Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Integral II
Material Teórico
Equações Diferenciais
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota.
Equações Diferenciais
··Introdução
··Classificação das Equações Diferenciais
··Método da Separação de Variáveis
Vamos iniciar os nossos estudos, abordando sobre o assunto: equações diferenciais. Trata-
se de um curso de integração, só que, ao invés de integrarmos uma função, iremos integrar
uma equação.
1. Introdução;
2. Definições e Terminologia;
3. Problemas do valor inicial;
4. Método da Separação de Variáveis.
Ao terminar essa unidade, você deverá ser capaz de identificar e calcular uma equação
diferencial pelo método de separação de variáveis.
Para ajudá-lo, realize a leitura dos textos indicados, acompanhe e refaça os exemplos resolvidos.
Não deixe de assistir, também, à apresentação narrada do conteúdo e de alguns exercícios resolvidos.
Finalmente, e o mais importante, fique atento às atividades avaliativas propostas e ao prazo
de realização e envio.
5
Unidade: Equações Diferenciais
Contextualização
A Lei de Torricelli diz que se drenarmos um tanque como o da figura 1, a taxa em que a água
sai é uma constante vezes a raiz quadrada da profundidade da água “x”. A constante dependerá
do tamanho do buraco da drenagem. No exemplo, vou assumir que o valor da constante seja 1 .
2
Figura 1
Um tanque na forma de um cilindro circular reto, cujo raio mede 5 pés e sua altura 16 pés,
que estava inicialmente cheio de água, está sendo drenado a uma taxa de 0,5 x pés3/min.
Determinar a equação diferencial que modela esse fenômeno:
Expectativa de resposta:
O aluno deverá chegar na seguinte fórmula:
dx x
= −
dt 50π
x ( 0 ) = 16
O problema foi modelado em uma equação diferencial. É possível resolvê-la pelo método de
separação de variáveis.
1
− 1
x dx = −
2
dt
50π
Integra-se os dois lados:
1
− 1
∫x dx=2
∫− 50π
dt
6
O resultado dessas integrações:
1
2 x=
− t +C
50π
Achamos uma solução geral. Agora, vamos encontrar uma solução particular que atenda à
condição inicial:
x ( 0 ) = 16
1
2 16 =− 0+C
50π
C =8
Portanto, a solução particular é:
1
1 t
2 x=
− t + 8 ou x 2 =
4−
50π 100π
7
Unidade: Equações Diferenciais
Introdução
P ( x )= 5 + 3 x
Vamos supor que essa equação modelo o preço de uma corrida de táxi. Se a bandeirada custa 5
e o preço por quilômetro rodado é 3, podemos calcular quanto pagaremos pela corrida em qualquer
tempo, desde que tenhamos esses dados. Isso é um exemplo de um problema estático.
Mas, nesta unidade, iremos estudar quantidades que estão variando com o tempo. Derivada
por definição é a taxa de variação:
f ( xo + ∆x ) − f ( x0 )
f ′ ( x ) = lim
∆x → 0 ∆x
Assim, veremos integração, só que, ao invés de integrarmos uma função, iremos integrar
uma equação.
Temos:
∫ f ( x=
) dx F ( x) + C
F′( x) = f ( x)
Em grande parte, as leis do universo são descritas como relações de certas quantidades
em relação ao tempo. Vamos pensar em um problema simples, conhecido como modelo de
crescimento populacional de Malthus:
»» P(t)= população em tempo t.
P '(t )
»» = k → taxa de crescimento constante.
P (t )
Entende-se essa taxa de crescimento constante apenas a diferença entre a natalidade e a
mortalidade. Portanto:
P′ ( t ) = kP ( t )
P′ ( t ) − kP ( t ) = 0
8
Observe que P(t) é uma função desconhecida e também é a variável do problema. Estamos
em busca de uma solução que se traduz em dizer a cada tempo t qual é a população. Para isso,
é preciso resolver a equação diferencial:
P′ ( t ) − kP ( t ) =
0
Qual é a função que tem a propriedade de que sua derivada é k vezes ela mesma? É a função
exponencial, portanto, uma solução para a equação é:
P ( t ) = Ce kt
O cálculo já nos ensinou que a derivada de uma função f(x) é uma outra função encontrada
por uma regra apropriada f ′ ( x ) ou dy .
dx
dx
Vamos substituir e0,1x2 pelo símbolo y no lado direito da derivada:
dy
= 0, 2 xy
dx
Suponha que a equação acima seja apresentada a você e te perguntassem:
Qual é a função representada por y?
Estamos diante de um problema básico deste curso: como resolver essa equação para a
desconhecida função y=f(x).
Definição
Uma equação que contenha as derivadas (ou os diferenciais) de uma ou mais variáveis dependentes
em relação a uma ou mais variáveis independentes é chamada de equação diferencial.
9
Unidade: Equações Diferenciais
Por Tipo
Se uma equação contiver somente derivadas ordinárias de uma ou mais variáveis
dependentes em relação a uma única variável independente, ela será chamada de equação
diferencial ordinária (EDO).
Exemplos:
dy
ex
+ 3y =
dx
d 2 y dy
− + 6y = 0
dx 2 dx
Por Ordem
A ordem de uma equação diferencial é a ordem da maior derivada na equação:
3
d2y dy
2
ex
− 3 + 2 y =
dx dx
d 2 → segunda ordem
dy → primeira ordem
10
d
y ( x ) = f ( x, y ( x ) )
dx
A solução geral de uma equação de uma equação diferencial de primeira ordem é uma solução
que contém todas as possíveis soluções. A solução geral sempre contém a constante arbitrária.
Em geral, uma equação diferencial é aquela que contém uma função desconhecida e uma ou mais
de suas derivadas. Vamos tomar um exemplo. Digamos que y seja a função desconhecida de x.
y′ = xy
Uma função f é chamada solução de uma equação diferencial se a equação é satisfeita
quando y = f(x)e suas derivadas são substituídas na equação.
Quando se pede a solução de uma equação diferencial, o que se pede são todas as possíveis
soluções da equação. Algumas delas são muitos mais simples de resolver que aquelas da forma:
y′ = f ( x )
Isso quer dizer: qual é a função que quando derivada dá f(x). Esse caso é simples de resolver,
bastando achar a primitiva da função:
Exemplo:
y′ = x5
x6
y
= +C
6
Contudo, resolver equações diferenciais nem sempre é uma tarefa tão fácil, uma vez que não
exista uma técnica sistemática que resolva todas as equações diferenciais. Quando aplicamos
equações diferenciais, nem sempre estamos em busca de soluções gerais. Em muitos problemas,
é preciso encontrar uma solução particular que atenda a uma condição do tipo: y(t0) = y0, que
é chamada condição inicial. Achar uma solução de uma equação diferencial que atenda à
condição inicial é chamada de problema do valor inicial.
Quando se impõe uma condição inicial, olha-se para uma família de curvas-solução e escolhe-
se uma que passe pelo ponto (t0, y0). Isso corresponde à medida do estado de um sistema a um
tempo t0 e ao uso do problema do valor inicial para prever o comportamento futuro do sistema.
Vou deixar um pouco de lado a linguagem formal para que possamos entender melhor esse
conceito. Para tanto, vamos pensar em três questões:
11
Unidade: Equações Diferenciais
x2 −1 =8
2 x +1 = 32
As equações que são do tipo:
y′ + y =
0
Temos um exemplo de uma equação diferencial que envolve a derivada e uma função
desconhecida e a própria função. Achar uma função que torne essa sentença verdadeira é achar
a solução de uma equação diferencial.
O problema consiste em achar uma função que resolva a equação, todavia nem sempre
encontramos uma única solução. Uma equação diferencial poderá ter infinitas soluções.
O nosso segundo questionamento é: o que é solução de uma equação diferencial? Portanto,
vamos resolver alguns exercícios para poder compreendê-la.
Verifique se a função y = C3x é solução da equação diferencial y’ = 3y.
A pergunta a ser feita para resolver o problema é a seguinte:
Qual é a função, cuja derivada é o triplo dela?
Foi fornecida a função y = C3x e queremos saber se ela é solução da equação diferencial.
Nosso primeiro passo é derivar a função y, e usaremos a regra da cadeia.
y = Ce3 x
=y′ Ce3 x 3 → 3 Ce3 x
Como y = Ce3x, então:
y′ = 3 y
Como a derivada de y é igual ao triplo de y, concluímos que
y = Ce3x é solução da equação diferencial y’ = 3y
12
Vamos resolver outro exemplo:
Veja se a função y = Ccosx é solução da equação diferencial y’+ ytgx = 0.
Substituindo na ED:
−Csenx + Ccosx.tgx =
0
sen x
Lembre-se que tgx =
cos x
sen x
−Csenx + Ccosx . 0
=
cos x
−Csenx + Csenx = 0
dy
y′ =
dx
d2y
y′′ = 2
dx
y′ = 2 x
Qual é a função que derivada dá 2x.
Posso escrever da seguinte forma:
∫dy = ∫ 2 xdx
y x2 + C
=
13
Unidade: Equações Diferenciais
dy
= 2x
dx
dy = 2 xdx
Portanto, achamos uma família de soluções que vão se diferenciar uma das outras, conforme
a constante arbitrária C assuma valores diferentes.
dy
p ( y) = q ( x)
dx
O processo para a resolução de uma equação diferencial, utilizando esse método, consiste
em 3 passos:
Exemplo:
Ache a solução da equação diferencial y’= -4xy2, que atenda à condição inicial y(0) = 1.
dy
= −4 xy 2
dx
Colocar o que é x de um lado e y do outro:
dy
2
= −4 x dx
y
14
Próximo passo consiste em integrar os dois lados da função:
dy
∫ y2 = ∫ − 4 x dx
∫y dy = −4 ∫x dx
−2
y −1 x2
= −4 + C
−1 2
1
− = −2 x 2 + C
y
Multiplicando por -1:
1
= 2x 2 − C
y
Essa é a solução geral. Temos que buscar, agora, uma solução específica que atenda à
condição inicial.
y ( 0) = 1
Substituindo:
1
= 2 ( 0) − C
2
1
1 =−C → C =−1
1
= 2 x 2 − ( −1)
y
1
= 2x2 + 1
y
15
Unidade: Equações Diferenciais
Para concluir, basta inverter ambos os membros da equação, para que y fique em função de x:
1
y=
2x2 + 1
Trocando Ideias
Achar as soluções de equações diferenciais exige que saibamos derivar e integcrar funções.
Portanto, faça uma revisão desses assuntos.
Exercício de Aplicação
Ache a solução da equação diferencial y’ = 3x2y, que atenda à condição inicial y(0) = 3.
dy
= 3x 2 y
dx
dy
= 3 x 2 dx
y
dy
∫ y ∫ dx
2
= 3 x
1
∫y ∫ dx
2
dy = 3 x
x3
ln=y 3 +C
3
ln y= x 3 + C
Nosso próximo passo é isolar o y. Para isso, vamos usar a propriedade dos logaritmos:
log B A =C ⇔ B C =A
lny = log e y
16
Retomando. Vou tirar do módulo:
lny= x3 + C
y x3 + C
log e =
3
y = ex +C
Observe que eC é um número (uma constante) que chamarei de C’. Portanto, a solução geral
da ED é:
x3
y = C 'e
Agora, temos que calcular a solução particular que atenda à condição inicial:
y ( 0) = 3
( 0 )3
3 = C 'e
Como qualquer número elevado a zero é um:
C′ = 3
Portanto, a solução particular que atende à condição inicial é:
x3
y = 3' e
O estudo das equações diferenciais é análogo ao do cálculo integral. No cálculo, quando
computamos uma primitiva ou integral indefinida, usamos uma única constante de integração
“C”. Da mesma forma, quando estivermos resolvendo uma equação diferencial de primeira
ordem F(x,y,y’)=0, obteremos uma solução contendo uma única constante arbitrária. Uma
solução que contenha uma constante arbitrária representa um conjunto de soluções ou família
de soluções. Isso significa que uma equação diferencial tem um número infinito de soluções. A
solução que não depende de parâmetros arbitrários é chamada de solução particular.
17
Unidade: Equações Diferenciais
Frequentemente, nos interessamos por problemas em que se busca uma solução que satisfaça
a determinadas condições, que são chamadas de condições iniciais.
O assunto relacionado a equações diferenciais é muito extenso; portanto, vou me fixar na
resolução demais alguns exercícios, envolvendo a técnica de separação de variáveis.
Exercícios de Aplicação:
1. Resolva (1 + x) dy - ydx = 0
Nosso primeiro passo será colocar cada tipo de variável em um membro da equação:
dy dx
=
y 1+ x
dy dx
∫ y ∫ 1+ x
=
1 1
∫ y ∫ 1 + x dx
dy =
ln y = ln 1 + x + C
ln 1+ x + C
y=e
ln 1+ x
y=e .eC
y= 1 + x ec
Como ec é uma constante, vou chamá-la de “C”
y c (1 + x )
=
2. Resolva a equação diferencial:
dy
dx
= (1 + y ) e 2 x
18
• Primeiro passo: separar as variáveis. O que é y fica de um lado o que é x fica do outro lado.
dy
= (1 + y 2 ) e x
dx
dy
2
= e x dx
1+ y
dy
∫ 1 + y 2 = ∫e dx
x
1
∫ 1 + y 2 dy = ∫e dx
x
y ex + C
tg −1 =
π π
y e x + C fornece y como uma função implícita de x. Quando − < e x + C <
A equação tg −1 =
2 2
, é possível explicitar y como uma função de x, calculando a tangente em ambos os lados:
−1
tg(tg= y ) tg ( e x + C )
=y tg ( e x + C )
3. Resolva a equação:
dx
( x + 1) = x ( y 2 + 1)
dy
Seguindo os mesmos passos, começamos separando as variáveis. Vou fazer no passo a passo.
Variável por variável:
dy x ( y + 1)
2
=
dx x +1
x ( y 2 + 1)
dy = dx
x +1
dy x
= dx
y2 +1 x +1
19
Unidade: Equações Diferenciais
dy x
∫ 2
y +1
=∫
x +1
dx
1 1
∫ 1+ y2 dy = ∫ x + 1 xdx
tg −1 y = x − ln x + 1 + C
A Lei de Torricelli diz que se drenarmos um tanque como o da figura 1, a taxa em que a água sai
é uma constante vezes a raiz quadrada da profundidade da água “x”. A constante dependerá do
1
tamanho do buraco da drenagem. No exemplo, vou assumir que o valor da constante seja .
2
Figura 1
Um tanque na forma de um cilindro circular reto, cujo raio mede 5 pés e sua altura 16 pés,
que estava inicialmente cheio de água, está sendo drenado a uma taxa de 0,5 x pés 3 / min.
. Determinar uma fórmula para a profundidade e para a quantidade de água no instante t e
determinar qual o tempo necessário para o tanque ser esvaziado.
20
Solução:
O volume de um cilindro reto é dado por:
V = π r 2h
Portanto, o volume de água no tanque (Figura 1) é:
( 5) x 25π x
2
=V π=
Derivando, obteremos:
dV dx
= 25π
dt dt
dx
25π
−0,5 x =
dt
Temos, agora, o problema do valor inicial, ou seja, a profundidade da água no instante zero
é de dezesseis pés. Temos a seguinte situação:
dx x
= −
dt 50π
x ( 0 ) = 16
O problema foi modelado em uma equação diferencial. É possível resolvê-la pelo método de
separação de variáveis.
1
− 1
x dx = −
2
dt
50π
21
Unidade: Equações Diferenciais
1
− 1
∫x dx=
2
∫− 50π
dt
1
2 x=
− t +C
50π
Achamos uma solução geral. Agora, vamos encontrar uma solução particular que atenda à
condição inicial:
x ( 0 ) = 16
1
2 16 =− 0+C
50π
C =8
1
1 t
2 x=
− t + 8 ou x 2 =
4−
50π 100π
2
t
x 4−
=
100π
O volume é:
V = 25π x
2
t
=V 25π 4 −
100π
22
Material Complementar
Explore
Para aprofundar seus estudos, assista aos seguintes vídeos:
• https://www.youtube.com/watch?v=y36S9e006h8
• https://www.youtube.com/watch?v=F-CAdNrbkRc
• https://www.youtube.com/watch?v=I182ZGNpLzM
23
Unidade: Equações Diferenciais
Referências
DEMANA, Franklin D.; WAITS, Bert K.; FOLEY, Gregory D.; KENNEDY, Daniel. Pré-Cálculo.
2 ed. São Paulo: Pearson, 2013.
THOMAS JR., George B Et Al. Cálculo (de) George B. Thomas Jr. 12 ed. São Paulo:
Addison-Wesley, 2003.
GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Em curso de cálculo. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001-2002.
24
Anotações
25