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FACULDADE ÚNICA

DE IPATINGA
Felipe Júnio de Souza Oliveira

Doutorando em Educação. Mestre em Educação e Docência, na linha de Educação


Matemática, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista em Matemática
Financeira e Estatística e especialista em Metodologia do Ensino de Matemática e Física.
Graduado em Matemática pela Universidade de Uberaba. É membro do Grupo de
Pesquisa Estudos sobre Numeramento da Universidade Federal de Minas Gerais e do Grupo
Interinstitucional de Pesquisa em Educação Matemática e Sociedade pela Unisinos. Atua
como professor de Matemática na Educação Básica e professor universitário na
Universidade do Estado de Minas Gerais. Atualmente, desenvolve trabalhos e pesquisas
sobre letramento estatístico, numeramento, uso pedagógico de pesquisas de opinião,
teoria histórico-cultural da atividade e Educação de Jovens e Adultos.

GEOMETRIA: FUNDAMENTOS E MÉTODOS


DE ENSINO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

1ª edição
Ipatinga – MG
2021
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL

Diretor Geral: Valdir Henrique Valério


Diretor Executivo: William José Ferreira
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
Revisão Gramatical e Ortográfica: Bruna Carolina de Almeida Salles
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Bruna Luiza Mendes Leite
Carla Jordânia G. de Souza
Guilherme Prado Salles
Rubens Henrique L. de Oliveira
Design: Brayan Lazarino Santos
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Luiza Filgueiras
Taisser Gustavo de Soares Duarte

© 2021, Faculdade Única.

Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.

NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA


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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com
uma função específica, mostradas a seguir:

São sugestões de links para vídeos, documentos científi-


co (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou
links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo
abordado.
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações
importantes nas quais você deve ter um maior grau de
atenção!

São exercícios de fixação do conteúdo abordado em


cada unidade do livro.

São para o esclarecimento do significado de


determinados termos/palavras mostradas ao longo do
livro.
Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões
citadas em cada unidade, associando-o a suas ações,
seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano.

4
SUMÁRIO

UNIDADE GEOMETRIA PLANA: HISTÓRIA, CIÊNCIA DEDUTIVA E CONCEITOS


BASILARES ............................................................................................................... 8

01 1.1
1.2
1.3
1.4
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 8
A GEOMETRIA PLANA COMO CONSTRUÇÃO HUMANA .................................... 9
DO SENSO COMUM À CIÊNCIA DEDUTIVA ......................................................... 13
CONCEITOS FUNDAMENTAIS E POSTULARES ....................................................... 18
22

GEOMETRIA PLANA BÁSICA DA RETA E DO DESENHO GEOMÉTRICO . 28


UNIDADE

02
2.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 28
2.2 ESTUDO DAS RETAS ............................................................................................. 29
2.3 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE DESENHO ........................................................ 34
2.4 CONSTRUÇÕES ELEMENTARES ........................................................................... 36
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 41

TÓPICOS DE GEOMETRIA PLANA BÁSICA ESTRUTURAL E ALGUMAS


UNIDADE CONSTRUÇÕES ESPECIAIS ...................................................................... 46

03
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 46
3.2 ESTUDO DE ÂNGULOS E REGIÕES ANGULARES ................................................... 46
3.3 OS POLÍGONOS E ALGUMAS PARTICULARIDADES ............................................. 50
3.2.1 Triângulos ou triláteros ........................................................................ 53
3.2.2 Quadriláteros ou quadrângulos ........................................................ 56
3.4 AS CIRCUNFERÊNCIAS, OS CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS ............................... 59
3.5 CONSTRUÇÕES ESPECIAIS ...................................................................................... 63
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................... 71

TÓPICOS ESPECIAIS E APLICADOS À GEOMETRIA PLANA.................... 76


UNIDADE

04
4.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 76
4.2 SEMELHANÇAS ENTRE REGIÕES PLANAS........................................................... 76
4.3 REGULARIDADES POLIGONAIS, INSCRIÇÕES E CIRCUNSCRIÇÕES ................. 79
4.4 ÁREAS DE FIGURAS PLANAS .............................................................................. 82
4.5 A SIMETRIA E OS SEUS FENÔMENOS .................................................................. 84
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 87

UNIDADE GEOMETRIA ESCALAR, HOMOTETIA E OUTRAS CONSTRUÇÕES ESPECIAIS


................................................................................................................. 92

05 5.1
5.2
5.3
5.4
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 92
ESCALAS.............................................................................................................. 92
A HOMOTETIA E AS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS ................................. 94
CONSTRUÇÕES ESPECIAIS COM TANGRAM E ORIGAMI ................................. 97
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 102

5
UNIDADE AS CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO. 108

06
6.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 108
6.2 ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOMETRIA PLANA .......................................... 108
6.3 PROJETOS DE GEOMETRIA PLANA COM O USO DE SOFTWARES................... 110
6.4 APLICAÇÕES ARQUITETÔNICAS A PARTIR DA GEOMETRIA PLANA .............. 113
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 117

UNIDADE VETORES NO PLANO E NO ESPAÇO..................................................... 122

07
7.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 122
7.1.1 Vetores no plano .................................................................................. 122
7.2 NORMA DE UM VETOR NO PLANO .................................................................. 123
7.3 OPERAÇÕES BÁSICAS COM VETORES NO PLANO ......................................... 124
7.1.2 Multiplicação de um vetor por um escalar ..................................... 124
7.1.3 Adição de vetores ................................................................................ 124
7.4 VETORES NO ESPAÇO ℝ𝟑................................................................................. 127
7.5 VETORES NO ℝ𝒏................................................................................................ 128
FIXANDO OCONTEÚDO .............................................................................................. 129

UNIDADE COMBINAÇÃO LINEAR......................................................................... 133

08
8.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 133
8.2 DISTÂNCIA ENTRE DOIS VETORES .................................................................... 133
8.3 ÂNGULO ENTRE DOIS VETORES ........................................................................ 134
8.4 PRODUTO VETORIAL ......................................................................................... 136
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 138

5
UNIDADE SISTEMAS LINEARES ............................................................................... 143

09
9.1 EQUAÇÕES LINEARES ....................................................................................... 143
9.2 SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO LINEAR ........................................................... 143
9.3 SISTEMA LINEAR ................................................................................................ 144
9.4 SOLUÇÃO DE UM SISTEMA LINEAR .................................................................. 145
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 150

5
ESPAÇO VETORIAL ................................................................................ 154
UNIDADE

10
10.1 DEFINIÇÃO ........................................................................................................ 154
10.2 PROPRIEDADES DE UM ESPAÇO VETORIAL ..................................................... 155
10.3 SUBESPAÇOS VETORIAIS .................................................................................. 156
10.4 COMBINAÇÃO LINEAR .................................................................................... 157
10.5 DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA LINEAR ...................................................... 157
10.6 BASE DE UM ESPAÇO VETORIAL ...................................................................... 159
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 161

5
UNIDADE TRANSFORMAÇÕES LINEARES .............................................................. 166

11
11.1 DEFINIÇÃO ........................................................................................................ 166
11.2 PROPRIEDADES DAS TRANSFORMAÇÕES LINEARES ....................................... 167
11.3 AUTOVALORES E AUTOVETORES ...................................................................... 169
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 170

5
6
UNIDADE GEOMETRIA ANALÍTICA........................................................................ 175

12
12.1 PLANO CARTESIANO E PONTOS ...................................................................... 175
12.1.1 Ponto no plano cartesiano ......................................................... 175
12.2 NOÇÕES DA RETA NO PLANO ......................................................................... 180
12.3 DISTÂNCIA ENTRE PONTO E RETA .................................................................... 184
12.4 ESTUDO DA CIRCUNFERÊNCIA......................................................................... 185
12.5 ESTUDO DAS CÔNICAS – ELIPSE ...................................................................... 187

5
12.6 ESTUDO DAS CÔNICAS – HIPÉRBOLE .............................................................. 189
.1 ESTUDO DAS CÔNICAS – PARÁBOLA.............................................................. 193
12.7 PLANOS NO ESPAÇO E QUÁDRICAS NO ℝ𝟑 .................................................. 196
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 200

7
GEOMETRIA PLANA: HISTÓRIA, UNIDADE
CIÊNCIA DEDUTIVA E CONCEITOS
BASILARES
01
INTRODUÇÃO

“Linha curva: o caminho mais agradável entre dois pontos”.


― Mário Quintana

Quanta inspiração nesse lindo verso do poeta brasileiro Mário Quintana. De


forma agradável, ele nos propõe uma reflexão sobre um dos princípios mais básicos
da Geometria Euclidiana: uma única reta passa por dois pontos distintos, mas infinitas
linhas curvas, coplanares ou não, também passam por esses mesmos pontos.
Para além da poesia e da beleza estética, a Geometria é uma das áreas da
Matemática responsável por sistematizar conhecimentos relacionados às formas,
posições, relações e propriedades de (e entre os) objetos concretos ou abstratos no
espaço. É uma palavra de origem grega, em que “geo” significaria terra e “metria”,
variante de “métron”, seria medida, ou seja, medida da terra em tradução mais
corrente. Essa informação já nos fornece pistas sobre as origens e formas de
desenvolvimento desse campo.
Apesar de existirem diferentes geometrias (formais e não formais) que surgiram
de forma independente em várias culturas e épocas distintas, neste texto,
focalizaremos a Geometria Plana e algumas construções geométricas decorrentes
dela. Para tal, iniciaremos, na próxima seção, um estudo sobre a Geometria Plana na
perspectiva de que ela é uma construção humana e cultural.

8
A GEOMETRIA PLANA COMO CONSTRUÇÃO HUMANA

Observe as figuras a seguir e tente perceber alguma semelhança entre elas.


Sabe o que elas têm em comum? Analise-as com bastante atenção e leia as notas.

Figura 1: Placas de barro com mapas da cidade babilônica de Nippur (~1300 a. C.)

Fonte: Weiss (2019)

9
Figura 2: Parede do palácio de Nínive, antiga região Assíria no norte da Mesopotâmia (~700
anos a.C)

Fonte: Silva (2021)

Figura 3: Quadro Mona Cat (2004) do pintor brasileiro Romero Britto

Fonte: Fuks (2019)

Figura 4: Exemplo de planta baixa de um apartamento

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3iNjRAU. Acesso em: 14 fev. 2021.

Conseguiu identificar semelhanças? Acreditamos que sim! Todas utilizaram e


mobilizaram alguns conhecimentos de Geometria Plana para a sua construção. Claro
que esses conhecimentos foram obtidos de diferentes formas, em épocas e lugares
diferentes e esses objetos foram feitos com instrumentos bem distintos, mas é possível
identificar semelhanças.
Na Figura 1, por exemplo, observamos dois fragmentos de barro, frutos de
escavações, datados de há mais de 1300 anos a.C, em que estudiosos indicam
conhecimentos de Geometria Plana sendo utilizados para mapear áreas

10
administrativas na Babilônia. Sobre a primeira placa, Weiss (2019) afirma que “esta
placa, que mapeia uma área próxima à cidade, apresenta uma complexa rede de
irrigação de valas e canais, representada por linhas, juntamente com uma série de
cidades e propriedades agrícolas, representadas por círculos”. Os traços grossos
representariam rios e canais de irrigação, sendo o principal deles em forma de “U”.
Na segunda placa, os principais templos seriam os quadrados margeados, algumas
áreas agrícolas e jardins estariam em forma de retângulo e trapézio, respectivamente,
e os traços mais finos ao redor seriam muralhas da cidade.
Já na Figura 2, é possível perceber que os Assírios já construíam rodas com raios
diametralmente opostos e ângulos centrais de mesma medida. Segundo Giovanni,
Giovanni Júnior e Castrucci (2015, p. 172), “tal fato nos leva a concluir que os povos
que viviam na Mesopotâmia, naquela época, já dominavam um processo de divisão
da circunferência em partes iguais”. Ainda de acordo com esses autores, esse pode
ser um dos problemas matemáticos mais antigos conhecidos na história da
civilização, pois, entre 4000 e 3000 anos a.C. Na mesma região mesopotâmica há
indícios de que, para registrar e contar o tempo, iniciou-se um processo de divisão do
movimento orbital circular do Sol em torno da Terra (assim como eles acreditavam
1
que acontecia naquela época) em 360 partes, supondo que representaria um
360
dia dessa órbita circular.
É de se admirar que, mais de três milênios depois, assim como representado
pelas Figuras 3 e 4, utilizemos noções semelhantes de Geometria Plana, assim como
os povos que viveram naquela época. Os traços do Cubismo e da chamada Pop Art
pintados por Romero Britto, assim como os desenhos técnicos dos projetos de planta
baixa de construções, feitos, muitas vezes, com o apoio de um computador, também
são inspirados por representações, sistematizadas ou não, da Geometria Plana.

11
Antes mesmo dos gregos darem origem à palavra Geometria, os conceitos, as
ideias e propriedades dela já eram utilizados em muitas culturas com diferentes
aprofundamentos e a partir de demandas distintas. Os egípcios, por exemplo, entre
os anos 4000 e 3000 a.C., por meio da emergência de comunidades que já possuíam
certa densidade populacional e em que práticas agrícolas e as edificações eram
comuns nas proximidades dos rios Nilo, Eufrates e Tigre, já utilizam noções de
Geometria de forma prática para medir e dividir terrenos, além de capitalizarem essas
terras para pagamento de impostos ao faraó proporcionais às áreas cultivadas. As
engenhosas e enigmáticas pirâmides de Gizé, construídas entre 3000 e 2000 anos a.C,
são uma demonstração do quão desenvolvidos poderiam ser os conhecimentos de
agrimensura e Geometria dos egípcios.
A notabilidade desses conhecimentos percorreu muitas regiões do
mediterrâneo e despertou a atenção de alguns gregos que buscaram, no Antigo
Egito, novas aplicações da Geometria. Nesse contexto, além de conhecerem e
adquirirem um acervo significativo sobre noções de Geometria que eram utilizadas
no Egito, os gregos deram um passo à frente dando ênfase às primeiras
sistematizações das teorias da Geometria e ao raciocínio dedutivo (COSTA, 2010). De
acordo com Giovanni, Bonjorno e Giovanni Júnior (1994, p. 408), “por volta de 600 a.
C., filósofos e matemáticos gregos, entre os quais podemos incluir Tales de Mileto e
Pitágoras, passaram a sistematizar os conhecimentos geométricos da época”. A
Geometria, até então, era puramente experimental, com muitas informações,
saberes e aplicações dispersos e sem compromisso com alguns fundamentos
matemáticos que já eram conhecidos na época e que se ligavam, de certa forma, à

12
Geometria.
Nessa perspectiva, um matemático grego estava na atmosfera para se tornar
um dos maiores expoentes da Geometria de todos os tempos, organizando
logicamente e conectando os conhecimentos matemáticos apropriados para dar
origem à Geometria Euclidiana. Euclides de Alexandria, conhecido como o “pai da
Geometria”, foi o responsável por conferir um embasamento teórico robusto e
axiomático aos conhecimentos matemáticos relacionados à Geometria conhecida
na época e sistematizada, principalmente, por ele. A Geometria Euclidiana que
ensinamos em sala de aula atualmente é praticamente a mesma de Euclides!

Na próxima seção, nos aprofundaremos mais nesse percurso que levou à


sistematização da Geometria e lhe conferiu um caráter de ciência dedutiva graças
aos estudos e conexões realizados por Euclides, além de destacarmos uma das
ramificações dessa sistematização: a Geometria Euclidiana Plana.

DO SENSO COMUM À CIÊNCIA DEDUTIVA

É consenso que, antes dos gregos, por volta do século VI a.C, grande parte dos
conhecimentos sobre Geometria era espalhada, muitas vezes sem suportes
matemáticos seguros e lógicos e carecia de registros que acumulariam e transmitiriam
os saberes socioculturais para as próximas gerações. Como já vimos anteriormente,
as geometrias egípcia e mesopotâmica eram, fundamentalmente, marcadas pelo

13
uso de artefatos empíricos e da observação para formularem ideias e aplicações
diretas para os trabalhos agrícolas e de edificação estrutural. Logo, a lógica do
pensamento era, metodologicamente, indutiva; ou seja, pela quantidade e
padronização de eventos, pelo senso comum e pelo uso comum de certas técnicas
socialmente repetidas e/ou testadas, argumentava-se, algumas vezes de forma até
mesmo autoritária, que casos particulares indicariam leis gerais que deveriam ser
aceitas como verdadeiras.
Claro que estamos analisando esse fato histórico de uma perspectiva
Ocidental. No entanto, a influência e o predomínio das produções gregas acerca da
Geometria, e Matemática em geral, se destacavam até mesmo no Oriente, em
especial, por dois fatores: os registros documentais e o método científico dedutivo. De
acordo com Giovanni, Bonjorno e Giovanni Júnior (1994, p. 408), “os gregos foram os
primeiros a introduzir o raciocínio dedutivo”, o que ampliou e impulsionou todos os
conhecimentos sistematizados, a partir de então, para outro patamar do
determinismo axiomático característico da Matemática como ciência.

14
Outro motivo para o poder sistematizador e difusor do conhecimento dos
gregos, especialmente no Ocidente, demonstrando forte hegemonia das escolas
gregas, é o caráter documental ao se registrar tudo o que se sabia de Geometria até
então, produzida por meio do senso comum, por agrícolas, construtores ou por
estudiosos. Textos, esboços, artefatos de desenho, protótipos e outros objetos eram
produzidos, estudados, analisados e interpretados seguindo uma lógica dedutiva.
Nesse bojo foi que, segundo Giovanni, Bonjorno e Giovanni Júnior (1994), o
matemático grego Euclides fez da cidade egípcia Alexandria, onde vivia, o centro
mundial da Geometria por volta de 300 anos a.C. Num processo rigoroso e
coordenado de sistematização dos conhecimentos de outros povos antigos e das
propriedades dos objetos geométricos, Euclides concebia a Geometria como “uma
ciência dedutiva cujo desenvolvimento partia de certas hipóteses básicas: os
axiomas ou postulados” (GIOVANNI; BONJORNO; GIOVANNI JÚNIOR, 1994, p. 408,
grifos nossos). Estudioso da Academia de Platão e partícipe do polo cultural que se
constituiu em torno da Biblioteca de Alexandria ao reunir vários sábios da época de
diferentes áreas (COSTA, 2010), Euclides “produziu uma extensa obra, tendo como
sustentação os axiomas e o método dedutivo. Sua obra maior, Os Elementos,
representou a primeira axiomatização da história da Matemática” (SANTOS;

15
NACARATO, 2014, p. 13, grifos das autoras).
Composto por 13 volumes, Os Elementos reuniram boa parte do que se sabia
de Geometria naquele tempo. Essa obra tornou-se tão importante após a sua
divulgação que toda a sistematização feita por Euclides passou a ser conhecida
como Geometria Euclidiana e, no decorrer da história, passou a ser categorizada
como Geometria Euclidiana Plana (estudos sobre os espaços uni e bidimensional),
Geometria Euclidiana Espacial (estudos sobre o espaço tridimensional) e Geometria
Euclidiana Analítica (também chamada de Geometria Cartesiana, abrange os
estudos sobre a Geometria Algébrica com base num sistema de coordenadas). Uma
imagem de duas versões de Os Elementos está na Figura 5.

Figura 5: Fragmentos de versões da obra Os Elementos, de Euclides de Alexandria (à


esquerda, primeira edição impressa em 1482. À direita, papiro encontrado no século XIX,
mas datado de cerca de 100 anos d. C.)

Fonte: Biblioteca Digital Mundial. Disponível em: https://bit.ly/3rCFHLj. Acesso em: 22 de fev.
2021.

Destarte, utilizando-se o raciocínio lógico-dedutivo num processo de análise a


partir da avaliação de premissas verdadeiras que, consequentemente, geravam
conclusões verdadeiras, Euclides precisou considerar proposições que deveriam ser
aceitas, eximindo-as de demonstrações ou provas (os axiomas) e outras que
poderiam ser demonstradas de alguma forma, mas não o fez (os postulados ou
noções comuns). São conceitos matemáticos muito relevantes que não necessitam
de demonstração para serem verdadeiros, pois fazem parte de um consenso da
comunidade que os utiliza.
Os axiomas e os postulados são a base lógica e metodológica que reflete

16
algumas das propriedades observáveis dos objetos e conceitos matemáticos. Eles são
a essência das cadeias dedutivas sobre as quais coisas mais complexas são
construídas (ou descobertas) a partir de outras mais simples. Inclusive, a negação ou
a modificação de algum dos axiomas e postulados propostos por Euclides deu origem
às chamadas geometrias não euclidianas, especialmente, a partir do Renascimento,
no século XV, e por toda a Idade Moderna (COSTA, 2010).
Machado e Ferraz (2019, p. 16-17) apresentam um compilado dos principais
axiomas e postulados que se constituíram como um dos alicerces para a
sistematização dos conhecimentos sobre Geometria:

 Axiomas
Axioma I: pode-se traçar uma única reta ligando quaisquer dois pontos;
Axioma II: pode-se continuar (de uma maneira única) qualquer reta
finita continuamente em uma reta;
Axioma III: pode-se traçar um círculo com qualquer centro e qualquer
raio;
Axioma IV: todos os ângulos retos são iguais;
Axioma V: se uma reta, ao cortar outras duas, forma ângulos internos,
no mesmo lado, cuja soma é menor do que dois ângulos retos, então
essas duas retas encontrar-se-ão no lado onde estão os ângulos cuja
soma é menor do que dois ângulos retos.

 Postulados
Postulado I: dados dois pontos distintos, há um único segmento de reta
que os une;
Postulado II: um segmento de reta pode ser prolongado
indefinidamente para construir uma reta;
Postulado III: dados um ponto e uma distância quaisquer, pode-se
construir uma circunferência de centro naquele ponto e com raio igual
à distância dada;
Postulado IV: todos os ângulos retos são congruentes (semelhantes);
Postulado V: se duas linhas intersectam uma terceira linha, de tal forma
que a soma dos ângulos internos em um lado é menor que dois ângulos
retos, então as duas linhas devem intersectar-se nesse lado, se forem
estendidas indefinidamente (MACHADO; FERRAZ, 2019, p. 16-17).

De acordo com Santos e Viglioni (2011, p. 15), “o trabalho de Euclides destaca-


se pelo fato de que, com apenas 5 postulados, ele foi capaz de deduzir 465
proposições, muitas complicadas e não intuitivas”. Apesar das lacunas existentes,
sanadas por outros matemáticos como David Hilbert, esses autores acrescentam que,
a partir dos axiomas acima enunciados, foi possível desenvolver quase toda a
Geometria Plana com a qual temos contato desde a Educação Básica. Marconi e
Lakatos (2017, p. 90), ao considerarem que os argumentos matemáticos, por sua vez,
são dedutivos, salientam que “na geometria euclidiana do plano, os teoremas são

17
todos demonstrados com base em axiomas e postulados. Não obstante o conteúdo
dos teoremas já esteja fixado neles, esse conteúdo está longe de ser óbvio”.
Nesse sentido, tendo em vista que, se não pudéssemos definir noções sem
demonstrá-las, ficaríamos num processo infinito de definições (SANTOS; VIGLIONI,
2011), Euclides precisou estabelecer alguns conceitos e relações primitivos sem os
quais não seria possível avançar na construção da Geometria Plana e dos espaços
uni e bidimensional. Na sequência, abordaremos algumas dessas peças primitivas,
justificando-as como sendo essenciais para o que desejamos discutir neste livro: a
própria Geometria Euclidiana Plana e as construções geométricas decorrentes dela.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS E POSTULARES

Como já dissemos, Euclides precisou definir algumas noções primitivas que


satisfizessem os axiomas e postulados para, então, propor outras definições, teoremas
e demonstrações capazes de darem corpo ao que chamamos hoje de Geometria
Euclidiana Plana que, segundo Santos e Viglioni (2011), tem como objeto de estudo o
plano e as proposições decorrentes dele. Para tal, algumas ideias intuitivas foram
propostas e aceitas sem, necessariamente, serem provadas:

I. Ponto é o que não tem partes, ou o que não tem grandeza alguma;
II. Linha é o que tem comprimento, porém não tem largura;
III. As extremidades da linha são pontos;
IV. Linha reta é aquela que está posta igualmente entre as suas
extremidades;
V. Superfície é o que tem comprimento e largura;
VI. As extremidades da superfície são linhas;
VII. Superfície plana é aquela sobre a qual assenta toda uma linha reta
entre dois pontos quaisquer que estiverem na mesma superfície
(MACHADO; FERRAZ, 2019, p. 17).

Também existem outras ideias lançadas por Euclides, mas destacamos aqui as

18
noções elementares de ponto (Figura 6), reta (Figura 7) e plano (Figura 8):

Figura 6: Ponto

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

Figura 7: Reta

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

Figura 8: Plano

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

19
Dessas definições axiomáticas, postulares e primitivas até então discutidas aqui,
decorrem as seguintes proposições: toda reta possui pelo menos dois pontos (Figura
9); não existe uma reta contendo todos os pontos (Figura 10); e existem pelo menos
três pontos no plano (Figura 11) (MACHADO; FERRAZ, 2019). Observe:

Figura 9: Pontos na reta


Reta s (ou ⃡AD) e reta t (ou ⃡AC).

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Figura 10: Pontos fora da reta


Plano 𝛿 (delta)

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Figura 11: Existência do plano


Plano 𝛾 (gama)

20
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Com efeito, o método lógico-dedutivo que Euclides utilizou, aliado a essas


definições, fez com que todo o pensamento matemático posterior fosse influenciado
por esse jogo de premissas, conexões e demonstrações. Esses conceitos fundamentais
perduram até os dias de hoje em virtude da robustez com que foram concebidos e
modelados e suas aplicações no universo.
A partir da próxima unidade nos aprofundaremos no estudo de tópicos básicos
e especiais da Geometria Euclidiana Plana que foram difundidos, inicialmente, por
Euclides e seus discípulos, mas foram aprimorados e organizados de tal maneira que
matemáticos e não matemáticos pudessem se apropriar de tais conhecimentos, seja
na Educação Básica, seja em áreas como Arquitetura, Design, Engenharia, Biologia,
Química, dentre outras tantas que se utilizam desses conhecimentos. Mas, antes,
vamos testar os seus conhecimentos e revisar aspectos importantes na seção
“Fixando o conteúdo”.

21
1. No preâmbulo da Unidade 1 apresentamos o seguinte verso do poeta brasileiro
Mário Quintana: “Linha curva: o caminho mais agradável entre dois pontos”.

De forma afetuosa, o poeta quis, possivelmente, se inspirar em um dos princípios


mais básicos da Geometria para propor uma espécie de paródia romântica. Em
qual princípio geométrico Mário Quintana se inspirou para sugerir que há mais de
um caminho entre dois pontos, dentre os quais uma linha curva seria o mais
agradável, porém, não o único?

a) Ao processo de divisão da circunferência em partes iguais de acordo com o


movimento do Sol e da Terra, na região mesopotâmica.
b) Ao procedimento de medir e dividir terrenos em que os egípcios já utilizam noções
de Geometria de forma prática, inclusive, para capitalizarem suas terras.
c) Ao axioma proposto por Euclides em que se pode traçar uma única reta ligando
quaisquer dois pontos.
d) Ao postulado euclidiano que propõe que um segmento de reta pode ser
prolongado indefinidamente para construir uma reta.
e) À ideia primitiva de que as extremidades da superfície são linhas.

2. Os egípcios e os mesopotâmicos já detinham muito conhecimento sobre vários


aspectos da Geometria, antes mesmo da palavra ser criada, mas foram os gregos
que deram um passo à frente na sistematização desses conhecimentos,
acrescentando outros conceitos, definições e métodos expressivamente rigorosos
de demonstração e validação.

Nesse sentido, analise as seguintes afirmações:

I. A Geometria experimental dos povos mediterrâneos (povos ligados à região do mar


Mediterrâneo), apesar de diversificada, carecia de organização, de registros e
demonstrações sobre os fundamentos matemáticos subjacentes a cada ideia.
II. Os gregos não conseguiram avançar muito na sistematização dos conhecimentos
geométricos acumulados por egípcios e mesopotâmicos, pois as técnicas agrícolas

22
e as que eram empregadas nas construções não eram apoiadas em nenhuma
metodologia lógico-matemática.
III. Euclides, a partir do método dedutivo axiomático, pôde criar, demonstrar, provar e
sistematizar grande parte dos conhecimentos e das técnicas geométricas dos povos
antigos, especialmente os mediterrâneos.

Podemos concluir que as afirmações verdadeiras sobre esses aspectos da


Geometria na Antiguidade estão em:

a) I.
b) I e III.
c) I, II e III.
d) Apenas III.
e) II e III.

3. Em relação às geometrias que se desenvolveram nas regiões egípcia e


mesopotâmica na Antiguidade, analise cada uma das seguintes afirmativas e
sinalize-as com V para as que forem verdadeiras e F para as que forem falsas.

( ) Possuíam aspectos baseados, essencialmente, em métodos seguros e lógicos da


Matemática que lhe conferiam um caráter puramente científico.
( ) Caracterizavam-se pelo uso de técnicas, artefatos e observação empírica que,
fundamentalmente, embasavam boa parte dos conhecimentos.
( ) Havia um predomínio do pensamento metodológico indutivo, caracterizado pela
quantidade, repetição, padronização de eventos, técnicas e pelo uso do senso
comum em que casos particulares indicariam leis gerais.

De acordo com a sinalização dos parênteses acima, a sequência que define o


preenchimento correto é:

a) V-V-V.
b) V-F-V.
c) F-F-V.
d) F-V-F.

23
e) F-V-V.

4. Tendo em vista os conceitos de dedução e indução discutidos na Unidade 1, os


exemplos estabelecidos, os contextos históricos em que foram empregados na
Geometria e os seus conhecimentos sobre o assunto, associe a primeira coluna
com a segunda.

Primeira coluna Segunda coluna

(1) Dedução ( ) Um quadrado tem 4 lados. Um quadrado tem 4 ângulos internos.


(2) Indução Figuras de 4 lados tem 4 ângulos internos.
( ) Um ângulo é formado pelo encontro de duas retas. Há chance de
retas se encontrarem num mesmo plano. Duas retas quaisquer de um
plano formam um ângulo entre si.
( ) Um quadrilátero possui 4 lados. O paralelogramo possui 4 lados. O
paralelogramo é um quadrilátero.

De cima para baixo, a sequência correta da segunda coluna preenchida é:

a) 1 - 1 – 2.
b) 1 - 2 – 2.
c) 1 - 2 – 1.
d) 2 - 2 – 1.
e) 2 - 1 – 1.

5. As escolas gregas de Artes, Filosofia e Matemática, por volta do século VI a. C.,


demonstravam certa hegemonia e expansão na produção, sistematização e
divulgação de conhecimentos matemáticos, em especial, os relacionados à
Geometria. Euclides, sem dúvida, foi um expoente e se destacou com a obra Os
Elementos. Composto por 13 volumes, Os Elementos reuniram boa parte do que se
sabia de Geometria naquele tempo, deu um salto significativo em aspectos
metodológicos e contribui, até os dias de hoje, para o desenvolvimento de
pesquisas e práticas de ensino e aprendizagem nesse vasto campo.

Considere as seguintes afirmativas em relação às contribuições de Euclides e seus


predecessores gregos em relação à Geometria:

24
I. Adotavam um caráter documental de registrar, sistematizar e divulgar os
conhecimentos gregos e de outros povos.
II. Concebiam e utilizavam o método lógico-dedutivo em suas análises,
demonstrações e provas.
III. A proposição de axiomas e postulados como geradores de cadeias dedutivas
era a essência e a base para a construção (ou descoberta) de propriedades e
conceitos mais complexos a partir de noções mais simples.

As afirmativas que condizem que as características da Geometria produzida ou


sistematizada por Euclides, seus predecessores e contemporâneos são:

a) I, II e III.
b) Apenas I.
c) I e II.
d) Apenas III.
e) II e III.

6. A chamada Geometria Euclidiana (e também as suas ramificações – Plana,


Espacial e Analítica) considera e está baseada em proposições que devem ser
aceitas, assim como "dogmas", sem, necessariamente, serem provadas, mas
apenas enunciadas: são os axiomas e os postulados. São conceitos matemáticos
que não necessitam de demonstração para serem verdadeiros, pois fazem parte
de um consenso da comunidade que os utiliza. Em relação aos axiomas e
postulados propostos por Euclides e seus discípulos, podemos afirmar que:

a) Limitam-se ao espaço bidimensional e não podem ser considerados nos espaços


uni e tridimensional.
b) Foram obtidos a partir de experiências e observações.
c) Trazem uma definição matemática sobre figuras e conceitos não euclidianos.
d) Representam a realidade concreta e, por isso, podem ser representados no mundo
material.
e) Dão suporte ao método lógico-dedutivo para os conceitos, demonstrações e
provas da Geometria Euclidiana.

25
7. Ponto, reta e plano são noções primitivas sobre as quais Euclides lançou mão para,
junto com os axiomas e postulados, propor definições, teoremas e demonstrações
capazes de darem corpo ao que chamamos hoje de Geometria Euclidiana Plana.
No âmbito dessas noções, algumas ideias decorrem de suas propriedades, apesar
de não receberem definições exatas de suas existências e, quase sempre, não
serem demonstradas ou provadas.

Assim, em relação a essas noções primitivas, analise as seguintes afirmativas e


registre V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) O ponto é definido como sendo a menor unidade da Geometria, unidimensional


e, portanto, a base de outras figuras como as retas e os planos.
( ) Apesar de não ser definida, a noção de reta é unidimensional, possui infinitos
pontos e pode ser nomeada por uma letra minúscula do nosso alfabeto.
( ) Bidimensional, o plano contém todos os pontos e retas do espaço.

A sequência correta de V e F que preenche os parênteses acima é:

a) V – V – V.
b) F – V – F.
c) V – F – V.
d) F – F – F.
e) V – F – F.

8. A partir das proposições axiomáticas, postulares e primitivas foi possível estabelecer


(por Euclides e por outras pessoas depois dele) relações diretas da aplicação das
noções de ponto, reta, plano e espaço na própria Geometria geral e em outras
áreas da Matemática. Analise a Figura 12 a seguir:

26
Sobre essa figura, podemos destacar como verdadeira a seguinte relação direta e
aplicada:

a) Partindo-se de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma


verdade geral ou universal.
b) A condição de existência de um plano é possuir, pelo menos, três pontos com um
ponto não colinear.
c) Pode-se traçar um círculo com qualquer centro e qualquer raio.
d) Todos os ângulos retos são iguais.
e) Todos os ângulos retos são diferentes.

27
GEOMETRIA PLANA BÁSICA DA UNIDADE
RETA E DO DESENHO GEOMÉTRICO

INTRODUÇÃO
02
“Um dos meus anseios de chegar ao infinito é a esperança de que,
ao menos lá, as paralelas se encontrem”
― Helder Câmara.

É importante salientar que, apesar de não definirmos formalmente os conceitos


de ponto, reta e plano, nem provarmos ou demonstrarmos os axiomas e postulados,
a Geometria Euclidiana Plana teve o seu desenvolvimento e suas aplicações
baseados nessas premissas que não foram propostas de forma despretensiosa, mas,
a partir de um método axiomático-dedutivo que deu sentido e robustez às teorias
subjacentes a essas noções. Assim, por meio de algumas áreas científicas como a
própria Geometria, a Topologia, a Álgebra e até mesmo a Didática, um conjunto de
conhecimentos foi sendo agrupado em tópicos com a finalidade de se avançar na
pesquisa, no ensino e na aprendizagem dessas noções.

Segundo Costa (2010, p. 03, grifo da autora), “uma das primeiras noções

28
matemáticas desenvolvidas pelo homem desde a pré-história foi a ideia de
dimensão, advinda de formas, tamanhos, distâncias, necessidade de delimitação de
terras, construções de moradias e objetos da natureza”. De acordo com Eves (1992),
inicialmente, essa ideia de dimensão estava ligada à chamada geometria
subconsciente em que os problemas que envolviam a Geometria eram concretos e
tinham pouca ou nenhuma ligação entre si e estavam vinculados aos potenciais
humanos de reconhecer, comparar e estabelecer configurações, formas e
tamanhos. Mas, a partir da capacidade de abstração de algumas características e
propriedades, leis foram concebidas e a Geometria ganhou o status de ciência
(COSTA, 2010).
Nesse sentido, no âmbito das noções uni e bidimensionais, abordaremos
tópicos da Geometria Euclidiana Plana que são básicos e estruturais para as
construções que são decorrentes dessas noções. Para tal, inicialmente, faremos
algumas discussões sobre as retas e introduziremos alguns instrumentos e técnicas de
desenho buscando aplicá-los em algumas construções elementares.

ESTUDO DAS RETAS

Dos postulados que estudamos anteriormente, há dois que se classificam como


postulados de determinação: dois pontos distintos determinam uma única reta que
passa por eles (Figura 9) e três pontos distintos e não colineares determinam um único
plano que os contém (ou seja, uma reta e um ponto fora dela) (Figura 11). Desses
postulados, de acordo com Santos e Viglioni (2011), decorre uma consequência
importante: por um ponto passam infinitas retas (Figura 13).

Figura 13: Infintas retas por um ponto Nesta figura, percebemos:

1. A representação de que infinitas retas


passam por A;

2. Que os pontos A e B determinam a reta t;

3. Que os pontos A, B e C, com C não

colinear a B, determinam um plano θ;


Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)
4. A, M, N e O são pontos colineares em que
a reta s passa por todos eles ao mesmo
tempo, pois estão estritamente alinhados.

29
Ao pensarmos nas possibilidades de localizarmos duas ou mais retas num
mesmo plano (Figura 14), existem três cenários para que elas sejam:
 Paralelas entre si: nesse caso, elas não se encontram no plano e, por isso, não
há pontos comuns. Usa-se o símbolo // para indicar que r // s (r é paralela à s).
 Concorrentes, ou seja, elas se encontram em apenas um ponto. Usa-se o
símbolo X para indicar que s X t (reta s é concorrente à reta t).
 Coincidentes. Isso significa que todos os pontos de uma são pontos da outra
também. Usa-se o símbolo ≡ para indicar que m ≡ t (retas m e t são
coincidentes).

Figura 14: Retas paralelas, concorrentes e coincidentes

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Ainda sobre as retas concorrentes, como o encontro de duas delas


determinam quatro regiões no plano, elas podem ser classificadas (Figura 15) em
perpendiculares (regiões de mesma abertura angular, cada uma medindo 90º) ou
oblíquas entre si (regiões de aberturas angulares diferentes de 90º). Baseando-se nisso,
segundo Santos e Viglioni (2011, p. 41), decorre um teorema que explicita que “por
qualquer ponto de uma reta passa uma única perpendicular a esta reta”.

Figura 15: Retas concorrentes perpendiculares e oblíquas

Usa-se o símbolo ⊥ para indicar que r ⊥ s Usa-se o símbolo ∠ para indicar que m ∠ n
(Leia: a reta r é perpendicular à reta s) (Leia: a reta m é oblíqua à reta n)

Fonte: o autor.

30
É estrategicamente importante que, na Matemática, haja a definição de
noções de partes e divisões de uma reta. Aliás, nunca conseguiremos desenhar uma
reta de verdade por ela estar associada à ideia de um conjunto infinito de pontos
sem origem ou fim, mas, parte dela sim. Existem muitas construções que são
concebidas tomando-se a ideia das partes de uma reta.
Assim, em Geometria, considerando-se um ponto A qualquer pertencente a
uma reta r qualquer, denominam-se semirretas as duas partes da reta cuja origem
está em A. Logo, uma semirreta terá uma origem, mas não terá um fim.
Representamos uma semirreta por sua origem, um ponto pertencente a ela e uma
seta acima das letras que representam esses pontos (Figura 16).

Figura 16: Semirreta Para identificar qual semirreta está sendo


considerada, basta definir mais um ponto
em cada parte, distinto da origem A.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)
Assim, tem-se a semirreta AB (AB) e a
semirreta AC (AC), ambas com origem no
ponto A e passando pelos pontos B e C,
respectivamente.

A reta r é a reta de suporte para essas duas


semirretas

Outra subdivisão muito importante da reta é o segmento de reta. A partir de


uma reta de suporte, ao marcarem-se dois pontos distintos, determina-se um conjunto
infinito de pontos entre esses dois pontos iniciais (denominados de extremidades). A
esse conjunto (pontos da extremidade e pontos internos entre essas extremidades)
dá-se o nome de segmento de reta. Identifica-se essa figura geométrica ao indicar
as suas extremidades com um traço sobre elas (Figura 17).

31
Figura 17: Segmentos de reta Sobre a reta suporte r, tem-se os
segmentos de reta ̅̅̅̅
BD, ̅̅̅̅
DE, ̅EF
̅̅̅, ̅̅̅̅
BE, ̅̅̅̅
BF e ̅̅̅̅
DF.

Sobre a reta suporte s, tem-se os


segmentos de reta ̅̅̅̅
AB, ̅̅̅̅
BC e ̅̅̅̅
AC.

As retas r e s são coplanares (estão no


Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)
mesmo plano) e são concorrentes
oblíquas entre si no ponto B.

Ao considerarmos os exemplos de segmentos de reta determinados na Figura


17, podemos estabelecer as seguintes relações entre eles:
 Os segmentos ̅̅̅̅
AB e BC
̅̅̅̅; ̅̅̅̅
AB e BD
̅̅̅̅; BD
̅̅̅̅ e DE
̅̅̅̅; DE
̅̅̅̅ e EF
̅̅̅̅; BE
̅̅̅̅ e ̅̅̅̅
BF; BD
̅̅̅̅ e DF
̅̅̅̅; BE
̅̅̅̅ e EF
̅̅̅̅ são

segmentos consecutivos, pois possuem uma extremidade comum. No caso de


BD e ̅̅̅̅
̅̅̅̅ DE, D é extremidade comum;
AB e ̅̅̅̅
 ̅̅̅̅ BC, assim como ̅̅̅̅
BD e ̅̅̅̅
DE; ̅̅̅̅
DE e ̅EF
̅̅̅; ̅̅̅̅
BE e ̅̅̅̅
BF; ̅̅̅̅
BD e ̅̅̅̅
DF; ̅̅̅̅
BE e ̅EF
̅̅̅ são chamados

de segmentos colineares, pois estão na mesma reta suporte s e r,


respectivamente;
 É importante notar que dois segmentos consecutivos podem ser, ao mesmo
tempo, colineares (como ̅̅̅̅
BD e ̅̅̅̅
DE) ou não (como ̅̅̅̅
AB e ̅̅̅̅
BD);
 Um segmento pode estar contido (⊂) em outro quando todos os pontos de um
são pontos contidos no outro também. O segmento ̅̅̅̅
DE, por exemplo, está
contido em ̅̅̅̅
BE, ̅̅̅̅
BF e ̅̅̅̅
DF (DE ̅̅̅̅, ̅̅̅̅
̅̅̅̅⊂BE DE⊂BF̅̅̅̅ ou ̅̅̅̅
DE⊂DF̅̅̅̅ / ⊂ é “está contido”) ou

equivale dizer que BE ̅̅̅̅ (BE


̅̅̅̅⊃DE ̅̅̅̅ contém DE
̅̅̅̅).

Ao se tomar um segmento de reta como parte limitada contida numa reta


suporte, é possível estabelecer noções referentes a um sistema de medidas que utilize
como padrão a comparação com sistemas já conhecidos, como o métrico. Nesse
sentido, os axiomas de medição de segmentos possibilitam deduzir algumas regras e
propriedades que são importantes para as construções geométricas.
Dois desses axiomas interessam-nos. O primeiro, de acordo com Santos e
Viglioni (2011, p. 34-35), diz que “a todo segmento corresponde um número maior ou
igual a zero. Este número é zero se, e somente se, as extremidades coincidem”, ou
seja, declara-se, implicitamente, a escolha de uma unidade de medida e um número
que corresponde ao comprimento ou distância entre os pontos que definem um
segmento de reta. O segundo axioma expressa que “os pontos de uma reta podem

32
ser sempre colocados em correspondência biunívoca com os números reais, de
modo que o módulo da diferença entre estes números meça a distância entre os
pontos correspondentes” (VIGLIONI, 2011, p. 34-35).
Dito de outra forma, existe uma correspondência fixada entre os números reais
e os pontos de uma reta (que podemos chamar de coordenadas) que permite a
seguinte dedução, segundo Santos e Viglioni (2011, p. 35): “se a e b são as
coordenadas dos pontos A e B, respectivamente, então o comprimento do segmento
AB, denotado por 𝐴𝐵
̅̅̅̅, é igual a AB = |a − b|, ou seja, o módulo (valor positivo) da

diferença entre coordenadas de dois pontos (extremos).


Observe os seguintes exemplos ilustrativos desses dois axiomas:

Para finalizarmos essa seção, decorre ainda desses axiomas de medição de


segmentos a definição de que “o ponto médio C de um segmento AB é um ponto
deste segmento tal que 𝐴𝐶 ̅̅̅̅” e o teorema de que “um segmento tem exatamente
̅̅̅̅ ≅ 𝐶𝐵

um ponto médio” (SANTOS; VIGLIONI, 2011, p. 37). A demonstração dessas


decorrências é bem simples, no entanto, desejamos chamar a atenção para o fato
de que a relação de congruência (representada pelo símbolo ≅ que quer dizer
“congruente”) é uma relação de equivalência, ou seja, o ponto médio de um
segmento de reta o divide em duas partes de mesmo tamanho, dito de outra forma,
em dois segmentos congruentes. O ponto médio é sempre interno ao segmento.

33
Então, se C é o ponto médio de AB
̅̅̅̅, a

distância de C em relação aos pontos A e


B é:
|5 − 11| |− 6| 6
= = = 3 unidades.
2 2 2

Isso significa que a coordenada x = 5+3 = 8


e que ̅̅̅̅
𝐴𝐶 ≅ ̅̅̅̅
𝐶𝐵 (segmento AC é
congruente ao CB).

INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE DESENHO

As tecnologias digitais presentes em vários momentos do cotidiano, inclusive


na escrita deste livro, impelem-nos ao questionamento sobre o ensino, a
aprendizagem e a aplicabilidade do desenho geométrico nos dias de hoje, com seus
instrumentos, técnicas e regras, muitas das quais axiomáticas. Sem dúvida, arrastar o
dedo numa tela para desenhar um quadrado parece algo, razoavelmente, fácil. No
entanto, esse movimento em si é originário de uma construção anterior, física e
material, que levou em conta vários conceitos e leis matemáticas, sem os quais não
existiriam quase todas as engenharias, por exemplo.
Como discutiremos o ensino-aprendizagem de Geometria na última unidade,
não delongaremos muito em dizer que vários problemas do mundo dependem do
raciocínio geométrico e de suas construções para serem resolvidos ou, ao menos,
aprimorados. Por trás de cada estratégia, de cada tecnologia, de cada desenho,
existe um humano que é responsável por mobilizar conhecimentos relacionados às

34
construções geométricas para propor soluções em diversas áreas. Portanto, nesta
seção, alguns instrumentos e técnicas de desenho geométrico serão apresentados
para que, a partir deles, possamos propor algumas construções e discussões.
Assim, o desenho geométrico caracteriza-se por um conjunto de aspectos e
processos nos quais várias construções geométricas são concebidas para
representar, resolver problemas ou desenvolver novos e aplicados problemas. As
técnicas estão ligadas, exatamente, aos objetivos propostos e problemas que
precisam ser resolvidos. Por exemplo: se quero desenhar um sorvete, poderia optar
pela sobreposição ou encaixe de um triângulo e um círculo. O encaixe de um trapézio
e algumas elipses pode se tornar, por exemplo, um vaso de cactos, como na Fig. 20.

Figura 20: Sorvete, folha e vaso com cactos a partir da sobreposição de desenhos
geométricos

Fonte: Disponível em https://bit.ly/3rztl6R. Acesso em: 24 de abr. de 2021.

Dentre várias técnicas, a da Figura 20 seria a artística. Outra técnica é a


utilizada para elaborar muitos dos desenhos que estão presentes neste livro: a
computacional ou algoritmizada. Por fim, expressamos que utilizaremos a técnica
axiomática ou lógico-dedutiva da Geometria para propor algumas construções
baseadas nos postulados ou axiomas, especialmente propostos em Os elementos.
Os instrumentos mais usados para o desenho geométrico são (Figura 21):

 Régua: geralmente, graduada em milímetros (modelo mais comum de régua


escolar), é usada para apoiar o deslizar de outros instrumentos, medir ou
traçar linhas retas;
 Transferidor: geralmente, graduado em graus, é utilizado na construção,
medição e transporte de ângulos. Costuma ser de volta inteira (360º) ou de
meia volta (180º);
 Par de esquadros: são duas peças em formato de triângulos retângulos, sendo

35
um isósceles (um ângulo de 90º e dois de 45º) e o outro escaleno (um ângulo
de 90º, um de 30º e o outro de 60º). Os esquadros são usados, principalmente,
no traçado de retas perpendiculares e paralelas ou no desenho de alguns
ângulos com a combinação ou não das duas peças;
 Compasso: instrumento articulado que liga duas hastes, cada uma com uma
ponta, serve para traçar pontos equidistantes de um ponto central
(circunferência), arcos de circunferência e transportar ângulos e outras
medidas. O modelo atual do compasso que utilizamos na escola, por exemplo,
foi criado por Leonardo Da Vinci (1452-1519).

Figura 21: Régua, transferidores de 180º e 360º, par de esquadros e compasso

Fonte: Adaptado de https://bit.ly/3i55KYF. Acesso em: 24 de abr. de 2021.

Além desses instrumentos, outros artefatos são usados para os desenhos


geométricos e podem variar de acordo com os objetivos como o lápis, canetas,
borrachas, papéis, gabaritos (espécie de molde), pranchetas e outros suportes.

CONSTRUÇÕES ELEMENTARES

Mão na massa! Com o apoio de alguns instrumentos estudados na seção

36
anterior, esboçaremos algumas construções elementares utilizando, para tal, a
técnica axiomática que permitirá que os desenhos fiquem, adequadamente, de
acordo com o que preconizam as leis da Geometria Euclidiana Plana. Assumimos as
propriedades dos instrumentos que utilizaremos como os ângulos dos esquadros, a
linearidade da régua ou a circularidade da volta do compasso, por exemplo.

 Construção de retas paralelas e uma paralela que passa por um ponto:

Quadro 1: Desenho de retas paralelas


Passos:
1. Com uma régua e um esquadro
ou com o par de esquadros, é
possível construir retas paralelas
entre si.
Construção 2. Para isso, basta posicioná-los
de como a figura ao lado e deslizá-los,
paralelas sendo que o escaleno (esquerda) é
fixo e o isósceles (direita) é móvel,
conforme indicação das setas.
3. O esquadro escaleno fixo pode ser
substituído por uma régua.

Passos:
1. Dados a reta t e o ponto P, deseja-se traçar uma paralela a t que passe por P.
Posicione um esquadro isósceles sobre t e uma régua de apoio, como na 1ª
figura.
2. Com a régua fixa e o esquadro móvel, movimente-o sobre a régua até
alcançar o ponto P, conforme indica a seta.
3. Solte a régua e trace a reta paralela que passe por P.

Construção
de paralela
que passe
pelo ponto
P

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

37
 Construção de retas perpendiculares e perpendicular que passa por ponto:

Quadro 2: Desenho de retas perpendiculares


Passos:
1. Com uma régua e um esquadro ou com o par de esquadros, é
possível construir retas perpendiculares entre si.
2. Para isso, basta posicioná-los como a figura abaixo, sendo que o
esquadro escaleno (esquerda) é fixo e o isósceles (direita) é móvel,
conforme indicação das setas.
3. O esquadro isósceles deve ser posicionado sobre a reta na qual se
deseja traçar a perpendicular (1ª figura).
4. O escaleno deve ser posicionado na lateral do isósceles, pois aquele
servirá como suporte ao movimento deste.
5. Deve-se, então, movimentar o ângulo reto do isósceles (marca x)
sobre o apoio do escaleno, fazendo-se um giro de 180º e deixando a
marca x na parte mais superior do apoio do escaleno.
6. A partir disso, o isósceles já ficará posicionado perpendicularmente
sobre a reta inicial, permitindo, portanto, o traçado de retas
Construção de perpendiculares com a reta inicial ao se deslizar o esquadro isósceles
perpendiculares sobre o escaleno, conforme indicam as setas da 2ª figura.
7. O esquadro escaleno fixo pode ser substituído por uma régua.

Passos:
1. Dada a reta s e o ponto B, deseja-se traçar uma perpendicular a s
Construção de
que passe por B.
perpendicular
que passe pelo
2. Repetem-se os passos anteriores de 2 a 6. Aqui, substituímos o
ponto B
esquadro escaleno por uma régua de apoio que permanecerá fixa.

38
3. Após a repetição dos passos de 2
a 6, desliza-se o esquadro isósceles
sobre a régua fixa, conforme
indicação das setas, para posicionar
o esquadro retilineamente ao ponto
B visando que a reta perpendicular a
s, que passe por B, seja desenhada.

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

 Determinação do ponto médio de um segmento de reta:

Quadro 3: Ponto médio de um segmento de reta por meio de construções geométricas


Passos:
1. Utilizando um compasso, com a ponta
seca em A e abertura maior que a metade
do segmento dado, traça-se uma
circunferência (ou apenas um arco entre
Ponto
os pontos A e B).
médio M
2. Com a ponta seca em B, repetimos o
de um
primeiro passo de forma a fazer a
segmento
̅̅̅̅ interseção das circunferências (ou arcos)
𝐀𝐁
em dois pontos.
3. Com uma régua, tracejamos ou
traçamos uma linha que una os pontos de
interseção. O cruzamento dessa linha com o segmento determinará o ponto
médio M de ̅̅̅̅
AB.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

 Divisão de um segmento de reta em partes congruentes:

Quadro 4: Divisão em segmentos congruentes


Passos:
1. A demanda inicial é dividir o
segmento ̅̅̅̅ AB em quatro partes
(segmentos) congruentes entre si.
2. Usando-se os passos para
Divisão de
determinação de ponto médio,
um
obtém-se M, ponto médio de ̅̅̅̅ AB.
segmento
3. Considerando-se os novos
em
segmentos AM ̅̅̅̅̅ e ̅̅̅̅̅
MB, obtêm-se os
segmentos
pontos médios M’ e M’’,
congruentes
respectivamente, da mesma
entre si
forma que o passo 2.
4. Logo, divide-se ̅̅̅̅ AB em quatro
segmentos congruentes: ̅̅̅̅̅ AM′ ≅
̅̅̅̅̅̅
M′M ≅ ̅̅̅̅̅̅̅
MM′′ ≅ ̅̅̅̅̅̅
M′′B, como
desejávamos.

39
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

40
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (VUNESP/2021/Engenheiro - adaptada) O segmento de reta da figura representa


um trecho de uma estrada. Os pontos destacados dividem o segmento de reta em
intervalos congruentes. Esses pontos são os marcos quilométricos onde serão
colocadas algumas placas. O ponto P representa o marco 5 e o ponto Q, o marco
89.

Nessa representação, o marco correspondente ao ponto X é:

a) 139,4.
b) 131,0.
c) 127,5.
d) 125,0.
e) 123,9.

2. (UNESC/2017/Desenhista - adaptada) As linhas são classificadas também quanto à


DEFINIÇÃO. Conforme esta classificação, a linha reta não possui início e fim
conhecidos, podendo ser percorrida nos dois sentidos pelo ponto P gerador;
percorrendo à esquerda, sentido negativo e à direita sentido positivo. Assinale V
para verdadeiro e F para falso nas alternativas abaixo, conforme as demais
classificações da linha e as suas definições. Após, marque a sequência correta de
V e F:

( ) A linha é semirreta quando estiver definida apenas por uma extremidade, à


esquerda ou à direita da mesma, e a outra indo ao infinito.
( ) A linha é segmento de reta quando a reta estiver definida nas duas extremidades.
( ) Segmentos adjacentes são segmentos que têm a mesma medida.
( ) Chama-se reta suporte aquela que contém o segmento ou os segmentos de reta.
a) V, V, F, V.
b) V, F, F, V.

41
c) F, V, F, V.
d) V, V, V, F.
e) F, V, V, F.

3. Na Geometria, os pontos e as retas assumem posições relativas entre si que podem


ter como consequência algumas propriedades e cenários pertinentes ao plano.
Assim, relacione a seguinte sequência com os seus enunciados correspondentes
para, então, eleger a sequência correta de correspondência.

(1) Pontos colineares // (3) Retas concorrentes


(2) Retas paralelas // (4) Retas coincidentes

( ) Todos os pontos de uma são pontos da outra também.


( ) Não se interceptam no plano e, por isso, não há pontos em comum.
( ) Uma reta passa, estritamente, por todos eles de forma alinhada.
( ) Encontram-se em apenas um ponto.

A sequência correta da correspondência é:

a) 2 – 3 – 4 – 1.
b) 4 – 1 – 2 – 3.
c) 1 – 2 – 4 – 3.
d) 1 – 2 – 3 – 4.
e) 4 – 2 – 1 – 3.

4. Analise a seguinte figura. Nela, representamos alguns segmentos de reta.

Considerando-se esses segmentos de reta representados e as relações existentes


entre eles, pode-se afirmar que:
a) AB
̅̅̅̅ e ̅̅̅̅
BE são segmentos consecutivos.
b) AB
̅̅̅̅ e ̅̅̅̅
BF são segmentos colineares.

42
c) ̅̅̅̅
BE e ̅̅̅̅
BC são segmentos consecutivos e colineares.
d) ̅̅̅̅ AB, pois são segmentos consecutivos.
BC ⊂ ̅̅̅̅
e) ̅̅̅̅ BF, pois são segmentos consecutivos.
BE ⊃ ̅̅̅̅

5. Considere os axiomas de medição de segmentos. Tendo em vista que a todo


segmento de reta corresponde um número maior ou igual a zero (ou seja, um
número que corresponde ao comprimento ou à distância entre os pontos que
definem um segmento de reta) e que os extremos que definem um segmento
possuem correspondência biunívoca com os números reais, podemos afirmar que:

a) Se dois pontos pertencentes a um segmento coincidem, eles têm coordenadas


distintas.
b) Se os extremos de um segmento são distintos, o módulo entre eles sempre será
negativo, especialmente se considerarmos a diferença da coordenada menor pela
maior.
c) Conhecendo-se os dois extremos de um segmento, obtém-se o comprimento por
meio do módulo da diferença entre as coordenadas desses pontos.
d) Com quaisquer pontos de um segmento de reta é possível obter a distância entre
os extremos desse segmento considerado originalmente.
e) Se dois pontos pertencentes a um segmento coincidem, eles têm coordenadas
desconhecidas ou indeterminadas.

6. Decorre dos axiomas de medição de segmentos a definição de que “o ponto


médio C de um segmento AB é um ponto deste segmento tal que 𝐴𝐶 ̅̅̅̅” e o
̅̅̅̅ ≅ 𝐶𝐵

teorema de que “um segmento tem exatamente um ponto médio”. Logo, é


possível determinar, de forma única, a coordenada ou o número real que
corresponde ao ponto médio de um determinado segmento de reta.

Considere a seguinte figura:

43
Sabendo que A e B são os pontos extremos desse segmento, a coordenada x do
ponto médio C (ou número real associado) de ̅̅̅̅
AB é:

a) 12.
b) 16.
c) 24.
d) 26.
e) 31.

7. Não há dúvidas que os instrumentos e as técnicas utilizados nas construções


geométricas são essenciais para que os axiomas e postulados da Geometria
Euclidiana Plana sejam preservados e os objetos desenhados sejam, de fato,
representativos das ideias abstratas e lógico-dedutivas subjacentes.

Considere as seguintes afirmativas e julgue-as como verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) Com os ângulos disponíveis no par de esquadros é possível substituir um transferidor


na medição de qualquer ângulo.
( ) Por usarem medidas internacionalmente aceitas, os instrumentos de desenho
geométrico são adequados para construções mais simples em que a técnica
axiomática precisa ser utilizada.
( ) Apenas uma régua graduada é suficiente para construir retas perpendiculares.
Um compasso não é um instrumento adequado para fornecer a leitura direta de
medidas, apesar de ser um instrumento utilizado para transportá-las.

A sequência correta que preenche as lacunas é:

a) F – F – F – V.
b) V – V – F – V.
c) F – V – V – V.
d) V – V – V – V.
e) F – V – F – V.

8. (CESGRANRIO/2016/Petrobras - adaptada) Considere a construção geométrica

44
descrita a seguir.
Com alguma inclinação sobre o segmento de reta AB dado, traça-se uma
semirreta auxiliar s, com origem num dos extremos A ou B. Sobre esse segmento
auxiliar, e a partir da origem escolhida, marcam-se comprimentos iguais, com uma
abertura qualquer de compasso, de acordo com o número (n) de divisões
desejadas, achando-se os pontos 1, 2, 3, ... , n. Une-se o último ponto marcado com
o outro extremo do segmento de reta AB e traçam-se paralelas a essa linha que
passam pelos pontos marcados na semirreta auxiliar s.

Após realizar esse procedimento descrito, obtém-se a construção geométrica


denominada de:

a) Paralela à reta AB.


b) Perpendicular à reta AB.
c) Divisão do segmento AB.
d) Hexágono de lado igual a AB.
e) Triângulo equilátero com lado igual a AB.

45
TÓPICOS DE GEOMETRIA PLANA UNIDADE
BÁSICA ESTRUTURAL E ALGUMAS
CONSTRUÇÕES ESPECIAIS

INTRODUÇÃO
03
“A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que
nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos
senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos”.
― Mahatma Gandhi

Nesta unidade, avançaremos em alguns tópicos estruturantes da Geometria


Euclidiana Plana para, então, propormos a análise e algumas construções
geométricas mais avançadas do ponto de vista do processo axiomático. Nesse
sentido, propusemos o estudo de alguns conceitos e propriedades sobre regiões
angulares, polígonos, circunferências e círculos. Ao final, o propósito é utilizar alguns
dos instrumentos de desenho para, por meio da técnica lógico-dedutiva, consolidar
e ampliar esses tópicos com algumas construções especiais.

ESTUDO DE ÂNGULOS E REGIÕES ANGULARES

Em Os Elementos, Euclides axiomatizou a ideia de ângulo sem, no entanto,


defini-lo em termos de medidas. Costa (2010, p. 19) diz que a palavra “ângulo” foi
encontrada, pela primeira vez, em materiais gregos que envolviam elementos de
círculo em estudos sobre arcos e cordas, mas que “não podemos estimar quando o
homem começou a medir ângulos, porém sabe-se que eles eram medidos na
Mesopotâmia e muito bem conhecidos quando Stonehenge – monumento pré-
histórico – foi construída” há mais de 3.000 anos a.C na atual Inglaterra.
Ângulo é uma região formada por duas semirretas coplanares que
compartilham a mesma origem e limitam regiões do plano. Observe a Figura 22.

46
Figura 22: Ângulo e alguns elementos
Pode-se indicar esse ângulo das seguintes
formas:
AÔB (lê-se ângulo AOB) ou BÔA (lê-se ângulo
BOA).
A medida desse ângulo pode ter três
representações:

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) med (AÔB) = xº ou o = xº ou β = xº, x é um


número real.
(usamos letras minúsculas gregas ou do
nosso alfabeto)
São elementos do ângulo AÔB:
Vértice: O (origem) | Lados: semirretas OA e
OB.

Em relação ao ângulo AÔB, duas regiões são delimitadas: região convexa (lilás)
em que dois pontos quaisquer determinam um segmento de reta que estará contido
nessa região e região não convexa (amarela) em que haverá dois pontos que
determinarão segmentos que não estarão totalmente nesta região. Assim, diz-se que
AÔB é uma região convexa (ou ângulo convexo). Isso é regra geral.
O grau (º), uma criação dos babilônios antes da era cristã, é a unidade de
medida que utilizaremos neste material para indicar a abertura (ou medida) dos
ângulos. O transferidor é um dos instrumentos de medida de ângulos mais utilizados
em virtude da leitura fácil e direta. Na unidade 2, apresentamos esse importante
instrumento como suporte para algumas construções e medições geométricas.

Ao se avançar para os chamados axiomas de medição de ângulos, é


importante esclarecer algumas nomenclaturas e classificações que são dadas aos
ângulos em relação à medida de diferentes aberturas e à localização de seus pontos.
Santos e Viglioni (2011) afirmam que, para se avançar no conceito de medida de
ângulo, os seguintes axiomas são fundamentais nesse processo de sistematização e
definição. O primeiro deles, segundo esses autores, estabelece que “a todo ângulo
corresponde um único número real maior ou igual ao zero. Este número é zero se, e

47
somente se, os lados do ângulo coincidem” (p. 39). Disso decorre que um semiplano
(metade de um plano) é dividido por uma semirreta se essa semirreta pertence a esse
semiplano e se sua origem (um ponto de interseção) pertence à reta que determinou
o semiplano.
Um segundo axioma propõe que “existe uma bijeção entre as semirretas de
mesma origem que dividem um dado semiplano e os números entre zero e 180, de
modo que a diferença entre os números é a medida do ângulo formado pelas
semirretas correspondentes” (SANTOS; VIGLIONI, 2011, p. 40).
Pareceu um pouco confuso? Observe a Figura 23, pois nela esclareceremos,
de forma prática e ilustrativa, esses axiomas:

Figura 23: Axiomas de medição de ângulo Sobre o primeiro axioma de medição de


ângulo, temos que:
1. A medida dos ângulos condiz a um
número real, em (º);
2. med (AÔB) = 0º, pois os lados desse ângulo
coincidem.

Em relação ao segundo axioma,


percebemos que:
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 3. A reta suporte de 𝐸𝐴 define dois
semiplanos no plano;
4. As semirretas 𝑂𝐴, 𝑂𝐶 , 𝑂𝐷 , e 𝑂𝐸 têm mesma
origem;
5. A relação bijetora entre as semirretas e os
ângulos que elas determinam origina os
ângulos AÔC = 35 – 0 = 35º, CÔD = 120 – 35 =
85º e DÔE = 180 – 120 = 60º, ou seja, a
diferença entre os números vinculados a
cada semirreta.

Em decorrência desses axiomas, têm-se as seguintes definições (quadro 5):

Quadro 5: Definições, nomenclaturas e classificações de ângulos

Ângulo de meia volta ou


Ângulo nulo Ângulo de uma volta
raso
med (AÔB) = 0º med (AÔB) = 360º
med (AÔB) = 180º

Ângulo reto Ângulo agudo Ângulo obtuso


med (AÔB) = 90º 0º < med (AÔB) < 90º 90º < med (AÔB) < 180º

48
Ângulos consecutivos Ângulos adjacentes Bissetriz de um ângulo

Partilham um lado Com origem no vértice de


(semirretas coincidentes) e São ângulos consecutivos um ângulo, é a semirreta
podem possuir pontos que não têm pontos internos que o divide em dois
internos comuns. comuns. ângulos adjacentes
congruentes (ângulos de
mesma medida).

AÔB e BÔC, AÔB e AÔC,


AÔC e BÔC são AÔB e BÔC são adjacentes
consecutivos. e possuem OB como lado OB é a bissetriz de AÔC, pois
Lados comuns: 𝑂𝐵 , 𝑂𝐴, e 𝑂𝐶 , comum. AÔB ≅ BÔC (são
respectivamente. adjacentes)

Ângulos complementares Ângulos suplementares

São dois ângulos cuja soma de suas São dois ângulos cuja soma de suas
medidas é 90º. Um será o complemento do medidas é 180º. Um será o suplemento do
outro. outro.
Fonte: Adaptado de Barreto Filho e Silva (2000); Costa (2010) e Giovanni, Giovanni Júnior e
Castrucci (2015).

Observe que se uma semirreta, com origem no vértice, divide um ângulo em


dois outros ângulos, então a soma da medida dos novos ângulos é igual ao ângulo
original (SANTOS; VIGLIONI, 2011). Esse terceiro axioma de medição de ângulo é
importante, pois permite algumas deduções relevantes quando relacionamos pares
ou conjuntos de ângulos. Partindo-se da Figura 24, analisaremos novas conclusões.

Figura 24: Terceiro axioma de medição de Tendo em vista o terceiro axioma de


ângulo medição de ângulo:
I. AÔC = AÔB + BÔC = a + b = 180º (são
suplementares);
II. BÔD = AÔB+ AÔD = a + d = 180º
(suplementares);
De I e II: a + b = a + d => b = d (cancela-se o
“a”).

De forma semelhante, encontra-se que a =


Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) c.

Assim, as medidas “b” e “d”, “a” e “c” são


congruentes (têm a mesma abertura).

49
Sob a ótica do vértice O, na Figura 24, as retas r e s determinam ângulos opostos
pelo vértice (usa-se a abreviação “o.p.v.”) que são sempre congruentes. Segundo
Santos e Viglioni (2011, p. 86), o axioma das paralelas é enunciado da seguinte forma:
“por um ponto fora de uma reta dada, pode-se traçar uma única reta paralela a esta
reta”. Considerando esse axioma, que equivale ao quinto postulado do primeiro livro
de Os Elementos, e a conclusão dos ângulos o.p.v., ao considerarmos duas retas
distintas r e s (com r // s) cortadas por outra reta t que dividirá o plano em dois
semiplanos (por isso, a chamaremos de reta transversal t), obtêm-se “pares de ângulos
importantes nos estudos da Geometria” (BARRETO FILHO; SILVA, 2000, p. 413). Esses
ângulos formados pela reta transversal t são denominados de forma específica de
acordo com a posição que ocupam e detêm algumas propriedades que são
evidenciadas, mas não demonstradas, na Figura 25. Intuitivamente, é simples
compreendê-las ao considerarmos o que foi discutido aqui.
- Têm-se ângulos internos (região verde) e
externos (região laranja);
- Colateral significa “mesmo lado ou mesmo
Figura 25: Ângulos formados por paralelas e semiplano” e alterno “lado diferente ou
uma transversal semiplano diferente”;
- Se r // s, ambas estão cortadas pela reta
transversal t e se todas são coplanares,
então os ângulos:
𝑎̂ ≅ 𝑒̂ , 𝑏̂ ≅ 𝑓̂ , 𝑐̂ ≅ 𝑔̂ 𝑒 𝑑̂ ≅ ℎ̂ são
correspondentes e congruentes;
𝑑̂ ≅ 𝑓̂ e 𝑐̂ ≅ 𝑒̂ são alternos internos e
congruentes;
𝑎̂ ≅ 𝑔̂ e 𝑏̂ ≅ ℎ̂ são alternos externos e
congruentes;
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 𝑑̂ 𝑒 𝑒̂ , 𝑐̂ 𝑒 𝑓̂ são colaterais internos e
suplementares (soma=180º);
𝑎̂ 𝑒 ℎ̂, 𝑏̂ 𝑒 𝑔̂ são colaterais externos e
suplementares (soma=180º);

Assim, encerramos os estudos propostos sobre ângulos e regiões angulares para


discutirmos figuras geométricas fechadas cuja existência depende da relação entre
ângulos e segmentos de reta de um mesmo plano. Boa leitura!

OS POLÍGONOS E ALGUMAS PARTICULARIDADES

O nosso objetivo nesta seção é o de explorar os polígonos sob uma perspectiva

50
construtivista, sem nos ater à Álgebra ou à Aritmética subjacentes a alguns atributos.
No entanto, destacaremos alguns conceitos e propriedades que são importantes
para as construções e desenhos geométricos fazendo o uso, caso seja necessário, de
fórmulas, expressões ou cálculos, além de algumas demonstrações, para endossar o
conceito ou propriedade tratados.
Saber o que é um polígono é mais simples que defini-lo e entender a definição,
pois ela foi construída com um conjunto de argumentos fundamentais sob os quais
precisamos mobilizá-los e empregá-los para que as propriedades sejam válidas. De
origem grega, a palavra significaria “muitos/vários ângulos”. Giovanni, Giovanni Júnior
e Castrucci (2015, p. 214) definem polígono como sendo a “reunião de uma linha
fechada simples, formada apenas por segmentos de reta de um mesmo plano com a
sua região interna”. Já Dolce e Pompeo (2005, p. 132) afirmam que, “dada uma
sequência de pontos de um plano (A1, A2, ..., An), com n ≥ 3, todos distintos, onde três
pontos consecutivos não são colineares, chama-se polígono a reunião dos segmentos
A1 A2, A
̅̅̅̅̅̅̅ 2 A3 , ..., A𝑛−1 A𝑛 , A𝑛 A1 ”.
̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅

Para entendermos os conceitos, também é importante esclarecer que linha


fechada simples é o contorno no qual a linha não se intersecta (não há pontos de
interseção) cujo ponto inicial coincide com o ponto final. No caso dos polígonos, o
contorno é uma linha poligonal formada apenas por segmentos de reta. Além disso,
vale destacar que o nosso foco são os polígonos convexos e, por isso, na Figura 26,
diferenciaremos um polígono convexo de um polígono não convexo.

Figura 26: Diferença entre polígono convexo e não convexo

51
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Neste polígono, a reta r contém um dos lado Qualquer reta que suporte dos lados do
Como a figura está contida nos dois semiplanos polígano (como t e w) determina
̅̅̅̅ não está totalmente
determinados por r e AB semiplanos que contém, totalmente,
contida na região interna, este polígono é a região interna. Além disso, qualquer
não-convexo. segmento cujos extremos sejam pontos
internos estará contido nesse polígono
que é convexo.

Dentre os elementos de um polígono, vamos destacar os seguintes:

Figura 27: Elementos de um polígono - Os vértices são os pontos de encontro dos


segmentos que formam os lados. Nesse
caso, os pontos A, B, C, D, E e F;
- Os lados do polígono são os segmentos de
reta que delimitam a região interna: ̅̅̅̅ AB, BC
̅̅̅̅,
̅̅̅̅, ̅̅̅̅
CD DE, ̅EF
̅̅̅ e ̅̅̅̅
FA;
- Dois lados consecutivos formam os ângulos
internos desse polígono (destacados com a
cor amarela) cujo vértice é o ponto de
encontro desses segmentos;
- Os chamados ângulos externos (em
laranja) são formados pelo prolongamento
de cada lado com o lado consecutivo;
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).
- As diagonais são segmentos de reta que
ligam um vértice a outro não consecutivo:
AC, ̅̅̅̅
̅̅̅̅ AD, AE
̅̅̅̅, BD
̅̅̅̅, ̅̅̅̅
BE, BF
̅̅̅̅, CF
̅̅̅̅, ̅̅̅̅
CE, ̅̅̅̅
DF.

Observa-se que a soma de cada ângulo interno com o seu externo


correspondente (que é adjacente e suplementar, ou seja, juntos medem 180º)
equivale ao ângulo raso (ângulo amarelo + ângulo laranja = 180º). Além disso, cabe
destacar que é uma característica dos polígonos convexos que a quantidade de
vértices, de lados, ângulos internos e externos seja sempre igual. Em relação à
quantidade de diagonais e à soma dos ângulos internos e externos de um polígono
convexo, as seguintes expressões (Quadro 6) são formas simples de calculá-las:
Quadro 6: Cálculo de diagonais, soma dos ângulos internos e externos de polígonos
convexos

Quantidade de diagonais Soma dos ângulos internos Soma dos ângulos externos

52
𝑛 ∙ (𝑛 − 3)
𝑑= 𝑆𝑖 = (𝑛 − 2) ∙ 180° 𝑆𝑒 = 360°
2
Em que 𝑑 é a quantidade de Em que 𝑆𝑖 é a soma dos Em que 𝑆𝑒 é a soma dos
diagonais e 𝑛 o número de ângulos internos e 𝑛 o ângulos externos que será,
lados. número de lados. sempre, 360º.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Outra classificação importante é em relação ao número de lados (ou de


ângulos, uma vez que são quantidades iguais). Alguns polígonos são nomeados de
uma forma específica de acordo com essa característica. Observe no Quadro 7
alguns desses nomes. Deixamos o convite para que você pesquise por outros!

Quadro 7: Nomenclatura dos polígonos de acordo com o número de lados


Nº. de lados Nome do polígono Nº. de lados Nome do polígono
3 Triângulo ou trilátero 11 Undecágono
Quadrângulo ou
4 12 Dodecágono
quadrilátero
5 Pentágono 15 Pentadecágono
6 Hexágono 20 Icoságono
7 Heptágono 30 Triacontágono
8 Octógono 37 Triacontacai-heptágono
9 Eneágono 86 Octacontacai-hexágono
10 Decágono 100 Hectágono
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Após tratarmos algumas características gerais, voltaremos o nosso foco para


algumas particularidades dos polígonos que podem ser interessantes em eventos de
construção ou desenhos geométricos. Assim, detalharemos aspectos específicos dos
triângulos e quadriláteros já que esses polígonos tornaram-se a base de muitos outros
conceitos e abstrações da Geometria Euclidiana Plana.

Triângulos ou triláteros

Já em Os Elementos, Euclides dava ênfase ao estudo dos triângulos, definindo-

53
os em termos de suas propriedades e como objetos geométricos peculiares e
basilares para toda a Geometria. Considerando, também, um dos postulados de
determinação, o qual afirma que três pontos distintos e não colineares determinam
um único plano que passa por eles e um dos axiomas de incidência que destaca a
existência de três pontos distintos com a propriedade que nenhuma reta passa pelos
três pontos, Dolce e Pompeo (2005, p. 36) definem que “dados três pontos A, B e C
não colineares, à reunião dos segmentos ̅̅̅̅
AB, ̅̅̅̅
AC e BC
̅̅̅̅ chama-se triângulo ABC”. Na

Figura 28, enfatizamos alguns elementos e princípios.

Figura 28: Noções de um triângulo - Notação: ΔABC | Vértices: A, B e C | Lados:


AB, ̅̅̅̅
̅̅̅̅ BC e ̅̅̅̅
AC;
- Ângulos internos: A ̂, B ̂ e Ĉ | Ângulos
externos: â, b̂ e ĉ;
- 𝑆𝑖 Δ = Â+B ̂ + Ĉ = 180º | 𝑆𝑒 Δ = â + b̂ + ĉ = 360º;
- Único polígono convexo que não possui
diagonal;
- Condição de existência: a medida de um
lado é menor que a soma das medidas dos
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) outros lados (Ex.: AB < BC + AC);
- Teorema do ângulo externo: a medida de
qualquer ângulo externo é igual à soma dos
ângulos internos não adjacentes a ele (Ex.: â
=B ̂ + Ĉ ou b̂ = A
̂ + Ĉ ou ĉ = B
̂+Â ).

A condição de existência de qualquer triângulo é também conhecida como


desigualdade triangular. Segundo Santos e Viglioni (2011, p. 70), “dados três pontos
distintos A, B e C, tem-se que ̅̅̅̅
𝐴𝐶 ≤ ̅̅̅̅
𝐴𝐵 + ̅̅̅̅
𝐵𝐶 . A igualdade ocorre se, e somente se, B
pertence ao segmento AC”. Esses dois princípios, a desigualdade triangular e o
teorema do ângulo externo, têm consequências importantes no âmbito das
construções geométricas como a dedução de que ao maior ângulo opõe-se o maior
lado ou que ângulos não congruentes opõem-se a lados também não congruentes.
Basicamente, os triângulos classificam-se em relação aos lados e ângulos:

54
Para finalizarmos esta parte introdutória sobre os triângulos, existem importantes
características e aplicações sobre essas figuras que vão para além das abstrações
matemáticas: são os pontos notáveis! Os triângulos são amplamente utilizados na
Engenharia e Arquitetura, pois conferem rigidez às construções que os utilizam em
virtude da dificuldade em se deformar essa estrutura. Subjacentes a essa
característica, as alturas, bissetrizes, medianas e mediatrizes de um triângulo
determinam pontos de destaque com as seguintes definições e propriedades:

Quadro 8: Alturas, bissetrizes, medianas, mediatrizes e seus pontos notáveis num triângulo

A altura é um segmento de reta perpendicular


que une um vértice à base oposta (ou reta
suporte de um dos lados do Δ).
Todo triângulo possui três alturas relativas às
bases: ̅̅̅̅̅̅
AH1, ̅̅̅̅̅̅
BH2 e ̅̅̅̅̅̅
CH3. O Ortocentro (ponto H) é
Alturas

encontro das três alturas, ponto notável de um


triângulo.
Quando o Δ é retângulo, o Ortocentro encontra-
se no vértice do ângulo reto. Esse ponto notável
será interno se o Δ for Acutângulo e externo se
obtusângulo.
Como já vimos, a bissetriz é um segmento de reta
que une um lado oposto ao vértice, dividindo-o
em dois ângulos adjacentes congruentes.
O Incentro (ponto I) é um ponto notável de um Δ
Bissetrizes

em que ocorre o encontro das três bissetrizes.


Além disso, o Incentro é centro de uma
circunferência inscrita no Δ que tangencia os
seus lados. Esse ponto notável fica à mesma
distância de todos os lados do Δ, ou seja, ̅̅̅
IK ≅
̅ = raio da circunferência!
̅ ≅ IJ
IL

55
A mediana é o segmento de reta que une um
vértice ao ponto médio do lado oposto num
triângulo.
Ao encontro de todas as medianas de um Δ,
damos o nome de Baricentro (ponto G). Duas
Medianas

coisas notáveis:
1ª: Em Física, o Baricentro é o centro de
gravidade ou centro de massa (ponto que
representaria a massa concentrada de um
corpo em que agiria a gravidade);
2ª: O Baricentro divide as medianas sempre na
razão 2/3 (parte que contém o vértice) e 1/3 (a
outra parte).
A mediatriz é uma reta (ou segmento)
perpendicular que passa pelo ponto médio de
outro segmento.
O Circuncentro (ponto O) é o ponto notável de
encontro de todas as mediatrizes de um
triângulo.
Mediatrizes

É muito importante notar que o Circuncentro é o


centro de uma circunferência circunscrita ao
triângulo. Como consequência, temos que esse
ponto equidista (está à mesma distância) dos três
vértices do triângulo.
Uma última observação é que a mediatriz é uma
espécie de mediana que é perpendicular ao
ponto médio de um segmento, sem ligar-se ao
vértice oposto.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Quadriláteros ou quadrângulos

Assim como os triângulos, os quadriláteros também foram tratados em Os


Elementos, sendo definidos com cadeias dedutivas de especificidades (ou seja, uma
família de quadriláteros abrangia outros quadriláteros), de acordo com
características peculiares a cada um. De forma bem direta, todos os polígonos que

56
possuem quatro lados são chamados de quadrilátero. No geral, assim como nos
triângulos, destacamos os seguintes elementos dessa figura bidimensional convexa:

Figura 29: Noções de um quadrilátero

- Notação: quadrilátero ABCD;


- Vértices: A, B, C e D | Lados: ̅̅̅̅
AB, BC
̅̅̅̅, CD
̅̅̅̅ e ̅̅̅̅
AD;
- Ângulos internos (cor laranja): Â, B
̂ , Ĉ e D ̂;
- Ângulos externos (cor verde): â, b̂, ĉ e 𝑑̂ ;
- 𝑆𝑖 = Â+B ̂ + Ĉ + D̂ = 360º;
- 𝑆𝑒 = â + b + ĉ + 𝑑̂ = 360º;
̂
- Sempre terá duas diagonais concorrentes (AC ̅̅̅̅
e BD em nosso exemplo).
̅̅̅̅
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Basicamente, os quadriláteros convexos são classificados em relação à


posição comparativa entre os seus lados: os paralelogramos são os de lados opostos
paralelos, os trapézios possuem apenas um par de lados paralelos e uma terceira
classificação (que chamamos de outros quadriláteros, quadrilátero qualquer ou
quadrilátero irregular) é formada por aqueles que não possuem lados paralelos entre
si. Nos Quadros 9 e 10, apresentaremos aspectos notáveis dos paralelogramos e dos
trapézios, respectivamente. Sobre o quadrilátero irregular, não faremos nenhuma
abordagem, pois esse polígono não apresenta características específicas.

Quadro 9: Quadriláteros paralelogramos


- Possui dois pares de lados opostos paralelos;
- Os lados opostos são congruentes;
Paralelogramo

- Os ângulos opostos também são congruentes;


- As diagonais intersectam-se no ponto médio M
das duas diagonais, ou seja, AM ̅̅̅̅̅ ≅ MC
̅̅̅̅ e BM
̅̅̅̅̅ ≅
̅̅̅̅̅
MD;
- Ângulos de vértices consecutivos são
suplementares: A ̂+B ̂=B ̂ + Ĉ = Ĉ + D
̂=D ̂ +A ̂=
180º.
- Todo retângulo é um paralelogramo;
- Os quatro ângulos internos são congruentes
Retângulo

(retos);
- As diagonais são congruentes: ̅̅̅̅AC ≅ ̅̅̅̅
BD;
- Pode ser decomposto em dois triângulos
retângulos congruentes em que as diagonais são
as hipotenusas: ΔDAB ≅ ΔBCD; ΔABC ≅ ΔADC.

57
- Todo losango é um paralelogramo;
- Os quatro lados são congruentes (um
paralelogramo equilátero);
Losango

- As diagonais são perpendiculares entre si;


- As bissetrizes do losango contêm suas
diagonais;
- Suas diagonais têm tamanhos diferentes. Se os
tamanhos fossem iguais, teríamos um quadrado.
- Todo quadrado é paralelogramo;
- O quadrado é retângulo e losango ao mesmo
tempo;
Quadrado

- Os quatro lados e os quatro ângulos internos


(retos) são congruentes;
- Diagonais são perpendiculares entre si,
congruentes e determinam quatro triângulos
isósceles congruentes;
- As bissetrizes contêm as suas diagonais.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Quadro 10: Quadriláteros trapézios


- Os trapézios são os quadriláteros convexos com apenas um par de lados paralelos;
Qualquer

- São classificados em isósceles, escalenos ou retângulos que são um tipo de


escaleno;
- Os ângulos nos vértices dos lados não paralelos são suplementares;
- Os lados paralelos são chamados de base do trapézio (base maior e base menor).

- Bases do trapézio (lados paralelos): ̅̅̅̅


AB e CD
̅̅̅̅;
Isósceles

- Os lados não paralelos são congruentes: ̅̅̅̅ ̅̅̅̅;


AD ≅ BC
- Ângulos da mesma base são congruentes entre si;
- As diagonais são congruentes: ̅̅̅̅ BD;
AC ≅ ̅̅̅̅
Escaleno

- Bases do trapézio (lados paralelos): ̅̅̅̅


AB e ̅̅̅̅
CD;
- Os lados não paralelos têm medidas diferentes;
- Os ângulos da mesma base não são congruentes.

- Bases do trapézio (lados paralelos): ̅̅̅̅


AB e CD
̅̅̅̅;
Retângulo

- É um trapézio escaleno que possui dois ângulos


retos;
- Possui um lado não paralelo perpendicular às
bases: ̅̅̅̅
AD é o lado perpendicular às bases ̅̅̅̅
AB e ̅̅̅̅
CD;
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

58
AS CIRCUNFERÊNCIAS, OS CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS

Você se lembra de que, na Figura 2 da unidade 01, ao representarmos parte


de uma parede do palácio de Nínive, antiga região Assíria no norte da Mesopotâmia,
discutimos que os assírios já dominavam e construíam rodas com raios
diametralmente opostos e ângulos centrais de mesma medida há mais de 700 anos
a.C? Além disso, há indícios de que, entre 4000 e 3000 anos a.C, povos da mesma
região já estudavam a órbita “circular” entre a Terra e o Sol (mas não sabiam o que
girava ao redor de que) para supor registros e medidas de tempo.
No livro I de Os Elementos, algumas definições importantes sobre objetos
geométricos foram feitas, entre as quais a do círculo que, segundo Santos e Viglioni
(2011, p. 108), destacou-se no “terceiro postulado de Euclides que diz que é possível
traçar um círculo com qualquer centro e com qualquer raio. Com os nossos axiomas
[de medição], este postulado é simplesmente uma consequência”. Assim, precisamos
definir e diferenciar círculo e circunferência.
A circunferência é o lugar geométrico (ou figura geométrica) formado por
todos os pontos de um plano que estão à mesma distância constante (denominada
de raio) de um ponto fixo (chamado de centro). Já o círculo é a região do plano
delimitada pela circunferência (o contorno), incluindo-a, ou seja, o círculo é a junção
da circunferência com a sua região interna. Na Figura 30, relacionamos alguns
conceitos adicionais e elementos que se baseiam nessas duas definições.

- A borda vermelha, adimensional, é a


circunferência;
- A borda e a região interna são o círculo;
- Notação: circunferência: λ (C, r) | círculo:
Figura 30: Conceitos e elementos da ω (C, r);
- Centro: ponto C; Raio (r): segmento de
circunferência e do círculo
extremidades no centro e na circunferência
como ̅̅̅̅
CB = r ou ̅CL
̅̅̅ = r;
- Corda: segmento cujas extremidades
pertencem à circunferência como, por exemplo,
̅̅̅ ou ̅̅̅̅
HI DE ou FG
̅̅̅̅;

59
- Diâmetro: qualquer corda que passa pelo centro
da circunferência como, por exemplo, ̅̅̅̅ AB = d =
2●r;
- Se um diâmetro é perpendicular a uma corda,
então ele passará pelo ponto médio. Assim, ̅̅̅̅ CM ⊥
DE sendo que M é o ponto médio da corda ̅̅̅̅
̅̅̅̅ DE;
- A mediatriz de qualquer corda de λ passará pelo
centro da circunferência. Por exemplo, ̅CL ̅̅̅ é
mediatriz de ̅̅̅̅
FG, então passa por C e CL̅̅̅̅ é um raio
de λ;
- A e B determinam duas semicircunferências de λ
(duas metade) e ̅̅̅̅
AB dois semicírculos de ω.

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Na Figura 30, destacamos ainda que se a distância entre um ponto e o centro


for menor que o raio (ponto J, por exemplo), este ponto estará interno à
circunferência, ou seja, pertencerá ao círculo (med (CJ
̅ ) < r). Caso a distância seja

maior (ponto K), estará externo (med (CK


̅̅̅̅) > r). Se for igual (ponto A), estará sobre a

própria circunferência e representará o próprio raio (med(AC


̅̅̅̅) = r).

Outra noção interessante para as construções geométricas é a de arco, um


segmento do comprimento de circunferência delimitado por dois pontos distintos. Na
Figura 31, por exemplo, se considerarmos C e D como extremidades de arco, esses
pontos determinarão um arco menor CD
̂ em vermelho (lê-se arco CD, em que o

“arco” sobre as letras indica essa classificação) e um arco maior CD


̂ ou CAD
̂ em preto

(normalmente, inclui-se mais um ponto para indicar qual dos arcos é o maior). Nessa
figura, os pontos A e B são extremidades de arco e coincidem com as extremidades
de um diâmetro. Assim, A e B determinam duas semicircunferências, ou seja, dois
arcos de mesmo comprimento e que enxergam um ângulo de 180º.
Por falar nisso, observe que os arcos AB
̂ são relacionados ao ângulo raso AÔB

e que o arco CD
̂ se associa ao ângulo CÔD. Esses ângulos, AÔB e CÔD, possuem os

seus vértices no centro O da circunferência. Logo, esse tipo de ângulo é denominado


de ângulo central e tem a característica de ter a mesma medida do arco menor
correspondente: med (AB
̂ ) = med (AÔB) e med (CD
̂ ) = med (CÔD). Ao arco maior

atribui-se a diferença entre uma volta completa e a medida do arco menor, ou seja,
arco maior = 360º – arco menor: med (CAD
̂ ) = 360º – med (CD
̂ ).

60
Figura 32: Arco capaz de uma
Figura 31: Arco de uma circunferência
circunferência

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)


Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Uma noção específica de arco que possui aplicabilidade em Engenharia,


Arquitetura e Arte é a de arco capaz (Figura 32) que, segundo Costa (2011), é o lugar
geométrico de todos os pontos de uma circunferência que contém os vértices de
ângulos cujos lados passam pelas extremidades de uma corda, determinam ângulos
congruentes entre si e correspondentes à corda vista. Dito de outra forma, o arco
capaz é um conjunto de pontos (vértices) que enxergam uma corda sob o mesmo
ângulo de visão que é inscrito na circunferência. Santos e Viglioni (2011, p. 187)
afirmam que “um observador que se move sobre o arco capaz de um ângulo θ,
consegue ver o segmento AB sempre sob o mesmo ângulo”.

61
BC

Na Figura 32, observe a corda ̅̅̅̅


CD. Ao considerarmos os dois arcos contidos nos
semiplanos determinados pela reta suporte da corda ̅̅̅̅
CD, os ângulos V5 e V6 enxergam
o segmento sob o mesmo ângulo por estarem inscritos no arco capaz CD
̂ , ou seja, o

ângulo é constante para qualquer vértice inscrito nesse arco. O ângulo V4 está inscrito
no arco maior CV
̂ 4 D e, por isso, enxerga a corda CD com um ângulo suplementar ao
̅̅̅̅

ângulo de V5 ou V6. Em resumo, V ̂6 , estão no mesmo arco capaz CD


̂5 ≅ V ̂ eV ̂5 ou
̂4 + V
̂6 dão 180º, pois são suplementares. Assim, um ângulo inscrito no arco de um
̂4 + V
V
semiplano é suplementar ao ângulo inscrito no arco de outro semiplano determinado
pela reta suporte da corda considerada.
Santos e Viglioni (2011, p. 115) propõem o seguinte corolário: “todos os ângulos
inscritos no mesmo arco são congruentes”, o que acabamos de constatar com V5 e
V6 (o raciocínio foi indutivo: a partir da observação de apenas dois casos, podemos
corroborar com o resultado geral). Eles também ponderam que um ângulo inscrito
numa semicircunferência é reto. Já discutimos, mas evidenciamos na Figura 32, que
as extremidades do diâmetro determinam duas semicircunferências. Nesta mesma
figura, o arco capaz, cujas extremidades A e B coincidem com as do diâmetro,
enxerga um ângulo de 180º formado por essa corda. Como os vértices V1, V2 e V3
estão inscritos no arco AB
̂ , a medida do ângulo formado por eles, com lados passando

por A e B, é metade do arco correspondente (ou do ângulo central). Logo, V


̂1 ≅ V
̂2 ≅
̂3 = 180º/2 = 90º. A recíproca é verdadeira: o arco capaz de um ângulo reto é uma
V

62
semicircunferência.

A circunferência e o círculo têm muitos outros conceitos de extrema


importância para a Geometria Euclidiana Plana como as posições relativas entre
essas figuras e as retas ou outras circunferências, relações métricas, dentre outros.
Aqui, trabalhamos a posição relativa de um ponto em relação ao círculo e à
circunferência, mas julgamos que outros assuntos são melhor discutidos quando
abordados com alguns tópicos da Geometria Analítica e da Trigonometria, que
fogem do escopo deste livro. Todavia, podem ser estudados nas referências sugeridas
que aqui utilizamos. Portanto, finalizaremos essa seção com a Figura 34 em que
propusemos uma análise de duas medidas importantes: o comprimento ou perímetro
da circunferência e a área do círculo.

Figura 34: Medidas importantes do - O perímetro do círculo é conhecido, também,


círculo: comprimento e área como o comprimento de sua circunferência;
- A partir do desenvolvimento histórico da
Matemática, desde os babilônios, há mais de
2000 anos a.C, já se concebia uma relação
constante entre o comprimento e o diâmetro de
uma circunferência. Essa relação constante
resultou na expressão C = 2𝜋r em que 𝜋 é a
constante (irracional), C o comprimento e r o raio;
- Na figura, o diâmetro ̅̅̅̅
AB = 2●OC
̅̅̅̅ = 2●r. Como π =
C
, ele é constante para qualquer círculo e vale
2r
aprox. 3,1415926535...;
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) - A área do círculo, que pode ser obtida
experimental ou dedutivamente é A = 𝜋r2.

CONSTRUÇÕES ESPECIAIS

Nesse momento, também com o apoio de alguns instrumentos estudados na


unidade 02, esboçaremos algumas construções especiais utilizando, para tal, a
técnica axiomática ao traçarmos os desenhos para que fiquem, adequadamente,
de acordo com o que preconizam as regras da Geometria Euclidiana Plana.

63
Novamente, partiremos do pressuposto de que as propriedades dos instrumentos que
utilizaremos foram preservadas e satisfazem os axiomas e postulados.

 Construção da semirreta bissetriz de um ângulo dado:

Quadro 11: Construção de bissetriz


Passos:
1. Dado um ângulo qualquer, com a ponta seca do compasso no vértice O e
uma abertura menor que os lados do ângulo, desenha-se uma
semicircunferência ou um arco que intercepte esses lados nos pontos A e B
(primeira figura).
2. Agora, com a ponta seca no ponto A e uma abertura qualquer, trace um
arco entre os dois lados do ângulo (1ª figura). Com a ponta seca em B, repita
o procedimento.
Traçado 3. Sinalize um ponto “C” no encontro dos dois arcos desenhados a partir de A
de uma e B, conforme a segunda figura.
semirreta 4. Ao ligarmos o vértice O ao ponto C, como na terceira figura, traçaremos
bissetriz uma semirreta OC, com o apoio de uma régua, que será a bissetriz de AÔB,
com o uso pois os ângulos AÔC e CÔB serão congruentes entre si.
de um
compasso

Passos:
1. Dado um ângulo qualquer, utilize um transferidor para medi-lo (primeira
Traçado
figura).
de uma
2. Divida essa medida por 2, pois cada ângulo determinado pela bissetriz será
semirreta
metade do ângulo inicial (no nosso exemplo, AÔB/2 = 55º).
bissetriz
3. Com um lápis, marque o ponto exatamente na metade da medida do
com o uso
ângulo inicial.
de um
4. Com uma régua, construa uma semirreta que ligue o vértice do ângulo ao
transferidor
ponto que você marcou. Essa será a bissetriz do ângulo original (segunda
figura).

64
Fonte: Adaptado de https://bit.ly/3y6EIFD. Acesso em: 29 abr. 2021.

 Construção do postulado das paralelas (quinto postulado de Euclides):

Na seção sobre regiões angulares, relembramos o quinto postulado de Euclides


para justificar alguns conceitos, o qual é enunciado da seguinte forma: “por um ponto
fora de uma reta dada, pode-se traçar uma única reta paralela a esta reta” (SANTOS;
VIGLIONI, 2011, p. 86). Segundo Giovanni, Giovanni Júnior e Castrucci (2015, p. 204),
o também conhecido “postulado das paralelas” fica razoavelmente compreensível
quando, “com o auxílio de régua e compasso, podemos resolver o seguinte problema
geométrico: por um ponto P dado, trace a reta s paralela a uma reta r dada, com P
fora de r”. Baseando-nos nesses autores, usaremos a noção de ângulos alternos
internos congruentes, da seção 3.1, para provar esse postulado.

Quadro 12: Construção do Postulado das Retas Paralelas com régua e transferidor
Postulado
Passos:
das Retas
1. São dados a reta r e o ponto P a seguir (primeira figura).
Paralelas
2. Com uma régua, desenha-se uma reta t qualquer que passe por P e
(5º
intercepte r num ponto Q qualquer, sinalizado (segunda figura).
postulado
3. Usando-se um transferidor, medimos o menor ângulo que t faz com r (ângulo
de Os
â).
Elementos)

65
4. Com o centro do transferidor em P e a linha de fé em t (ângulo 0º),
transportamos o ângulo â, com o vértice em P, conforme a terceira figura
(marca X do transporte).
5. Usamos uma régua para ligar o ponto P à marca X do transporte do ângulo
â, determinando a reta s. Assim, evidenciamos o ângulo â’ cujo vértice é P (3ª
figura).
6. Logo, â e â’ são congruentes e alternos internos. Logo, s // r e passa por P.

_ _
Fonte: Adaptado de Giovanni, Giovanni Júnior (2015); Castrucci (2015).

 Construção da Reta de Euler:


Na seção 3.2.1, já havíamos adiantado o fenômeno geométrico da Reta de
Euler que é uma reta que contém três pontos notáveis de um triângulo qualquer:
baricentro, ortocentro e circuncentro. Santos e Viglioni (2011, p. 170) destacam o
seguinte teorema: “num triângulo ABC qualquer, o baricentro, o ortocentro, e o
circuncentro são colineares. Além disso, o baricentro está entre o ortocentro e o
circuncentro e sua distância ao ortocentro é o dobro de sua distância ao
circuncentro”.
Segundo esses autores, a reta que contém esses três pontos do teorema é
chamada de Reta de Euler de um triângulo ABC, sendo que, no “triângulo equilátero,
a Reta de Euler não está definida já que, neste triângulo, a mediatriz, a bissetriz e a
altura coincidem e, por sua vez, os três pontos também coincidem” (SANTOS;
VIGLIONI, 2011, p. 171). No Quadro 13, indicamos a construção dessa reta.

Quadro 13: Construção da Reta de Euler


Passos:
1. Destaque o baricentro do ΔABC (ponto G) a partir da construção das medianas
desse triângulo por meio do processo de desenho do ponto médio de um segmento
que já discutimos na seção 2.3. Na primeira figura, registramos esse ponto.
2. Agora, para a construção do ortocentro do ΔABC (ponto H), desenharemos as três
alturas relativas às bases pelo traçado de retas perpendiculares, como descrevemos
Reta na seção 2.3. Na segunda figura, também registramos o ponto H e as três alturas.
de 3. Por último, o circuncentro (ponto O), que é um ponto notável de encontro de
Euler todas as mediatrizes do ΔABC, pode ser obtido pela combinação dos processos de
desenho do ponto médio e de retas perpendiculares. Esse ponto é o centro da
circunferência circunscrita ao ΔABC, que poderá ser traçada com o apoio de um
compasso. A terceira figura exibe essa construção.
4. Ao unirmos as construções dos passos 1, 2 e 3 (quarta figura), os pontos G, H e O
estarão alinhados na reta e que é a Reta Euler do ΔABC (ela está sinalizada na cor
verde).

66
5. É importante destacar, conforme o teorema enunciado por Santos e Viglioni
(2011), que o baricentro (G) sempre estará entre o ortocentro (H) e o circuncentro
(O) e ̅̅̅̅
GH = 2●OG
̅̅̅̅.
6. No Quadro 8, você poderá obter mais informações sobre as alturas, bissetrizes,
medianas, mediatrizes e seus pontos notáveis num triângulo qualquer.

_
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

 Construção da base média de um triângulo e de um trapézio:

A base média de um triângulo é o segmento de reta que possui as


extremidades nos pontos médios de dois lados. De forma semelhante, a base média
de um trapézio é o segmento de reta que possui extremidades nos pontos médios dos
lados não paralelos. Esses segmentos são interessantes na Geometria, pois eles têm
algumas propriedades e relações métricas em relação a outras partes das figuras, das
quais pontuaremos algumas no Quadro 14, além de construí-las.

67
Quadro 14: Construção da base média do triângulo e do trapézio
Passos:
1. O triângulo possui três bases médias, cada qual relativa a um dos lados.
2. Seja um ΔABC qualquer. Os pontos médios M e N relativos aos lados ̅̅̅̅ AC e
AB, respectivamente, podem ser construídos a partir do processo de
̅̅̅̅
desenho do ponto médio de um segmento, conforme o Quadro 3.
3. Com o apoio de uma régua, ligamos os pontos M e N.
4. Usando-se o par de esquadros, é possível notar a primeira propriedade: a
base média ̅̅̅̅̅ 𝐌𝐍 é paralela ao lado ̅̅̅̅
𝐁𝐂 do triângulo, ou seja, ̅̅̅̅̅
MN // ̅̅̅̅
BC.
5. Agora, com um compasso, copiamos o segmento MN e o transportamos
̅̅̅̅̅
para BC
̅̅̅̅. Com a mesma abertura, coloca-se a ponta seca em C e marca-se
Base um arco no lado BC ̅̅̅̅. Usando-se uma régua ou desenhando-se o ponto
média do médio de BC ̅̅̅̅ é possível notar uma relação métrica: 𝐌𝐍̅̅̅̅̅ é metade de ̅̅̅̅
𝐁𝐂, ou
triângulo seja, ̅̅̅̅
𝐁𝐂 = 2●𝐌𝐍 ̅̅̅̅̅.

68
Passos:
1. O trapézio possui uma base média relativa aos lados não paralelos.
2. Seja EFGH um trapézio qualquer. Os pontos médios X e Y relativos aos lados
EH e ̅̅̅̅
̅̅̅̅ FG, respectivamente, podem ser construídos a partir do processo de
desenho do ponto médio de um segmento, conforme o Quadro 3 (primeira
figura).
3. Com o apoio de uma régua, ligamos os pontos X e Y (primeira figura).
4. Usando-se o par de esquadros, é possível notar a primeira propriedade: a
base média ̅̅̅̅ 𝐗𝐘 é paralela às bases ̅̅̅̅𝐄𝐅 e ̅̅̅̅
𝐆𝐇 do trapézio, ou seja, ̅EF̅̅̅ // GH
̅̅̅̅ (2ª
figura).
5. Agora, com um compasso e com uma régua, copiamos e traçamos as
bases ̅EF
̅̅̅ e GH
̅̅̅̅ uma ao lado da outra sobre uma mesma reta r suporte, de
forma que os pontos F e G coincidam (terceira figura).
6. Com o apoio de um compasso, transportamos a base média ̅̅̅̅ XY para a
Base reta r e comparamos o tamanho dessa base com a união das bases ̅EF ̅̅̅ e ̅̅̅̅
GH.
média do Assim, notamos uma relação métrica: a base média é igual à semissoma das
trapézio bases do trapézio, ou seja, 2●𝐗𝐘 ̅̅̅̅ = ̅̅̅̅
𝐄𝐅 + ̅̅̅̅
𝐆𝐇 ou ainda ̅̅̅̅
𝐗𝐘 = (𝐄𝐅
̅̅̅̅ + ̅̅̅̅
𝐆𝐇)/2 (terceira
figura).

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

69
70
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (VUNESP/2019/Desenhista) O lugar geométrico onde estão todos os pontos que


conservam uma equidistância de dois pontos distintos conhecidos é denominado:

a) Reta paralela.
b) Reta mediatriz.
c) Semirreta bissetriz.
d) Plano ortogonal.
e) Tangente.

2. Em relação aos polígonos, analise as seguintes afirmativas que são propostas e


julgue-as como verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) Diagonais são segmentos de reta que ligam vértices a outros não consecutivos.
( ) A soma de cada ângulo interno com o seu externo correspondente (que é
adjacente) equivale ao ângulo reto, ou seja, eles são complementares.
( ) Todos os polígonos possuem, pelo menos, uma diagonal.
( ) Três pontos distintos, não colineares, determinam um único plano que passa por
eles. Se esses pontos estão ligados por segmentos, então se tem um triângulo.

A sequência correta que preenche as lacunas é:

a) F – F – F – V.
b) V – V – F – V.
c) F – V – V – V.
d) V – F – F – V.
e) F – V – F – V.

3. Os triângulos e quadriláteros são polígonos utilizados como base para muitos outros
conceitos e abstrações da Geometria. Alguns aspectos específicos dessas figuras
podem ser interessantes em eventos de construção ou desenhos geométricos.
Considere as seguintes sentenças em relação aos triângulos e quadriláteros:

71
(1) Num triângulo, a medida de um lado é sempre menor que a soma das medidas
dos outros dois lados.
(2) O triângulo equilátero é um tipo de triângulo isósceles.
(3) Os pontos notáveis de um triângulo dependem, apenas, de um dos vértices para
serem construídos.
(4) Os quadriláteros paralelogramos e trapézios são diferenciados pela quantidade
de ângulos congruentes e opostos.
(5) Um losango é, ao mesmo tempo, um paralelogramo e um retângulo.
(6) Trapézios são os quadriláteros convexos com apenas um par de lados paralelos.

A soma dos números que acompanham apenas as sentenças verdadeiras é:

a) 3.
b) 5.
c) 6.
d) 9.
e) 12.

4. (VUNESP/2019/Câmara de São Miguel Arcanjo – SP/Escriturário) Na figura, as retas


paralelas r e s são intersectadas pelas transversais t e u nos pontos A, B e C, vértices
do triângulo ABC.

A soma da medida do ângulo interno x e da medida do ângulo externo y é igual


a:

a) 230º
b) 225º
c) 205º

72
d) 215º
e) 195

5. (VUNESP/2018/Prefeitura de Buritizal – SP/Oficial Administrativo) Em um losango, os


ângulos opostos são congruentes. A figura representa um losango, sendo que as
incógnitas x e y representam valores em graus.

A soma x + y vale:

a) 24°
b) 40°
c) 56°
d) 72°
e) 88°

6. (VUNESP/2018/Ferraz de Vasconcelos – SP/Professor de Educação Básica I) As


imagens a seguir apresentam algumas posições de dança. Destacado em branco
está o ângulo correto das pernas para execução da posição.

73
Dentre as posições apresentadas, as duas em que a angulação das pernas é
superior a de um ângulo reto são as posições:

a) 1 e 2.
b) 1 e 3.
c) 2 e 3.
d) 2 e 4.
e) 3 e 4.

7. (VUNESP/2016/CETESB/Escriturário) A figura mostra um canteiro retangular dividido


em quatro partes onde a, b e c são as medidas dos ângulos assinalados.

Os valores de a, b e c são, respectivamente:

a) 80°, 90° e 100°.


b) 80°, 90° e 110°.
c) 90°, 80° e 100°.
d) 90°, 100° e 80°.
e) 110°, 90° e 80°.

8. Nas construções geométricas, o círculo e suas partes (circunferência, arcos,


seções, cordas, dentre outros) são usados de várias formas como apoio ao
desenho geométrico e por meio de diferentes instrumentos e técnicas. Nesse
contexto, analise as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) O par de esquadros é um ótimo instrumento para o traçado de arcos e setores.

74
( ) Para a construção da semirreta bissetriz, o traçado de arcos com um compasso
ou o uso de um transferidor são indicações pertinentes a essa construção.
( ) Um dos pontos da Reta de Euler é o centro de uma circunferência circunscrita a
um triângulo. Esse ponto é obtido por meio das mediatrizes de um triângulo.
( ) O processo de desenho do ponto médio de um segmento, usado na construção
das bases médias do triângulo e do trapézio, requer o traçado de arcos ou
circunferências cujos centros são as extremidades do segmento (no caso, o lado
da figura).

A sequência correta que preenche as lacunas é:

a) F – F – F – V.
b) V – V – F – V.
c) F – V – V – V.
d) V – F – F – V.
e) F – V – F – V.

75
TÓPICOS ESPECIAIS E APLICADOS À UNIDADE
GEOMETRIA PLANA

INTRODUÇÃO
04
“O equilíbrio, a simetria e a harmonia entre as formas e as cores são
as partes mais difíceis de serem alcançadas na construção do belo”.
― Ricardo V. Barradas

Na unidade 4 abordaremos outros tópicos de Geometria Euclidiana Plana


relacionados à semelhança, às regularidades, às simetrias e às áreas de regiões
planas. São assuntos especialmente importantes e aplicados às construções
geométricas em virtude da modelagem em torno da ideia de que objetos
geométricos podem assumir medidas e características a partir de figuras mais simples
como os triângulos e quadriláteros, por exemplo. Vamos analisar esses fenômenos
utilizando, para tal, conceitos e aspectos das construções e figuras já estudadas.

SEMELHANÇAS ENTRE REGIÕES PLANAS

Antes de iniciarmos os nossos estudos sobre semelhanças entre regiões planas,


é fundamental diferenciarmos semelhança de congruência. Você sabe qual é a
diferença entre esses conceitos?

Para avançarmos nessa reflexão, de acordo com Costa (2010, p. 126), “duas
ou mais figuras são congruentes quando, por superposição, elas coincidem”. Nas

76
unidades anteriores, sempre que utilizávamos o sinal de congruência (≅) queríamos
afirmar que duas medidas ou objetos eram iguais. Essa autora, no entanto, utiliza o
símbolo ≡ (equivalente) como sinônimo de congruente. Ela ainda acrescenta que
“dois ou mais polígonos são congruentes quando é possível estabelecer uma
correspondência biunívoca (um a um) entre seus vértices, de modo que lados e
ângulos correspondentes ou homólogos sejam congruentes” (COSTA, 2010, p. 128,
grifo da autora).
Assim, basicamente, por meio de quatro casos de congruência (lado-lado-
lado, lado-ângulo-lado, ângulo-lado-ângulo, lado-ângulo adjacente-ângulo oposto,
em relação aos triângulos, por exemplo) conseguimos identificar quando duas ou
mais figuras são congruentes. Na figura 35, ilustramos um exemplo de duas figuras
congruentes em que o ponto A corresponde ao ponto D, B ao E e C ao F. Santos e
Viglioni (2011) destacam que os casos de congruência também são chamados de
axiomas de congruência tomando como base o processo lógico-dedutivo.

Figura 35: Triângulos congruentes (ΔABC ≅ ΔDEF)

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

Como o nosso objetivo nesta seção é discutir a semelhança entre regiões


planas, definiremos, então, este termo. Para Costa (2011), matematicamente, pode-
se afirmar que duas figuras são semelhantes quando elas guardam entre si uma
proporção, isto é, existe uma correspondência biunívoca entre os seus pontos de
forma que a razão entre dois segmentos correspondentes, opostos a ângulos
congruentes, é um número real denominado de razão de semelhança.
Na figura 36, observe que os dois quadriláteros têm a mesma forma. Além disso,
os ângulos de um são correspondentes e congruentes, de maneira biunívoca, aos
ângulos do outro. Por último, observa-se que os lados homólogos (correspondentes)
são proporcionais, ou seja, a razão entre a medida dos segmentos é sempre a mesma:

77
̅̅̅̅
AB ̅̅̅̅
BC ̅̅̅̅
CD ̅̅̅̅̅
AD
̅̅̅̅̅̅̅
A′B′
= ̅̅̅̅̅̅
B′C′
= ̅̅̅̅̅̅̅
C′D′ ̅̅̅̅̅̅̅ = 1,5. Com isso, observa-se que a razão de semelhança do
= A′D′

quadrilátero ABCD para o quadrilátero A’B’C’D’, que guarda a proporção entre essas
duas figuras semelhantes, é fixa (constante) e vale 1,5.

Figura 36: Quadriláteros semelhantes

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

Em resumo, ABCD ~ A’B’C’D’ (ABCD é semelhante ao A’B’C’D’). Utilizamos o


símbolo (~) para indicar a relação de semelhança. Giovanni Júnior e Castrucci (2009,
p. 222) afirmam que, especificamente, “dois polígonos com o mesmo número de
lados são semelhantes quando possuem os ângulos internos, respectivamente,
congruentes e os lados correspondentes proporcionais”. Nesse sentido, duas
condições precisam ser satisfeitas: ângulos internos, respectivamente, congruentes e
lados homólogos proporcionais. Corroborando esses autores, Costa (2011) destaca
que apenas uma das condições não garante uma relação de semelhança entre
duas figuras e, por isso, ambas precisam ser válidas.
Notadamente, em relação aos triângulos, Giovanni Júnior e Castrucci (2009)
salientam que dois triângulos são semelhantes quando atendem as duas condições
acima mencionadas, mas que se eles tiverem dois ângulos, respectivamente,
congruentes, então o terceiro ângulo de cada triângulo também será congruente,
pois a soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer é sempre de 180º. Logo,
para identificarmos dois triângulos semelhantes, basta verificarmos se eles possuem
dois ângulos correspondentemente congruentes. Além disso, os lados de um serão
proporcionais aos lados homólogos do outro. Acompanhe na Figura 37.

Figura 37: Triângulos semelhantes com lados proporcionais e ângulos congruentes

78
O ΔABC ~ ΔEDC, pois:
- Os ângulos em C são opostos pelo
vértice e, por isso, são congruentes;
- Ambos os ângulos em B e D são retos;
- Logo, o terceiro ângulo em cada
triângulo (A e E) é congruente
também.

Os lados homólogos são


proporcionais:
̅̅̅̅
AB ̅̅̅̅
AC BC ̅̅̅̅
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) ̅̅̅̅
=
̅̅̅̅
=
̅̅̅̅
=2
DE CE CD

Assim, x = 2●CD
̅̅̅̅ = 8cm e y = ̅̅̅̅
AC/2 = 5cm.

Essa identificação do terceiro ângulo congruente em cada triângulo


semelhante faz parte de um conjunto de três axiomas de semelhança relacionados
aos triângulos em geral (ângulo-ângulo, lado-ângulo-lado e lado-lado-lado),
segundo Santos e Viglioni (2011). Como consequência desses axiomas, Dolce e
Pompeo (2005), Giovanni Jr. e Castrucci (2009) e Giovanni, Bonjorno e Giovanni Jr.
(1994, p. 412) apresentam o chamado teorema fundamental da semelhança: “toda
reta paralela a um lado de um triângulo, e que encontra os outros dois lados em
pontos distintos, determina com esses lados um triângulo semelhante ao primeiro”. Na
Figura 38, ilustraremos e explicitaremos esse teorema com algumas construções.

REGULARIDADES POLIGONAIS, INSCRIÇÕES E CIRCUNSCRIÇÕES

Já estudamos alguns aspectos sobre os polígonos nas unidades anteriores.


Agora, o nosso objetivo é o de definir, identificar e destacar alguns conceitos e

79
propriedades em relação aos chamados polígonos regulares. O fenômeno da
regularidade poligonal diz respeito à congruência dos lados e ângulos internos e
externos, segundo Barreto Filho e Silva (2000). Corroborando, Dolce e Pompeo (2005,
p. 136) afirmam que “um polígono convexo é regular se, e somente se, tem todos os
lados congruentes (é equilátero) e todos os ângulos congruentes (é equiângulo)”.
Os polígonos regulares possuem outras propriedades e relações para além da
congruência dos lados, ângulos internos ou externos. Eles podem estar inscritos ou
circunscritos por uma circunferência que lhes dão origem ao ser usada em suas
construções geométricas. Giovanni Jr. e Castrucci (2009, p. 323, destaques dos
autores) definem o conceito de polígono regular inscrito ao pontuarem que “quando
dividimos uma circunferência em n arcos congruentes (com n > 2), as cordas
consecutivas delimitam um polígono regular de n lados, inscrito nessa circunferência”.
Santos e Viglioni (2011), por exemplo, axiomaticamente, demostram que todo
polígono regular está inscrito numa circunferência, seja qual for o número de lados.
Esses autores também apresentam e provam um corolário que define que “todo
polígono regular possui um círculo inscrito” (p. 123), ou seja, um polígono regular
também circunscrita uma circunferência. Giovanni, Bonjorno e Giovanni Jr. (1994, p.
423) definem o polígono que circunscrita uma circunferência da seguinte forma:
“dividindo-se a circunferência em n arcos (n > 2) congruentes, as tangentes nos
pontos consecutivos de divisão formam um polígono regular de n lados, circunscrito
à circunferência”. No Quadro 15, organizamos essas informações e destacamos os
principais conceitos e propriedades dos polígonos regulares, das inscrições ou
circunscrições relacionadas a eles.

80
Quadro 15: Polígonos regulares inscritos ou circunscritos à circunferência
- Ângulos internos (ai) são congruentes e a
medida depende do número n de lados: a i =
180º ● (𝑛−2)
. Na figura, ai = 90º, pois ABCD é um
𝑛
quadrado;
- Ângulos externos (ae) também são todos
360º
congruentes e são dados por a e = , em que n
𝑛
Polígono regular inscrito

é o número de lados. No ABCD, ae = 90º (cor


verde);
- Os vértices do polígono são pontos da
circunferência e todos os lados são cordas
congruentes;
- O é o centro da circunferência que inscreve ou
circunscreve o polígono;
- ̅̅̅̅
OC = r é raio do polígono e da circunferência;
- O ângulo b é ângulo central do polígono
regular e da circunferência e é dado por b̂ =
360º
, em que n é o número de lados do polígono.
𝑛
Aqui, b = 90º;
- O segmento ̅̅̅̅̅ OM, de medida a, é o apótema do
polígono e liga o centro ao ponto médio de um
lado.
- Os lados do polígono regular são tangentes à
circunferência inscrita;
- Sendo n o número de lados, de forma
semelhante:
180º ● (𝑛−2) 360º 360º
ai = , ae = e CÔD = = 60º.
𝑛 𝑛 𝑛
Polígono regular

- Como ABCDEF é um hexágono regular, ai =


circunscrito

120º (destaque azul) e ae = 60º (destaque


laranja);
- O é o centro da circunferência que inscreve ou
circunscreve o polígono;
- O apótema (medida a) é também o raio r do
polígono circunscrito e da circunferência
inscrita;
- Polígonos inscritos e circunscritos que têm o
mesmo número de lados são semelhantes entre
si.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

Segundo Giovanni Jr. e Castrucci (2009, p. 324), é possível extrair três


propriedades:
1ª propriedade: em dois polígonos regulares inscritos e com o mesmo
número de lados, os perímetros [soma da medida dos lados] são
proporcionais aos comprimentos dos respectivos raios.
2ª propriedade: em dois polígonos regulares inscritos e com o mesmo
número de lados, os perímetros são proporcionais às medidas dos
respectivos lados.
3ª propriedade: em dois polígonos regulares inscritos e com o mesmo
número de lados, os perímetros são proporcionais às medidas dos
respectivos apótemas.

81
Esses autores afirmam que dois ou mais polígonos regulares que têm o mesmo
número de lados são semelhantes, pois possuem ângulos internos correspondentes
congruentes e lados homólogos proporcionais.

ÁREAS DE FIGURAS PLANAS

Desde muito antes da era cristã, no Egito Antigo, por exemplo, a determinação
da medida de uma superfície era usada para pagamento de imposto aos faraós
sobre áreas cultivadas. Hoje, o IPTU (imposto predial e territorial urbano) também usa
como uma das bases de cálculo as áreas urbanas delimitadas e registradas, com ou
sem construções, para a cobrança dessa arrecadação municipal.
O cálculo da área de figuras planas pode ter diferentes abordagens. Uma
delas é a construção axiomática que fez parte de várias construções geométricas
que aqui produzimos. Segundo Santos e Viglioni (2011, p. 152), “uma região poligonal
é uma figura plana que pode ser expressa como a união de um número finito de
regiões triangulares, de tal modo que duas a duas não têm pontos interiores em
comum”, ou seja, a área de uma figura plana é um objeto geométrico limitado por
uma fronteira poligonal em que todos os pontos da região convexa são internos. Esses
autores destacam os seguintes axiomas de área:

Axioma de Área 1: A toda região poligonal corresponde um único


número maior do que zero.
Axioma de Área 2: Se uma região poligonal é a união de duas ou mais
regiões poligonais, de modo que duas a duas não possuam pontos
interiores em comum, então sua área é a soma das áreas daquelas
regiões.
Axioma de Área 3: Regiões triangulares limitadas por triângulos
congruentes têm áreas iguais (SANTOS; VIGLIONI, 2011, p.153).

Diferentemente do perímetro, que é a medida linear do contorno de figuras


planas, ou seja, a soma da medida dos lados, a área corresponde a um número real,
de forma biunívoca, que fornece a medida da superfície de um polígono qualquer
por meio de um produto bidimensional. Aliás, “quando dois polígonos são
semelhantes, os perímetros desses polígonos são proporcionais às medidas de dois
lados correspondentes quaisquer” (GIOVANNI JR.; CASTRUCCI, 2009, p. 225), isto é, o
perímetro de um polígono está para o perímetro do outro semelhante, assim como
cada lado está para o seu lado correspondente, numa lógica proporcional.
Por meio de teoremas demonstrados, especialmente usando as propriedades

82
e os conceitos dos triângulos, suas semelhanças e congruências, além da
equivalência entre áreas, Costa (2011), Giovanni Jr. e Castrucci (2009), Santos e
Viglioni (2011) e Giovanni, Bonjorno e Giovanni Jr. (1994), propõem as seguintes
relações para se calcular áreas de regiões planas, conforme esquematizamos no
Quadro 16.

Quadro 16: Áreas superficiais (S) de regiões planas conhecidas axiomaticamente

D●d
S=
2
S=b●h
Retângulo

D = med

Losango
b = med (base) (diagonal
h = med maior)
(altura) d = med
(diagonal
menor)
(B+b)
S=h●
Quadrado

2
Trapézio

S = l²
b = base menor
l = med (lado) B = base maior
h = med (altura)
Paralelogram

S=b●h
S = 𝜋 ● r²
Círculo

b = med (base)
o

r = med (raio)
h = med
𝜋 ≃ 3.141592...
(altura)

â ● π ● r²
b●h S=
Setor circular

S= 360°
Triângulo

â = ângulo
b = med (base)
central
h = med
r = med (raio)
(altura)
𝜋 ≃ 3.141592...
S = n ● SΔ S = n ● SΔ
Polígono regular

Polígono regular

n = nº de lados n = nº de lados
SΔ = área do Δ SΔ = área do Δ

Deste Deste
hexágono: pentágono:
L●h L●h
S=6● S=5●
2 2

Fonte: o autor.

Para finalizar, uma informação importante que Santos e Viglioni (2011)


destacam e demonstram é a de que a área do círculo é o limite de infinitas áreas de
triângulos que têm como vértices o centro e arcos cada vez menores sobre a

83
respectiva circunferência. Ou seja, infinitos triângulos que comporiam a área do
disco.

A SIMETRIA E OS SEUS FENÔMENOS

A arte e a natureza são, muitas vezes, formas de se representar o que se


conceitua por “belo” em determinadas sociedades. Povos distintos podem ter ideias
diferentes em relação ao belo, ao harmônico e ao equilíbrio. Uma coisa em comum
por várias partes do mundo e várias épocas é a concepção de que o belo pode estar
ligado ao conceito matemático de simetria e os seus fenômenos decorrentes.
Além do conceito de beleza socialmente compartilhado, a simetria de algo
pode se tornar sinônima de bom estado ou salutífero, já que a própria medicina
estética e dermatológica defende um padrão nas formas. Matematicamente, definir
a simetria é algo complexo, mas, sem dúvida passa pela ideia da criação de padrões
e regularidades, com ou sem repetição. Segundo Carvalho et al. (2011, p. 155),
“buscando a compreensão da linguagem da natureza foi que os seres humanos
criaram maneiras de expressar os padrões nela encontrados”, por meio de moldes ou
modelos, especialmente os que mantêm relações proporcionais entre si, que servem
para a repetição, transformação ou criação de outros novos.
Aos padrões de construção e análise de ornamentos, Biembengut e Hein (2000,
p. 70, grifos nossos) afirmam que “a isometria ou a simetria é um movimento rígido no
plano que aplica um ornamento sobre si mesmo”. Dito de outra forma, a simetria, ou
isometria (iso vem de igual e metria seria medida, ou seja, medida igual), vem da ideia
de que podemos dividir construções em partes que coincidem quando são
sobrepostas ou da correspondência, ponto a ponto, em que distâncias, tamanhos,
ângulos e formatos são preservados (chamamos também de isometrias congruentes)
ou se tornam semelhantes e proporcionais (mesma forma, ângulos congruentes, mas
tamanhos diferentes). O movimento ou a transformação de formas simétricas, em que
há a preservação da distância entre os pontos, dá origem aos tipos de simetria que

84
detalharemos no Quadro 17.

Quadro 17: Tipos de padrão de simetria/isometria


Pontos Orientaçã Pontos Orientaçã
Simetria Tipo Simetria Tipo
fixos o no plano fixos o no plano
Translaçã Nenhu
Direta Preserva Rotação Direta Um Preserva
o m
É o deslizamento da figura sobre uma reta É uma transformação geométrica por meio
suporte. Os pontos da figura percorrerem de giros em torno de um ponto fixo (centro
segmentos de mesmo tamanho e paralelos. de rotação). Não há deformações e pode
É um movimento ou transformação acontecer em dois sentidos no plano:
geométrica que desloca o objeto em horário e anti-horário. Também é chamada
determinado sentido e direção, sem de simetria central.
sobreposição e sem deformações.

Pontos Orientaçã Pontos Orientaçã


Simetria Tipo Simetria Tipo
fixos o no plano fixos o no plano
Infinitos Translação Invers Nenhu
Reflexão Inversa Inverte Inverte
(eixo) refletida a m
É a simetria obtida em relação a um eixo
chamado de eixo de simetria. É o Também chamada de glissorreflexão, é o
movimento que conserva a distância dos movimento que combina a reflexão (por
pontos a esse eixo fixo. Conhecida como meio de eixo) e a translação (por meio de
simetria axial, não deforma e a posição da segmentos paralelos) no plano. As setas
figura transformada é oposta à da figura indicam os movimentos.
original em relação ao eixo.

85
Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2011); Moura e Campagnaro (2021).

Em especial, uma circunferência possui aspectos incomuns a outras figuras


planas, como o fato de ser o único objeto que pode ser girado em torno de um ponto
sem modificar sua posição aparente. Além disso, também é a única figura que possui
simetria em relação a um infinito número de eixos de simetria.

86
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (Instituto AOCP/2016/Técnico de Eletrônica - adaptada) Uma pessoa de 1,5 metros


de altura projeta uma sombra de 1,8 metros. Sabendo que, no mesmo instante, um
prédio projeta uma sombra de 12 metros, proporcional à primeira, conclui-se que
a altura do prédio é:

a) 12 metros.
b) 10 metros.
c) 8 metros.
d) 12 metros.
e) 15 metros.

2. (IBFC/2017/Polícia Científica/PR - adaptada) Em relação à semelhança de


triângulos, analise as afirmativas a seguir:

I. Dois triângulos são semelhantes se, e se somente se, possuem os três ângulos
ordenadamente congruentes.
II. Dois triângulos são semelhantes se, e se somente se, possuem os lados homólogos
proporcionais.
III. Dois triângulos são semelhantes se, e se somente se, possuem os três ângulos
ordenadamente congruentes e os lados homólogos proporcionais.

Nessas condições, está correto o que se afirma em:

a) l e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, II e III.
e) II, apenas.

3. (GUALIMP/2020/Prefeitura de Quissamã/RJ/Auxiliar - adaptada) Renata precisava


medir a altura de uma árvore. Para isso, colocou um pedaço de cano enterrado
no chão, formando um ângulo de 90º com o solo, como na figura a seguir. Depois,
mediu o comprimento das sombras da árvore e do cano, obtendo as medidas

87
indicadas na figura abaixo.

Qual é a medida aproximada da altura dessa árvore?

a) 6,8 m.
b) 8,4 m.
c) 9,2 m.
d) 7,9 m.
e) 5,1 m.

4. (Instituto Excelência/2019/Prefeitura de Rio Novo/MG/Técnico) Um hexágono


regular inscrito numa circunferência (figura abaixo) possui 18 cm de diâmetro.
Portanto, qual é o seu perímetro, em cm?

a) 96 cm.
b) 36 cm.
c) 54 cm.
d) 42 cm.
e) 48 cm.

5. (FURB/2019/Câmara de Timbó/SC/Técnico de Informática - adaptada) Considere


a seguinte sequência de figuras que representam polígonos regulares e analise o

88
padrão de construção:

Seguindo o padrão de construção dessas figuras, pode-se afirmar que o número de


lados da Figura 10 será:

a) 21.
b) 10.
c) 19.
d) 17.
e) 15.

6. (NCE-UFRJ/2018/ANTT) Um pentágono regular tem cinco diagonais, como mostra


a figura a seguir:

Um polígono regular com oito lados tem o seguinte número de diagonais:

a) 8.
b) 10.
c) 12.
d) 15.
e) 20.

7. (Cefet-MG/2016 - adaptada) A área quadrada de um sítio deve ser dividida em

89
quatro partes iguais, também quadradas, e, em uma delas, deverá ser mantida
uma reserva de mata nativa (área hachurada), conforme mostra a figura a seguir.

Sabendo-se que B é o ponto médio do segmento AE e C é o ponto médio do


segmento EF, a área hachurada, em m², mede:

a) 625,0.
b) 925,5.
c) 1.562,5.
d) 2.500,0.
e) 3.525,0.

8. (IDCAP/2021/Prefeitura de Santa Leopoldina/ES/Professor) Considerando o


princípio da simetria, qual é o valor de "a" na figura abaixo?

a) a = 8
b) a = 12
c) a = 0

90
d) a = 10
e) a = 5

91
GEOMETRIA ESCALAR, HOMOTETIA UNIDADE
E OUTRAS CONSTRUÇÕES ESPECIAIS

INTRODUÇÃO
05
“Tudo o que se encontra no universo numa escala maior, reflete-se no
homem numa escala menor. [...] Podemos dizer que no homem está
refletida toda a natureza”.
― Franz Bardon

Na unidade 5, faremos algumas discussões relacionadas a tópicos que,


normalmente, não são discutidos em livros de Geometria Euclidiana Plana, em
especial, os que lidam com a formação inicial ou continuada de professores: a
geometria escalar, que nos ajuda a compreender o mundo macro de uma forma
micro; a homotetia, que amplia ou reduz os pontos de vista sobre realidades
concretas ou abstratas; e algumas construções especiais com os muito divulgados,
mas pouco compreendidos, Tangram e Origami. São abordagens importantes à
aprendizagem e ao ensino de construções geométricas, pois servem como base
ferramental de muitas áreas do conhecimento, além do aprender com o brincar!
Vamos analisar esses assuntos com o enfoque que nos acompanha desde o início: o
euclidiano.

ESCALAS

Possivelmente, em algum ano da educação básica, tivemos contato com o


uso de escalas em Geografia Física ou quando estudávamos razão e proporção. De
fato, esse assunto possui forte ligação com a Geografia e também está ligado aos
conceitos de razão e proporção. Hoje, segundo Barci e Sacramento (2019),
cientificamente, fala-se em alfabetização cartográfica como unidade de análise da
mobilização que estudantes fazem para ler, analisar, representar e perceber
fenômenos relacionados à localização, escala, proporcionalidade, visão gráfica,
legenda e orientação em cartas geográficas.
Do ponto de vista da Matemática e das construções geométricas, a escala é
uma relação entre duas dimensões lineares que guardam entre si uma proporção

92
que permite desenhar um objeto pequeno ou grande demais com tamanhos que
possamos enxergar em nosso campo visual natural. Isto é, conseguimos representar
as dimensões reais de objetos por meio de desenhos ou construções que estão
ligados, proporcionalmente, por uma razão com o objeto original.

Enquanto na cartografia a escala é definida como “relação ou proporção


existente entre as distâncias lineares representadas em um mapa e aquelas existentes
no terreno, ou seja, na superfície real" (FITZ, 2008, p. 19), Carvalho et al. (2011, p. 41)
afirmam, de forma generalizada, que escala “é a razão entre um comprimento em
um desenho, ou uma representação qualquer e sua medida real correspondente,
expressos em uma mesma unidade de medida”. Assim, podemos representar,
esquematicamente, uma escala como na Fórmula 1, seguinte:

𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑛ℎ𝑜 [𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑋]


𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = (1)
𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙 [𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑋]

A geometria escalar, ou Geometria das Escalas, é a interface da Geometria

93
responsável por agrupar aspectos relacionados à construção de objetos que
guardam proporções de semelhança com o objeto original por meio de uma razão.
A escala pode ser representada de duas formas e, por isso, a definimos como escala
numérica (baseada numa fração ou divisão entre dois valores) ou escala gráfica
(utiliza um recurso de desenho semelhante a uma régua). Esses dois tipos de escala
estão expressos na Figura 39 e transmitem informações equivalentes.

Figura 39: Uso da escala numérica e da escala


- Para visualizar a escala da figura
gráfica
corretamente, você precisa deixá-la
com as dimensões 10,5 cm X 15,9 cm
(altura X largura). A diferença é
explicada pelo zoom causado pela
ferramenta que você está utilizando
para ler este material;
- No retângulo vermelho, a primeira
escala é a gráfica. Cada intervalo entre
os números representa 1 cm no mapa e
125●100000 cm reais;
- A segunda escala é a numérica. A
razão quer dizer que 1 cm do mapa
equivale a 12500000 cm reais, ou 125
km;
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) - Por padrão, caso a unidade não
venha expressa, usa-se centímetros.

Por exemplo, se o nosso mapa da Figura 39 está corretamente visualizado


(altura: 10,5 cm X largura: 15,9 cm), a distância entre Belo Horizonte/MG (BH) e a
cidade de São Paulo/SP (SP) será de 4 cm no mapa. Isso quer dizer que, em linha reta,
a distância entre BH e SP é de, aproximadamente, 50000000 cm ou 500 km.
Basicamente, utilizamos uma régua como instrumento de medida nesse caso.
Particularmente, as construções geométricas e suas aplicações (plantas
arquitetônicas, croquis, projetos de engenharia, dentre outros) utilizam-se dos
conceitos da Geometria das Escalas para manter a semelhança dos objetos reais
com uma visão planificada e reduzida ou aumentada, linearmente. Se quisermos
tratar das ampliações ou reduções, sem deformação, em várias direções, o ideal é
conhecermos o próximo tópico: as homotetias.

A HOMOTETIA E AS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS

Outro assunto que é pouco explorado na literatura da Geometria Euclidiana

94
Plana, para a formação inicial ou continuada de professores, é a homotetia. Assim
como as isometrias, a homotetia é uma transformação geométrica e um processo
que gera objetos semelhantes ao original a partir da multiplicação das medidas de
seus segmentos de reta por um valor constante, chamado de razão da homotetia ou
fator de escala, a partir de um ponto fixo de apoio que é chamado de centro de
homotetia. Ou seja, a partir de um ponto fixo (centro de homotetia), conseguimos
ampliar (esticar) ou reduzir (contrair) os segmentos que passam por esse ponto para
obtermos uma figura semelhante à original, sem deformá-la. Por isso, essa
transformação também é chamada de transformação de semelhança.
De acordo com Souza e Dutra (2004), homotetia vem do grego homo
(semelhante) e tetia (posição), ou seja, posição semelhante. Para diferenciar
isometria de homotetia, essas autoras afirmam que “quando rodamos, refletimos ou
transladamos um segmento temos uma isometria. Já os casos de semelhança de
figuras podem ser obtidos por homotetia” (SOUZA; DUTRA, 2004, p. 01, grifo das
autoras). Assim, na homotetia, a ampliação e a redução, com ou sem inversão da
orientação espacial, preservam os ângulos, a razão de semelhança entre os lados
correspondentes da figura e o paralelismo em relação aos segmentos de reta do
objeto original e a sua ampliação ou redução.

Para que tal transformação de semelhança ocorra, multiplicamos a distância


entre dois pontos por um fator de escala k (ou razão de homotetia), de modo que:

 Se 0 < k < 1, reduziremos a figura original, aproximando-a do centro de


homotetia;

95
 Se k > 1, ampliaremos a figura original, afastando-a desse centro;
 Se k = 0, toda a figura se reduzirá a um ponto (centro de homotetia);
 Se k = 1, a transformação preserva distâncias e temos uma simetria;
 Se k < 0, alteraremos a orientação espacial da figura, sendo que o módulo de
k (|k|) determinará se ocorrerá uma ampliação ou redução.

Na Figura 40, representaremos quatro figuras homotéticas. Analise-as!

Figura 40: Figuras homotéticas


As distâncias podem sofrer alterações a depender do zoom e da ferramenta utilizada para a visualização deste material.

Fonte: Elaborado pelo Autor (2021).

Sobre as figuras homotéticas esboçadas na Figura 40, podemos destacar


alguns conceitos e propriedades como:

 O ΔABC é o objeto original que se deseja transformar por homotetia;


 Se k > 0, a homotetia é dita direta como em ΔA’B’C’ ou ΔA’’B’’C’’;
 Se k < 0, teremos uma homotetia inversa como em ΔA’’’B’’’C’’’;
 Em ΔA’B’C’, ΔA’’B’’C’’ e em ΔA’’’B’’’C’’’ obtivemos uma redução, uma
ampliação e uma inversão em relação ao centro de homotetia O,
respectivamente. As razões de homotetia foram indicadas ao lado de cada
uma das figuras transformadas.

Basicamente, para se construir figuras homotéticas, basta traçar segmentos

96
que liguem os vértices da figura que se deseja transformar ao centro de homotetia.
O prolongamento desses segmentos permitirá desenhar figuras maiores, menores ou
invertidas bastando, para tanto, escolher um k adequado que determinará a
distância em relação ao centro de homotetia que se deseja para os vértices da figura
transformada e ligar esses vértices com segmentos de reta que serão paralelos aos
segmentos originais, caso a premissa da razão de homotetia seja respeitada.

CONSTRUÇÕES ESPECIAIS COM TANGRAM E ORIGAMI

Provavelmente, você já ouviu falar ou utilizou, de alguma forma, o Tangram e


o Origami. Certo? De origem asiática, esses recursos são muito conhecidos em todo
o mundo, seja nas brincadeiras em qualquer idade, na arte ou mesmo em situações
de ensino e de aprendizagem.
De origem chinesa, o Tangram é um quebra-cabeça milenar formado por sete
peças, sendo: um paralelogramo, um quadrado e cinco triângulos retângulos (dois
grandes, dois pequenos e um médio), conforme mostrado na Figura 41. Para além
das lendas em torno do surgimento do Tangram, segundo Lima et al. (2011, p. 128),
“esse instrumento contribui para o estudo das formas geométricas planas e no
desenvolvimento da criatividade e do raciocínio lógico”. As regras principais são
combinar todas as sete peças para a formação de diferentes figuras e não sobrepô-
las, mas apenas justapô-las.
Figura 41: Composição de um Tangram

97
Fonte: Adaptado de Hamze (2021).

A estimativa é que seja possível formar mais de cinco mil construções com as
sete peças do Tangram como figuras geométricas, pessoas, plantas, animais, dentre
muitas outras possibilidades. Além disso, de forma lúdica, há oportunidades variadas
para o ensino e a aprendizagem de Matemática e de Geometria Euclidiana Plana
que vão além das construções, como salienta Hamze (2021), ao dizer que:

Com o uso do Tangram, podemos trabalhar a identificação,


comparação, descrição, classificação e desenho de formas
geométricas planas, visão e aspectos de figuras planas, exploração de
transformações geométricas através de decomposição e composição
de figuras, abrangência das propriedades das figuras geométricas
planas, reprodução e resolução de problemas usando padrões
geométricos (HAMZE, 2021, n. p.).

Outro recurso muito interessante que envolve arte, cultura e Geometria é o


Origami. De origem japonesa, a tradicional, secular e belíssima manipulação do
papel por meio de dobras, faz do Origami uma técnica que permite aliar desde
conhecimentos básicos de figuras planas e ângulos até sofisticadas formas de se
representar o octaedro, um dos sólidos de Platão conhecido por conter 8 faces
triangulares congruentes, 12 arestas e 6 vértices (Figura 42). Segundo Leroy (2010),
Origami quer dizer dobrar papel na escrita japonesa original - ori = dobrar e kami =
papel.

Figura 42: Octaedro – um sólido de Platão construído com Origami

98
Fonte: Adapatado de Leroy (2010).

Na literatura, há muitos trabalhos que discutem variados aspectos e possíveis


colaborações entre as práticas e técnicas de dobrar papel e as construções
geométricas subjacentes e que dão suporte aos tipos de Origami, desde o tradicional
ao modular que é a junção de unidades básicas, dobradas e repetidas, que formam
uma peça única maior. Sem o uso de régua, tesoura ou qualquer instrumento de
desenho e corte, o Origami:

[...] pode auxiliar no ensino de alguns conceitos matemáticos,


conceitos particulares relativos à geometria, pois proporciona uma
referência visual para conceitos geométricos. Além disso, origami
permite a construção de diversos objetos que podem ser usados para
explicar outras ideias matemáticas como, por exemplo, formas
simétricas, que podem ser utilizadas para explicar alguns conceitos de
teoria de grupos (LANG, 2003, p.10).

Como forma de se trabalhar algumas construções geométricas elementares


baseadas em provas e demonstrações axiomáticas da Geometria Euclidiana Plana,
basear-nos-emos em exemplos de Lima et al. (2011), Hamze (2021) e Giovanni,
Giovanni Júnior e Castrucci (2015) para mostrarmos três exemplos de utilização do
Tangram (Figura 43) e de Leroy (2010) em relação ao uso de Origami (Quadro 18).

99
Figura 43: Frações, ângulos e arte por meio do Tangram

Fonte: Lima et al. (2011); Giovanni, Giovanni Jr. e Castrucci (2015) e Hamze (2021)

Dentre vários conceitos e usos, conforme destacamos na Figura 43, o Tangram


é um ótimo recurso para se trabalhar construções e atividades que envolvam frações
(observe as frações de distribuição espacial das peças), ângulos (têm-se ângulos
retos, os vermelhos e azuis de 45º e de 135º em cor de rosa) e arte, com a construção
de figuras geométricas e outros ornamentos.

Quadro 18: Prova da soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer com Origami
2. Construir a altura em 3. Faça uma
1. Construa um triângulo qualquer
relação ao vértice A por dobradura
usando dobraduras. Recorte.
meio de uma dobra. coincidindo o
ponto A com o
ponto O.

5. Faça uma dobradura 6. Resultado:


4. Faça uma dobradura coincidindo
coincidindo o ponto C com o
o ponto B com o ponto O.
ponto O. Observe que a
união dos ângulos
A, B e C formou um
ângulo raso; logo, a
soma dos ângulos
internos de um
triângulo qualquer
é igual a um
ângulo raso.
Fonte: Adaptado de Leroy (2010, p. 36-38).

100
Já na Figura 42 e no Quadro 18, duas possibilidades foram apresentadas: a
construção de um octaedro com toda a conceituação geométrica adjacente e a
prova de que a soma dos três ângulos internos de um triângulo é, de fato, 180º. São
exemplos simples de serem executados, mas com riquezas históricas e conceituais
muito grandes que, de alguma forma, podem promover o pensamento geométrico.

101
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (CESPE/CEBRASPE/2021/IBGE - Agente de Pesquisas e Mapeamento) A escala


cartográfica, elemento presente nos mapas, indica a relação de proporção entre
a área real e a representação feita no mapa. Considerando-se que a distância
entre duas cidades no mapa, em linha reta, seja de 12 cm e tendo-se como
referência a escala numérica de 1:7.000.000, é correto concluir que a distância
entre essas duas cidades é de:

a) 0,84 km.
b) 8,4 km.
c) 84 km.
d) 840 km.
e) 8.400 km.

2. (NUCEPE/2019/Prefeitura de Teresina-PI/PEB Geografia) Observe a representação


abaixo:

Sabendo-se que a distância entre os pontos A e B no mapa é de 4 cm e que esses


dois pontos representam a localização de duas cidades brasileiras distantes 1.900
km uma da outra, a escala do mapa é:

a) 1: 1.900.
b) 1: 190.000.000.
c) 1: 475.000.

102
d) 1: 4.750.000.
e) 1: 47.500.000.

3. (MEC/2019/Prova Brasil – Ensino Fundamental – adaptada) Ampliando o triângulo


ABC da figura abaixo obtém-se um novo triângulo A’B’C’, em que cada lado é o
dobro do seu correspondente em ABC. Em figuras ampliadas ou reduzidas, os
elementos que conservam a mesma medida são:

a) As áreas.
b) Os perímetros.
c) Os lados.
d) Os ângulos.
e) As alturas relativas.

4. (CESPE/CEBRASPE/2016/Depto. de Polícia Federal/Desenhista – adaptado).

Quando dois polígonos são homotéticos, infere-se que eles são polígonos
semelhantes colocados de maneira tal que seus lados homólogos fiquem
paralelos. Polígonos ou figuras planas equivalentes apresentam uma mesma área,
independentemente de suas formas. Considerando essas informações e a figura
acima, é correto afirmar que:

a) A figura C possui homotetia indireta e as figuras B e A, invertida.


b) A figura C possui homotetia direta e A, inversa.
c) A figura C possui homotetia inversa e a figura A, direta em relação à figura B.

103
d) Todas as figuras são inversas, homoteticamente.
e) As figuras A e B são homotetias diretas em relação à figura C.

5. As transformações de semelhança no plano possuem propriedades e conceitos


que são muito úteis a diversas áreas do conhecimento como a própria
Matemática, a Engenharia, a Arquitetura, as Ciências Biológicas, dentre outras. Em
relação a essas transformações, analise as seguintes afirmativas:

I. A transformação de semelhança chamada de homotetia gera objetos


semelhantes ao original a partir da multiplicação das medidas de seus segmentos
de reta por um valor constante.
II. Num processo de homotetia, a transformação não gera deformação.
III. Se a razão de homotetia é negativa, a orientação espacial da figura não é
alterada, mas ocorre uma ampliação.

Sobre essas afirmações, é correto afirmar que as verdadeiras estão em:

a) l e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, II e III.
e) II, apenas.

6. (INEP/2016/Enem) Um professor, ao fazer uma atividade de origami (dobraduras)


com seus alunos, pede para que estes dobrem um pedaço de papel em forma
triangular, como na figura a seguir, de modo que M e N sejam pontos médios,
respectivamente, de AB e AC, e D, ponto do lado BC, indica a nova posição do
vértice A do triângulo ABC.

104
Se ABC é um triângulo qualquer, após a construção, são exemplos de triângulos
isósceles os triângulos:

a) CMA e CMB.
b) CAD e ADB.
c) NAM e NDM.
d) CND e DMB.
e) CND e NDM.

7. (FUMARC/2018/PEB Sociologia – SEEMG) O Tangram clássico é um quebra-cabeças


chinês formado por 7 peças: 2 triângulos grandes, 2 pequenos, 1 médio, 1
quadrado e 1 paralelogramo.

Com essas peças, podemos formar várias figuras, utilizando todas elas, sem
sobrepô-las. Estima-se que é possível montar mais de 1700 figuras. Dentre as figuras
abaixo, qual NÃO pode ser formada utilizando-se as peças do Tangram Clássico?

a)

b)

105
c)

d)

e)

8. (VUNESP/2019/PM-SP) A figura representa um quebra-cabeças geométrico chinês


com 7 peças denominadas tans: 5 triângulos retângulos, todos semelhantes entre
si, 1 quadrado e 1 paralelogramo:

Com essas 7 peças, sem sobrepô-las, pode se formar várias figuras como a de uma
casa, a de um gato, a de um cisne, além de figuras geométricas, como a do
quadrado representado acima. Considerando-se todos os ângulos internos
das tans, representam-se como α e β as medidas, em graus, do maior e do menor
desses ângulos. Nesse caso, α + β corresponde à medida de um ângulo:

a) Agudo, ou seja, com medida entre 0º e 90º.


b) Reto, ou seja, com medida igual a 90º.
c) Obtuso, ou seja, com medida entre 90º e 180º.
d) Raso, ou seja, com medida igual a 180º.

106
e) Côncavo, ou seja, com medida entre 180º e 360º.

107
AS CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS UNIDADE
NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

INTRODUÇÃO
06
“O céu deve ser necessariamente esférico, pois a esfera, sendo
gerada pela rotação do círculo, é, de todos os corpos, o mais
perfeito”.
― Aristóteles

Nesta unidade final discutiremos a Geometria Euclidiana Plana e as


construções geométricas sob três pontos de vista, concebidos como
contemporâneos: o do ensino e da aprendizagem, o do uso de tecnologias digitais
em projetos envolvendo essa temática e, por último, mas tão importante quanto, o
de algumas aplicações em arquitetura, engenharia e arte concreta.
Claro que o vasto campo da Geometria é aplicável em incontáveis áreas e
muito do desenvolvimento das sociedades se deve aos seus achados, no entanto, o
nosso recorte, que é introdutório e reflexivo em relação aos contextos apresentados,
é um convite a outras explorações que a Matemática pode nos conduzir por meio
desse ramo tão importante.

ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOMETRIA PLANA

Desde a chegada dos portugueses ao Brasil, muitos movimentos sociais e


históricos foram responsáveis e afetaram, em certa medida, a forma pela qual a
Geometria foi e é ensinada na educação básica brasileira. Caldatto e Pavanello
(2015) destacam que, numa perspectiva temporal, o ensino jesuítico destinado,
inicialmente, aos indígenas com a posterior ampliação aos habitantes da colônia
portuguesa, foi um dos primeiros movimentos responsáveis pela introdução do ensino
da Geometria ao estilo europeu. Essas autoras fazem um panorama social e histórico,
passando pelos períodos coloniais, monárquicos e republicanos brasileiros,
evidenciando algumas reformas e proposições ao ensino de Matemática e
Geometria e denunciando “o fracasso da tentativa do resgate do ensino de
geometria na escola básica” (CALDATTO; PAVANELLO, 2015, p. 104). Além disso:

108
Apesar da presença da Geometria nos currículos, percebemos que a
partir da década de 1960, este conhecimento passa a não figurar mais
nas salas de aula, fato que foi intitulado [...] como “Abandono do
Ensino da Geometria”. Este abandono relaciona-se, por meio da parca
formação dos professores que ministravam matemática, com a
implementação da Matemática Moderna divulgada pelo grupo
Bourbaki e a democratização do acesso ao ensino (CALDATTO;
PAVANELLO, 2015, p. 125).

Acompanhando as tendências mundiais e como forma de fomentar o trabalho


de alguns conteúdos matemáticos na sala de aula da educação básica e, de certa
forma, na formação de professores, o governo brasileiro, em 1998, propôs os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Matemática (BRASIL, 1998). Os PCN
agrupavam, dentre outros conteúdos, o eixo espaço e forma, responsável pelas
diretrizes curriculares para o ensino de Geometria nas escolas brasileiras de educação
básica. Sem dúvida, isso representou um avanço e um resgate do ensino de
Geometria que favoreceram mudanças curriculares, aprendizagens discentes e
novas oportunidades para o trabalho e para a formação docente em níveis
universitários, assim como destaca Costa (2010). Tendo em vista que a Geometria,
assim como a Matemática, é uma forma de se ler o mundo e atuar nele, essa autora
salienta que:

[...] sem desenvolver o pensamento geométrico (a percepção


geométrica, o raciocínio geométrico e a linguagem geométrica) e o
raciocínio visual, dificilmente se conseguirá resolver situações
cotidianas que forem geometrizadas e também fazer uso da
Geometria como facilitadora da compreensão e da resolução de
problemas de outras áreas do conhecimento (COSTA, 2010, p. 3).

Recentemente, com a promulgação da Base Nacional Comum Curricular


(BNCC), o Ministério da Educação brasileiro modificou os parâmetros curriculares
básicos da Matemática e a terminologia das orientações programáticas,
especialmente na organização dos conteúdos que são chamados de objetos de
conhecimento. Assim, “espaço e forma” foi um eixo que passou a ser chamado
apenas de Geometria, uma unidade temática que visa:

[...] estudar posição e deslocamentos no espaço, formas e relações


entre elementos de figuras planas e espaciais pode desenvolver o
pensamento geométrico dos alunos. Esse pensamento é necessário
para investigar propriedades, fazer conjecturas e produzir argumentos
geométricos convincentes. É importante, também, considerar o
aspecto funcional que deve estar presente no estudo da Geometria:
as transformações geométricas, sobretudo as simetrias. As ideias

109
matemáticas fundamentais associadas a essa temática são,
principalmente, construção, representação e interdependência
(BRASIL, 2017, p. 271).

Outro salto importante em relação ao ensino e à aprendizagem de Geometria


foi a previsão, pela BNCC, do trabalho com tópicos de construções geométricas
desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. Em bases curriculares, foi a primeira
iniciativa oficialmente institucionalizada e que ampliou possibilidades do trabalho em
sala de aula, pois muitos currículos escolares se baseiam nessa diretrizes para suas
implementações e formação dos seus profissionais. Santos e Nacarato (2014, p. 09)
afirmam que, em suas pesquisas, identificaram “muitas lacunas em termos de
materiais de apoio para o professor que deseja ensinar Geometria em sala de aula”,
o que, segundo elas, pode interferir no desenvolvimento de práticas e didáticas para
conhecimentos específicos como é o caso das construções geométricas que
necessitam de uma fundamentação lógico-axiomática e de uma linguagem, por
vezes rigorosa e puramente abstrata, da Matemática.
Portanto, o ensino e a aprendizagem de Geometria Plana requerem um papel
de mediação docente, acompanhados da mobilização protagonista dos alunos,
que vão além das proposições curriculares. Para tal, um complexo contexto de
investimentos em formação docente inicial e continuada, de estruturação dos
currículos locais, de infraestrutura básica para possibilitar o ensino e o desenho
geométrico (mesas de desenho, computadores, instrumentos e insumos), além da
valorização do papel profissional do(a) professor(a) que ensina Matemática (da
Educação Infantil ao Ensino Médio), podem ser passos importantes ao incentivo e à
fixação das construções geométricas como conteúdo e conhecimentos relevantes
ao dia a dia e transformações sociais dos nossos estudantes.

PROJETOS DE GEOMETRIA PLANA COM O USO DE SOFTWARES

Atualmente, o uso das tecnologias digitais como apoio às situações de ensino


e aprendizagem, em todos os níveis educacionais, vem sendo estudado com
bastante frequência e apresenta bons resultados como forma de favorecer a
dinâmica educacional em espaços escolares ou não. Segundo Oliveira (2020, p. 24),
“apesar de algumas TD [tecnologias digitais] não serem concebidas com fins
educacionais, o trabalho pedagógico de contextualizar e inserir esses recursos em um
ambiente de aprendizagem com foco socioconstrutivista pode motivar a

110
participação ativa dos alunos na construção do conhecimento”. De fato,
concordando também com Santos et al. (2011), as tecnologias digitais podem
estimular os estudantes a se envolverem em situações de autonomia,
experimentação e pesquisa com fins educacionais de diferentes maneiras, tendo em
vista uma motivação inata às novas gerações, especialmente a dos chamados
nativos digitais, oportunizando novas formas e abordagens no processo de ensino e
aprendizagem.

Numa perspectiva curricular, a Base Nacional Comum Curricular compreende


a utilização das tecnologias como forma de desenvolvimento crítico, significativo,
reflexivo e ético dos alunos em suas práticas sociais, incluindo as escolares, para o
exercício de um protagonismo e autoria coletivos. Como apoio ao desenvolvimento
de projetos, essa base incentiva o uso das tecnologias digitais em aulas investigativas,
de manipulação e cocriação que envolvam:

Desse modo, recursos didáticos como malhas quadriculadas, ábacos,


jogos, livros, vídeos, calculadoras, planilhas eletrônicas e softwares de
geometria dinâmica que têm um papel essencial para a compreensão
e utilização das noções matemáticas. Entretanto, esses materiais
precisam estar integrados a situações que levem à reflexão e à
sistematização, para que se inicie um processo de formalização
(BRASIL, 2017, p. 276).

Nesse sentido, de uma forma geral, as tecnologias digitais podem apoiar, de


um jeito muito intuitivo e conectado à realidade dos nossos estudantes, a realização
de projetos e planos de ensino que tenham como temática a Geometria Euclidiana
Plana, bem como as construções geométricas indicadas para cada nível do
desenvolvimento escolar. Isso, sem dúvida, estimula o trabalho diferenciado e
participativo, pois “o processo exige que [o aluno] organize ideias, tome decisões,
manobre informações, escolha ferramentas adequadas e compartilhe saberes. Tudo
isso favorece a integração de alunos e professores” (SANTOS et al., 2011, p. 68).

111
São muitos os exemplos de softwares, gratuitos ou pagos, que podem ser
usados em projetos para o ensino de Geometria Plana e de construções geométricas,
da Educação Básica ao Ensino Superior, inclusive, alguns auxiliam profissionais que
trabalham com desenhos técnicos. Santos et al. (2011), por exemplo, sugerem dois: o
Super Logo, que é um software bastante intuitivo de orientação espacial, lógica e de
abstração de medidas angulares por meio de comandos muito simples executados
pela tartaruga virtual chamada “TAT”, personagem principal do aplicativo; e o Cabrí-
Geomètre que é “um software que permite construir todas as figuras da geometria
elementar que podem ser traçadas com a ajuda de uma régua e de um compasso”
(SANTOS et al., p. 72). Essa segunda tecnologia permite a manipulação e
movimentação das construções, conservando-se propriedades ou deformando-se
para que verificações e validações sejam feitas em relação às definições
geométricas.
No Quadro 19, apresentamos outras possibilidades e algumas características
de softwares voltados ao desenvolvimento de projetos de Geometria Plana e de
construções geométricas. São sugestões para trabalhos nessa perspectiva. Segundo
Meredyk, Elias e Motta (2020, p. 1), autores que investigaram, analisaram e
propuseram os programas que serão referenciados no Quadro 19, apesar da
quantidade expressiva de softwares gratuitos para o ensino de Geometria que estão
disponíveis para uso irrestrito por meio da web. Assim, “faz-se necessário que o
professor escolha de forma consciente tais recursos de forma a criar um ambiente
educacional interativo, criativo e lúdico para o desenvolvimento da aprendizagem
dos alunos”.

Quadro 19: Softwares e aplicativos móveis educacionais para o desenvolvimento de projetos


de Geometria Plana e apoio às construções geométricas
Softwares Características Softwares Características
Jogo com mais de cem fases
Possibilita o cálculo de área,
Geometria que possibilita construções
volume, diagonal e medida de Euclidea
Calculadora geométricas e aplicação de
lados.
conceitos.
Possibilita construções geomé-
Transferidor:
Permite medir o ângulo de Geogebra tricas dinâmicas, possui opção
Smart
inclinação de um objeto. Clássico de representar e manipular
Protractor
objetos.
É um jogo que apresenta Possibilita realizar construções
conceitos geométricos e Pad geométricas dinâmicas a partir
Pythagorea
possibilita realizar construções Geometria de conceitos de ponto, reta,
em uma malha quadriculada. plano, ângulo e polígonos.

112
É um jogo de quebra-cabeça Apresenta conceitos da
Pico
Tangra que geometria euclidiana e
Matemática
envolve figuras geométricas. fórmulas.
Jogo que permite que os alunos
Geometry Conceitos e exercícios sobre Tangran
explorem e montem figuras
Practice geometria euclidiana. Geometry
utilizando a criatividade.
Apresenta conceitos e Jogo com problemas que
Geo Plana e Geometry
validações de geometria e envolvem os conceitos da
Espacial quiz
construções. geometria euclidiana
Fonte: Adaptado de Meredyk, Elias e Motta (2020)

APLICAÇÕES ARQUITETÔNICAS A PARTIR DA GEOMETRIA PLANA

Possivelmente, você já ficou admirado(a) com alguma obra de arte


simetricamente perfeita ou que usava figuras geométricas para representar
expressões ou elementos da natureza. Lembra-se do quadro Mona Cat, de 2004, do
pintor brasileiro Romero Britto (Figura 3)? Já ouviu ou leu sobre a chamada arte
matemática? De acordo com Lima et al. (2011, p. 35), a chamada arte matemática
“pode ser entendida como toda a expressão humana da realidade ou imaginária em
que há harmonia, sinais de simetria, traços geométricos, beleza, boa utilização do
espaço, perspectiva, miragem e etc.”.
Desde o século V a. C., filósofos, matemáticos, escultores, artistas e estudiosos
de arte e projetistas trabalhavam com algumas ideias relacionadas ao número de
ouro 𝜑 (letra grega “phi”) que também é conhecido como razão áurea, razão de
ouro, divina proporção, proporção em extrema razão, regra de ouro ou divisão de
extrema razão, segundo Carvalho et al. (2011). O 𝜑 é um número irracional obtido por
meio de uma razão entre segmentos (vale ~1,6180339887...) atribuído como
proporção da beleza, harmonia e estética por estar presente em elementos naturais
como as colmeias, conchas de caracóis, casca do abacaxi, dentre outros lugares. A
obra Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, é um dos exemplos mais famosos em que a
proporção áurea foi usada. Acredita-se que as pirâmides do Egito também foram
construídas com base na razão áurea, assim como o Parthenon, templo grego
dedicado à deusa Atena.
Usada não apenas por matemáticos ou estudiosos das áreas exatas, a
Geometria Plana possui aplicações que vão desde as artes até a arquitetura,
engenharia ou o design de produtos e serviços. Desde os primeiros anos do ensino
fundamental, a BNCC estimula o trabalho com a Geometria Euclidiana Plana para
que os alunos “construam representações de espaços conhecidos e estimem

113
distâncias, usando, como suporte, mapas (em papel, tablets ou smartphones), croquis
e outras representações” (BRASIL, 2017, p. 272, grifos do autor), assumindo essa área
da Matemática como fundamental para o desenvolvimento e conhecimento do
espaço, das formas, do senso artístico, métricas e proporções usuais ou deformadas
visando uma expressão no mundo ou leitura dele por meio da Geometria. Essa visão
da Geometria Plana e das construções geométricas ligadas a ela reforça a
importância do seu trabalho, inclusive, para uma interdisciplinaridade entre áreas
escolares ou não, na tentativa de se estabelecer uma ligação e uma justificação da
Matemática com outras áreas do conhecimento e como expressão artística, técnica
e essencialmente como construção humana social e histórica, por meio da expressão
de sentimentos, significados ou mesmo na resolução de problemas
extramatemáticos.
Um bom exemplo da utilização da Geometria Plana em construções
arquitetônicas e projetos de engenharia é o uso dos triângulos. Segundo Giovanni,
Giovanni Júnior e Castrucci (2015), pedir aos alunos que construam um triângulo e um
quadrado com palitos de sorvete e percevejos nos vértices (Figura 44) e mostrar que
o triângulo não pode ser deformado, diferentemente do quadrado, ajuda-os a
entender o porquê de se escolher estruturas triangulares nas construções já que são
rígidas. Isso também pode ser demonstrado em aplicativos de geometria dinâmica,
simulando-se a deformação de triângulos e quadrados no plano.

114
Figura 44: Triângulo e quadrado com palitos vs. um guindaste que usa triângulos em sua
estrutura
Desenhos fora de escala.

Fonte: Adaptado deGiovanni, Giovanni Jr. e Castrucci (2015).

A partir da Figura 44, percebemos que, ao se construir um triângulo com palitos


de picolé e prendê-los, nos vértices, com percevejos, se fizermos o movimento
indicado pelas setas vermelhas com as mãos, puxando as extremidades, essa figura
não se deformará. Já com um quadrado construído de forma semelhante, ao
tentarmos repetir o mesmo movimento, sua estrutura se transformará numa espécie
de losango, deformando-se. A estrutura de um guindaste permite suspender massas
muito maiores que a da própria máquina graças, dentre outras coisas, às estruturas
metálicas em forma de triângulos na sua base de apoio e hastes.

Assim como os triângulos, outras formas geométricas e construções são


utilizadas na concepção de várias estruturas para dar sustentação, beleza, harmonia
ou mesmo otimizar espaços. Silva (2014) diz que, a partir de uma ordem técnica, nas

115
áreas de engenharia, arquitetura e design, o desenho como linguagem e parâmetro
permite identificar condicionantes que interferem, substancialmente, nas estruturas e
formulações de espaços internos ou externos de uma construção ou de ambientes.
Esse autor aponta os conceitos e as representações da geometria gráfica, descritiva
ou projetiva e o desenho geométrico como âncoras de qualquer projeto
arquitetônico e de engenharia, seja em estruturas de sustentação, seja na
formulação dos ambientes e paisagens disponíveis. Assim, nos cursos de graduação
e pós-graduação em Arquitetura, Urbanismo, Engenharias e áreas de projetos, em
geral, disciplinas e atividades práticas que têm como base conceitos e aplicações
da Geometria são fortemente recomendadas (e, por muitas vezes, obrigatórias)
dadas as premissas de que qualquer projeto estrutural ou paisagístico confiável
precisa conter e revisar, sistematicamente, os seus pressupostos geométricos e
matemáticos.

116
FIXANDO O CONTEÚDO

1. O ensino da Geometria no Brasil foi influenciado (e é até hoje) por movimentos


sociais e históricos desde a chegada dos portugueses. Em relação aos processos
históricos da educação brasileira, podemos afirmar que:

a) O ensino de Geometria foi introduzido apenas após a introdução dos Parâmetros


Curriculares Nacionais.
b) Ao estilo europeu, os jesuítas foram os primeiros a introduzirem o ensino de
Geometria na sociedade brasileira que ainda se reestruturava a partir da chegada
dos portugueses.
c) O ensino de Geometria era restrito apenas aos habitantes da colônia portuguesa.
d) O ensino de Geometria não sofreu alterações desde o ensino jesuítico inicial.
e) A Base Nacional Comum Curricular foi quem oficializou o ensino da Geometria
desde a Educação Básica ao Ensino Superior.

2. No Brasil, houve um período conhecido como o “Abandono do Ensino da


Geometria” em razão de alguns fatores históricos e sociais que impactaram o
ensino de Matemática para algumas gerações, apesar de a Geometria estar
prevista nos documentos curriculares da época em destaque. O que representou
esse período que foi chamado de o “Abandono do Ensino da Geometria”?

a) Um movimento grevista de professores da Educação Básica.


b) Uma crítica em relação ao ensino-aprendizagem de Geometria.
c) Uma reformulação dos currículos de Matemática da Educação Básica.
d) Um movimento mundial de negação ao ensino de Geometria como parte da
disciplina de Matemática na Educação Básica.
e) A partir da década de 1960, a Geometria passou a não figurar mais nas salas de
aula em virtude, dentre outras coisas, da fraca qualidade na formação de
professores de Matemática.

3. A partir do final da década de 1990 e acompanhando as tendências mundiais,


movimentos de reforma curricular impulsionaram o governo brasileiro a elaborar e
promulgar os PCNs, em 1998. Outro movimento social e governista de reforma

117
curricular foi o que implementou a BNCC, em 2017. Sobre esses movimentos e
currículos promulgados, analise as seguintes afirmativas:

I. O Eixo “Espaço e Forma”, nos PCNs de Matemática, abarcava diretrizes para o


ensino de Geometria na Educação Básica.
II. Os PCNs representaram um avanço e um resgate ao ensino de Geometria,
impulsionando, inclusive, a formação docente de nível superior.
III. Assim como os PCNs, a BNCC reforçou o ensino de Geometria, mas não trouxe
novidades ao ensino dessa área se comparada aos parâmetros anteriores (PCNs).

Assim, as afirmativas corretas são:

a) Apenas I.
b) I e III.
c) I e II.
d) Apenas III.
e) II e III.

4. Após a promulgação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2017, houve


avanços, mas novos desafios também foram identificados em relação ao ensino e
à aprendizagem de Geometria. Analise as seguintes afirmativas e classifique-as
como V (verdadeiras) ou F (falsas).

( ) Dentre outras alterações, a BNCC modificou o eixo “Espaço e Forma” para,


apenas, “Geometria”.
( ) A BNCC não avançou em relação ao chamado “pensamento geométrico”,
ignorando esse conceito atualmente defendido por educadores e
pesquisadores.
( ) As construções geométricas, importante conhecimento relacionado ao ensino
de Geometria, não foi abordado na BNCC.
( ) Para além das proposições e bases curriculares, o investimento nas formações
inicial e continuada de professores para o ensino de Geometria Plana e
construções geométricas é algo essencial ao incentivo e fixação da Geometria
como conhecimento relevante.

118
A sequência correta de V e F está na seguinte opção:

a) F – F – F – V.
b) V – V – F – V.
c) F – V – V – V.
d) V – F – F – V.
e) F – V – F – V.

5. O avanço das tecnologias digitais afetou várias esferas das sociedades


contemporâneas, dentre elas, a Educação. O ensino e a aprendizagem de
Geometria Euclidiana Plana, bem como as construções geométricas, são
apoiados por essas novas tecnologias digitais que favorecem muitas
oportunidades pedagógicas. Assim, podemos afirmar que:

a) As tecnologias digitais podem fomentar o desenvolvimento de projetos e planos


de ensino que incentivem a autonomia, experimentação e pesquisa dos alunos em
relação à Geometria Plana e as construções geométricas.
b) Apesar de a BNCC não prever o uso de tecnologias para o ensino de Geometria,
os professores podem incluir essas ferramentas em seus projetos.
c) O uso de tecnologias digitais não é recomendado para todos os níveis de ensino e
conteúdos da Geometria Plana.
d) O desenho geométrico por meio do papel e dos instrumentos físicos continua
sendo a melhor opção para o desenvolvimento da visualização de figuras.
e) A geometria dinâmica por meio das tecnologias digitais auxilia pouco no
desenvolvimento do pensamento geométrico dos alunos da educação básica.

6. Dentre várias consequências positivas, as tecnologias digitais podem favorecer o


desenvolvimento de muitas habilidades nos alunos que se envolverem em projetos
de Geometria Plana e construções geométricas. Analise as seguintes habilidades:

1) Autonomia e protagonismo;
2) Experimentação e pesquisa;
3) Manipulação de dados numéricos;

119
4) Tomada de decisões;
5) Revisão textual.

A soma dos números que acompanham as habilidades que estão diretamente


relacionadas ao uso de tecnologias digitais na Geometria Plana e nas construções
geométricas, de acordo com o texto disponível neste material é:

a) 6.
b) 7.
c) 9.
d) 10.
e) 15.

7. Sem dúvida, a Geometria Plana e as construções geométricas estão intimamente


relacionadas aos projetos e às aplicações arquitetônicas de várias construções e
ambientes. Analise os seguintes aspectos que podem estar relacionados ao uso da
Geometria nas Artes, na Arquitetura, no Urbanismo, na Engenhara, dentre outras
áreas.

I. Beleza possibilitada pelas formas.


II. Proporcionalidade e aspectos dimensionais ligados ao chamado número de ouro
ou razão áurea.
III. Boa utilização dos espaços e trabalhos em perspectiva.

Os aspectos que estão relacionados, diretamente, ao uso da Geometria e das


construções geométricas nessas áreas mencionadas estão nos itens:

a) Apenas I.
b) I e III.
c) I e II.
d) Apenas III.
e) Todos.

120
8. Dos projetos estruturais às aplicações arquitetônicas e paisagísticas, a Geometria
Plana e as construções geométricas são úteis de diferentes maneiras. Assim,
elencamos algumas utilidades que podem ou não estar relacionadas aos projetos
e às aplicações arquitetônicas ou de engenharia. Analise-as:

I. Uso de formas geométricas e construções para se garantir rigidez de estruturas.


II. Otimização da qualidade do serviço prestado por trabalhadores envolvidos nos
projetos e aplicações.
III. Equilíbrio e otimização de materiais em projetos arquitetônicos e de engenharia,
seja em estruturas de sustentação, seja na formulação dos ambientes e paisagens
disponíveis.

Assim, as utilidades que estão diretamente relacionadas ao uso da Geometria


Euclidiana Plana e das construções geométricas em projetos e aplicações são:

a) Apenas I.
b) I e III.
c) I e II.
d) Apenas III.
e) II e III.

121
VETORES NO PLANO E NO ESPAÇO UNIDADE

INTRODUÇÃO
01
Estudaremos nessa unidade, conceitos básicos a respeito de vetores, bem
como a aplicação desses em vários ramos da ciência além de trabalharmos as
representações dos mesmos no plano e no espaço.

VETORES NO PLANO
Definimos como vetores no plano a segmentos orientados de reta que tem
origem e extremidade, como no exemplo mostrado a seguir.

Figura 1: Segmento de Reta AB

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Na figura, 𝐴𝐵 representa o vetor v com origem em A e extremidade em B.

Vetor é uma palavra que vem de um radical latino e que significa “carregar”. Portanto
um vetor é formado quando um determinado ponto é deslocado ou carregado a uma
certa distância e em uma certa direção. De uma maneira mais usual, o vetor “carrega”
três informações: Módulo (valor absoluto), direção e sentido.

122
Um vetor é um segmento de reta ORIENTADO, ou seja, uma semirreta.

Para efeito de estudo, trabalharemos como vetores os quais a sua origem


coincidirá com a origem do sistema de coordenadas cartesianas, ou seja, o ponto O
(0; 0) e sua extremidade será um ponto P (x; y). Isto acarretará que ao representarmos
um vetor analiticamente apresentaremos apenas a sua extremidade.

Exemplo: Sendo dado um vetor v = (2 ; 4), dizemos que sua componente será o par
ordenado (2 ; 4). Veja na Figura abaixo a representação.

Figura 2: Representação do Vetor v

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

NORMA DE UM VETOR NO PLANO

Definimos como norma de um vetor, também chamada de módulo do vetor,


ao seu comprimento e que será calculado através da equação (1):

‖v‖ = √xv2 + yv2 (2)

Graficamente, poderemos visualizar a aplicação da fórmula de um vetor


específico:

123
Figura 3: Vetor 𝐮

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Na Figura 3, observamos um vetor u de componentes ( 3; 4 ) e cuja norxma será


igual a 5. Aplicando-se a equação (1):

‖u‖ = √32 + 42 = √9 + 16 = √25 = 5

OPERAÇÕES BÁSICAS COM VETORES NO PLANO

Apresentaremos a seguir, as principais operações envolvendo vetores.

Multiplicação de um vetor por um escalar


Sendo dado um vetor v, com componentes (xv ; yv ) e um escalar real k,
definimos o produto k ∙ v (2) da seguinte maneira:

k ∙ v = ( k ∙ xv ; k ∙ yv ) (3)

Exemplo: Sendo dado o vetor v com componentes (2; -3), podemos então dizer que
4 ∙ v = (8; -12).

Adição de vetores
Considerando dois vetores u e v no plano cartesiano, podemos definir a
adição de u com v da seguinte forma:
Sendo os vetores u = ( xu ; yu ) e v = ( xv ; yv ), então a soma algébrica dos
vetores u + v é:

124
u + v = (xv + xu ; yv + yu ) (4)

Graficamente, podemos dizer qual a soma de dois vetores u e v pode ser


apresentada de duas formas:

 Regra da adição

Sendo dados dois vetores u e v, verificamos a soma u + v como sendo aquele


vetor que “liga” a origem do vetor u com a extremidade do vetor v, de acordo com
o desenho a seguir:

Figura 4: Representação gráfica da soma vetorial dos vetores 𝐮 e 𝐯

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

 Regra do paralelogramo

Consideramos o vetor soma, como sendo a diagonal de um paralelogramo.


Observação importante: Os vetores serão considerados na posição padrão, ou
seja, com origem ponto (0;0 ) e extremidade em um ponto qualquer do plano
cartesiano. Veja a seguir:

125
Figura 5: Vetor soma de 𝐮 e 𝐯

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Exemplo: Considerando os vetores u e v de componentes (-3; 1) e (5; 2)


respectivamente, podemos dizer que o vetor soma u + v será representado
algebricamente e graficamente da seguinte forma:
u + v = (2 ; 3)

 Produto escalar

O produto escalar, é aquele realizado entre dois vetores e é representado por


um número real e não um outro vetor.

126
u ∙ v = xu ∙ xv + yu ∙ ∙ yv (5)

O produto escalar tem como objetivo obter a medida do ângulo entre dois
vetores (assunto que estudaremos ainda).

Exemplo: Sendo dados os vetores u e v, tais que seus componentes serão (2 ; -2) e (5;
7) respectivamente. Veremos então, que o produto interno u ∙ v será calculado da
seguinte forma:

u ∙ v = 2 ∙ 5 + (−2) ∙ 7 = 10 – 14 = −4

Podemos apresentar as componentes de um vetor 𝑣 de duas menairas diferentes:

xv
v = (xv ; yv ) ou v = ቀy ቁ
v

Dependendo da situação, usaremos uma ou outra notação.

VETORES NO ESPAÇO ℝ𝟑

No espaço, podemos transferir todas as operações e definições estudadas


para vetores no plano. Convém dizer, que no ℝ3 , temos três dimensões ( espaço ) e
portanto um vetor v será representado por uma terna ordenada v = ( xv ; yv ; zv ) ou
xv
v = ( v ) e graficamente teríamos a seguinte representação:
y
zv

127
Figura 6: Representação de um vetor qualquer no espaço ℝ𝟑

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

O vetor apresentado acima, tem componentes (1; 1; 2)

VETORES NO ℝ𝒏

Podemos generalizar o estudo de vetores além do espaço, trabalhando assim


com vetores no ℝn . Não é possivel apresentar a representação gráfica de vetores no
ℝn , porém, podemos apresentá-los na forma algébrica.
Um vetor v, no ℝn , pode ser descrito por suas componentes assim:

v1
v = ( v1 ; v2 ; v3 ; … ; vn ) ou v = ( ⋮ )
vn

128
FIXANDO OCONTEÚDO

1. A grandeza força é considerada como vetorial, ou seja, para ficar bem definida,
necessitamos do seu módulo (valor absoluto), direção e sentido. Suponha que
queiramos representar a grandeza força no plano. O vetor u que representa uma
força aplicada em um determinado objeto está mostrado a seguir:

A alternativa que contém as componentes corretas de u é:

a) u = (2,5; -5)
b) u = (0; 2, 5)
c) u = (-2,5; 5)
d) u = (5; -2, 5)
e) u = (-5; 2,5)

2. Dois animais estão com cordas fixadas em um mesmo ponto e os vetores


representam as forças de tensão estão apresentados a baixo:

129
As componentes do vetor soma u + v que é aquele no qual representamos a força
resultante nessas cordas seria:

a) (3; 8)
b) (-3; 6)
c) (2; 8)
d) (-2 ; -4)
e) (0; 7)

3. Considere as afimações a seguir a respeito dos vetores no plano e no espaço:

I. Uma grandeza escalar é aquela que pode exclusivamente ser representada


por um vetor.
II. As componentes de um vetor no plano (ℝ2 ) podem ser expressas através de um
par ordenado.
III. Só podemos somar, algebricamente, dois ou mais vetores que tenham
componentes com mesmo sinal, ou seja, não podemos somar componentes
com sinais diferentes.
IV. No espaço os vetores podem ser representados por ternas ordenadas como v =
xv
( yv ) e cujas componentes podem ser números reais.
zv

Podemos afirmar que:

a) as afirmativas I e III estão corretas e as demais falsas.


b) somente II e IV estão corretas.
c) apenas I e II são falsas.
d) apenas IV é falsa.
e) I e II são corretas e III e IV são falsas.

4. Considerando dois vetores u e v, do plano, vamos supor que eles representam duas
grandezas vetoriais. Para determinarmos a resultante da soma desses vetores, temos
a forma algébrica (somando as componentes) e a forma gráfica
(apresentando o vetor que seria a soma no plano). Se u e v, são dados inicialmente

130
por pares de pontos que caracterizam origem e extremidade de cada um. Como
teria que proceder um estudante que desejasse apresentar o vetor soma usando o
método do paralelogramo no plano de coordenadas cartesianas?

a) Não seria possível apresentar o vetor soma pelo método do paralelogramo.


b) O estudante teria que efetuar apenas algebricamente a soma.
c) Ele deveria transladar os vetores para o primeiro quandrante, onde as componentes
seriam todas positivas e assim unir origem de u com extremidade de v.
d) O estudante deveria transladar u e v, de modo que a origem de ambos fosse a
origem do sistema de coordenadas cartesianas e assim traçarmos o vetor soma
como a diagonal de um paralelogramo.
e) O estudante poderia realizar a soma apenas pelo método da adição (unir a origem
de um com a extremidade de outro).

5. Assinale a alternativa que apresenta o produto escalar entre os vetores abaixo:

a) 8
b) 10
c) 12
d) 26
e) 5

6. Sendo dados dois vetores do espaço (ℝ3 ), u e v, considere então as seguintes


afirmativas a respeito do produto interno dos mesmos:
1ª afirmativa: O produto interno no ℝ3 é definido como sendo a soma dos produtos
das componentes das ternas ordenadas.

131
−1 3
2ª afirmativa: Se u = ( 6 ) e v = ( 2 ) então o produto escalar ), u ∙ v será negativo
−2 −1
pelo fato de termos 4 componentes negativas e apenas duas positivas.
Assim, em relação ás afirmativas dadas, podemos garantir que:
a) Ambas estão corretas.
b) Ambas são falsas.
c) A 1ª afirmação é falsa e a 2ª é correta.
d) A 1ª afirmação é verdadeira e a 2ª é falsa.
e) A primeira afirmação está correta e a segunda está parcialmente correta.

7. Considerando o vetor u = (−3; 4; 0) do ℝ3 , vamos supor que ele represente uma


grandeza verificada em um fenômeno físico. O módulo desse vetor ou norma,
representa na prática o seu tamanho. Assinale a alternativa que apresenta a norma
de u (‖u‖).

a) 12
b) 14
c) 18
d) 10
e) 5

8. Se os vetores u = (−3; 7 ) e v = ( 2; 5) pertencem ao ℝ2 , a alternativa que contém o


valor correto da norma de u − v será:
a) 2
b) √29
c) √5
d) √2
e) √19

132
COMBINAÇÃO LINEAR UNIDADE

INTRODUÇÃO
02
8
Sendo dados os vetores u1 , u2 , u3 , ..., un , se existirem números reais r1 , r2 , r3 , ..., rn
tal que v também um vetor e v = r1 . u1 + r2 . u2 + r3 . u3 + ... + rn . un , dizemos que v é
combinação linear de u1 , u2 , u3 , ..., un .

Importante: Temos então que, se um determinado vetor for combinação linear


de outros, quer dizer que esse vetor poderá ser obtido por outros através da operação
de multiplicação por um escalar e pela soma algébrica de vetores.

Exemplo:
2 1 2 5
O vetor (−2 ) é uma combinação linear dos vetores ( 0 ), (−3) e (−4 ), pois
−1 −1 1 0
temos a seguinte igualdade verificada:
1 2 5 2
3 ( 0 ) + 2 (−3 ) + (−1). (−4 ) = (−2 )
−1 1 0 −1

Como conseguir os números reais que formam a igualdade será o objetivo do


próximo capítulo a ser estudado.

DISTÂNCIA ENTRE DOIS VETORES

Sendo dados dois vetores u e v do plano (ℝ2 ), podemos considerar a distância


entre eles como sendo a distância entre dois pontos do plano, pois as suas
extremidades serão as componentes do vetor, sendo assim temos a seguinte
apresentação para o cálculo da distância entre dois vetores.

Figura 7: Representação gráfica da distância entre dois vetores distintos

133
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

A distância entre u e v será representada por d(u, v) e será calculada por meio
da equação (5):

d(u, v) = ‖u − v ‖ (6)

Observação importante: essa expressão também é válida para qualquer par de


vetores u e v do ℝn .

√2 0
Exemplo: Determine a distância entre os vetores u = ( 1 ) e v = ( 2 ).
−1 −2
√2
Primeiramente calcularemos u − v = ( −1 )
1
E logo a seguir, calculamos a distância, usando a equação (5). Assim temos:

2
d(u, v) = ‖u − v ‖ = √(√2) + (−1)2 + 12 = √4 = 2

ÂNGULO ENTRE DOIS VETORES

Considerando u e v como dois vetores do plano, vamos deduzir a expressão


para encontrarmos a medida do ângulo entre eles, como mostra a Figura 8 a seguir:
Figura 8: Ângulo entre dois vetores

134
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Assim então, teremos a equação (6), que nada mais é que a Lei dos cossenos
aplicada ao triângulo.

‖u − v‖2 = ‖u‖2 + ‖v‖2 − 2 ∙ ‖u‖ ∙ ‖v‖ ⋅ cos(α) (7)

Desenvolvendo a igualdade no primeiro membro, teremos:

‖u‖2 − 2 ∙ ( u ∙ v) + ‖v‖2 = ‖u‖2 + ‖v‖2 − 2 ∙ ‖u‖ ∙ ‖v‖ ⋅ cos(α)

onde ( u ∙ v) é o produto interno.

E assim, simplificando, tem-se a equação (7):

u∙v
cos(α) = (8)
‖u‖ ∙ ‖v‖

Exemplo: Determine o ângulo entre os vetores u = ( 2; 1; −2 ) e v = ( 1; 1; 1 ).


Solução:
Primeiramente iremos encontrar o produto escalar u ∙ v = 2 ∙ 1 + 1 ∙ 1 + (−2) ∙ 1 =
1, em seguida iremos encontrar as normas de u e v.

‖u‖ = √22 + 12 + (−2)2 = 3


‖v‖ = √12 + 12 + 12 = √3
Logo:

135
1
cos(α) =
3√3
E assim 𝛂 = 𝟕𝟖, 𝟗°

O ângulo entre dois vetores necessita exclusivamente do produto interno entre esses
vetores e está relacionado ao cosseno de tal ângulo.

PRODUTO VETORIAL

O produto vetorial, diferentemente do produto escalar, é aquele no qual


operamos dois vetores e como resultado encontraremos um terceiro vetor. O produto
vetorial consideraremos como válido apenas para vetores do ℝ3 . Representaremos o
produto vetorial entre os vetores u e v da seguinte maneira:

u × v (9)

xu xv
Definimos o produto vetorial entre u = (yu ) e v = (yv ) como sendo o vetor
zu zv
yu ∙ zv − zu ∙ yv
u × v tal que: u × v = ( zu ∙ xv − xu ∙ zv )
xu ∙ yv − yu ∙ xv
0 3
Exemplo: Sendo dados os vetores u = (1) e v = (−1), vamos determinar o vetor u ×
1 2
v.
Solução:
1 ∙ 2 − 1 ∙ (−1) 3
u × v= ( 1∙3−0∙2 )=( 3 )
0 ∙ (−1) − 1 ∙ 3 −3

O produto vetorial só será trabalhado como vetores do espaço ℝ𝟑 .

136
137
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Revendo o conceito de combinação linear e sabendo que alguns vetores podem


ser obtidos através de algumas operações envolvendo outrosvetores, considere:

u = ( 1; 0 ) e v = ( 0; 1) do plano cartesiano e então determine os valores das


constantes α e β que fazem com que a combinação linear abaixo realmente exista
α ∙ u + β ∙ v = ( −2; 3)

a) α = 1 e β = 2
b) α = −2 e β = 2
c) α = −1 e β = −2
d) α − 2 e β = 3
e) α = 1 e β = 3

2. Sendo dados os vetores do ℝ2 u = [ 1 ] e v = [ 2], o vetor w que é resultante da


−3 1
combinação linear abaixo:

1
w = u + 3v
2
3 2
a) w = ቀ ; ቁ
5 3
1 5
b) w = ቀ5 ; 7ቁ
3 7
c) w = ቀ2 ; 2ቁ
13 2
d) w = ቀ 5 ; 3ቁ
13 3
e) w = ቀ 2 ; 2ቁ

3. Dois vetores representam graficamente, no plano cartesiano, com suas


extremidades os deslocamentos de dois corpos ( deslocamento na unidade km )
feitos a partir de um ponto em comum ( origem do sistema de coordenadas
cartesianas ). Veja:

138
Podemos então afirmar que a distância entre esses dois corpos após o
deslocamento será de:

a) √13 km
b) 2√13 km
c) 2√26 km
d) 15√3 km
e) √15 km

4. Um grupo de vetores em ℝ2 pode ser apresentado sem necessariamente ter a


origem coincidindo com a origem do plano de coordenadas cartesianas, o que
pode acontecer quando, por exemplo estivermos representado vetores que são na
prática um grupo de grandezas estudadas em certas situações. Considere o
diagrama vetorial abaixo, onde temos relaconadas três grandezas coplanares:

A única igualdade correta a seu respeito será:

a) u − v = w
b) u + v = w

139
c) u + w = v
d) −u + v = w
e) w − v = u

5. Dois animais estão amarrados a cordas distintas e irão realizar um trabalho, onde
vão aparecer tensões em tais cordas. Estas tensões estão sendo representadas no
plano cartesiano abaixo:

Determine qual é então a medida do ângulo α, que é na verdade o ângulo


existente entre os vetores que estão representando as tensões nas cordas:

a) 92,8º
b) 100,1º
c) 85,2º
d) 12,7º
e) 106,3º

6. Considere as afirmações a seguir que são a respeito do ângluo formado entre dois
vetores e logo a seguir julgue-as em verdadeiras ou falsas.

I. Quando apresentamos dois vetores no ℝ2 e as suas componentes são tais que


esses vetores estão exatamante sobre os eixos coordenados. Podemos afirmar
que eles são necessariamente perpendiculares.

140
II. Dois vetores do ℝ2 são perpenciculares, o que acarreta de a norma de cada um
deles ser nula.
III. Ao calcularmos,segundo a fórmula apresentada, o valor do cosseno do ângulo
formado entre dois vetores do ℝ2 , se encontrarmos um valor negativo, resulta em
termos um ângulo também negativo

Podemos então concluir que:

a) as afirmativas I,II e III estão corretas.


b) as afirmativas I e II estão corretas.
c) todas as afirmativas estão incorretas.
d) somente as afirmativas II e III estão corretas.
e) somente a afirmativa I está incorreta.

7. Sabemos que o produto vetorial é aqule em que tomados dois vetores do ℝ3 , iremos
obter um outro vetor também do ℝ3 . Importante afirmar que essa operção é
exclusiva do espaço ℝ3 . Sendo dessa operação dada, e lembrando que a
obtenção do vetor resultante é dado por:

yu ∙ zv − zu ∙ yv xu xv
z ∙
u × v= ( u v x − x u ∙ z v ) onde u = ( u ) e v = (yv ),
y
xu ∙ yv − yu ∙ xv zu zv
Determine o produto vetorial u × v quando u = ( −1; 2; 1 ) e v = y(u 2; −3; 0 )

a) (3; 2; −1)
b) (3; −2; −1)
c) (0; 2; 1)
d) (3; −1; 0)
e) (3; 0; −1)

8. Considere dois vetores u e v pertencentes ao espaço ℝ3 . Podemos encontrar a


norma de cada um deles, usando um raciocínio análogo ao usado para encontrar
no ℝ2 , ou seja se u = ( xu ; yu ; zu ), podemos então determinar a sua norma ( ou

módulo) usando a seguinte fórmula: ‖u‖ = √xu 2 + yu 2 + zu 2 . Da mesma forma


podemos proceder para o encontro do produto escalar. De posse dessas

141
afirmações, encontre, aproximadamente, então o ângulo formado emtre os
vetores do espaço que têm as seguintes componentes u = ( 2; 1; −2) e v=
( 0; 3; −1).

a) 36,8°
b) 58,2º
c) 24,9º
d) 69,2º
e) 108,3

142
SISTEMAS LINEARES UNIDADE

EQUAÇÕES LINEARES
03
Definimos uma equação linear (9) como sendo a seguinte igualdade:

an ∙ xn + an−1 ∙ xn−1 + an−2 ∙ xn−2 + ⋯ + a1 ∙ x1 = b (10)

Onde an , an−1 , an−2 , . ., a1 e b são os coeficientes da equação que está definida


com variáveis xn , xn−1 , xn−2 , … , x1 .

Exemplo de equações lineares:

2x + 5y − 8z + 10w = 0
−1x + 2y – 4z = −1

Mas que poderíamos apresentar as variáveis também assim:

4x1 + 2x2 − 10x3 = 0

As primeiras notações são mais comuns de serem usadas.

SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO LINEAR

Sendo dada uma equação linear an ∙ xn + an−1 ∙ xn−1 + an−2 ∙ xn−2 + ⋯ + a1 ∙


x1 = b, afirmamos que n-upla ordenada (αn ; αn−1 ; αn−2 ; … ; α1 ) quando ao
substituírmos, na ordem, cada um dos termos e a igualdade for estabelecida.
Exemplo: Considerando a equação linear 2x + 4y – z = 0, poderíamos afirmar
que a tripla ordenada (1; 1 ; 6) seria uma solução para a equação, porém a tripla (2;
1; 8) também seria uma solução para a equação linear dada.

143
Toda equação linear possui uma infinidade de n-uplas ordenadas que serão possíveis
soluções da mesma.

SISTEMA LINEAR

A definição teórica de um sistema linear seria:

O sistema linear é um conjunto formado por equações lineares.

De forma genérica, poderíamos apresentar essa definição da seguinte forma:

a11 ∙ x1 + a12 ∙ x2 + ⋯ + a1n ∙ xn = b1


a ∙ x + a22 ∙ x2 + ⋯ + a2n ∙ xn = b2
{ 21 1
⋮ ⋮ ⋮ ⋮
am1 ∙ x1 + am2 ∙ x2 + ⋯ + amn ∙ xn = bm

Uma solução do sistema apresentado seria nula de números reais


(α1 ; α2 ; α3 ; … ; αn ) que satisfaça simultaneamente todas as m equações.

Observação importante: Podemos escrever um sistema linear, usando a forma


matricial. Teremos três matrizes que multiplicadas resultarão na forma convencional
apresentada inicialmente.

a11 a12 ⋯ a1n x1 b1


a21 a22 ⋯ a2n x2 b2
[ ⋮ ⋮ … ⋮ ]∙[ ⋮ ] = [ ⋮ ]
am1 am2 … amn xn bn

O produto apresentado acima pode ser generalizado assim

A ∙ X = B onde A é amatriz dos coeficientes das variáveis do sistema, também


chamada de matriz ampliada do sistema, B é a matriz das variáveis e B é a matriz dos
termos independentes.

144
Podemos apresentar um sistema apenas pelas suas matrizes ampliadas, em que cada
linha seria uma forma abreviada da equação correspondente do sistema.

A ordem de um sistema é o respectivamente o número de equações e quantas variáveis


estão presentes em cada equação.

Exemplo: Um sistema de ordem 2 x 2, tem duas equações e em cada uma dessas


equações teremos duas variáveis.

SOLUÇÃO DE UM SISTEMA LINEAR

Iremos apresentar a solução de um sistema através do método do


escalonamento que também é conhecido como método de Gauss-Jordan. Esse
método consiste em aplicar operações elementares sucessivamente a fim de
escrevermos o sistema na forma escada.

Um sistema na forma escada é aquele que em que o número de variáveis nulas antes na
primeira variável não nula, aumenta progressivamente de uma equação para a outra.

Operações elementares: São operações que poderemos realizar com as


equações de um sistema dado a fim de conseguirmos um outro equivalente ao inicial.

Sistemas equivalentes: São aqueles que têm a mesma solução, porém com equações não
idênticas.

Principais operações elementares:


 Quaisquer equações de um sistema podem ser trocadas de posição.

145
 Podemos multiplicar qualquer equação de um sistema por um número real.
 Podemos trocar qualquer equação de um sistema pela soma dela mesma com
outra.
 Podemos então trocar também qualquer equação de um sistema pela soma
de uma equação múltipla dessa com outra.

A aplicação dessas operações (não necessariamente todas e nessa ordem )


em um determinado sistema, fará com que consigamos escrevê-lo na forma
escalonada e assim sendo, podemos resolvê-lo.
Vamos tomar um sistema de ordem 3 x 3 para podermos exemplificar esse
método de resolução.

2x + 2y + 3z = 2
Exemplo: Considerando o sistema linear { 3x − y − 6z = 4 , Vamos usar o méto do do
8x + 4y + 3z = 8
escalonamento para determinar a sua solução.

2 2 3 2
(3 −1 −6|4) Essa é a matriz estendida do sistema apresentado.
8 4 3 8

Vamos agora multiplicar a primeira linha ( equivalente à primeira equação ) por


1
.
2

Teremos então:
3 1
1 1 2
(3 −1 −6|4)
8 4 3 8

Agora vamos substituir a segunda linha pela soma dela mesma com a primeira
linha multiplicada por -3 (com o objetivo de zerar o primeiro termo dessa segunda
linha).
Assim fazendo, teremos:
3
1 12 1
21|1
0 −4 −
2 8
(8 4 3 )

146
A seguir, substituiremos a terceira equação pela soma dela mesma com a
primeira multiplicada por -8 (com o objetivo de zerar o primeiro elemento dessa linha
).
3
1 1
2 1
21|1
0 −4 − 2
0
(0 −4 −9 )

Logo a seguir vamos substituir a terceira equação por ela mesma adicionada à
segunda multiplicada por -1. E assim então teremos:

3
1 1
2 1
21|
0 −4 − 1
2|
3 −1
(0 0 2 )

Finalmente, podemos então encontrar a solução do sistema e escrever o


1
sistema na forma escalonada, multiplicamos a segunda linha por − e a terceira linha
4
2
por e assim obteremos o seguinte:
3

3 1
1 1 1
2
21|− 4
0 1 8 2
(0 − 3)
0 1

Fazendo com que após mais algumas operações elementares, consigamos o


seguinte sistema:
1
1 0 0 2
| 3
0 1 0
| 2
0 0 1 2
( − )
3

E assim então a tripla ou terna ordenada que representa a solução do sistema


será:
1 3 2
( ; ;− )
2 2 3

147
Um sistema linear pode ter as seguintes classificações conforme a solução do mesmo:

 Sistema Possível e Determinado (SPD): O sistema possui uma única solução que
atende às equações do mesmo.
 Sistema Possível e Indeterminado (SPI): O sistema possui infinitas soluções que
atendem às equações do mesmo.
 Sistema Impossível (SI ): O sistema não possui nenhuma solução que atende às
equações.

Uma observação importante a ser feita a respeito dos sistemas de equação


linear é a respeito da sua ordem. Nem todos os sistemas serão considerados sistemas
“quadrados”. Somente nomeamos de quadrados aqueles os quais o número de
equações é igual ao número de variáveis em cada equação.
Passemos então a observar um sistema não quadrado, ou seja, aquele em que
o número de equações e variáveis em cada equação são diferentes. Todo sistema
com essa classificação terá alguma particularidade, por exemplo, sistemas que têm
mais variáveis que equações não poderão ter um número finito de soluções, ou seja,
jamais serão sistemas SPD, poderão ser SPI oi SI. Agora sistemas que têm mais equações
que variáveis poderão ter solução finita, dependendo do sistema.

Exemplo: Considere o sistema linear a seguir e verifiquemos a sua solução através do


método do escalonamento.
x + 3y − 2z = 1
{
2x + 5y + z = 0

Vamos encontrar a sua solução.

x + 3y − 2z = 1
{
0x − y + 5z = −2
Isolando na 2ª equação a variável y, teremos:

y = 5z + 2

Substituindo esse valor na primeira equação teremos:

148
x = −13z − 5

Observamos então que os “valores” de x e de y estão dependentes do valor de


z, logo z será considerada então a variável livre e a solução escrita de uma maneira
formal seria:

S = { (−13z − 5; 5z + 2; z ), com z ∈ ℝ }

149
FIXANDO O CONTEÚDO

1. A resolução de um sistema de equações lineares, consiste em encontrar soluções


simultâneas para todas as equações que compõem o mesmo. Sendo assim, usando
o método do escalonamento, determine o conjunto solução do sistema linear
apresentado a seguir:

x + 2y + 3z = 0
{2x + y + 3z = 0
3x + 2y + z = 0
a) S= { ( 1; 2; 3 )}
b) S ={ ( -1; 0 ; 1 ) }
c) S = { ( 0; 0; 0 ) }
d) S= { ( 0; -2 ; 1 ) }
e) S= { (0;-2;-3 )}

2. Sabe-se que, na compra de uma caixa de lenços, dois bonés e três camisetas,
gasta-se um total de R$127,00. Se três caixas de lenços, quatro bonés e cinco
camisetas, dos mesmos tipos que os primeiros, custam juntos R$241,00, a quantia a
ser desembolsada na compra de um boné, uma camiseta e uma caixa de lenço é:

a) R$72,00.
b) R$65,00.
c) R$60,00.
d) R$57,00.
e) R$49,00.

3. (Fuvest 2020) Uma agência de turismo vendeu um total de 78 passagens para os


destinos: Lisboa, Paris e Roma. Sabe‐se que o número de passagens vendidas para
Paris foi o dobro do número de passagens vendidas para os outros dois destinos
conjuntamente. Sabe‐se também que, para Roma, foram vendidas duas passagens
a mais que a metade das vendidas para Lisboa. Qual foi o total de passagens
vendidas, conjuntamente, para Paris e Roma?

a) 26.

150
b) 38.
c) 48.
d) 62.
e) 68.

4. (Cp2 2019) - Jorge, Marcos e Paulo são três irmãos que adoram colecionar figurinhas
e também adoram charadas. Como eles têm uma prima, Lavínia, que também
adora decifrar enigmas, propuseram a ela o seguinte problema:

- Jorge e Marcos têm, juntos, 110 figurinhas.


- Jorge e Paulo têm, juntos, 73figurinhas.
- Marcos e Paulo têm, juntos, 65 figurinhas.

Quem tem mais figurinhas e quantas são elas?

Se Lavínia conseguir decifrar o enigma, sua resposta será:

a) Paulo, com 14 figurinhas.


b) Marcos, com 56 figurinhas.
c) Jorge, com 59 figurinhas.
d) Jorge e Marcos, ambos com 55 figurinhas.
e) Marcos, com 90 figurinhas.

5. Em relação às soluções de um sistema de equações lineares lineares, considere


as seguintes afirmações apresentadas a seguir e logo após classifique-as em
verdadeiras ou falsas.

I. Todo sistema linear quadrado, possui um número finito de soluções.


II. Um sistema linear não quadrado obrigatoriamente terá infinitas soluções.
III. Em um sistema linear quadrado o nuúmero de equações será sempre igual ao
número de variáveis em cada equação.
IV. Em um sistema qualquer, sempre teremos uma solução que seja comum a todas
às equações.

151
a) Todas as afirmativas são verdadeiras.
b) Todas as afirmativas são falsas.
c) Somente a afirmativa I é verdadeira.
d) Somente a afirmativa I é falsa.
e) Somente a afirmativa III é verdadeira.

6. (Espm 2019 - Modificada) – Usando os conceitos a respeito de equações e sistemas


lineares, monte e resolva o sistema que dê a solução da seguinte situação
apresentada: Um menino possui 29 moedas de 10 centavos e 15 moedas de 25
centavos.número de maneiras diferentes que ele tem para formar 5 reais é igual a:

a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6

7. (Espm 2019) Daqui a 3 anos, a idade de um pai será a soma das idades que terão
sua esposa e seu filho. Quando a esposa nasceu, a idade do pai era:

a) igual à idade atual do seu filho.


b) o dobro da idade atual do seu filho.
c) menor que a idade atual do seu filho.
d) 3 anos a menos que a idade atual do seu filho.
e) igual à idade que terá seu filho daqui a 3 anos.

8. Chamamos de sistema homogêneo de n equações e m variáveis aquele sistema


qual os termos independentes são todos nulos ( iguais a zero ). Um sistema
homogêneo admite pelo menos uma solução. Essa solução é chamada de solução
trivial de um sistema homogêneo. De acordo com todas as informações
apresentadas anteriormente, determine o valor de k no sistema abaixo de forma
que ele tenha solução distinta da solução trivial (x = 0, y = 0 e z= 0).

152
2x − 5y + 2z = 0
{ x+y+z = 0
2x + 0y + kz = 0
a) k = 1
b) k = 2
c) k = −2
d) k = −1
e) k = 3

153
ESPAÇO VETORIAL UNIDADE

DEFINIÇÃO
04
Um espaço vetorial é um conjunto V, não vazio, que está definido com duas

0
operações:

Soma: Sendo u e v são dois elementos pertencentes a V, a soma de u com v ser


denotada por u + v.
Multiplicação por escalar: Sendo 𝐜 um número real qualquer e u um elemento
de V, a multiplicação de u com 𝐜 denotada por 𝐜 ∙ u.
O importante é salientarmos que usaremos a apalavra vetor para representar
um elemento do espaço V.

Exemplo 1: O conjunto formado por todas as matrizes de ordem 2x2 (V = M2x2 ) será
um espaço vetorial, pois ele é fechado para as operações de soma e produto por
escalar, veja:

α β δ π
Sendo u = [ ] ev= [ ] Então teremos:
γ θ μ σ

α+δ β+π
u+v= [ ]
γ+μ θ+σ

α β c∙α c∙β
c∙u=c∙[ ]= [ ]
γ θ c∙γ c∙θ

E assim verificamos o fechamento do conjunto para a soma e o produto por


escalar.

Exemplo 2: O conjunto V = P2 (x), formado por todos os polinômios de grau 2, também


é um espaço vetorial, pois é fechado para a soma e para a multiplicação por escalar.
Sendo u = ax 2 + bx + t e v = dx 2 + ex + f, então teremos:
u + v = (a + d)x 2 + (b + e)x + t + f
c∙ u = c ∙ ax 2 + c ∙ bx + c ∙ t

154
E assim verificamos o fechamento do conjunto para a soma e para o produto
por escalar.

Exemplo 3 : Considere V, o conjunto dos vetores do espaço ℝ𝟑 . Sendo assim:

V = ℝ𝟑 = {(𝐱 𝟏 ; 𝐱 𝟑 ; 𝐱 𝟑 ); 𝐜𝐨𝐦 𝐜𝐚𝐝𝐚 𝐱 𝐢 ∈ ℝ}

Podemos observar facilmente que V é um espaço vetorial e, portanto, será


fechado para operações de soma e produto por escalar.

PROPRIEDADES DE UM ESPAÇO VETORIAL

Além das condições de existência para o conjunto V ser um espaço vetorial,


vamos verificar também as seguintes propriedades nesse conjunto:
Em um espaço amostral V, considere verdadeira as propriedades a seguir para
todo u, v e w pertencentes a V e para todos os escalares 𝐜 e 𝐝 pertencentes ao
conjunto dos números reais.
I – Propriedade comutativa

u + v = v + u

II – Propriedade associativa da adição

(u + v) + w = u + (v + w)

III – Elemento neutro

Existe um elemento 0 em V, denominado vetor nulo, tal que u + 0 = u.

IV – Elemento oposto

Para cada elemento u pertencente a V, existe um elemento -u também pertencente

155
a V de modo de que u + ( − u ) = ( − u ) + u = 0.

V – Distributividade da multiplicação em relação à adição

𝐜 ∙(u + v) = 𝐜 ∙u + 𝐜 ∙v ou (u + v) ∙𝐜 = 𝐜 ∙u + 𝐜 ∙v

VI – Propriedade associativa da multiplicação por escalar

𝐜 ∙ ( 𝐝 ∙ v ) = (𝐜 ∙ 𝐝) ∙ v

VII – Elemento neutro da multiplicação

Chamamos de elemento neutro da multiplicação ao número 1, tal que 1 ∙ u = u

SUBESPAÇOS VETORIAIS

Seja V um espaço vetorial e W um subconjunto não vazio de V. Então, W é um


subespaço de V se, e somente, se as seguintes condições se verificam:
- Se u e v estão em W, então u + v também a multiplicação por um escalar. Está
em W.
- Se v está em W e c é um escalar, então c ∙ v também está em W.
Ou seja: W é fechado para a soma e para a multiplicação por um escalar e é
importante frisarmos que se W é um espaço vetorial também e não precisaríamos de
verificar a veracidade de todas as propriedades para W, visto que elas são válidas
para V que contém W.
Exemplo: Considere V = ℝ3 e W = { (x1 ; 0; x3 ); com cada xi pertencente a ℝ }.
Podemos então observar que W é um conjunto de vetores de ℝ3 , cuja segunda
componente é nula. Vamos então observar o fechamento em relação às operações
de soma e produto por um escalar para W.

Consideremos dois vetores u = ( u1 ; 0; u3 ) e v = ( v1 ; 0; v3 ) pertencentes a W.


Então u + v = ( u1 + v1 ; 0; u3 + v3 ) que também pertence a W, pois tem a
segunda componente nula e as outras resultam da soma de dois números reais ( o que

156
resulta em um outro número real).
Considerando o vetor u = ( u1 ; 0; u3 ) pertencente a W e t um número real
qualquer, t ∙ u = ( t ∙ u1 ; 0; t ∙ u3 ) que também irá pertencer a W.
Portanto W é um subespaço de ℝ3 .

COMBINAÇÃO LINEAR

O conjunto U formado por todos os vetores v que são combinação linear de u1 ,


u2 , u3 , ..., un é denominado subespaço vetorial gerado por u1 , u2 , u3 , ..., un e será
denotado por U = {v ∈ U/ v = r1 . u1 + r2 . u2 + r3 . u3 + . . . + rn . un , com ri ∈ ℝ e onde 0 <
i ≤ n}
Exemplo: Os vetores u1 = ( 1; 0; 0 ), u2 = ( 0; 1; 0 ) e u3 = ( 0; 0; 1 ) são do ℝ3 e além
disso, podemos verificar que se considerarmos V = ℝ3 observaremos que V = [ u1 , , u2 , u3 ,
ou seja, V é gerado por u1 , u2 e u3 .

Vamos relembrar a definição de um vetor como combinação linear de outros:

Sendo dados os vetores u1 , u2 , u3 , ..., un , se existirem números reais r1 , r2 , r3 , ..., rn tal que v
também um vetor e v = r1 . u1 + r2 . u2 + r3 . u3 + ... + rn . un , dizemos que v é combinação
linear de u1 , u2 , u3 , ..., un .

Observe que V será gerado pelos três vetores da seguinte maneira:

Consideremos um vetor qual quer v = (x; y; z) com x e y reais, pertencente a V,


logo, podemos verificar que: (x; y) = x ∙ (1; 0; 0) + y ∙ (0; 1; 0) + z ∙ (0; 0; 1).
v = x ∙ u1 + y ∙ u2 + z ∙ u3.
v é combinação linear de u1 , u2 e u3 .

DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA LINEAR

Vamos chamar um conjunto de vetores {u1 , u2 , u3 , ..., un } de um espaço vetorial


V como linearmente independente ( LI ) quando a seguinte igualdade:

α1 ∙ u1 + α2 ∙ u2 + ⋯ + αn ∙ un = 0

157
For verificada para valores de α1 , α2 , … , αn iguais a zero, ou seja
α1 = α2 = … = αn = 0.
Caso a igualdade seja verificada para algum valor de α1 , α2 , … , αn diferente de
zero, o conjunto de vetores {u1 , u2 , u3 , ..., un } será classificado como linearmente
dependente (LD).

Um teorema é uma informação, propriedade ou dado que necessita ser provado, para

assim ser usado como referência na solução de problemas.

Apresentamos um teorema: O conjunto de vetores {u1 , u2 , u3 , ..., un } será classificado de LD


(linearmente dependente) se, e somente se um desse vetores for combinação linear dos
outros.

Demonstração do teorema:
Sejam o conjunto de vetores {u1 , u2 , u3 , ..., un } LD. Podemos então considerar
que existem α1 + α2 + ⋯ + αn tais que:

α1 ∙ u1 + α2 ∙ u2 + ⋯ + αn ∙ un = 0 = 0

Tais que existe algum αi ≠ 0, com 1 ≤ i ≤ n


E assim então poderíamos tomar um termo αn ∙ un
Qualquer e assim trabalhar com seu isolamento, procedendo da seguinte
forma:
1
un = − ∙ (α1 ∙ u1 + α2 ∙ u2 + ⋯ + αn−1 ∙ un−1 )
an

E assim, portanto, verificamos um dos vetores sendo combinação linear dos


demais.
Agora, se tivermos um vetor como combinação linear dos demais, temos que
provar que o grupo todo é linearmente dependente. Vejamos então:

158
α1 ∙ u1 + α2 ∙ u2 + ⋯ + αn ∙ un = v

E assim, podemos usar um artifício algébrico e reescrever a igualdade da


seguinte forma:

α1 ∙ u1 + α2 ∙ u2 + ⋯ + αn ∙ un − 1 ∙ v = 0

E assim verificamos que tal igualdade ocorre quando um dos coeficientes dos
vetores é diferentes de zero, ou seja, existe um dos α1 , α2 , … , αn não é nulo.
E assim provamos então teorema.

Exemplo: Considere o espaço amostral V = ℝ2 e os vetores v1 = ( 1; 0 ) e v2 =


( 0; 1 ) pertencentes a V. Verificaremos que o conjunto formado por v1 e v2 são LI, pois:

α1 ∙ v1 + α2 ∙ v2 = 0 ⇒ α1 ∙ (1; 0) + α2 ∙ (0 ; 1) = (0; 0) ⇒ (α1 ; α2 ) = (0 ; 0), logo


α1 = 0
e α2 = 0 .

BASE DE UM ESPAÇO VETORIAL

Definição: Sendo dado um espaço vetorial V, um subconjunto W, formado pelos


vetores {w1 ; w2 ; w3 } será chamado de base do espaço V se:

{w1 ; w2 ; … ; wn } for LI;


{w1 ; w2 ; … ; wn } gerar V ou seja, V = [w1 ; w2 ; … ; wn ]
O que quer dizer que qualquer vetor de V pode ser escrito como combinação
linear de w1 ; w2 ; … ; wn .

Exemplo: O subconjunto do ℝ2 formado pelo vetores w1 = (1; 1) e w2 = (0; 1) é uma


base de ℝ2 . Vejamos a verificação:

α1 ∙ w1 + α2 ∙ w2 = (0; 0) ⇒ α1 ∙ (1; 1) + α2 ∙ (0; 1) = (0; 0)

De onde podemos verificar que α1 = α2 = 0 e assim então o subconjunto é LI.


Podemos ainda observar que o os dois vetores geram o ℝ2 . Considerando um
vetor genérico v = ( x; y ), com x e y pertencente ao conjunto dos números reais (ℝ),

159
temos que :

(x; y) = x ∙ ( 1; 1) + (y − x) ∙ ( 0; 1), o que comprova serem geradores.

Definição importante:
Considere β uma base de um espaço vetorial V de tal maneira que β =
{v1 , v2 , v3 , … , vn } e v ∈ V um vetor tal que v = α1 ∙ v1 + α2 ∙ v2 + α3 ∙ v3 + ⋯ + αn ∙ vn .Vamos
chamar estes coeficientes numéricos α1 , α2 , α3 , … , αn de coordenadas de v em relação
à base β. Podemos denotar da seguinte maneira:

α1
α2
[v]β = [ ⋮ ]
αn
Exemplo: Sendo dado o espaço vetorial V = ℝ2 . Considere então a base β =
{(1; 0), (0; 1)} como uma base de V. O vetor (4;3) = 4(1,0) + 3(0,1) e assim então
4
poderíamos dizer que [(4; 3)]β = [ ].
3

Dimensão de um espaço vetorial 𝑉, é o número de elementos (vetores) da base que gera


esse espaço.

 BOULOS, P. Pré Cálculo. 2. ed. São Paulo: Perason, 2011. 118 p. Disponível em:
https://bit.ly/2Uj9MQh.

160
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Vamos nos lembrar que para efetivamente um conjunto ser considerado como
espaço vetorial, algumas operações devem ser observadas em seu fechamento
(um conjunto é fechado para uma operação quando dois elementos quaisquer
resultam em um outro elemento que também pertence obrigatoriamente a esse
conjunto). Considere então o conjunto W formado por todas as matrizes de ordem
3. Sobre tal conjunto, podemos afirmar corretamente que:

a) Não pode ser considerado um espaço vetorial, pois existem matrizes de ordem 3
que quando somadas resultam em uma matriz de ordem 2 que por sua vez não
pertencem a W.
b) Não pode ser considerado um espaço vetorial pois a propriedade do elemento
neutro não pode ser verificada, uma vez que se somarmos duas matrizes opostas
vamos obter um número real e não uma outra matriz de ordem três.
c) O conjunto W admite como um subespaço o conjunto formado por todas as
x 0 y
matrizes de ordem 3 do tipo [w 0 t ], com x, y, w, t, v e z sendo números reais.
v 0 z
d) O conjunto W não admite nenhum subespaço.
e) O conjunto W não pode ser considerado um espaço vetorial pois a propriedade do
elemento oposto não pode ser verificada.

2. Em relação ao conjunto V formado pelas matrizes quadradas de ordem 2 ( M(2,2)),


podemos verificar que afirmação correta em relação e esse conjunto será:

a) O conjunto V não será um espaço vetorial, pois não será “fechado” para a
operação usual de adição.
b) O elemento neutro da operação de adição será a matriz identidade de ordem 2,
1 0
ou seja: [ ].
0 1
1 0 0 1
c) O conjunto V é gerado por {[ ]; [ ]}, ou seja esse subconjunto apresentado
0 1 1 0
é uma base de V.
1 0 0 1 0 0 0 0
d) O conjunto {[ ]; [ ];[ ];[ ]} é uma base de V.
0 0 0 0 1 0 0 1

161
e) O conjunto V não é um espaço vetorial, pois não obedece à propriedade do
elemento oposto, ou seja, não existe uma matriz que somada a um original, resulta
em uma matriz nula.

3. Considere as afirmações a seguir:

Afirmação 1:
O vetor (2; -3; 2; 2) pertencente ao ℝ4 é tambem pertencente ao subespaço
gerado por v1 = (1; −1; 0; 0 ), v2 = ( 0; 0; 1; 1 ), v3 = ( −2; 2, 1, 1 ) e v4 = ( 1; 0; 0; 0 ).
Afirmação 2:
O subespaço gerado por v1 , v2 , v3 e v4 , ou seja [v1 , v2 , v3 , v4 ] = ℝ4 .

Em relação às afirmações acima, podemos dizer que:

a) Ambas estão corretas.


b) Ambas estão incorretas.
c) Somente a primeira afirmação é correta.
d) Somente a segunda afirmação é correta.
e) não podemos afirmar nada no ℝ4 .

4. Com base na definição de vetores ou grupo de vetores LI ( linearmente


independentes ) e LD ( vetores linearmente dependentes ), considere o seguinte
conjunto de vetores do espaço ℝ3 : { (1; 0) , (-1; 1), (3; 5) }. Podemos afirmar
corretamente que:

a) O conjunto formado é LI e gera ℝ3 .


b) O conjunto é LI e não é uma base de ℝ3 .
c) O conjunto é LD, portanto é uma base de ℝ3 .
d) O conjunto é LD e não pode portanto ser uma base de ℝ3 .
e) O conjunto de vetores apresentado não pode ser LI ou LD.

5. Ao verificar o conjunto de vetores pertencentes ao espaço vetorial V ( M(2,2) ), que


1 0 1 1 2 −1
é o conjunto das matrizes quadradas de ordem 2, {[ ],[ ],[ ]},
1 0 0 0 𝑘 0
determine o valor de k para que o conjunto seja LD (linearmente dependente).

162
a) K = 0
b) K =-1
c) K = -3
d) K = 3
e) K = 2

6. Um conjunto de vetores LI ou LD, pode ser visualizado graficamente, por exemplo


se o espaço vetorial a ser considerado for o plano ℝ2 . Observe a seguir dois
conjuntos de vetores do ℝ2 , apresentados graficamente:

Conjunto I

Conjunto formado pelos vetores u = (1;


1 ) e v = ( -1; 2 ).

Conjunto formado pelos vetores u = ( 1;


1 ) e v = ( -1; 2 ).

Conjunto II

Conjunto formado pelos vetores u = ( -


1; 1), v = ( 1; 2 ) e w = ( 1; 1).

Conjunto formado pelos vetores u = ( -


1; 1 ), v = ( 1; 2 ) e w = ( 1; 1).

Em relação aos conjuntos de vetores apresentados a seguir, podemos afirmar que:

a) O conjunto I é LI e o conjunto II é LD.


b) Ambos os conjuntos de vetores são LI.
c) Ambos os conjuntos de vetores são LD.
d) O conjunto I é LD e o conjunto II é LI.

163
e) Não podemos classificar em LI e LD dois vetores do plano ℝ2 .

7. A base de um espaço vetorial é formada por um conjunto de vetores aos quais


todos os outros vetores desse espaço podem ser obtidos por uma combinação
linear desses. Definimos como coordenadas de um vetor em relação a uma
determinada base, aos números reais que são os coeficientes da combinação
linear que “gera” um determinado vetor do espaço vetorial. Baseando-se nas
informações dadas, determine então ao coordenadas do vetor v = ( 1; 0; 0 ) em
relação à base β = {( 1; 1; 1 ), ( −1 ; 1; 0 ), ( 1; 0 ; −1)}.

1 7
3 4
1 5
a) −3 d) 4
1 2
[ 3 ] [ 3 ]
1 1
6 3
7 1
b) −3 e) 3
2 1
[− 3 ] [ 3 ]
2
5
1
c) 3
4
[ 3 ]

8. Em relação à classificação dos vetores como LI ou como LD, são apresentadas as


afirmativas a seguir. Faça a análise de cada uma delas e logo a seguir assinale a
alternativa correta.
I. O conjunto de vetores do ℝ3 , { v1 =( 1;0;0 ), v2 = (2; 3; 0 ), v3 = (5;1; 1)} é LI, pois
a “resolvermos” a igualdade (0; 0; 0 ) = a ∙ v1 + b ∙ v2 + c ∙ v3 , encontraremos
somente e exclusivamente a= 0, b= 0 e c= 0.
II. O trio de vetores do ℝ2 apresentado por v1 = (2; 3),v2 = (5; 4) e v3 = (1; 1) é LD,
pois se resolvermos a igualdade (0; 0; 0 ) = a ∙ v1 + b ∙ v2 + c ∙ v3 , vamos encontrar
infinitos valores para a, b e c que a satisfazem.
III. Os vetores v1 = ( 1; −1; −2 ), v2 = ( 2; 1; 1 ) e v3 = ( −1; 0; 3 ) pertencentes ao ℝ3
formam um grupo LI.
IV. Quando no ℝ3 , tivermos um conjunto unitário de vetores, onde o vetor presente
for diferente do vetor nulo, ele será obrigatoriamente LI.

164
Em relação às afirmativas acima, podemos dizer que:

a) São todas falsas.


b) Somente I e III são falsas.
c) Todas são verdadeiras.
d) Somente I, II e IV são verdadeiras.
e) Somente III é verdadeira.

165
TRANSFORMAÇÕES LINEARES UNIDADE

DEFINIÇÃO

Sendo dados dois espaços vetoriais V e W, definimos uma transformação linear


05
de V e W, representada por T: V → W, como sendo uma aplicação T(v) que associa a
cada vetor v pertencente ao espaço V um único vetor w pertencente ao espaço W.
Além disso uma transformação linear preserva as seguintes propriedades:

Adição: T (v + w ) = T (v) + T (w)


Multiplicação por um escalar: T (k ∙ v ) = k ∙ T(v)

Exemplo: Consideremos os espaço vetoriais V = ℝ2 e W = ℝ3 . Vamos apresentar a


aplicação
T: V → W , tal que T(x; y) = (−x ; x + y, 0 e verificar que se trata de uma
transformação linear.

Verificação:
Considere dois vetores de ℝ2 , u = ( x1 ; y1 ) e v = ( x2 ; y2 ), vamos verificar
que T(u + v) = T(u) + T(v) ⟹ observemos que u + v = ( x1 + x2 ; y1 + y2 )

Logo,

T(u + v) = T ( x1 + x2 ; y1 + y2 )( −( x1 + x2 ); x1 + x2 + y1 + y2 ; 0 ) ( −x1 + ( −x2 ); x1 +


y1 + x2 + y2 ; 0 + 0 ) = ( −x1 ; x1 + y1 ; 0 ) + ( −x2 ; x2 + y2 ; 0 ) = T(u)+ T(v)
T(α ∙ u) = (α ∙ x1 ; α ∙ y1 ) = ( −α. x1 ; α ∙ x1 + α ∙ y1 ; 0 ) = ( α ∙ ( −x1 ; x1 + y1 ; 0 )) = α ∙ T(u )

E assim então verificamos a aplicação como uma transformação linear.

Uma transformação linear sempre levará vetores de um espaço a vetores de um outro


espaço. Vetores de um certo espaço vetorial “gerando” vetores de um outro espaço.

166
PROPRIEDADES DAS TRANSFORMAÇÕES LINEARES

Considerando T como uma transformação linear de V em W, sendo V e W dois


espaços vetoriais (T: V → W), podemos estabelecer as seguintes propriedades:

 T(0) = 0
 T(−v) = −T( v), para qualquer v ∈ V.
 T( u − v) = T (u) − T(v)

Exemplo de aplicação das propriedades apresentadas e da definição de


transformação linear:

Considere a seguinte transformação linear: T: V → W onde V = ℝ2 e W = P2 e


que T (1; 1) = 2 – 3x + x 2 e T (2; 3) = 1 – x 2 , vamos então determinar T (− 2 ; 1).

Resolução:

Os vetores (1; 1) e (2; 3) são base para ℝ2 , logo, todos os outros vetores do ℝ2
podem ser escritos como uma combinação linear deles.

α ∙ ( 1; 1 ) + β ∙ ( 2; 3 ) = ( −2 ; 1 ) e assim encontraremos α = −8 e β = 3 e assim:

−8 ∙ (1; 1) + 3 ∙ ( 2; 3 ) = (−2 ; 1)

T(−2; 1) = T( −8 ∙ (1; 1 ) + 3 ∙ (2; 3)

T(−8. ( 1; 1 )) + T( 3 ∙ ( 2; 3 )) = −8 ∙ T(1; 1 ) + 3 ∙ T( 2; 3 )

−8 ∙ ( 2 − 3x + x 2 ) + 3 ∙ ( 1 − x 2 )

T(−2; 1 ) = −11x 2 + 24x − 13

Importante:
Em algumas situações temos alguns “valores” das aplicações de vetores
específicos em uma transformação linear, mas não temos a “equação”, a lei de

167
formação dessa transformação linear. Para realizar o encontro dessa lei teremos que
realizar alguns procedimentos e algumas operações com os vetores e valores
apresentados.
Primeiramente temos que verificar se os vetores os quais calculamos os valores
da transformação para eles são linearmente independentes (LI). Assim sendo, todos os
outros vetores desse conjunto podem ser escritos como combinação linear daqueles
dados.
Assim então podemos através dessa informação deduzir que se temos um vetor
genérico do ℝn , chamado de v, a lei da transformação linear T: ℝn → ℝn
T(v), conhecidas algumas imagens de alguns vetores v1 , v2 , … , vn conhecidos será:

T(v) = a1 T(v1 ) + a2 T(v2 ) + a3 T(v3 ) + ⋯ + an T(vn )

Exemplo de aplicação:

Considere T, uma transformação linear tal que T: ℝ2 → ℝ3 e que T(−1; 1 ) =


(3; 2; 1) e que T(0; 1) = ( 1; 1; 0 ). Vamos encontrar então a lei de formação da
transformação, ou seja T(v), sendo v um vetor genérico do ℝ2 , ou seja v = ( x; y ).
Resolução:
Considerando que os vetores ( −1; 1) e ( 0; 1) são linearmente independentes,
podemos então escrever que o vetor genérico v = ( x; y) pode ser excrito como uma
combinação linear dos mesmos, ou seja:

v = a(−1; 1 ) + b(0; 1 ) ⟹ (x; y) = a(−1; 1) + b(0; 1)

Desenvolvendo, podemos chegar à conclusão que 𝑎 = −𝑥 e que 𝑏 = 𝑥 + 𝑦 e


portanto:
T(v) = a ∙ T(−1; 1) + b ∙ T(0; 1) e assim teremos que :

T(v) = (−x) ∙ (3; 2; 1 ) + (x + y) ∙ (1; 1; 0)

Logo, a lei de formação da transformação linear será:

168
T(x; y) = ( −2x + y; = x + y; −x )

Propriedade importante: Se T: U → V e S: V → W são tranformações lineares, com U, Ve W


sendo espaços vetoriais, podemos então afirmar que T: U → W também é uma
transformação linear.

AUTOVALORES E AUTOVETORES

Definição: Considere um espaço vetorial V e uma transformação linear tal que


T: V → V. Quando tivermos um vetor v pertencente ao espaço V, com v não sendo
o vetor nulo e de tal forma que T(v) = λ ∙ v, definiremos que λ é um autovalor da
transformação e v um autovetor que está associado a λ.

Exemplo: Sendo dada a transformação linear T: ℝ2 → ℝ2 com T(v) = 2 ∙ v, podemos


verificar que considerando v = ( x1 ; y1 ) teremos então T(v) = (2x1 ; 2y1 ) = 2 ∙ v e assim,
2 é um autovalor de T e v é um autovetor associado a 2.

Propriedade importante: Sendo dada uma transformação linear T: V → V e um autovetor


v associado a um autovalor λ, podemos dizer que qualquer outro vetor w também
pertencente ao espaço vetorial V e tal que w = α ∙ v , também será um autovetor da
transformação T associado ao autovalor λ.

Leia mais em:


 DANESI, M. M.; SILVA, A. R. R. D.; PEREIRA JR., S. A. A. Álgebra linear. Porto Alegre:
SAGAH, 2019. Dispónível em: https://bit.ly/2IsHsIN. Acesso em: 15 abr. 2020.

 FERNANDES, D. B. Álgebra Linear. São Paulo: Person, 2014. 146 p. Disponível em:
https://bit.ly/2GPIQVd. Acesso em: 15 abr. 2020.

169
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Lembrando-se que uma transformação linear é uma aplicação que leva elementos
de um espaço vetorial a outro espaço vetorial, considere a seguinte transformação
linear:
T: ℝ3 → : ℝ2 tal que T(x; y; z ) = ( 2x + y; y − z )

Considere as seguintes considerações a respeito de tal transformação linear:

I. Ao tomarmos o vetor w = (1; 0; 0) pertencente ao ℝ3 , a transformação linear


dada o aplicará a (2; 0), ou seja T( 1; 0; 0 ) = (2; 0).
II. O vetor v, pertencente ao espaço vetorial ℝ3 tal que T(v)=(3; 2) é da seguinte
forma: (x; 3 − 2x; 1 − 2x).
III. Podemos verificar, através da transformação linear dada que T(0; 0; 1) = (1; 1).

Fazendo a análise das afirmativas dadas, podemos concluir que:

a) Todas são falsas.


b) Todas são verdadeiras.
c) Somente I e III são veradeiras.
d) Somente I e III são falsas.
e) Somente II é falsa.

2. Determine a transformação linear T: ℝ2 → : ℝ3, tal que T(1; 1) =


( 2; 0; 2 ) e T(0; −2) = ( −2; 2; 0 ).

a) T( x + y; 4x; 2x)
b) T( x + y; x − y; 2x)
c) T( x + y; 4x; −x )
d) T( x − y; −2x; 2x)
e) T( 2x + y; −x; x)

3. As transformações lineares podem ser muito úteis em vários campos do


conhecimento, inclusive na Física, envolvendo deslocamento de vetores no plano
cartesiano. Vamos tomar uma situação a respeito desse deslovcamento, veja:

170
O deslocamento de um vetor do ℝ2 segundo um ângulo α pode ser observado
graficamente da seguinte forma:

A transformação linear que realiza essa rotação é dada por T: ℝ2 → ℝ2 tal que a
sua lei de formação será: T(x; y ) = (x ∙ cosα − y ∙ senα; y ∙ cosα+ x ∙ senα). Baseando-se
nessa informação, ao rotacionarmos o vetor ( 1; 3) por um ângulo de 90º,
encontrriamos quais componentes do vetor rotacionado?

a) (1; -3)
b) (2 ; 0)
c) (-3 ; 1)
d) (0 ; 3)
e) (-1; -3)

4. Considerando a transformação linear T: ℝ2 → ℝ2 tal que T(v) = −2 ∙ v, vamos fazer


as seguintes considerações a respeito da mesma:

I. A tranformação linear realiza apenas uma rotação de 180º com o vetor v.


II. A transformação linear realiza apenas uma duplicação do vetor v.
III. A transformação linear realiza uma rotação de 180º com a sua duplicação.
IV. A transformação linear realiza uma rotação de 270º com o vetor oposto ao
vetor v.
V. Tomando um vetor com componentes positivas, de uma maneira genérica,
podemos representar a aplicação da transformação da seguinte maneira:

171
Em relação as afirmativas apresentadas acima, podemos dizer que:

a) Apenas I e III estão corretas.


b) Todas estão corretas.
c) Todas estão incorretas.
d) Apenas V está correta.
e) Apenas III e V estão corretas.

5. Observando a transformação linear dada abaixo:


x y x+y 0
T: M2x2 → M2x2 tal que T [ ]= [ ]
z w 0 z+w
Onde M2x2 representa o conjunto das matrizes quadradas de ordem 2 ( duas linhas
e duas colunas ).
2
5
3
Podemos dizer que T [ 1 ] acarretará na seguinte matriz:
2 −
3
13 11
0 −2 5
0 5
0
a) [ 2 1 ] c) [ 5 ] e) [ 5 ]
7 3 2 3
0 −3
17 1
5
0 5
0
b) [ 5 ] d) [ 8 ]
0 0 3
3

6. Consideremos uma transformação linear T: ℝ2 → ℝ3 de tal forma que T(1; 0 ) =


( 1; 2; −1)

172
T(0; 1) = (3; 0; 4 )
Determine então o vetor resultante de T( 2; 5)

a) (1; 0; 0)
b) (15; 0; 12)
c) (17; 0; -2)
d) (9; -3; 7)
e) (17; 4; 18)

7. Uma transformação linear do tipo 𝐓: ℝ𝟐 → ℝ𝟐 tem como característica tomar um


vetor do plano ℝ𝟐 e transforma-lo, rotacionando, aumentando-o, diminuindo-o ou
fazendo simultameatente as informações anteriores além de também poder levá-
lo a um outro qualquer. De acordo com as informações apresentadas, verificamos
a importância de uma transformação linear em vários campos de estudo, como
por exemplo na Física, onde se pode aplicar esse estudo em movimentos de braços
de forma linear. Observando o esquema gráfico a seguir, determine qual dentre as
transformações apresentadas poderia representá-lo.

a) T( x; y ) = ( x; y ) c) T( x; y ) = ( -x; -y ) e) T(x; y ) = ( y; x )
b) T( x; y) = ( -x; y ) d) T( x; y ) = ( x; -y )

173
8. Considere a seguinte transformação linear:
x+3y x+7y x−y
T: ℝ2 → P2 tal que que T(x; y) = ቀ4
ቁ − ቀ 4 ቁx +ቀ 2
ቁ x2 Onde P2 representa o

conjunto de todos os polinômios de ordem 2.

Determine então o polinômio resultante de T(−7; 9 )

a) P(x) = 3 - 5x + 6x2
b) P(x) = 5 - 14x + 8x2
c) P(x) = -2 + 4x + 9x2
d) P(x) = 7 - 15x - 7x2
e) P(x) = 1 + 13x + 18x2

174
GEOMETRIA ANALÍTICA

PLANO CARTESIANO E PONTOS

Iremos apresentar alguns elementos geométricos através de suas equações,


equaçãos e estruturas algébricas. Começaremos pela origem de toda a geometria: o
ponto.
Ponto no plano cartesiano
No plano cartesiano o ponto é representado por um par ordenado. Essa é a
forma analítica de apresentarmos um ponto no ℝ𝟐 . De uma maneira geral temos:

Figura 9: Ponto P no plano cartesiano

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Estamos definindo a ideia de ponto no plano cartesiano ℝ𝟐 eassim é que iremos trabalhar
durante todo o capítulo, motivo pelo qual o ponto é apresentado por um par ordendo.
No espaço, o ponto será representado algebricamente por um terno, ou terna ordenada.

175
O ponto, representado por um par ordenado, tem suas características que devem ser
observadas:

Em relação ao plano cartesiano, vale apresentar as suas posições em relação


aos quadrantes:

Primeiro quadrante: x > 0 e y > 0


Segundo quadrante: x < 0 e y > 0
Terceiro quadrante: x < 0 e y < 0
Quarto quadrante: x > 0 e y < 0

Primeiro quadrante: x > 0 e y>0

Segundo quadrante: x < 0 e y>0

Devemos ainda apresentar


Terceiro as seguintesx características
quadrante: <0 e y<0 de pontos que estão em
cada um dos quadrantes:
Quarto quadrante: x > 0 e y < 0
Figura 10: Quadrantes

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Cálculo da distância entre dois pontos: Dados dois pontos A = ( xA ; yA ) e B =


(xB ; yB ), podemos encontrar uma expressão matemática que nos permita determinar

176
a distância entre A e B.

Usaremos o teorema de Pitágoras no triângulo apresentado a seguir:

dAB = (xB − xA )2 + (yB − yA )2 = √(xB − xA )2 + (yB − yA )2

Teorema de Pitágoras aplicado


ao triângulo retângulo obtido no
plano cartesiano

Teorema de Pitágoras aplicado

Pontos equidistantes são aqueles que estão a uma mesma distância. O prefixo e que nos
diz respeito à igualdade.

Exemplo: Sendo dados os pontos A (x; 3), B (−1; 4) e C (5; 2), obtenha o valor de x de
modo que o ponto A seja equidistante de B e C.
Resolução:
dAB = dAC

√(x − 1)2 + (3 − 4)2 = √(x − 5)2 + (3 − 2)2

√x 2 − 2x + 1 + (−1)2 = √x 2 − 10x + 25 + 1

√x 2 − 2x + 2 = √x 2 − 10x + 26

177
Elevando os dois membros ao quadrado, teremos:

x 2 − 2x + 2 = x 2 − 10x + 26

E assim, simplificando, teremos:

8x = 24 ⇒ x = 3

 Coordenadas do ponto médio de um segmento:

Considere um segmento com extremidades nos pontos de coordenadas A =


(xA ; yA ) e B = (xB ; yB ). Vamos encontrar então, as coordenadas do ponto M = (xM ; yM ),
que é o ponto médio de tal segmento (ponto que divide o segmento em duas partes
iguais).

Figura 11: Esquematização do ponto médio M do segmento de reta AB

Fonte: Saber Matemática (2017, online)

Usando semelhança de triângulos, podemos determinar a equação para o


encontro das coordenadas de M, em função das coordenadas de A e de B.
xA +xB yA +yB
xM = 2
e yM = 2

Mediana de um triângulo: É uma das cevianas que parte de um vértice até o ponto médio
do lado oposto a esse vértice.

178
Ceviana: É um segmento que “liga” um vértice de um triângulo a um lado oposto a esse
vértice.

Exemplo: Determine o tamanho da mediana relativa ao vértice A de um triângulo que


tem todos os seus vértices com as seguintes coordenadas: A (2; − 6), B ( −3; 2) e C (3; 4)

Resolução:
Primeiramente, iremos encontrar o ponto médio, M, do lado BC
̅̅̅̅, que é o lado m

oposto a o vértice A.
−3+3 2+4
xM = 2
=0 e yM = 2
=3

M (0;3)

A seguir, iremos determinar a distância de M ao ponto A.

dAM = √22 + (−9)2 = √85 , que é o tamanho da mediana.

 Condição de alinhamento de três pontos no plano

Quaisquer pares de pontos no plano sempre estão alinhados, porém quando


nos deparamos com um trio de pontos no plano, verificamos que eles não estarão
necessariamente alinhados.
Se um trio de pontos corresponder a três pontos não alinhados, podemos
afirmar que eles serão vértices de um triângulo no plano.

Ao observarmos três pontos não alinhados no espaço, estaremos observando então a


formação de um plano.

A condição para observarmos três pontos alinhados no plano:

Sendo A = (xA ; yA ), B = (xB ; yB ) e C = (xC ; yC ) afirmamos que eles são colineares


ou que estão alinhados se a igualdade for estabelecida:

179
(xB − xA ) ∙ ( yC − yB ) = ( xC − xB ) ∙ ( yB − yA )

Uma outra forma de apresentarmos a condição de alinhamento de três pontos,


é igualando a zero a expressão dada acima:

(xB − xA ) ∙ ( yC − yB ) − ( xC − xB ) ∙ ( yB − yA ) = 0

E assim, desenvolvendo e simplificando teremos:

xA ∙ (yB − yC ) − yA ∙ ( xB − xC ) + ( xB ∙ yC − xC ∙ yB ) = 0

O que equivale a igualdade:

xA yA 1
|xB yB 1| = 0
xC yC 1

Exemplo: Determine o valor da variável x de modo que os pontos


A (x; −2 ), B ( 2; 5) e C ( −3; 1) sejam colineares.
Resolução:
Verificando a condição de alinhamento de três pontos, teremos:

𝑥 −2 1
| 2 5 1| = 0
−3 1 1

Usando a regra de Sarrus, teremos:

(5x + 6 + 2) – (−15 + x − 4) = 0
4x + 27 = 0
𝟐𝟕
x = −
𝟒
NOÇÕES DA RETA NO PLANO

Uma reta é formada por um conjunto de infinitos pontos alinhados. De acordo


com a definição formal de uma reta, como foi apresentada acima, podemos então

180
obter a equação geral de uma reta, usando também a condição de alinhamento.
Se uma reta é formada por infinitos pontos, tomemos um desses pontos como
sendo um genérico o qual chamaremos de P( x ; y ). Todos os pontos três a três estarão
alinhados, portanto se conhecermos dois específicos, poderemos construir uma
expressão geral para a reta.
Portanto, conhecendo os pontos A = ( xA ; yA ) e B = ( xB ; yB ) pertencentes a
uma reta r, vamos considerar um ponto genérico P = ( x; y ) e assim constrir a equação
geral de r, usando o fato de que os três pontos estão alinhados, logo:

xA yA 1
|xB yB 1| = 0
x y 1

Desenvolvendo segundo Sarrus, teremos:

(yA − yB ) ∙ x + (xB − xA ) ∙ y + xA ∙ yB − xB ∙ yA = 0

Chamando (yA − yB ) de a, (xB − xA ) de b e xA ∙ yB − xB ∙ yA de c teremos a


equação geral da reta assim apresentada:

ax + by + c = 0

Exemplo importante: Vamos obter a equação geral de uma reta r a qual passa pelos
pontos A ( −1 ; 2 ) e B ( 3; −1 ).
Resolução:
Organizando o determinante teremos:
−1 2 1
| 3 −1 1| = 0
𝑥 𝑦 1

Desenvolvendo o determinante pela regra de Sarrus, vamos ter:

(1 + 2x + 3y) – (−x − y + 6 ) = 0
2x + 3y + 1 + x + y − 6 = 0
3x + 4y − 5 = 0 ⇒ EQUAÇÃO GERAL DA RETA QUE PASSA PELOS PONTOS A E B.

181
Temos alguns casos especiais de algumas retas no plano:

Reta paralela ao eixo x.


Uma reta r: 𝐚x + 𝐛y + 𝐜 = 0 paralela ao eixo x, terá seu coeficiente a
necessariamente igual a zero (𝐚 = 0).

Exemplo: y + 2 = 0 ou isolando a variável y, teremos y = −2.

Verificamos na representação gráfica que a reta y = -2 não toca o eixo x e assim


sendo será paralela ao mesmo, o que indica que para qualquer valor de x, y será
sempre igual a -2.
Reta paralela ao eixo y.
Uma reta s: 𝐚x + 𝐛y + 𝐜 = 0 paralela ao eixo y, terá seu coeficiente b
necessariamente igual a zero (𝐛 = 0).

Exemplo: x – 3 = 0 ou isolando a variável x, teremos x = 3.

182
Observando a representação gráfica da reta x = 3, verificamos que não existe
intersecção com o eixo y e assim paralela ao mesmo. Para 𝑥 = 3, y pode assumir
qualquer valor real.

 Bissetriz dos quadrantes ímpares e bissetriz dos quadrantes pares

Toda reta da forma x − y = 0 é denominada bissetriz dos quandrantes ímpares


(x = y) e toda reta da forma x + y = 0 é denominada bissetriz dos quadrantes pares
(x = −y). Veja a representação no plano cartesiano da figura abaixo:

183
DISTÂNCIA ENTRE PONTO E RETA

Sendo dada uma reta r de equação geral ax + by + c = 0 , e um ponto


P (𝐱 𝐏 ; 𝐲𝐏 ) do plano cartesiano. A menor distância entre P e r é dado por ():

𝐚 ∙ 𝐱 𝐏 + 𝐛 ∙ 𝐲𝐏 + 𝐜
𝐝𝐏𝐫 = | | (11)
√𝐚𝟐 + 𝐛 𝟐

Exemplo: Considere a reta r de equação geral 3x + 4y – 1 = 0 e o ponto A de


coordenadas (-1; 3). Vamos então encontrar a menor distância entre A e a reta r.
Resolução:

𝟑 ∙ (−𝟏) + 𝟒 ∙ 𝟑 + (−𝟏) −𝟑 + 𝟏𝟐 − 𝟏 𝟖 𝟖
𝐝𝐀𝐫 = | |= | |= | |=
√𝟑𝟐 + 𝟒𝟐 𝟓 𝟓 𝟓

𝟖
Portanto, a menor distância será 𝟓 unidades de comprimento.

184
ESTUDO DA CIRCUNFERÊNCIA

Definição: Considere um ponto O (𝐱 𝐎 ; 𝐲𝐎 ) do plano. Definimos como


circunferência ao conjunto dos infinitos pontos P, também do plano que estão a uma
distância constante r de O.
Em termos de estrutura algébrica temos:

Considerando P (x; y) um ponto genérico que vale por todos os pontos da


circunferência.

𝐝𝐏𝐎 = 𝐫

Usando a equação de distância entre dois pontos, vamos verificar que:

𝒅𝑷𝑶 = √(𝒙 − 𝒙𝒐 )𝟐 + (𝒚 − 𝒚𝒐 )𝟐 = 𝒓

Elevando os dois membros ao quadrado, teremos a equação reduzida de uma


circunferência:

(x − xo )2 + (y − yo )2 = r 2 (12)

Centro no ponto
O(xO ; yO ) e raio
medindo r unidades
de comprimento.

Centro no ponto

Podemos escrever essa equação na forma geral, o que seria obtido, após o
desenvolvimento dos produtos notáveis que estão aparecendo na forma reduzida.

x 2 − 2xO x + xO 2 + y 2 − 2yO y + yO 2 = r 2

Isolando o primeiro membro, vamos obter:

x 2 − 2x0 x + x02 + y 2 − 2y0 y + y02 − r 2 = 0

185
Organizando a igualdade e chamando 2x0 de A , −2y0 de B e x02 + y02 = − r 2 de
C , teremos a equação geral da circunferência descrita assim:

x 2 + Ax + y 2 + By + C = 0

Organizando melhor:

x 2 + y 2 + Ax + By + C = 0

Lembrando sempre que:

A = −2x0 ; B = −2y0 e C = x02 + y02 = − r 2

Exemplo: Considere uma circunferência com equação geral x 2 + y 2 − 6x + 10y − 30 =


0. Determine então:

a) As coordenadas do centro O;
b) A medida do raio r.

Resolução:
a) −2x0 = −6
x0 = 3
−2y0 = 10
y0 = −5

Portanto as coordenadas do centro são O (3; −5 )


b) x02 + y02 − r 2 = −30
9 + 25 − r 2 = −30
34 − r 2 = −30
r 2 = 30 + 34
r 2 = 64
r= 8
Vale lembrar que a solução algébrica da equação apresentada acima seria
composta por dois valores r = 2 ou r = −2, porém desconsideramos o valor negativo

186
por se tratar de uma medida de raio e que não pode ser considerada como negativa
(medida de comprimento).

ESTUDO DAS CÔNICAS – ELIPSE

Definição: Considerando dois pontos distintos do plano F1 e F2 e 2c a distância


entre eles (dF1 F2 = 2c). Definiremos como elipse ao conjunto dos infinitos pontos do
plano cuja soma das distâncias a F1 e F2 é igual a uma constante 2a ( com 2a > 2c ).
Portanto:

A elipse = {P ∈ plano/dPF1 + dPF2 = 2a}

Apresentamos a seguir, os principais elementos de uma elipse. Tomemos como


referência, inicialmente, uma elipse com centro na origem e eixo sobre o eixo das
abscissas.

 F1 e F2 são os focos da elipse;


 C é o centro da elipse;
A1 A2 eixo maior da elipse;
 ̅̅̅̅̅̅̅
B1 B2 eixo menor da elipse;
 ̅̅̅̅̅̅
 2c é a distância focal da elipse;
 2a é a medida do eixo maior;
 2b é a medida do eixo menor.

Relação notável em uma elipse: 𝐚𝟐 = 𝐛𝟐 + 𝐜 𝟐

Vamos agora comprovar que o eixo maior A1 A2 mede 2a:

A1 F1 + A1 F2 = A2 F2 + A2 F1

A1 A2 = A1 F1 + F1 F2 + A2 F2

Como A1 F1 = A2 F2 , teremos:

A1 A2 = A1 F2 + A1 F1

187
Que obedece à definição da elipse e portanto igual a 2a.

 Equação reduzida de uma elipse

Considere um ponto P, qualquer do plano que tenha coordenadas P(x; y). Se


esse ponto pertence à elipse então podemos afirmar que:

dPF1 + dP2 = 2a

E assim, usando a equação de distância e alguns “algebrismos”, chegaremos à


equação de uma elipse com centro na origem.

x2 y2
+ =1
a2 b 2

Onde a está relacionado ao eixo maior e b ao eixo menor.

Exemplo: Vamos verificar a representação no plano cartesiano da seguinte elipse:


9x 2 + 25y 2 = 225.

Vamos, inicialmente, reescrever a elipse na sua forma reduzida:

Dividindo ambos os membros por 225, teremos:

9x 2 25y 2
+ =1
225 225
Simplificando:
x2 y2
+ =1
25 9

E então, graficamente:

188
ESTUDO DAS CÔNICAS – HIPÉRBOLE

Definição: Dados dois pontos distintos F1 e F2, pertencentes a um plano, seja 2c


a distância entre eles. Chamamos de hipérbole ao conjunto de pontos do plano cuja
diferença (em módulo) das distâncias a F1 e F2 é constante e igual a 2a ( sendo
respeitada a seguinte desigualdade 0 < 2a < 2c).

Em resumo, uma hipérbole será assim apresentada:

plano
Hipérbole = {P ∈ − dPF2 = 2a }
dPF1

Apresentamos a seguir, os elementos de uma hipérbole

 F1 e F2 são os focos da hipérbole.


 C é o centro da hipérbole.
 A1 A2 eixo real da hipérbole.
̅̅̅̅̅̅̅

 B1 B2 eixo imaginário.
̅̅̅̅̅̅

 2c é a distância focal da hipérbole.


 2a é a medida do eixo real.
 2b é a medida do eixo imaginário.

Relação notável da hipérbole: 𝐜 𝟐 = 𝐚𝟐 + 𝐛𝟐


Equação reduzida de uma hipérbole (12):

189
|𝐝𝐏𝐅𝟏 − 𝐝𝐏𝐅𝟐 | = 2a (13)

Aplicando a definição da distância entre pontos e alguns “algebrismos”, vamos


encontrar a equação reduzida da hipérbole com centro C na origem do sistema de
coordenadas cartesianas.

x2 y2
− =1
a2 b 2

Onde o termo positivo está associado ao eixo real e o termo negativo ao eixo
imaginário
Exemplo: Vamos verificar então a representação no plano cartesiano de uma
𝑥2 𝑦2
hipérbole com centro na origem e eixo real sobre o eixo x 9 − 16
=1

190
Observaremos que uma elipse e uma hipérbole podem ser apresentadas com centro
“fora” da origem. As equações reduzidas serão diferentes daquelas com o centro na
origem.

Elipse com centro no ponto O( x0 ; y0 ) Hipérbole com centro no ponto O( x0 ; y0 )


2 2
(x − xO ) (y − yO ) (x − xO )2 (y − yO )2
2
+ =1 − =1
a b2 a2 b2

Exemplo 1: A elipse apresentada a seguir, tem centro no ponto O (2; −1 ), eixo maior
vertical com tamanho igual a 10 unidades de comprimento e eixo menor horizontal
com 8 unidades de comprimento.

(𝑥 − 2)2 (𝑦 + 1)2
+ =1
16 25

Podemos representar essa elipse de uma outra maneira, denominada forma


geral. Para isso iremos simplesmente desenvolver os quadrados da equação reduzida
e assim simplificar e agrupar termos semelhantes quando necessário.

x 2 − 4x + 4 y 2 + 2y + 1
+ =1
16 25

25x 2 − 100x + 100 + 16y 2 + 32y + 16


=1
400

25x 2 + 16y 2 − 100x + 32y + 116


=1
400

25x 2 + 16y 2 − 100x + 32y − 284 = 0

Graficamente:

191
Exemplo 2: Apresentaremos a seguir uma hipérbole com centro “fora” da origem e
logo em seguida iremos obter a sua equação na forma reduzida e também na forma
geral, além de apresentá-la graficamente no plano cartesiano.

(𝑦 − 2)2 (𝑥 + 1)2
− =1
9 4

Equação reduzida da hipérbole com centro no ponto (−1; 2) e eixo real y e eixo
imaginário x. Desenvolvendo os quadrados e realizando algumas operações
esimplificações, vamos então obter a equação geral.

𝑦 2 − 4𝑦 + 4 𝑥 2 + 2𝑥 + 1
− =1
9 4
4𝑦 2 − 16𝑦 + 16 − 9𝑥 2 − 18𝑥 + 9
=1
36
4𝑦 2 − 16𝑦 + 16 − 9𝑥 2 − 18𝑥 + 9 = 36

4𝑦 2 − 9𝑥 2 − 18𝑥 − 16𝑦 + 25 = 36

4𝑦 2 − 9𝑥 2 − 18𝑥 − 16𝑦 − 11 = 0

192
.1 ESTUDO DAS CÔNICAS – PARÁBOLA

Definição: sendo dado um ponto F do plano cartesiano, uma reta d do plano,


com F ∉ d e seja também dFd a distância entre a reta d e o ponto F. Definimos como
uma parábola, o conjunto de pontos do plano cartesiano que estão à mesma
distância de F e d, ou seja:

Parábola = {P ∈ plano cartesiano/ dPF = dPd }

Apresentamos então, os principais elementos de uma parábola.

 F é o foco da parábola;
 d é a reta diretriz da parábola;
 p é o parâmetro;
 V é o vértice da parábola;
 A reta que passa pelos pontos;
 F e V é o eixo de simetria.

𝐩
Relação notável em uma parábola: 𝐎 𝐬𝐞𝐠𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 ̅̅̅̅
𝐕𝐅 = 𝟐

193
Inicialmente apresentaremos uma parábola com eixo de simetria localizado
sobre um dos eixos coordenados, vértice na origem e diretriz paralela a outro eixo,
posteriormente poderemos observar e apresentar parábolas com eixos de simetria
“fora” dos eixos, vértice “fora” da origem, porém com diretriz ainda paralela a um dos
eixos.
Equação reduzida de uma parábola com eixo de simetria localizado
exatamente sobre o eixo das abscissas.
p p
Considere um ponto F ቀ2 ; 0 ቁ e uma reta d com equação geral x + 2 = 0.

Sendo um ponto P(x; y) qualquer na parábola, podemos, pela definição


escrever que:
dPF = dpd

Usando a definição de distância entre pontos, a distância entre ponto e reta e


alguns “algebrismos” podemos chegar na equação da parábola da seguinte
maneira:

y 2 = 2px

Exemplo: Uma parábola com equação y 2 = 4x tem parâmetro p = 2 e vértice


na origem do plano cartesiano. Veja a sua representação no plano cartesiano:

194
Uma parábola pode ter eixo de simetria vertical, horizontal ou eixo oblíquo (não sendo
assim nem horizontal e nem vertical). Para trabalhar com uma parábola com eixo oblíquo,
necessitaríamos de uma mudança de eixos, a qual não trabalharemos nesse material.

 Parábolas com vértice “fora” da origem

Consideremos então uma parábola com vértice em um ponto qualquer,


diferente da origem do sistema de coordenadas cartesianas, ou seja, V ( xV ; yV ) com
xV e yV não nulos. Vamos agora considerar uma parábola com diretriz horizontal, do
tipo y = k , com k sendo um número real.
A equação reduzida dessa parábola seria então do tipo ():

(y − yv ) = 2p ∙ (x − xv )2 (14)

Exemplo de uma parábola com vértice “fora” da origem.

Figura 12: Parábola “fora” da origem

Fonte: Elaborado pelao Autor (2020)

Considere a parábola apresentada no plano cartesiano a seguir:

195
p
Vamos observar que p = 4 e consequentemente 2 = 2. Portanto as coordenadas

do vértice serão (7; 5 ) e assim a equação reduzida da parábola será:

(x − 7)2 = 8 ∙ (y − 5 )

Podemos também, escrever uma parábola na forma geral, basta desenvolver


os quadrados na igualdade.

x 2 − 14x + 49 = 8y − 40
x 2 − 14x + 49 + 40 = 8y
1 2 7 49
x − x+ +5=y
8 4 8

Ou da forma mais usual:

x 2 7x 49
y= − + +5
8 4 8

Que assimilado ao estudo de função, fazemos a verificação de uma função


quadrática.

Nem toda a parábola pode ser a representação gráfica de uma função. Somente aquelas
em que a diretriz é paralela ao eixo das abscissas é que podem ser a representação de
uma função quadrática.

PLANOS NO ESPAÇO E QUÁDRICAS NO ℝ𝟑

Vamos inicialmente apresentar a definição de um plano. Definição: No espaço


ℝ3 , o plano é um conjunto de pontos que satisfaz a seguinte estrutura algébrica (14):

Ax + By + Cz + D = 0 (15)

A equação (14) é denominada equação geral de um plano.

196
Exemplo: A equação 2x – 3y + z – 3 = 0 é a equação de um plano no ℝ3 .

Veja abaixo, a representação de um plano no espaço:

O plano apresentado tem equação com as seguintes características:

−6,6x + 6y − 4,4z + 13,2 = 0 (equação geral do plano).

Definição: Considerando o espaço ℝ3 , vamos definir como uma quádrica, ao


conjunto de pontos que satisfazem a seguinte equação:

Ax 2 + By 2 + Cx 2 + Dxy + Eyz + Fxz + Gx + Hy + Iz + J = 0

Com A, B, C, D, E e F não nulos.

Apresentaremos a seguir, alguns exemplos de quádricas com sus respectivas


estruturas algébricas:

 Elipsóde

197
Um elipsóde com centro na origem pode apresentar a seguinte estrutura
algébrica (15):

x2 y2 z2
+ + =1 (16)
a2 b 2 c 2

Graficamente, podemos apresentar um elipsoide da seguinte maneira:

 Hiperbolóide de uma folha

Um hiperbolóide de uma folha com centro na origem apresenta a seguinte


estrutura algébrica (16):

x2 y2 z2
+ − =1 (17)
a2 b 2 c 2

 Hiperbolóide de duas folhas

198
A equação reduzida (representação algébrica) de um hiperbolóide de duas
folhas é a seguinte (17):

x2 y2 z2
− + − =1 (18)
a2 b 2 c 2

Livros importantes para enriquecimento:


 BORIN JR, A. M. S. Geometria Analítica. São Paulo: Person, 2014. Disponível em:
https://bit.ly/36oM377. Acesso em: 18 abr. 2020

 FERNANDES, L. F. D. Geometria Analítica. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em:


https://bit.ly/38y2Ua8. Acesso em: 18 abr. 2020

199
FIXANDO O CONTEÚDO

1. A observarmos uma parábola que representa um determinado fenômeno físico,


verificamos que sua equação geral é representada da seguinte maneira:

2x 2 + 4x + 3y − 4 = 0

Podemos então afirmar que as coordenadas do vértice, as quais indicam o ponto


máximo desse fenômeno serão:

a) (0; 3)
b) (0; 0)
c) (-1; 2)
d) (3; 0 )
e) (2 ; -1)

2. O estudo da geometria analítica possibilita a análise de estruturas geometricas


através de equações e normas algébricas, não excluindo totalmente a visualização
de tais estruturas geométricas pela sua forma. Com base nessas informações e
observando a figura abaixo, julgue as afirmativas a seguir em verdadeiras ou falsas.

I. A circunferência apresentada tem centro no ponto C (2; 1).

200
II. A equação geral da circunfência é dada por x 2 + y 2 + 2x + y – 3 = 0.
III. A distância do centro da circunferência apresentada até a origem do sistema
de coordenadas cartesianas é igual a √𝟓.
IV. Ao traçarmos uma reta que passa pelo centro da circunferência e pelo ponto
A (-1; 3), a sua equação geral será dada por 2x + 3y − 7 = 0.

Em relação às afirmativas apresentadas acima, podemos dizer que:

a) Todas são incorretas.


b) Todas estão corretas.
c) Somente I e IV estão incorretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Somente IV está correta.

3. Sendo dada uma reta r do plano de coordenadas cartesianas, podemos escrevê-


la da forma geral ( usando por exemplo a condição de alinhamento de três pontos
com o determinante de ordem 3 ), porém, podemos apresentar uma reta na forma
reduzida, que seria, de uma forma bem rápida, obtida ao isolarmos a variável y na
forma geral.

a c
ax + by + c = 0 ⟹ by = −ax − c ⇒ y = − x−
b b

Assim então, podemos verificar que o coeficiente de x e nessa forma reduzida será
denominado de coeficiente angular e estará relacionado com a inclinação da reta
que ele representa ( o coeficiente angular também será cahamado de declividade
).
Observando as retas r e s apresentadas no plano cartesiano a seguir, determine
então os valores dos coeficientes angulares de cada uma delas ( mr e ms ).

201
a) mr = 2 e ms = −3
1 4
b) mr = − 2 e ms = 3
2
c) mr = 3 e ms = 3
1
d) mr = − e ms = −3
2
4
e) mr = 2 e ms = 5

4. Considere uma elipse com a seguinte e equação reduzida:

( 𝑥 − 1 )2 ( 𝑦 − 1)2
+ =1
4 16
E gráfico apresentado a seguir:

202
As afirmações abaixo seão relativa à cônica, julgue-as em verdadeiras ou falsas e
logo após assinale a alternativa correta:

I. A elipse apresentada tem centro fora da origem e as suas coordenadas são


C( 1; 1 ).

II. A elipse apresentada tem eixo menor horizontal e mede 2 unidades de


comprimento.

III. As coordenadas dos focos da elipse são: ( 0; 2√3) e ( 2√3; 0 ).

IV. O eixo maior da elipse é vertical e mede 8 unidades de comprimento.

V. A elipse apresentada tem distância focal igual a 4√3 unidades de


comprimento.

Podemos afirmar que:

a) Todas as afirmativas estão incorretas.


b) Somente I, IV e V estão corretas.
c) Todas as afirmativas estão corretas.
d) Somente I e II estão corretas.
e) Somente e III estão corretas.

5. O cálculo do determinante de uma matriz possui grande utilidade não só na


Matemática, mas também em diversas áreas do conhecimento, como a Física
Quântica e a Engenharia. Uma de suas aplicações em Engenharia é para descobrir
se três pontos são colineares, isto é se três pontos estão alinhados ( pertencem à
mesma reta ); algo importante,, por exemplo, em um projeto de um automóvel,
para saber se o eixo está corretamente alinhado com as rodas. Prova-se que a
condição para que três pontos (x1, y1), ( x2, y2) e (x3, y3) sejam colineares é que o
𝑥1 𝑦1 1
determinante |𝑥2 𝑦2 1| seja nulo.
𝑥3 𝑦3 1

203
Considerando o exemplo do automóvel, em um projeto o alinhamento lateral do
carro é feito comparando a posição das rodas (dianteira e traseira de um mesmo
lado) com um ponto lateral do chassi. O carro está alinhado se os pontos que
representam cada uma dessas partes forem colineares. Sabe-se que nesse projeto
a roída dianteira é representada pelo ponto A (-1 , 2), o ponto que representa o
chassi é B(0, 3) e a roda traseira C (1 , k ). Dessa forma, para que o carro esteja
alinhado o valor de k deve ser igual a:

a) 1
b) 3
c) 4
d) 5
e) 9

6. Uma hipérbole como a apresentada na figura abaixo, tem como equação geral a
seguinte expressão algébrica:

a) 9𝑥 2 − 25𝑦 2 − 225 = 0
b) 25𝑥 2 + 9𝑦 2 − 225 = 0
c) 9𝑥 2 + 25𝑦 2 − 225 = 0
d) 𝑥 2 − 25𝑦 2 − 25 = 0
e) 9𝑥 2 − 25𝑦 2 + 225 = 0

204
7. A condição de alinhamento a respeito de três pontos, nos informa que se o
determinante que envolve as coordendas dos pontos for igual a zero, podemos
garantir que os pontos apresentados são colineares. Podemos então concluir que
se os pontos não estiverem alinhados, obrigatoriamente eles serão vértices de um
triângulo qualquer do plano cartesiano.
Analisando os pontos A(3k+2; -1), B(2; 3) e C (-1; 4), encontre a condição para que
eles sejam vétices de um triângulo ABC.

a) k = -1
b) k ≠ 0
c) k ≠ 3
d) k ≠ 4
e) k ≠ 2

8. Uma circunferência tem diâmetro que é um segmento com estremidades nos


pontos A(-1; 4) e B(2; 5). São feitas algumas afirmativas em relação a essa forma
geométrica:

I. A circunferência dada, tem centro na origem do sistema de coordenadas


cartesianas e raio igual a 2 unidades de comprimento.
II. O diâmetro da circunferência apresenta pelos pontos tem medida igual a 20
unidades de comprimento.
III. O raio dessa circunferência tem medida igual a 10 unidades de comprimento.
1 2 9 2 5
IV. A equação reduzida dessa circunferência é: ቀ𝑥 − 2ቁ + ቀ𝑦 − 2ቁ = 2

Podemos afirmar então que:

a) Somente a afirmativa II é correta.


b) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) Somente a afirmativa IV está correta.
d) Todas as afirmativas estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão incorretas.

205
APÊNDICES
APÊNDICE A – ESTUDO DAS MATRIZES E DETERMINANTES

Vamos abordar nesse complemento, o estudo das matrizes e dos


determinantes, visto que eles têm uma importância no trabalho com sistemas e
também dentro da geometria analítica. Por não fazer parte explícita da ementa da
disciplina, estaremos então abordando de uma maneira complementar.
Definição: Uma matriz é um conjunto de elementos organizados através de m
linhas e n colunas.
Toda matriz pode ser nomeada com uma letra maiúscula do alfabeto, como
por exemplo
A matriz (tabela) que representada as notas de três disciplinas obtidas por 4
alunos e que pode ser nomeada pela letra A. Apresentamos a seguir, um conjunto de
dados, que é também, matematicamente, uma matriz.

Aluno X Aluno Y Aluno Z Aluno W


Cálculo 12 15 17 10
Geometria 14 16 17 12
Física I 14 16 19 20

Este conjunto de dados, apresentada 3 linhas e 4 colunas. O número de linhas


e de colunas de uma matriz, é denominado de ordem. Como nomeamos a tabela
(matriz) de A, podemos afirmar que a sua ordem é 3 x 4 (três linhas por quatro colunas).
Importante: Para obtermos a quantidade de elementos de uma matriz, basta
multiplicarmos o número de linhas pelo número de colunas.
Exemplo: A matriz dada na situação anterior terá então 12 elementos.

APÊNDICE B – NOTAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DE UMA MATRIZ.

Como dito, podemos nomear uma matriz com uma letra maiúscula do alfabeto.
Vamos apresentar agora as maneiras as quais podemos representar uma matriz com
sua respectiva ordem.
Toda matriz M, com m linhas e n colunas pode ser apresentada como Mm x n.
São representados esses m x n elementos através de um par de parênteses ou
um par de colchetes. Considere a seguinte tabela que apresenta a altura (em cm ) e

206
a massa (em quilogramas) de três indivíduos :

Pessoa X Pessoa Y Pessoa Z


Altura 160 175 155
Massa 65 70 72

Tal tabela, pode ser escrita na forma matricial da seguinte maneira:


160 175 155
𝐵= [ ]
65 70 72

Nomeamos a matriz dada de B.


Podemos também escrever B2x3.

Cada elemento da matriz Amxn será chamado de elemento aij, onde i e j


representam respectivamente a linha e a coluna na qual o elemento se encontra e
lembrando também que 0 < i ≤ m e 0 < j ≤ n.
21 −1
Na matriz ( 12 4 ) vamos localizar os seguintes elementos: a12, a22 e a31
−9 0
a12 = -1 , a22 = 4 e a31 = -9.

Elemento que se encontra na 1ª linha e na segunda coluna.


Fazemos a leitura do mesmo da seguinte maneira: “elemento a
um dois”

Importante salientarmos que os elementos de uma matriz podem ser quaisquer


números reais.
APÊNDICE C – CONSTRUÇÃO DE UMA MATRIZ

Para construirmos uma matriz, necessitamos de:

 Conhecer a sua ordem;


 Conhecer a lei de formação de cada elemento.

A lei de formação dos elementos dependerá exclusivamente da posição desse

207
elemento, ou seja, de i e de j.
Exemplo: Considere uma matriz A3x3 tal que cada elemento aij dessa matriz será
i2 + j, se i = j
dado pela seguinte lei de formação: aij = {
2i + 3j, se i ≠ j
Vamos então construir essa matriz.
Primeiramente iremos apresentar a forma”genérica” da matriz A.
a11 a12 a13
(a21 a22 a23 )
a31 a32 a33
Agora, vamos encontrar o valor de cada um dos 9 elementos da matriz, usando
a lei de formação:

a11 = 12 +1 = 2 a21= 4 + 3 = 7 a31= 6 + 3 = 9


a12 = 2 + 6 = 8 a22 = 4 + 2 = 6 a32 = 6 + 6 = 12
a13 = 2 + 9 = 11 a23 = 4 + 9 = 13 a33 = 9 + 3 = 12

E assim, a matriz A será apresentada abaixo:


2 8 11
A = (7 6 13)
9 12 12

O estudo de matrizes pode ser usado em vários campos do conhecimento: na área de


computação, no estudo de sistemas (como vimos na unidade 3 ), no encontro de áreas,
na aplicação com vetores, na geometria analítica ( como vimos na unidade 6 ), nas
ciências humanas, na administração, dentre outras.

Assista os videos disponíveis nos links a seguir para melhorar sua compreensão acerca da
construção de uma matriz.

 https://bit.ly/3eR5jhe. Acesso em: 26 abr. 2020.

 https://bit.ly/3knG2fC. Acesso em: 26 abr. 2020.

208
APÊNDICE D – MATRIZES ESPECIAIS

 Matriz nula: é a matriz de ordem m x n que tem dos os elementos nulos (iguais a
zero ).
Exemplo: Vamos tomar como exemplo uma matriz C3x2 que vamos considerá-la
como uma matriz nula.

209
0 0
C = [ 0 0]
0 0

 Matriz coluna: é a matriz que possui apenas uma coluna e m linhas (m > 1 ).
Exemplo: Veja a matriz A4x1

2
3
A= [ ]
0
−8

 Matriz linha: é a matriz que possui apenas uma linha e n colunas ( n > 1 ).
Exemplo: Considere a matriz D1x3

D = [3 −1 6]

 Matriz quadrada: é a matriz que tem o número de linhas igual ao número de


colunas. Podemos expressar a ordem de uma matriz quadrada apenas citando o
número de linhas e de colunas. Por exemplo, a matriz A2x2, pode ser apresentada
como a matriz A, quadrada de ordem 2.
Exemplos: Vamos apresentar algumas matrizes quadradas A2x2, B3x3 e C4x4

0 9 12 2
−2 4 10
2 −2
A= [ ] B= [ 0 9 −7] C = [1 5 3 3]
0 −3 2 6 18 5
1 7 5 9 7 −3 8

Em toda matriz quadrada identificaremos duas diagonais:


 Diagonal principal cujos elementos aij têm como característica i = j.
 Diagonal secundária cujos elementos aij têm como característica i + j = n
+1, onde n é a ordem da matriz.

210
As matrizes quadradas serão de fundamental importância para estudo de algumas
situações específicas: obtenção de determinantes (os quais apresentaremos
posteriormente), uso de matrizes associadas a sistemas para obter uma solução do mesmo,
dentre outras informações.

 Matrizes diagonais: são as matrizes quadradas que têm todos os elementos


“fora” da diagonal principal iguais a zero.

Exemplo: Apresentaremos duas matrizes diagonais: A2x2 e B3x3.

5 0 0
2 0
A= [ ] B = [ 0 1 0]
0 6
0 0 7

 Matriz identidade: uma matriz é denominada de matriz identidade quando ela for
uma matriz diagonal em que todos os elementos da diagonal principal forem
iguais a 1.
Exemplo de uma matriz identidade de ordem 3.
1 0 0
𝐴 = (0 1 0)
0 0 1

Veja que todos os elementos da


Diagonal principal são iguais a 1 e o restante iguais a zero.
 Matriz simétrica:
é uma matriz quadrada em que aij = aji.

211
Exemplo: vamos tomar a matriz A3x3 em que os elementos equidistantes da
diagonal principal serão iguais.

2 3 9
𝐀 = (3 −1 5)
9 5 4

Na unidade 3, apresentamos os sistemas lineares e um dos métodos de resolução dos


mesmos é o método do escalonamento, em que construímos MATRIZES associadas aos
coeficientes das variáveis do sistema e assim realizamos operações elementares com as
linhas dessa matriz para conseguir uma solução ou uma conclusão a respeito de tal
sistema.

APÊNDICE E – OPERAÇÕES COM MATRIZES

212
 Soma e subtração de matrizes

Para somarmos duas ou mais matrizes, temos que obedecer a algumas regras
básicas dessa operação:
 só podemos somar (ou subtrair) matrizes que tenham a mesma ordem.
 verificada a condição anterior, a soma é feita adicionando algebricamente
os termos correspondentes.

Termos correspondentes em uma matriz, são aqueles que estão em mesmas posições, ou
seja, linha e coluna. Exemplo: Nas matrizes abaixo, podemos verificar que os elementos
que se encontram na 2ª linha e na 3ª coluna são correspondentes e iguais.
1 10 0 3 0 4
𝐴= [ ] e [ ]
9 −8 𝟓 10 3 𝟓

Importante: a subtração de duas matrizes, equivale a somar com o inverso, ou seja:


A – B = A + ( −B)

E lembrando que uma matriz oposta é aquela em tomamos a original e


“trocamos” os sinais de todos os seus elementos.

Exemplo: sendo dadas as matrizes abaixo, vamos determinar o que se pede em cada
um dos itens que se seguem.

a) A + B
b) A – B
c) B – A
1 −2 −3 7
A = (3 10 ) e B = ( 2 −4)
0 4 9 2
−2 5
a) A + B = ( 5 6)
9 6
4 −9
b) A – B = ( 1 14 )
−9 2

213
−4 9
c) B – A = (−1 −14)
9 −2

As operações de adição e subtração de matrizes são úteis quando queremos


obter resultados consecutivos ou não de tabelas de valores

 Produto por um escalar

Sendo dada uma matriz A, de ordem m x n e um número real t, ao


multiplicarmos t ∙A, estamos multiplicando cada elemento aij da matriz A pelo escalar
t ( número real t )
2 9
Exemplo: considere a matriz 𝐴 = ቀ ቁ e o número real 6. A matriz resultante de 6ª
8 −7
será:
12 54
6A = ቀ ቁ
48 −42

Multiplicamos assim, cada elemento de A por 6.


Importante ressaltar que essa operação não é o produto de matrizes e sim o
produto de uma matriz por um número real.

 Propriedades da adição/ subtração e produto por um escalar.

Sendo dadas as matrizes A, B e C de mesma ordem e os números reais a, b e c,


podemos verificar as seguintes propriedades:

 a.( A + B ) = a.A + a.B


 ( a + b ). A = a.A + a.B
 a.(b.A ) = (a.b).A
 A + B = B + A (propriedade comutativa)
 A+ ( B+ C ) = ( A + B) + C (propriedade associativa)

 Transposta de uma matriz

214
Sendo dada uma matriz A de ordem m x n, definimos como transposta de A a
matriz At de tal forma que cada elemento dessa matriz é igual a aji da matriz A.
Na prática, para obter a transposta de uma matriz dada, basta “trocar” linha
por coluna.

Exemplo:
1 1
1 3 0
Considerando a matriz 𝐴 = [ ], podemos então dizer que 𝐴𝑡 = [3 6]
1 6 9
0 9
O que “era” primeira linha passou a “ser” primeira coluna, o que “era” segunda
linha passou a “ser” segunda coluna e assim por diante.

 Multiplicação de matrizes

Primeiramente vamos estabelecer as condições de existência do produto entre


duas matrizes.
Para que duas matrizes A e B possam ser multiplicadas, devemos ter que o
número de colunas do primeiro fator deverá ser igual ao número de linhas do segundo
fator, ou seja :

𝐴𝑚 × 𝑝 ∙ 𝐵𝑝 × 𝑛 = 𝐶𝑚×𝑛

Além dessa condição imposta para a existência do produto, verificamos que a


matriz resultante terá o número de linhas do primeiro fato e o número de colunas no
segundo.
Procedimento para a realização do produto entre duas matrizes: cada
elemento cij da matriz o produto será resultante da soma dos produtos dos elementos
que estão na linha i da primeira matriz com os respectivos em posição vertical da
coluna j da segunda matriz. Para melhor visualização, usaremos um exemplo com
matrizes específicas.
−1 3
1 2 3
Exemplo: sejam dadas as matrizes 𝐴 = ቀ ቁ e 𝐵 = ( 0 2), vamos obter, se
1 2 0
1 1
possível, a matriz C que será resultante do produto 𝐴 ∙ 𝐵.
Resolução: Primeiramente podemos verificar que o produto existirá pois o
número de colunas de A (3 colunas) é igual ao número de linhas de B (3 linhas) e por

215
isso então concluiremos C será uma matriz quadrada de ordem 2, ou seja C, será uma
c11 c12
matriz do tipo: C = ቀc ቁ e assim o que nos falta são os valores dos elementos de
21 c22

C.
O elemento c11, por exemplo, será resultante do produto da soma dos
elementos da primeira linha com a primeira coluna (primeiro da horizontal multiplicado
com primeiro da vertical, segundo da horizontal multiplicado com segundo da vertical
e assim por diante). Assim então, só para termos uma ideia do cálculo a ser feito:

c11 = 1 ∙ (−1) + 2 ∙ 0 + 3 ∙ 1 = −1 + 0 + 3 = 2
c12 = 1 ∙ 3 + 2 ∙ 2 + 3 ∙ 1 = 3 + 4 + 3 = 10
c21 = 1 ∙ (−1) + 2 ∙ 0 + 0 ∙ 1 = −1 + 0 + 0 = −1
c22 = 1 ∙ 3 + 2 ∙ 2 + 0 ∙ 1 = −1 + 0 + 0 = 1

2 10
E finalmente, a matriz resultante: C = ቀ ቁ
−1 1
O importante a respeito do produto de matrizes é ressaltar que ele não é
comutativo, ou seja, dadas duas matrizes A e B, não podemos garantir que A.B = B.A.

 Determinantes

Determinantes são números associados a uma matriz quadrada obtido quando


envolvemos todos os elementos da matriz com as operações de multiplicação e
adição.

O estudo do determinante é de fundamental importância para as ciências extas. Através


da definição, podemos usar os determinantes para verificar o alinhamento entre três
pontos, podemos calcular a área de um triângulo, conhecendo as coordenadas dos seus
vértices além de também pode resolver um sistema linear pela regra de Cramer, dentre
outras aplicabilidades.

Importante salientarmos a respeito da notação e da representação de um


determinante associado a uma matriz QUADRADA. Sendo dada uma matriz quadrada

216
A, nomearemos o determinante dessa matriz de A. A representação desse
determinante é feita de maneira que vamos escrever os elementos da matriz entre
duas barras.
0 1 3
Exemplo: considerando a matriz A = (1 2 0), podemos apresentar o seu
4 5 6
determinante assim:
0 1 3
det A = |1 2 0|
4 5 6

 Cálculo do determinante de ordem 2 (determinante associado a uma matriz


de ordem 2 ).

Para calcularmos o valor do determinante de ordem 2, procedemos da


seguinte maneira:
“O valor do determinante e a subtração do produtos dos elementos da
diagonal principal pelo produto dos elementos da diagonal secundária.”

a11 a12
De uma maneira geral, se tivermos uma matriz de ordem 2 A = ቀa a22 ቁ, o seu
21

determinante será: det A = a11 ∙ a22 − a21 ∙ a12


2 1
Exemplo: Considere a matriz A = ቀ ቁ. Podemos então calcular o
−2 4
determinante da seguinte maneira:
det A = 2 ∙ 4 − (−2) ∙ 1 = 8 + 2 = 10

Exemplo complementar: Considere a seguinte igualdade apresentada a seguir:

3k − 1 1
| |=2
4 3
Determine o valor de k para que a igualdade seja verdadeira.
Resolução:
3 ∙ (3k − 1) − 4 ∙ 1 = 2
9k − 3 − 4 − 2 = 0 ⇒ 9k − 9 = 0 ⇒ k = 1

 Cálculo do determinante de ordem 3 (determinante associado a uma matriz


de ordem 3).

217
Para calcularmos um determinante de ordem 3, usaremos a regra de Sarrus,
que consiste em transpor as duas primeiras colunas da matriz e realizar uma soma de
produtos dos elementos da diagonal principal e as suas paralelas subtraindo de uma
soma de produtos dos elementos da diagonal secundária e suas paralelas.

2 1 3
Exemplo: Considere a matriz A = (2 1 0). Vamos usar a regra de Sarrus e encontrar
3 2 1
o valor do determinate de A ( det A ).
Resolução:
2 1 3 2 1
|2 1 0| 2 1 = 2 + 0 + 12 − 9 − 0 − 2 = 3
3 2 1 3 2
Portanto det A = 3

Exemplo complementar: Observando a igualdade a seguir, vamos determinar o valor


de x, aplicando regra de Sarrus no determinante de ordem 3.

−1 2𝑥 − 3 3
|1 3 2| = 2
5 1 1

Resolvendo a igualdade aplicando a regra de Sarrus, teremos:

−1 2x − 3 3 −1 2x − 3
|1 3 2| 1 3 =2 ⇒ ( 20x − 30 ) − ( 40 + 2x ) = 2
5 1 1 5 1
20x − 2x − 30 − 40 = 2 ⇒ 18x = 72 ⇒x=4
Importante dizer que o determinante de ordem três tem fundamental
importância na resolução de problemas relacionados a sistemas lineares, a resolução
de problemas na geometria analítica e também na geometria plana.

218
A área de um triângulo pode ser calculada, usando o estudo de determinantes
de ordem 3. Precisamos construir um determinante usando as coordenadas dos pontos
que serão vértices da figura.
Fórmula para o cálculo da área de um triângulo, conhecendo os seus vértices:

1 xA yA 1
A = . ||xB yB 1||
2 x yC 1
C

Exemplo: Considere o triângulo de vértices nos pontos A ( -1; 1), B( 0; 3) e C ( 3;0 ).


Vamos determinar então a medida da área desse triângulo.
Resolução:
Vamos visualizar o triângulo no plano de coordenadas cartesianas:

Vamos agora encontrar a medida da área usando determinante.

−1 1 1 −1 1
| 0 3 1| 0 3 = ( −3 + 3 + 0) − ( 9 + 0 + 0) = −9
3 0 1 3 0

E assim, a área será:

1
𝐴= 2
∙ 9 = 4,5 Unidades de área.

Observação importante: usaremos sempre o módulo do determinante das

219
coordenadas dos vértices do triângulo

 Cálculo do determinante de ordem 4(determinante associado a uma matriz de


ordem 4).

Para calcular o determinante de matrizes de ordem 4 em diante, podemos usar


o teorema de Laplace.

Conceitos iniciais

 Menor complementar de um elemento aij ( Dij ): é o determinante resultante após a


eliminação da i-ésima linha e da j-ésima coluna.
 Cofator de um elemento aij ( Aij ): calculamos o cofator de um elemento aij,
usando a seguinte equação:
𝐴𝑖𝑗 = (−1)𝑖+𝑗 ∙ 𝐷𝑖𝑗

Exemplo: considerando a matriz abaixo, vamos encontrar o cofator do elemento a12

2 0 1 0
𝐴 = [2 2 2 2]
1 1 0 8
4 7 0 1
Vamos encontrar então
A12 = (−1)1+2 ∙ D12

Vamos calcular o valor de D12 (menor complementar do elemento a12)


eliminando a 1ª linha e a 2ª coluna:

2 2 2 2 2 2 2 2
D12 = |1 0 8| = |1 0 8| 1 0 = ( 0 + 64 + 0 ) − ( 0 + 0 + 2) = 62
4 0 1 4 0 1 4 0

Logo o cofator será:


A12 = (−1)3 ∙ 62 = −62

Enunciado do teorema de Laplace: “O determinante de ordem >1 é calculado

220
efetuando a soma dos produtos dos elementos de uma fila pelos seus respectivos
cofatores. ”
Quando trabalhamos com uma matriz, ao considerarmos uma fila, podemos
estar interessados tanto em linha quanto coluna.
Exemplo: vamos calcular o determinante da matriz de ordem 4 a seguir:

1 0 2 5
A = [0 0 2 2]
3 1 0 0
1 3 1 7
Resolução:
Podemos escolher qualquer fila para ser a referência no cálculo do
determinante da matriz dada. Vamos tomar sempre a fila que possui mais zeros.
Assim então, tomaremos como referência a segunda coluna.

det A = a12 ∙ A12 + a22 ∙ A22 + a32 ∙ A32 + a42 ∙ A42

Vamos precisar calcular apenas os cofatores dos elementos que não são nulos.
A32 = (−1)5 ∙ D32 e A42 = (−1)6 ∙ D42

Calcularemos os menores complementares de cada um dos cofatores:

1 2 5 1 2
D32 = |0 2 2| 0 2 = ( 14 + 4 + 0) − ( 10 + 2 + 0) = 18 − 12 = 6
1 1 7 1 1
1 2 5 1 2
D42 = |0 2 2| 0 2 = ( 0 + 12 + 0) − ( 30 + 0 + 0) = 12 − 30 = −18
3 0 0 3 0

E os cofatores:

A32 = (−1)5 ∙ 6 = −6
A42 = (−1)6 ∙ (−18) = −18

Logo, o determinante será:

det A = 0 ∙ A12 + 0 ∙ A22 + 1 ∙ (−6) + 3 ∙ (−18) = −6 − 54 = −60

221
Importante: Todas as matrizes de ordem maior que 1 podem ter os seus determinantes
encontrados pelo teorema de Lapalace, porém é mais conveniente usá-lo apenas
para cálculo de determinantes de ordem maior que 3 e não sendo ele a única forma
de efetuar tal cálculo.

222
1. Uma situação muito comum no meio empresarial é a informação a respeito dados
por tabelas. São necessários alguns raciocínios para a aplicação do estudo de
matrizes na prática científica e empresarial. Considere uma tabela que representa
o total de vendas de certos produtos ao longo de trimestres. Se tivermos que
apresentar um resultado dessas vendas após um semestre, vamos ter que efetuar
a soma de duas matrizes. São apresentadas abaixo as duas matrizes que envolvem
a venda ao longo de dois trimestres de um certo ano:

Tabela I
Produtos Janeiro Fevereiro Março
Produto A 1260 1230 1290
Produtos B 1060 2300 1500

Tabela II
Produtos Abril Maio Junho
Produto A 1200 2400 3000
Produtos B 1000 2810 ------

Podemos dizer que o total vendido do produto A ao longo do primeiro semestre


desse ano é:

a) 2500
b) 2460
c) 1200
d) 2460
e) 2200

2. O iogurte é um alimento derivado do leite, tendo assumido várias cores nas


prateleiras dos supermercados, dependendo do elemento a ele incorporado. A
oferta de marcas, cores, sabores e consistência é grande. Os iogurtes fornecem
proteínas, vitaminas A, D e E, cálcio e fósforo. Alguns recebem ferro e fibras e o
mais importante é que dificilmente ultrapassam 5% de gordura, fator muito
observado pelos usuários, principalmente os que cultuam as formas de um corpo
ideal, baseado nas proporções divulgadas pela mídia, e também os que seguem

223
prescrição médica. Os teores de magnésio e sódio, presentes em 100 m l de iogurte
feito com leite integral ou com leite desnatado, estão representados pelas
variáveis x, y, z, t na matriz. Determine a quantidade de magnésio encontrada em
100 ml de leite desnatado e a quantidade de sódio em 100 ml de leite integral.

a) 13 mg e 50 mg
b) 14 mg e 35 mg
c) 10 mg e 50 mg
d) 13 mg e 45 mg
e) 12 mg e 25 mg

3. Um engenheiro localiza três pontos que representam três cidades de uma região
onde se tem uma certa epidemia de um vírus. A equipe de saúde da região
precisa mapear os locais e para isso se faz necessário demarcar a área a ser
trabalhada pelos agentes de saúde no combate à doença. Um matemático
recolhe os pontos e apresenta para a equipe o seguinte esquema de
mapeamento e demarcação. Para a equipe se organizar melhor, deverá
encontrar área a ser trabalhada (na unidade quilômetros). Fazendo isso
encontrará:
a) 12 km
b) 16,5 km
c) 19,5 km
d) 21,8 km
e) 48, 2 km

GABARITO APÊNDICE X

QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 C

224
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 01 UNIDADE 02

QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 C

UNIDADE 03 UNIDADE 04

QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 E
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 E

UNIDADE 05 UNIDADE 06

QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 B

UNIDADE 07 UNIDADE 08

QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 B

225
UNIDADE 09 UNIDADE 10

QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 C

UNIDADE 11 UNIDADE 12

QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 -

226
REFERÊNCIAS

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229

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