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RELIGIÕES: DIVERSIDADE
RELIGIOSA
Lucas da Silva Sousa
1
Lucas da Silva Sousa
1ª edição
Ipatinga – MG
2023
2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
4
SUMÁRIO
01 1.1
1.2
1.3
1.4
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
A CONSTRUÇÃO DO DIÁLOGO PELO PENSAMENTO FILOSÓFICO .................... 8
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E A RELIGIÃO ............... 11
PARLAMENTO MUNDIAL DAS RELIGIÕES ............................................................ 16
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 22
02
2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 27
2.2 CONCEPÇÕES TEORICAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO ATO DE CONCILIAÇÃO
............................................................................................................................... 27
2.2.1 A mediação e a conciliação na Antiguidade ............................................28
2.2.2 A mediação e a conciliação na Idade Média ...........................................30
2.2.3 A mediação e a conciliação na Idade Moderna ......................................32
2.3 RESPEITO E A SUA CONSTRUÇÃO NA SOCIEDADE ............................................ 34
2.4 INVESTIGAÇÕES SOBRE AS DIFERENTES MATRIZES RELIGIOSAS NO MUNDO .. 36
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 42
03
3.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 47
3.2 O QUE É DIVERSIDADE? ....................................................................................... 47
3.3 DIVERSIDADE RELIGIOSA ..................................................................................... 50
3.4 DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL .................................................................. 52
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 55
04
4.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 60
4.2 ECUMENISMO ....................................................................................................... 60
4.3 DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO ................................................................................ 63
4.4 CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA ................................................... 66
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 55
05
5.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 76
5.2 INTOLERÂNCIA RELIGIOSA .................................................................................. 76
5.3 CONSTITUIÇÃO DE OBJETOS MATERIAIS RELIGIOSOS NO ESPAÇO PÚBLICO . 79
5.4 LEGISLAÇÕES SOBRE A DIVERSIDADE RELIGIOSA: MUNDIAL E NACIONAL .... 82
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 86
06
6.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 91
6.2 CENSO DEMOGRÁFICO DAS RELIGIÕES NO BRASIL ......................................... 91
6.3 O CAMPO POLÍTICO E A DEFESA DAS PAUTAS RELIGIOSAS ............................. 93
6.4 LAICIDADE E ESTADO LAICO ............................................................................... 96
FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................... 99
5
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 102
6
CONFIRA NO LIVRO
7
INTRODUÇÃO AS POSSILIDADES DO UNIDADE
DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES
RELIGIÕES
1.1 INTRODUÇÃO
01
Nesta primeira unidade temos como plano de ensino realizar algumas
discussões que dão subsídios necessários para a construção de um diálogo para as
religiões. Desta forma, estudaremos três temática importantes para a promoção da
construção de um diálogo permanente e necessário. No primeiro momento,
discutiremos sobre a conceituação do que é diálogo e a sua construção a partir da
Grécia Antiga, com pensamentos filosóficos de Platão e Sócrates, em especial. No
segundo tema trabalhado, iremos conhecer a Declaração Universal dos Direitos
Humanos compreendendo o seu fator histórico e a contextualização a partir do
entendimento de propor direito e garantias fundamentais a todos os seres humanos,
e para além disso, discutir como os Direitos Humanos resguardam aos indivíduos o
direito a sua religião e a crença. Para finalizar esta unidade, falaremos sobre o
Parlamento Mundial das Religiões, em seus dois encontros e um marco para a
construção de um diálogo inter-religioso que foram fundamentais para as relações
próximas entre as religiões atualmente.
Para que possamos compreender como o diálogo chega aos dias atuais
como um fenômeno envolvido na mística da comunicação, precisamos desta forma
dá uma base sobre a constituição a partir do debate filosófico, que iremos nos
remontar as discussões propostas por Platão e Sócrates na Grécia Antiga.
8
Figura 1 : Escola de Atenas
9
discussão dessa temática, escrevendo diversas obras inteiramente sobre a forma e
diálogos que colocavam os mais diversos interlocutores e discípulos. O diálogo no
ponto de vista de Platão se fazia na progressão em que dois indivíduos através de
perguntas e respostas tentem chegar à verdade. Uma de suas obras são os Diálogos,
onde há a encenação dramática entre vários discursos, que se pretendem
verdadeiros: sejam os discursos relativistas dos sofistas, sejam os filosóficos ou a
procura de definições de Sócrates (que foi o mestre, mentor de Platão). Nesta obra,
os diálogos não são constituídos a partir do autor Platão como personagem, mas de
outros personagens como Sócrates, Górgias, Cálicles, Teetero ou o Estrangeiro etc.
O diálogo não é qualquer conversa que seja espontânea e sem regras. Sua
progressão obedece a regras que dois interlocutores se comprometem a respeitar,
que estas são as condições de possibilidade do diálogo. São regras para um bom
diálogo: estar de acordo quanto ao sentido das palavras, sem jogar com as
ambiguidades da linguagem, a fim de desviar a discussão. Como também de
reconhecer e respeitar os direitos de cada um, em particular o direito à palavra. O
diálogo requer perguntas e respostas curtas que são submetidas a um exame
racional. Pela troca de argumentações e objeções, o diálogo permite a cada u
escapar da particularidade de sua opinião e ascender ao saber. O caminho da
razão é assim libertador.
Por isso o elo que liga em Platão o filosofar e o dialogar se baseia na
perspectiva do pensamento que é proposta por Sócrates no seguinte diálogo:
10
Para que você possa conhecer um pouco mais sobre a forma dialógica proposta por
Platão. Fica para você a indicação do Box de Livros: A república, O julgamento e a morte
de Sócrates e O Banquete. Que estão disponíveis em um mesmo produto na Biblioteca
Virtual Pearson. Disponível em: https://bit.ly/3KcEN1V. Acesso em: 20 jan. 2023.
11
constituições dos diversos Estados nacionais reconhecem a dimensão normativa
pelo fato de se apresentar como costume internacional, de acordo com os temos
do artigo 48 do Estatuto da Corte de Haia (que será explicada posteriormente) .
Sobre essa temática da liberdade religiosa, a DUDH, no artigo 18 apresenta o
seguinte texto:
12
ponto de vista jurídico é um respaldo como princípio protetivo, onde possibilita que
a religião ser ensinado e a mudança de religião, bem como um princípio da
igualdade (isonomia), a partir do postulado da dignidade humana.
Quando Santos Junior (2007, p. 52) traz para nós a discussão sobre a liberdade
religiosa, ele nos posiciona dentro de uma questão que ultrapassa o sentido de ter
apenas liberdade de escolher ou não determinada religião, ele expande esse
assunto transformando-a de que o termo ela engloba outras questões e direitos
individuais e coletivos que precisam serem sustentados. Quando se discutes esses
elementos precisam serem levados em conta que há necessariamente
peculiaridade que partem da condição individual a coletiva, por exemplo, o
indivíduo tem uma fé ou crença e ela pode ser professada em determinada religião,
e está religião ocupa um espaço tanto dentro da sociedade quando no espaço
público.
Torna-se fundamental também a análise de regimes políticos em que não
adotam os direitos humanos, consequentemente a liberdade religiosa, segundo
Morange (2004, p. 262), essas ações transformam-se em caráter de postura
autoritária, tendo como base a liberdade como uma mera utopia ou somente o
direito de lembrança sobre o ato de celebrar o culto. Oro (2004, p. 322), advertia
para a existência até pouco tempo de contextos de violação do ideário exposto
no Artigo 18 da DUDH no Oriente e no Ocidente, eclodindo no retorno às
reivindicações dos direitos humanos, dentre os quais se clamava pelo direito à
liberdade religiosa, “diante de governos que insistem em instaurar credos oficiais
(incluindo aí os ateus) e de políticas que implicam na discriminação de minorias
religiosas”.
Soriano (2002, p. 9-15) traz questões sobre o pleno exercício da liberdade
religiosa garante ao indivíduo o direito de professar nenhuma crença, possibilitando
a este o ensejo de prescindir do quesito religioso. Logo, acrescenta-se um viés
analítico, considerando igualmente a liberdade de consciência como adjacente
à liberdade religiosa, sendo, todavia, diferente da liberdade de crença e
conferindo embasamento ao direito do sujeito ateu, isto é, aquele que nega a
existência de algum elemento divino. Assim, a liberdade religiosa relaciona-se a uma
liberdade que aborda um direito complexo, que aponta para a diversidade e
pluralidade de concepções que advoga e, paradoxalmente, até nega o
postulado religioso. Para Giumbelli (2008, p. 82), o princípio da liberdade religiosa
13
pertence aos componentes que sustentam a democracia moderna, a modernidade
faz emergir os princípios da liberdade religiosa e a consequente igualdade (isonomia)
dos grupos confessionais, conferindo, ainda, legitimidade ao pluralismo religioso,
desdobrando-se às dimensões deste direito em termos de liberdade de consciência,
de crença, de culto e de organização religiosa.
Morange (2004, p. 212), distingue entre a liberdade de crença e de
consciência em um sentido que vai além do aspecto religioso, envolvendo
outros setores da vida do indivíduo, como a liberdade de crer ou não num
ente divino, de possuir e sustentar convicções de natureza filosófica ou moral e a
de expressar opinião e/ou pensamentos. Soriano (2002, p. 11-12) reflete o caráter
intrínseco da liberdade como direito em duplo sentido: a possibilidade de o indivíduo
que manifesta a sua crença em um sistema religioso escolher outra religião distinta
da primeira.
Para Silva (2009, p. 249), existe uma diferença entre a liberdade de crença e
culto, pois esta trata das formas de exteriorizar determinada crença, suas práticas
ritualísticas, cerimônias, dentre outras manifestações de caráter religioso. Para
Weingartner Neto (2007, p. 121) a liberdade de culto define-se a partir de uma ação
de cunho subjetivo, numa interface com a espiritualidade, vinculando-se a
expressões diversificadas referentes a uma gama comportamental contextualizada
em uma dada cultura. Em síntese, pode-se inferir que a liberdade de culto
relacionada à liberdade religiosa compreende a questão da exterioridade da
crença adotada, ao passo que a liberdade de crença diz respeito à dimensão interior
do sujeito que faz sua adesão à determinada entidade religiosa ou não.
Ainda sobre a classificação de Soriano a respeito da liberdade de
organização religiosa, embora não esteja claramente exposto no Artigo 18 da
DUDH, Santos Junior (2007, p. 77), ressalta o princípio da separação entre Igreja e
Estado, como direito de autonomia conferido aos grupos religiosos na forma de
funcionamento interno, em sintonia com o ordenamento legislativo de cada Estado
Nacional, equiparando entidade religiosa a algo semelhante a associação civil,
como expressa Soriano (2002, p. 13-4). Desta feita, a liberdade de associação
religiosa reflete um direito que compreende a esfera individual e desdobra-se num
direito de exercício coletivo de se associar a outros indivíduos visando realizar
atividades religiosas.
Um princípio basilar da liberdade religiosa decorrente do Artigo 18 da DUDH é
14
o da igualdade (isonomia), promovendo posteriormente um avanço na legislação
de muitos Estados nacionais para a elaboração de normas jurídicas que
contemplassem todos os indivíduos e fossem “motivo pelo qual deve-se criar
um mecanismo de igualdade justa, proporcional e razoável, visando a proteger
a todos os grupos e indivíduos” (CANOTILHO, 2003, p. 427).
Segundo Giumbelli (2004), a isonomia proclamada pela liberdade religiosa
abrange todos cultos, permitindo aos adeptos de todas as religiões, individual
ou em grupo, elaborarem e se pronunciarem acerca de temas nevrálgicos
relativos à existência, não obstante a modernidade deflagrar a dinâmica da
secularização e promover novos fóruns para esta finalidade, como a própria ciência.
Em outras palavras, ao se conceber as religiões segundo um parâmetro
isonômico, respeita-se, ao mesmo tempo, as peculiaridades de cada crença,
seus ensinamentos e manifestação pública, orientando as constituições nacionais
a respeitar as minorias religiosas sem prestigiar alguma religião em detrimento de
outra, inclusive as maiorias religiosas.
Isso posto, pode-se inferir que se faz necessário fomentar um tratamento
isonômico entre as mais variadas confissões religiosas, partindo-se do princípio da
razoabilidade e da proporcionalidade para se garantir a manutenção da paz entre
as mais variadas confissões religiosas e diminuindo as tensões de cunho religioso.
Paradoxalmente, trata-se de um direito à diferença, pautado pela igualdade,
visando a tolerância e a paz na sociedade (GARCIA, 1994, p. 310).
Como visto, as dimensões da liberdade religiosa possibilitam a
compreensão da liberdade como direito do indivíduo para, de acordo com a
sua consciência, adotar ou não determinada crença ou religião que julgar
adequadas, além de exteriorizá-las mediante os ritos e práticas ligadas ao seu culto
e de se associar a outros indivíduos que porventura possuam a mesma crença,
com a finalidade de instituir uma organização religiosa formalmente.
15
A Organização das Nações Unidas (ONU) após o final da Segunda Guerra Mundial tem
como objetivo a promoção da paz, e como órgão judiciário desta organização foi
denominada de Tribunal Internacional de Justiça, ou Corte Internacional de Justiça ou
somente Corte Haia. Foi criada a partir da Carta das nações de 1945, onde sua sede fica
localizada na cidade holandesa de Haia. Ela atua com o objetivo de intervenção na
resolução de conflitos de ordem jurídica atendendo a solicitação da Assembleia Geral
ou do Conselho de Segurança.
Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais os direitos humanos, fica
a sugestão do livro escrita por Marco Mondaine, com o mesmo nome da temática:
Direitos Humanos. Neste livro você irá encontrar um estudo detalhado sobre a
constituição dos direitos humanos e seus desafios ao longo dos anos para se consolidar
uma importante legislação internacional sobre as questões relativas aos direitos as
pessoas humanas. Disponível em: https://bit.ly/3GhBHIV. Acesso em: 20 jan. 2023.
16
marco na história das religiões mundiais como um acontecimento ímpar, tornando
um importante acontecimento para se pensar sobre o pluralismo religioso. Ao
mesmo tempo que é possível analisar sobre a época uma introspecção das religiões
asiáticas no ocidente, e o começo de um diálogo inter-religioso que marca um início
de novo século com novos pensamentos e reflexões. Eventos esse que se destaca
entre os importantes pensadores das ciências das religiões, que descreveram como
“talvez a mais importante assembleia religiosa jamais ocorrida”. (HASSELMANN, 2003,
p.28) Max Müller (1823-1900) considerou que o evento foi “um dos mais memoráveis
acontecimentos da história do mundo.(BRAYBROOKE apud HASSELMANN, 2003, p.
27)
17
Através do relato de Sanchez passamos a perceber que o Parlamento foi um
marco que impulsionou um novo paradigma na história das religiões universais,
ressaltando o evento como propulsor de novos processos que fomentaram mais
aproximação e diálogo entre as religiões. Mesmo com toda essa importância, a
realização do Primeiro Parlamento ocorreu em 1983 e o Segundo Parlamento só
ocorreu cerca de dez anos depois em 1993, fundamentada a partir dos desafios
emergidos no início do século XX, com duas guerras mundiais e as mudanças
profundas ocorridas no campo político, tecnológico, científico e religioso.
Como organizadores desse evento teremos o budista Anagarika Dharmapala,
representante do budismo Teravada, e o guru indiano Swami Vivekananda. Que são
lembrados durante uma das obras sobre evento escrito por Hans Küng:
Assim como descreve Hans Küng, houve durante os dois eventos limitações
nas representações de religiões e continentes que infelizmente ficaram sem
representações, como é o caso do Islã, que não houve representação em nenhum
dos dois eventos. Mas sim há que se acrescentar que os eventos foram importantes
pois reunirão diversos membros de diversas religiões que puderam discutir sobre o
diálogo inter-religioso que foram surgindo nos anos posteriores a realização do
parlamento.
Frutos desses encontros são explicitadas pela pesquisadora Chistel Hasselman
(2003, p. 28) que elaborou um resgaste histórico sobre o surgimento dessas
organizações que, a partir do Primeiro Parlamento das Religiões Universais de 1983,
começaram a serem criadas e articuladas, como é caso da Associação
Internacional para a liberdade religiosa (Internacional Association for Religious
Freedom – IARF) em Boston aproximadamente em 1900. Após a Segunda Guerra
Mundial com as condições de migrações o diálogo inter-religiosos transformou-se em
um movimento que se estabeleceu em muitos países tornando a realidade de muitas
religiões, especialmente nas igrejas cristãs.
18
Foram criadas organizações de caráter nacionais e internacionais como é o
caso do “Congresso Mundial da Fé” (World Congresso of Faith – WCF) em 1936, o
“Templo da Compreensão” (Temple of Understanding – ToU) em 1960 a Conferência
Mundial sobre Religião e Paz” (World Conference on Religion and Peace – WCRP)
em 1970, entre outras, que tiveram como tarefa a superação de distanciamento
entre as religiões.
Fundamental ressaltar que no contexto histórico e social em que correu o
Parlamento, no final do século XIX, marcado ali sobretudo da razão e do cientificismo
em relação a religião. Foi um momento em que sociedade foi inspirada e
influenciada pelos ideais do positivismo e pelo processo de secularização, onde
grande parte das religiões começam a perder seu espaço de poder e se distanciar
do espaço público onde anteriormente teria autoridade. Alguns cientificas e político
faziam anúncio relacionado a um fim da religião a época, previsão essa que não
seguiu esses parâmetros como pode ser visto na história das religiões e também na
prática social da realidade. Hans Küng fez bastantes análises e reflexões sobre essas
ideias e visões pessimistas compartilhadas por muitos filósofos e sociólogos no início
do século XX, onde diz,
19
A Declaração do Parlamento das Religiões Mundiais elucida nos princípios
que “reiteradas vezes, em diversos lugares do mundo, observamos que líderes e
adeptos de religiões instigam à agressão, ao fanatismo, ao ódio e à xenofobia;
inspiram e legitimam até mesmo confrontos sangrentos e marcados pela violência”.
(KÜNG, 2001, p. 15) Assim, usa-se a religião para fins meramente voltados à conquista
do poder político, até o extremo da guerra. Diante dessas constatações, afirma-se
nos seus princípios de uma ética mundial:
20
Estas convicções partilhadas e assumidas em conjunto pelos representantes
do Segundo Parlamento das Religiões Mundiais confirmam a presença de um
consenso coletivo expresso nas terminologias “nós”, “nosso/nossa” empregada na
Declaração. Também percebemos, nas palavras que permeiam estas convicções,
uma esperança realista, pautada no anseio que “a humanidade, hoje em dia,
disporia de recursos econômicos, culturais e espirituais suficientes para dar início a
uma ordem mundial melhor”. (KÜNG, 2001, p. 17)
A situação dramática mundial nos leva a acreditar que a humanidade não
precisa “apenas de programas e ações políticas. Ela precisa também de uma visão
de convivência pacífica dos povos”. (KÜNG, 2001, p. 19) Contudo, cabe às religiões
(apesar de todo o mau uso que se faz delas, e de seus frequentes fracassos históricos)
a responsabilidade de manter vivas essas esperanças, objetivos, ideais e parâmetros.
21
FIXANDO O CONTEÚDO
22
b) Apenas uma forma que facilitava lembrar o texto, visto que se tratava de uma
cultura da oralidade;
c) Uma estratégia adequada que privilegiava a construção do pensamento de
forma dialética através da maiêutica socrática;
d)A demonstração de que Platão não dominava completamente os problemas que
ele discutia e, por isso, precisava recorrer às ideias de outras pessoas;
e) Uma estratégia pedagógica para facilitar o uso das obras na Academia, escola
fundada por Platão.
Com base nas considerações e no excerto acima, diz-se que Sócrates buscava
principalmente:
a) valores relativos.
b) verdades morais.
c) domínio retórico.
d) ensinar dogmas.
e) diálogo.
23
5. (FUNDATEC/2019) Analise a seguir alguns artigos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos:
“[...] Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, à igual
proteção da lei. Todos têm direito à igual proteção contra qualquer discriminação que viole
a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”. “Artigo XVIII –
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui
a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou
crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente,
em público ou em particular”.
“Artigo XXVII – Toda pessoa tem o direito de participar da vida cultural da comunidade, de
usufruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios [...]”.
24
judiciais, à proteção da honra e reconhecimento à dignidade, à liberdade religiosa
e de consciência, à liberdade de pensamento e de expressão, e o direito de livre
associação.
25
b) A liberdade de manifestação de religião ou crença deve se dar apenas em
âmbito particular.
c) O direito à liberdade de pensamento inclui a liberdade de mudar de religião ou
crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença.
d) Os direitos e as liberdades estabelecidos na Declaração podem ser usufruídos por
qualquer pessoa com a capacidade de obedecer aos preceitos de sua religião.
e) Os homens e mulheres de maior idade têm o direito de contrair matrimônio e
fundar uma família, observadas as restrições de suas religiões ou crenças.
26
CONCILIAÇÃO E RESPEITO AS UNIDADE
DIFERENTES MATRIZES
2.1 INTRODUÇÃO
02
Nesta segunda unidade vamos ao encontro de temáticas relacionadas a
conciliação e o respeito as diferentes matrizes religiosas. Iniciamos fazendo um
percurso histórico sobre como o termo conciliação e mediação estava presentes na
Antiguidade, Idade Média e Moderna, como a partir da construção da sociedade
foi necessário haver uma mediação de conflitos esses que mesmo com a
instauração do Estado ainda é presente nas sociedades. Isso nos faz refletir a nossa
atual sociedade, mesmo possuindo Estado, poder de polícia, prisões, sistema
educacional, ainda há bastante conflitos, e uma necessidade de interlocução entre
essas problemáticas. Que por vezes também chegam ao espaço religioso com
ataques de intolerância e o não respeito a diversidade religiosa existente.
Em um segundo momento faremos as considerações sobre o que é respeito e
de que forma ele está presente na sociedade para a construção de um mundo
melhor com harmonia e respeito as diferenças culturais, religiosas e pessoais. Por fim,
passamos a conhecer as diferentes formas religiosas existentes do mundo, foram
elencadas as principais religiões de cada continente e suas características e
peculiaridades.
27
histórico instituídos na antiguidade, na Idade Média e pela Idade Moderna.
28
fundamentais: quando os romanos buscaram organizar um efetivo militar para
impedir novas invasões, questões políticas agressivas, disputas pelo interior da
sociedade, em especial os plebeus que reivindicavam uma participação política
maior Essas duas questões se comunicam, pois, na medida em que Roma realizava
conquistas tendo em sua base pebleia (SANTOS, 2008, p. 22)
Se analisarmos atentamente a figura por exemplo de Jesus Cristo se
transformou em uma tensão social, pois ele mostrou aquilo que estava distante da
realidade que foi o amor ao próximo, o perdão e o desapego aos bens materiais.
Onde com esses princípios ele realizava uma mediação ou conciliação informal,
através de suas pregações de forma pacífica. Bueno (2013) explica que na época
de Jesus existiam diversas normas e códigos, entre eles o Código de Hamurabi (que
será explicado posteriormente), e essa norma se baseava na lei de Talião, em que
um dos seus artigos trazia a noção de “olho por olho, dente por dente”, isso
demonstrava que a civilização os seus problemas com base na violência e morte.
É possível, então, observar que Jesus Cristo foi um dos primeiros mediadores,
pois a mediação visa por meio do diálogo buscar a pacificação social. Além disso,
busca valorizar as partes do conflito dando a elas autonomia e responsabilizando-as
pela solução do litigio para que se sintam respeitadas a aprendam a lidar com os
conflitos do dia a dia (SPENGLER, 2016, p. 64).
Segundo Baschet (2009) o uso da mediação se espalhou em várias culturas,
dentre elas a islâmica, hindu, chinesa e japonesa. Na China pré-imperial se
presenciou a transição de um período informal para um período de formalismo e
legalismo (Século III a.C.), segue fundamentada na ideologia confucionista. A
filosofia de Confúcio era baseada na harmonia, liderança, moral, educação e
sacrifício. Era assim que os conflitos deveriam ser tratados. Segundo ele, o tratamento
formalizado e legal estimularia o dissenso e diminuiria a noção substancial de justiça
dos litigantes. A harmonia seria a projeção da conduta moral do líder sobre as
pessoas comuns, garantindo assim, a consciência pacífica entre as pessoas.
Na Grécia antiga, por exemplo, a mediação progredia-se mediante
compositores amigáveis. No Império Romano, com a invasão dos bárbaros, todos os
impasses passaram a ser resolvidos por meio das assembleias típicas dos germanos,
nos quais as questões eram resolvidas conforme os costumes da época (LORENCINI;
SALLES; SILVA, 2012, p. 11).
Por fim, um importantíssimo exemplo de soluções pacíficas na antiguidade é
29
o Tratado da Paz de 445 a.C entre Atena e Esparta. Assim a Grécia desfrutou de um
período de 30 anos de paz estável, podendo assim desenvolver na economia,
agricultura e em vários outros aspectos. Garantindo às civilizações prosperidade,
avanço e harmonia (BASCHET, 2009, p. 25)
30
[...] Enfim, mesmo sendo suscetível de servir aos interesses da realeza,
o esquema triunfal da sociedade remete a uma visão dominada pelo
clero, que continua sendo, até o fim do Antigo Regime, a primeira
ordem da sociedade. De fato, se se pôde identificar a aristocracia
como classe dominante do sistema feudal, essa constatação
permanece insuficiente, pois a ideologia do feudalismo põe acima
desta a Igreja [...]
31
conflitos internos do que o recurso aos tribunais oficiais (GILISSEN, 1995, p. 5).
Também é válido destacar o impulso na transformação histórica e evolutiva
da mediação. Pois, devido às comunas do Baixo Medieval escolherem e utilizarem
árbitros para sanar os litígios de limites territoriais, passa-se se então a aplicar a
conciliação no aparelho judiciário do Sacro Império Romano Germânico. O árbitro
não somente sugere o recurso, como também o impõe diante as partes disputantes,
que se não satisfeitas procuravam embargos nas cortes superiores (GILISSEN, 1995, p.
8).
2.2.3 A mediação e a conciliação na Idade Moderna
32
novas forças produtivas, permitindo a passagem do feudalismo para o capitalismo.
O historiador Pierre Vilar (1971, p. 38) ainda afirma:
[...] ainda que seja correto que não se possa exagerar o caráter
“fechado”, “natural”, da economia feudal nas suas origens (a troca
nunca foi “nula), não é menos exato que bastante tarde ainda, nos
séculos XVII e XVIII, a sociedade rural, surgida do feudalismo, viveu
durante muito tempo fechada em si mesma, com um mínimo de
trocas e de contatos em moeda. A comercialização do produto
agrícola foi sempre muito parcial. Contudo, no capitalismo evoluído,
tudo é mercadoria [...]
33
Para que você possa compreender melhor sobre o que se trata o Código de Hamurabi
foi um código de leis que vigorou na Mesopotâmia, que leva exatamente o nome de
Hamurabi por se tratar do primeiro império babilônico, que segundo os historiadores
datam de mais ou menos 1792 e 1750 a.C. Esse código de leis tinha como base a Lei de
Talião, em que se punia aqueles que transgredissem a lei com uma forma semelhante,
que ficou muito conhecida a seguinte frase: “olhos por olho, dente por dente”. Esse
código é constituído por 281 preceitos gravados em uma pedra negra, que está
atualmente exposto no Museu do Louvre em Paris.
34
perceber que o respeito deve estar ligado à não discriminação, à consideração e a
tolerância. O respeito aos idosos, as crianças, à natureza e as minorias. Desta forma,
o respeito nessa situação o indivíduo busca não impor sua vontade de forma
autoritária e intransigente, ainda que tenha poder para tal.
Segundo as teorias apresentadas até o momento a palavra “respeito”
segundo a etimologia é oriunda do latim, da palavra “respectus” que tem como
significado “olhar outra vez”, ou seja, é algo que merece ser revisto e digno de
respeito. Por esse motivo na nossa atual sociedade a palavra respeito é lembrada
como forma de veneração, de prestação de culto ou o fazimento de homenagem
a alguém.
O respeito nas religiões é percebido pelo respeito a suas crenças, a
obediência aos princípios religiosos e pelo respeito ao próximo. Esse respeito mútuo
é muito marcante em várias denominações religiosas pois apresenta formas básicas
e essenciais para o convívio social, não sendo apenas mera informação mais
princípio fundamental nas religiões. O respeito impede que uma pessoa tenha
atitudes reprováveis, autoritárias ou injustas em relações as demais pessoas.
Importante salientar que respeitar não quer dizer concordar plenamente com a
outra pessoa, mas significa não discriminar, ofender ou impedir que a pessoa realize
suas próprias escolhas com base nas suas convicções.
Como forma de continuidade a tratar sobre o respeito as religiões, apesar de
ser temática que será vista posteriormente, porém cabe neste momento algumas
ressalvas. O Estado Brasileiro é laico, ou seja, não tem religião. Tem enquanto Estado
o dever de garantir a liberdade religiosa como preceitua no artigo 5º, inciso VI: “ é
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e suas liturgias”.
A liberdade religiosa (como visto em capítulo anterior) é um dos direitos
fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Entretanto, muitas vezes o preconceito existe e se manifesta pela
humilhação imposta aquele que é diferente. No momento em que é humilhado,
discriminado, agredido devido à sua crença, ele tem seus direitos constitucionais e
seus direitos humanos violados; ou seja, é também vítima de um crime – onde o
Código Penal Brasileiros prevê punição para os criminosos.
É importante que as pessoas tenham consciência de que a religião é um
35
assunto pessoal e que cabe a cada indivíduo a escolha entre participar ou não de
alguma religião ou religiosidade. E aos outros seres humanos tem-se como dever o
respeito a sua escolha e ao governo a garantia da liberdade de escolha.
Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre o respeito, as
diferenças na nossa sociedade. Indicamos o livro: Igualdade e Diferença: Construções
históricas e imaginárias em torno da desigualdade humana de José D’Assunção Barros.
Disponível em: https://bit.ly/43aQY84. Acesso em: 20 jan. 2023.
Continente Africano:
África Se encontra a religião que predominou no Brasil, a religião dos Iorubas. É
Ocidental uma religião iniciática e possui no centro cosmológico: Onila, Grande
Mãe do Ile. (PALMIÉ, 2007, p. 78)
África Oriental Segundo a tradição religiosa banto, a vida é sustentada por um Ser
Supremo que reina sobre o universo e sobre os homens de modo distante,
porém benéfico. Todos os povos que compartilhavam a cosmovisão
banto acreditavam em um deus único, supremo e criador, chamado de
Kalunga, Zambi, Lessa ou Mvidie, entre outros nomes, de acordo com o
grupo étnico específico e com os atributos que se pretendia destacar
36
nessa divindade, como a totalidade da vida, a superação de tudo em
todos, a força e a inteligência. (DAIBERT, 2015, p. 8)
África Central Formam três grandes grupos principais, um deles são os mbutis, eles
acreditam que deus é um habitat, a mata. Não possuem sacerdote e
não praticam adivinhação e tem ritos de passagem para rapazes e
moças. (BEZERRA, 2015, p. 4)
África do Sul Na mitologia karanga, a realeza sagrada realizava o equilíbrio dos
contrários: o calor e umidade. (BEZERRA, 2015, p. 4)
Egípcios Cada cidade prestava atenção maior aos seus próprios deuses.
Geralmente, cada templo das grandes cidades, sedes do poder, criava
a sua própria cosmogonia com o deus local no ápice da hierarquia. Entre
esses deuses estão: Osiris, Ísis, Néftis, Set, Geb, Nut. Sendo Osiris um dos
deuses mais importantes dentro do pantaleão da civilização egípcia,
síntese que foi realizada por Plutarco. (SANTOS, 2003, p. 12)
Continente Americano:
Religião dos Os indígenas possuem diversas religiões onde quem orquestra são os
indígenas pajés. Em termos de criação, entre diversos mitos indígenas os criadores
brasileiros do universo costumam ser um par de companheiros ou irmãos,
identificados frequentemente com a lua e o sol. Como também têm
uma Criadora de Tudo. São religiões ricas em ritos de passagem.
(BEZERRA, 2015, p. 6 - 7)
Religião dos Um dos principais elementos da religião maia eram o sacrifício humano
Maias e animal. Acreditava-se que o sangue era primordial para o
funcionamento do universo. Inclusive os reis realizam o auto sacrifício,
na qual era retirado sangue de várias partes de seu corpo. O mais
importante deus masculino era Itzamná, representado na arte como um
homem velho e descrito como a divindade da escrita e do
aprendizado. (NAVARRO, 2008, p. 355)
Religião dos No princípio do cosmos havia Ometeotl. De modo mesoamericano ele
Astecas tinha um aspecto feminino e masculino. Dele nasceram os deuses
principais, Huitzilopochtli, Quetzalcoatl e Tezcatlipoca. A Deusa
principal é Coatlicue, chamada pelos frades cristãos de “mãe dos
deuses, coração da terra”, segundo um dos mitos de origem dos
astecas ela é mãe de Huitzilopochtl. (CAROLINE, 2006, p. 2)
Religião dos Possuíam um panteão de deuses. A divindade suprema era Viracocha.
Incas Inti, o deus Sol, era a principal divindade e o ancestral divino da realeza
inca. Sua esposa irmã era a deusa lua Mama Kilya. Esse incesto justifica
o casamento entre irmãos praticado pelo imperador. Sacrifícios de
animais e vegetais eram comuns nos ritos religiosos. (CAROLINE,2006, p.
9)
Continente Oceânico:
Religião dos Dois conceitos muito conhecidos das religiões oceânicas são o de mana e
povos tabu. Mana é uma espécie de propriedade conferida pelos deuses a
oceânicos pessoas, lugares e coisas. Na sociedade está associado à posição social e
a realizações espetaculares. Tabu está estreitamente vinculado a mana e
significa influência divina, sobretudo em seus efeitos negativos, que tornam
certos lugares, certas pessoas e certos objetos inabordáveis ou perigosos.
(BEZERRA, 2015, p. 10)
Religião dos O aborígine aprende a história sagrada de seu mundo durante iniciações
Australianos e cultos secretos iniciáticos. Existem tribos que acreditam em um Grande
Pai - chamado também de Eterna Juventude. Ele tem pés de ema, e possui
37
mulher e filho – de acordo com certas tribos, possui várias mulheres e vários
filhos. E tanto ele como todos os outros primitivos habitantes do céu ficam
indiferentes com relação ao que acontece na terra. (BEZERRA, 2015, p. 11)
Continente Asiático:
Religiões dos Encontramos a crença na existência de um ser supremo, nem sempre
Siberianos cultuado, e de espíritos intermediários, assim como, em deuses
celestes, em um “senhor das matas”, nas forças da natureza, na
deusa da terra, ou na deusa do mar. Não existem sacerdotes, nem
templos, a experiência religiosa é mística. Dessa forma, ganha um
destaque entre eles a figura do xamã. Aquele que domina a técnica
do êxtase, e com carisma atende sua comunidade curando e
aconselhando. Possuem mitologia, e alguns ritos mais comuns são: os
ritos de caça, sacrifícios de animais, culto do fogo, e ritos agrários
(BEZERRA, 2015, p. 11)
Religiões da Fazia parte do cotidiano dos sumérios 3.600 deuses, devidamente
Antiga registrados por eles. Esse povo desenvolveu os primeiros documentos
Mesopotâmia escritos, foi uma civilização literária, com um complexo sistema de
governo, e hierarquia religiosa, administrativa e social. O mito da
criação diz que, a Deusa Nammu – mar primordial- gera o primeiro
casal An (o céu) e Ki (a terra), dessa união nasce En-li (deus da
atmosfera), que separa seus pais. Seus textos também evocam o mito
da perfeição e bem-aventurança dos “primeiros tempos” e o mito do
dilúvio. A mais popular das divindades era Inanna. Aparecendo em
diversos mitos, ela era o planeta Vênus e seus domínios a fertilidade,
o amor e a guerra. Outro deus importante além de An e En-li, é Tamuz
deus da fertilidade. (BEZERRA, 2015, p. 12)
Religião dos O primeiro casal foi o primordial, El, que significa “deus” era o chefe
Cananeus do panteão, o “poderoso”, “pai dos deuses e homens”. Até que foi
se tornando um deus otiosus. Pois, um deus mais “especializado” Baal
promoveu-se a categoria suprema. Baal significa “Senhor”, ele é
fonte e princípio de fertilidade, mas também guerreiro, tal como sua
irmã e esposa Anat é, ao mesmo tempo, deusa do amor e da guerra.
Um dos mitos de combate pelo trono entre Baal e Yamm, um monstro
marinho, lembra evidentemente, a derrota do monstro marinho
Tiamat, vencido pelo deus mesopotâmico Marduk, segundo a quarta
tábua da Gênese babilônica, Enuma Elish, assim como a vitória de
Javé sobre o mar em certos Salmos e em Jó 26, 12-13. (BEZERRA, 2015,
p. 13)
Religião da A mitologia chinesa foi preservada de uma forma fragmentária. Os
Antiga China mitos mais antigos, envolvendo a criação, por exemplo, foram
encontrados depois da criação do confucionismo. Shandi (上帝) é
considerado a divindade suprema, ser distante e transcendente. E Nu
Kua (女媧) é a deusa que criou a humanidade, seu companheiro —
irmão e marido — era Fu Xi (伏羲). Estes dois seres às vezes são
adorados como os 14 primeiros antepassados dos seres humanos. Eles
são muitas vezes representados como criaturas metade-serpente,
metade-humana. (BEZERRA, 2015, p. 14)
Taoísmo Por volta de 600-500 a.C, Lao-Tzu, escreveu um livrinho chamado Tao
Tê Ching, ou Livro da Lei do Universo e Sua Virtude. Tao significa
caminho, mas também o Ser supremo ao qual o caminho conduz. O
Tao é uma força mística, impessoal e imanente que dá a vida e a
harmonia. É um caminho de observação da natureza, de seus ritmos
e fluxos. O taoísmo implica passividade, simplicidade, intervenção
38
mínima na natureza, e a busca pela longevidade, através de estudo,
da ação correta, da dieta e exercícios. (BIZERRIL, 2010, p. 290)
Confucionismo Confúcio ou Kung-fu-Tzu (551 a.C. – 479 a.C) foi uma espécie de
filósofo e educador, que ensinou um código social de
comportamento rígido e completo, baseado nos costumes, que
buscava manter a harmonia na sociedade. A virtude era dever de
todos, e em especial dos governantes. Ele ensinou a “regra de prata”
do “não faça aos outros o que você não quer que façam a você”.
Confúcio não especulou sobre a metafísica, mas considerou o ritual
importante, sendo um meio de codificar valores. (PINHEIRO-
MACHADO, 2007 p. 147)
Religião do O xintoísmo é a religião autóctone do Japão, um sistema de crenças
Japão/Xintoísmo muito antigo, sem fundador, ou livro sagrado. É o caminho do kami
(deuses). O kami é a natureza, o sol, a lua, os animais, as plantas etc.
E pode ser também, um ser humano iluminado que se tornou imortal.
Existe a lenda que diz que a linhagem imperial do Japão se originou
de Amaterasu, a deusa do sol. Existem diversos santuários, onde as 15
pessoas buscam pelas bênçãos dos kami, e realizam os festivais de
Ano-Novo, primavera/plantio e outono/colheita do arroz. (BEZERRA,
2015, p. 14)
Religião da Eles faziam culto a uma deusa-mãe, e a um grande deus, esse parece
Antiga Índia ser um protótipo de Xiva - uma figura itifálica sentada numa postura
“iogue” e rodeada de animais ferozes. Dedicavam sacrifícios
também a diferentes espíritos de árvores. Nas escavações também
encontraram o “Grande Bath” que lembra as “piscinas” dos templos
hindus de nossos dias. Por volta de 1700 a.C, essa civilização entrou
em decadência e deram lugar às investidas dos povos indo-
europeus. (BEZERRA, 2015, p. 15)
Hinduísmo O hinduísmo é tão multifacetado, que seria mais cabível falarmos de
hinduísmos. A diversidade de práticas é reflexo da variedade de
tradições étnicas, que enriquecem a religião. Mas, além do elemento
territorial e familiar que congrega está religião, a aceitação das
escrituras védicas é imprescindível para denominar-se hinduísta. No
entanto, como boa parte da população indiana é analfabeta, o que
mais importa são os inúmeros ritos religiosos. Alguns princípios que
unem os hinduístas são, a pertença ao sistema de castas, a adoração
a vaca, e a crença no carma e na reencarnação. As principais
divindades adoradas são o deus Vishnu e seu avatar Krishna, e o deus
Shiva. Além de inúmeras deusas, ganhando destaque a deusa Kali.
(BASTOS, 2018, p. 222)
Religião dos Os cultos são realizados sempre na presença de um fogo sagrado
Persas/Zoroatrismo (símbolo de pureza), mantido nos Templos do Fogo. Algumas
características dos rituais são a purificação da mente e do corpo e a
luta contra Angra Mainyu. E a obrigação de cinco orações diárias
individuais, iniciada com a limpeza do rosto, mão e pés. (BEZERRA,
2015, p. 16)
Continente Europeu:
Religiões dos Os principais traços das sociedades indo-europeias foram o
Indo-Europeus nomadismo pastoril, a estrutura patriarcal de família, e o gosto pela
organização militar. Tanto é que as “três funções” dessa sociedade
eram a sacerdotal, guerreira e produtiva. O (deus do) Céu é acima de
tudo o pai: cf. o indiano Dyauspitar, o grego Zεύçπατηφ, o ilírio
Daipatures, o latim Jupiter, o cita Zeus-papaios, o traço-frígio Zeus-
39
pappos. A hierofania celeste também é percebida na designação de
deuses pelo nome de trovão: germânico Thôrr, celta Taranos, báltico
Perkûnas, protoeslavo Perun etc. (BEZERRA, 2015, p. 17)
Religião dos Ocorre primeiro a invasão dos povos micênicos (1400-1200 a.C). Estes
Gregos Antigos deixaram escritos em grego arcaico, que revelaram panteões locais
com divindades cultuadas posteriormente como, Zeus, Hera,
Poseidon, Ártemis, Dionisio. O período seguinte (1200-800 a.C) marca
o fim da civilização micênica e a chegada dos povos do norte e leste.
Cuja principal fonte de informação são as obras de Homero, Ilíada e
Odisseia. Os gregos praticavam um culto politeísta antropomórfico,
em que os deuses poderiam se envolver em aventuras fantásticas,
tendo, também, a participação de heróis (Hércules, Teseu, Perseu,
Édipo). A Teogonia de Hesíodo apresenta o nascimento das forças
naturais e dos deuses a partir do Caos primordial, da Terra (Gaia), do
Tártaro e de Eros (amor), dos antigos 19 Titãs seguidos pela geração
de Cronos (tempo), que castra o pai Uranos (céu), e pela de Zeus, que
vence o pai Cronos, e o exila em algum lugar da terra. (BEZERRA, 2015,
p. 18)
Religião dos O panteão germânico é repartido entre dois grupos divinos: os Ases e
Germanos os Vanes. Os principais entre os Ases são, Odin/Wodan, Thor e Thyr.
Entre os Vanes destacam-se Njordhr/Nerthus, Freyr e Freya. Os dois
grupos guerreiam, e quando da reconciliação definitiva, as principais
divindades Vanes, instalam-se entre os Ases. Existem também as
Valquírias, senhoras guerreiras do cortejo dos deuses, e toda uma
multidão de espíritos ocultos e furtivos, os Elfos, os Silfos, e os Pigmeus.
(BEZERRA, 2015, p. 19)
Religião dos O panteão Celta possui as deusas da fertilidade, ou mãe dos deuses,
Celtas as matronae, com grande difusão de culto, sendo chamada de Danu,
na Irlanda e Dôn na região das Gálias, por exemplo. Tem o deus
Cernunnos, identificado como “o senhor das coisas selvagens”.
Existem os deuses Teutates, Esus e Taranis, interpretados na ordem
como, “o homem da tribo”, optimus, e deus do trovão. Um importante
deus que atravessa todo universo celta é Lug, “senhor de todas as
artes” (BEZERRA, 2015, p. 20)
Religião dos A princípio os deuses romanos iniciavam com o deus-padroeiro dos
Romanos “começos” Jano, seguido da tríade Júpiter, Marte, e Quirino, e no fim,
Vesta, protetora da cidade. A influência etrusca mudou a tríade para
Júpiter, Juno e Minerva. No século V, Roma assimila divindades gregas,
como Hermes-Mercúrio, Apolo-Febo, Afrodite-Vênus, Ártemis-Diana. E
em 205-204 a.C, introduz a primeira divindade asiática Cíbele, a
Grande Mãe de Pessinonte. Em 186 a.C, o culto de Dionísio, em Roma
denominado bacanalias, é descoberto e perseguido pelo estado,
pois, representa um perigo a ordem, visto que ele escapa ao controle
do estado. (BEZERRA, 2015, p. 20)
40
Agora que estudamos neste tópico sobre as diversas religiões existente no mundo,
podemos agora compreender que a nossa sociedade ela é diversa, e você como futuro
professor (a) deve estar aberto ao diálogo inter-religioso, afinal você não poderá escolher
o tipo de alunos e suas crenças, por isso cabe a você um aprofundamento sobre essa
diversidade religiosa. Após o estudo desta unidade você se sinta mais preparado para o
tratamento de questões relacionadas ao respeito as religiões? Conte para nós como esta
unidade lhe auxiliou.
41
FIXANDO O CONTEÚDO
42
e) Não há nenhuma relação deste código com o reino de Nabucodossor e seus
principados.
43
e) O Ensino Religioso não possui função na escola, pois é um resquício de uma
educação voltada a catequese instituída pela igreja católica.
44
Assinale a alternativa que aponta para esta intolerância religiosa que se constata
em muitos destes alunos:
a) Para os alunos a disciplina de ensino religioso nas escolas públicas é mais uma
entre outras e possui o objetivo de proclamar a fé católica.
b) Nas relações de respeito se destacam tolerância e intolerância:
contraditoriamente, ora se aceitam as diferentes religiões e, em outras, os alunos
são produtores da intolerância, através do preconceito com o que não se
conhece.
c) Quanto à investigação e compreensão das implicações do respeito, da tolerância
dos alunos de escola pública com relação aos outros e a si próprio, é preciso
indicar caminhos criteriosos que matizem as interfaces entre o vivido e o campo
das relações de reciprocidade e convivência.
d) O ensino religioso deve contribuir para uma reflexão sistematizada acerca da
problemática das controvérsias religiosas e da aceitação que os alunos têm de si
próprios e dos outros.
e) As primeiras iniciativas para a formação docente em Ensino Religioso de caráter
não confessional, surgiram no Sul do Brasil, especificamente no Estado de Santa
Catarina.
45
7. (FUNDEP/2018) O Islamismo, religião nascida e difundida a partir da alta idade
Média, é atualmente a religião que mais cresce no mundo. Sobre essa
religião, pode-se afirmar que a fé islâmica prega:
a) a concepção do Islamismo vinculada exclusivamente aos árabes, não
podendo ser professado pelos povos inferiores.
b) o politeísmo, isto é, a crença em muitos deuses, dos quais o principal é Alá.
c) o princípio da aceitação dos desígnios de Alá em vida e a negação de uma vida
pós-morte.
d) o monoteísmo, influência do Cristianismo e do Judaísmo, observado por
Maomé entre povos que seguiam essas religiões.
e) é uma religião baseada no cristianismo, que tem vários deuses sendo o Deus
católico principal.
8. (FGV/2014) "A conhecida frase 'a religião é o ópio do povo' é considerada como
a quintessência da concepção marxista do fenômeno religioso. Embora
obviamente crítico da religião, Marx leva em conta o caráter dual do fenômeno e
expressa:
"A angústia religiosa é ao mesmo tempo a expressão da dor real e o protesto
contra ela. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo
sem coração, tal como o é o espírito de uma situação sem espírito. É o ópio do
povo".
Adaptado de LOW, Michael,"Marxismo e religião: ópio do povo?", in AaVv. A teoria marxista hoje. Problemas e perspectivas. São
Paulo: CLACSO, 2007, pp. 2-3
46
A CONCEPÇÃO DA DIVERSIDADE UNIDADE
NO CENÁRIO RELIGIOSO
3.1 INTRODUÇÃO
03
Nesta terceira unidade, teremos como base o termo diversidade para
compreender como ela se manifesta dentro das perspectivas relacionadas a
religião. Inicialmente vãos discutir a respeito da formação da palavra diversidade e
onde ela pode ser incluída na sociedade, para que a partir disso possamos chegar
a compreender em uma segunda parte o que é a diversidade religiosa, inclusive
essas definições corroboram com o que foi estudando em unidades anteriores
tratando sobre as inúmeras religiões existentes no mundo. E como terceira parte
deste estudo, vamos tentar articular algumas ideias a respeito da diversidade
religiosa no cenário brasileiro, deste do momento da colonização até 1890 onde
religião católica era a religião oficial.
47
Nem sempre a questão do respeito à diferença dentro da sociedade foi um
tema tão central quanto no pensamento dos séculos XX e XXI, após o cometimento
de grandes crimes contra a humanidade, primeira e segunda guerra mundial e
nazismo são bons exemplos para isso. Nesse sentido a questão do respeito e
convivência se tornou um elemento a ser investigado, analisado e refletido sobre a
perspectiva pragmática dentro da filosofia contemporânea.
Para se pensar sobre esses pontos é importante também refletir sobre o
respeito a diversidade identitária para que seja efetiva na prática a garantia da
igualdade de oportunidades e no acesso aos direitos sociais que em muitos locais
são negados pela hegemonia do poder, que despreza essa forma de colaboração
com as oportunidades de crescimento daqueles menos favorecidos. Esses grupos
esquecidos ou pouco lembrados são chamados de “minorias”, que lutam por
exemplo na aplicação dos direitos humanos, ou nos direitos das mulheres que em
pleno século XXI ainda é um desafio.
Como consequência da crise dos Estado que proporcionam o bem-estar há
um aumento das desigualdades materiais quanto os regimes neoliberais propostos
durante o século XXI, o que fez surgir inúmeras demandas sociais em torno da
geração política de inclusão de grupos marginalizados, que geralmente possuem
condições econômicas em defasagem para o sustento das suas necessidades
básicas.
Por isso que conceitos como multiculturalismo tem sido proposta como forma
de compreensão do Estado, se distanciado de conceitos como uniformidade e
homogeneidade, pois há uma carência perceptível a olho nu sobre a necessidade
de efetivação dos direitos cidadãos para toda a população, levando em
consideração as suas particularidades identitárias de cada grupo social. Destaca-
se, por sua vez, que a ideia de um multiculturalismo, como contrapartida, correria o
risco de fixar os indivíduos a identidades estagnadas, atribuindo-lhes essências
imóveis.
Pensa-se que sobre a diversidade humana é aquela que considera o outro
como alguém que precisa ser tolerado. Nesse discurso da tolerância como
condição de possibilidade para o exercício da liberdade e da vida humana
apresenta sérios problemas, na medida em que se trata de um reconhecimento que
assume, como ponto de partida, a própria identidade, a partir da qual pode ser
admitidos diferentes indivíduos a critério daquele que possua a identidade
48
hegemônica dentro do grupo. Nesse sentido, o conceito de tolerância tem sido
criticado por sua distância no reconhecimento da alteridade radical, para ser
entendida como tal, não podendo ser remetida aos parâmetros de uma identidade
homogênea que são tomadas como referência.
Então, a ideia de tolerância ao qual se fala do outro e a sua relação com o
diferente se enfraquece em relação a aceitação do outro como tal, pois há nesse
sentido o assumir de uma responsabilidade diante dele, ao mesmo tempo que
mascara as desigualdades, pois nesse modelo se promove a tolerância e não se
questiona as relações de exclusão, mas orienta-se para a sustentação da ordem
dada.
Homogeneidade: que se comporta de maneira regular; que insiste nas mesmas ideias;
que tem sempre as mesmas opiniões; regularidade. (HOMOGENEIDADE, 2022, online)
49
3.3 DIVERSIDADE RELIGIOSA
50
como uma máscara de atos errados, mas o que temos que considerar e ter em
mente é que todo o ser humano é sujeito a erros e que muitos deles agem por
vontade própria e que independente de religião, pois todas as religiões têm essas
pessoas com pensamentos e atitudes erradas.
Chegamos a um ponto em que só nos restou a lei para assegurar o direito de
liberdade de culto, ou seja, de obter o direito de as pessoas escolherem a qual
religião quer seguir, ou se não querem optar por nenhuma, passando a aceitar como
a respeitar aqueles que não vierem a seguir a sua religião. Assim como nos coloca,
Vade Mecum, (2006, p.7) “O tema liberdade de culto é previsto na Constituição
federal de 1988 em seu artigo 5º., inciso VI: “(...) sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas
liturgias”.
O direito fundamental a liberdade religiosa é uma das mais
importantes liberdades públicas, haja vista que, o mundo tem
observado uma grande intolerância religiosa. As intolerâncias servem
de reflexão a respeito das crenças, costumes, etnias, raças e outras
diferenças (MANDELI, 2008, p.41).
51
concorda ou discorda de suas crenças, seguimento doutrina enfim ensinamentos.
E devido à grande crescente discussão que se assemelha sobre as religiões a
seu mundo de diversidade de ensinamentos, é que se passou a pensar em um lugar
de diálogo, de esclarecimento, como compreensão e de conhecimento, para
poder formar futuros cidadãos conscientes quanto à questão religiosa, de forma que
venham a conhecer como a compreender e aceitar, mesmo que não a sigam a
suas diferentes formas de pensamentos religiosos.
Conscientemente ressaltamos que a educação é um ambiente de destaque,
considerado o lugar certo para ensinar, respeitar a diversidade religiosa
primeiramente porque, a disciplina de Ensino Religioso é ofertada de forma
facultativa, mas que ao mesmo tempo se torna obrigatória, pois a disciplina vem a
de encontro aos desígnios que pregam pelo respeito à diversidade religiosa.
Por isso, busca-se possibilitar aos alunos a reflexão e o entendimento de como
os grupos sociais se organizam e se relacionam com o sagrado; compreendendo
sua história e suas manifestações dentro das mais variadas culturas, permitindo a eles
o comprometimento da diversidade existente também dentro da religiosidade.
O essencial em qualquer ser humano com certeza é a consciência e o
respeito que todos devemos ter com o outro e sua opinião, vindo não só a respeitar,
como valorizar o direito de pensar e acreditar diferente do seu.
Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre as diversas religiões
existentes, mitos e cultura. Fica a sugestão do livro: Índia, lar dos deuses e terra das
multidões: uma aproximação as religiões indianas, de Joachim Andrade. Disponível em:
https://bit.ly/3zxlpYL. Acesso em: 20 jan. 2023.
52
ortodoxa, uma evangélica e um terreiro de candomblé.
A diversidade religiosa quando entendida o seu conceito de forma imediata
lembra-nos da representação da liberdade religiosa e da garantia de todas as
manifestações religiosas. Assim entendendo por esse termo que não existe uma
única religião que seja verdadeira e que ela se sobressaia sobre as demais. Da
mesma forma que garante os diferentes locais e culturas de diferentes religiões e
crenças. É bastante comum nos dias atuais se verem campanhas de “respeito a
diversidade religiosa” que tem como objetivo minimizar os episódios de intolerâncias
religiosas entre diferentes religiões ou pessoas que acreditam que a sua religião ou
crença é única. Esse termo foi completamente amparado por leis brasileiras, com o
intuito de promover o respeito entre as diferentes religiões, suas práticas e seus fiéis.
O Brasil é um país que possui uma enorme diversidade religiosa, fruto de uma
grande miscigenação cultural que ocorreu ao longo dos anos de processos
migratórios como conta para nós a história. A população brasileira de acordo com
o último Censo de 2010 é majoritariamente cristã, sendo sua maior parte católica,
como consequência dos vários anos de colonização portuguesa. Onde durante
esse período foi incutida dentro da sociedade uma dominação católica que até
mesmo chegou a ser declara a religião oficial do Estado brasileiro até 1890, dando
espaço para o Estado Laico pelo decreto de número 119-A onde separou a
administração pública das perspectivas religiosas.
E sem dúvidas não podemos deixar de citar a Revolução Francesa e o
Iluminismo como elementos fundamentais para essa separação em diferentes
sociedades. Por isso atualmente podem serem vistas religiões de diferentes crenças
e rituais, como o espiritismo, o protestantismo, o budismo, as religiões afro-brasileiras,
como o candomblé e a umbanda, entre várias outras. Todas seguindo aquilo que
preceitua a Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 5º, que afirma que a
liberdade de consciência e escolha da religião é inviolável e a proteção de locais
de cultos e suas liturgias é garantida por lei.
Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre as diversas religiões
existentes no Brasil, uma reflexão a partir do Censo de 2010. O livro é: Religiões em
movimento – O censo de 2010, organizado por Faustino Teixeira e Renata Menezes.
Disponível em: https://bit.ly/3mcgn0s. Acesso em: 20 jan. 2023.
53
O Censo realizado pelo IBGE é um importante instrumento para que possamos ter dados
suficientes na elaboração de políticas públicas em nosso território, porém para nós que
aqui estamos estudando os diálogos inter-religiosos e a diversidade é fundamental saber
qual o perfil das religiões existentes em nosso território. Então aproveite o estudo do livro
indicado para que você possa conhecer as particularidades existentes pelo Brasil.
54
FIXANDO O CONTEÚDO
55
3. (UNESPAR/2018) A religião representa uma Instituição Social presente na
organização das sociedades. Por meio da religião, os indivíduos expressam suas
crenças e rituais relacionados à fé. As religiões influenciam a formação da moral e
dos valores sociais. A religião também pode ser usada como instrumento de
dominação e pode chegar ao fanatismo. Existe uma grande diversidade de religiões
no Brasil e isto se dá em função da característica de estado laico conforme
determinado pela Constituição Federal.
Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O que são
Ações Afirmativas. Disponível em https://bit.ly/412Y0dj. Acesso em 15 jul. 2017.
56
d) As Ações Afirmativas são políticas compensatórias e retiram direitos de outras
raças;
e) As Ações Afirmativas reforçam a representação negativa dos negros na sociedade
6. (UFRJ/2014) O Brasil é um Estado laico. Entre outras coisas, isso significa que não há
religião oficial e que a Constituição garante a liberdade de crença a todas as
pessoas. No que diz respeito à educação, as Diretrizes Nacionais para Educação em
Direitos Humanos reforçam a laicidade do Estado como um dos princípios a orientar
os sistemas de ensino. De acordo com estas e outras diretrizes e parâmetros
educacionais nacionais, entender que a educação pública é laica significa que:
a) é proibida qualquer forma de ensino religioso, seja confessional ou
interconfessional, em escolas públicas.
b) é proibida qualquer expressão de religiosidade nas escolas municipais e
estaduais, como o uso de crucifixos pelos alunos, por exemplo.
57
c) a equipe pedagógica da escola tem direito a expressar suas concepções
religiosas no currículo e nas regras de convivência que regem a escola.
d) expressões religiosas são permitidas, evitando-se exageros, como o uso de guias
ou turbantes típicos de religiões afro-brasileiras.
e) o currículo da escola não deve estar subjugado a nenhuma crença religiosa
específica, ao mesmo tempo que se garanta o reconhecimento da diversidade
religiosa.
58
Com respeito ao conteúdo desse direito fundamental, assinale a opção incorreta.
a) A liberdade de convicção religiosa abrange, inclusive, o direito de não acreditar
ou professar nenhuma fé, devendo o Estado respeitar o ateísmo.
b) Por ser o Brasil um Estado laico, nenhuma religião pode exercer pressão ideológica
junto aos cidadãos livres, nem imprimir sua marca em papéis do Estado.
c) Não há democracia, em sua concepção tradicional, se não houver perante a lei
igualdade dos cidadãos também no domínio das crenças religiosas.
d) Embora a liberdade de crença esteja assegurada na Carta Magna, tal direito
individual não pode ser invocado para a isenção de obrigação legal a todos
imposta nem para a recusa de cumprir prestação alternativa prevista em lei. Essa
restrição, na forma como foi fixada, é inconstitucional, pois, para haver verdadeira
liberdade religiosa, esta deve ser assegurada de forma plena.
e) O ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental não se afigura
inconstitucional, desde que seja disciplina de matrícula facultativa.
59
ABERTURA AS POSSIBLIDADES DE UNIDADE
AFETO RELIGIOSO ENTRE AS
DIFERENTES RELIGIÕES
04
4.1 INTRODUÇÃO
4.2 ECUMENISMO
60
O termo “ecumênico” tem sua origem na significação da palavra latina
“oecumenucys” que representa o termo “geral, universal”, que por sua vez se
antecede a palavra que vem do grego “oikumenikos” que significa “mundo
habitado”. Por essa compreensão se entende de forma clara por exemplo, que os
concílios da Igreja Católica são chamados de ecumênicos, não porque há presença
de outras igrejas ou representantes, mas sim por que reúnem os bispos católicos do
mundo interior, com costumes, hábitos, culturas completamente distintas. Quando o
termo ecumenismo é empregado de forma social para as religiões cristãs que
historicamente romperam a comunhão plena entre si, como por exemplo é o caso
da Igreja Ortodoxa, Anglicana e outras.
Por mais que o ecumenismo entre tantas as vezes seja utilizada para designar
a unificação ou aproximação entre as diferentes religiões, não cabe a ela essa
função e sim do diálogo inter-religiosos. Para que possamos esclarecer melhor o
ecumenismo se cerca de uma visão de aproximação entre as igrejas cristãs, já o
diálogo inter-religioso condiz com a aproximação entre todas as religiões sejam elas
cristãs ou não.
Entre os cristãos a busca pelo diálogo ecumênico partindo da Igreja Católica
tem duas igrejas alvo, as Igrejas Ortodoxas do Oriente que se separam no grande
cisma do Oriente de 1054, e com as igreja que foram criadas a partir da reforma
protestante lá no século XVI. Não pensem que essa busca pelo ecumenismo é só
uma aproximação entre os ritos e rituais, pois essa ação tange com profundidade
elementos sobre o meio de estudos bíblicos-teológicos, promoção de caridade e
socorro humanitário quando há necessidade. Nesses atos ecumênicos cristãos não
há uma forma, rito ou ritual especifico, mas elementos que sejam comuns a todas as
tradições como é o caso da leitura bíblica, das preces e também como destaque a
oração do Pai-Nosso, que foi ensinada pelo próprio Jesus Cristo.
61
Figura 4: Celebração ecumênica na Catedral Ortodoxa de São Paulo, em 2016
Figura 5: Papa Francisco com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Etíope Tewahido, Abuna
Matthias I
62
A Cisma do Oriente foi um conflito gerado pela Igreja Católica do Ocidente e do Oriente
isso no século XI. Do latim, a palavra “cisma” (shisma) significa dividir, partir, separar. E foi
isso que ocorreu, resultante dessa cisma foi realizada a criação de duas vertentes da
religião, as quais permanecem até os dias atuais: a Igreja Católica Apostólica Romana e
a Igreja Católica Ortodoxa. Esse evento foi chamado de “Grande Cisma do Oriente” pois
marcou uma grande diferença entre os interesses (políticos, culturais e sociais) da época.
Para que você possa se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre o Ecumenismo e o
Diálogo inter-religioso, deixamos a indicação do livro de Joachim Andrade, aonde ele irá
neste livro fazer a apresentação de conceitos relevantes sobre o fenômeno religioso
refletindo sobre a relação do ser humano com o meio ambiente. Link do livro:
https://bit.ly/3zwMUl0. Acesso em: 20 jan. 2023.
63
rede de diálogos. É interessante salientar que nestes documentos a aproximação
para o diálogo sempre são faltados pelo compromisso com a vida, a defesa da paz,
os valores da dignidade humana, e a promoção de estudos e conhecimentos um
verdadeiro intercâmbio de heranças religiosas e valores espirituais.
Quando tratamos de encontros realizados por membros de diferentes
tradições religiosas, não apenas cristãs, pode esse vento ser chamado de “ato” ou
“encontro” inter-religioso e não uma “celebração” ou “oração”, pois como vimos
anteriormente as religiões cristãs tem elementos comuns e que se aproximam, nesta
nova realidade as diferentes tradições não possuem uma oração em comum, o que
faz com que cada grupo religioso tome a palavra em momentos específicos e
façam as suas próprias convicções religiosas, manifestando suas intenções de
acordo com a sua tradição religiosa.
Figura 6: Papa João Paulo II participa do encontro inter-religioso pela paz em Assis, Itália,
em 27-10-1986.
64
esse que foi uma das formas de diálogo inter-religioso a época e que foi seguida
anos mais tarde, em 1993 e 2002 por São João Paulo II, e em 2011 pelo Papa Bento
XVI. É fundamental também lembrar que em cada encontro inter-religioso desses
havia no momento um contexto social relacionado, por exemplo em 1986 estava
ocorrendo a Guerra Fria, no encontro de 1993 estávamos vivenciando a guerra dos
Bálcãs, e em 2002 a edição foi um relembrar da paz entre as nações após o ocorrido
em 11 de setembro de 2001.
No Brasil, um dos momentos em que houve um diálogo inter-religioso ocorreu
na Catedral da Sé em memória do jornalista Vladmir Herzog, preso e assassinado
pelo regime militar em 1975. Há algumas controvérsias sobre se o evento foi ou não
inter-religioso por pesquisadores e estudiosos do assunto, porém no evento houve
representante de diferentes tradições religiosas entre elas o Cardel Paulo Evaristo
Arns e o rabino Henry Sobel.
Nos dias atuais não foi abandonada a ideia de diálogos inter-religiosos, mais
a sua continuidade em iniciativas unilaterais e bilaterais como foi o caso da
Declaração conjunta sobre a fraternidade humana, assinada pelo Papa Francisco
e pelo Grão Imane Al-Tayyeb no dia 4 de fevereiro de 2019, nos Emirados Árabes
Unidos. Esse documento estará disponível o seu link no busque por mais, porém é
interessante perceber neste documento que sempre há uma contextualização
histórica, vivenciando temas da atualidade, como está preocupação:
65
Declaração Nostra Aetate sobre a Igreja e as religiões não cristãs está disponível
através do link https://bit.ly/3nScI8v. Acesso em: 20 jan. 2023.
Além dos documentos acima, também deixamos com indicação o livro: Diálogo inter-
religioso, de Marlon Ronald Fluck, onde ele trabalho com os conceitos de
ecumenismo, sincretismo e a influência das culturas sobre os fenômenos religiosos. Link
do livro: https://bit.ly/433mC7H. Acesso em: 20 jan. 2023.
66
5 em 5 anos, e dividindo a organização junto com o Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs do Brasil (CONIC), então pela primeira vez tivemos uma Campanha da
Fraternidade Ecumênica, com tema: Dignidade Humana e Paz, e tendo como lema:
Novo Milênio sem Exclusões, trazendo como plano de fundo os grandes problemas
sociais que excluem grande parte das pessoas que vivem em vulnerabilidade social
no país. (PRATES, 2007; MACÁRIO, 2009)
No guia de orientação para essa CFE-2000 o objetivo foi definido como “unir
as Igrejas cristãs no testemunho comum da promoção de uma vida digna para
todos, na denúncia das ameaças à dignidade humana e no anúncio do evangelho
da paz”, (CONIC, 2000, p. 22) como objetivos específicos dessa ação foi proposto
“uma prática de vida em que valores morais e éticos exaltem a dignidade da
pessoa, evitem as exclusões que marginalizam pessoas e grupos, criem condições
de paz na convivência cotidiana” (CONIC, 2000, p. 22) e também “lutar por políticas
sociais e democráticas e promover a solidariedade e a partilha, no respeito aos
direitos fundamentais à subsistência e ás condições sustentáveis de vida digna de
todos, contra o apartheid social e econômico”. (CONIC, 2000, p. 22-23)
67
reformar e aperfeiçoar a legislação e as instituições responsáveis pela segurança
pública, tendo em vista o respeito aos direitos humanos e a sua inviolabilidade”
(CONIC, 2205, p. 48).
Na CFE de 2010 teve como tema: Economia e vida, e como lema: Vocês não
podem ser a Deus e ao Dinheiro (Mt 6, 24). Nesta edição da campanha ecumênica
tinha como objetivo colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida,
refletindo sobre a cultura de paz e a união das Igrejas Cristãs e das pessoas de boa
vontade para a construção de uma melhor sociedade (CONIC, 2009, p. 21) e como
objetivos específicos temos a “sensibilizar a sociedade sobre a importância de
valorizar todas as pessoas que a constituem” (CONIC, 2009, p. 21) e também mostrar
a relação entre fé e vida, a partir da prática da Justiça, como dimensão constitutiva
do anúncio do Evangelho” (CONIC, 2009, p. 22)
68
Figura 9: Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2010.
69
Figura 10: Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2016.
70
Figura 11: Identidade visual da Campanha Ecumênica de 2021.
71
FIXANDO O CONTEÚDO
72
3. (VUNESP/2016) Encontro histórico: Papa e patriarca ortodoxo se reúnem em Cuba.
O encontro ecumênico entre o papa Francisco, chefe da igreja católica romana, e
o patriarca Kirill, líder espiritual da igreja ortodoxa russa, que acontece em Havana
(Cuba), nesta sexta-feira (12 de fevereiro), é um evento histórico.
EBC, 12 fev.16. Disponível em: http://goo.gl/kdJUlu. Adaptado.
73
c) dogmatismo científico.
d) secularismo.
e) fanatismo.
6. ( IBADE/2020) “Faz alguns anos, uma frase de Saint-Exupéry foi muito significativa
para a minha geração: “Amar, além do encontro de um com o outro, é também
olhar juntos na mesma direção”. Para a frente e para mais longe, sem solipsismos.
Hoje poderíamos dizer que o que fundamentalmente nos convoca é a salvação do
planeta e da pessoa humana.”
TEIXEIRA, Faustino (Org.). O diálogo inter-religioso como afirmação da vida. São Paulo: Paulinas, 1997. p. 23
a) Nova evangelização.
b) Diálogo inter-religioso.
c) Diálogo ecumênico.
d) Ecumenismo.
e) Reconhecimento da alteridade e da condição humana.
7. (IDECAN/2016) Com o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a
justiça qual riacho que não seca”, a Campanha da Fraternidade 2016, uma parceria
da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – e o Conselho Nacional de
Igrejas Cristã (Conic) trata de um tema de grande importância para o cenário social,
político e econômico do Brasil. Trata-se do(a):
a) Escassez de água.
b) Saneamento básico.
c) Corrupção na política.
d) Defesa do meio ambiente.
e) Violência urbana.
74
8. (FUNDATEC/ 2019) Analise as seguintes afirmações tendo como base o diálogo
inter-religioso e a possibilidade ou não de refletir esses temas em sala de aula,
observando as orientações curriculares nacionais do ensino religioso, e assinale a
alternativa correta.
I. Corão é a palavra de Deus revelada ao profeta Mohamed.
II. Bíblia é o livro sagrado dos cristãos.
III. Vedas para os hinduístas, é a religião que nasceu na Índia.
a) Respeitando a cultura de cada povo, de cada religião, não é possível refletir sobre
o Deus revelado ao profeta Mohamed, como foi expresso na assertiva I.
b) A assertiva II contempla todas as religiões e culturas, porque aproximadamente
80% da população mundial é cristã.
c) A assertiva III tem uma relação profunda com o cristianismo, pois os princípios
éticos morais são os mesmos, aceitá-los e ensiná-los com parcialidades configura
uma relação de diálogo inter-religioso.
d) A educação pensada dentro de um processo de entendimento entre todas as
tradições religiosas do mundo aguça a razão, a flexibilidade e o desenvolvimento
da capacidade humana. Portanto, considerando esse princípio, todas as assertivas
fazem parte do arquétipo de conteúdo para reflexão e estudos em sala de aula.
e) O Corão é a palavra de Deus revelada, assim como também a Bíblia é o livro
sagrado dos cristãos, portanto diálogo inter-religioso é ensinar as duas disciplinas na
sua essência nas escolas.
75
O ESPAÇO PÚBLICO E A UNIDADE
DIVERSIDADE RELIGIOSA
5.1 INTRODUÇÃO
05
Nesta quinta unidade, vamos discutir algumas questões relacionadas ao
conceito de intolerância religiosa como ele chegou a ser formado dentro da
sociedade, além disso serão discutidos alguns exemplos históricos de intolerância
religiosa que foram objetos de justificação de atitudes e atos errôneos ou infelizes na
nossa sociedade. Dando continuidade, falaremos sobre o conceito de espaço
sagrado, ou espaço religioso, onde são professados as crenças, rituais, ritos, fé, de
milhares de pessoas que saem de suas casas para o convívio e harmonia com o
sagrado. Por fim, trataremos sobre as legislações que garantem a liberdade religiosa
partindo de documentos mundiais e trazendo para a realidade brasileira com as
garantias constitucionais e leis de apoio. Esperamos que nesta unidade você possa
compreender como espaço público para o campo religioso é plural e diverso.
76
espaços sagrados. Como discute o autor sobre a relação entre tolerância e
intolerância:
77
direcionado aos povos hebraicos, como os judeus) já ocorriam desde o Império
Romano por conta dos conflitos existentes entre católicos e judeus. Essa perseguição
teve seu auge durante o Terceiro Reich na Alemanha nazista. A intolerância nazista
resultou na morte de mais de seis milhões de judeus, ideias essas de cunho ideológico
de extermino daquilo que é diferente das suas crenças e convicções religiões, que
infelizmente permanecem ainda em grupos isolados.
No século XXI, podemos ainda falar de um outro acontecimento que resultou
em intolerância religiosa e “estigmatismo” da religião. O desdobramento dos
atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, foi o motivo que levou o governo
estadunidense comandado por Bush a uma ofensiva contra países do Oriente Médio
numa guerra contra o terror. Mas entenda que, a ofensiva foi direcionada a um
grupo terroristas liderados por radicais islâmicos (os xiitas, que possuem
interpretações radicais e são 16% dos muçulmanos), o resultado deste estado de
guerra que foi direcionada a um grupo especifico, já citado, acabou que
promovendo um pensamento estereotipado que todo (no universal) os islâmicos são
e promovem o terrorismo.
Para que consigamos ter um olhar atento sobre a tolerância, em especial nas
sociedades modernas, Geffré (1993) traz para nós reflexões de como chegar a uma
tolerância que seja garantidora para além da liberdade religiosa,
78
Diante do que foi exposto sobre a intolerância religiosa especificamente, como você
aluno (a) e posteriormente professor (a) acredita que poderá colaborar para a tolerância
religiosa nas suas aulas, salas de aula, escolas? Você já deve ter ouvido pelo mundo que
há trabalhos que são feitos como o trabalho das formiguinhas, são trabalho mínimos,
quase imperceptíveis, mas que ano após ano, vamos percebendo posturas dos nossos
alunos e dos colegas professores que não são da área de ciências da religião, ou do
ensino religioso, e que nunca passaram a perceber o quão é diverso a realidade dos
nossos alunos, em condições econômicas, familiares e religiosas. Pense, reflita e veja o
tamanho do impacto que você planeja para fornecer a sua comunidade escolar um
espaço que respeita as diferenças individuais, coletivas e religiosas.
79
um sentido de obrigação intrínseca: ele não apenas encoraja a devoção como
exige, não apenas induz a aceitação intelectual como reforça o compromisso
emocional”.
Gil Filho (2008) acredita que o espaço sagrado faz parte daquilo que
chamamos de uma consciência concreta que “se apresenta como palco
privilegiado das práticas religiosas. Por ser próprio do mundo da percepção, o
espaço sagrado apresenta marcas distintivas da religião, conferindo-lhe
singularidades peculiares aos mundos religiosos”. Desta mesma forma, Cassirer (1994)
afirma que o espaço sagrado também faz parte de uma construção humana a
partir do universo religioso. “Não estando mais num universo meramente físico, o
homem vive em um universo simbólico. A linguagem, o mito, a arte e a religião são
partes desse universo. São os variados fios que tecem a rede simbólica, o
emaranhado da experiencia humana”.
Vimos acima o conceito de espaços sagrados e suas discussões, porém neste
momento passaremos para uma relação prática destas conceituações, que é a
compreensão de que há objetos religiosos em nossa sociedade pois demarcam a
história do nosso povo. Desde o descobrimento do Brasil que nós temos uma prática
religiosa perpetuada em nossa sociedade, posteriormente, a religião se torna objeto
oficial em norma constitucional, e por fim construções e edificações fizeram e fazem
parte do convívio social. Gostaria neste momento de apresentar o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que foi criado em 13 de janeiro de
1937 por meio de uma lei assinada pelo então presidente a época, Getúlio Vargas.
O instituto tem como objetivo responder pela conservação, salvaguarda e
monitoramento do Patrimônio Cultural Brasileiro conforme é definido nos artigos 215
e 216 da Constituição Federal de 1988.
Você provavelmente deve estar se perguntando, o que tem haver o Iphan
com as discussões sobre o espaço religioso? Pois bem, além de apresentar o instituto,
e queria trazer para conhecer que há elementos “patrimônios” que são ligadas as
religiões e que são protegidas por esta instituto e que pode ser imensamente
ampliado em discussões para a sala de aula ou mesmo para o seu conhecimento
intelectual. Então o que patrimônio material? Segundo o Iphan, são aqueles bens
que são tombados que possuem natureza material, podendo ser imóveis: cidades
históricas, igrejas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais: móveis,
coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos,
80
arquivísticos entre outros. Já o patrimônio imaterial pode ser compreendido como
um conjunto de práticas, representações, conhecimento e técnicas que sejam
ligadas a uma determinada comunidade ou a um grupo de indivíduos.
Entre esses patrimônios materiais e imateriais se dispõem vários meios religiosos
que precisam serem conhecidos e apreciados, não importa em qual cidade ou
Estado você esteja estudando, como indicação de sites e aprofundamento de
estudos, serão colocados indicações para que você possa conhecer quais
patrimônios materiais e imateriais são disponíveis na sua região para que você possa
conhecer e transmitir esse conhecimento religioso de preservação do patrimônio,
com foco no patrimônio religioso. Cabe-se ainda muitas ressalvas entre esses
considerados “patrimônios” nacionais, pois ainda há inúmeros espaços sagrados
que esperam a sua identificação como elemento estruturante de história de um
povo, de uma religião ou de uma comunidade.
Você caro aluno (a) deve ficar atento a três conceitos importantes dessa unidade:
1. Espaços sagrados: são locais em que há cultos ou práticas religiosas diversas em que
há manifestação do sagrado.
2. Patrimônio material: são aqueles bens que são tombados que possuem natureza
material, podendo ser imóveis: cidades históricas, igrejas, sítios arqueológicos e
paisagísticos e bens individuais: móveis, coleções arqueológicas, acervos museológicos,
documentais, bibliográficos, arquivísticos entre outros.
81
Para que você aluno (a) possa se aprofundar nas questões ligadas sobre a religião e o
espaço púbico é interessante que você realize a leitura do capítulo 3 do livro: Geografia
das religiões, que tem como tema: Lugares sagrados, escrito por Simone Mota Silva.
Disponível no link: https://bit.ly/415IwoM. Acesso em: 20 jan. 2023.
Para além disso, fica também a sugestão do site do IPHAN onde você irá encontrar os
Patrimônios Materiais e Imateriais. Disponível em: https://bit.ly/3KdDtvV. Acesso em: 20 jan.
2023.
O Estado Brasileiro como se deve ter ciência é laico, isso quer dizer que, deve
respeitar toda e qualquer crença religiosa, bem como a garantia da inexistência
dela. Então, cabe ao Estado a garantia da liberdade de culto, tratando de forma
igual as religiões de crenças.
Segundo o artigo 19 da Constituição Brasileira de 1988, o Estado não deve,
portanto, possuir preferências ou privilégios em favor de uma religião em particular,
deve o Estado garantir que todas as religiões possam conviver em par de igualdade,
por meio do respeito as escolhas individuais, sem perseguições ou discriminações,
devendo o espaço público e o locais de culto e encontros assegurado para todos
e todas.
Mesmo com toda a explicação acima, sobre o conceito de proteção de
atividade religiosas ou não, que devem serem asseguradas pelo Estado não foi ou é
um favor ou um simples benefício que os governantes no uso do poder a frente do
Estado fazem para as instituições religiosas, mas sim, uma pressão mundial sobre a
temática. A partir deste momento, daremos continuidade puxando um pouco mais
da temática, utilizando o “juridiquês”, ou seja, utilizando as legislações existentes no
mundo e no Brasil para solidificar que o Estado tem compromissos e
responsabilidades por meio das leis e normas. E um conhecimento fundamental para
você aluno (a) para que possa conhecer as legislações que tratam sobre as religiões
que possam embasar a sua atividade docente num futuro próximo.
De todas as legislações que aqui serão citadas, gostaríamos de discutir sobre
uma específica, pois ela traz para nós definições assertivas sobre o que seja as formas
de discriminação, racismo e intolerância. O Decreto Federal nº 10.932, de 10 de
82
janeiro de 2022 promulgou os compromissos elaborados na Convenção
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de
Intolerância que foi realizada na 43ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da
Organização dos Estados Americanos, que foi realizada na Guatemala, em 05 de
Junho de 2013. Ficaram definidos os seguintes conceitos:
83
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 10 de
dezembro de 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, afirma em seus artigos
as seguintes relações com a religião,
84
Para que você possa continuar em um aprofundamento sobre as questões trabalhadas,
deixaremos para você a sugestão da leitura da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que será sem dúvidas um elemento basilar para compreender os elementos
da sociedade e os direitos que deveriam ou devem serem garantido a todas as pessoas.
85
FIXANDO O CONTEÚDO
86
I. No Brasil, apesar de existir a intolerância, não existem, ainda, leis específicas acerca
desses casos, que são tratados como desentendimentos comuns.
II. Em nosso país, reconhecendo que somos um estado laico, a prática de ato de
intolerância religiosa constitui violação que deve ser tratada no âmbito das igrejas,
e não do governo.
III. No Brasil preconiza-se como inviolável a liberdade de consciência e de crença e
o livre exercício dos cultos religiosos, bem como a proteção aos locais de culto e as
suas liturgias.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
87
V. O país se tornou um laboratório de fé, em razão das mudanças culturais, de modo
que algumas religiões caíram no esquecimento e outras se adaptaram ou surgiram.
Estão corretas apenas as afirmativas
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) II, III e V.
d) III, IV e V.
e) III e I
Há 20 anos, a Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda de
Ogum, faleceu em decorrência de um ataque motivado por intolerância religiosa.
Em sua homenagem à data foi instituído o Dia Nacional de Combate à Intolerância,
comemorado todo dia:
a) 22 de agosto.
88
b) 21 de janeiro.
c) 5 de novembro.
d) 20 de novembro.
e) 03 de março.
89
a) migrações humanas forçadas.
b) misoginia.
c) desmatamento.
d) pandemias.
e) globalização.
90
O ESPAÇO POLÍTICO E A UNIDADE
DIVERSIDADE RELIGIOSA
6.1 INTRODUÇÃO
06
Nesta unidade sexta, trabalharemos com a apresentação dos dados
do censo demográfico de 2010, em virtude do censo da década de 20 ainda não
ter sido concluído. Apresentaremos como a sociedade brasileira ela é constituída
por meio das mais diversas religiões existentes. Posteriormente vamos compreender
como que as religiões buscam tornar suas pautas importantes temas políticos, já há
alguns anos, porém intensificado na atualidade, com formação de bancadas e
frentes relacionadas a princípios postos pelas religiões e qual o cenário em que as
igrejas católicas e evangélicas buscam na esfera de representação pública. Para
finalizar vamos a busca por uma definição do que seja um Estado Laico e de que
forma ele garante as religiões a sua diversidade religiosa.
91
se perguntando qual a finalidade do censo? Pois bem, como o Brasil é gigante, uma
das formas de conhecê-lo é através do Censo, verificando a quantidade de pessoas
existentes no país, qual seu sexo, cor, qual religião professa, qual seu nível de
escolaridade, e um perfil socioeconômico. No quesito econômico é ainda mais
importante, pois o Censo demonstra que cidades e Estados cresceram,
consequentemente exigem um maior grau de recursos e investimentos, por exemplo
para a saúde, para a educação, entre outros. Ou seja, um planejamento de políticas
públicas que seja eficiente para a sociedade, e se baseia no censo.
Como objeto de conhecer o povo brasileiro, no questionário uma das
perguntas se refere a quais religiões são professadas pelo povo brasileiro ou a sua
não existência. Para exemplificar os dados, usamos o último Censo realizado pelo
IBGE que é o do ano de 2010, em tese já deveríamos ter um outro censo, porém com
o período de Pandemia do Coronavírus-19 e a falta de interesse político, foi adiado
para o ano de 2021, e depois para o ano de 2022, porém os resultados consolidados
só devem ser publicados em 2023 fazendo a possibilidade de um material
suplementar para discutir essas questões, ou até mesmo uma comparação ao longo
desses 12 anos. Vamos aos dados!
No Censo de 2010, realizado pelo IBGE a população brasileira era composta
por 190.755.799 pessoas, distribuídas em 5.565 municípios e mais de 67,5 milhões de
domicílios. Poderá ser visto na tabela abaixo de maneira visual os dados
apresentados aqui. Neste censo foi apresentado que 64,99% da população se
declarou católica, enquanto 22,89% afirmaram ser evangélica. Sendo que essa
opção no questionário poderia ser afirmada em três subcategorias: Missionária,
Pentecostal e Não-determinada. Sendo as evangélicas de missão, por exemplo:
igrejas Batistas, Metodista, Congregacional, Adventista entre outras. E as
pentecostais pelas Assembleias de Deus, Maranata, Deus é amor, entre outras. Por
fim, foi afirmado por algumas pessoas que por vários fatores não indicaram uma das
formas apresentadas, denominando-os como os não-determinados. Cerca de 8,04%
da população, cerca de 15 milhões aproximadamente, disseram não ter religião
alguma. Os espíritas foram identificados com cerca de 2%. O candomblé, umbanda
e outras religiosidades de matriz africana representavam cerca de 0,31% da
população. Os islâmicos cerca de 0,02% e os judeus cerca de 0,06%. Confira os
dados na tabela:
92
Tabela 1: Censo de 2010 conforme a religião
Religião Porcentagem
Católica 64,99%
Evangélica 22,89%
Sem religião 8,04%
Espírita 2,02%
Religiosidade Cristã Não Determinada 0,76%
Não determinada e múltiplo pertencimento 0,34%
Candomblé, Umbanda e outras religiões de matriz afro-brasileira 0,31%
Budismo, Hinduísmo e Outras Religiões Orientais 0,22%
Não sabiam e sem declaração 0,13%
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias 0,12%
Judaísmo 0,06%
Tradições Esotéricas 0,04%
Tradições Indígenas 0,03%
Espiritualista 0,03%
Islamismo 0,02%
LBV/Religião de Deus 0,01%
Ortodoxa Cristã 0,01%
Exército da Salvação 0,00%
Fonte: Censo (2010)
Para que você possa se aprofundar nos dados do Censo de 2010, por idade, por Estado,
por gênero, por escolaridade e outros filtros deixaremos aqui o link do site do IBGE onde
é divulgado esses dados para que você veja todas as realidades existentes, inclusive uma
análise da sua região e do seu Estado. Link: https://bit.ly/3zzgxSL. Acesso em: 20 jan. 2023.
Após ter conhecido os dados do IBGE que reflexões podem serem feitas para a sua
prática docente? Conhecendo o perfil do seu Estado, por exemplo, seria interessante
proporcionar aos seus alunos o acesso a esses dados e posteriormente montar um
trabalho de apresentação dos principais centros religiosos do Estado ou da cidade.
Remontando a história do povo, localização, crença, fé, atrelado aos dados do IBGE.
93
iluminismo e fruto da Revolução Francesa na Constituição de 1891 em tese jurídica
houve uma separação da Igreja e do Estado, em tese pois a religião nunca deixou
de ter influência no Estado, na esfera pública e na política. O catolicismo por
exemplo, era considerada a religião da nação, que mesmo após a separação,
ainda vigorava em determinamos momentos histórico não de Estado, mas por vezes
em governo como no Governo de Getúlio Vargas e seus sucessores, causando uma
hegemonia cultural na sociedade. Por meio de concessões a Igreja Católica com
organização de ritos cívicos como: missas campais, crucifixos e cruzeiros nos lugares
públicos, na família pelo reconhecimento religioso, a não cultura do divórcio; na
escola, por meio do ensino religioso nas escolas públicas; na saúde, pelo
financiamento das Santas Casas de Misericórdia. (DELLA CAVA, 1976; OLIVEIRA,
1992).
Contudo foi notório perceber que a partir de 1980 houve um crescimento do
setor evangélico pentecostal entrando no espaço até então hegemônico pela
Igreja Católica, convertendo sua representatividade social e simbólica em presença
na esfera pública. Nesta década há um evento na sociedade brasileira que é a
promulgação da Constituição de 1988, com isso os setores evangélicos passaram a
criar planos estratégicos para ocupar cargos no espaço público, onde
anteriormente era visto como “crente não se mete em política” e passa a ter uma
participação ativa dentro da sociedade, pelo viés de um novo slogan “evangélico
vota em evangélico” (MARIANO, 2011, p. 247).
Agora com o setor evangélico engajado das ações políticas, sua pauta de
atuação de baseiam nas questões morais e na ampliação da sua visibilidade,
enquanto igreja, crentes, comunhão com Deus, as leis de Deus, levadas ao exercício
da figura pública, antes privativa dentro das igrejas. Temas até hoje discutidos na
sociedade foram levantados, como: descriminalização do aborto, liberação e
consumo de drogas, união civil de casais homossexuais, defendendo os princípios e
valores da moral cristã, a família e os bons costumes. Demandando aos governos a
concessão de emissoras de rádio e televisão, e recursos públicos que atendam
financeiramente propostas de organizações com viés religiosa que façam
atendimentos e ações assistenciais que para eles seria um objeto de interesse
público (PIERUCCI, 1988; MARIANO, 2011, p. 251).
A Igreja Católica percebendo as estratégias das Igrejas Evangélicas sobre as
discussões do espaço público também entrou em ação na defesa de suas pautas.
94
Mesmo após o papado de João Paulo II e Bento XVI, quando a igreja abandona
gradativamente as relações politizadas pelas lutas sociais e retoma uma perspectiva
mais centralizada na fé na forma de influência moral e de comportamento, em
contraponto a crescente competição por adeptos com os evangélicos. Por isso a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começou a pressionar
parlamentares e autoridades para que estes façam legislações de acordo com os
princípios católicos, como por exemplo: família nos moldes tradicionais, contra o
aborto, inexistência dos métodos contra conceptivos, eutanásia, manutenção do
ensino religioso nas escolas públicas e contra a união civil de homossexuais.
(MARIANO, 2011, p. 249). Em alguns momentos as pautas se aproximam de alianças
com os pentecostais, em outra já um distanciamento. Como outra medida da igreja,
foi a indicação de candidatos ditos católicos e a defesa dos calores católicos para
ocupar cargos nos parlamentos, geralmente oriundos da “Renovação Carismática
Católica (RCC) dentro do também slogan “católico vota em católico!”. (MARIANO,
2011, p. 249).
Desta forma, eleição após eleição, se ampliam o número de parlamentares e
bancadas ligadas as religiões sejam evangélicas ou católica. Como visto
anteriormente, o Brasil é um país religioso, vamos dizer que somente 10% sejam ateus
ou não acreditem nas religiões, temos aí um número elevado de pessoas que tem e
possuem religiões, praticantes ou não. Desta forma a figura religiosa passa a ser
tonalizada como elemento de poder, além de religioso, político. Isso vai se
evidenciar por meio de bancadas e frentes religiosas, exortações, bençãos com
imposição de mãos em candidatos a prefeitos, governadores e presidentes,
performances de cultos, leitura de versículos entre outras formas. Na igreja Católica
por exemplo, essa condição de apresentação de suas atuações são apresentas por
meio de um esquema midiático ligada as televisões católicas, seus representantes
midiáticos, padre cantores, padre palestrantes, entre outros membros que fazem
ações públicas.
95
Como indicação para um aprofundamento sobre a temática fica o artigo: Religião,
política e cultura, de Joanildo A. Burity para que você possa compreender como essa
tríade está e sempre esteve ligada desde os tempos remotos, as discussões
contemporâneas. Disponível em: https://bit.ly/3KBERKc. Acesso em: 20 jan. 2023.
Para que você possa compreender que não nenhuma intenção de deturpação da
imagem de nenhuma das religiões citadas anteriormente, mas sim uma forma de
investigação por meio de dados científicos, ligadas à área de ciências humanas como
sociologia, antropologia entre outras, que estudam os fenômenos religiosos e a
introspecção desses fenômenos na sociedade, seja de forma politizada, social, espirituais
e outras formas. Não podemos negar que estes detêm poderem de influenciar pessoas
na sua condição de vida particular e coletiva. E esses assuntos e temática retornaram
para você, por meio de comentários, notícias, informações, debates, que ocorreram em
sua sala de aula, no planejamento por área, na reunião de país e mestres entre outras
formas de indagação do exercício do profissional de ensino religioso.
96
qualquer papel nas suas estruturas administrativas. (BASTOS, 2000, p.
192).
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Também há um documento muito importante que versa sobre essa temática que é a
Declaração Universal de Liberdade Laica, que afirmar que:
Artigo 5. Um processo laicizador emerge quando o Estado não está mais legitimado por
uma religião ou por uma corrente de pensamento específica, e quando o conjunto de
cidadãos puder deliberar pacificamente, com igualdade de direitos e dignidade, para
exercer sua soberania no exercício do poder político. Respeitando os princípios indicados,
este processo se dá através de uma relação íntima com a formação de todo o Estado
moderno, que pretende garantir os direitos fundamentais de cada cidadão. Então, os
elementos da laicidade aparecem necessariamente em toda a sociedade que deseja
harmonizar relações sociais marcadas por interesses e concepções morais ou religiosas
plurais.
98
FIXANDO O CONTEÚDO
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d) As religiões não cristãs, como a judaica, islâmica e hinduísta conseguem, na sua
totalidade, ultrapassar o número de cristãos no Brasil.
e) O Brasil ainda é a maior nação católica do mundo, mas, na última década,
perdeu muitos fiéis.
5. (AOCP/2013) O Brasil é um país Laico. País Laico é aquele que não possui uma
religião oficial, mantendo-se neutro e imparcial no que se refere aos temas religiosos.
O Estado laico favorece, através de leis e ações, a boa convivência entre os credos
e religiões, combatendo o preconceito e a discriminação religiosa. Em torno desta
informação, iniciou-se no mês de novembro uma polêmica movida pelo procurador
regional dos direitos do cidadão Jefferson Aparecido Dias, causando repercussão
entre diversas classes religiosas do país, como pastores, fiéis etc. O argumento
utilizado pelo procurador é que o princípio do estado laico está sendo ferido.
Assinale a alternativa que apresenta o motivo da polêmica citada acima.
a) A retirada da inscrição “Deus é fiel” do Ministério Público.
b) A retirada da frase “Deus seja louvado” das cédulas de real.
c) A retirada do Crucifixo do Ministério Público.
d) A retirada da frase “Deus é fiel” das cédulas de real.
e) A inclusão nas cédulas de Real da inscrição” Jesus seja louvado”.
100
b) Criar distinções entre brasileiros.
c) Estabelecer cultos religiosos.
d) Recusar fé aos documentos públicos.
e) N.R.A.
8. (ADVISE/2016) Análise:
I - O Brasil é um país com Estado laico, pois em nossa Constituição há um artigo que
garante liberdade de culto religioso;
II – No Brasil existe, a separação entre o Estado (União) e a Igreja;
III – Até o ano de 1949 o Brasil era um país confessional católico.
Está(ao) correto(s) o(s) item(ns):
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.
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RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 E
UNIDADE 03 UNIDADE 04
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 D
UNIDADE 05 UNIDADE 06
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 D
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