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EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

Uma equação diferencial é uma equação em que as incógnitas são funções e a equação
envolve derivadas destas funções. Quanto ao tipo uma equação diferencial pode ser
classificada em ordinária ou parcial.
O nosso objetivo são as equações diferenciais ordinárias.

Equações diferenciais ordinárias


Nessas equações as funções incógnitas são funções de somente uma variável e as derivadas
que aparecem são derivadas totais.
Definição 1. Uma equação diferencial ordinária é uma equação da forma
f (x, y, y ′ , . . . , y (n) ) = 0
envolvendo uma função incógnita y = y(x) e suas derivadas ou suas diferenciais, onde x
é a variável independente, y a dependente e o sı́mbolo y n denota a derivada de ordem n
da função y = y(x).
Exemplo 1. O movimento de um pêndulo simples de massa m e comprimento l é descrito
pela equação diferencial
d2 θ g
+ senθ = 0
dt2 l
Exemplo 2. A taxa de desintegração (perda de massa) de uma substância radioativa é
proporcional à massa que fica e descrita pela equação
dx
= −kx
dt
onde x(t) representa a massa existente num instante t e k é uma constante positiva,
caracterı́stica da substância.
Exemplo 3. Um sistema massa-mola composto de um corpo de massa m preso a uma
dx
mola com constante elástica k, sujeita a uma força de resistência Fr = −γv = −γ e
dt
uma força externa Fext (t) = F0 cos(ωt) é descrito pela equação diferencial
d2 x dx
m 2
+γ + kx = F0 cos(ωt)
dt dt
Exemplo 4. Um circuito RC é um circuito que tem um resistor de resistência R, um
capacitor de capacitância C e um gerador que gera uma diferença de potencial V (t) ligados
em série. A carga Q(t) no capacitor é descrita pela equação diferencial
dQ 1
R + Q = V (t)
dt C
2

Classificação das equações diferenciais


As equações são classificadas quanto a ordem, ao grau e a linearidade.

• Quanto à ordem uma equação diferencial pode ser de 1a , 2a , . . . , n−ésima ordem


dependendo da derivada de maior ordem presente na equação.

Exemplo 5.
a) y ′ − 4x = 2 é uma equação de primeira ordem;
a) y ′′ + 3y ′ + 6y = sin x é uma equação de segunda ordem;
c) y ′′′ + 2ex y ′′ + yy ′ = x4 é uma equação de terceira ordem.

• Quanto ao grau uma equação diferencial pode ser de 1o , 2o , . . . , n−ésimo grau. É o


valor do expoente para a derivada de maior ordem presente na equação.

Exemplo 6.
a) y ′′′ + (y ′′ )2 + (y ′ )5 = 0 é uma equação de primeiro grau;
b) x2 (y ′ )2 − (y 2 + x2 ) = 0 é uma equação de segundo grau;
c) (y ′′ )3 + (2y ′ )4 + 3y = cos x é uma equação de terceiro grau.

• Quanto a linearidade uma equação diferencial pode ser linear ou não linear. Ela é
linear se as incógnitas e suas derivadas aparecem de forma linear na equação, caso
contrário ela é dita não linear.

Exemplo 7.
a) y ′′ − yy ′ = x é uma equação linear;
b) y ′′′ + 2ex y ′′ + yy ′ = x4 é uma equação não linear.

Tipos de soluções
Uma solução ou integral de uma equação diferencial ordinária de ordem n num intervalo
I ⊂ R é uma função y = g(x) definida nesse intervalo, juntamente com as suas derivadas,
até à ordem n, que satisfazem identicamente à equação.

• Solução geral ou integral geral: é toda solução que envolva uma ou mais constantes
arbitrárias.

• Solução particular ou integral particular: é toda solução obtida atribuindo valores


às constantes arbitrárias da solução geral.

Exemplo 8. A função y(x) = e−x é uma solução particular da equação y ′ + y = 0.


De fato: seja y ′ (x) = −e−x . Então,

y ′ + y = −e−x + e−x = 0.
3
Exemplo 9. A função y(x) = e−x é uma solução particular da equação

(x − 4)y ′′′ + (x − 2)y ′′ + y ′ − y = 0.

De fato: sejam y ′ (x) = −e−x , y ′′ (x) = e−x e y ′′′ (x) = −e−x . Então,

(x − 4)y ′′′ + (x − 2)y ′′ + y ′ − y = (x + 4)(−e−x ) + (x − 2)e−x − e−x − e−x


= −x/ e−x + 4e−x + x
/ e−x − 2e−x − 2e−x
= 4/e−x − 4/e−x
= 0.
2 1
Exemplo 10. A função y(x) = cos x+ senx+e−2x é uma solução particular da equação
5 5
y ′ + 2y = cos x.
2 1
De fato: seja y ′ (x) = − senx + cos x − 2e−2x . Então,
5 5
( )
′ 2 1 −2x 2 1 −2x
y + 2y = = − senx + cos x − 2e +2 cos x + senx + e
5 5 5 5
2 1 4 2
= − /senx + cos x − 2/e−2x + cos x + /senx + /2e−2x
5 5 5 5
5
= cos x
5
= cos x.

Equações de variáveis separáveis


Definição 2. Uma equação diferencial de variáveis separáveis é uma equação que do tipo

f (x)g(y)dy + p(x)q(y)dx = 0

na qual o coeficiente associado a cada diferencial pode ser fatorado em funções,


dependentes só de x ou só de y.

Método de resolução: a solução geral de uma equação diferencial de variáveis


separáveis é obtida dividindo ambos membros da equação pelo produto f (x)q(y),
chamado de fator integrante, resultando numa equação com as variáveis separadas

g(y) p(x)
dy + dx = 0
q(y) f (x)

cuja primitiva é obtida por integração


∫ ∫
g(y) p(x)
dy + dx = C
q(y) f (x)
4
Exemplo 11. Resolver as equações a seguir.

a) y ′ − y 2 cos 2x = 0.
dy dy dy
Resolução: como − y 2 cos 2x = 0, então = y 2 cos 2x ou 2 = cos 2xdx.
dx dx y
dy
Integrando ambos membros da equação 2 = cos 2xdx, obtemos
y
∫ ∫ ∫ ∫
dy −2
= cos 2xdx =⇒ y dy = cos 2xdx
y2
y −1 sen2x
=⇒ = +C
−1 (2x)′
1 sen2x
=⇒ − = +C
y 2
2
=⇒ y = −
sen2x + 2C
2
=⇒ y = − , onde K = 2C
sen2x + K
b) (1 − x2 )y ′ + 2xy = 0.
dy
Resolução: como (1 − x2 ) + 2xy = 0, então (1 − x2 )dy + 2xydx = 0. Dividindo ambos
dx
membros da última igualdade por (1 − x2 )y, obtemos
dy 2xdx
+ = 0.
y 1 − x2

Integrando ambos membros da equação acima


∫ ∫
dy 2xdx
+ = C =⇒ ln y − ln(1 − x2 ) = ln C
y 1 − x2
( )
y
=⇒ ln = ln C
1 − x2
y
=⇒ =C
1 − x2
=⇒ y = C(1 − x2 )

c) cos2 xdy + senx cos2 ydx = 0.


Resolução: dividindo a equação cos2 xdy + senx cos2 ydx = 0 por cos2 x cos2 y, obtemos
dy senx
+ dx = 0.
cos y cos2 x
2

Integrando ambos membros da última igualdade acima, temos


∫ ∫ ∫ ∫
dy senx 1 senx
2
+ 2
dx = C =⇒ 2
sec ydy + · dx = C
cos y cos x cos x cos x

=⇒ tgy + sec xtgx dx = C

=⇒ tgy + sec x = C
5

Equações diferenciais homogêneas

Uma função g : R2 −→ R tal que z = g(x, y) é dita homogênea de grau p se, para todo
a ∈ N, tem-se

g(ax, ay) = ap g(x, y)

Exemplo 12. A função g(x, y) = x5 + y 5 + x2 y 3 é homogênea de grau 5.


De fato: dado a ∈ N, temos

g(ax, ay) = (ax)5 + (ay)5 + (ax)2 (ay)3


= a5 x5 + a5 y 5 + a2 x2 a3 y 3
= a5 x5 + a5 y 5 + a5 x2 y 3
= a5 (x5 + y 5 + x2 y 3 )
= a5 g(x, y).
( 2) ( 3)
x x
Exemplo 13. A função g(x, y) = cos 2
− sen é homogênea de grau 0.
y y3
De fato: dado a ∈ N, temos
[ ] [ ]
(ax)2 (ax)3
g(ax, ay) = cos − sen
(ay)2 (ay)3
( 2 2) ( 3 3)
/ x
a / x
a
= cos − sen
/2 y 2
a a/3 y 3
( 2) ( 3)
x x
= cos 2
− sen
y y3
[ ( 2) ( 3 )]
x x
= 1 · cos − sen
y2 y3
= a0 g(x, y).

Exemplo 14. A função g(x, y) = xy + x − y não é homogênea.


De fato: dado a ∈ N, temos

g(ax, ay) = (ax)(ay) + (ax) − (ay)


= ax · ay + ax − ay
= a2 (xy) + ax − ay
( x y)
= a xy + −
2
a a
̸= a2 g(x, y).

Definição 3. Uma equação diferencial homogênea é uma equação da forma

p(x, y)dx + q(x, y)dy = 0

onde p(x, y) e q(x, y) são funções homogêneas do mesmo grau.


6
Método de resolução: a solução geral de uma equação diferencial homogência é obtida
fazendo a mudança de variável
y = vx
e diferenciando ambos membros
dy = vdx + xdv
em seguida, substitui-se as igualdades acima na equação original, tornando-a uma equação
com variáveis separadas.
Exemplo 15. Resolver a equação 2xydx + (x2 − y 2 )dy = 0.
Resolução: sejam y = vx e dy = vdx + xdv. Então,
2xydx + (x2 − y 2 )dy = 2x(vx)dx + [x2 − (vx)2 ][vdx + xdv]
= 2vx2 dx + (x2 − v 2 x2 )(vdx + xdv)
= 2vx2 dx + vx2 dx + x3 dv − v 3 x2 dx − v 2 x3 dv
= (3vx2 dx − v 3 x2 dx) + (x3 dv − v 2 x3 dv)
= (3v − v 3 )x2 dx + x3 (1 − v 2 )dv.

Como 2xydx + (x2 − y 2 )dy = (3v − v 3 )x2 dx + x3 (1 − v 2 )dv = 0, então


(3v − v 3 )x2 dx + x3 (1 − v 2 )dv = 0.

Dividino ambos membros da última igualdade acima, pelo fator integrante (3v−v 3 )x3 ,
obtemos
(3v + v 3 )x2 dx x3 (1 − v 2 )dv 0 1 1 − v2
+ = =⇒ dx + dv = 0
(3v − v 3 )x3 (3v − v 3 )x3 (3v − v 3 )x3 x 3v − v 3
que é uma equação diferencial com variáveis separadas.
Integrando ambos membros, temos
∫ ∫
1 1 − v2
dx + dv = C.
x 3v − v 3
| {z }
integração por substituição

du
Fazendo u = 3v − v 3 e derivando u em relação a v, obtemos = (1 − v 2 )dv. Assim,
3
∫ ∫ ∫ du
1 1 − v2 3
dx + dv = ln x +
x 3v − v 3 u

1 du
= ln x +
3 u
1
= ln x + ln u
3
1
= ln x + ln u 3

= ln x 3 u

ln x 3v − v 3 (substituindo o valor de u).
3
=
7
∫ ∫ √
1 1 − v2 √
dv = ln x 3v − v 3 = C, então ln x 3 3v − v 3 = C.
3
Como dx +
x 3v − v 3

y
Note que y = vx =⇒ v = . Assim,
x

√ 3 3y y3
ln x 3v − v 3 = ln x − 3
3

√x x
3 3x y − y
2 3
= ln x 3
√ x
/ 3 3x2 y − y 3
x
= ln ·
/
x x

3 3x y − y
2 3
= ln .
x

Portanto,
√ √ √
3 3x2 y − y 3 3 3x2 y − y 3 3 3x2 y − y 3
ln = C =⇒ = eC =⇒ =K
x x x

onde K = eC .

Exemplo 16. Resolver a equação (y 3 + xy 2 )dx + (x3 + x2 y)dy = 0.


Resolução: sejam y = vx e dy = vdx + xdv. Então,

(y 3 + xy 2 )dx + (x3 + x2 y)dy = [(vx)3 + x(vx)2 ]dx + [x3 + x2 (vx)][vdx + xdv]


= (v 3 x3 + v 2 x3 )dx + vx3 dx + v 2 x3 dx + x4 dv + vx4 dv
= (v 3 x3 + v 2 x3 + v 2 x3 + vx3 )dx + (x4 + vx4 )dv
= (v 3 + 2v 2 + v)x3 dx + x4 (1 + v)dv.

Sendo (v 3 + 2v 2 + v)x4 o fator integrante e como (v 3 + 2v 2 + v)x3 dx + x4 (1 + v)dv = 0,


então

(v 3 + 2v 2 + v)x3 x4 (1 + v) dx (1 + v)dv
3 2 4
dx + 3 2 4
dv = 0 =⇒ + 3 =0
(v + 2v + v)x (v + 2v + v)x x v + 2v 2 + v

que é uma equação com variáveis separadas.


Integrando ambos membros
∫ ∫ ∫
dx (1 + v)dv dv
+ = C =⇒ ln x + = C.
x (v 3 + 2v 2 + v) v(v + 1)
| {z }
integração de função racional

Note que

1 a b a(v + 1) + bv
= + = =⇒ 1 = av + a + bv = (a + v)v + a.
v(v + 1) v v+1 v(v + 1)
8
de onde resulta, pela igualdade de polinômios, o seguinte sistema
{
a+b = 0
a = 1

Substituindo a = 1 na igualdade a + b = 0, obtemos 1 + b = 0 =⇒ b = −1. Daı́,

1 1 1
= −
v(v + 1) v v+1


dv
Resolvendo a integral , obtemos
v(v + 1)
∫ ∫ ( )
dv 1 1
= − dv
v(v + 1) v v+1
∫ ∫
dv dv
= −
v v+1
= ln v − ln(v + 1)
v ( y)
= ln substituindo v =
v+1 x
y
= ln y x
+1
x
y /
x
= ln ·
/ y+x
x
y
= ln ·
y+x
∫ ∫
dv y dv
Substituindo = ln na igualdade ln x + = C, temos
v(v + 1) y+x v(v + 1)

dv y xy
ln x + = ln x + ln = C =⇒ ln =C
v(v + 1) y+x y+x

xy xy xy
Logo, ln = C =⇒ = eC =⇒ = K ou xy = (x + y)K onde
y+x y+x y+x
K = eC .
9

Equações diferenciais exatas


Definição 4. Uma equação diferencial da forma

P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0

é dita exata se as funções P (x, y) e Q(x, y) são contı́nuas e possuem derivadas parciais de
primeira ordem contı́nuas numa bola aberta, R = {(x, y) ∈ R2 ; a < x < b e c < y < d},
tal que

∂P ∂Q
(x, y) = (x, y)
∂y ∂x

Nota: se
∂P ∂Q
(x, y) ̸= (x, y)
∂y ∂x

a equação diferencial, P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0, não é exata.


Neste caso, devemos transformá-la numa equação diferencial exata, mediante a
multiplicação por um fator integrante adequado.

Método de resolução: a solução geral de uma equação diferencial exata é obtida,


conforme os passos a seguir.

• Integre P (x, y) em relação à variável x, substituindo a constante de integração usual


por uma função g na variável y.

F (x, y) = P (x, y)dx = G(x, y) + g(y)

• Derive parcialmente, F (x, y) = G(x, y) + g(y), em relação à variável y e compare


o resultado com Q(x, y), presente na equação diferencial original a ser resolvida, a
∂g(y)
fim de obter a expressão .
∂y

∂F ∂G ∂g(y) ∂g(y) ∂G
(x, y) = (x, y) + = Q(x, y) =⇒ = Q(x, y) − (x, y)
∂y ∂y ∂y ∂y ∂y

∂g(y) ∂G
• Integre = Q(x, y) − (x, y) em relação à variável y, a fim de obter g(y),
∂y ∂y
não sendo necessário incluir a constante de integração, pois a mesma será incluı́da
no passo final da solução.
∫ ∫ ( ) ∫ ( )
∂g(y) ∂G ∂G
dy = Q(x, y) − (x, y) dy ⇒ g(y) = Q(x, y) − (x, y) dy
∂y ∂y ∂y
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• Finalmente, substitua o valor da expressão encontrada de g(y) na igualdade
F (x, y) = G(x, y) + g(y) e faça F (x, y) = C. A solução geral é dada por
∫ ( )
∂G
G(x, y) + Q(x, y) − (x, y) dy = C
∂y

Nota: a solução geral também poder ser obtida integrando-se inicialmente com
relação à variável y.

Exemplo 17. Resolver a equação (x2 + y)dx + (x − y 2 )dy = 0.


Resolução: sejam P (x, y) = x2 + y e Q(x, y) = x − y 2 . Então,

∂P ∂Q
=1 e = 1.
∂y ∂x

∂P ∂Q
Como = , então a equação diferencial é exata.
∂y ∂x
Integrando P (x, y) em relação à variável x e substituindo a constante de integração
usual pela função g na variável y, temos
∫ ∫
1
F (x, y) = P (x, y)dx = (x2 + y)dx =⇒ F (x, y) = x3 + xy + g(y)
3

1
Derivando parcialmente, F (x, y) = x3 + xy + g(y), em relação a y
3
( )
∂F ∂ 1 3 ∂F ∂g
(x, y) = x + xy + g(y) =⇒ (x, y) = x + (y)
∂y ∂y 3 ∂y ∂y

∂F
Fazendo (x, y) = Q(x, y), obtemos
∂y

∂g ∂g ∂g
x+ (y) = x − y 2 =⇒ /−x
(y) = x / − y 2 =⇒ (y) = −y 2
∂y ∂y ∂y

∂g
Integrando (y) = −y 2 em relação a y
∂y
∫ ∫
∂ 1
g(y)dy = (−y 2 )dy =⇒ g(y) = − y 3
∂y 3

1 1
Finalmente, substituindo g(y) = − y 3 na igualdade F (x, y) = x3 + g(y) e fazendo
3 3
F (x, y) = C, a solução geral da equação dada é

1 3 1
x + xy − y 3 = C
3 3
11
Exemplo 18. Resolver a equação (2xey + ex )dx + (x2 + 1)ey dy = 0.
Resolução: sejam P (x, y) = 2xey + ex e Q(x, y) = (x2 + 1)ey . Então,
∂P ∂Q
= 2xey e = 2xey .
∂y ∂x

∂P ∂Q
Como = , então a equação diferencial é exata.
∂y ∂x
Integrando P (x, y) em relação à variável x e substituindo a constante de integração
usual pela função g na variável y, temos
∫ ∫
F (x, y) = P (x, y)dx = (2xey + ex )dx =⇒ F (x, y) = x2 ey + ex + g(y)

Derivando parcialmente, F (x, y) = x2 ey + ex + g(y), em relação a y

∂F ∂ ( 2 y ) ∂F ∂g(y)
(x, y) = x e + ex + g(y) =⇒ (x, y) = x2 ey +
∂y ∂y ∂y ∂y

∂F
Fazendo (x, y) = Q(x, y), obtemos
∂y

∂g(y) ∂g(y) ∂g(y)


x2 ey + = (x2 + 1)ey =⇒ = x2 ey + ey − x2 ey =⇒ = ey
∂y ∂y ∂y

∂g(y)
Integrando = ey em relação a y
∂y
∫ ∫

dy = ey dy =⇒ g(y) = ey
∂y(y)

Finalmente, substituindo g(y) = ey na igualdade F (x, y) = x2 ey + ex + g(y) e fazendo


F (x, y) = C, a solução geral da equação difrencial dada é

(x2 + 1)ey + ex = C

Fator integrante
Definição 5. Uma função v : Ω ⊂ R2 −→ R é um fator integrante da equação diferencial

P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0

se a equação diferencial

v(x, y)P (x, y)dx + v(x, y)Q(x, y)dy = 0

for uma equação diferencial exata.


12

Método para encontrar o fator integrante: uma das condições que devem ser
feitas para que a equação

P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0

admita um fator integrante é que ela só dependa de uma variável.


Suponha que a equação diferencial P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0 não é exata. Neste caso,

• Se
( )
1 ∂Q ∂P
f (x) = (x, y) − (x, y)
Q(x, y) ∂x ∂y
com f contı́nua, então a equação P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0 admitirá o fator
integrante

− f (x)dx
v(x) = e

• Se
( )
1 ∂Q ∂P
g(y) = (x, y) − (x, y)
P (x, y) ∂x ∂y
com g contı́nua, então a equação P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0 admitirá o fator
integrante

g(y)dy
v(y) = e

Nota: após encontrar o fator integrante, o mesmo será multiplicado pela equação
original, tornado-a exata. A partir daı́, a mesma será resolvida seguindo o método de
resolução de uma equação diferencial exata.
Exemplo 19. Resolver a equação (x2 − y 2 )dx + 2xydy = 0.
Resolução: sejam P (x, y) = x2 − y 2 e Q(x, y) = 2xy. Então,
∂P ∂Q
= −2y e = 2y.
∂y ∂x

∂P ∂Q
Como ̸= , então a equação não é exata.
∂y ∂x
Neste caso, encontraremos o fator integrante em relação á variável x. Assim,
( )
1 ∂Q ∂P
f (x) = (x, y) − (x, y)
Q(x, y) ∂x ∂y
1
= [2y − (−2y)]
2xy
4y
=
2xy
2
= ·
x
13
2
Integrando a função, f (x) =
, em relação á variável x, temos
x
∫ ∫ ∫ ∫ ∫
2 dx
f (x)dx = dx =⇒ f (x)dx = 2 =⇒ f (x)dx = 2 ln x
x x

Como f (x)dx = 2 ln x, então

− f (x)dx −2 1
v(x) = e =⇒ v(x) = e−2 ln x =⇒ v(x) = eln x =⇒ v(x) =
x2
que é o fator integrante procurado.
1
Multiplicando o fator integrante pela equação (x2 − y 2 )dx + 2xydy = 0, obtemos
x2
( )
y2 2y
1 − 2 dx + dy = 0
x x
que é uma equação diferencial exata.
y2 2y
Sejam P1 (x, y) = 1 − 2 e Q1 (x, y) = · Assim,
x x
Integrando P1 (x, y) em relação à variável x e substituindo a constante de integração
usual pela função g na variável y, temos
∫ ∫ ( )
y2 y2
F (x, y) = P1 (x, y)dx = 1 − 2 dx =⇒ F (x, y) = x + + g(y)
x x

y2
Derivando parcialmente, F (x, y) = x + + g(y), em relação a y
x
( )
∂F ∂ y2 ∂F 2y ∂g(y)
(x, y) = x+ + g(y) =⇒ (x, y) = +
∂y ∂y x ∂y x ∂y

∂F
Fazendo (x, y) = Q1 (x, y), obtemos
∂y
2y ∂g(y) 2y ∂g(y) 2y 2y ∂g(y)
+ = =⇒ = − =⇒ =0
x ∂y x ∂y x x ∂y

∂g(y)
Integrando = 0 em relação à variável y, temos
∂y
∫ ∫

dy = 0dy =⇒ g(y) = C1
∂y(y)

y2
Finalmente, substituindo g(y) = C1 na igualdade F (x, y) = x + + g(y) e fazendo
x
F (x, y) = C, a solução geral da equação diferencial original é
y2
x+ = K, onde K = C − C1
x
14
Exemplo 20. Resolver a equação (x2 + y 2 + x)dx + xydy = 0.
Resolução: fica como exercı́cio - resp: 3x4 + 4x3 + 6x2 y 2 = C.

Equações diferenciais lineares de primeira ordem


Uma equação diferencial linear de primeira ordem é uma equação que pode ser escrita na
forma

dy
+ p(x)y = q(x)
dx

Exemplo 21. As equações abaixo são lineares de primeira ordem.


dy y
a) − = 0;
dx x
dy
b) = tg2x;
dx
y
c) + 2xy = 1.
dx

Método de resolução: para resolver uma equação diferencial linear de primeira


ordem utilizaremos o método do fator integrante

p(x)dx
v(x) = e

o qual consiste em transformar uma equação diferencial linear numa equação diferencial
exata.
Nota: após encontrar o fator integrante, o mesmo será multiplicado pela equação
original, tornado-a exata. A partir daı́, a mesma será resolvida seguindo o método de
resolução de uma equação diferencial exata.
dy
Exemplo 22. Resolver a equação − ytgx = senx.
dx
Resolução: sejam p(x) = −tgx e q(x) = senx. Então,
∫ ∫ ∫
p(x)dx = (−tgx)dx =⇒ p(x)dx = ln cos x

Assim,

p(x)dx
v(x) = e =⇒ v(x) = eln cos x =⇒ v(x) = cos x

é o fator de integrante procurado.


Note que,
dy
− ytgx = senx =⇒ dy − ytgxdx = senxdx =⇒ (ytgx + senx)dx − dy = 0
dx
15
Multiplicando o fator integrante cos x pela equação (ytgx+senx)dx−dy = 0, obtemos

(ysenx + cos xsenx)dx − cos xdy = 0

que é uma equação diferencial exata.


Sejam P (x, y) = ysenx + cos xsenx e Q(x, y) = − cos x. Assim,
Integrando P (x, y) em relação à variável x e substituindo a constante de integração
usual pela função g na variável y, temos

F (x, y) = P (x, y)dx

= (ysenx + cos xsenx)dx
∫ ∫
= ysenxdx + cos xsenxdx
1
= −y cos x + sen2 x + g(y).
2

1
Derivando parcialmente, F (x, y) = −y cos x + sen2 x + g(y), em relação à variável y,
2
obtemos
[ ]
∂F ∂ 1 2 ∂F ∂g(y)
(x, y) = −y cos x + sen x + g(y) =⇒ (x, y) = − cos x +
∂y ∂y 2 ∂y ∂y

∂F
Fazendo (x, y) = Q(x, y), temos
∂y

∂g(y) ∂g(y) ∂g(y)


− cos x + = − cos x =⇒ = − cos x + cos x =⇒ =0
∂y ∂y ∂y

∂g(y)
Integrando = 0 em relação à variável y, temos
∂y
∫ ∫

dy = 0dy ==⇒ g(y) = C1
∂y(y)

Finalmente, substituindo g(y) = C1 na igualdade


1
F (x, y) = −y cos x + sen2 x + g(y)
2
e fazendo F (x, y) = C, a solução geral da equação diferencial original é
( )
1 2
y = sec x sen x + K , ondeK = C1 − C
2

dy
Exemplo 23. Resolver a equação x3 + (2 − 3x2 )y = x3 .
dx 2
Resolução: fica como exercı́cio - resp: 2y = x3 (1 + Ce1/x ).
16

Equação de Bernoulli
Uma equação diferencial da forma

dy
+ p(x)y = q(x)y n
dx

é chamada equação de Bernoulli, onde n é um número real qualquer.


Para n = 0 e n = 1 a equação de Bernoulli é linear e para outros valores de n ̸= 0
e n ̸= 1, a equação é não linear. Porém, fazendo uma mudança de variável v = y 1−n , a
mesma se transforma numa equação diferencial linear.
Método de resolução: a solução geral de uma equação de Bernoulli para n ̸= 0 e
n ̸= 1 é obtida, conforme os passos a seguir.

dy
• Multiplique y −n pela equação + p(x)y = q(x)y n .
dx

dy
y −n + p(x)y 1−n = q(x)
dx

• Faça v = y 1−n e diferencie implicitamente em relação à variável x.

d dv dy dy dv
(v = y 1−n ) =⇒ = (1 − n)y −n =⇒ y −n =
dx dx dx dx (1 − n)dx

dy dv dy
• Substitua v = y 1−n e y −n = na equação y −n + p(x)y 1−n = q(x).
dx (1 − n)dx dx

dv
+ p(x)v = q(x)
(1 − n)dx

que é uma equação diferencial linear.

Nota: após a equação de Bernoulli se transformar numa equação diferencial linear,


a mesma será resolvida seguindo o seu método de resolução, não esquecendo de substituir
na solução geral v = y 1−n .

Equação de Riccati
Uma equação diferencial da forma

dy
= p(x) + p(x)y + r(x)y 2
dx

é chamada equação de Ricatti.


17
Se r(x) = 0, a equação de Ricatti se transforma numa equação de Bernoulli.
Entretanto, se r(x) ̸= 0, a solução geral é obtida sempre que uma solução particular
y1 = v(x) seja conhecida. No entanto, a mudançã de variáveis

y(x) = u(x) + v(x)

transforma a equação de Ricatti numa equação diferencial linear de primeira ordem em


v.

Equação lineares homogêneas a coeficientes constantes


Definição 6. Uma equação diferencial linear homogênea, de segunda ordem, com
coeficientes constantes é uma equação da forma

d2 y dy
+ b + cy = 0
dx2 dx

onde b e c são números reais.

Método de resolução: para resolver uma equação diferencial linear homogênea,


de segunda ordem, com coeficientes constantes, devemos obter a equação caracterı́stica

λ2 + bλ + c = 0

associada a equação diferencial original, cujas raı́zes são chamadas de autovalores.


Como a equação caracterı́stica é uma equação do segundo grau, ela possui exatamente
duas raı́zes no conjunto dos números complexos. Assim, a solução geral da equação
diferencial original é encontrada, conforme os procedimentos a seguir.

• ∆ > 0 - a equação caracterı́stica têm duas raı́zes reais e distintas: λ1 ̸= λ2 .


Neste caso, as soluções linearmente independentes da equação original são das formas

y1 = eλ1 x e y2 = eλ2 x

cuja solução geral é dada por

y = C1 eλ1 x + C2 eλ2 x

• ∆ = 0 - a equação caracterı́stica tem uma raiz real chamada de raiz dupla: λ1 = λ2 .


Neste caso, as soluções linearmente independentes da equação original são das formas

y1 = eλ1 x e y2 = xeλ1 x

cuja solução geral é dada por

y = C1 eλ1 x + C2 xeλ1 x
18
• ∆ < 0 - a equação caracterı́stica tem uma raı́zes complexas: λ1 = α + βi e
λ2 = α − βi.
Neste caso, as soluções linearmente independentes da equação original são das for-
mas

y1 = eαx cos βx e y1 = eαx senβx

cuja solução geral é dada por

y = C1 eαx cos βx + C2 eαx senβx

Nota: para resolver equações diferenciais homogêneas de ordem n, n > 2, com


coeficientes constantes, devemos obdecer os mesmos procedimentos para as equações de
segunda ordem.
d2 y dy
Exemplo 24. Resolver a equação diferencial 2 − 5 + 6y = 0.
dx dx
Resolução: seja

λ2 − 5λ + 6 = 0

a equação caracterı́stica, cujas raı́zes são λ1 = 2 e λ2 = 3. Assim,

y = C1 e2x + C2 e3x

é a solução geral procurada.


d2 y dy
Exemplo 25. Resolver a equação diferencial 2 − 2 + y = 0.
dx dx
Resolução: seja

λ2 − 2λ + 1 = 0

a equação caracterı́stica, cujas raı́zes são λ1 = λ2 = 1. Assim,

y = C1 ex + C2 xex

é a solução geral procurada.


d2 y dy
Exemplo 26. Resolver a equação diferencial 2 − 2 + 4y = 0.
dx dx
Resolução: seja

λ2 − 2λ + 4 = 0
√ √
a equação caracterı́stica, cujas raı́zes são λ1 = 1 + 3i e λ2 = 1 − 3i. Assim,
√ √
y = C1 ex cos 3x + C2 ex sen 3x

é a solução geral procurada.


19

Equação lineares não-homogêneas a coeficientes constantes


Definição 7. Uma equação diferencial linear não-homogênea, de segunda ordem, com
coeficientes constantes é uma equação da forma

d2 y dy
2
+ b + cy = g(x)
dx dx

onde b e c são números reais e g(x) ̸= 0.

Método de resolução: a solução geral de uma equação diferencial linear


não-homogênea, de segunda ordem, com coeficientes constantes é da forma

y = yh + yp

onde yh é a solução geral da equação diferencial linear homogênea

d2 y dy
+ b + cy = 0
dx2 dx

e yp a solução particular da equação diferencial linear não-homogênea

d2 y dy
2
+ b + cy = g(x)
dx dx

Nota: a solução particular yp da equação diferencial não-homogênea será obtida


pelo método dos coeficientes a determinar.
Método dos coeficientes a determinar: este método consiste em estudar a
função presente no segundo membro da equação diferencial linear não-homogênea,
considerando três casos, a saber.

• Primeiro caso: g(x) é uma função polinomial com coeficientes inteiros de grau p.
Neste caso, a solução particular yp será uma função polinomial de grau (p + q),
onde q é a menor ordem da derivada contida na equação diferencial não-homogênea.
Importante:
– A função y será considerada como derivada de ordem zero.
– Quando a função polinomial g(x) for uma constante ela terá grau zero.

• Segundo caso: g(x) é uma função exponencial da forma eλx .


Neste caso, a solução particular é da forma

yp = Cxα eλx

onde λ é raiz da equação caracterı́stica associada a equação diferencial linear


homogonêna e α é a multiplicidade de λ.
20
• Terceiro caso: g(x) é uma função trigonométrica da forma senβx ou cos βx.
Neste caso, a solução particular é da forma

yp = (C1 cos βx + C2 senβx)xα

onde βi é raiz imaginária da equação caracterı́stica associada a equação diferencial


linear homogonêna e α é a multiplicidade de βi.
d2 y dy
Exemplo 27. Resolver a equação diferencial 2 + 3 + 2y = x2 − 1.
dx dx
Resolução: seja

d2 y dy
+ 3 + 2y = 0
dx2 dx
a equação diferencial linear homogênea associada a equação diferencial dada.
Note que,

λ2 + 3λ + 2 = 0
é a equação caracterı́stica associada a equação diferencial linear homogênea, cujas raı́zes
são λ1 = −1 e λ2 = −2. Assim,

yh = C1 e−x + C2 e−2x
é a solução geral da equação diferencial linear homogênea.
Seja g(x) = x2 − 1 uma função polinomial do segundo grau, e como a derivada de
menor ordem contida na equação diferencial não-homogênea tem grau zero, então yp será
uma função polinomial do segundo grau, isto é, yp = ax2 + bx + c.
Supondo yp a solução particular da equação diferencial não-homogênea, temos

d2 yp dyp
2
+3 + 2yp = g(x)
dx dx

dyp d2 yp
Note que, = 2ax + b e = 2a. Assim,
dx dx
d2 yp dyp
+ 3 + 2yp = 2a + 3(2ax + b) + 2(ax2 + bx + c)
dx2 dx
= 2a + 6ax + 3b + 2ax2 + 2bx + 2c
= 2ax2 + (6a + 2b)x + (2a + 3b + 2c).

d2 yp dyp
Como 2
+3 + 2yp = g(x), então
dx dx
2ax2 + (6a + 2b)x + (2a + 3b + 2c) = x2 − 1

Pela igualdade de polinômios, temos



 2a = 1
6a + 2b = 0

2a + 3b + 2c = −1
21
1 3 5
de onde resultam a = , b = − e c = . Daı́,
2 2 4
1 3 5
yp = x2 − x +
2 2 4
é a solução particular da equação diferencial não-homogênea.
Portanto,
1 3 5
y = yh + yp =⇒ y = C1 e−x + C2 e−2x + x2 − x +
2 2 4
é a solução geral da equação diferencial não-homogênea.
d2 y
Exemplo 28. Resolver a equação diferencial 2 + 2y = e2x .
dx
Resolução: seja

d2 y
+ 2y = 0
dx2
a equação diferencial linear homogênea associada a equação diferencial dada.
Note que,

λ2 + 2 = 0
é a equação√caracterı́stica
√ associada a equação diferencial linear homogênea, cujas raı́zes
são λ1 = − 2i e λ2 = 2i. Assim,
√ √ √ √
yh = e0 (C1 cos 2x + C2 sen 2x) =⇒ yh = C1 cos 2x + C2 sen 2x
é a solução geral da equação diferencial linear homogênea.
Seja g(x) = e2x uma função exponencial, e como α = 0, pois λ = 2 não é raiz da
equação caracterı́stica da equação diferencial homogênea. Então,

yp = Cxα eλx = Cx0 e2x =⇒ yp = Ce2x

Supondo yp a solução particular da equação diferencial não-homogênea, temos

d2 yp
+ 2yp = g(x)
dx2

dyp d2 y p
Note que, = 2Ce2x e = 4Ce2x . Assim,
dx dx
d2 yp 2x 2x 2x d2 yp
+ 2y p = 4Ce + 2Ce Ce =⇒ + 2yp = 6Ce2x
dx2 dx2

d2 yp
Sendo + 2yp = g(x), então
dx2
e2x 1
6Ce2x = e2x =⇒ C = =⇒ C =
6e2x 6
22
Portanto,

1
yp = e2x
6
é a solução particular da equação diferencial não-homogênea.
Como y = yh + yp , então

√ √ 1
y = C1 cos 2x + C2 sen 2x + e2x
6
é a solução geral da equação diferencial não-homogênea.
d2 y dy
Exemplo 29. Resolver a equação diferencial 2 − 6 + 9y = cos 2x.
dx dx
Resolução: seja

d2 y dy
2
− 6 + 9y = 0
dx dx
a equação diferencial linear homogênea associada a equação diferencial dada.
Note que,

λ2 − 6λ + 9 = 0

é a equação caracterı́stica associada a equação diferencial linear homogênea, cujas raı́zes


são λ1 = λ2 = 3. Assim,

yh = C1 e3x + C2 xe3x

é a solução geral da equação diferencial linear homogênea.


Seja g(x) = cos 2x uma função trigonométrica, e como α = 0, pois a equação
caracterı́stica não apresenta raı́z imaginária 2i. Assim,

yp = (C3 cos 2x + C4 sen2x)x0 =⇒ yp = C3 cos 2x + C4 sen2x

Supondo yp a solução particular da equação diferencial não-homogênea, então

d2 yp dyp
− 6 + 9yp = g(x)
dx2 dx

dyp d2 yp
Note que, = −2C3 sen2x + 2C4 cos 2x e = −4C3 cos 2x − 4C4 sen2x. Assim,
dx dx
d2 y p dyp
− 6 + 9yp = −4C3 cos 2x − 4C4 sen2x − 6(−2C3 sen2x + 2C4 cos 2x)
dx2 dx
+ 9(C3 cos 2x + C4 sen2x)
= −4C3 cos 2x − 4C4 sen2x + 12C3 sen2x − 12C4 cos 2x
+ 9C3 cos 2x + 9C4 sen2x
= (5C3 − 12C4 ) cos 2x + (17C3 + 5C4 )sen2x.
23
d2 yp dyp
Como 2
+3 + 2yp = g(x), então
dx dx

(5C3 − 12C4 ) cos 2x + (17C3 + 5C4 )sen2x = cos 2x

Pela igualdade de funções trigonométricas, temos


{
5C3 − 12C4 = 1
17C3 + 5C4 = 0
5 17
de onde resultam C3 = e C4 = − · Daı́,
229 229
5 17
yp = C3 cos 2x + C4 sen2x =⇒ yp = cos 2x − sen2x
229 229
é a solução particular da equação diferencial não-homogênea.
Portanto,

5 17
y = yh + yp =⇒ y = C1 e3x + C2 e3x + cos 2x − sen2x
229 229
é a solução geral da equação diferencial não-homogênea.

Equação de Euler - Cauchy homogênea


Definição 8. Uma equação diferencial linear de Euler-Cauchy homogênea, de segunda
ordem, é uma equação da forma

d2 y dy
ax2 2
+ bx + cy = 0
dx dx
onde a, b e c são números reais, com a ̸= 0.

Nota 1: a equação de Euler-Cauchy é também chamada de equação


equidimensional, pois o expoente de cada coeficiente é igual à ordem da derivada.
Nota 2: para x > 0, mudança de variável v = ln x transforma a equação de
Euler-Cauchy numa equação diferencial linear, de segunda ordem, com coeficientes
constantes.
Método de resolução: para resolver uma equação de Euler-Cauchy homogênea,
de segunda ordem, basta analisar as raı́zes da equação caracterı́stica

aλ2 + (b − a)λ + c = 0

em relação à variável λ, associada a equação diferencial original.


Como a equação caracterı́stica é uma equação do segundo grau, ela possui exatamente
duas raı́zes no conjunto dos números complexos. Assim, a solução geral da equação
diferencial original é encontrada, conforme os procedimentos a seguir.
24
• ∆ > 0 - a equação caracterı́stica têm duas raı́zes reais e distintas: λ1 ̸= λ2 .
Neste caso, as soluções linearmente independentes da equação original são das formas

y1 = xλ1 e y2 = xλ2
cuja solução geral é dada por

y = C1 xλ1 + C2 xλ2

• ∆ = 0 - a equação caracterı́stica tem uma raiz real chamada de raiz dupla: λ1 = λ2 .


Neste caso, as soluções linearmente independentes da equação original são das formas

y1 = xλ1 e y2 = xλ1 ln x
cuja solução geral é dada por

y = C1 xλ1 + C2 xλ1 ln x

• ∆ < 0 - a equação caracterı́stica tem uma raı́zes complexas: λ1 = α + βi e


λ2 = α − βi.
Neste caso, as soluções linearmente independentes da equação original são das
formas
y1 = xα cos(β ln x) e y1 = xα sen(β ln x)

cuja solução geral é dada por

y = xα [C1 cos(β ln x) + C2 sen(β ln x)]

Nota: para resolver equações de Euler-Cauchy homogêneas, de ordem n, n > 2,


devemos obdecer os mesmos procedimentos para as equações de segunda ordem.
d2 y dy
Exemplo 30. Resolver a equação diferencial x2 2 − 2x + 2y = 0.
dx dx
Resolução: sejam a = 1, b = −2 e c = 2. Então,

aλ2 + (b − a)λ + c = λ2 + (−2 − 1)λ + 2 = 0 =⇒ λ2 − 3λ + 2 = 0


é a equação caracterı́stica, cujas raı́zes são λ1 = 1 e λ2 = 2. Assim,

y = C1 x + C2 x2
é a solução geral procurada.
d2 y dy
Exemplo 31. Resolver a equação diferencial x2 2 + 5x + 4y = 0.
dx dx
Resolução: sejam a = 1, b = 5 e c = 4. Então,

aλ2 + (b − a)λ + c = λ2 + (5 − 1)λ + 4 = 0 =⇒ λ2 + 4λ + 4 = 0


é a equação caracterı́stica, cujas raı́zes são λ1 = λ2 = −2. Assim,

y = C1 x−2 + C2 x−2 ln x, com x ̸= 0


é a solução geral procurada.
25
d2 y dy
Exemplo 32. Resolver a equação diferencial x2 2 − x + 5y = 0.
dx dx
Resolução: ejam a = 1, b = −1 e c = 5. Então,

aλ2 + (b − a)λ + c = λ2 + (−1 − 1)λ + 5 = 0 =⇒ λ2 − 2λ + 5 = 0

é a equação caracterı́stica, cujas raı́zes são, cujas raı́zes são λ1 = 1 + 2i e λ2 = 1 − 2i.


Assim,

y = x[C1 cos(2 ln x) + C2 sen(2 ln x)

é a solução geral procurada.

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