoio. Esperamos que nesta unidade você possa
compreender como espaço público para o campo religioso é plural e diverso.

5.2 INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

A intolerância religiosa é um dos temas que tem chamado bastante atenção


nos últimos anos, pelas intolerâncias registradas e com a criação de leis e punições
especificas para esse caso. Não é que antes não existissem essas práticas hoje
consideradas delituosas, mas não se contabilizavam e puniam aqueles que fazia tais
práticas. Para que possamos compreender com clareza o que seja intolerância
religiosa é importante compreender que de forma bem resumida, consiste em um
desrespeito aos direitos de outros manterem as suas crenças religiosas, sejam elas
quais forem. São consideradas de maneiras simples atos de intolerância aquelas que
fazem ofensas pessoais por conta da religião professada, ou as ofensas contra
liturgias, ritos, rituais ou quaisquer atos ou característica que é desenvolvida pelas
religiões. Ações essas que infelizmente se desenvolvem para além do campo verbal,
chegando a resultados graves como violências físicas, depredação de templos e

76
espaços sagrados. Como discute o autor sobre a relação entre tolerância e
intolerância:

Existem a tolerância e a intolerância boas e a tolerância e a


intolerância ruins. Elas formam pares opostos de valores de forma
cruzada, ou seja, a tolerância boa opõe-se à intolerância ruim e a
intolerância boa opõe-se à tolerância ruim. Vejamos. Quando
defendemos os valores da liberdade, respeito às diferenças culturais e
convivência pacífica, estamos nos referindo à tolerância em sentido
positivo e rejeitando atitudes de preconceito e de todas as formas de
exclusão do diferente que constituem a intolerância em sentido
negativo. Por sua vez, a tolerância negativa veicula sentidos de
indiferença diante do outro, condescendência ante o erro,
indulgência com a opressão, tudo em nome de uma tranquilidade de
vida descompromissada. A denúncia desta e a sua oposição
significam defender a intolerância em sentido positivo: aquela que
revela a firmeza nos princípios, isto é, que defende a justa exclusão de
tudo aquilo que provoca opressão e desigualdades sociais.
(CARDOSO, 2003, p. 164-65).

É interessante que neste momento possamos passar por um breve histórico de


saber que as religiões sempre estiveram presentes na sociedade, inclusive como
formas de intolerâncias e motivação de extermínio de pessoas. No início da era
Cristã por exemplo, os novos cristãos foram discriminados, perseguidos e mortos por
conta da sua crença em Jesus Cristo. Séculos mais tarde, após ser consolidada como
religião a Igreja Católica por sua vez, durante a alta Idade Média até o século XVII,
também perseguiu, condenou e matou aqueles que eram considerados hereges (ou
seja, aqueles que tinham crenças diferentes do cristianismo), evento histórico que
ficou conhecido como Inquisição. Que neste momento há discussões sobre a
relação existente entre Estado e Igreja onde o filosofo discute.

[As pessoas] não podem camuflar sua perseguição e crueldade não


cristãs com o pretexto de zelar pela comunidade e pela obediência
às leis; e que outros, em nome da religião, não devem solicitar
permissão para a sua imoralidade e impunidade de seus delitos; numa
palavra, ninguém pode impor-se a si mesmo ou aos outros, quer como
obediente súdito de seu príncipe, quer como sincero venerador de
Deus: considero isso necessário sobretudo para distinguir entre as
funções do governo civil e da religião, e para demarcar as verdadeiras
fronteiras entre a Igreja e a comunidade. Se isso não for feito, não se
pode pôr um fim às controvérsias entre os que realmente têm, ou
pretendem ter, um profundo interesse pela salvação das almas de um
lado, e, por outro, pela segurança da comunidade. (LOCKE, 1978, p.
5).

Outro evento que a história nos remonta ocorrido na Alemanha, em especial,,


mas buscando evidências anteriores o pensamento antissemita (sentimento de ódio

77
direcionado aos povos hebraicos, como os judeus) já ocorriam desde o Império
Romano por conta dos conflitos existentes entre católicos e judeus. Essa perseguição
teve seu auge durante o Terceiro Reich na Alemanha nazista. A intolerância nazista
resultou na morte de mais de seis milhões de judeus, ideias essas de cunho ideológico
de extermino daquilo que é diferente das suas crenças e convicções religiões, que
infelizmente permanecem ainda em grupos isolados.
No século XXI, podemos ainda falar de um outro acontecimento que resultou
em intolerância religiosa e “estigmatismo” da religião. O desdobramento dos
atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, foi o motivo que levou o governo
estadunidense comandado por Bush a uma ofensiva contra países do Oriente Médio
numa guerra contra o terror. Mas entenda que, a ofensiva foi direcionada a um
grupo terroristas liderados por radicais islâmicos (os xiitas, que possuem
interpretações radicais e são 16% dos muçulmanos), o resultado deste estado de
guerra que foi direcionada a um grupo especifico, já citado, acabou que
promovendo um pensamento estereotipado que todo (no universal) os islâmicos são
e promovem o terrorismo.
Para que consigamos ter um olhar atento sobre a tolerância, em especial nas
sociedades modernas, Geffré (1993) traz para nós reflexões de como chegar a uma
tolerância que seja garantidora para além da liberdade religiosa,

Em relação às sociedades modernas, às sociedade democráticas,


seria preciso fazer com que a Igreja não fosse dominadora nem
marginal. Quero dizer que a Igreja deve renunciar a utilizar o poder
secular, o Estado, para transmitir suas ideias, sua concepção de moral,
etc. Por outro lado, a Igreja não pode tampouco aceitar tornarse
totalmente marginal, pois ela tem direito a uma expressão pública. (...)
Os Estados que não respeitam a liberdade religiosa tampouco
respeitam as outras liberdades: liberdade de associação, de reunião,
de opinião, de educação, etc. É verdade que a Igreja tem um certo
papel pedagógico em relação ao Estado, pois, na média em que
pede ao Estado o respeito de sua liberdade de culto e de expressão,
ela obriga também o Estado a levar em conta as outras liberdades
que não estão separadas da liberdade religiosa, porque o
fundamento mesmo da liberdade religiosa é a liberdade ética
fundamental do homem, é sua liberdade de consciência. (GEFFRÉ,
1993, p. 55-56.).

78
Diante do que foi exposto sobre a intolerância religiosa especificamente, como você
aluno (a) e posteriormente professor (a) acredita que poderá colaborar para a tolerância
religiosa nas suas aulas, salas de aula, escolas? Você já deve ter ouvido pelo mundo que
há trabalhos que são feitos como o trabalho das formiguinhas, são trabalho mínimos,
quase imperceptíveis, mas que ano após ano, vamos percebendo posturas dos nossos
alunos e dos colegas professores que não são da área de ciências da religião, ou do
ensino religioso, e que nunca passaram a perceber o quão é diverso a realidade dos
nossos alunos, em condições econômicas, familiares e religiosas. Pense, reflita e veja o
tamanho do impacto que você planeja para fornecer a sua comunidade escolar um
espaço que respeita as diferenças individuais, coletivas e religiosas.

Nesta seção de aprofundamento sobre o assunto tratado, faremos a indicação de um


vídeo disponível na plataforma do YouTube, do professor Leandro Karnal que recebe
nesta conversa o professor Vagner Gonçalves para discutir sobre a Intolerância Religiosa
no Brasil, um debate que coloca conceitos e palavras-chaves para o entendimento sobre
essa temática. Assistam o vídeo e sem dúvidas será um aprofundamento sobre as
questões já tratadas nesta unidade. Link: https://youtu.be/i8bIjrXmv68. Acesso em: 20 jan.
2023.

5.3 CONSTITUIÇÃO DE OBJETOS MATERIAIS RELIGIOSOS NO ESPAÇO PÚBLICO

Os espaços sagrados que são inseridos nas paisagens urbanas e rurais de


nossa sociedade, são espaços que se caracterizam por serem lugares de culto e
práticas religiosas, para além de qualquer rotulação ou nomenclatura, são espaços
de manifestação do sagrado que em muitas vezes possuem elementos próprios que
o conferem e o distinguem das demais construções civis que as rodeiam.
Quando paramos para pensar existe uma diversidade religiosa que nos
oferece uma infinidade de espaços sagrados dentro das religiões e dentro das
sociedades na qual elas estão inseridas. Esses espaços sagrados motivam milhares
ou milhões de pessoas a se deslocarem de suas casas para eles, é um momento de
encontro carregado de mística, fé, crenças, rituais, que possuem significações
diversas. Geertz (1989) afirmar que “em todo lugar, o sagrado contém em si mesmo

79
um sentido de obrigação intrínseca: ele não apenas encoraja a devoção como
exige, não apenas induz a aceitação intelectual como reforça o compromisso
emocional”.
Gil Filho (2008) acredita que o espaço sagrado faz parte daquilo que
chamamos de uma consciência concreta que “se apresenta como palco
privilegiado das práticas religiosas. Por ser próprio do mundo da percepção, o
espaço sagrado apresenta marcas distintivas da religião, conferindo-lhe
singularidades peculiares aos mundos religiosos”. Desta mesma forma, Cassirer (1994)
afirma que o espaço sagrado também faz parte de uma construção humana a
partir do universo religioso. “Não estando mais num universo meramente físico, o
homem vive em um universo simbólico. A linguagem, o mito, a arte e a religião são
partes desse universo. São os variados fios que tecem a rede simbólica, o
emaranhado da experiencia humana”.
Vimos acima o conceito de espaços sagrados e suas discussões, porém neste
momento passaremos para uma relação prática destas conceituações, que é a
compreensão de que há objetos religiosos em nossa sociedade pois demarcam a
história do nosso povo. Desde o descobrimento do Brasil que nós temos uma prática
religiosa perpetuada em nossa sociedade, posteriormente, a religião se torna objeto
oficial em norma constitucional, e por fim construções e edificações fizeram e fazem
parte do convívio social. Gostaria neste momento de apresentar o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que foi criado em 13 de janeiro de
1937 por meio de uma lei assinada pelo então presidente a época, Getúlio Vargas.
O instituto tem como objetivo responder pela conservação, salvaguarda e
monitoramento do Patrimônio Cultural Brasileiro conforme é definido nos artigos 215
e 216 da Constituição Federal de 1988.
Você provavelmente deve estar se perguntando, o que tem haver o Iphan
com as discussões sobre o espaço religioso? Pois bem, além de apresentar o instituto,
e queria trazer para conhecer que há elementos “patrimônios” que são ligadas as
religiões e que são protegidas por esta instituto e que pode ser imensamente
ampliado em discussões para a sala de aula ou mesmo para o seu conhecimento
intelectual. Então o que patrimônio material? Segundo o Iphan, são aqueles bens
que são tombados que possuem natureza material, podendo ser imóveis: cidades
históricas, igrejas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais: móveis,
coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos,

80
arquivísticos entre outros. Já o patrimônio imaterial pode ser compreendido como
um conjunto de práticas, representações, conhecimento e técnicas que sejam
ligadas a uma determinada comunidade ou a um grupo de indivíduos.
Entre esses patrimônios materiais e imateriais se dispõem vários meios religiosos
que precisam serem conhecidos e apreciados, não importa em qual cidade ou
Estado você esteja estudando, como indicação de sites e aprofundamento de
estudos, serão colocados indicações para que você possa conhecer quais
patrimônios materiais e imateriais são disponíveis na sua região para que você possa
conhecer e transmitir esse conhecimento religioso de preservação do patrimônio,
com foco no patrimônio religioso. Cabe-se ainda muitas ressalvas entre esses
considerados “patrimônios” nacionais, pois ainda há inúmeros espaços sagrados
que esperam a sua identificação como elemento estruturante de história de um
povo, de uma religião ou de uma comunidade.

Você caro aluno (a) deve ficar atento a três conceitos importantes dessa unidade:

1. Espaços sagrados: são locais em que há cultos ou práticas religiosas diversas em que
há manifestação do sagrado.

2. Patrimônio material: são aqueles bens que são tombados que possuem natureza
material, podendo ser imóveis: cidades históricas, igrejas, sítios arqueológicos e
paisagísticos e bens individuais: móveis, coleções arqueológicas, acervos museológicos,
documentais, bibliográficos, arquivísticos entre outros.

3. Patrimônio imaterial: podem ser compreendidos como um conjunto de práticas,


representações, conhecimento e técnicas que sejam ligadas a uma determinada
comunidade ou a um grupo de indivíduos.

81
Para que você aluno (a) possa se aprofundar nas questões ligadas sobre a religião e o
espaço púbico é interessante que você realize a leitura do capítulo 3 do livro: Geografia
das religiões, que tem como tema: Lugares sagrados, escrito por Simone Mota Silva.
Disponível no link: https://bit.ly/415IwoM. Acesso em: 20 jan. 2023.

Para além disso, fica também a sugestão do site do IPHAN onde você irá encontrar os
Patrimônios Materiais e Imateriais. Disponível em: https://bit.ly/3KdDtvV. Acesso em: 20 jan.
2023.

5.4 LEGISLAÇÕES SOBRE A DIVERSIDADE RELIGIOSA: MUNDIAL E NACIONAL

O Estado Brasileiro como se deve ter ciência é laico, isso quer dizer que, deve
respeitar toda e qualquer crença religiosa, bem como a garantia da inexistência
dela. Então, cabe ao Estado a garantia da liberdade de culto, tratando de forma
igual as religiões de crenças.
Segundo o artigo 19 da Constituição Brasileira de 1988, o Estado não deve,
portanto, possuir preferências ou privilégios em favor de uma religião em particular,
deve o Estado garantir que todas as religiões possam conviver em par de igualdade,
por meio do respeito as escolhas individuais, sem perseguições ou discriminações,
devendo o espaço público e o locais de culto e encontros assegurado para todos
e todas.
Mesmo com toda a explicação acima, sobre o conceito de proteção de
atividade religiosas ou não, que devem serem asseguradas pelo Estado não foi ou é
um favor ou um simples benefício que os governantes no uso do poder a frente do
Estado fazem para as instituições religiosas, mas sim, uma pressão mundial sobre a
temática. A partir deste momento, daremos continuidade puxando um pouco mais
da temática, utilizando o “juridiquês”, ou seja, utilizando as legislações existentes no
mundo e no Brasil para solidificar que o Estado tem compromissos e
responsabilidades por meio das leis e normas. E um conhecimento fundamental para
você aluno (a) para que possa conhecer as legislações que tratam sobre as religiões
que possam embasar a sua atividade docente num futuro próximo.
De todas as legislações que aqui serão citadas, gostaríamos de discutir sobre
uma específica, pois ela traz para nós definições assertivas sobre o que seja as formas
de discriminação, racismo e intolerância. O Decreto Federal nº 10.932, de 10 de

82
janeiro de 2022 promulgou os compromissos elaborados na Convenção
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de
Intolerância que foi realizada na 43ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da
Organização dos Estados Americanos, que foi realizada na Guatemala, em 05 de
Junho de 2013. Ficaram definidos os seguintes conceitos:

1. Discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou


preferência, em qualquer área da vida pública ou privada, cujo
propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos
humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos
internacionais aplicáveis aos Estados Partes. A discriminação racial
pode basear-se em raça, cor, ascendência ou origem nacional ou
étnica.
2. Discriminação racial indireta é aquela que ocorre, em qualquer
esfera da vida pública ou privada, quando um dispositivo, prática ou
critério aparentemente neutro tem a capacidade de acarretar uma
desvantagem particular para pessoas pertencentes a um grupo
específico, com base nas razões estabelecidas no Artigo 1.1, ou as
coloca em desvantagem, a menos que esse dispositivo, prática ou
critério tenha um objetivo ou justificativa razoável e legítima à luz do
Direito Internacional dos Direitos Humanos.
3. Discriminação múltipla ou agravada é qualquer preferência,
distinção, exclusão ou restrição baseada, de modo concomitante, em
dois ou mais critérios dispostos no Artigo 1.1, ou outros reconhecidos
em instrumentos internacionais, cujo objetivo ou resultado seja anular
ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de
igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais
consagrados nos instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados
Partes, em qualquer área da vida pública ou privada.
4. Racismo consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou
conjunto de ideias que enunciam um vínculo causal entre as
características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos ou grupos e
seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o falso
conceito de superioridade racial. O racismo ocasiona desigualdades
raciais e a noção de que as relações discriminatórias entre grupos são
moral e cientificamente justificadas. Toda teoria, doutrina, ideologia e
conjunto de ideias racistas descritas neste Artigo são cientificamente
falsas, moralmente censuráveis, socialmente injustas e contrárias aos
princípios fundamentais do Direito Internacional e, portanto,
perturbam gravemente a paz e a segurança internacional, sendo,
dessa maneira, condenadas pelos Estados Partes.
[...]
6. Intolerância é um ato ou conjunto de atos ou manifestações que
denotam desrespeito, rejeição ou desprezo à dignidade,
características, convicções ou opiniões de pessoas por serem
diferentes ou contrárias. Pode manifestar-se como a marginalização e
a exclusão de grupos em condições de vulnerabilidade da
participação em qualquer esfera da vida pública ou privada ou como
violência contra esses grupos (DECRETO 10.932, 2022).

83
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 10 de
dezembro de 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, afirma em seus artigos
as seguintes relações com a religião,

“Artigo 2 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e


as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição. Artigo 18 - Todo ser humano
tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade
de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo
culto em público ou em particular.” (ONU, 1948, GRIFOS NOSSOS)

Na Constituição Federal do Brasil promulgada em 1988, assegura no artigo 5º,


inciso VI que:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma
da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;” (BRASIL, 1988)

Também ficam previsto ações através do programa de governo chamado de


Programa Nacional dos Direitos Humanos – PNDH 3, que foi adotado a partir do
Decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009, onde a estratégia foi orientada pelo:
Eixo orientador III – Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades; Diretriz 10
– Garantia da igualdade na diversidade; Objetivo Estratégico VI – Respeito às
diferenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado. Além destas
legislações há várias outras que poderiam serem citadas como por exemplo as que
possuem caráter punitivos que estão previstas no Código Penal, ou que são leis
Estaduais que combate ao preconceito, discriminação, racismo entre outros.
Durante esse percurso conseguimos perceber que há garantias por meio de
legislações que resguardam as pessoas que professam suas religiões ou não, o direito
de professa-las ou não, e o dever do Estado de garantir esse direito a todas as pessoas
em par de igualdade, não havendo priorização de determinadas religiões em
detrimento de outras, garantindo seus rituais, ritos, espaços sagrados e punição para
aqueles que resolverem caminhar pelo preconceito, discriminação, intolerância e
racismo.

84
Para que você possa continuar em um aprofundamento sobre as questões trabalhadas,
deixaremos para você a sugestão da leitura da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que será sem dúvidas um elemento basilar para compreender os elementos
da sociedade e os direitos que deveriam ou devem serem garantido a todas as pessoas.

Link da Declaração: https://uni.cf/2TsPK7X. Acesso em: 20 jan. 2023.

85
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (FUNDEP/2019) Leia o trecho a seguir.


“O que é intolerância religiosa? Eis uma Questão cuja formulação aparenta
desnecessária, pois a resposta parece simples e óbvia. Afinal, tanto o senso comum
quanto o douto são capazes de identificar relações e contextos de manifestação
de intolerância religiosa. Muitas vezes, tais manifestações acontecem diante dos
nossos olhos, no cotidiano. Ainda que não presenciemos, cotidianamente a mídia
nos oferece fartos exemplos de diversos tipos de intolerância, inclusive aquela
motivada por aspectos religiosos. Além dos eventos hodiernos, temos vasta história
de intolerância. Basta querer enxergar. [...] A intolerância religiosa tem nuances e
intensidade diversas: inclui desde manifestações de desrespeito, não
reconhecimento do direito da liberdade religiosa, da existência institucionalizada e
prática ritualista coletiva, ao ódio, perseguição religiosa, destruição de patrimônios
da humanidade e massacres em nome de Deus. A rigor, a intolerância religiosa é
tão antiga quanto a humanidade”.
SILVA, Antonio Ozaí da. O que é intolerância religiosa. Maringá: Revista Espaço Acadêmico, Edição 208 – set. 2018, p. 91. Disponível
em https://bit.ly/3nPexmT. Acesso em: 19 out. 2018.

A partir do conceito de intolerância religiosa e das ideias apresentadas nesse trecho,


assinale a alternativa correta.
a) A intolerância religiosa é justificada sobre o argumento dos males que as religiões
causaram historicamente.
b) Os cristãos, por crerem que Deus é amor, não praticam intolerância religiosa.
c) Negar e combater os cultos das religiões afro-brasileiras é direito de liberdade de
expressão, não sendo intolerância religiosa.
d) A incapacidade em aceitar a alteridade e a diversidade religiosa pode causar a
intolerância religiosa.
e) Não existe nenhuma relação entre as violências e a intolerância religiosa

2. (IDECAN/ 2017) O tema da redação do Enem de 2016 tratou de um assunto


bastante polêmico, mas bem difundido no país e no mundo: “intolerância religiosa”.
O enfoque foi especificamente o combate à intolerância religiosa no Brasil. Acerca
desse assunto, intolerância religiosa, analise as afirmativas a seguir.

86
I. No Brasil, apesar de existir a intolerância, não existem, ainda, leis específicas acerca
desses casos, que são tratados como desentendimentos comuns.
II. Em nosso país, reconhecendo que somos um estado laico, a prática de ato de
intolerância religiosa constitui violação que deve ser tratada no âmbito das igrejas,
e não do governo.
III. No Brasil preconiza-se como inviolável a liberdade de consciência e de crença e
o livre exercício dos cultos religiosos, bem como a proteção aos locais de culto e as
suas liturgias.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

3. (CONSULPLAN/ 2018) “No Brasil e no mundo, a crise econômica e política, a falta


de perspectiva e as distâncias culturais e sociais abrem espaço para discursos
extremistas e impulsionam manifestações de intolerância como racismo, homofobia,
xenofobia e preconceito religioso. Impulsionados pelas redes sociais, esses episódios
de intolerância se multiplicam, revelando uma sociedade cada vez mais
discriminatória e menos propensa ao diálogo.”
Disponível em: http://glo.bo/430GQPc.

Tendo em vista a intolerância especificamente religiosa, analise as afirmativas a


seguir.
I. Verificando-se os diferentes povos em todo o mundo pode-se dizer que a
intolerância é característica específica dos povos subdesenvolvidos e
economicamente frágeis.
II. A ideia de dubiedade das religiões entre tolerância e intolerância foi revelada em
todos os tempos.
III. O Brasil, desde a colonização pelos portugueses, tem sido palco de diversas
formas de intolerâncias religiosas.
IV. Como o mosaico religioso brasileiro é muito extenso, caracterizado desde o início
pelo sincretismo religioso, não há casos de intolerância religiosa.

87
V. O país se tornou um laboratório de fé, em razão das mudanças culturais, de modo
que algumas religiões caíram no esquecimento e outras se adaptaram ou surgiram.
Estão corretas apenas as afirmativas
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) II, III e V.
d) III, IV e V.
e) III e I

4. (ADVISE/2021) Teoricamente, o Brasil é um país laico, ou seja, o Estado não se


manifesta em assuntos religiosos, além de garantir liberdade religiosa à sua
população. A liberdade religiosa no Brasil está assegurada no artigo 5º da
Constituição Federal de 1988. Entretanto, dados do antigo Ministério dos Direitos
Humanos apontam que, entre 2015 e 2017, a cada 15 horas houve uma denúncia
de intolerância religiosa no país. Assinale abaixo a alternativa que corresponde as
maiores vítimas de intolerância no Brasil.
a) Praticantes da religião Católica.
b) Praticantes de religiões protestantes.
c) Praticantes de religiões de matriz africana.
d) Praticantes da religião Islâmica
e) Praticantes da religião hinduísta.

5. (CONSULPLAN/2021) Só no primeiro semestre de 2019, houve um aumento de 56%


no número de denúncias de intolerância religiosa em comparação ao mesmo
período do ano anterior. A maior parte dos relatos foi feita por praticantes de
crenças como a Umbanda e o Candomblé. Os casos são registrados via Disque 100,
número de telefone do governo criado em 2011, que funciona 24 horas por dia para
receber denúncias de violações de direitos humanos.
Disponível em: https://bit.ly/3Mm8z7i.

Há 20 anos, a Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda de
Ogum, faleceu em decorrência de um ataque motivado por intolerância religiosa.
Em sua homenagem à data foi instituído o Dia Nacional de Combate à Intolerância,
comemorado todo dia:
a) 22 de agosto.

88
b) 21 de janeiro.
c) 5 de novembro.
d) 20 de novembro.
e) 03 de março.

6. (SELECON/2022) No âmbito da filosofia política, o conceito de intolerância religiosa


denota a ideia de que:
a) uma única religião deve ter direito à liberdade de culto.
b) um Estado democrático não deve possibilitar a pluralidade religiosa.
c) diferentes religiões devem ter direito à liberdade de culto.
d) o Estado deve ser laico e absolutista.
e) o Estado não deve garantir direito à liberdade religiosa.

7. (FUNDEP/2018) As religiões de matriz africana têm sido as vítimas diretas e


frequentes da intolerância religiosa em nossa país. Parte dessa intolerância advém
de um desconhecimento sobre a importância dessas tradições para nossa cultura
brasileira.
Sobre essas tradições, assinale a alternativa CORRETA.
a) A cultura afro, no território brasileiro, no início não foi respeitada, mas, depois do
fim da escravidão, as religiões afro receberam autonomia e liberdade.
b) A cultura afro-brasileira de origem africana veio para o Brasil na época da
escravidão e curvou-se inteiramente à tradição branco-cristã europeia,
esquecendo sua religiosidade e costumes.
c) As religiões afrodescendentes, presentes no território brasileiro e oriundas da
África, têm sua expressão e maior influência no Candomblé, que se mostrou uma
grande expressão de resistência religiosa.
d) O candomblé, tipicamente brasileiro, influenciou a cultura religiosa do Brasil por
seus gestos e cantos de louvor aos orixás, mais tarde conhecidos como os “santos
católicos”.
e) As pessoas religiosas tendem, por vezes, a demonstrar pouco ou nenhum respeito
por quem não creia em Deus.

8. (QUADRIX/2022) Na atualidade, intolerância religiosa e política e variações


extremas do clima são alguns dos fatores determinantes para a ocorrência de

89
a) migrações humanas forçadas.
b) misoginia.
c) desmatamento.
d) pandemias.
e) globalização.

90
O ESPAÇO POLÍTICO E A UNIDADE
DIVERSIDADE RELIGIOSA

6.1 INTRODUÇÃO
06
Nesta unidade sexta, trabalharemos com a apresentação dos dados
do censo demográfico de 2010, em virtude do censo da década de 20 ainda não
ter sido concluído. Apresentaremos como a sociedade brasileira ela é constituída
por meio das mais diversas religiões existentes. Posteriormente vamos compreender
como que as religiões buscam tornar suas pautas importantes temas políticos, já há
alguns anos, porém intensificado na atualidade, com formação de bancadas e
frentes relacionadas a princípios postos pelas religiões e qual o cenário em que as
igrejas católicas e evangélicas buscam na esfera de representação pública. Para
finalizar vamos a busca por uma definição do que seja um Estado Laico e de que
forma ele garante as religiões a sua diversidade religiosa.

6.2 CENSO DEMOGRÁFICO DAS RELIGIÕES NO BRASIL

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se constitui no principal


provedor de informações e dados brasileiro, pois ele atende as necessidades da
sociedade civil como um todo, em especial para órgãos governamentais em níveis
federal, estadual e municipal. Uma de sua principal função é a produção,
coordenação, consolidação e análise de informações estatísticas e geográficas. Em
algum momento da sua vida você já deve ter se perguntado como que nós
sociedade brasileira sabemos o quantitativo de pessoas em nosso país. E há uma
resposta para isso: IBGE. Como saber qual as religiões que existem no país? Através
dos dados do IBGE. Então essas e outras perguntas são respondidas através do
trabalho que não é novo, pois já era visto no Império Romano o ato de contagem
de pessoas e objetos.
O objeto de pesquisa do IBGE é chamado de “Censo Demográfico” ou
“Censo” que ocorre a cada dez anos, em tese, nele busca realizar uma análise em
toda a extensão do território brasileiro. Essa pesquisa é fundamental para que sejam
reunidas as principais informações sobre a população brasileira. E você deve estar

91
se perguntando qual a finalidade do censo? Pois bem, como o Brasil é gigante, uma
das formas de conhecê-lo é através do Censo, verificando a quantidade de pessoas
existentes no país, qual seu sexo, cor, qual religião professa, qual seu nível de
escolaridade, e um perfil socioeconômico. No quesito econômico é ainda mais
importante, pois o Censo demonstra que cidades e Estados cresceram,
consequentemente exigem um maior grau de recursos e investimentos, por exemplo
para a saúde, para a educação, entre outros. Ou seja, um planejamento de políticas
públicas que seja eficiente para a sociedade, e se baseia no censo.
Como objeto de conhecer o povo brasileiro, no questionário uma das
perguntas se refere a quais religiões são professadas pelo povo brasileiro ou a sua
não existência. Para exemplificar os dados, usamos o último Censo realizado pelo
IBGE que é o do ano de 2010, em tese já deveríamos ter um outro censo, porém com
o período de Pandemia do Coronavírus-19 e a falta de interesse político, foi adiado
para o ano de 2021, e depois para o ano de 2022, porém os resultados consolidados
só devem ser publicados em 2023 fazendo a possibilidade de um material
suplementar para discutir essas questões, ou até mesmo uma comparação ao longo
desses 12 anos. Vamos aos dados!
No Censo de 2010, realizado pelo IBGE a população brasileira era composta
por 190.755.799 pessoas, distribuídas em 5.565 municípios e mais de 67,5 milhões de
domicílios. Poderá ser visto na tabela abaixo de maneira visual os dados
apresentados aqui. Neste censo foi apresentado que 64,99% da população se
declarou católica, enquanto 22,89% afirmaram ser evangélica. Sendo que essa
opção no questionário poderia ser afirmada em três subcategorias: Missionária,
Pentecostal e Não-determinada. Sendo as evangélicas de missão, por exemplo:
igrejas Batistas, Metodista, Congregacional, Adventista entre outras. E as
pentecostais pelas Assembleias de Deus, Maranata, Deus é amor, entre outras. Por
fim, foi afirmado por algumas pessoas que por vários fatores não indicaram uma das
formas apresentadas, denominando-os como os não-determinados. Cerca de 8,04%
da população, cerca de 15 milhões aproximadamente, disseram não ter religião
alguma. Os espíritas foram identificados com cerca de 2%. O candomblé, umbanda
e outras religiosidades de matriz africana representavam cerca de 0,31% da
população. Os islâmicos cerca de 0,02% e os judeus cerca de 0,06%. Confira os
dados na tabela:

92
Tabela 1: Censo de 2010 conforme a religião
Religião Porcentagem
Católica 64,99%
Evangélica 22,89%
Sem religião 8,04%
Espírita 2,02%
Religiosidade Cristã Não Determinada 0,76%
Não determinada e múltiplo pertencimento 0,34%
Candomblé, Umbanda e outras religiões de matriz afro-brasileira 0,31%
Budismo, Hinduísmo e Outras Religiões Orientais 0,22%
Não sabiam e sem declaração 0,13%
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias 0,12%
Judaísmo 0,06%
Tradições Esotéricas 0,04%
Tradições Indígenas 0,03%
Espiritualista 0,03%
Islamismo 0,02%
LBV/Religião de Deus 0,01%
Ortodoxa Cristã 0,01%
Exército da Salvação 0,00%
Fonte: Censo (2010)

Para que você possa se aprofundar nos dados do Censo de 2010, por idade, por Estado,
por gênero, por escolaridade e outros filtros deixaremos aqui o link do site do IBGE onde
é divulgado esses dados para que você veja todas as realidades existentes, inclusive uma
análise da sua região e do seu Estado. Link: https://bit.ly/3zzgxSL. Acesso em: 20 jan. 2023.

Após ter conhecido os dados do IBGE que reflexões podem serem feitas para a sua
prática docente? Conhecendo o perfil do seu Estado, por exemplo, seria interessante
proporcionar aos seus alunos o acesso a esses dados e posteriormente montar um
trabalho de apresentação dos principais centros religiosos do Estado ou da cidade.
Remontando a história do povo, localização, crença, fé, atrelado aos dados do IBGE.

6.3 O CAMPO POLÍTICO E A DEFESA DAS PAUTAS RELIGIOSAS

O Brasil como foi um dos grandes expoentes a partir do seu descobrimento da


interferência religiosa Cristã, foi modulado desde o início uma formação de
sociedade cristã, hábitos, valores, costumes, entre outros. Com os princípios do

93
iluminismo e fruto da Revolução Francesa na Constituição de 1891 em tese jurídica
houve uma separação da Igreja e do Estado, em tese pois a religião nunca deixou
de ter influência no Estado, na esfera pública e na política. O catolicismo por
exemplo, era considerada a religião da nação, que mesmo após a separação,
ainda vigorava em determinamos momentos histórico não de Estado, mas por vezes
em governo como no Governo de Getúlio Vargas e seus sucessores, causando uma
hegemonia cultural na sociedade. Por meio de concessões a Igreja Católica com
organização de ritos cívicos como: missas campais, crucifixos e cruzeiros nos lugares
públicos, na família pelo reconhecimento religioso, a não cultura do divórcio; na
escola, por meio do ensino religioso nas escolas públicas; na saúde, pelo
financiamento das Santas Casas de Misericórdia. (DELLA CAVA, 1976; OLIVEIRA,
1992).
Contudo foi notório perceber que a partir de 1980 houve um crescimento do
setor evangélico pentecostal entrando no espaço até então hegemônico pela
Igreja Católica, convertendo sua representatividade social e simbólica em presença
na esfera pública. Nesta década há um evento na sociedade brasileira que é a
promulgação da Constituição de 1988, com isso os setores evangélicos passaram a
criar planos estratégicos para ocupar cargos no espaço público, onde
anteriormente era visto como “crente não se mete em política” e passa a ter uma
participação ativa dentro da sociedade, pelo viés de um novo slogan “evangélico
vota em evangélico” (MARIANO, 2011, p. 247).
Agora com o setor evangélico engajado das ações políticas, sua pauta de
atuação de baseiam nas questões morais e na ampliação da sua visibilidade,
enquanto igreja, crentes, comunhão com Deus, as leis de Deus, levadas ao exercício
da figura pública, antes privativa dentro das igrejas. Temas até hoje discutidos na
sociedade foram levantados, como: descriminalização do aborto, liberação e
consumo de drogas, união civil de casais homossexuais, defendendo os princípios e
valores da moral cristã, a família e os bons costumes. Demandando aos governos a
concessão de emissoras de rádio e televisão, e recursos públicos que atendam
financeiramente propostas de organizações com viés religiosa que façam
atendimentos e ações assistenciais que para eles seria um objeto de interesse
público (PIERUCCI, 1988; MARIANO, 2011, p. 251).
A Igreja Católica percebendo as estratégias das Igrejas Evangélicas sobre as
discussões do espaço público também entrou em ação na defesa de suas pautas.

94
Mesmo após o papado de João Paulo II e Bento XVI, quando a igreja abandona
gradativamente as relações politizadas pelas lutas sociais e retoma uma perspectiva
mais centralizada na fé na forma de influência moral e de comportamento, em
contraponto a crescente competição por adeptos com os evangélicos. Por isso a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começou a pressionar
parlamentares e autoridades para que estes façam legislações de acordo com os
princípios católicos, como por exemplo: família nos moldes tradicionais, contra o
aborto, inexistência dos métodos contra conceptivos, eutanásia, manutenção do
ensino religioso nas escolas públicas e contra a união civil de homossexuais.
(MARIANO, 2011, p. 249). Em alguns momentos as pautas se aproximam de alianças
com os pentecostais, em outra já um distanciamento. Como outra medida da igreja,
foi a indicação de candidatos ditos católicos e a defesa dos calores católicos para
ocupar cargos nos parlamentos, geralmente oriundos da “Renovação Carismática
Católica (RCC) dentro do também slogan “católico vota em católico!”. (MARIANO,
2011, p. 249).
Desta forma, eleição após eleição, se ampliam o número de parlamentares e
bancadas ligadas as religiões sejam evangélicas ou católica. Como visto
anteriormente, o Brasil é um país religioso, vamos dizer que somente 10% sejam ateus
ou não acreditem nas religiões, temos aí um número elevado de pessoas que tem e
possuem religiões, praticantes ou não. Desta forma a figura religiosa passa a ser
tonalizada como elemento de poder, além de religioso, político. Isso vai se
evidenciar por meio de bancadas e frentes religiosas, exortações, bençãos com
imposição de mãos em candidatos a prefeitos, governadores e presidentes,
performances de cultos, leitura de versículos entre outras formas. Na igreja Católica
por exemplo, essa condição de apresentação de suas atuações são apresentas por
meio de um esquema midiático ligada as televisões católicas, seus representantes
midiáticos, padre cantores, padre palestrantes, entre outros membros que fazem
ações públicas.

95
Como indicação para um aprofundamento sobre a temática fica o artigo: Religião,
política e cultura, de Joanildo A. Burity para que você possa compreender como essa
tríade está e sempre esteve ligada desde os tempos remotos, as discussões
contemporâneas. Disponível em: https://bit.ly/3KBERKc. Acesso em: 20 jan. 2023.

Para que você possa compreender que não nenhuma intenção de deturpação da
imagem de nenhuma das religiões citadas anteriormente, mas sim uma forma de
investigação por meio de dados científicos, ligadas à área de ciências humanas como
sociologia, antropologia entre outras, que estudam os fenômenos religiosos e a
introspecção desses fenômenos na sociedade, seja de forma politizada, social, espirituais
e outras formas. Não podemos negar que estes detêm poderem de influenciar pessoas
na sua condição de vida particular e coletiva. E esses assuntos e temática retornaram
para você, por meio de comentários, notícias, informações, debates, que ocorreram em
sua sala de aula, no planejamento por área, na reunião de país e mestres entre outras
formas de indagação do exercício do profissional de ensino religioso.

6.4 LAICIDADE E ESTADO LAICO

O Estado Laico surge com o republicanismo, influenciado pelo Iluminismo e


pela Revolução Francesa, tendo como objetivo a garantia da igualdade entre todos
os cidadãos. Muitos foram os conflitos e guerra que também tinham o embasamento
religioso (como já foi demonstrado em capítulos anteriores), até que as pessoas
começaram a refletir sobre a necessidade de separar as decisões estatais da igreja,
pois esta não serviria como base para justificar as ações do governo.
Para deixar claro o conceito, Estado Laico, ou Estado Secular é aquele que
não adota uma religião oficial, e da mesma forma não interfere em assuntos
religiosos, exceto quando se trata de questões jurídica, e não se deixa ser
influenciado por questões religiosas como parâmetros para a tomada de decisões,
deixando assim o Estado completamente dependente de qualquer religião.

[É] que o Estado deve manter-se absolutamente neutro, não podendo


discriminar entre as diversas igrejas, quer para beneficiá-las, quer para
prejudicá-las. Às pessoas de direito público não é dado criar igrejas ou
cultos religiosos, o que significa dizer que também não poderão ter

96
qualquer papel nas suas estruturas administrativas. (BASTOS, 2000, p.
192).

Muito se confundem os termos e acreditam que um Estado Laico é um Estado


em que não se admitem ou proíbem a prática religiosa, pelo contrário
completamente, em um Estado Laico o ato de professar sua religião é garantida por
meio de uma Constituição tornando as pessoas livres para manifestar suas crenças
e cultos. Como diz a Constituição Federal de 1988,

Artigo 18° - Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de


consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar
de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a
religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como
em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos (BRASIL,
1988)

Em um Estado Laico, não se opta por qualquer ação do governo ou estatal


sendo justificada com bases religiosas. Muito menos se admitem que se façam leis e
normas exclusivas que beneficiem ou excluam determinado grupos religiosos. No
âmbito laico, entende-se que toda e qualquer visão de mundo deve ser respeitada
e que a liberdade de culto e crença deve ser garantida. Da mesma forma que a lei
garante a aquele que se abstêm de escolha de uma crença religiosa, que preferem
assim definirem-se por ateus ou agnósticos, seu direito de não professar um vínculo
religioso permanece sendo garantido por força de lei constitucional.
Diante disso, o Estado deve respeito a todas as religiões, ele não pode
favorecer uma em detrimento da outra. Desse modo é vedado inclusive aos agentes
públicos, aqueles que são investidos pelo Estado ao exercício do serviço público –
médicos, professores, policiais, entre tantos outros – deixarem que a sua fé ou crença
influencie as suas decisões quanto pessoas públicas no momento em que há
prerrogativas do exercício do serviço público. Por mais que haja conflitos e estes
também possam serem religiosos, cabe ao estado a garantida e igualdade, não
tomando parte em tais conflitos, exceto em que haja a defesa da pluralidade e da
igualdade.

97
Também há um documento muito importante que versa sobre essa temática que é a
Declaração Universal de Liberdade Laica, que afirmar que:

Artigo 4. Definimos a laicidade como a harmonização, em diversas conjunturas sócio-


históricas e geopolíticas, dos três princípios já indicados: respeito à liberdade de
consciência e à sua prática individual e coletiva; autonomia da política e da sociedade
civil cm relação às normas religiosas e filosóficas particulares; nenhuma discriminação
direta ou indireta contra os seres humanos.

Artigo 5. Um processo laicizador emerge quando o Estado não está mais legitimado por
uma religião ou por uma corrente de pensamento específica, e quando o conjunto de
cidadãos puder deliberar pacificamente, com igualdade de direitos e dignidade, para
exercer sua soberania no exercício do poder político. Respeitando os princípios indicados,
este processo se dá através de uma relação íntima com a formação de todo o Estado
moderno, que pretende garantir os direitos fundamentais de cada cidadão. Então, os
elementos da laicidade aparecem necessariamente em toda a sociedade que deseja
harmonizar relações sociais marcadas por interesses e concepções morais ou religiosas
plurais.

Artigo 6. A laicidade, assim concebida, constitui um elemento chave da vida


democrática. Impregna, inevitavelmente, o político e o jurídico, acompanhando assim os
avanços da democracia, reconhecimento dos direitos fundamentais e a aceitação
social e política do pluralismo.

Artigo 7. A laicidade não é patrimônio exclusivo de uma cultura, de uma nação ou de


um continente. Poderá existir em conjunturas onde este termo não tem sido utilizado
tradicionalmente. Os processos de laicização(sic) ocorreram ou pode ocorrem (sic) em
diversas culturas e civilizações sem serem obrigatoriamente denominados como tal
(FRANÇA, 2005).

Para um aprofundamento sobre o tema, deixamos aqui a sugestão de leitura do livro:


Estado Laico: fundamentos e dimensões no horizonte democrático, escrito por Marco
Aurélio Lagreca Casamasso. Link: https://bit.ly/3nQqybK. Acesso em: 20 jan. 2023.

98
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (IBFC/2022) “De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia


Estatística (IBGE) de 2010, Rio Branco é a capital com mais evangélicos no país. Com
39% da população sendo evangélica, o Acre possui 239.589 mil protestantes em todo
o estado” (G1, 2014). Assinale a alternativa que apresenta a religião predominante
no estado do Acre, segundo o Censo Demográfico de 2010.
a) Católica Apostólica Romana.
b) Espírita.
c) Candomblé.
d) Judaísmo.
e) Hinduísmo.

2. (IBFC/2022) Nos municípios amazonenses, a religião ______ é a maioria. Nhamundá


é o município onde há maior prevalência de ______ no Estado, com 88% da
população. Por outro lado, em Atalaia do Norte somente 47% da população
declararam ser fiéis a esta religião (adaptado de G1, 2012).
Em relação à religião predominante no Amazonas (com base no Censo
Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em
2010), assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas.
a) Católica Apostólica Romana / católicos
b) Evangélica / evangélicos
c) Umbanda / umbandistas
d) Indígena / tradições indígenas
e) Hinduísmo/ tradições ocidentais

3. (FEPESE/2018) Assinale a alternativa correta a respeito das religiões com o maior


número de seguidores no Brasil.
a) A religião muçulmana é a que mais cresce no Brasil.
b) O Brasil é a maior nação católica do mundo, e nas últimas décadas tem havido
um acentuado crescimento dos seus fiéis.
c) Segundo o CENSO de 2010, pela primeira vez em nossa história, o número de fiéis
evangélicos ultrapassou o de católicos.

99
d) As religiões não cristãs, como a judaica, islâmica e hinduísta conseguem, na sua
totalidade, ultrapassar o número de cristãos no Brasil.
e) O Brasil ainda é a maior nação católica do mundo, mas, na última década,
perdeu muitos fiéis.

4. (FEPESE/2018) Sobre os povos indígenas no Brasil, é correto afirmar:


a) Em torno de 90% dos indígenas vivem em terras indígenas demarcadas.
b) A legislação vigente reconhece como índio o indivíduo que fala o idioma da sua
etnia.
c) O Estatuto do Índio proíbe o estabelecimento de missões religiosas nas aldeias.
d) No Censo 2010, havia mais de 890 mil pessoas que se declaravam ou se
consideravam indígenas.
e) Atualmente, não há mais comunidades indígenas que não foram contatadas ou
são consideradas isoladas.

5. (AOCP/2013) O Brasil é um país Laico. País Laico é aquele que não possui uma
religião oficial, mantendo-se neutro e imparcial no que se refere aos temas religiosos.
O Estado laico favorece, através de leis e ações, a boa convivência entre os credos
e religiões, combatendo o preconceito e a discriminação religiosa. Em torno desta
informação, iniciou-se no mês de novembro uma polêmica movida pelo procurador
regional dos direitos do cidadão Jefferson Aparecido Dias, causando repercussão
entre diversas classes religiosas do país, como pastores, fiéis etc. O argumento
utilizado pelo procurador é que o princípio do estado laico está sendo ferido.
Assinale a alternativa que apresenta o motivo da polêmica citada acima.
a) A retirada da inscrição “Deus é fiel” do Ministério Público.
b) A retirada da frase “Deus seja louvado” das cédulas de real.
c) A retirada do Crucifixo do Ministério Público.
d) A retirada da frase “Deus é fiel” das cédulas de real.
e) A inclusão nas cédulas de Real da inscrição” Jesus seja louvado”.

6. (CONSULPLAN/2008) A República Federativa do Brasil pode ser considerada um


Estado laico ou leigo por ser vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
a) Recusar observância a tratado internacional.

100
b) Criar distinções entre brasileiros.
c) Estabelecer cultos religiosos.
d) Recusar fé aos documentos públicos.
e) N.R.A.

7. (IBADE/2020) A reflexão e os desdobramentos sociais relativos ao caráter laico do


Estado são temas de grande relevância para as religiões presentes no Brasil; isso
porque:
Alternativas
a) o Brasil é um país essencialmente secularizado, muito embora o sincretismo
religioso se presentifique nas relações sociais como um todo.
b) a Constituição Federal estabelece a laicidade estatal.
c) o Estado ainda não definiu o que não se pode incluir em matéria de religião e de
relação com instituições religiosas.
d) as religiões e denominações podem normatizar a esfera pública.
e) há uma notável harmonia de estruturas religiosas no âmbito da sociedade.

8. (ADVISE/2016) Análise:
I - O Brasil é um país com Estado laico, pois em nossa Constituição há um artigo que
garante liberdade de culto religioso;
II – No Brasil existe, a separação entre o Estado (União) e a Igreja;
III – Até o ano de 1949 o Brasil era um país confessional católico.
Está(ao) correto(s) o(s) item(ns):
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.

101
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 01 UNIDADE 02

QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 E

UNIDADE 03 UNIDADE 04

QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 D

UNIDADE 05 UNIDADE 06

QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 D

102
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