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Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca

Disciplina: EDPS - Equações Diferenciais Parcias e Séries


Professor: Guilherme Braga

Trajetórias, velocidade e aceleração

Realizado por:

Cadu Millet
Daniel Freitas
Gabriel Assunção
Robson Rangel
Sérgio Nascimento
Victor Müller

30/05/2019
1. Introdução
Regularmente a segunda lei de Newton é escrita na forma em que relaciona a força resultante
com a aceleração da partícula. O estudo da cinemática da partícula tem como objetivo obter as relações
matemáticas entre as grandezas posição, velocidade e aceleração, num determinado referencial. Este
estudo será tratado mais a fundo neste trabalho.

2. Conceito
2.1 O que são vetores?
No conceito da física, ​a trajetória​, a velocidade e ​a aceleração são representadas por vetores,
todas em um ambiente tridimensional. A física clássica traz esses conceitos, muitas vezes,
simplificando como “algo com módulo, direção e sentido”. Ainda que seja uma simplificação muito
intuitiva e que, de certa forma, abrange as principais relações desses sistemas, não pode ser tão usado
na engenharia, pois ela necessita fazer diversos cálculos mais complexos.
Os vetores são particularidades da matemática, visto que as operações entre números escalares
são diferentes entre um vetorial e um escalar. Quando falamos de um escalar multiplicando um vetor,
podemos afirmar que o módulo é multiplicado de forma direta, enquanto que a direção permanece a
mesma e o sentido pode se manter ou ficar invertido.
Enquanto isso, a soma de vetores modifica as três relações desse sistema, de forma que o
módulo do vetor resultante se dá pela fórmula (onde γ é o ângulo entre vetores):
v ² = v 1 ² + v 2 ² + 2. v 1 ². v 2 ². cosγ
Além disso, os vetores podem ser decompostos segundo o sistema de eixos cartesianos padrão,
ou seja, três eixos ortogonais, onde as cada uma das decomposições pode ser chamada de projeção do
vetor no eixo analisado. Essa projeção é o quanto aquele vetor vale naquele eixo. A resultante de uma
soma de vetores é, portanto, dada pela soma das projeções. De maneira geral, os eixos podem ser
decompostos nos eixos x e y conforme:
v x = v. cos Θ
v y = v. sin Θ
Sabendo isso, podemos tirar o módulo do vetor, a partir das componentes, por:
v = √v x ² + v y ² + v z ²

Para representar de forma adequada usando os eixos cartesianos, referencia-se por vetores
unitários, ou seja, vetores em cada um dos eixos com valor do módulo igual a 1, a partir da origem.
→ → →
Esses vetores unitários (ou versores) são o i , o j e o k , respectivamente para os eixos x, y e z.
2.2 Trajetórias
A trajetória é o resultado de um vetor deslocamento, visto que a representação como uma
grandeza escalar não abrange com precisão o movimento de uma partícula. Para tal, ela é subordinada
ao instante de tempo que se analisa, portanto:
r→ = r→(t)
Portanto, quando se analisa em um ambiente tridimensional (igual ao que se encontra no
mundo real e, assim, o mais observável:
→ → →
r→ = x (t) i + y (t) j + z (t)k
Com isso, é possível verificar que o vetor cria trajetórias diversas, desde que se observa
posições diferentes nos três eixos conforme o tempo passa. Por vezes, isso acaba por levar a trajetórias
como, por exemplo, elipses, similares ao movimento dos planetas em torno de um astro. Através disso,
é também possível perceber o quanto uma partícula se move, ao se colocar uma variação de tempo Δt.

2.3 Velocidade
Algo similar pode ser observado com a velocidade, que pode ser diretamente obtida a partir do
vetor trajetória, já que a velocidade média pode ser obtida através de:
Δr→ Δx → Δy → Δz →
v→m = Δt
= Δt
i + Δt j + Δt k
Nessa demonstração, observa-se o Δr→ como o deslocamento entre os instantes ti e tf, ou seja,
no intervalo de tempo decorrido. E como falado anteriormente, é necessário fazer o estudo dos vetores
de forma mais complexa, pois é através da derivada vetorial desta fórmula que é possível descobrir a
velocidade instantânea da partícula, dada por:
dr→ dx → dy → dz →
v→ = dt
= dt
i + dt j + dt k
Se for percebido que cada uma dessas derivadas é igual a cada um dos intervalos de
movimento e de tempo (Δx, Δy, Δz e Δt), tal que o limite de Δt tende a zero, é possível então deduzir
que a velocidade v→ é tangente à trajetória feita pela partícula. E então, pode-se decompor as
componentes do vetor velocidade nas direções x, y e z, de tal forma que:

dx
v→x = dt
dy
v→y = dt
dz
v→z = dt
2.4 Aceleração
Pelo mesmo processo, é possível chegar na aceleração, tanto a aceleração média quanto a
aceleração instantânea. Para a aceleração média, temos:
Δv→

vf −vi
a→m = Δt
= tf −ti

Enquanto que a aceleração instantânea em relação ao tempo fica por conta do limite tendendo
a zero, resultando em:
dv→ dv x → dv y → dv z →
a→ = dt
= dt
i + dt j + dt k
Decompostas a partir da função velocidade, podem dadas por:
dv x
ax = dt
dv y
ay = dt
dv z
az = dt

Ou ainda, se tirarmos a derivada segunda a partir das funções de posição, cujas funções
principal e decompostas são dadas, respectivamente, por:

d²r→ d²x → d²y → d²z →


a→ = dt²
= dt²
i + dt² j + dt² k
d²x
ax = dt²
d²y
ay = dt²
d²z
az = dt²
Quando se estuda os movimentos dentro de uma curva, temos aquelas grandezas que são
conhecidas como velocidade e aceleração centrípeta, dada uma partícula em movimento na curva. A
cada ponto na trajetória, é possível definir uma direção tangente e uma normal em relação ao centro,
de tal forma que teremos então quatro componentes, duas para a velocidade e duas para a aceleração,
conforme segue:
ds
vt = dt

vn = 0
dv d²s
at = dt = dt²
vt ²
an = ρ
2.5 Desenvolvendo os conceitos
Podemos então tirar certas conclusões, dentre elas, a componente normal da velocidade
sempre será nula, já que a velocidade será sempre tangente à trajetória seguida pela partícula, e então,
v t = v , enquanto que a aceleração normal pode também ser chamada de aceleração centrípeta
(an = acp ) , já que sempre apontará para o centro da curva, e estará em função do raio de curvatura ρ
no ponto estudado.
Dessa forma, podemos tomar a ​velocidade tangente (que será então tratada apenas como
velocidade, já que é a única componente ativa), em função da velocidade angular (ω), por:
v=ρ.ω
A ​aceleração tangencial que, por sua vez, é obtida através da ​aceleração angular (α) como a
derivada da velocidade em função do tempo, e ​a aceleração centrípeta,​ teremos, respectivamente, que:
at = ρ . α = ρ . dω
dt

acp = ρ = ω² . ρ
→ → →
Tomando as coordenadas retangulares xyz e os versores i , j e k , podemos escrever o vetor
posição r do ponto P e em função do tempo t como r(t), referenciado na origem dos eixos, tal que:
r = x.i + y .j + z .k
Resumindo, o vetor unitário (versor) da direção tangente à trajetória, a partir da velocidade,
conforme:
v v
ut = |v |
=
√ → →

vx²+vy²+vz²

E conhecendo-se a aceleração normal, dada em função do vetor aceleração, através de:


acp = a − at
É possível deduzir o vetor unitário (versor) da direção normal por:
acp
ut =
|acp |
Ou então, pelas coordenadas cilíndricas, tem-se r e θ, ambos no plano xy, e z, com os versores
dados por ur na direção radial, uθ na direção transversal e k em z, tal que o vetor posição rp = rp (t) ,
em função do tempo, de forma que:
rp = r.ur + z .k
Posteriormente decompondo os fatores nos três movimentos, radial (r), transversal (θ) e
vertical (z), a velocidade é achada através de:
drp dr dur dz
v= dt
= .u
dt r
+ dt
.r + dt
.k
Se isolarmos a segunda parcela ( dudtr ) para derivar e colocar em função de uθ , achamos:
dur dθ dur dθ
dt
= .
dt dθ
= .u
dt θ
E retornando-a à equação original, achamos a equação principais e as componentes:
drp dr dθ dz
v= dt
= .u
dt r
+ .u
dt θ
+ dt
.k
dr
vr = dt

vθ = dt .r
dz
vz = dt

3. Importância e aplicações

A importância deste estudo é justamente relacionado a sua aplicação direta e


indireta. Estudando as trajetórias, velocidades e acelerações dentro de uma relação
vetorial é possível prever a movimentação de partículas em um futuro próximo ou
distante.
A partícula em questão pode ser tanto algo relativamente pequeno como um carro,
como algo relativamente grande como um planeta girando ao redor da órbita solar.
Considerando a Terra como uma partícula e as forças gravitacionais como sua principal
aceleração, podemos calcular a trajetória e a velocidade da Terra em cada momento de
seu caminho. A partir deste conhecimento, podemos prever de forma indireta quando as
estações do ano irão começar e terminar.
Podemos também, ao tratar planetas como partículas, analisar sistemas solares
distantes, afinal, na busca de planetas em outros sistemas solares, se observa
diretamente a estrela central do sistema a procura de “sombras” planetárias feitas quando
o planeta passa na frente a estrela. A partir desta observação, é possível calcular a
velocidade relativa daquele planeta, e assim calcular sua aceleração e sua trajetória. Já
que sua aceleração é baseada na relação gravitacional planeta-estrela, é possível então,
de forma indireta calcular a gravidade e a massa e a densidade as estrelas analisadas.
Saindo do aspecto espacial, existem outras aplicações mais terrenas para os
mesmos cálculos, como por exemplo, radares nas rodovias são instrumentos que, através
da diferença de chegada de ondas emitidas pelo mesmo, e por uma configuração que
leva em conta os cálculos de trajetória e velocidade, consegue calcular a velocidade do
carro, míssil, ou qualquer outro tipo de máquina de transporte.
4. Conclusão

Sendo assim, podemos concluir que os conceitos da cinemática vetorial abordados neste
trabalho são fundamentais para a base da física. Além de tornar possível o estudo da nossa realidade,
as noções de trajetória, velocidade e aceleração vetoriais são aplicadas em várias situações e
tecnologias do nosso cotidiano. Um dos melhores exemplos de sua aplicação é o uso do GPS (Sistema
de Posicionamento Global, em português). Este ​é um mecanismo de posicionamento por satélite que
fornece a um aparelho receptor móvel a sua posição, assim como o horário, sob quaisquer condições
atmosféricas, a qualquer momento e em qualquer lugar na Terra; desde que o receptor se encontre no
campo de visão de três satélites GPS (quatro ou mais para precisão maior).

5. Bibliografia

1. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A... Física I: Mecânica. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008
2. MAURICIO A. VILCHES - MARIA LUIZA CORRÊA - Cálculo Vetorial - Departamento de
Análise - IME UERJ

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