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e Integral II
Material Teórico
Integrais triplas
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Integrais triplas
Vamos iniciar os nossos estudos, definindo integrais triplas. Em seguida, vamos aprender
a calcular volumes de formas tridimensionais, usando esse conceito. Para tanto, o material foi
organizado da seguinte forma:
• Introdução;
• Definição;
• Volume de uma região no espaço;
• Limites de integração;
• Cálculo de integrais triplas;
• Propriedades das Integrais Triplas.
Ao terminar essa unidade, você deverá ser capaz de identificar e calcular uma integral tripla.
Para ajudá-lo, realize a leitura dos textos indicados, acompanhe e refaça os exemplos resolvidos.
Não deixe de assistir, também, à apresentação narrada do conteúdo e de alguns exercícios resolvidos.
Finalmente, e o mais importante, fique atento às atividades avaliativas propostas e ao prazo
de realização e envio.
5
Unidade: Integrais triplas
Contextualização
Calcule o volume, usando a integral tripla de um sólido definido no primeiro octante e limitado
pelos planos coordenados e pela equação:
3x+6y+4z=12
O passo a passo desse exercício você poderá acompanhar no seguinte endereço eletrônico:
https://www.youtube.com/watch?v=O7hJAo1rexA&list=PL82B9E5FF3F2B3BD3&index=16
Expectativa de resposta:
6
Integrais triplas em coordenadas cartesianas
Nosso próximo passo será enumerar esses pequenos paralelepípedos (que estão contidos
dentro da região D) de 1 até n segundo algum critério, ou segundo alguma ordem. O k-ésimo
paralelepípedo típico terá as seguintes dimensões: ∆xk, ∆yk e ∆zk, e, portanto, o volume desse
k-ésimo paralelepípedo será dado por:
∆Vk=∆xk×∆yk×∆zk
Escolhe-se um ponto (xk,yk,zk) em cada um dos vários pequenos paralelepípedos e efetua-se
a seguinte soma:
n
=Sn ∑ f ( x , y , z ). ∆V
k =1
k k k k
Nosso interesse será saber o que acontece conforme a região for particionada em células
cada vez menoresde forma que os valores de ∆xk,∆yk e ∆zk se aproximem de zero, ou seja,
teremos uma grade composta por paralelepípedos infinitamente pequenos, cujas dimensões
de cada um de seus lados tendam a zero. Quando se alcança um valor limite que seja único,
independente da forma como escolhemos as partições e os pontos (xk,yk,zk), podemos afirmar
que f é integrável sobre a região do espaço D.
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Unidade: Integrais triplas
À medida que ∆xk,∆yk e ∆zk se aproximam de zero, o volume dos paralelepípedos ∆Vk vai
ficando cada vez menor e mais numeroso e vai preenchendo cada vez mais o espaço dado por
D. Isso nos permite definir o volume de D como a integral tripla:
n d
lim ∑∆Vk =
∫∫ dV
n →∞
k =1 D
Vamos começar a trabalhar com integrais triplas de uma forma mais simples, quando f é
definida em uma caixa retangular.
Na figura 2, temos um sólido e queremos calcular o seu volume, usando as integrais triplas:
Figura 2
z
4
0 y
3
x
Observe a figura para calcular o volume, usando as integrais triplas, pois nossa figura é
função de três variáveis: x,y e z. Nosso primeiro passo será definir os limites de integração para
cada variável.
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Vamos começar com a variável x. É possível observar que ela varia de zero a três. A variável
y varia de zero a quatro e variável z varia de zero a dois.
Resumindo, temos os seguintes limites de integração:
0≤ x ≤3
0≤ y ≤4
0≤ z ≤2
Vamos escrever cada limite na direção de cada variável:
2 4 3
ò dz ò dy ò dx
0 0 0
Podemos fazer essa notação, que representa um volume de uma outra forma:
2 4 3
ò ò ò dx dy dz
0 0 0
Note a ordem: dx refere-se à integral mais interna, dy à integral do meio e dz à integral mais externa.
Uma outra forma de representar essa integral seria chamando dx dy dv de dV:
2 4 3
ò ò ò dx dy dz
0 0 0
ò ò ò dx dy dz
0 0 0
V = ò dz ò dy ò dx
0 0 0
2 4
3
V = ò dz ò dy [ x ]0
0 0
2 4
V = ò dz ò dy [ 3 - 0 ]
0 0
O resultado da integral será 3, que é uma constante. Portanto, podemos tirá-la para fora e,
em seguida, vamos integrar dy:
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Unidade: Integrais triplas
2 4
V = 3ò dz ò dy
0 0
2
4
V = 3ò dz [ y ]0
0
2
V = 3ò dz [ 4 - 0 ]
0
A integral de dy também é uma constante; portanto, poderemos retirá-la para fora do sinal
de integração e integraremos dz:
2
V = 4.3ò dz
0
2
V = 12[ z ]0
V=12[2-0]
V=24 unidades de medida de volume
V=24.
B={(x,y,z) 0 ≤ x ≤ 1; -1 ≤ y ≤ 2; 0 ≤ z ≤ 3}
Resolução:
O primeiro passo será escrever essas informações na forma de uma integral tripla.
Em seguida, vamos integrar a função na nessa ordem:
1. Primeiro em relação àx.
2. Depois em relação ày.
3. E por último em relação àz.
3 2 1
I = ò ò ò xyz 2 dx dy dz
0 -1 0
3 2 1
I = ò dz ò dy ò xyz 2 dx
0 -1 0
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Comece pela integral mais interna:
1
3
é x 2 yz 2 ù
2
I = ò dz ò dy ê ú
ê 2 ú
0 -1 ë û0
3 2 é (1)2 yz 2 (0)2 yz 2 ù
I = ò dz ò dy êê - ú
ú
0 -1 êë 2 2 ú
û
3 2
yz 2
I = ò dz ò dy
0 -1
2
I = ò dz êê - ú
ú
0 êë 4 4 úû
3
é 4z2 z2 ù
I = ò dz ê - ú
ê 4 4 úû
0 ë
3
æ 3z 2 ÷ö
I = ò dz çç ÷
çè 4 ÷÷ø
0
3 3
é 3z 3 ù é 3ù
I=ê ú = êz ú
ê 12 ú ê ú
ë û0 ë 4 û0
é (3)3 (0)3 ù
I = êê - ú
ú
êë 4 4 ú
û
27
I=
4
A integral tripla sempre existe se a função f for contínua. O método prático para calcular uma
integral tripla é expressá-la como uma integral iterada.
Teorema de Fubbine
Se f é contínua em uma caixa retangular B=[a,b]×[c,d]×[r,s], então:
s d b
òòò f ( x, y, z) dV = ò ò ò f ( x, y, z) dx dy dz
B r c a
Pelo Teorema, a integral iterada do lado direito indica que primeiro se integra a função em
relação àx, mantendo y e z fixados. Na sequência, integra-se em relação ày, mantendo o z
fixado e, finalmente, integra-se em relação àz.
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Unidade: Integrais triplas
Existem outras ordens de integração que fornecem o mesmo resultado, por exemplo, se
integrarmos primeiro em relação ày; depois, em relação àz e, finalmente, em relação àx;
portanto, indicaríamos a integral da seguinte forma:
b s d
òòò f ( x, y, z) dV = ò ò ò f ( x, y, z) dy dz dx
B a r c
òòò f ( x, y, z) dV
D
Suponha o esboço de uma região D e sua projeção vertical R no plano xy. Identifique as
superfícies limitantes superior e inferior de D e as curvas de fronteira superior e inferior de R.
Vide a figura 3.
Figura 3
Vamos encontrar, agora, os limites de integração de z. Trace uma reta M que passe por um
ponto (x,y) em R e que seja paralela ao eixo z. À medida que z cresce, M “entra” em D em z=f1
(x,y) e “sai “ em z=f2 (x,y), Esses são os limites de integração da variável z, Observe a figura 4.
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Figura 4
Para encontrar os limites de integração de y, desenhe uma reta L que passe por (x,y) e que
seja paralela ao eixo y. À medida que y cresce L, entra em R em y=g1 (x) e sai em y=g2 (x).
Esses são os limites de integração de y. Vide a figura 5.
Figura 5
Finalmente, encontre os limites de integração de x, escolhendo todas as retas que passam por
R e são paralelas ao eixo y(x=a e x=b) da figura 5.
Portanto, a integral fica:
x =b y= g 2 ( x ) z = f2 ( x ,y)
ò ò ò f ( x, y, z ) dz dy dx
x =a y= g1 ( x ) z = f1 ( x ,y)
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Unidade: Integrais triplas
Caso você troque a ordem de integração, siga procedimentos similares. A projeção da região
D estará no plano das duas últimas variáveis em relação às quais a integração iterada é feita.
Esse procedimento será aplicado sempre que uma região sólida D é limitada superior e
inferiormente por uma superfície e quando a projeção “R” é limitada acima e abaixo por uma curva.
Vamos aprender a efetuar o cálculo de uma integral tripla.
Exemplo:
Calcule:
òòò 12xy z dV
2 3
I = ò dz ò dy ò 12 xy 2 z 3 dx
0 0 -1
Nosso próximo passo será integrar de dentro para fora. Se vamos integrar em relação à
variável x, tudo que sobra na sentença são constantes, e sesão constantes, podemos tirar para
fora do sinal de integração para facilitar o cálculo. Veja como fica:
2 3 2
I = ò dz ò dy
12y z 2 3
ò x dx
0 0 -1
Basta calcular a integral definida xdx no intervalo especificado, usando o Teorema Fundamental
do Cálculo que consiste em achar a primitiva da função e, em seguida, fazer diferença entre os
limites de integração de acordo com a função encontrada:
2
2 3
é x2 ù
12y z ê ú
I = ò dz ò dy 2 3
ê2ú
0 0 ë û -1
é 2 2 (-1)2 ù
2 3 ê( )
2 3
I = ò dz ò dy
12y z ê - ú
ú
0 0 êë 2 2 ú
û
2 3
3
I = ò dz ò dy
12y 2 z 3 .
0 0
2
2 3
I = ò dz ò
18 y 2 z 3 dy
0 0
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Calculamos a integral em relação à variável x. Agora, vamos calcular a integral em relação à
variável y, usando o mesmo procedimento.
2 3
I = ò dz18 z 3
ò y dy
2
0 0
3
2
é y3 ù
I = ò dz18 z ê ú 3
ê3ú
0 ë û0
3
2 é (3)3 (0)3 ù
I = ò dz18 z 3 êê - ú
ú
0 êë 3 3 úû 0
2
I = ò dz18 z 3 .9
0
2
I = ò 162z 3 dz
0
2
I = 162ò z 3 dz
0
2
é z4 ù
I = 162. ê ú
ê4ú
ë û0
é ( 2)4
(0) ùú
4
ê
I = 162. ê - ú
êë 4 4 ú
û
I = 162.4 = 648
Em algumas situações, teremos que calcular integrais triplas e alguns limites de integração
não são constantes e sim funções, mas o procedimento para resolver o problema é exatamente
o mesmo. Veja o exemplo:
Vamos determinar os limites de integração para o cálculo de uma integral tripla da função
f(x,y,z) sobre o tetraedro D com os vértices (0,0,0); (1,1,0); e (0,1,1).
Na figura 6, temos o esboço de D e de sua projeção no plano xz.
Figura 6
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Unidade: Integrais triplas
Nosso primeiro objetivo é encontrar os limites e integração para calcular a integral tripla da
função definida sobre o Tetraedro D.
Observe:
A superfície limitante inferior à esquerda está contida no plano y=x+z.
A fronteira superior de R é a reta z=1-x.
A fronteira inferior de R é a reta z=0.
Em primeiro lugar, vamos encontrar os limites de integração de y. A reta que passa por um
ponto (x,z) em R e é paralela ao eixo y “entra” em y=x+1 e sai em y=1.
Vamos, agora, em busca dos limites de integração da variável z.
A reta L que passa por (x,z) e que é paralela ao eixo z entra em R em z=0 e sai em z=1-x.
Agora, falta encontrar os limites de integração da variável x. Observe que à medida que L
varre R, o valor de x varia de zero a um.
Portanto, a integral é:
1 1- x 1
ò ò ò f ( x, y, z) dy dz dx
0 0 x +z
Achado os limites de integração, vamos calcular essa integral que eu vou chamar de I:
1 1- x 1
I=ò ò ò dy dz dx
0 0 x +z
1 1- x 1
I = ò dx ò dz ò dy
0 0 x +z
0 1- x
1
I = ò dx ò dz [ y ]x +z
1 0
1 1- x
I = ò dx ò [1 - x - z ] dz
0 0
1- x
1
é z2 ù
I = ò dx ê z - xz - ú
ê 2 úû 0
0 ë
éæ
(1 - x ) ÷÷ö ççæ (0) ÷÷öúù
1 2 2
êçç
I = ò dx êç(1 - x ) - x (1 - x ) - ÷÷ - ç(0) - x (0) - ÷÷ú
ê çç 2 ÷ çç 2 ÷øú
0
ëè ø è û
1
é 1 2ù
I = ò dx ê1 - x - x + x 2 - (1 - x ) ú
0
êë 2 úû
1
é 1 ù
I = ò dx ê1 - 2 x + x 2 - (1 - 2 x + x 2 )ú
0
êë 2 úû
é 1 2 x x 2 ùú
I = 1 ê1 - 2 x + x 2 - x + -
ê 2 2 2 úû
ë
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Fazendo as simplificações pertinentes, sobra:
æ11
x 2 ÷ö
ç
I = ò ç - x + ÷÷ dx
çè 2 2 ÷ø
0
1
é1 x 2 x 3 ùú
I = x-ê +
ê2 2 6 úû 0
ë
éæ
(1) (1) ö÷÷ æçç 1 (0) (0) ö÷÷ùú
2 3 2 3
êçç 1
I = êç (1) - + ÷ - ç ( 0) - + ÷ú
êççè 2 2 6 ø÷÷ èçç 2 2 6 ø÷÷ú
ë û
1 1 1
I= - +
2 2 6
1
I=
6
I = ò dx ò dy ò dz
0 x 0
I = ò dx ò (y - x ) dy
0 x
1
é y2
1
ù
I = ò dx ê - xyú
ê2 ú
0 ë ûx
éæ 1 2 ö÷ æ( x )2 ö÷ù
êçç( )
1
÷ ç ú
I = ò dx êç - x (1)÷÷ - çç - x ( x )÷÷÷ú
ç
êç 2 ç
0
ëè ø÷ çè 2 ø÷ûú
1
æ1 x2 ö
I = ò dx çç - x - + x 2 ÷÷÷
çè 2 2 ÷ø
0
æ1
1
x ö÷
2
ç
I = ò çç - x + ÷÷ dx
0 è
ç2 2 ÷ø
1
é1 x 2 x 3 ùú
I = ê x- +
ê2 2 6 úû 0
ë
éæ
(1) (1) ö÷÷ æçç 1 (0) (0) ö÷÷ùú
2 3 2 3
êçç 1
I = êç (1) - + ÷ - ç ( 0) - + ÷ú
êèçç 2 2 6 ø÷÷ èçç 2 2 6 ø÷÷ú
ë û
1 1 1 1
I= - + =
2 2 6 6 17
Unidade: Integrais triplas
Quando trabalhamos com as integrais triplas, podem existir até seis ordens de integração já
que podemos combinar dx dy e dz de diferentes maneiras. Cada ordenação nos leva a uma
descrição diferente da região do espaço a ser integrada e a diferentes limites de integração.
A figura 7 representa um sólido. É possível calcular o volume desse sólido de seis formas
diferentes de acordo com a combinação de dx dy dz.
Figura 7
1 1-z 2
I1 = ò ò ò dx dy dz
0 0 0
1 1-y 2
I2 = ò ò ò dx dz dy
0 0 0
1 2 1-z
I3 = ò ò ò dy dx dz
0 0 0
2 1 1-z
I4 = ò ò ò dy dz dx
0 0 0
1 2 1-y
I5 = ò ò ò dz dx dy
0 0 0
2 1 1-y
I6 = ò ò ò dz dy dx
0 0 0
18
O volume desse sólido é 1. Para treinar, resolva essas seis integrais. Todas darão o mesmo resultado.
2. Soma e diferença
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Unidade: Integrais triplas
Material Complementar
20
Referências
DEMANA, Franklin D.; WAITS, Bert K.; FOLEY, Gregory D.; KENNEDY, Daniel. Pré-Cálculo.
2 ed. São Paulo: Pearson, 2013.
FLEMMING, Diva Marília; GONCALVES, Miriam Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação,
integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
THOMAS JR., George B Et Al. Cálculo (de) George B. Thomas Jr. 12 ed. São Paulo:
Addison-Wesley, 2003.
GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Em curso de cálculo. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001-2002.
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Unidade: Integrais triplas
Anotações
22