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Elementos de equações diferen

iais par iais:

Texto de apoio para Cál ulo III

Paula Carvalho Luís Des alço Alexander Plakhov


2
Conteúdo

1 Equações diferen iais ordinárias: revisão das noções bási as 5


1.1 EDOs de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Equação diferen ial de variáveis separadas . . . . . . . . . . . 6
1.3 Equação diferen ial exata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Equação linear homogénea om oe ientes onstantes . . . . 9
1.5 Equação linear não homogénea om oe ientes onstantes . . 11
1.6 Exer í ios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.7 Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2 Introdução às EDPs 17
2.1 EDPs lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2 Método de primitivação direta . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3 EDPs lineares e quase lineares de primeira ordem 23
3.1 Métodos de resolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1.1 Equação homogénea om oe ientes onstantes . . . . 23
3.1.2 Equação não homogénea ujos oe ientes são funções 25
3.2 Exer í ios sobre EDPs lineares e quase lineares de primeira
ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Exer í ios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4 Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4 Equação da onda 37
4.1 Solução geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2 Problema de valor ini ial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.3 Corda nita presa nas extremidades e om as ondições ini ial
dadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.4 Exer í ios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.5 Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3
4 CONTEÚDO

5 O método de separação das variáveis 51


5.1 Soluções de forma u(x, y) = P X(x)Y (y) . . . . . . . . . . . . . 51
5.2 Soluções de forma u(x, y) = X (x)Y (y) . . . . . . . . . . . 53
5.2.1 Problema de ondução de alor numa barra limitada . 54
i i i

5.2.2 Problema de ondução de alor numa barra innita . . 57


5.2.3 Corda vibrante om as extremidades presas . . . . . . 60
5.3 Exer í ios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.4 Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Capítulo 1
Equações diferen iais ordinárias:
revisão das noções bási as
Conhe imento de té ni as prin ipais de resolução das equações diferen iais
ordinárias (EDOs) é fundamental para o estudo posterior das equações di-
feren iais par iais. Por esta razão, omeçamos o nosso estudo pela revisão
breve de métodos das EDOs.
No nal do apítulo o estudante deve ser apaz de
• Saber resolver EDOs de variáveis separadas e EDOs exatas;

• Saber resolver EDOs lineares, homogéneas e não homogéneas, om o-


e ientes onstantes.
Denição 1.0.1. Chama-se equação diferen ial ordinária (EDO) a uma
equação de forma
F (x, y, y ′, y ′′ , . . . , y (m) ) = 0
que rela iona uma variável independente x, uma função des onhe ida de uma
variável y = y(x) e as suas derivadas y ′ = y ′(x), y ′′ = y ′′ (x), . . . , y (m) =
y (m) (x).
Chama-se ordem de uma EDO à maior ordem da derivada que entra na
equação. Desta forma, a ordem da equação a ima es rita é m.
A família de as soluções duma EDO hama-se
todas solução geral desta
EDO. Uma úni a solução de uma EDO é também hamada solução parti u-
.
lar
Exemplo 1.0.1. A família das funções y = sin x + C, C ∈ R é a solução
geral da equação y ′ = cos x. A função y = sin x + 3 é uma solução parti ulr
desta equação.

5
6 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS: REVIS O DAS NOÇÕES B

1.1 EDOs de primeira ordem


Uma EDO de primeira ordem é, na sua forma geral, dada pela equação
, onde y = y(x) é uma função des onhe ida e y = dy/dx é a
F (x, y, y ′) = 0 ′

sua derivada. EDOs de 1. ordem podem também apare er na forma normal


a


y = f (x, y) ou dx dy
=−
P (x, y)
Q(x, y)
.

A última equação pode ser rees rita usando diferen iais,


P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0.
Exemplo 1.1.1. As EDOs de primeira ordem
sin y + x cos y y ′ = 0 e y ′ = xy 2
podem ser es ritas om o uso de diferen iais na forma
sin y dx + x cos y dy = 0 e dy − xy 2 dx = 0,
respetivamente.

1.2 Equação diferen ial de variáveis separadas


Uma EDO na forma
M(x) dx = N(y) dy ou na forma dx dy
=
M(x)
N(y)
é hamada equação diferen ial de variáveis separadas.
Integrando ambos os membros desta equação em relação às variáveis x e
y , obtém-se Z Z
M(x) dx = N(y) dy.

Exer í io resolvido 1.2.1. Resolver a equação


1
dx + cos y dy = 0.
x2
Solução. Integrando ambos os membros dessa equação, obtém-se
Z Z
1 1
dx + cos y dy = C ⇔ − + sin y − C = 0.
x2 x
Daqui obtemos a solução na forma de uma função x = x(y) que é a inversa
da função y = y(x), 1
x= , C ∈ R.
sin y − C
1.3. EQUAÇ O DIFERENCIAL EXATA 7
Exer í io resolvido 1.2.2. Resolver a equação
y
y′ = .
x2
Solução. Es revemos esta equação na forma de variáveis separadas om
diferen iais e integramos ambas as partes; ao resultado, obtemos
Z Z
dy y dy dx 1 1
= 2 ⇔ = 2 ⇔ dy = dx ⇔
dx x y x y x2
1
⇔ ln |y| = − + k ⇔ |y| = ek e−1/x , k ∈ R.
x
Denotando C = ±e , onde os sinais ” + ” e −” orrespondem aos asos
k

quando y > 0 e y < 0, respetivamente, obtemos a solução


y = Ce−1/x , k ∈ R.

1.3 Equação diferen ial exata


Uma EDO na forma
P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0
hama-se equação diferen ial exata, se existir uma função de duas variáveis Φ
tal que (x, y) = P (x, y) e (x, y) = Q(x, y). Neste aso, a parte esquerda
∂Φ ∂Φ

desta EDO pode ser es rita na forma de diferen ial total de Φ,


∂x ∂y

∂Φ ∂Φ
P (x, y)dx + Q(x, y)dy = dx + dy = dΦ(x, y).
∂x ∂y
A função Φ(x, y) pode ser en ontrada a partir do sistema de equações
 ∂Φ
 ∂x
(x, y) = P (x, y)
 ∂Φ
∂y
(x, y) = Q(x, y).
As soluções gerais da equação diferen ial exata são dadas pela equação im-
plí ita
Φ(x, y) = c, c ∈ R.
Proposição 1.3.1. Se o domínio das funções P e Q é simplesmente onexo1,
então a igualdade
∂P ∂Q
(x, y) = (x, y)
∂y ∂x
1 Uma região D ⊂ R2 hama-se simplesmente onexa se qualquer urva fe hada e simples
totalmente ontida em D ir unda apenas pontos de D.
8 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS: REVIS O DAS NOÇÕES B

é uma ondição ne essária e su iente para que a equação P (x, y)dx+Q(x, y)dy =
0 seja uma equação diferen ial exata.

Exer í io resolvido 1.3.1. Veri ar que a EDO


(2x + 2ye2x )dx + e2x dy = 0

é exata e determinar a solução geral desta equação.


Solução
. Esta equação é exata já que satisfaz as ondições da Proposição
1.3.1. A função Φ(x, y) pro ura-se usando as equações
 ∂Φ
 ∂x
(x, y) = 2x + 2ye2x

∂Φ
= e2x .

∂y
(x, y)

Integrando a segunda equação deste sistema em ordem a y , obtém-se


Z
Φ(x, y) = e2x dy = ye2x + C(x),

onde C(x) é uma onstante arbitrária para ada valor de y , ou seja, uma
função da variável x. Derivando em ordem a x, obtém-se
∂Φ ∂ 
(x, y) = ye2x + C(x) = 2ye2x + C ′ (x).
∂x ∂x
Comparando om a primeira equação do sistema, on lui-se que

2ye2x + C ′ (x) = 2x + 2ye2x ,

donde C ′ (x) = 2x. Assim, obtemos que C(x) = x2 + K, K ∈ R.


Desta forma, a solução geral da EDO exata é dada pela fórmula implí ita

x2 + ye2x = C, C ∈ R,

ou então a solução y = y(x) é dada pela fórmula explí ita

y = −(x2 + C)e−2x , C ∈ R.

Exer í io resolvido 1.3.2. Verique que a EDO


y
dx + (3y 2 + ln x) dy = 0
x
é exata e determinar a solução geral desta equação.
1.4. EQUAÇ O LINEAR HOMOGÉNEA COM COEFICIENTES CONSTANTES 9
Solução. A veri ação do que esta equação é exata é imediato. A função
Φ(x, y) pro ura-se usando as equações
 ∂Φ y
 ∂x (x, y) = x

∂Φ
= 3y 2 + ln x.

∂y
(x, y)

Integrando a primeira equação desse sistema em ordem a x, obtém-se


Z
y
Φ(x, y) = dx = y ln x + C(y),
x
onde C(y) é uma onstante arbitrária para ada valor de x, ou seja, uma
função da variável y . Derivando em ordem a y , obtém-se
∂Φ ∂ 
(x, y) = y ln x + C(y) = ln x + C ′ (y).
∂y ∂y
Comparando om a segunda equação do sistema, on lui-se que ln x+C ′ (y) =
3y 2 + ln x, donde C ′ (y) = 3y 2. Assim, obtemos que C(y) = y 3 + K, K ∈ R.
Desta forma, a solução geral da EDO exata pode ser es rita na forma da
equação implí ita
y ln x + y 3 = C, C ∈ R.

1.4 Equação linear homogénea om oe ientes


onstantes
Uma EDO na forma
(1.1)
an y (n) + an−1 y (n−1) + . . . + a2 y ′′ + a1 y ′ + a0 y = 0,

onde a (i = 1, . . . , n) são números reais, hama-se equação diferen ial linear


homogénea om oe ientes onstantes.
i

A equação algébri a da mesma ordem n e om os mesmos oe ientes,


an λn + an−1 λn−1 + . . . + a2 λ2 + a1 λ + a0 = 0,

hama-se a equação ara terísti a da EDP (1.1).


Sejam λ , λ , . . . , λ ∈ C as raízes da equação ara terísti a. A solução
geral da equação (1.1) é dada pela soma de termos orrespondentes às raízes
1 2 n

λ , do seguinte modo:
(i) A ada raiz real simples λ orresponde um termo da forma
i
i

Ci eλi x .
10 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS: REVIS O DAS NOÇÕES B

(ii) A ada raiz real λ de multipli idade m, m ≥ 2, orresponde uma


soma de m termos da forma
i

(D0 + D1 x + D2 x2 + . . . + Dm−1 xm−1 )eλi x .

(iii) A ada par de raízes omplexas onjugadas simples, λ = α + iβ e


+

= α − iβ , orresponde uma soma de dois termos da forma


s s s
λ−
s s s

(D1 cos(βs x) + D2 sin(βs x))eαs x .

(iv) A ada par de raízes omplexas onjugadas de multipli idade m, m ≥


,
2 λ+
s = αs + iβs e λ = α − iβ , orresponde uma soma de 2m termos da

forma s s s

 
m−1 m−1
(A0 +A1 x+. . .+Am−1 x ) cos(βs x)+(B0 +B1 x+. . .+Bm−1 x ) sin(βs x) eαs x .

Exer í io resolvido 1.4.1. En ontrar a solução geral da EDO


y ′′ + 2y ′ − 3y = 0.

Solução. Esta equação é uma EDO linear homogénea de segunda ordem


om oe ientes onstantes. A sua equação ara terísti a é

λ2 + 2λ − 3 = 0.

As raízes da equação ara terísti a são



−2 ± 4 + 12 −2 ± 4
λ= ⇔ λ= ,
2 2
donde as raízes (reais simples) são λ1 = −3 e λ2 = 1. A raiz λ1 = −3
orresponde ao termo C1 e−3x e a raiz λ2 = 1 orresponde ao termo C2 ex . A
solução geral da equação diferen ial é
y(x) = C1 e−3x + C2 ex , C1 , C2 ∈ R.

Exer í io resolvido 1.4.2. En ontrar a solução geral da EDO


4y (4) + 4y ′′′ + y ′′ = 0.

Solução.Esta equação é uma EDO linear homogénea de 4a ordem om


oe ientes onstantes. A sua equação ara terísti a é
4λ4 + 4λ3 + λ2 = 0.
1.5. EQUAÇ O LINEAR N O HOMOGÉNEA COM COEFICIENTES CONSTANTES 11
Temos

4λ4 + 4λ3 + λ2 = 0 ⇔ λ2 (4λ2 + 4λ + 1) = 0 ⇔ λ2 (2λ + 1)2 = 0.

As raízes desta equação são


1
λ1 = 0 (raiz dupla) e λ2 = − (raiz dupla).
2
A raiz dupla λ1 orresponde à soma de dois termos (C1 +C2 x)e0·x = C1 +C2 x
e a raiz dupla λ2 orresponde à soma de dois termos (C3 + C4 x)e− 2 x . Assim,
1

a solução geral da equação diferen ial é

y(x) = C1 + C2 x + (C3 + C4 x)e−x/2 , C1 , C2 , C3 , C4 ∈ R.

Exer í io resolvido 1.4.3. En ontrar a solução geral da EDO


y ′′ − 2y ′ + 5y = 0.

Solução. A equação ara terísti a desta EDO é λ − 2λ + 5 = 0. A raízes


2

desta equação são omplexas onjugadas simples, λ = 1 + 2i e λ− = 1 − 2i.


+

Logo, a solução geral da equação diferen ial é

y(x) = (A cos(2x) + B sin(2x))ex , A, B ∈ R.

1.5 Equação linear não homogénea om oe-


ientes onstantes
Uma EDO na forma
(1.2)
an y (n) + an−1 y (n−1) + . . . + a2 y ′′ + a1 y ′ + a0 y = f (x),

onde f é uma função não nula, hama-se equação diferen ial linear não ho-
mogénea om oe ientes onstantes.
Para resolver a equação (1.2), pode ser apli ado o hamado método de
Lagrange.
Primeiro, resolvemos a EDO homogénea asso iada à equação (1.2), dada
por
an y (n) + an−1 y (n−1) + . . . + a2 y ′′ + a1 y ′ + a0 y = 0.
Seja
y H = C1 y 1 + C2 y 2 + . . . + Cn y n (1.3)
12 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS: REVIS O DAS NOÇÕES B

a sua solução geral. A seguir, admitimos que as onstantes arbitrárias,


C , C , . . . , C , são funções de x, ou seja, C = C (x), C = C (x), . . . , C =
C (x). Agora pro ura-se a solução geral da equação não homogénea (1.2) na
1 2 n 1 1 2 2 n

forma
n

y = C (x)y + C (x)y + . . . + C (x)y .


1 1 2 2 n n

As funções C (x), i = 1, 2, . . . , n são pro uradas de modo que as suas deri-


vadas satisfaçam o seguinte sistema de n equações lineares om n in ógnitas
i

C (x), C (x), . . . , C (x):



1

2

n


 C1′ (x)y1 + . . . +Cn′ (x)yn =0

.. .. ..

 C1 (x)y1 + . . . +Cn′ (x)yn′ =0
 ′ ′


 (n−2) (n−2)
 C ′ (x)y1 + . . . +Cn′ (x)yn =0
 1′

 (n−1) (n−1)
C1 (x)y1 + . . . +Cn (x)yn

= f (x).
Resolvendo este sistema e integrando as soluções en ontradas C (x), i = ′

1, 2, . . . , n, obtêm-se as expressões C (x) = C (x)dx + C̃ , C̃ ∈ R (i =


R i

1, 2, . . . , n).
i i i i

Exer í io resolvido 1.5.1. Determine a solução geral da EDO não homo-


génea
y ′′ − 2y ′ + y =
ex
x
. (1.4)
Solução
. Em primeiro lugar determinamos a solução geral da equação
homogénea asso iada, y ′′ − 2y ′ + y = 0. A equação ara terísti a orrespon-
dente, λ2 − 2λ + 1 = 0, tem uma raiz dupla, λ = 1, donde a solução geral da
equação homogénea é
y(x) = C1 ex + C2 xex , C1 , C2 ∈ R.
Vamos agora determinar a solução geral da equação não homogénea (1.4)
pelo método de Lagrange. Considera-se y(x) = C1 (x)ex + C2 (x)xex , onde as
funções C1 (x) e C2 (x) satisfazem o sistema

C1′ (x)ex + C2′ (x)xex = 0
ex
C1′ (x)ex + C2′ (x)(xex + ex ) = x
.
Resolvendo este sistema, temos
  
C1′ (x) + xC2′ (x) = 0 C1′ (x) + xC2′ (x) = 0 C1 (x) = −x + K1
1 ⇔ ⇔
C1′ (x) + xC2′ (x) + C2′ (x) = x
C2′ (x) = x1 C2 (x) = ln |x| + K2 ,
om K1 , K2 ∈ R. Daqui on lui-se que a solução geral da equação (1.4) tem
a forma
y = (−x + K1 )ex + (ln |x| + K2 )xex , K1 , K2 ∈ R.
1.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 13
Por vezes uma solução parti ular y da EDO não homogénea (1.2) pode
ser en ontrada por uma substituição direta.
P

(i) Se f (x) é uma onstante, então pro uramos a solução y na forma


y = C, C ∈ R.
P

(ii) Se f (x) é um polinómio e a 6= 0, então pro uramos a solução y na


P

forma y = P (x), onde P (x) é um polinómio de mesmo grau que f (x).


0 P

(iii) Se f (x) = Ce , onde λ não é uma raiz da equação ara terísti a,


P
λx

então pro uramos a solução y na forma y = Ke , K ∈ R. λx

(iv) Se f (x) = (C cos(βx) + C sin(βx))e e α + iβ não é uma raiz


P P
αx

da equação ara terísti a, então pro uramos a solução y na forma y =


1 2

(A cos(βx) + B sin(βx))e , A, B ∈ R.
P P
αx

A solução geral da EDP não homogénea (1.2) é y = y + y , onde y


é uma solução parti ular da EDP (1.2) e y é a solução geral da equação
P H P

homogénea asso iada.


H

1.6 Exer í ios propostos


1. Resolva as seguintes equações diferen iais de variáveis separadas.
(a) y = − ;
′ x
y

(b) y = y cos x;
′ 2

( ) (x + 2)dy − (y − 2)dx = 0;
(d) = e ;
dy x+y

(e) dy = dx;
dx
2

(f) 6x ydx − (x + 1)dy = 0;


x2 +4
2 3

(g) = y tan x.
dy
dx

2. Verique que as seguintes equações são equações diferen iais exatas (ou
reduzem-se a equações exatas) e, a seguir, resolva-as.
(a) (x − y + 1)dy − (x − y − 1)dx = 0;
(b) e dx + (2 − xe )dy = 0;
−y −y

( ) e y dx + (e y − 2y) dy = 0;
2x 2 2x

(d) (2x − y)dx − xdy = 0;


(e) (x cos(2y) − 3)dx − x sin(2y)dy = 0.
2

3. En ontre a solução geral da equação diferen ial dada.


(a) y − y − 2y = 0;
′′ ′
14 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS: REVIS O DAS NOÇÕES B

(b) y + 6y + 13y = 0;
′′ ′

( ) 3y − 2y − 8y = 0;
′′ ′

(d) 4y + 4y + y = 0;
′′ ′

(e) y + 4y + 3y = 0;
(4) ′′

(f) y − y = 0;
(4) ′′

(g) y − 6y + 9y = 0.
(5) (4) ′′′

4. Cal ule, pelo método de variação das onstantes, a solução geral das
seguintes equações diferen iais lineares não homogéneas.
(a) y − 5y + 6y = 13 sin(3x);
′′ ′

(b) y − 3y + 2y = (x + x)e ;
′′ ′ 2 3x

( ) y − y = e ;
′′ −x

(d) y + 2y = 4x + 2.
′′ ′

1.7 Soluções
1. (a) x + y = C, C ∈ R;
2 2

(b) y = − , C ∈ R; 1

( ) y = 2 + C(x + 2), C ∈ R;
sin x+C

(d) e + e = C, C ∈ R;
x −y

(e) y = arctan(x/2) + C, C ∈ R;
(f) y = C(x + 1) , C ∈ R; 3 2

(g) y = , C ∈ R. C
cos x

2. (a) (x − y) + x + y = C, C ∈ R;
1 2

(b) xe + 2y = C, C ∈ R;
2
−y

( ) y e − y = C, C ∈ R;
1 2 2x 2

(d) x − xy = C, C ∈ R;
2
2

(e) x cos(2y) − 3x = C, C ∈ R.
1 2
2

3. (a) y(x) = C e + C e , C , C ∈ R;
1
2x
2
−x
1 2

(b) y(x) = A cos(2x) + B sin(2x) e , A, B ∈ R; −3x

( ) y(x) = C e + C e , C , C ∈ R;1
2x
2
−4x
3
1 2
1.7. SOLUÇÕES 15
(d) y(x) = (C + C x)e , C , C ∈ R;√
1 2
− x2
1 2

(e) y(x) = A cos x + B sin x + A cos( 3x) + B sin(√3x),


A , B , A , B ∈ R;
1 1 2 2
1 1 2 2

(f) y(x) = C + C x + C e + C e , C , C , C , C ∈ R;
1 2 3
x
4
−x
1 2 3 4

(g) y(x) = C + C x + C x + (C + C x)e , C , C , C , C , C


1 2 3
2
4 5
3x
1 2 3 4 5 ∈R .
4. (a) y(x) = (5 cos(3x) − sin(3x)) + C e + C e .
1
6 1
2x
2
3x

(b) y(x) = e ( − x + 1) + C e + C e .
3x x2
1
x
2
2x

( ) y(x) = C e + (C − )e .
2
x x −x
1 2

(d) y(x) = C + C e + x .
2
−2x 2
1 2
16 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS: REVIS O DAS NOÇÕES B
Capítulo 2
Introdução às EDPs
Uma equação diferen ial par ial (EDP) estabele e uma relação fun ional en-
tre derivadas par iais (de várias ordens) de uma função ( hamada função
in ógnita) de várias variáveis. Equações deste género são extremamente im-
portantes para des rição de vários pro essos físi os em meios ontínuos, omo
por exemplo propagação de ondas, propagação e distribuição do alor, deter-
minação de ongurações de equilíbrio de tensão em materiais de onstrução,
et . Neste e nos próximos apítulos estudaremos EDPs de vários tipos e al-
guns métodos para a sua resolução. Veremos algumas equações parti ulares
de grande importân ia na Físi a e Engenharias, omo por exemplo a Equação
de onda e a Equação do alor.
No nal deste apítulo o estudante deve ser apaz de
• Classi ar EDPs (equações lineares e não lineares, a ordem da EDP) e
resolver algumas das equações mais simples usando primitivação direta.
Denição 2.0.1. Chama-se equação diferen ial par ial (EDP) a uma equa-
ção que envolve duas ou mais variáveis independentes x, y, t, . . ., uma função
destas variáveis u = u(x, y, t, . . .) (função des onhe ida) e as suas derivadas
par iais ux, uy , ut , . . . , uxy , utt , . . . , uxyt , . . ., et . Mais pre isamente, hama-
se EDP a uma equação de forma

F (x, y, t, . . . , ux , uy , ut , . . . , uxy , utt , . . . , uxyt , . . . , uyytt , . . .) = 0.

A ordem de uma EDP é a maior ordem das derivadas que entram na


equação.
Observação 2.0.1. Note-se que uma equação diferen ial ordinária (EDO),
ao ontrário de uma EDP, envolve uma função de uma só variável indepen-

17
18 CAPÍTULO 2. INTRODUÇ O ÀS EDPS

dente e as suas derivadas:


F (x, u(x), u′ (x), u′′ (x), . . .) = 0.

Geralmente EDPs são mais difí eis de resolver do que EDOs.


Exemplo 2.0.1. As equações
(a) ux = 0;
(b) ux +uy = cos(x+y) ou, de forma equivalente, ux +uy −cos(x+y) = 0;
( ) u2x + u2y = 1 ou, de forma equivalente, u2x + u2y − 1 = 0
são EDPs de primeira ordem para a função des onhe ida u(x, y).
As equações
(d) x uy + y ux = sin(xy);
(e) utt − uxx + tan(u) = 0;
(f) ut = a2 uxx (equação do alor);
(g) uxx + uyy + uzz = 0 (equação de Lapla e)
são EDPs de segunda ordem para a função des onhe ida u(x, y) no aso (d),
para a função u(x, t) nos asos (e) e (f) e para a função u(x, y, z) no aso
(g).
Denição 2.0.2. Diz-se que a função u = u(x, y, t, . . .) é uma solução de
uma EDP, se substituindo nessa equação u, juntamente om as suas deriva-
das, se obtém uma identidade.
Exemplo 2.0.2. (a) As funções u(x, y) = sin y e u(x, y) = y 3 − 2y + 4 são
soluções da EDP: ux = 0.
(b) A função u(x, y) = 12 sin(x + y) + 10 é uma solução da EDP:
ux + uy = cos(x + y). √
( ) A função u(x, y) = (x + y)/ 2 é uma solução da EDP: u2x + u2y = 1.
(d) A função u(x, t) = ex+a t é uma solução da equação do alor:
2

ut = a2 uxx .
(g) A função u(x, y, z) = x2 + y 2 − 2z 2 é uma solução da equação de
Lapla e, uxx + uyy + uzz = 0.
Denição 2.0.3. Chama-se solução geral de uma EDP à família de todas as
suas soluções. Uma úni a solução duma EDP é também hamada solução
parti ular desta EDP.
Exemplo 2.0.3. A solução geral da EDP ux = 0 é a família de funções
{u(x, y) = φ(y), onde φ : R → R é uma função arbitrária }. (Normalmente
diz-se de maneira mais breve: a solução geral desta EDP é u(x, y) = φ(y),
onde a função φ : R → R é arbitrária) A função u(x, y) = y 2 − 1 é solução
parti ular desta EDP.
2.1. EDPS LINEARES 19
2.1 EDPs lineares
Chama-se EDP linear homogénea a uma equação de forma
Lu = 0,

onde Lu é uma soma nita de forma


Lu = a1 ux + a2 uy + a3 ut + . . . + b11 uxx + b12 uxy
(2.1)
+ b22 uyy + b13 uxt + . . . + c111 uxxx + c112 uxxy + . . . ,

u = u(x, y, t, . . .) é a função in ógnita das variáveis x, t, . . . e a , a , a , b ,


b , b , b , . . . , c , c , . . . são funções onhe idas das mesmas variáveis.
1 2 3 11

Chama-se EDP linear não homogénea a uma equação de forma


12 22 13 111 112

Lu = f,

onde a função onhe ida f não é identi amente nula e Lu é uma soma nita
da mesma forma (2.1).
Diz-se que a EDP é linear om oe ientes onstantes, se as funções
a , a , a , b , b , . . . , c , . . . em (2.1) são onstantes.
A ordem da EDP linear é a maior ordem da derivada de u que se en ontra
1 2 3 11 12 111

na expressão (2.1).
A seguir estão alguns asos parti ulares que vão ser estudados mais tarde.
(a) Uma EDP linear de 1 ordem para a função in ógnita u = u(x, y) tem
a

a forma
a(x, y)u (x, y) + b(x, y)u (x, y) = c(x, y).
x y

Esta equação é homogénea, se c(x, y) = 0, e não homogénea aso ontrário.


(b) Uma EDP da forma
a(x, y)ux (x, y) + b(x, y)uy (x, y) = c(x, y, u)

hama-se equação quase linear de 1 ordem. a

( ) Uma EDP linear homogénea de 2 ordem om oe ientes onstantes


a

para a função in ógnita u = u(x, y) tem a forma


a uxx (x, y) + b uxy (x, y) + c uyy (x, y) + d ux(x, y) + e uy (x, y) + f u(x, y) = 0,

onde a, b, c, d, e, f ∈ R.
Proposição 2.1.1. (Prin ípio de sobreposição) Se as funções u1 , u2 , . . . , um
são soluções de uma EDP linear homogénea
Lu = 0
20 CAPÍTULO 2. INTRODUÇ O ÀS EDPS

e λ1 , λ2 , . . . , λm são números reais, então a função u = λ1 u1 + λ2 u2 + . . . +


λm um também é uma solução dessa EDP.
Por outras palavras,
se Lu1 = 0, Lu2 = 0, . . . , Lum = 0, então L(λ1 u1 +λ2 u2 +. . . λm um ) = 0.
Proposição 2.1.2. Se uP é uma solução parti ular da EDP linear não ho-
mogénea
Lu = f,
e uH é a solução geral da equação homogénea asso iada,
Lu = 0,

então a soma uP + uH é a solução geral da equação não homogénea


Lu = f.

Deixamos a demonstração destas proposições para o leitor.


2.2 Método de primitivação direta
Em alguns asos é possível resolver uma EDP por primitivação direta. Em
outros asos a EDP reduz-se a uma EDO por substituição. Veremos alguns
exemplos.
Exer í io resolvido 2.2.1.
Resolver a equação ux(x, y) = 0.
Primitivando ux em ordem a x, temos u(x, y) = c, onde a onstante de
primitivação c é função arbitrária da variável y , isto é: c = φ(y). Desta
forma, obtemos a solução geral
u(x, y) = φ(y),

onde φ : R → R é uma função arbitrária.


Exer í io resolvido 2.2.2.
Resolver a equação uxy (x, y) = 0.
Primitivando uxy em ordem a x, obtemos
uy = φ(y),
2.2. MÉTODO DE PRIMITIVAÇ O DIRETA 21
onde φ é uma função arbitrária. Agora primitivando ambos os membros desta
equação em ordem a y , obtemos u = Φ(y) + ψ(x), onde Φ é uma primitiva
de φ e ψ é função arbitrária de variável x. Assim, a solução geral é:
u(x, y) = Φ(y) + ψ(x),

onde Φ e ψ são funções arbitrárias diferen iáveis de uma variável.


Exer í io resolvido 2.2.3.
Resolver a equação utt (x, t) = x2 +t.
Primitivando ambos os membros desta equação em ordem a t, obtemos
t2
ut = x2 t + + φ(x),
2
sendo φ uma função arbitrária. Primitivando ambos os membros da equação
obtida em ordem a t, obtemos a solução geral
x2 t2 t3
u(x, t) = + + φ(x) t + ψ(x),
2 6
onde φ e ψ são funções arbitrárias.
Exer í io resolvido 2.2.4.
Resolver a equação uxy (x, y) = 2ux(x, y)−3.
Denotando ux (x, y) = w(x, y), temos
Z Z
dw 1 1
= 2w − 3 ⇔ dw = dy ⇔ ln |2w − 3| = y + c1 (x)
dy 2w − 3 2
3
⇔ |2w−3| = e2y+2c1 (x) ⇔ 2w−3 = ±e2c1 (x) e2y ⇔ w(x, y) = c2 (x)e2y + ,
2
sendo c2 (x) = ± 2 e
1 2c1 (x)
. Assim, temos
3 3x
ux (x, y) = c2 (x)e2y + ⇔ u(x, y) = ϕ(x)e2y + + ψ(y),
2 2
onde ϕ(x) é uma primitiva de c2 (x) e ψ é uma função arbitrária. Como c2
é uma função arbitrária, on luímos que ϕ também é arbitrária. A solução
geral é:
3x
u(x, y) = ϕ(x)e2y + + ψ(y),
2
sendo ϕ e ψ funções arbitrárias.
22 CAPÍTULO 2. INTRODUÇ O ÀS EDPS

Exer í io resolvido 2.2.5.


Resolver a equação uxxy (x, y)+2uxy (x, y)−3uy (x, y) = 0.
Fazendo a substituição uy (x, y) = w(x, y), obtém-se
wxx + 2wx − 3w = 0.

Usando o resultado do Exer í io resolvido 1.4.1, on luímos que a solução


geral desta equação é

w(x, y) = φ1 (y)e−3x + φ2 (y)ex ,

sendo φ1 = φ1 (y) e φ2 = φ2 (y) onstantes em ordem a x. Primitivando


w(x, y) em ordem a y , obtemos

u(x, y) = Φ1 (y)e−3x + Φ2 (y)ex + C,

onde Φ1 (y) e Φ2 (y) são primitivas de φ1 (y) e φ2 (y), respetivamente, e C ∈ R


é uma onstante arbitrária.
Capítulo 3
EDPs lineares e quase lineares de
primeira ordem

3.1 Métodos de resolução


Denição 3.1.1. Uma equação da forma
a(x, y)ux (x, y) + b(x, y)uy (x, y) = c(x, y). (3.1)
é hamada EDPs linear de primeira ordem.
Note-se que as equações (a) e (b) do exemplo 2.0.1 são EDPs lineares de
primeira ordem:
no aso (a), temos a(x, y) = 1, b(x, y) = 0, c(x, y) = 0;
no aso (b), temos a(x, y) = 1, b(x, y) = 1, c(x, y) = cos(x + y).
3.1.1 Equação homogénea om oe ientes onstantes
Vamos primeiro estudar o aso quando os oe ientes a e b são números reais.
Neste aso a equação (3.1) tem a forma
a u (x, y) + b u (x, y) = 0, onde a, b ∈ R e (a, b) 6= (0, 0).
x y (3.2)
Proposição 3.1.1. A solução geral da equação (3.2) tem a forma u(x, y) =
f (bx − ay), onde f : R → R é uma função diferen iável arbitrária.

Demonstração. Vamos dar duas demonstrações desta proposição. Uma de-


monstração é mais intuitiva e utiliza um argumento geométri o e outra é
mais formal.
23
24 CAPÍTULO 3. EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM

1o método (geométri o).

(a, b)
(x0 , y0 ) b

Sejam (x , y ) ∈ R e R a reta que passa por (x , y ) e tem direção (a, b).


2

A função u é onstante em R pois


0 0 0 0

D(a,b) u(x, y) = a ux (x, y) + b uy (x, y) = 0.

Temos
(x, y) ∈ R se e só se x − x0
a
=
y − y0
b
⇔ xb − x0 b = ya − y0 a.

Assim,
se e só se (x, y) ∈ R.
bx − ay = bx0 − ay0
| {z }
k

Logo o valor de u depende apenas do valor de bx − ay, ou seja,


u(x, y) = f (bx − ay).

2o método (analíti o).


Seja u uma solução de (3.2). Vamos mostrar que u é onstante ao longo de
uma reta qualquer om vetor diretor (a, b), ou seja, para todo o (x, y) ∈ R 2

a função φ(t) = u(x + at, y + bt), t ∈ R é onstante e portanto,


u(x, y) = u(x + at, y + bt), para todo o t ∈ R.
Com efeito, usando a regra de derivação de função omposta, temos
d
φ′ (t) = u(x + at, y + bt) = ux (x + at, y + bt) a + uy (x + at, y + bt) b
dt
= a ux (x̃, ỹ) + b uy (x̃, ỹ) = 0, sendo x̃ = x + at, ỹ = y + bt,
logo a função φ(t) é onstante.
Vamos agora onsiderar dois asos: b 6= 0 e b = 0.
3.1. MÉTODOS DE RESOLUÇ O 25
(i) Se b 6= 0, denotamos f (x) = u , 0. A função f é diferen iável, pois
x

f (x) = u , 0 . Para (x, y) ∈ R , tomando τ = − , temos


b
′ 1 ′ x 2 y
b b b
 ay by   bx − ay 
u(x, y) = u(x+aτ, y+bτ ) = u x− , y− =u , 0 = f (bx−ay).
b b b
Desta forma, on lui-se que u(x, y) = f (bx − ay).
(ii) Se b = 0, então temos a 6= 0 (uma vez que (a, b) 6= (0, 0)). Neste aso,
a equação (3.2) tem a forma
a ux (x, y) = 0 ⇔ ux (x, y) = 0.

A solução geral desta equação é u(x, y) = φ(y), onde φ é uma função dife-
ren iável arbitrária. Agora denotando f (t) = φ − , tem-se que
t
a

u(x, y) = φ(y) = f (−ay) = f (bx − ay) (lembra-se que b = 0).

Assim, on luímos que toda a solução da equação (3.2) tem a forma


u(x, y) = f (bx − ay).
Vi e versa, onsidere uma função u da forma u(x, y) = f (bx − ay). Veri-
 amos que
∂ ∂
a ux +b uy = a f (bx−ay)+b f (bx−ay) = af ′ (bx−ay)b+bf ′ (bx−ay)(−a) = 0,
∂x ∂y
logo u é uma solução de (3.2).
3.1.2 Equação não homogénea ujos oe ientes são fun-
ções
Para estudar a equação (3.1) no aso geral, é ne essário primeiro denir a
noção de urva ara terísti a.
Denição 3.1.2. Uma urva parametrizada r(t) = (x(t), y(t)), t ∈ R,
hama-se uma ara terísti a da equação (3.1), se para todo o t ∈ R se veri a

x (t) = a(x(t), y(t)), (3.3)

y (t) = b(x(t), y(t)). (3.4)
Observação 3.1.1. Nota-se que uma urva parametrizada r(t) hama-se
urva integral de um ampo vetorial F , se r (t) = F (r(t)) para todo o t ∈ R.

Assim, se uma urva parametrizada é uma ara terísti a da equação (3.1)


então ela é uma urva integral do ampo vetorial F (x, y) = (a(x, y), b(x, y)).
26 CAPÍTULO 3. EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM

Vamos agora estudar a evolução da função u, sujeita à equação (3.1), ao


longo de uma ara terísti a r(t) = (x(t), y(t)). Para tal, vamos al ular a
derivada total da função omposta u(x(t), y(t)), utilizando a regra da adeia:
d
u(x(t), y(t)) = ux (x(t), y(t)) x′ (t) + uy (x(t), y(t)) y ′(t)
dt
= ux (x(t), y(t)) a(x(t), y(t)) + uy (x(t), y(t)) b(x(t), y(t))
= ux (x, y) a(x, y) + uy (x, y) b(x, y).
De a ordo om (3.1), a parte direita desta equação é igual a c(x(t), y(t)), logo
obtemos a equação
d
dt
u(x(t), y(t)) = c(x(t), y(t)). (3.5)
Tomando em onta as equações (3.3),(3.4),(3.5), on luímos que a urva
parametrizada
s(t) = (x(t), y(t), u(x(t), y(t)))
é uma urva integral do ampo vetorial (a, b, c), isto é:
d d d 
s′ (t) = x(t), y(t), u(x(t), y(t)) = (a(x(t), y(t)), b(x(t), y(t)), c(x(t), y(t))).
dt dt dt
Es revendo formalmente as equações (3.3),(3.4),(3.5):
dx dy du
= a, = b, = c,
dt dt dt

obtemos dt = dxa , dt = dyb , dt = duc , logo


dx
a
=
dy
b
=
du
c
. (3.6)
Estas equações são a base para a resolução da EDP (3.1). Resolvendo
(3.6), obtemos uma família de urvas  urvas integrais da equação (3.6) 
que depende de dois parâmetros c , c , e pode ser expressa na forma geral
por equações
1 2

f (x, y, u) = c , f (x, y, u) = c ,
1 1 2 (3.7)
2

om (c , c ) ∈ R . O grá o da solução geral de (3.1) é omposto das urvas


2

de forma (3.7).
1 2

Observação 3.1.2. As urvas de forma (3.7) são também hamadas ara -


terísti as da equação (3.1).
3.2. EXERCÍCIOS SOBRE EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 27
Na práti a é mais onveniente assumir que toda a superfí ie formada por
urvas de forma (3.7) é uma solução da EDP (3.1). Assim, qualquer família
ontínua de urvas que depende de um parâmetro, por exemplo de forma
c = φ(c ) ou c = ψ(c ), onde φ e ψ são funções arbitrárias, gera uma
solução de (3.1). Esta solução pode ser es rita numa das formas
2 1 1 2

f (x, y, u) = φ(f (x, y, u)) ou f (x, y, u) = ψ(f (x, y, u)).


2 1 1 2

Suponha que é pre iso en ontrar a solução parti ular de (3.1), uma fun-
ção u = u(x, y), ujo grá o ontém uma urva C (que não é uma urva
ara terísti a) denida pelas equações Φ (x, y, u) = 0, Φ (x, y, u) = 0. Mais
geralmente, a solução de (3.1) que pro uramos pode ser es rita omo uma
1 2

equação ( ando u denida impli itamente) que dene a superfí ie formada


por todas as urvas ara terísti as que passam por C , dizemos que é a solução
parti ular que passa pela urva C .
Para obter a solução, pre isamos de en ontrar uma das relações c = φ(c )
ou c = ψ(c ) que determina todas as urvas ara terísti as que passam por
2 1

C . Para tal, formamos o sistema om 4 equações e 5 in ógnitas x, y, u, c , c :


1 2
1 2

f1 (x, y, u) = c1 , f2 (x, y, u) = c2 ,

Φ1 (x, y, u) = 0, Φ2 (x, y, u) = 0.
Resolvendo este sistema, en ontramos a equação on reta c = φ(c ) ou
c = ψ(c ) que determina uma relação entre c e c .
2 1

O fato de a urva C não ser uma urva ara terísti a, garante que o
1 2 1 2

sistema a ima tem uma úni a solução. No aso em que a urva é ara terísti a
o sistema é indeterminado  tem um número innito de soluções.
Uma equação de forma
a(x, y, u)u + b(x, y, u)u = c(x, y, u)
x y (3.8)
hama-se quase linear. O método para obter a solução desta equação é idên-
ti o ao des rito a ima.
3.2 Exer í ios sobre EDPs lineares e quase li-
neares de primeira ordem
Exer í io resolvido 3.2.1. Considere a EDP
ux + uy = 1.
28 CAPÍTULO 3. EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM

1. En ontre a solução geral desta EDP.


2. En ontre a solução parti ular desta EDP ujo grá o ontém a urva
dada pela equações:
(a) x + y = 0, u = 0;
(b) y = 0, u = 1 (ou, na forma equivalente, u(x, 0) = 1 para todo o
y ).

Solução. Temos as equações em diferen iais


dx dy du
= = ,
1 1 1
donde obtemos d(x − y) = 0, d(x − u) = 0. Daqui on luímos que x − y =
.
c1 , x − u = c2
A solução geral obtém-se da equação x−u = φ(x−y) que pode ser es rita
na forma
u = x − φ(x − y).
(a) Temos o sistema 

 x − y = c1 ,

x − u = c2 ,

 x + y = 0,

u = 0.
Resolvendo-o, obtemos a relação entre c e c : c1 = 2c2 , ou seja, x − y =
2(x − u). Daqui obtemos
1 2

x+y
u= .
2
(b) Temos o sistema 

 x − y = c1 ,

x − u = c2 ,

 y = 0,

u = 1.
Resolvendo-o, obtemos a relação entre c e c : c1 −1 = c2 , ou seja, x−y −1 =
x − u. Daqui obtemos
1 2

u = y + 1.

Exer í io resolvido 3.2.2. Considere a EDP


xuy − yux = 0.

1. En ontre a solução geral desta EDP.


3.2. EXERCÍCIOS SOBRE EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 29
2. En ontre a solução parti ular desta EDP ujo grá o ontém a urva
dada pela equações:
(a) x = 0, u = y 2 (ou, na forma equivalente, u(0, y) = y 2 , para todo
o y );
(b) y = 0, u = x4 (ou, na forma equivalente, u(x, 0) = x4 , para todo
o x);
( ) u = 1, x2 + y 2 = 4.
Solução. Temos as equações em diferen iais
dx dy du
= = ,
−y x 0

donde segue que x dx + y dy = 0, du = 0. Daqui obtemos a equação de


ara terísti as 2
x +y =c , u=c .2
1 2(3.9)
A solução geral é:
u = φ(x2 + y 2).
(a) Temos o sistema  2

 x + y 2 = c1 ,

u = c2 ,
 x = 0,


u = y2.
Resolvendo-o, obtemos a relação entre c e c : c1 = c2 . Daqui segue a
resposta:
1 2

u = x2 + y 2 .
(b) Temos o sistema  2

 x + y 2 = c1 ,

u = c2 ,

 y = 0,

u = x4 .
Resolvendo-o, obtemos c 2
1 = c2 . Daqui obtemos a solução
u = (x2 + y 2 )2 .

( ) Veri a-se que a urva de equações u = 1, x +y = 4 é uma ara terís-


2 2

ti a e obtém-se por substituição c = 4, c = 1 na equação de ara terísti as


(3.9). Em onsequên ia, existe uma innidade de soluções.
1 2
30 CAPÍTULO 3. EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM

Com efeito, temos o seguinte sistema


 2

 x + y 2 = c1 ,

u = c2 ,

 u = 1,
 2
x + y 2 = 4.

Resolvendo-o, obtemos c = 4, c = 1. Existe uma innidade de relações


diferentes entre c e c , por exemplo,
1 2
1 2

√ 4
c1 = 4c2 ; c1 = 2c22 ; c1 − = 0;
c2
et .
Exer í io resolvido 3.2.3. Determine a solução geral da equação
ux − uy = 0.

Solução. Temos as equações em diferen iais


dx dy du
= = .
1 −1 0
Daqui resulta que x + y = c , u = c . A solução geral é:
1 2

u = φ(x + y).

Exer í io resolvido 3.2.4. Determine a solução geral da equação


ux + uy = 2u.

Solução. Temos as equações em diferen iais


dx dy du
= = .
1 1 2u
Daqui resulta que x − y = c e 1
du
u
= d(2x) , logo
d(ln |u| − 2x) = 0 ⇒ ln |u| − 2x = k ⇒ |u| = ek e2x .

Denotando c = ±e , obtemos u = c e . Seja c


k 2x
= φ(c1 ) , sendo φ uma
função qualquer. Daqui obtemos a solução geral:
2 2 2

u = φ(x − y)e2x .
3.2. EXERCÍCIOS SOBRE EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 31
Exer í io resolvido 3.2.5. Determine a solução geral da equação
xuy = u.

Solução. Temos as equações em diferen iais


dx dy du
= = .
0 x u
Daqui obtemos que x = c e 1

dy y y
= d(ln |u|) ⇒ − ln |u| = k ⇒ − k = ln |u|
c1 c1 c1
e portanto,
|u| = e−k ey/c1 .
Denotando ±e = c e substituindo c
−k
=x, temos u = c e y/x
.
A solução geral é:
2 1 2

u = φ(x)ey/x .

Exer í io resolvido 3.2.6. Determine a solução geral da equação


uux − yuy = 0.

Solução. Temos as equações em diferen iais


dx dy du
= = .
u −y 0

Daqui segue que dx


u
= −d(ln |y|) e du = 0, logo u = c e1

dx x  x x
+d(ln |y|) = 0 ⇒ d +ln |y| = 0 ⇒ +ln |y| = c2 ⇒ +ln |y| = c2 .
c1 c1 c1 u

A equação φ(c ) = c transforma-se na equação de forma implí ita


1 2

x
φ(u) = + ln |y|.
u
Exer í io resolvido 3.2.7. Determine a solução parti ular da equação
yux = u

ujo grá o ontém a urva x = 2, u = y .


32 CAPÍTULO 3. EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM

Solução. Temos as equações em diferen iais


dx dy du
= = .
y 0 u

Daqui segue que y = c , logo


1
dx
y
= dx
c1
e
dx du x
= = d(ln |u|) ⇒ − ln |u| = c2 .
c1 u c1
Assim, obtemos o sistema


 y = c1 ,
 x − ln |u| = c ,
y 2

 x = 2,

u = y.

Resolvendo-o, obtemos 2
− ln |c1 | = c2 ,
c1
donde 2
−c2
|c1 | = e c1 .
Substituindo os valores c 1 =y ec 2 = x
y
− ln |u| , obtemos
|y| = |u|e
2−x
y , donde |u| = |y|e
x−2
y .

Então a solução tem a forma u = ±ye . Tomando em onta que uma das
x−2

ondições deste problema é u = y, on luímos que o sinal orreto será “ + ”.


y

Logo a solução é: x−2


u = ye y .

Exer í io resolvido 3.2.8. Determine a solução parti ular da equação


xux − yuy = u

ujo grá o ontém a urva y = 1, u = 3x (ou, na forma equivalente,


u(x, 1) = 3x, para todo o x).

Solução. Temos as equações em diferen iais


dx dy du
= = .
x −y u
3.2. EXERCÍCIOS SOBRE EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 33
Resolvendo-a, obtemos u/x = c , xy = c . Usando as ondições da urva,
obtemos o sistema
1 2

u/x = c ,

 1

xy = c2 ,

 y = 1,

u = 3x.
Resolvendo-o em relação a c e c , obtemos c =3 (esta relação não in lui
c ).
1 2 1

Logo a solução é:
2

u = 3x.
Exer í io resolvido 3.2.9. Determine a solução parti ular da equação
yuux + uy = 0

ujo grá o ontém a urva x = 0, u = y 3 (ou, na forma equivalente,


u(0, y) = y 3 , para todo o y ).
Solução. Temos as equações em diferen iais
dx dy du
= = ,
yu 1 0
donde obtemos u = c e 1

dx y2 y2
= dy ⇒ dx = c1 y dy ⇒ x − c1 = c2 ⇒ x − u = c2 .
c1 y 2 2
O sistema resultante é: 
u = c1 ,



x − u y 2/2 = c2 ,

 x = 0,

u = y3.
Resolvendo-o, obtemos y = c , y = −2c , donde c + 2c = 0. Substi-
3 5 5/3

tuindo os valores orrespondentes em vez de c e c , hegamos à solução:


1 2 1 2
1 2

u5/3 − y 2u + 2x = 0.

Exer í io resolvido 3.2.10. En ontre as superfí ies que sejam ortogonais


a todas as superfí ies Sa da família xyz = a, a ∈ R.
Solução. O ampo vetorial gerado por vetores normais às superfí ies S
é dado por
a

n(x, y, z) = (yz, xz, xy).


34CAPÍTULO 3. EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM

Se uma superfí ie é ortogonal a todas as superfí ies S , então os vetores


n(x, y, z) deste ampo são tangentes a ela. Por outras palavras, os vetores
a

n(x, y, z) denem linhas ara terísti as desta superfí ie.


Assim, as equações de ara terísti as são
dx dy dz
= = ⇒ x dx = y dy = z dz.
yz xz xy

Daqui obtemos x 2
− y 2 = c1 , y 2 − z 2 = c2 . A equação geral de superfí ie
ortogonal é:
y 2 − z 2 = φ(x2 − y 2 ).

3.3 Exer í ios propostos


1. En ontrar a solução geral para as seguintes EDPs de primeira ordem
(lineares e quase lineares):
(a) (x + 2y)u − yu = 0.x y

(b) xyu + (x − 2u)u = yu.


x y

( ) e u + y u = ye .
1 x
x
2
y
x

2. En ontrar a solução geral das seguintes EDPs (lineares e quase lineares)


de 1 ordem e en ontrar a solução parti ular dessas EDPs que passa
a

pela urva indi ada:


(a) A EDP linear é xu − 2yu = x + y e a urva é denida pelas 2 2

equações u = x , y = 1.
x y
2

(b) A EDP quase linear é xu − yu = (x − 3y)u e a urva é denida 2

pelas equações yu + 1 = 0, x = 1.
x y

( ) A EDP linear é xu +yu = 2xy e a urva é denida pelas equações


x = y, u = x .
x y
2

(d) A EDP linear é x u +y u = 0 e a urva é denida pelas equações


2
x
2
y
y = 1, u = 1/x.
(e) A EDP quase linear é x yu + yu = u e a urva é denida pelas
2

equações x = y, u = y + 1.
x y
2

(f) A EDP quase linear é 2yu − u = u y e a urva é denida pelas 2

equações x = 2, u = −1.
x y

1O exer í io de di uldade elevada.


3.4. SOLUÇÕES 35
(g) A EDP linear é u + u = 2 e a urva é denida pelas equações
x
1
2y y
x = y, u = x + y.
(h) A EDP linear é yu + xu = 0 e a urva é denida pelas equações
2
x y
y = 1, u = x .
(i) A EDP linear é u + (2e − y)u = 0 e a urva é denida pelas
2 x

equações u = y, x = 0.
x y

3.4 Soluções
1. (a) u = φ(xy + y ), onde φ é uma função arbitrária.
2

(b) A solução é denida pela equação implí ita u = x φ(y − 2x + 4u), 2

onde φ é uma função arbitrária.


( )
x − ln y
u = φ(e−x − 1/y) − ,
e−x − 1/y
onde φ é uma função arbitrária.
2. (a) Solução geral: u = φ(x y) + − ; 2 x2 y2

Solução parti ular: u = (y + 1) + .


2 4
x2 1−y 2

(b) A EDP quase linear é xu − yu = (x − 3y)u e a urva é denida


2 4
2

pelas equações yu + 1 = 0, x = 1.
x y

( ) A EDP quase linear é uu − xyu = 2xu e a urva é denida pelas


equações x + y = 2, yu = 1.
x y

(d) A EDP linear é xu +yu = 2xy e a urva é denida pelas equações


x = y, u = x .
x y
2

(e) A EDP linear é x u +y u = 0 e a urva é denida pelas equações


2
x
2
y
y = 1, u = 1/x.
(f) A EDP quase linear é x yu + yu = u e a urva é denida pelas
2

equações x = y, u = y + 1.
x y
2

(g) A EDP quase linear é 2yu − u = u y e a urva é denida pelas 2

equações x = 2, u = −1.
x y

(h) A EDP linear é u + u = 2 e a urva é denida pelas equações


x
1
2y y
x = y, u = x + y.
(i) A EDP linear é yu + xu = 0 e a urva é denida pelas equações
x y
y = 1, u = x2 .
2O exer í io de di uldade elevada.
36 CAPÍTULO 3. EDPS LINEARES E QUASE LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM

(j) A EDP linear é u + (2e


3 x
− y)uy = 0 e a urva é denida pelas
equações u = y, x = 0.
x

3O exer í io de di uldade elevada.


Capítulo 4
Equação da onda
A equação da onda, também onhe ida omo equação de orda, tem a forma:
u =a u ,
tt
2
xx (4.1)
onde a é uma onstante positiva.
Esta equação utiliza-se para a des rição de vários pro essos físi os.
Exemplo 4.0.1. A equação (4.1) des reve vibrações de uma orda om a
amplitude de vibração relativamente pequena. A variável x é a oordenada
ao longo da orda, t indi a o instante do tempo e u(x, t) é a deslo amento
transversal da orda no ponto x e no instante t.
Exemplo 4.0.2. A equação para a função in ógnita u de 4 variáveis
utt = a2 (uxx + uyy + uzz ),

também hamada a equação de onda, utiliza-se para a des rição da propaga-


ção de som no ar. Aqui u(x, y, z, t) é designada a variação da densidade do
ar no ponto (x, y, z) no instante t.

4.1 Solução geral


Para obter a solução geral da equação (4.1), pode-se usar dois métodos.
1o método.
A equação (4.1) pode ser es rita na forma simbóli a:
h ∂ 2  ∂ 2 i
utt − a2 uxx = 0 ⇔ − a2 u = 0,
∂t ∂x
onde se usam a notações ∂
∂x
u = ux , ∂
∂t
u = ut .
37
38 CAPÍTULO 4. EQUAÇ O DA ONDA

Note-se que os operadores e são omutativos,



∂x

∂t

∂ ∂ ∂ ∂
uxt = utx ⇔ u= u,
∂x ∂t ∂t ∂x
portanto
∂ ∂  ∂ ∂  h ∂ 2 ∂ ∂ ∂ ∂  ∂ 2 i h ∂ 2  ∂ 2 i
−a +a u= −a +a −a2 u= −a2 u,
∂t ∂x ∂t ∂x ∂t ∂x ∂t ∂t ∂x ∂x ∂t ∂x
logo a equação (4.1) pode ser es rita na forma
∂ ∂  ∂ ∂ 
−a +a u = 0.
∂t ∂x ∂t ∂x
Os operadores fatores desta equação podem ser on retizados assim:
o primeiro operador: v 7→ ∂t∂ − a ∂x∂ v = v − a v
 
t x

e o segundo operador:
∂ ∂ 
u 7→ +a u = ut + a ux .
∂t ∂x
Desta forma, a equação (4.1) pode ser es rita na forma do sistema de duas
equações de primeira ordem para as funções in ógnitas u e v:

ut + a ux = v,
vt − a vx = 0.

A equação v −a v = 0 é uma EDP linear de primeira ordem om oe ientes


onstantes. A solução geral dela é v(x, t) = h(x + at), onde h é uma fun-
t x

ção diferen iável arbitrária de uma variável. Resta então resolver a equação
ompleta
u + a u = h(x + at).
t x (4.2)
Esta equação é uma EDP linear não homogénea de primeira ordem om
oe ientes onstantes. É fá il veri ar que a função
1
uP (x, t) = H(x + at),
2a
sendo H uma primitiva de h, é uma solução parti ular desta equação. A
solução geral da equação homogénea asso iada, u + a u = 0, é t x

uH (x, t) = g(x − at),

onde g é uma função diferen iável arbitrária de uma variável.


4.1. SOLUÇ O GERAL 39
A solução geral da equação ompleta (4.2) é
1
u(x, y) = uP (x, t) + uH (x, t) = H(x + at) + g(x − at).
2a
Denotando f (x) = 1
2a
H(x) , obtemos a solução geral na forma
u(x, y) = f (x + at) + g(x − at),

onde f e g são duas funções arbitrárias que admitem segunda derivada.


2o método.
Vamos pro urar a solução na forma u(x, y) = w(ξ(x, y), η(x, y)), onde
ξ(x, y) = x + at, η(x, y) = x − at

e desta forma, ξ = 1, ξt = a, ηx = 1, ηt = −a .
Temos
x

ux = wξ ξx + wη ηx = wξ + wη .
Entende-se que ambas as funções w e w nesta fórmula são funções ompos-
tas, w = w (ξ(x, y), η(x, y)) e w = w (ξ(x, y), η(x, y)).
ξ η

Derivando a equação resultante em ordem a x, obtemos


ξ ξ η η

uxx = (wξ + wη )ξ ξx + (wξ + wη )η ηx = (wξ + wη )ξ + (wξ + wη )η

= wξξ + 2wξη + wηη .


De modo análogo, temos
ut = wξ ξt + wη ηt = a wξ − a wη ;

utt = (a wξ − a wη )ξ ξx + (a wξ − a wη )η ηx = a(a wξ − a wη )ξ − a(a wξ − a wη )η


= a2 (wξξ − 2wξη + wηη ).
Desta forma,
utt − a2 uxx = −4a2 wξη
e a equação u tt − a2 uxx = 0 é equivalente à equação
wξη = 0.

Primitivando ambos os membros desta equação em ordem a η, obtemos


wξ = h(ξ),
40 CAPÍTULO 4. EQUAÇ O DA ONDA

onde h : R → R é uma função arbitrária. Primitivando de novo ambos os


membros da equação resultante em ordem a ξ, hegamos à equação
w = f (ξ) + g(η),

onde g é uma função qualquer de uma variável e f e uma primitiva de h (e


portanto também é uma função diferen iável qualquer). Assim, hegamos à
mesma fórmula que no 1 método,
o

u(x, t) = w(x + at, x − at) = f (x + at) + g(x − at). (4.3)


Observação 4.1.1. Em termos físi os, a solução geral (4.3) da equação
(4.1) pode ser interpretada omo a sobreposição de duas ondas que estão a
mover om a velo idade a, uma à direita e outra à esquerda.

4.2 Problema de valor ini ial


Considere o problema  2
utt = a uxx
(4.4)

u(x, 0) = φ(x)

u (x, 0) = ψ(x),
t

onde φ(x) e ψ(x) são funções onhe idas. Desta forma, a função u e a sua
derivada par ial u são onhe idas para t = 0 e para todo o x ∈ R.
Este problema tem a interpretação seguinte. Imagine que onseguimos
t

medir a onguração e a velo idade transversal da orda no instante ini ial


t = 0. É pre iso des rever a evolução da orda para t > 0.

Proposição 4.2.1. A solução do problema (4.4) é dada pela fórmula


Z x+at
1 1
u(x, t) = (φ(x − at) + φ(x + at)) + ψ(s) ds.
2 2a x−at

Demonstração. Sabemos que a solução geral da equação da onda tem a forma


(4.3). Substituindo t = 0 nesta equação, temos u(x, 0) = f (x) + g(x) e
atendendo à segunda equação em (4.4), obtém-se
f (x) + g(x) = φ(x). (4.5)
Por outro lado, derivando ambos os membros de (4.3) em ordem a t, tem-se
que
ut (x, t) = a f ′ (x + at) − a g ′ (x − at)
4.2. PROBLEMA DE VALOR INICIAL 41
e substituindo t = 0 nesta equação, obtemos u (x, 0) = a f (x) − a g (x).
′ ′

Atendendo à ter eira equação em (4.4),  a


t

a f ′ (x) − a g ′(x) = ψ(x).


Primitivando ambos os membros desta relação e dividindo por a, obtemos
1
f (x) − g(x) = Ψ(x),
a
(4.6)
onde Ψ é uma primitiva de ψ, Ψ(x) = R ψ(s) ds + c, c ∈ R. Tomando a
x

soma e a diferença das relações (4.5) e (4.6), membro a membro, obtemos


0

2f (x) = φ(x) + Ψ(x) e 2g(x) = φ(x) − Ψ(x)


1 1
a a
e, atendendo à fórmula (4.3), on lui-se que
u(x, t) = f (x + at) + g(x − at)
1 1 1
= (φ(x + at) + φ(x − at)) + Ψ(x + at) − Ψ(x − at)
2 2a a
Z x+at
1 1
= (φ(x + at) + φ(x − at)) + ψ(s) ds.
2 2a x−at

Exer í io resolvido 4.2.1. Determine a evolução da orda de velo idade


a = 2, uja posição no instante ini ial t = 0 é u(x, 0) = 1
1+x4
e a velo idade
ini ial é nula, ut (x, 0) = 0.
Solução. Atendendo à Proposição 4.2.1, temos
1 1 1 
u(x, t) = + .
2 1 + (x + 2t)4 1 + (x − 2t)4
Exer í io resolvido 4.2.2. Determine a evolução da orda de velo idade
a > 0, uja posição no instante ini ial t = 0 é u(x, 0) = sin x e a velo idade
ini ial é ut (x, 0) = a cos x.
Solução. Atendendo à Proposição 4.2.1, temos
Z x+at
1 1
u(x, t) = (sin(x + at) + sin(x − at)) + a cos s ds
2 2a x−at

1 1 ix+at
= (sin(x + at) + sin(x − at)) + sin s
2 2 x−at
1 1
= (sin(x + at) + sin(x − at)) + (sin(x + at) − sin(x − at))
2 2
= sin(x + at).
42 CAPÍTULO 4. EQUAÇ O DA ONDA

Exer í io resolvido 4.2.3. Considere uma orda innita de velo idade a.


Sabendo que a onguração da onda nos instantes t = 0 e t = 1 é nula,
u(x, 0) = 0, ∀x ∈ R e u(x, 1) = 0, ∀x ∈ R,

prove que a onguração é periódi a om o período 2a em qualquer instante


do tempo. Por outras palavras, prove que para todo o t ∈ R veri a-se
u(x + 2a, t) = u(x, t), ∀x ∈ R.

Solução. A solução geral é u(x, t) = f (x + at) + g(x − at), portanto,


u(x, 0) = f (x) + g(x) e u(x, 1) = f (x + a) + g(x − a). Desta forma, temos
f (x) + g(x) = 0, ∀x ∈ R,

f (x + a) + g(x − a) = 0, ∀x ∈ R.
Denotando y = x−a na segunda equação, obtemos f (y+2a)+g(y) = 0, ∀y ∈
R e, substituindo x em vez y , obtemos

f (x + 2a) + g(x) = 0, ∀x ∈ R.

Logo f (x + 2a) = −g(x) = f (x), ∀x ∈ R. Analogamente, demonstra-se que


g(x + 2a) = g(x), ∀x ∈ R. Logo,

u(x + 2a, t) = f (x + 2a + at) + g(x + 2a − at) = f (x + at) + g(x − at) = u(x, t).

Exer í io resolvido 4.2.4. Suponha que o valor u e o de live ux da onda


são registados no ponto x = 0 e desta forma, as funções
u(0, t) = φ(t), ux (0, t) = ψ(t),

são onhe idos. Sabendo que a = 1, determine a solução u(x, t).


Derivando ambos os membros da fórmula (4.3) em ordem a x
Solução.
e tomando em onta que a = 1, obtemos u = f (x + t) + g (x − t). Deste
′ ′

modo, temos
x

f (t) + g(−t) = φ(t), f ′ (t) + g ′(−t) = ψ(t).

Primitivando ambos os membros da segunda equação, obtemos


f (t) − g(−t) = Ψ(t),

onde Ψ(x) = R 0
x
ψ(s) ds + c, c ∈ R é uma primitiva de ψ. Daqui obtemos
1  1 
f (t) = φ(t) + Ψ(t) , g(−t) = φ(t) − Ψ(t)
2 2
4.2. PROBLEMA DE VALOR INICIAL 43
e, portanto, a solução tem a forma
1  1 
u(x, t) = f (x + t) + g(x − t) = φ(x + t) + Ψ(x + t) + φ(t − x) − Ψ(t − x)
2 2
1  1 
= φ(x + t) + φ(t − x) + Ψ(x + t) − Ψ(t − x)
2 2Z
1  1 t+x
= φ(t + x) + φ(t − x) + ψ(s) ds.
2 2 t−x
Exer í io resolvido 4.2.5. Considere uma onda2 na reta sujeita à equação
utt = uxx . Suponha que u(x, t) oin ide om e−x quando x = t e quando
x = −t. Determine a solução u(x, t).
Solução. Sabemos que u(x, x) = e e u(x, −x) = e . Usando a
−x2 −x2

fórmula geral u(x, t) = f (x + t) + g(x − t) e substituindo su essivamente


x = t e x = −t, obtemos
2 2
f (2x) + g(0) = e−x , f (0) + g(2x) = e−x ,

donde 2 /4
f (x) = e−x − g(0),
−x2 /4
g(x) = e − f (0),
logo
2 /4 2 /4
u(x, t) = f (x + t) + g(x − t) = e−(x+t) + e−(x−t) − f (0) − g(0).

Tomando em onta que u(0, 0) = f (0) + g(0), obtemos


2 /4 2 /4
u(x, t) = f (x + t) + g(x − t) = e−(x+t) + e−(x−t) − u(0, 0)

e substituindo nesta equação x = 0, t = 0, obtemos u(0, 0) = 1 + 1 − u(0, 0).


Desta forma, u(0, 0) = 1 e
2 /4 2 /4
u(x, t) = e−(x+t) + e−(x−t) − 1.

Exer í io resolvido 4.2.6. Considere a equação de onda utt = uxx na


semirreta x ≥ 0 om o tempo positivo, t ≥ 0. As ondições ini iais om
t = 0, e as ondições de fronteira om x = 0 são dadas de a ordo om

u(x, 0) = e−x , ut (x, 0) = 0 para x ≥ 0;


u(0, t) = cosh t para t ≥ 0.

(Repare que cosh t = et +e−t


2
. ) Determine a solução u(x, t).
44 CAPÍTULO 4. EQUAÇ O DA ONDA

Solução. Usando as fórmulas gerais u(x, t) = f (x+t)+g(x−t), u (x, t) =


f (x + t) − g (x − t), on luímos que
t
′ ′

f (x) + g(x) = e para x ≥ 0;


−x


f (x) − g (x) = 0′
para x ≥ 0;
f (t) + g(−t) = cosh t para t ≥ 0.

Da segunda equação on luimos que f (x) − g(x) = c, c ∈ R e usando a


primeira equação, obtemos
1
f (x) = e + ,
2
c
2
−x 1
g(x) = e − ,
2
c
2
−x
para x ≥ 0.
Usando a ter eira equação, temos
para t ≥ 0,
t
1 c
−t e +e −t
e + + g(−t) = ,
2 2 2
donde g(−t) = e − (t ≥ 0), e fazendo a substituição x = −t, obtemos
1
2
t c
2

1
g(x) = e −
2
c
2
−x
para x ≤ 0.
Assim, g(x) = e − para todo o x ∈ R e a solução u(x, t) para x ≥
1 −x c

0, t ≥ 0 é
2 2

1 −(x+t) c 1 −(x−t) c
u(x, t) = f (x + t) + g(x − t) = e + + e − = e−x cosh t.
2 2 2 2

4.3 Corda nita presa nas extremidades e om


as ondições ini ial dadas
Considere uma orda elásti a de omprimento L, presa nas extremidades e
vibrando em um plano verti al; u(x, t) é o deslo amento verti al da orda
no ponto x no instante t. O movimento da orda pode ser modelado pelas
equações: 

utt = a2 uxx , x ∈]0, L[, t > 0

(4.7)

u(0, t) = 0 = u(L, t), t≥0

u(x, 0) = φ(x), x ∈ [0, L]


ut (x, 0) = ψ(x), x ∈ [0, L],
onde φ e ψ são funções dadas e a, L são onstantes positivas. As ondições
u(0, t) = 0 = u(L, t), t ≥ 0 são ondições laterais e elas signi am que a
4.3. CORDA FINITA PRESA NAS EXTREMIDADES E COM AS CONDIÇÕES INICIAL DADAS 4
orda está presa nas extremidades x = 0 e x = L. As duas últimas ondições
u(x, 0) = φ(x), u (x, 0) = ψ(x) são ondições ini iais, sendo φ : [0, L] → R
e ψ : [0, L] → R funções referentes à posição ini ial e à velo idade ini ial da
t

orda. Estas funções satisfazem as ondições:


φ(0) = 0 = φ(L), ψ(0) = 0 = ψ(L).
O pro edimento para obter a solução é o seguinte. Estendemos as funções
φ e ψ a todo o R de modo a obter funções ímpares e periódi as om período
2L (que denotamos por mesmas letras φ e ψ ) e pro uramos a solução u
estendida para todo o x ∈ R e t ≥ 0. A solução deste problema estendido
será
(4.8)
Z x+at
1  1
u(x, t) = φ(x + at) + φ(x − at) + ψ(s) ds.
2 2a
Vamos agora veri ar que as ondições de fronteira também são satisfeitas.
x−at

Temos 1  1
Z at
u(0, t) = φ(at) + φ(−at) + ψ(s) ds
2 2a
e φ é uma função ímpar, portanto φ(at) + φ(−at) = 0. A função ψ também é
−at

ímparR e o integral de uma função ímpar sobre um intervalo simétri o é nulo;


logo ψ(s) ds = 0. Assim, on luímos que u(0, t) = 0 para todo o t.
at

Agora temos
−at

Z L+at
1  1
u(L, t) = φ(L + at) + φ(L − at) + ψ(s) ds.
2 2a L−at

Atendendo a que φ(x) é periódi a om o período 2π e ímpar, tem-se que


φ(L − at) = φ(−L − at) e portanto,
φ(L + at) + φ(L − at) = φ(L + at) + φ(−L − at) = 0.
Atendendo a que a função ψ é periódi a om o período 2L, on lui-se que
Z L Z −L
ψ(s) ds = ψ(s) ds,
L−at

logo
−L−at

Z L+at Z L Z L+at
ψ(s) ds = ψ(s) ds + ψ(s) ds
L−at L−at L
Z −L Z L+at
= ψ(s) ds + ψ(s) ds = 0,
−L−at L

pois o intervalo de integração [−L − at, −L] ∪ [L, L + at] é simétri o em


relação a 0 e a função ψ é ímpar. Logo u(L, t) = 0 para todo o t.
46 CAPÍTULO 4. EQUAÇ O DA ONDA

Exer í io resolvido 4.3.1. Resolve o problema de movimento de orda




utt = 4uxx , x ∈]0, π[, t > 0

u(0, t) = 0 = u(π, t), t≥0
u(x, 0) = sin x,
 x ∈ [0, π]


ut (x, 0) = 4 sin 2x, x ∈ [0, π].

Solução. As ondições ini iais são determinadas pelas funções


φ : [0, π] → R, φ(x) = sin x e ψ : [0, π] → R, ψ(x) = 4 sin 2x.

As extensões de φ e ψ para R são denidas pelas mesmas fórmulas: φ(x) =


sin x, x ∈ R, ψ(x) = 4 sin 2x, x ∈ R. Veri a-se que estas funções são
ímpares e periódi as om o período 2π. Utilizando a fórmula (4.8) e sabendo
que a = 2, obtemos a solução do problema:
Z x+2t
1  1
u(x, t) = sin(x + 2t) + sin(x − 2t) + 4 sin 2s ds
2 4 x−2t

1 ix+2t
= sin x cos 2t − cos 2s = sin x cos 2t + sin 2x sin 4t.
2 x−2t

Exer í io resolvido 4.3.2. Considere uma orda presa nas suas extremi-
dades, ou seja, u(x, t) = 0 quando x = 0 ou x = L. Entende-se que a
velo idade da propagação de onda ao longo da orda, a, é dada. Suponha que
a onguração ini ial da orda é

2x, se 0 ≤ x ≤ L/2
u(x, 0) =
2L − 2x, se L/2 ≤ x ≤ L

e a velo idade ini ial da orda é nula. Determine a onguração da orda


u(x, t), x ∈ [0, L] nos instantes t1 = L/(2a) e t2 = L/a.

Utilize a representação grá a.


Sugestão.

Solução. Temos no nosso aso φ(x) =


2x, se 0 ≤ x ≤ L/2 e
2L − 2x, se L/2 ≤ x ≤ L
ψ(x) = 0. Estendemos a função φ para toda a R omo a uma função ímpar
4.4. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 47
e 2L-periódi a (ver a gura).
y = φ(x + L/2) y y = φ(x − L/2)

0 L
b

A solução da equação de onda u = a2 uxx , para estas ondições ini iais,


é u(x, t) = Para temos
tt
1 1
2
φ(x + at) + φ(x − at).
2
t1 = L/(2a)

1 1
u(x, t1 ) = φ(x + L/2) + φ(x − L/2),
2 2
e para t 2 = L/a , temos
1 1
u(x, t2 ) = φ(x + L) + φ(x − L).
2 2

y = φ(x + L/2) y y = φ(x − L/2)

0 L
b

Do grá o vê-se que as funções y = φ(x + L/2) e y = φ(x − L/2) são


simétri as, φ(x + L/2) = −φ(x − L/2), portanto u(x, t ) = φ(x + L/2) +
1
1
1
2
φ(x − L/2) = 0.
2
Por outro lado, pode-se veri ar que ambas as funções φ(x+L) e φ(x−L)
são simétri as a φ(x), ou seja, φ(x + L) = φ(x − L) = −φ(x). Logo u(x, t ) =
1
2

2
φ(x + L) + 21 φ(x − L) = −φ(x).

4.4 Exer í ios propostos


1. Determine a solução da equação da orda no intervalo [0, L] om as
extremidades da orda xas, u(0, t) = u(L, t) = 0 para t ≥ 0. As
48 CAPÍTULO 4. EQUAÇ O DA ONDA

ondições ini iais u(x, 0) e u (x, 0), o omprimento do intervalo L e o


oe iente a (que determina a velo idade de propagação da onda) são
t

denidas em baixo.
(a) L = 2, a = 1, u(x, 0) = 5 sin (πx) − sin (2πx), u (x, 0) = 0.
3 1
2
5
t

(b) L = π, a = 2, u(x, 0) = 0, u (x, 0) = sin x − 6 sin 3x.


t

( ) L = π, a = 1, u(x, 0) = sin x, u (x, 0) = sin x.


t

2. Considere a equação de onda no intervalo [0, 3]:




utt (x, t) = uxx , x ∈ [0, 3], t ≥ 0

u(0, t) = u(3, t) = 0, t≥0


u(x, 0) = 0, x ∈ [0, 3],


 
0, se x ∈ [0, 1[∪]2, 3]
se

ut (x, 0) =

2, x ∈ [1, 2].

Trata-se, então, de uma orda de omprimento L = 3, presa nas suas


extremidades. Ini ialmente a orda está em repouso e no instante t = 0
a parte da orda no intervalo [1, 2] omeça a deslo ar-se om a velo i-
dade transversal 2.

 x, se x ∈ [0, 1[
(a) Prove que u(x, 1) =  1, se x ∈ [1, 2] .
3 − x, se x ∈]2, 3]
(b) Determine u(x, 1/2) e u(x, 2). Faça os grá os das funções u(x, 1/2),
u(x, 1) e u(x, 2).
( ) Prove que u(x, 3) = 0 para todo o x, ou seja, no instante t = 3
a orda torna-se um segmento horizontal, sem qualquer deslo a-
mento.
3. Determine a solução do problema da dinâmi a da orda innita
1
utt (x, t) = uxx (x, t), x ∈ R, t ≥ 0
4
om as ondições ini iais
2 2
u(x, 0) = e−x , ut (x, 0) = xe−x .
4.5. SOLUÇÕES 49
4.5 Soluções
1. (a) u(x, t) = sin (πx + πt) + sin (πx − πt) − sin (2πx + 2πt) +
5
5
2
3 3 1
4
5

sin (2πx − 2πt) .


(b) u(x, t) = sin x sin 2t − sin 3x sin 6t.
1

( ) u(x, t) = sin x(cos t + sin t).


2

2. (a) 
(b)

 0, se x ∈ [0, 1/2] ∪ [5/2, 3]
u(x, 1/2) = x − 1/2, se x ∈ [1/2, 3/2] ,
5/2 − x, se x ∈ [3/2, 5/2]


 x, se x ∈ [0, 1[
u(x, 2) = 1, se x ∈ [1, 2] .
3 − x, se x ∈]2, 3]

Veri ou-se, então, que u(x, 2) = u(x, 1).


y y
y = u(x, 1) = u(x, 2) y = u(x, 1/2)
1 b
1 b

0 1 b

2
b

3
b

x 0 1
b

2
b

3
b

( ) 
3. u(x, t) = e −(x− 2t )2
.
50 CAPÍTULO 4. EQUAÇ O DA ONDA
Capítulo 5
O método de separação das
variáveis

5.1 Soluções de forma u(x, y) = X(x)Y (y)


Por vezes pode-se en ontrar algumas das soluções duma EDP na forma de
produto de duas funções des onhe idas, em que uma delas é função de x e
outra de y: u(x, y) = X(x)Y (y).
Vamos onsiderar exemplos on retos.
Exer í io resolvido 5.1.1. Utilizando o método de separação das variáveis,
determine possíveis soluções da equação
ux (x, y) + uy (x, y) = u(x, y).

Solução. Seja u(x, t) = X(x)T (t); então a equação toma a forma


X ′ (x)Y (y) + X(x)Y ′ (y) = X(x)Y (y).

Dividindo ambos os membros desta equação por X(x)Y (y), obtemos


X ′ (x) Y ′ (y) X ′ (x) Y ′ (y)
+ =1 ⇒ =1− .
X(x) Y (y) X(x) Y (y)
A expressão na parte esquerda da última equação depende apenas de x e a
expressão na parte direita depende apenas de y, logo ambos os termos devem
ser iguais a uma onstante, digamos k.
Obtemos então duas equações diferen iais ordinárias:
X ′ (x)
=k ⇒ X(x) = c1 ekx ,
X(x)

51
52 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS

Y ′ (y) Y ′ (y)
1− =k ⇒ = 1−k ⇒ Y (y) = c2 e(1−k)y .
Y (y) Y (y)
Desta forma, para ada par de valores reais e temos uma solução de forma
k c
u(x, y) = cekx+(1−k)y .
Repare que a equação original é linear e homogénea; isto impli a que a
soma de soluções é também uma solução. Portanto para qualquer onjunto
de números reais c , k , . . . , c , k , a função
1 1 m m

u(x, y) = c1 ek1 x+(1−k1 )y + . . . + cm ekm x+(1−km )y


é uma solução.
Exer í io resolvido 5.1.2. Resolva o sistema de equações usando o método
de separação de variáveis:

7 ux(x, y) + 3 uy (x, y) = 0,
u(x, 0) = 5e−x .
Solução. Pro uramos a solução u na forma u(x, y) = X(x)Y (y), logo
ux = X (x)Y (y), u = X(x)Y (y). Então

y

7ux + 3uy = 7X ′ (x)Y (y) + 3X(x)Y ′ (y) = 0.


Logo
7X ′ (x) 3Y ′ (y)
=− .
X(x) Y (y)
Como é função somente da variável x e − da variável y, ada
7X ′ (x) 3Y ′ (y)

termo da última igualdade deve ser uma onstante, digamos k, dita onstante
X(x) Y (y)

de separação.
Obtemos então duas equações diferen iais ordinárias
7X ′ (x) k
=k ⇒ X(x) = c1 e 7 x ,
X(x)
3Y ′ (y) k
− =k ⇒ Y (y) = c2 e− 3 y .
Y (y)
Assim, k
x − k3 y k k
u(x, y) = X(x)Y (y) = c e c e 1 7
2 = c e 7 x− 3 y .
Apli ando a ondição u(x, 0) = 5e , obtemos: −x

k
c e 7 x = 5e−x ⇒ c = 5, k/7 = −1.

A solução pro urada é u(x, y) = 5e −x+ 37 y


.
5.2. SOLUÇÕES DE FORMA U(X, Y ) =
P
I XI (X)YI (Y ) 53
5.2 Soluções de forma u(x, y) =
P
i Xi (x)Yi(y)
É bastanteP omum pro urar soluções de uma EDP linear na forma de soma
u(x, y) = X (x)Y (y), nita ou innita. Se pretendemos resolver uma
EDP linear homogénea para a função in ógnita u = u(x, y)
i i i

Lu = 0

om a ondição ini ial de forma


u(x, 0) = f1 (x) + . . . + fm (x),

onde ada função f (x) tem uma das formas ae , a cos(bx), a sin(bx), por
bx

vezes é possível resolver m problemas


i


Lu = 0,
u(x, 0) = fi (x), i = 1, . . . , m

na forma de variáveis separadas u (x, y) = X (x)Y (y). Neste aso a solução


do problema original será
i i i

u(x, y) = u1 (x, y) + . . . + um (x, y).

Considere um exemplo.
Exer í io resolvido 5.2.1. Resolva o problema

uy (x, y) − ux (x, y) = 2x u(x, y),
u(0, y) = −2 sinh y.

Solução. A ondição ini ial pode ser es rita do seguinte modo:


u(0, y) = −2 sinh y = −ey + e−y .

Vamos então resolver dois problemas ujas ondições ini iais são (i) u(0, y) =
−ey e (ii) u(0, y) = e , nomeadamente,
−y

Problema (i): u (x, y) − u (x, y) = 2x u(x, y), u(0, y) = −e ;


y x
y

Problema (ii): u (x, y) − u (x, y) = 2x u(x, y), u(0, y) = e .


y x
−y

Vamos pro urar a solução do problema (i) na forma de variáveis separadas


u(x, y) = X(x)Y (y). O problema toma então a forma

X(x)Y ′ (y) − X ′ (x)Y (y) = 2xX(x)Y (y), X(0)Y (y) = −ey ,


54 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS

donde obtemos Y ′ (y) X ′ (x)


− = 2x ⇒
Y (y) X(x)
Y ′ (y) X ′ (x)
⇒ = 2x + .
Y (y) X(x)
A parte esquerda nesta última equação depende apenas de y e a parte direita
depende apenas de x, logo ambos os membros são iguais a uma onstante,
digamos k.
Temos Y (y) ′
=k ⇒ Y (y) = c1 eky ,
Y (y)
X ′ (x)
2x + =k ⇒ (ln X(x))′ = k − 2x ⇒ ln X(x) = c2 + kx − x2
X(x)
2
⇒ X(x) = c3 ekx−x .
Temos 1 1
Y (y) = − ey = − ey ,
X(0) c3
donde c 1 = − c13 e k = 1. Assim, a solução do problema (i) é
2 2
u1(x, y) = c1 ey · c3 ex−x = −ey+x−x .

A resolução do problema (ii) é semelhante e é deixada para o leitor.


Obtém-se que k = −1 e a solução é
2
u2 (x, y) = e−y−x−x ,

portanto,
2 2 2
u(x, y) = −ey+x−x + e−y−x−x = −2e−x sinh(x + y).

5.2.1 Problema de ondução de alor numa barra limi-


tada
Considere um problema de ondução de alor da forma

 ut (x, t) = a2 uxx (x, t), t > 0, a < x < b;
u(a, t) = 0 = u(b, t);

u(x, 0) = [α1 sin(ω1 x) + β1 cos(ω1 x)] + . . . + [αm sin(ωm x) + βm cos(ωm x)].
5.2. SOLUÇÕES DE FORMA U(X, Y ) =
P
I 55
XI (X)YI (Y )

Entende-se que todos os termos α sin(ω x) + β cos(ω x) satisfazem as


ondições de fronteira:
i i i i

αi sin(ωi a) + βi cos(ωi a) = 0 = αi sin(ωi b) + βi cos(ωi b).

Devemos resolver, em separado, todos os problemas par iais



 ut = a2 uxx , t > 0, a < x < b;
u(a, t) = 0 = u(b, t);

u(x, 0) = [αi sin(ωi x) + βi cos(ωi x)],

, pro urando as soluções orrespondentes u na forma do produto


i = 1, . . . m
. A soma das soluções obtidas, u(x, t) = u (x, t) + . . . +
i
ui (x, t) = Xi (x)Ti (t)
, será a solução do problema original.
1
um (x, t)
Exer í io resolvido 5.2.2. Resolver o problema de ondução de alor tran-
siente numa pla a


 ut (x, t) = 2uxx (x, t), t > 0, 0 < x < 3;

u(0, t) = 0 = u(3, t);
u(x, 0) = 5 sin(4πx) − 3 sin(8πx) + 2 sin(10πx);
é limitada para todos os e



u(x, t) x t.

Solução. Consideramos separadamente 3 problemas ujas ondições ini-


iais são iguais a (i) 5 sin(4πx), (ii) −3 sin(8πx), (iii) 2 sin(10πx). Nomeada-
mente, o primeiro problema é


 ut (x, t) = 2uxx (x, t), t > 0, 0 < x < 3;

u(0, t) = 0 = u(3, t);
(i)
u(x, 0) = 5 sin(4πx)
é limitada para todos os x e t,



u(x, t)

o segundo problema é


 ut (x, t) = 2uxx (x, t), t > 0, 0 < x < 3;

u(0, t) = 0 = u(3, t);
(ii)
u(x, 0) = −3 sin(8πx)
é limitada para todos os e



u(x, t) x t

e o ter eiro problema é




 ut (x, t) = 2uxx (x, t), t > 0, 0 < x < 3;

u(0, t) = 0 = u(3, t);
(iii)
 u(x, 0) = 2 sin(10πx)


u(x, t) é limitada para todos os e
x t.
56 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS

Pro uramos a solução do problema (i) na forma u(x, t) = X(x)T (t). Te-
mos u = X (x)T (t) ⇒ u = X (x)T (t), u = X(x)T (t), logo
x

xx
′′
t

T ′ (t) X ′′ (x)
ut (x, t) = 2uxx (x, t) ⇒ X(x)T ′ (t) = 2X ′′ (x)T (t) ⇒ = = k.
2T (t) X(x)

Da equação diferen ial ordinária T ′ (t)


2T (t)
=k obtemos
T ′ (t)
= k ⇒ T ′ − 2k T = 0 ⇒ T (t) = ce2kt .
2T (t)

Con luímos daqui que k ≤ 0; aso ontrário, a função u não é limitada.


Portanto podemos denotar k = −λ om λ ≥ 0. 2

A equação diferen ial ordinária = k tem então a forma:


X ′′ (x)
X(x)

X ′′ (x)
= −λ2 ⇒ X ′′ + λ2 X = 0 ⇒ X(x) = c1 cos(λx) + c2 sin(λx).
X(x)

Assim, 2 
u(x, t) = X(x)T (t) = ce−2λ t c1 cos(λx) + c2 sin(λx)

e, onsiderando
a = cc1 , b = cc2 , es revemos
2 
u(x, t) = e−2λ t a cos(λx) + b sin(λx) .

Agora apli ando as ondições de ontorno, obtemos


2
u(0, t) = a e−2λ t = 0 ⇒ a = 0,

e para b 6= 0,
2 nπ
u(3, t) = 0 ⇒ e−2λ t b sin(3λ) = 0 ⇒ 3λ = πn ⇒ λ = , n ∈ Z.
3
Assim, obtemos a solução de forma
(5.1)
2n2 π 2 t
 nπx 
u(x, t) = b e− 9 sin .
3
A ondição ini ial do problema (i) é u (x, 0) = 5 sin(4πx). Substituindo t = 0
em (5.1), obtém-se que b = 5 e n = 12, logo a solução desse problema é
1

2
u1 (x, t) = 5e−32π t sin(4πx).

Resolvendo o problema (ii) de mesma maneira, hegamos para a mesma


equação (5.1). A ondição ini ial desse problema é u(x, 0) = −3 sin(8πx).
5.2. SOLUÇÕES DE FORMA U(X, Y ) =
P
I 57
XI (X)YI (Y )

Substituindo t = 0 em (5.1), obtém-se que b = −3 e n = 24 e a solução do


problema (ii) é −128π 2 t
u (x, t) = −3e
2 sin(8πx).
Finalmente, resolvendo o problema (iii), obtemos novamente a equação
(5.1). Como a ondição ini ial deste problema é u (x, 0) = 2 sin(10πx), temos
b = 2 e n = 30 e, portanto, a solução do problema (iii) é
3

2
u3 (x, t) = 2e−200π t sin(10πx).
Somando as soluções dos problemas (i), (ii), (iii), obtemos a solução do
problema original:
u(x, t) = u1(x, t) + u2 (x, t) + u3 (x, t)
−32π 2 t 2 2
= 5e sin(4πx) − 3e−128π t sin(8πx) + 2e−200π t sin(10πx).

5.2.2 Problema de ondução de alor numa barra in-


nita
Considere um problema de propagação de alor de forma

ut (x, t) = uxx (x, t), t > 0, x ∈ R;
u(x, t) = [α1 sin(ω1 x) + β1 cos(ω1 x)] + . . . + [αm sin(ωm x) + βm cos(ωm x)].
Devemos resolver, separadamente, os problemas par iais
ut (x, t) = uxx (x, t), t > 0, x ∈ R
u(x, t) = αi sin(ωi x) + βi cos(ωi x),
om i = 1, . . . m. Suponha que u (x, t), . . . , u (x, t) são soluções destes pro-
blemas; então a soma u(x, t) = u (x, t) + . . . + u (x, t) é a solução do nosso
1 m

problema original.
1 m

Exer í io resolvido 5.2.3. Utilize o método de separação das variáveis para


resolver o problema de propagação de alor numa barra innita

 ut = uxx , t > 0, x ∈ R
u(x, 0) = 2 sin x − cos(2x)

u(x, t) é limitada no seu domínio t > 0, x ∈ R.
Solução. Considere separadamente dois problemas ujas ondições ini iais
são iguais a (i) u(x, 0) = 2 sin x e (ii) u(x, 0) = − cos(2x). Nomeadamente, o
primeiro problema

é:
 ut = uxx , t > 0, x ∈ R
(i) u(x, 0) = 2 sin x

u(x, t) é limitada no seu domínio t > 0, x ∈ R
58 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS

e o segundo problema é

 ut = uxx , t > 0, x ∈ R
(ii) u(x, 0) = − cos(2x)

u(x, t) é limitada no seu domínio t > 0, x ∈ R.
Pro uramos a solução do problema (i) na forma om variáveis separadas
u(x, t) = X(x)T (t). A equação do alor u = u toma a forma
t xx

T ′ (t) X ′′ (x)
X(x)T ′ (t) = X ′′ (x)T (t) ⇒ = = k.
T (t) X(x)
Obtemos então duas equações diferen iais ordinárias

T = kT e X (x) = k X(x). ′′

A ondição que a função resultante u é limitada signi a que k ≤ 0. Deno-


tando k = −λ om λ ≥ 0, temos
2

−λ2 t
T (t) = c e e X(x) = c cos(λx) + c sin(λx).
1 2

Assim, u(x, t) = X(x)T (t) = ce c cos(λx) + c sin(λx). Sejam a =


−λ2 t

cc , b = cc ; então temos
1 2
1 2

u(x, t) = e

−λ2 t

a cos(λx) + b sin(λx) . (5.2)
Apli ando a ondição ini ial u(x, 0) = 2 sin x, obtém-se que a = 0, b =
1, λ = 1 e a solução do problema (i) é

u1 (x, t) = 2e−t sin x.

Pro uramos a solução do problema (ii) de mesma maneira, hegamos à


mesma equação (5.2). Apli ando agora a ondição ini ial u (x, 0) = − cos(2x),
obtemos b = 0, λ = 2, a = −2 e a solução do problema (ii) é
2

u2 (x, t) = −e−4t cos(2x).

A solução pro urada é a soma das soluções obtidas para (i) e (ii):
u(x, t) = u1 (x, t) + u2 (x, t) = 2e−t sin x − e−4t cos(2x).

Exer í io resolvido 5.2.4. Resolva, usando o método de separação das


variáveis, o seguinte problema da orda

 utt = uxx , t > 0, −1 < x < 1
u(−1, t) = 0 = u(1, t)

u(x, 0) = sin(πx), ut (x, 0) = 0.
5.2. SOLUÇÕES DE FORMA U(X, Y ) = 59 P
I XI (X)YI (Y )

Solução. Considere a representação u(x, t) = X(x)T (t). A equação de


orda u = u toma a forma
tt xx

T ′′ (t) X ′′ (x)
X(x)T ′ (t) = X ′′ (x)T (t) ⇒ = =k
T (t) X(x)
⇒ T ′′ (t) = kT (t), X ′′ (x) = kX(x).
Vamos provar que para toda a solução não nula u(x, t) = X(x)T (t), tem-se
que k < 0. Com efeito, se k > 0, então a equação X (x) = k X(x) tem a ′′

solução geral √
kx

− kx
X(x) = c e +c e 1 2

e as ondições de fronteira u(−1, 0) = 0 = u(1, 0) impli am que


u(−1, t) = X(−1)T (t) = 0 ∀t ⇒ X(−1) = 0
e
u(1, t) = X(1)T (t) = 0 ∀t ⇒ X(1) = 0.
Portanto
X(−1) = c1 e−

k
+ c2 e

k
=0 e X(1) = c1 e

k
+ c2 e−

k
= 0,
donde, on lui-se fa ilmente, que c = 0, c = 0 e a solução é identi amente
nula.
1 2

Por outro lado, se k = 0, então obtemos a equação X (x) = 0, que tem a ′′

solução geral X(x) = c +c x. As ondições X(−1) = 0, X(1) = 0 impli am,


novamente, que c = 0, c = 0 e a solução é identi amente nula.
1 2

Deste modo,  a provado que k < 0. Denotemos k = −λ om λ ≥ 0. A


1 2
2

equação X (x) = −λ X(x) tem a solução geral


′′ 2

X(x) = c1 cos(λx) + c2 sin(λx).


e a equação T (t) = −λ T (t) tem a solução geral
′′ 2

T (t) = b1 cos(λt) + b2 sin(λt).


Apli ando as ondições ini iais, obtemos
u(x, 0) = X(x)T (0) = b1 (c1 cos(λx) + c2 sin(λx)) = sin(πx),
donde b c
1 2 = 1, λ = π ec 1 =0 ;
ut (x, 0) = X(x)T ′ (0) = λb2 · c2 sin(λx) = 0,
donde b = 0.
Assim, a solução do problema é
2

u(x, t) = c2 sin(πx) · b1 cos(πt) = sin(πx) cos(πt).


60 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS

5.2.3 Corda vibrante om as extremidades presas


Considere um problema de orda da seguinte forma:


 utt (x, t) = a2 uxx (x, t), t > 0, a < x < b

u(a, t) = 0 = u(b, t)

 u(x, 0) = [α1 cos(ω1 x) + β1 sin(ω1 x)] + . . . + [α1 cos(ωm x) + β1 sin(ωm x)]
 ∂u
∂t
(x, 0) = [γ1 cos(ω1 x) + δ1 sin(ω1 x)] + . . . + [γ1 cos(ωm x) + δ1 sin(ωm x)].

Entende-se que todos os termos [α sin(ω x) + β cos(ω x)] e [γ cos(ω x) +


δ sin(ω x)] satisfazem as ondições de fronteira:
i i i i i i
i i

αi sin(ωi a) + βi cos(ωi a) = 0 = αi sin(ωi b) + βi cos(ωi b), i = 1, . . . , m.

Devemos resolver, em separado, os problemas




 utt = a2 uxx , t > 0, a < x < b

u(a, t) = 0 = u(b, t)

 u(x, 0) = [αi cos(ωi x) + βi sin(ωi x)]

ut (x, 0) = [γi cos(ωi x) + δi sin(ωi x)].

om i = 1, . . . , m. Pro uramos a solução de ada um dos problemas na forma


de variáveis separadas u (x, t) = X (x)T (t), i = 1, . . . , m. Então a solução
do problema original u(x, t) é a soma u(x, t) = u (x, t) + . . . + u (x, t).
i i i
1 m

Exer í io resolvido 5.2.5. Resolver o problema da propagação de onda




 utt (x, t) − uxx (x, t) = 0, 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0

u(0, t) = u(1, t) = 0, t≥0

 u(x, 0) = 5 sin(πx),

ut (x, 0) = 0.

Solução. Pro uramos a solução do problema na forma de variáveis sepa-


radas u(x, t) = X(x)T (t); então a equação de onda toma a forma
X ′′ (x) T ′′ (t)
X(x)T ′′ (t) = X ′′ (x)T (t) ⇒ =
X(x) T (t)

X ′′ (x)
e TT (t)(t) = λ para algum valor numéri o
′′
⇒ =λ λ ∈ R.
X(x)
As ondições ini iais tomam a forma
5
X(x)T (0) = 5 sin(πx) ⇒ X(x) = sin(πx)
T (0)
5.2. SOLUÇÕES DE FORMA U(X, Y ) =
P
I XI (X)YI (Y ) 61
e
X(x)T ′ (0) = 0 ⇒ T ′ (0) = 0.
Daqui segue que
X ′′ (x) = −π 2 X(x) ⇒ λ = −π 2 ,

donde
T (t) = β1 cos(πt) + β2 sin(πt) e T (0) = β1 , T ′ (0) = πβ2 .

Temos então que T (0) = 0 ⇒ β ′


= 0.
Desta forma, a solução é
2

5
u(x, t) = sin(πx) · β1 cos(πt) = 5 sin(πx) cos(πt).
β1
Exer í io resolvido 5.2.6. Resolva a equação de difusão usando o método
de separação das variáveis:

 ut (x, t) − uxx (x, t) = 0, 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0
u(0, t) = u(1, t) = 0, t≥0

u(x, 0) = 5 sin(2πx).

Pro uramos a solução u na forma u(x, t) = X(x)T (t). Temos


Solução.
u = X(x)T (t), u = X (x)T (t), logo
t

xx
′′

ut (x, t) − uxx (x, t) = X(x)T ′ (t) − X ′′ (x)T (t) = 0.

Daqui temos
T ′ (t) X ′′ (x)
= .
T (t) X(x)
Como é função somente da variável t e da variável x, ada termo
T ′ (t) X ′′ (x)

da última igualdade é uma onstante, digamos k.


T (t) X(x)

As ondições de fronteira u(0, t) = u(1, t) = 0 impli am que


X(0)T (t) = X(1)T (t) = 0 ⇒ X(0) = X(1) = 0.

Utilizando a ondição ini ial u(x, 0) = 5 sin(2πx), obtemos:


5 X ′′ (x)
X(x)T (0) = 5 sin(2πx) ⇒ X(x) = sin(2πx) ⇒ = −(2π)2 .
T (0) X(x)

Assim, temos k = −(2π) . 2


62 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS

Daqui obtém-se
T ′ (t) 2
= −(2π)2 ⇒ T (t) = T (0)e−4π t .
T (t)

Além disso, X(0) = sin 0 = 0 e X(1) = 5 5


sin(2π) = 0, ou seja, as
ondições de fronteira são satisfeitas. T (0) T (0)

Assim, a solução é:
5 2 2
u(x, t) = X(x)T (t) = sin(2πx) · T (0)e−4π = 5 sin(2πx)e−4π t .
T (0)

5.3 Exer í ios propostos


1. Utilizando o método de separação das variáveis na forma u(x, y) =
X(x)Y (y), determine possíveis soluções de:

(a) u (x, y) − u (x, y) = 0.


x y

(b) xu (x, y) − yu (x, y) = 0.


x y

( ) u (x, y) + 2u (x, y) = 0.
xx xy

(d) αu (x, t) − u(x, t) = u (x, t), onde α ∈ R.


xx t

2. Resolva os problemas, utilizando o método de separação das variáveis:


(a) uu(0,(x,y)y)=−22usinh(x,2y.y) = 0,

x y

(b) zu
 2
(x, z) + 2z u (x, z) = u(x, z),
z x
u(x, 1) = cosh 2x.

( ) w(t,
 2
w (t, z) = w (t, z) − 3z w(t, z),
z t
1) = 2 cosh 2t.

(d) w(−1,
 x2 +1
w (x, t) + tw (x, t) = 0,
2x x t
2
t) = t .

3. Resolva osPproblemas de 1 ordem, pro urando P a solução na forma


a

u(x, y) = X (x)Y (y) ou na forma u(x, t) =


i i i X (x)T (t): i i i

(a) u(x,

u (x, t) + u (x, t) = u(x, t),
x t
x 2x
0) = 6e − 5e + 3e . −3x

(b)

7uy (x, y) − 3ux (x, y) = 2u(x, y),
u(x, 0) = 2 + e4x − e−2x/3 .
5.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 63
( )

ut (y, t) = uy (y, t),
u(0, t) = e−3t + e2t .

(d) u(1,

x u (x, t) − 2t u (x, t) = 0, x > 0, t > 0,
x t
2
t) = 10t + 9t . −3

4. Considere a equação
uxx − ut = 4u
para a função in ógnita u(x, t).
(a) Utilizando o método de separação das variáveis, determine algu-
mas (não nulas) soluções desta equação.
(b) Determine a solução do problema

uxx − ut = 4u,
u(x, 0) = e2x − 2ex .

5. Determine a solução da equação u + u = u para a função in ógnita


u(x, y), om a ondição ini ial u(x, 0) = cos x.
xx y

6. Determine a solução do problema para a função in ógnita u(x, y),



ux − uyy − 3u = 0,
u(1, y) = sin 2y.

7. Determine a solução da equação u + u = 0 para a função in ógnita


u(x, y), om a ondição u(0, y) = e .
x yyy
−y

8. Resolva o seguinte problema, usando o método da separação das variá-


veis: 
uxx (x, y) + uy (x, y) = 2u(x, y),
u(x, 0) = ex .

9. Determine a solução da equação u + 2u = 2u para a função in ógnita


u(x, y), om a ondição ini ial u(x, 0) = e + 1.
x y
2x

10. (a) Utilizando o método de separação das variáveis, determine possí-


veis (pelo menos uma não nula) soluções da equação u −u = u. xxx y

(b) Determine a solução do problema



uxxx − uy = u,
u(x, 0) = 2ex − e−2x .
64 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS

11. Resolva o seguinte problema, usando o método de separação das variá-


veis: 
u (x, y) − 2u (x, y) = 3u(x, y),
x y
u(x, 0) = ex .

12. Determine uma solução do seguinte problema, usando o método de


separação das variáveis:

uxx (x, y) − ux (x, y) − 2uy (x, y) = 0,
u(x, 0) = e−x .

13. Determine a solução do seguinte problema:


 2 2
ut (x, t) = α uxx (x, t) − β u(x, t),
 0 ≤ x ≤ π, t ≥ 0,
u(x, 0) = 3 sin x − 5 sin 3x, 0 ≤ x ≤ π,


u(0, t) = u(π, t) = 0, t ≥ 0.

14. Determine a solução do seguinte problema:



ut (x, t) = uxx (x, t) − u(x, t),
 0 ≤ x ≤ π, t ≥ 0,
u(x, 0) = 2 − cos x, 0 ≤ x ≤ π,


ux (0, t) = ux (π, t) = 0, t ≥ 0.

15. Resolva a equação de difusão



ut (x, t) − uxx (x, t) = 0,
 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0
u(0, t) = u(1, t) = 0, t≥0


u(x, 0) = 5 sin(2πx).

16. Resolva a equação de onda




utt (x, t) = 4uxx (x, t), 0 ≤ x ≤ π, t ≥ 0

u(0, t) = u(π, t) = 0, t≥0

u(x, 0) = sin x + sin 2x, 0≤x≤π


ut (x, 0) = 2 sin x − 4 sin 2x, 0 ≤ x ≤ π.

5.4 Soluções
1. (a) u(x, y) = ce , c ∈ R, λ ∈ R;
λ(x+y)

(b) u(x, y) = cx y , c ∈ R, λ ∈ R;
λ λ
5.4. SOLUÇÕES 65
( ) u(x, y) = ce , c ∈ R,λ ∈ R;
λ(y−2x)

(d) u(x, t) = C e + C e e , C , C , k ∈ R.
1
kx
2
−kx (αk 2 −1)t
1 2

2. (a) u(x, y) = 2 sinh(4x + 2y);


(b) u(x, z) = z cosh(2x + 2 − 2z ). 2

( ) w(t, z) = 2e cosh(2z − 2 + 2t).


1−z 3

(d) w(x, t) = 4t2


.
(x2 +1)2

3. (a) u(x, t) = 6e − 5e + 3e ;
x 2x−t −3x+4t

(b) u(x, y) = 2e + e − e ;
2y/7 4x+2y −2x/3

( ) u(y, t) = e + e ;
−3y−3t 2y+2t

(d) u(x, t) = 10x t + 9x t .


4 2 −6 −3

4. (a) u(x, t) = C e + C e e ;
1
kx
2
−kx (k 2 −4)t

(b) u(x, t) = e − 2e .
2x x−3t

5. u(x, y) = e cos x.
2y

6. u(x, y) = e sin 2y.


1−x

7. u(x, y) = e .
x−y

8. u(x, y) = e .
x+y

9. u(x, y) = e + e .
2x y

10. (a) u(x, y) = Ce , C ∈ R, λ ∈ R;


λx+(λ3 −1)y

(b) u(x, y) = 2e − e .
x −2x−9y

11. u(x, y) = e .
x−y

12. u(x, y) = e .
y−x

13. u(x, t) = 3e−(α2 +β 2 )t


sin x − 5e −(9α2 +β 2 )t
sin 3x.

14. u(x, t) = 2e − e cos x.


−t −2t

15. u(x, t) = 5e sin(2πx).


−4π 2 t

16. u(x, t) = sin x(sin 2t + cos 2t) + sin 2x(− sin 4t + cos 4t).
66 CAPÍTULO 5. O MÉTODO DE SEPARAÇ O DAS VARIÁVEIS
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