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Departamento de Matemática
Cálculo 2
Turma J
Módulo 2 - Semana 6
a
1. Equações Diferenciais Ordinárias de 1 ordem
Muitos dos princípios, ou leis, que regem o comportamento do mundo físico são pro-
posições, ou relações, envolvendo a taxa segundo a qual as coisas acontecem. Expressas em
linguagem matemática, as relações são equações e as taxas são derivadas. Equacões contendo
derivadas são equações diferenciais . Uma equação diferencial que descreve algum processo
físico é chamada, muitas vezes, de modelo matemático do processo.
Vamos ver em um exemplo como as equações diferenciais aparecem quando modelamos
um fenômeno físico.
dy
(t) = ky(t), (1)
dt
onde k é a constante de proporcionalidade. Essa equação é um exemplo de uma equação
diferencial, pois contém uma função desconhecida y(t) e sua derivada.
Pensando em uma solução para essa equação, vemos que queremos encontrar uma função
cuja derivada seja uma constante multiplicada por ela própria, e são as funções exponenciais
que têm essa propriedade. De fato, se zermos y(t) = Cekt , onde C é uma constante, obtemos:
dy
(t) = C(kekt ) = k(Cekt ) = ky(t)
dt
Portanto, qualquer função exponencial da forma y(t) = Cekt é uma solução da equação (1).
Veremos mais adiante que não existe outra solução.
1
Porém, essa equação não modela o que acontece de maneira tão real. Muitas populações
começam crescendo exponencialmente, porém o nível da população se estabiliza quando ela se
aproxima da sua população limite L. A equação que incorpora essa ideia é dada pela expressão
dy
(t) = ky(t)[L − y(t)] (2)
dt
Note que L − y(t) se aproxima de 0 quando a população está atingindo seu limite, o que
faz o crescimento se aproximar de 0 também. Essa equação já é mais complicada de resolver e
não iremos resolvê-la agora.
Equações Separáveis
Uma equação separável é uma equação diferencial de primeira ordem na qual a expres-
dy
são para y 0 (x) = pode ser fatorada como uma função de x multiplicada por uma função de
dx
y . Em outras palavras, pode ser escrita na forma
dy
= g(x)f (y)
dx
2
O nome separável vem do fato que conseguimos separar a expressão do lado direito em
uma função de x e uma função de y . Note que se f (y) 6= 0, podemos escrever
dy g(x)
=
dx h(y)
1
onde h(y) = . Para resolver essa equação, a reescrevemos na forma diferencial
f (y)
h(y)dy = g(x)dx
assim, todos os y estão de um lado da equação e todos os x estão do outro lado. Então,
integramos ambos os lados da equação
Z Z
h(y) dy = g(x) dx
Essa equação dene y implicitamente como função de x. Por m, depois de resolver as integrais,
isolamos o y em função de x (quando é possível).
x2
Exemplo 2 Vamos resolver a equação diferencial y (x) = e depois encontrar a solução
0
y2
dessa equação que satisfaz a condição y(0) = 2.
Para resolver essa equação, escrevemos
dy x2
= 2 =⇒ y 2 dy = x2 dx
dx y
Integrando em ambos os lados obtemos:
y3 x3
Z Z
2
y dy = x2 dx =⇒ = +C
3 3
√
y 3 = x3 + 3C =⇒ y =
3
x3 + K
√
3
K = 2 =⇒ K = 8
3
Portanto, a solução do problema de valor inicial é
√
3
y= x3 + 8
Como visto nos exemplos anteriores, muitas vezes, além de encontrar a solução geral de
uma equação diferencial ordinária, estamos interessados em encontrar uma solução particular
que satisfaça uma condição do tipo y(x0 ) = y0 , isso ocorre principalmente em problemas físicos.
Esta condição é chamada condição inicial , e o problema de achar uma solução da equação
diferencial que satisfaça a condição inicial é denominado problema de valor inicial .
Vamos ver agora um problema de mistura, cuja descrição matemática da situação fre-
quentemente leva a uma equação diferencial de primeira ordem separável.
Exemplo 3 Um tanque contém 20 kg de sal dissolvido em 5000 L de água. Uma água salgada
com 0, 03 kg de sal por litro entra no tanque a uma taxa de 25 L/min. A solução é misturada
completamente e sai do tanque à mesma taxa. Qual a quantidade de sal que permanece no
tanque depois de meia hora?
Seja y(t) a quantidade de sal (em quilogramas) depois de t minutos. Note que foi nos dado
y(0) = 20 e queremos encontrar y(30). Para isso, vamos encontrar uma equação diferencial que
dy
seja satisfeita por y(t). Note que é a variação da quantidade de sal, então
dt
dy
= (taxa de entrada) − (taxa de saída) (3)
dt
onde (taxa de entrada) é a taxa no qual o sal entra no tanque e (taxa de saída) é a taxa na
qual o sal deixa o tanque. Temos
kg L kg
taxa de entrada = 0, 03 25 = 0, 75
L min min
Note que o tanque sempre tem 5000 L de líquido, então a concentração de sal no tempo t
y(t)
é (medida em quilogramas por litro). Como a água salgada sai a uma taxa de 25 L/min,
5000
obtemos
y(t) kg L y(t) kg
taxa de saída = 25 =
5000 L min 200 min
Então, da equação (3), temos
4
Resolvendo essa equação diferencial separável, obtemos
150 − y
Z Z
dy dy dt dy dt t
= =⇒ = =⇒ = =⇒ − ln |150 − y| = +C
dt 200 150 − y 200 150 − y 200 200
t
− ln |150 − y| = − ln 130
200
Portanto,
t t −t
ln |150 − y| = − + ln 130 =⇒ |150 − y| = e− 200 eln 130 =⇒ |150 − y| = 130e 200
200
Como y(t) é contínua, y(0) = 20 e o lado direito nunca é zero, deduzimos que 150 − y(t) é
sempre positiva. Então |150 − y| = 150 − y e, assim,
−t
y(t) = 150 − 130e 200
−30
y(30) = 150 − 130e 200 ≈ 38, 1 kg