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Fenômenos de Transporte

Material Teórico
Hidrodinâmica II

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Luciana Borin de Oliveira

Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Hidrodinâmica II

• Trajetória e linha corrente


• Características dos tubos de corrente
• Definição da equação da continuidade

·· Esta Unidade tem como principal objetivo analisar o transporte de um fluido


sob diferentes condições de ramais de tubulações em um regime permanente de
processo.

Caro(a) aluno(a)
Leia atentamente o conteúdo desta Unidade, que possibilitará conhecer os conceitos básicos
de regimes de escoamentos permanentes em diversos tipos de tubulações.
Você também encontrará uma atividade composta por questões de múltipla escolha,
relacionada ao conteúdo estudado.
Além disso, terá a oportunidade de trocar conhecimentos e debater questões no fórum de
discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos
em informações, possibilitando o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.

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Unidade: Hidrodinâmica II

Contextualização

Caro(a) aluno(a)
Para iniciar esta Unidade, leia o texto disponível no link abaixo e reflita sobre a questão das
variadas aplicações dos conceitos de continuidade dos fluidos.

Aplicações de alguns Princípios de Hidrodinâmica e Fluidodinâmica


Explore: http://goo.gl/ohVwRE

Oriente sua reflexão a partir do seguinte questionamento: Onde mais é possível aplicar os
conceitos? Quais seriam algumas possíveis aplicações desse conceito em prol da humanidade?

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Trajetória e linha corrente

Quando se analisa uma partícula individualmente em vários momentos, em função de sua


trajetória e do tempo, observa-se a obtenção de uma equação da trajetória, conforme se pode
verificar na Figura 1.
Uma análise melhor somente é viável acrescentando corante em um flutuante para a
observação.
Figura 1. Representação de um flutuante colorido colocado num fluido em movimento.

Fonte: Brunetti, 2008.

Com relação à linha corrente, é possível afirmar que o tempo não é considerado, mas a
tangente dos vetores de velocidade.
Para melhor visualização, podem ser adicionadas serragens para verificar o perfil da linha
corrente, conforme representado na Figura 2.
Figura 2. Representação de uma linha corrente e do instante t na fotografia.

Fonte: Brunetti, 2008.

Analisando-se geometricamente as linhas de trajetória e corrente, estas coincidem em um


regime permanente, conforme mostrado na Figura 3.
Figura 3. Representação das linhas de corrente em regime permanente.

Fonte: Brunetti, 2008.

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Unidade: Hidrodinâmica II

Características dos tubos de corrente

Existem algumas características dos tubos correntes que devem ser levadas em consideração,
tais como:
a) em um regime permanente os tubos de corrente não apresentam nenhuma variação nas
propriedades do fluido e são fixos;
b) não ocorre passagem de nenhuma partícula independente de seu tamanho pelo tubo de
corrente.
Vale ressaltar que todas as partículas em um fluido que entram de um lado saem pelo outro
sem haver perda no decorrer do transporte dele.

Definição da equação da continuidade

Como descrito anteriormente, no escoamento de um fluido em um tubo corrente não há


perda de massa. Ou seja, a vazão em massa que entra na tubulação em um regime permanente
deverá ser a mesma na saída do fluido.
A Figura 4 representa que, numa certa faixa de tempo, o fluido que passa na seção de
entrada (1) é o mesmo que passa na seção de saída (2).
Figura 4. Representação da equação da continuidade no transporte em massa de um fluido.

Fonte: Simões.

Portanto, pode-se definir matematicamente a equação da continuidade como:

m1 = m 2 = m (1)
∑m = ∑m (2)
entrada entrada

Qm1 = Qm2 = Qm = constante (3)


ρ1 × Q1 = ρ2 × Q2 = ρ × Q = constante (4)
ρ1 × v1 × A1 = ρ2 × v2 × A2 = ρ × v × A = constante (5)

Pode-se concluir que durante um regime permanente, no transporte de um fluido, a massa


que passa em qualquer seção de escoamento é a mesma, ou seja, constante.

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Agora, em fluidos incompressíveis, como os líquidos, matematicamente temos:
m
ρ= = constante (5)
V
ρ1= ρ 2= ρ= constante (6)
Q=
1 Q=
2 Q= constante (7)
v1 × A1 =v2 × A2 =v × A =constante (8)

Pode-se concluir que, durante um regime permanente, no transporte de um fluido


incompressível, a vazão que passa em qualquer seção de escoamento é a mesma, ou seja,
constante.
Agora, quando se tem mais de uma seção de entrada ou de saída, devemos determinar a
equação da continuidade por meio da vazão mássica, como mostrado nas seguintes equações:

∑Q m � de
� entrada = ∑Qm � de� saída �
(9)
∑Q entrada = ∑Qsaída
(10)

Exemplo
Demonstre a aplicação do conceito da equação da continuidade na figura a seguir.

Resolução
Aplicando-se o conceito da equação da continuidade, onde:

Q1 = Q2
v1 × A1 = v2 × A2

E analisando-se a figura e a definição matemática, pode-se observar que a velocidade na


seção (2) é maior, pois sua área é menor quando comparada com a seção (1).

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Unidade: Hidrodinâmica II

Exercícios
1. Certo fluido gasoso passa por uma tubulação em regime permanente como representado
na figura. Calcule a velocidade com que esse fluido atravessa a seção (2), sabendo que as
áreas nas seções (1) e (2) são, respectivamente, 25 cm2 e 15 cm2.
ρ1 = 5 kg/m3
Dados v1 = 20 m/s
ρ2 = 14 kg/m3

Resolução
Aplicando-se a equação da continuidade

Qm1 = Qm 2
ρ1 × v1 × A1 = ρ 2 × v2 × A2
v1 × ρ1 × A1
v2 =
ρ 2 × A2
20 × 5 × 25
v2 =
14 ×15
v2 = 11, 90 m
s

2. O tubo do tipo Venturi é muito utilizado em diversos projetos de Engenharia. Sendo um


fluido incompressível que passa pelo tubo representado na figura, calcule a velocidade
na menor seção (garganta) de área correspondente a 8 cm2, sabendo que na seção com
maior área, 30 cm2, a velocidade de entrada é de 1 m/s.

Resolução
Aplicando-se a equação da continuidade

Qentrada = Qgarganta
ve × Ae = vg × Ag
1× 30 = vg × 8
1× 30
vg =
8
vg = 3, 75 m s

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3. Os tanques 1 e 2 são cheios por seus tubos representados na figura a seguir e demoram
cerca de 200 e 750 segundos, respectivamente. Calcule a velocidade na seção de entrada (A).

Resolução
Dados do t1 = 200 s aresta1 = 5 m ∅ A = 1� m
enunciado
t2 = 750 s aresta2 = 10 m vA = ?

Aplicando-se a Equação da Continuidade:

∑Q
entrada = ∑Qsaída

QA = Q1 + Q2

Cálculo de Q1 Cálculo de Q2

V1 V2
Q1 = Q2 =
t1 t2
53 103
Q1 = Q2 =
200 750
Q = 1, 33 m
3
Q1 = 0, 625 m s
2
2 s

Cálculo de QA Cálculo de vA

QA = Q1 + Q2 QA = v A × AA
QA = 0, 625 + 1, 33 = 1, 955 m π × ∅2
3

s QA = v A ×
4
π ×12
1, 955 = va ×
4
1, 955 × 4
= vA
π ×1
v A = 2, 49 m
s

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Unidade: Hidrodinâmica II

4. A tubulação a seguir apresenta uma redução de diâmetro quando comparamos a entrada


com a seção de saída. Determine as vazões volumétrica, mássica e em peso na tubulação
e também a velocidade em (2), sabendo que os valores das áreas nas seções (1) e (2) são,
respectivamente, 20 cm² e 10cm².

Dados v1 = 1 m/s.

Resolução
Dados do v1 = 1 m
enunciado A1 = 20 cm2 s

A2 = 10 cm2

Cálculo da velocidade na seção (2)


Aplicando-se a equação da continuidade:

∑Q entrada = ∑Qsaída

Q1 = Q2
v1 × A1 = v2 × A2
1× 20 = v2 ×10
1× 20
v2 =
10
v2 = 2 m
s

Cálculo da vazão volumétrica Aplicando-se a equação da continuidade:

(1m )
2
Q1 = Q2 = v1 × A1
A1 = 20 cm 2 ×
(100 cm )
2
Q1 = 1× ( 2 ×10−3 )
A1 = 2 ×10−3 m 2 Q1 = 2 ×10−3 m
3

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Cálculo da vazão em massa Cálculo da vazão em peso
Aplicando a equação da continuidade: Aplicando a equação da continuidade:

∑Q �m
� entrada = ∑Qm � saída ∑Q � � w entrada = ∑Qw � saída

Qm = Qm = ρ1 × Q1 Qw = Qw = ρ × g × Q

Qm 1 = 1.000 × ( 2 ×10−3 ) Qw 1 1.000 10 × 2 ×10−3

Qm = 2 kg Qw = 20 N
s s

5. Em um mesmo tanque, são adicionados água e óleo e sai uma mistura dos dois. Calcule
a massa específica dessa mistura e a velocidade com que ela sai do tanque, sabendo-se
que as vazões de água correspondem a 25 L/s e de óleo a 15 L/s.

Dados ρH2O= 1000 kg/m3

ρóleo = 800 kg/m3

A3 = 20 cm2

Resolução
Dados do ρ água = 1.000 kg
enunciado m3
L 1m3 3
Qágua = 25 = = 0, 025 m
s 1 000 L s

ρóleo = 800 kg
m3
L 1m3 3
Qóleo = 15 = = 0, 015 m
s 1 000 L s

(1m )
2
2
Asaída = 20 cm = = 2 ×10−3 m 2
(100 cm )
2

ρ said e v aída ?
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Unidade: Hidrodinâmica II

Aplicando-se a equação da continuidade: Cálculo da velocidade de saída (mistura)

∑Q entrada = ∑Qsaída Qmistura = vmistura × Amistura

Qágua + Qóleo = Qmistura 4 v a 2 ×10−3


0, 03
0, 025 + 0, 015 =Qmistura vmsitura =
2 ×10−3
Qmistura = 0, 04 m
3

s
vmistura = 15 m
s

Cálculo da massa específica de saída (mistura)


Aplicando-se a equação da continuidade:

∑Q �m
� entrada = ∑Qm � saída

Qm � água + Qm� ólao = Qm � mistura

(ρ água × Qágua ) + ( ρólao × Qólao ) = � ( ρ mistura × Qmistura )

1.000 × 0, 025 800 0 015 ρ mistura 0, 04

25 + 12 = ( ρ mistura × 0, 04 )

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ρ mistura =
0, 04

ρ mistura = 925 kg
m3

6. Na figura a seguir, está representado um trecho de tubulação. Para esse tipo de tubulação,
calcule: a) velocidade e a vazão no ponto (3); b) a velocidade no ponto (4).

Dados v1 = 1,5m/s ∅2 = 0,1m

v2 = 2,5m/s ∅3 = 0,20m

∅1 = 0,25m ∅4 = 0,10m

Resolução
Aplicando-se a equação da continuidade

∑Q entrada = ∑Qsaída
Q1 + Q2 = Q3

e Q3 = Q4

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Cálculo de Q1 Cálculo de Q2

Q1 = v1 × A1 Q2 = v2 × A2

π × ∅2 π × ∅2
Q1 = v1 × Q2 = v2 ×
4 4
π × 0, 252 π × 0,152
Q1 = 1, 5 × Q2 = 2, 5 ×
4 4
3
Q1 = 0 074 m Q2 = 0, 044 m
3

s s

Substituindo na equação da continuidade

Q1 + Q2 = Q3

0 074 0 044 Q3

Q3 = 0,118 m
3

Cálculo da velocidade na seção (3) Aplicando-se a equação da continuidade

Q3 = v3 × A3 Q3 = Q4

π × ∅2 Q3 = v4 × A4
Q3 = v3 ×
4
π × ∅2
π × 0, 2 2 Q3 = v4 ×
0,118 = v3 × 4
4
π × 0,12
4 × 0,118 0 118 v4
v3 = 4
π × 0, 22
4 × 0,118
v3 = 3, 75 m v4 =
s π × 0,12

v4 = 15, 02 m
s

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Material Complementar

Vídeos:
Cinemática dos fluidos - Equação da continuidade
https://www.youtube.com/watch?v=QJfrNuJ9ULQ
Hidrodinâmica - Vazão e equação da continuidade física
https://www.youtube.com/watch?v=lphMaJB8yc8

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Referências

BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2.ed.rev. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

GASPAR, A. Física. São Paulo: Ática, 2009.

INSTITUTO de Ciências Agrárias – Universidade Federal Rural da Amazônia


Disponível em: <www.portal.ufra.edu.br>. Acesso em: jan. 2015.

INSTITUTO Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Disponível


em: <http://spo.ifsp.edu.br/>. Acesso em: jan. 2015.

SIMÕES, J. G. F. Mecânica dos Fluidos. Universidade Santa Cecília. <http://cursos.


unisanta.br/mecanica/ciclo4/Mecanica_dos_Fluidos.pdf>. Acesso em: jan. 2015.

WHITE, F. M. Mecânica dos Fluidos. 6.ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2010

WIGGERT, D. C.; POTTER, M. C. Mecânica dos Fluidos. Pioneira Thomson, 2004.

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Anotações

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