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Capítulo 1
Equações Diferenciais
Definição 1.1. Chama-se equação diferencial ordinária (EDO) à toda equação de forma
F (x, y, y ′ , y ′′ , . . . , y (n) ) = 0, envolvendo uma função incógnita y = y(x) e algumas das suas derivadas
em ordem a x.
Exemplo 1.1. 1. y ′ + xy = 0;
2. y ′′ + y ′ = x;
Definição 1.2. Chama-se ordem da equação diferencial à maior das ordens das derivadas que
nela aparecem e grau da ED ao expoente da derivada com maior ordem contida na ED.
Definição 1.3. Chama-se solução geral (ou integral geral) de uma ED de ordem n a uma função
y = Φ(x, c1 , c2 , . . . , cn ) tal, que se cumpre o seguinte:
2
Sendo dadas as condições iniciais
é sempre possível determinar tais valores c01 , c02 , . . . , c0n das constantes de integração que a função
y = Φ(x, c01 , c02 , . . . , c0n ), denominada solução particular da ED, satisfaz as condições iniciais dadas
(x0 , α0 , α1 . . . , αn−1 ) que peretence ao domínio de existência da solução.
Definição 1.4. Denomina-se problema de Cauchy (ou problema de valor inicial) para uma ED
onde x0 , y0 , y0′ , . . . , y0
(n−1)
são números dados.
dy
= f (x, y), (1.4)
dx
onde f (x, y) é uma função contínua no domínio aberto DF ⊂ R2 .
Se for possível obter a ED na forma (1.4) diz-se que a ED é solúvel ou resolvível em relação à
derivada.
dy y
= − , y0 = 1 quando x0 = 2.
dx x
3
∫ ∫
dy y dy dx dy dx c c
Resolução: =− ⇔ =− ⇔ =− + c ⇔ ln |y| = ln ⇒y=
dx x y x y x x x
c 2
Da condição inicial, temos 1 = ⇒ c = 2 logo, y = , x ̸= 0 é solução particular da ED dada.
x x
c
A família y = com diferentes valores de c é conjunto de curvas integrais que formam a solução
x
geral.
Seja ED da forma
M (x)dx + N (y)dy = 0. (1.5)
4
1.4.1 Formação de uma equação diferencial
Seja a família de curvas F (x, y, c) = 0 ou seja y = Φ(x, c). Formar a ED cuja a família de curvas
integrais é y = Φ(x, c). Primeiro, derivemos y ′ = Φ′ (x, c) e formemos o sistema:
y = Φ(x, c)
y ′ = Φ′ (x, c)
1.1 xy ′ = 2y ; y = 5x2
1
1.2 y ′′ = x2 + y 2 ; y=
x
(c2 − x2 )
1.3 (x + y)dx + xdy = 0; y=
2x
1.4 y ′ − y = 0; y = cex
5
2.7 2x2 yy ′ + y 2 = 2; 2.8 y ′ = cos(y − x);
√
2.9 y ′ = (x + y)2 ; 2.10 y ′ = 4x + 2y − 1.
π π
3.1 sin y · cos x · dy − cos y · sin x · dx = 0; y(0) = ; 3.2 y ′ · cotg x + y = 2, y( ) = 0;
4 3
3.3 y ′ e(x−y) = 1, y(1) = 1; 3.4 (1 + x2 )y ′ = (1 + y 2 ), y(0) = 1;
1
3.5 xy ′ + y = y 2 , y(1) = ; 3.6 y − xy ′ = a(1 + xy ′ ), y(1) = 1
2
1
3.7 y ′ − y = 2x − 3, y(0) = 2; 3.8 y ′ = (8x + 2y + 1)2 , y(0) = − ;
2
π π
3.9 (x + 2y)y ′ = 1, y(0) = −1; 3.10 y ′ sin x − y ln y = 0, a) y( ) = 1, b) y( ) = e
2 2
Soluções:
y−x
2.7 y 2 −2 = Ce1/x . 2.8 cotg = x+C , y = x+2πk , k ∈ Z . 2.9 arctg (x+y) = x+C .
√ √ 2 √
2.10 4x + 2y − 1 − 2 ln(2 + 4x + 2y − 1) = x + C . 3.1 cos x = 2 cos y . 3.2 y = 2 − 4 cos x.
3.3 y = x. 3.4 (1 − x)y = (1 + x). 3.5 (1 + x)y = 1. 3.6 (1 + ax)y = (a + x).
3.7 y = 1 − 2x + ex . 3.8 8x + 2y + 1 = 2 tg 4x. 2.9 x + 2y + 2 = 0.
3.10 a) y = 1, b) ln y = e tg (x/2) .
“É bom ter dinheiro e as coisas que o dinheiro pode comprar. Mas é bom também
verificar de vez em quanto se não estamos perdendo as coisas que o dinheiro não pode
comprar”
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1.6 Equações Diferenciais Homogéneas da Primeira ordem e Reduc-
tíveis à estas
Definição 1.5. Uma função f (x, y) diz-se homogénea de grau k em relação às variáveis x e y se
para todo λ > 0 cumpre-se a seguinte igualdade:
Definição 1.6. Uma equação diferencial da primeira ordem diz-se homogénea se for dada numa das
seguintes formas:
y ′ = f (x, y) ou M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0,
onde M (x, y) e N (x, y) são funções homogéneas do mesmo grau, e f (x, y) é função homogéneas de
grau zero.
Na resolução de uma equação homogénea (EH) utiliza-se a substituição y = ux que leva a uma
equação com variáveis separáveis em relação à nova função desconhecida u(x, y).
y = x.ecx .
7
Exemplo 1.8. Resolver o problema de Cauchy:
y y
x. cos ( ).(ydx + xdy) = y. sin ( ).(xdy − ydx), y(0) = 2π.
x x
onde
y y
M (x, y) = xy. cos ( ) + y 2 . sin ( )
x x
e
y y
N (x, y) = x2 . cos ( ) − xy. sin ( )
x x
Facilmente, nota-se que as funções M (x, y) e N (x, y) são homogéneas do mesmo grau k = 2. Logo, a
equação diferencial dada é homogénea. Portanto, utilizando a substituição y = ux e dy = udx + xdu,
chegamos à uma equação com variáveis separáveis em relação à função u(x).
Dividindo ambos os membros por xu. cos u ̸= 0, obteremos uma equação diferencial com
variáveis separáveis
cos u − u. sin u 2dx
du = − ,
u. cos u x
y
da qual integrando resulta x2 .u. cos u = c, c ∈ R. Considerando a substituição u = , achamos o
x
integral geral da equação dada:
y
xy. cos ( ) = c.
x
Utilizando a condição inicial y(0) = 2π , encontramos c = 2π. Logo, a solução do problema de Cauchy
dado é
y
xy. cos ( ) = 2π.
x
Agora, consideremos as equações diferenciais da seguinte forma geral:
dy a1 x + b1 y + c1
= f( ).
dx a2 x + b2 y + c2
8
Primeiro, determinemos
a1 b1
△= = a1 b2 − a2 b1 .
a2 b2
Consequentemente, teremos um dos dois casos:
Caso 1. △ ̸= 0 Substituímos x = t + k e y = z + h, onde t e z são nova variável independente
e nova função desconhecida, respectivamente; k e h são constantes que se determinam resolvendo o
sistema:
a1 k + b1 h + c1 = 0
.
a k+b h+c = 0
2 2 2
dz a1 t + b1 z
= f( ).
dt a2 t + b2 z
Caso 2. △ = 0, tem-se
(a2 x + b2 y) = k(a1 x + b1 y).
Fazendo a substituição
z ′ − a1
(a1 x + b1 y) = z, y′ =
b1
reduzimos a equação inicial à uma equação diferencial com variáveis separadas.
a1 b1 −1 2
△= = = −3 ̸= 0.
a2 b2 2 −1
dy dz
Ou seja, substituindo x = t − 1 e y = z + 2 ⇒ = . Logo, chegamos a uma equação homogénea
dx dt
dz −t + 2z
= ,
dt 2t − z
9
cuja a solução é (z − t) = c(z + t)3 , z = −t, c ∈ R, como z = y − 2, t = x + 1, achamos a solução
da equação dada:
(y − x − 3) = c(x + y − 1)3 y = 1 − x.
Integrando a última equação vem: z = 1 + c.e(2z−5x) , c ∈ R. Daqui resulta o integral geral da equação
dada:
(2x + y) = 1 + c.e(2y−x)
e da condição inicial y(0) = 0 segue que c = −1. Deste modo, a solução do problema de Cauchy dado
é
(2x + y) = 1 − e(2y−x) .
Definição 1.7. Denomina-se equação linear da primeira ordem a uma equação diferencial da
seguinte forma:
y ′ + P (x)y = Q(x), (1.9)
O primeiro membro da equação (1.9) é linear, isto é, do primeiro grau em relação à função descon-
hecida y(x) e a sua derivada y ′ .
10
O método de resolução da equação do tipo (1.9) consiste em procurar a solução sob a forma de
produto de duas funções desconhecidas u(x) e v(x) ou seja y = uv . Neste caso uma dessas funções,
digamos v(x), pode ser escolhida arbitrariamente mas a outra, isto é u(x), deve ser determinada de
tal modo que o produto uv satisfaça identicamente a equação dada. Então, efectuando a substituição
y = uv e y ′ = u′ v + uv ′ na equação (1.9) obteremos
Encontremos a tal função v(x) que anule a expressão entre parénteses rectos na equação (1.10), isto é,
v ′ + P (x)v = 0.
Integrando a última equação que é com variáveis separáveis, encontramos uma solução particular
não nula
∫
v0 = e− P (x)dx
.
Substituindo v(x) por v0 (x) na equação (1.10), obtém-se uma equação com variáveis separáveis rela-
tivamente à função u(x):
Q(x)
v0 (x)u′ = Q(x) ⇔ du = dx,
v0 (x)
cuja a solução é
∫
Q(x)
u(x) = dx + c, c ∈ R.
v0 (x)
Assim, obtém-se finalmente a soluçd̃a equação linear (1.9) como se segue:
[∫ ]
Q(x)
y = v0 (x) dx + c .
v0 (x)
(x + 1)y ′ − 2y = (x + 1)4 .
Resolução: Notemos que a parte esquerda da equação dada é linear relativamente a y e y ′ , quer
dizer, a equação em estudo é linear. Logo, aplicamos a substituição y = uv e y ′ = u′ v + uv ′ na qual
resulta a equação
(x + 1)u′ v + u[(x + 1)v ′ − 2v] = (x + 1)4 (1.11)
11
Igualando a zero a expressão entre parénteses rectos, obtemos uma equação diferencial com variáveis
separáveis em relação à função v(x):
(x + 1)v ′ − 2v = 0
, cuja a solução particular é v0 = (x + 1)2 . Agora, substituindo v(x) po v0 na equação (1.11), obtemos
uma equação diferencial em relação à u(x):
u′ = (x + 1),
cuja a solução é
1
u = (x + 1)2 + c, c∈R
2
Atendendo que y = uv , temos a solução da equação dada:
[ ]
2 1 2
y = (x + 1) (x + 1) + c .
2
Definição 1.8. Chama-se equação de Bernoulli a uma equação diferencial da primeira ordem da
seguinte forma geral:
y ′ + P (x)y = Q(x)y α , α ̸= 0 ∧ α ̸= 1.
Na resolução de uma equação de Bernoulli pode ser empregue a mesma substituição que acabamos
de considerar, isto é,
y = uv, y ′ = u′ v + uv ′ .
Resolução: A equação dada é de Bernoulli, pois a sua parte esquerda é linear relativamente a y e
y ′ , e a parte direita contém o factor y 2 . Fazendo a substituição y = uv e y ′ = u′ v + uv ′ chegamos à
equação:
u′ v. cos x + u(v ′ . cos x − v) = u2 v 2 . cos x.(sin x − 1). (1.12)
x π (1 + sin x)
v0 = tan ( + )= .
2 4 cos x
12
Substituindo v por v0 na equação (1.12), encontramos uma equação diferencial para u(x):
u′ = −u2 . cos x,
cuja a solução é
1
u= .
c + sin x
Então, a solução geral da equação dada é
1 + sin x
y= .
cos x.(c + sin x)
3y 2 + 3xy + x2
1.1 f (x, y) = 1.2 f (x, y) = xy 2 + y 3
x2 + 2y
√
x + 2y + 1 y+ x2 + y 2
1.3 f (x, y) = 1.4 f (x, y) =
2x + 4y + 3 x
2. Integrar as equações diferenciais:
y
2.1 x(1 + y ′ ) = y ; 2.2 (x2 + y 2 )y ′ = 2xy ; 2.3 y ′ = + ey/x ; 2.4 x(1 + y ′ ) + y = 0;
x
2.5 xy ′ − y = x tg (y/x); 2.6 x(ln x − ln y)dy = ydx; 2.7 2x3 y ′ = y(2x2 − y 2 );
√
2.8 (3y 2 + 3xy + x2 )dx = (x2 + 2xy)dy 2.9 xy ′ = y + xy ; 2.10 x + (xy ′ − y) cos(y/x) = 0;
3.1 (xy ′ − y) arctg (y/x) = x, y(1) = 0; 3.2 (2y 2 − xy)dx − (x2 − xy + y 2 )dy = 0, y(1) = 3;
13
3.3 y 2 + x2 y ′ = xyy ′ , y(1) = 1; 3.4 (y 2 − 3x2 )dy + 2xydx = 0,
y(2) = 3;
( )
′ x+y
3.5 (x + y )dx − 2xydy = 0, y(4) = 0; 3.6 xy − y = (x + y) ln
2 2 , y(1) = 1;
x
( y)
3.7 (y 2 + 2xy − x2 )y ′ = y 2 − 2xy − x2 , y(1) = −1; 3.8 xy ′ = y cos ln , y(1) = 1.
x
4. Ache as soluções das seguintes equações diferenciais:
√
4.1 y ′ + 2xy = xe−x ; 4.2 xy ′ + (x + 1)y = 3x2 e−x ; 4.3 xy ′ − 4y = x2 y ;
2
√
4.4 (1+x2 )y ′ −2xy = (1+x2 )2 ; 4.5 (1+y 2 )dx = ( 1 + y 2 sin y−xy)dy ; 4.6 x(y ′ −y) = (1+x2 )ex ;
4.7 y(y − 1)dx + (x3 − xy)dy = 0; 4.8 (sin2 y + x cotg y)y ′ = 1; 4.9 ydx − (2y ln y + y − x)dy = 0.
Soluções:
C x
2.1 y = x ln |C/x|; 2.2 y 2 −x2 = Cy ; 2.3 ln |Cx| = −e−y/x ; 2.4 y = − ; 2.5 sin(y/x) = C/x;
x 2
2.6 x = ye(1−Cy) ; 2.7 x2 = y 2 ln |Cx|, y = 0; 2.8 C(x + y)2 = x3 e−x/(x+y) , y = −x;
√
2.9 x ln |Cx| = 2 xy , y = 0; 2.10 sin(y/x) = − ln |Cx|; 2.11 (y − 2x)3 = C(y − x − 1)2 , y = x + 1;
2.12 3x + y + 2 ln |x + y − 1| = C , y = 1 − x; 2.13 x2 + y 2 + xy + x − y = C ;
√ y (y)
2.14 (2x + 3y − 7)3 = Ce(x+2y) ; 3.1 ln x2 + y 2 = arctg ; 3.2 4y(y − 2x)3 = 3(y − x)2 ;
x x
3.3 y = x(1 + ln y); 3.4 5y 3 = 27(y 2 − x2 ); 3.5 x2 − y 2 = 4x; 3.6 y = x(2x − 1);
1 √
3.7 y = −x; 3.8 y = x; 4.1 y = (C + x2 )e−x ; 4.2 xy = (C +x3 )e−x 4.3 y = x4 (C +ln |x|)2 ;
2
√ 2
4.4 y = (1 + x2 )(x + C); 4.5 x 1 + y 2 + cos y = C ; 4.6 y = (ln |x| + 0, 5x2 + C)ex ;
4.7 (y − 1)2 = 2x2 (y − ln |Cy|), y = 0, y = 1; 4.8 x = (C − cos y) sin y ; 4.9 xy = y 2 ln y + C ;
5.1 x = y cos x; 5.2 y(x + x2 ) = 1; 5.3 x = −y ln |x|; 5.4 y(1 + x) = x(x − 1 + ln |x|);
5.5 x + 2(1 + sin y) = esin y ; 5.6 y = sin x − 1 + 2e− sin x ; 5.7 y 2 = 2(ln x + ln2 x);
5.8 3y 2 sin2 x = 1 + 2 sin3 x.
14
1.9 Equações Exactas. Factor Integrante
∂P ∂Q
= .
∂y ∂x
Sob esta condição a parte esquerda da equação (1.13) representa o diferencial total de uma função
F (x, y). Portanto, uma equação diferencial exacta pode ser escrita sob a forma dF (x, y) = 0 e o seu
integral geral é F (x, y) = c, c ∈ R. Logo, a questão é determinar a função primitiva F (x, y) através
do seu diferencial total.
Para tal, vamos utilizar o método que foi estudado na Análise Matemática II em que se aplica
integral curvilíneo da 2a espécie.
Com efeito, sendo
dF (x, y) = P (x, y)dx + Q(x, y)dy
temos
∫ (x,y)
F (x, y) = P (x, y)dx + Q(x, y)dy,
(x0 ,y0 )
onde (x0 , y0 ) é ponto inicial de integração em que as funções P (x, y) e Q(x, y) são contínuas.
É sabido também que integral curvilíneo de um diferencial total não depende da forma do caminho
de integração e pode ser calculado pela seguinte fórmula:
∫ x ∫ y
F (x, y) = P (x, y0 )dx + Q(x, y)dy.
x0 y0
Deste modo, encontramos a função F (x, y) que determina o integral geral da equação
diferencial (1.13).
15
Resolução: Facilmente, notamos que as funções P (x, y) = y e Q(x, y) = −(y 3 − x) satisfazem a
condição
∂P ∂Q
= = 1.
∂y ∂x
Por isso, temos uma equação diferencial exacta, cuja a parte esquerda constitui o diferencial total de
uma função F (x, y), sendo
dF (x, y) = ydx − (y 3 − x)dy.
y 4 = 4xy + 8.
Consideremos outro caso possível. Seja dada uma equação diferencial da forma:
16
1 ∂P ∂Q ∫
1. Se ( − ) = u(x), então µ = µ(x) = e u(x)dx ;
Q ∂y ∂x
1 ∂P ∂Q ∫
2. Se ( − ) = v(y), então µ = µ(y) = e− v(y)dy .
P ∂y ∂x
Exemplo 1.14. Resolver a equação
∂P ∂Q
− = 2(1 + xy) ̸= 0.
∂y ∂x
1 ∂P ∂Q 2
( − ) = = v(y).
P ∂y ∂x y
Isso significa que existe um factor integrante dependente só de uma variável y , ou seja µ = µ(y) tal,
que se cumpre a condição
∂ ∂
[µ(y)P (x, y)] = [µ(y)Q(x, y)].
∂y ∂(x)
Assim, encontramos
∫
− 2
dy 1
µ(y) = e y = .
y2
1
Agora, multiplicando a equação dada pelo factor integrante µ(y) = , obtemos uma equação
y2
diferencial
(1 + xy) x
dx − 2 dy = 0,
y y
que é equação exacta. Integrando-a, encontramos o seu integral geral:
17
1.10 Exercícios Propostos
1.1 (2x3 − xy 2 )dx + (2y 3 − x2 y)dy = 0; 1.2 (2x + 3x2 y)dx + (x3 − 3y 2 )dy = 0;
Soluções:
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18
1.11 Equações Diferenciais de Ordem Superiror
a) Equações diferenciais de forma y (n) = f (x) admite a integração directa. Com efeito,
multiplicando ambas as partes desta equação por dx e atendendo que
obteremos
∫ ∫
(n−1)
d(y )= f (x)dx + c1
ou
∫
(n−1)
y = F1 (x) + c1 , sendo F1 (x) = f (x)dx.
xn−1 xn−2
y(x) = Fn (x) + c1 + c2 + . . . + cn−1 x + cn ,
(n − 1)! (n − 2)!
3
y ′′′ = cos 2x, y(0) = 0, y ′ (0) = , y ′′ (0) = 1.
4
19
Ao integrar essa última, chegamos a uma equação da primeira ordem
1
y ′ = − cos 2x + x + c2
4
3
considerando a condição inicial y ′ (0) = , achamos c2 = 1. Logo,
4
1
y ′ = − cos 2x + x + 1.
4
1 1
y = − sin 2x + x2 + x + c3 .
8 2
1 1
y = − sin 2x + x2 + x.
8 2
F (x, y ′ , y ′′ ) = 0,
dP
y ′ = P (x), y ′′ = .
dx
Resolução: A equação dada não contém na forma explícita a função desconhecida y(x). Para reduzir
esta esta equação à uma equação da 1a ordem, vamos efectuar substituição
y ′ = P (x), y ′′ = P ′ (x)
que é equação homogénea (e também é linear). Resolvendo essa última equação obteremos
c21 x c2 x
P (x) = − ou y ′ = 1 − .
x 2 x 2
20
Integrando a equação obtida, encontramos a solução geral da equação dada:
1
y = c21 ln |x| − x2 + c2 .
4
NOTA: Uma equação, digamos, da 3a ordem da forma geral F (x, y ′′ , y ′′′ ) = 0 também é possível
reduzir à uma equação da 1a ordem aplicando a substituição
c) Uma equação diferencial da 2a ordem que não contém na forma explícita a variável
independente x, isto é,
dy d2 y
F (y, , ) = 0,
dx dx2
utilizando a substituição
dy d2 y dP
= P (y), 2
=P
dx dx dy
reduz-se a uma equação da 1a ordem relactivamente à função desconhecida P (y):
dP
F (y, P, P ) = 0.
dy
Exemplo 1.17. Resolver o problema de Cauchy
e atendendo a condição inicial y(0) = −2, obtemos a solução do problema de Cauchy dado:
3√
x=− 3
(y + 2)2 .
2
21
d) Se uma equação diferencial é homogénea relactivamente à função
desconhecida y(x) e as suas derivadas y ′ , y ′′ , . . . , quer dizer, se a forma geral desta equação
não se muda depois da substituição de y, y ′ , y ′′ , . . . por λy, λy ′ , λy ′′ , . . ., respectivamente, então a sua
ordem pode-se reduzir considerando y ′ = yz , onde z(x) é nova função desconhecida.
√
yy ′′ = (y ′ )2 + 15y 2 x.
Resolução: Vê-se que a equação dada é homogénea em relação a y, y ′ , y ′′ . Para reduzir a sua ordem
vamos considerar y ′ = yz. Neste caso, y ′′ = y(z 2 + z ′ ). Fazendo as substituições respectivas e supondo
que y ̸= 0, obteremos a seguinte equação:
√ √
z ′ = 15 x5 , cuja a solução é z = 10x x + c1 .
2 √x+c x+c )
y = e(4x 1 2
1.8 y ′′′ = 2(y ′′ − 1) cotg x; 1.9 (1 − ln y)yy ′′ + (1 + ln y)(y ′ )2 = 0; 1.10 xyy ′′ − x(y ′ )2 = yy ′
1.11 yy ′′ = y 2 y ′ + (y ′ )2 ; 1.12 yy ′′ + (y ′ )2 = (y ′ )3 ln y .
22
2. Achar as soluções que satisfazem as condições iniciais dadas:
( )
′′ y′ y′ 1
2.1 y = 1 + ln , y(1) = , y ′ (1) = 1; 2.2 yy ′′ + (y ′ )2 = 1, y(0) = y ′ (0) = 1;
x x 2
1
2.3 yy ′′ = 2x(y ′ )2 , y(2) = 2, y ′ (2) = ; 2.4 (y − 1)y ′′ = 2(y ′ )2 , y(1) = 2, y ′ (1) = −1;
2
y′
2.5 (1 + ln x)y ′′ + = 2 + ln x, y(1) = y ′ (1) = 1; 2.6 xy ′′ + x(y ′ )2 − y ′ = 0, y(2) = 2, y ′ (2) = 1;
x
π
2.7 (x + 1)y ′′ − (x + 2)y ′ + x + 2 = 0, y(0) = y ′ (0) = 2; 2.8 y ′′ cos y + (y ′ )2 sin y = y ′ , y(−1) = ,
6
y ′ (−1) = 2.
Soluções:
1
1.1 y = C1 (x − e−x ) + C2 ; 1.2 y = x3 + C1 x2 + C2 ; 1.3 y + C1 ln |y| = x + C2 , y = C ;
( 3)
1 1 1
1.4 y = − sin3 x + C1 x − sin 2x + C2 ; 1.5 ey + C1 = (x + C2 )2 ;
3 2 4
1.6 C12 y = (1 + C12 x) arctg (C1 x) − C1 x + C2 , y = (1/2)πkx2 , k ∈ Z ; 1.7 y 2 = C1 x3 + C2 ;
2
1.8 2y = C1 cos 2x + (1 + 2C1 )x2 + C2 x + C3 ; 1.9 x + C1 = (x + C2 ) ln y ; 1.10 y = C2 eC1 x ;
1 y
1.11 x = ln + C2 , y = C ; 1.12 x = C1 y 2 + y ln y + C2 , y = C , C > 0; 2.1 y = x2 /2;
C1 y + C1
2.2 y = x + 1; 2.3 (3 − x)y 5 = 8(x + 2); 2.4 xy = 1 + x; 2.5 2y = 1 + x2 ;
1 (y π )
2.6 y = 2 + ln(x2 /4); 2.7 y = 2 + x(1 + ex ); 2.8 x + 1 = ln tg + .
2 2 6
23
1.14 Equações Lineares Homogéneas
Definição 1.10. Chama-se equação linear homogénea de ordem n a uma equação diferencial da
seguinte forma geral:
y (n) + a1 y (n−1) + . . . + an−1 y ′ + an y = 0, (1.15)
onde os coeficientes a1 , a2 . . . , an−1 , an caso geral são certas funções de x definidas num
domínio D .
A parte esquerda da equação (1.15) denomina-se primeiro membro desta equação e a parte direita
é seu segundo membro. Assim, o primeiro membro de uma equação linear homogénea é do primeiro
grau em relação à função desconhecida y(x) e às suas derivadas y ′ , y ′′ , . . . , y (n) , mas o seu segundo
membro é zero.
O conjunto y1 (x), y2 (x), . . . , yn (x) das soluções linearmente independentes de uma equação linear
homogénea de ordem n chama-se sistema fundamental de soluções desta equação.
A sua solução geral, neste caso, tem a seguinte forma geral:
y = c1 y1 + c2 y2 + . . . + cn yn , onde c1 , c2 , . . . , cn
∀ x ∈ [a, b] tém-se A1 y1 + A2 y2 + . . . + An yn = 0.
24
sistema fundamental de soluções procedendo de seguinte modo:
λn + a1 λn−1 + . . . + an−1 λ + an = 0.
É uma equação algébrica de grau n igual à ordem da equação diferencial. Esta equação possui n
raízes que podem ser reais ou complexas conjugadas, e também, simples ou múltiplas.
Terceiro: de acordo com carácter das raízes da equação característica procuramos as soluções partic-
ulares linearmente independentes da equação diferencial (1.15), tendo em conta as seguintes regulari-
dades:
a) toda raíz real simples λ = α corresponde à uma solução particular eαx ;
b) todo par de raízes complexas conjugadas simples α+iβ corresponde às duas soluções particulares
25
Exemplo 1.19. Resolver a equação
y IV − 9y = 0.
Resolução: É uma equação linear homogénea de coeficientes constantes. Formamos a sua equação
característica:
λ4 − 9 = 0.
λ4 − 2λ2 + 1 = 0,
26
1.15 Exercícios Proposto
′′′
1.12 y V − 6y IV + 9y ′′′ = 0; 1.13 y IV + 4y = 0; 1.14 y − 3y ′ + 2y = 0;
Soluções:
1.1 y = C1 e2x + C2 e3x ; 1.2 y = (C1 cos x + C2 sin x)e2x ; 1.3 y = (C1 + C2 x + C3 x)ex ;
√ √
1.4 y = C1 + C2 x + (C3 + C4 x)e−x ; 1.5 y = C1 e2x + (C2 sin 3x + C3 cos 3x)e−x ;
1.6 y = (C1 + C2 x)ex + C3 e−x ; 1.7 y = (C1 + C2 x) sin x + (C3 + C4 x) cos x;
1.8 y = C1 e2x + C2 sin 2x + C3 cos 2x; 1.9 y = C1 + (C2 + C3 x) sin 2x + (C4 + C5 x) cos 2x;
√ √
1.10 y = C1 +C2 e−x +C3 ex +C4 e−3x +C5 e3x; 1.11 y = C1 sin x+C2 cos x+C3 sin 3x+C4 cos 3x;
1.12 y = C1 +C2 x+C3 x2 +(C4 +C5 x)e3x ; 1.13 y = (C1 sin x+C2 cos x)e−x +(C3 sin x+C4 cos x)ex ;
1.14 y = (C1 + C2 x)ex + C3 e−2x .
27
1.16 Equações Lineares Não-Homogéneas. Método de Lagrange
onde o segundo membro da equação é uma função f (x) definida num domínio D .
A solução geral de uma equação não-homogénea é igual à soma da solução particular yp desta
equação e solução geral y0 da equação homogénea correspondente, isto é, y = y0 + yp . Assim, o
processo de resolução de uma equação linear não-homogénea consiste em duas etapas:
y0 = c1 y1 + c2 y2 + . . . + cn yn ,
onde c1 (x), c2 (x), . . . cn (x) são funções desconhecidas que se determinam a partir do seguinte sistema:
c′1 y1 + c′2 y2 + . . . + c′n yn = 0
c′1 y1′ + c′2 y2′ + . . . + c′n yn′ = 0
.. .. ..
. . .
′ (n−1)
+ c′2 y2 + . . . + c′n yn
(n−1) (n−1)
c1 y1 = f (x).
28
Após integração das relações obtidas encontraremos
∫ ∫ ∫
c1 (x) = F1 (x)dx, c2 (x) = F2 (x)dx, . . . , cn (x) = Fn (x)dx.
1 π ′ π
y ′′ + 4y = 2 , y( 2 ) = y ( 2 ) = 0.
sin x
Para resolver essa equação formamos a sua equação característica, isto é, λ2 + 4 = 0, e achamos
as suas raízes λ1,2 = ±2i. Então, obtemos o sistema fundamental de soluções da equação homogénea
A seguir, procuramos a solução particular yp que segundo método de Lagrange tem a forma
onde c1 (x), c2 (x) são funções desconhecidas que se obtêm a partir do sistema
c′ y1 + c′ (x)y2 = 0 c′ cos 2x + c′ sin 2x = 0
1 2 1 2
ou
c′ y ′ + c′ (x)y ′ = f (x) −2c′ sin 2x + 2c′ cos 2x = 1
.
1 1 2 2 1 2 sin2 x
sin 2x cos 2x
c′1 (x) = − ′
2 , c2 (x) =
2 sin x 2 sin2 x
1
c1 (x) = − ln | sin x|, c2 (x) = −(x + cot x).
2
29
Assim, achamos a solução particular
1
yp = − ln | sin x|. cos 2x − (x + cot x) sin 2x.
2
1
y = (c1 − ln | sin x|) cos 2x + (c2 − x − cot x) sin 2x.
2
ex 1
1.1 y ′′ −2y ′ +y = ; 1.2 y ′′ +y + cotg 2 x = 0; 1.3 y ′′ +y = cotg x 1.4 y ′′ +3y ′ +2y = ;
x 1 + ex
ex 1 ex 1
1.5 y ′′ − y ′ = ; 1.6 y ′′ + y = ; 1.7 y ′′ − 2y ′ + y = ; 1.8 y ′′ + y = ;
1 + ex sin x 1 + x2 cos x
tg x 1
1.9 y ′′ − y ′ = e2x cos(ex ); 1.10 y ′′′ + y ′ = ; 1.11 y ′′ + 2y ′ + y = xex + .
cos x xex
2. Ache as soluções dos problemas de Cauchy dados:
√
′′ ′ 3 1+x 4 6 1
2.1 y + 2y + y = x
, y(0) = , y ′ (0) = ; 2.2 y ′′ + y = , y(0) = y ′ (0) = 1;
e 5 5 cos3 x
e3x 1 5
2.3 y ′′ −6y+9 = , y(0) = 1, y ′ (0) = 3; 2.4 y ′′ −3y ′ +2y = sinh x, y(0) = − , y ′ (0) = − .
1 + x2 12 12
Soluções:
30
1.9 y = C1 ex + C2 − cos(ex ); 1.10 y = C1 + (C2 + ln | cos x|) cos x + (C3 + x − tg x) sin x + sec x;
1 4
1.11 y = (C1 + C2 x + x ln |x|)e−x + (x − 1)ex ; 2.1 y = 9(1 + x)5/2 e−x ;
4 5
3 1 √
2.2 y = cos x + (1 + tg x) sin x − sec x; 2.3 y = (1 + x arctg x − ln 1 + x2 )e3x ;
2 2
1 −x
2.4 y = − (e + 6xe ). x
12
31
1.18 Método de Coeficientes Indeterminados
Em certos casos a solução particular da equação (1.17) é possível encontrar aplicando um método mais
simples, do que o de Lagrange, chamado método de coeficientes indeterminados.
O método de coeficientes indeterminados não é geral como o de Lagrange, aplica-se apenas na res-
olução de equações lineares de coeficientes constantes cujo o segundo membro, f (x), tem uma forma
específica a saber:
1o Caso:
f (x) = eαx Pm (x), onde Pm (x)
yp = xr eαx Um (x),
sendo Um (x) um polinómio do mesmo grau, m, que Pm (x), mas com coeficientes indeterminados. Por
exemplo, um polinómio de grau m = 0 tem a forma U0 (x) = A, de grau m = 1 é U1 (x) = Ax + B ,
de grau m = 2 será U2 (x) = Ax2 + Bx + C , etc., onde A, B, C, . . . são coeficientes indeterminados.
Para encontrar os tais coeficientes é preciso substituir y, y ′ , . . . , por yp , yp′ , . . ., respectivamente, na
equação (1.17) e depois, da identidade obtida será necessário igualar os coeficientes do mesmo grau
de x da parte esquerda e da parte direita. Consequentemente, obteremos um sistema algébrico para
encontrar os coeficientes do polinómio Um (x).
32
2o Caso:
f (x) = eαx [Pm (x). cos (βx) + Ql (x). sin (βx)],
onde Pm (x), Ql (x) são polinómios de x de graus m e l , respectivamente. Supõe-se que o parâmetro,
número complexo α + iβ , do segundo membro seja raíz de ordem de multiplicidade r da equação
característica (1.18). A solução particular yp da equação diferencial (1.17), neste caso, procuramos
sob a forma seguinte:
yp = xr eαx [Uj (x). cos (βx) + Vj (x). sin (βx)], (1.19)
onde Uj (x), Vj (x) são polinómios de grau j = max(m, l) com coeficientes indeterminados que se cal-
culam substituindo y, y ′ , . . . , por yp , yp′ , . . ., respectivamente, na equação (1.17).
3o Caso:
f (x) = f1 (x) + f2 (x) + . . . + fm (x).
Neste caso, é válido o chamado princípio de superposição de soluções segundo o qual a solução
particular da equação (1.17) representa a soma, ou seja superposição, de soluções particulares ypj (j =
1, m), isto é,
yp = yp1 + yp2 + . . . + ypm .
Cada ypj representa a solução particular de uma equação diferencial com o mesmo primeiro membro
da equação (1.17) e com o segundo membro igual a fj (x). Portanto, cada equação particular procura-se
separadamente, aplicando os critérios aplicados no 1o e 2o casos.
y ′′′ + 3y ′′ − 4y = −6e−2x .
Resolução: É uma equação linear não-homogénea de coeficientes constantes com o segundo membro
de forma específica do 1o caso. A sua solução geral é y = y0 + yp . Primeiro, vamos achar a solução
geral, y0 , da parte homogénea correspondente
y ′′′ + 3y ′′ − 4y = 0.
33
A sua equação característica é
λ3 + 3λ2 − 4 = 0,
y0 = c1 ex + (c2 + c3 x)e−2x .
Para achar a solução particular, yp , da equação não-homogénea dada vamos aplicar o método dos
coeficientes indeterminados, pois o segundo membro da equação é da forma específica do 1o caso, a
saber, representa o producto do polinómio de grau "zero"P0 (x) = −6 pelo e−2x , cujo o parâmetro
α = −2 é raíz dupla (r = 2) da equação característica. Daí que temos que procurar a solução particular
sob a forma
yp = x2 Ae−2x ,
y = c1 ex + (c2 + c3 x + x2 )e−2x .
y ′′ + y ′ − 2y = 8 sin 2x.
34
possui duas raízes reais distintas λ1 = 1 e λ2 = −2. Logo,
y0 = c1 ex + c2 e−2x .
A seguir, procuremos a solução particular yp da equação dada, cujo o segundo membro é da forma
específica correspondente ao 2o caso. Pm (x) = 0 e Ql (x) = 8 com m = l = 0. Notemos que o
parâmetro α + iβ = 2i não é raíz da equação característica. Por isso, temos j = 0, r = 0 e a solução
particular determina-se sob a forma
2 6
do qual, achamos A = − B = − . Assim, encontramos a solução particular
5 5
1
yp = − (2 cos 2x + 6 sin 2x),
5
1
y = c1 ex + c2 e−2x − (2 cos 2x + 6 sin 2x).
5
y ′′′ − 2y ′′ + 5y ′ = x + cos x.
λ3 − 2λ2 + 5λ = 0
35
possui as seguintes raízes: λ1 = 0, λ2,3 = 1 ± 2i. Donde,
O segundo membro da equação dada representa a soma de duas funções, cada uma das quais tem
a sua forma específica, isto é,
f (x) = f1 (x) + f2 (x),
sendo f1 (x) = x e f2 (x) = cos x. Por força do princípio de superposição de soluções temos que
procurar a solução particular yp sob a forma yp = yp1 + yp2 , onde yp1 é solução particular da equação
y ′′′ − 2y ′′ + 5y ′ = x (1.20)
1 1
y = c1 + ex (c2 . cos 2x + c3 . sin 2x) + x(5x + 4) + (cos x + 2 sin x).
25 10
36
1.19 Equação de Euler
Definição 1.11. Chama-se equação de Euler a uma equação linear da seguinte forma geral:
(ax + b)n y (n) + A1 (ax + b)n−1 y (n−1) + . . . + An−1 (ax + b)y ′ + An y = f (x)
Para resolver essa equação no domínio aberto (ax + b) > 0, introduz-se nova variável independente
t, considerando (ax + b) = et , de onde resulta
et − b dt dy dy dt dy
x= ; = ae−t ; = . = ae−t . ;
a dx dx dt dx dt
( ) ( 2 )
d2 y d −t dy dt 2 −2t d y dy
= ae . = a e − , etc.
dx2 dt dt dx dt2 dt
Após as respectivas substituições a equação de Euler transformar-se-á numa equação linear com
coeficientes constantes.
Para achar a solução da equação de Euler no domínio (ax + b) < 0, faz-se a substituição (ax + b) =
−et .
3
(x − 2)2 y ′′ − 3(x − 2)y ′ + 4y = x, y(3) = , y ′ (3) = 2.
2
Resolução: Consideremos (x − 2) > 0. Para encontrarmos a solução temos que introduzir nova
variável independente t, de modo que (x − 2) = et . Neste caso tem-se:
( 2 )
dt −t dy −t dy d2 y −2t d dy
t
x = e + 2; =e ; =e . ; =e − .
dx dx dt dx2 dt2 dt
yt′′ − 4yt′ + 4y = et + 2,
1
y = e2t (c1 + c2 t) + et + .
2
37
Daí resulta a solução geral da equação de Euler dada válida no domínio (x − 2) > 0 que é o mesmo
x>2:
3
y = (x − 2)2 (c1 + c2 ln (x − 2)) + x − .
2
Agora, para domínio (x − 2) < 0, ou seja x < 2 efectua-se a substituição (x − 2) = −et que leva
à equação seguinte:
yt′′ − 4yt′ + 4y = −et + 2,
cuja a solução é
1
y = e2t (c1 + c2 t) − et + .
2
Então, obtemos a solução da equação de Euler para x < 2 :
3
y = (2 − x)2 (c1 + c2 ln |x − 2|) + x − .
2
1.8 2y ′′ + 5y ′ = [(7 − 2x) cos x − (16x + 23) sin x]e−x ; 1.9 y ′′ − 4y ′ + 5y = e2x + 8 cos x;
38
2.5 y ′′′ − 3y ′ − 2y = 9e2x , y(0) = 0, y ′ (0) = −3, y ′′ (0) = 3.
3.8 x2 y ′′ − 2y = sin(ln x); 3.9 (1 + x)2 y ′′ − 3(1 + x)y ′ + 4y = (1 + x)4 , y(0) = y ′ (0) = 1;
Soluções:
1 1
1.1 y = C1 e−x + C2 ex/2 + ex ; 1.2 y = C1 e−x + C23x + e4x ; 1.3 y = C1 e6x + C2 ex + (7 cos x +
5 74
−x ex
5 sin x); 1.4 y = C1 e + C2 e + (x − x) ; 1.5 y = (C1 + C2 x + x )e ,
x 2 3 x
4
−4x xe−4x e−x
x
1.6 y = C1 e + C2 e − − (1 + 6x) ; 1.7 y = (C1 − 2x) cos x + C2 sin x;
5 36
1.8 y = C1 + C2 e−5x/2 + [(x + 2) cos x + (3x + 4) sin x]e−x ; 1.9 y = (1 + C1 cos x + C2 sin x)e2x +
cos x − sin x; 1.10 y = (1 + C1 cos 2x + C2 sin 2x)e−x + sin 2x − 4cos2x; 2.1 y = x2 + ex ;
1
2.2 y = (x − sin x)e−x ; 2.3 y = (ex + 1 − x − x2 )ex ; 2.4 y = cos 2x + (sin x + sin 2x);
3
2.5 y = (x − 1)(e2x(− e−x ); 3.1 y = |x|(C) 1 + C2 ln |x|) + 2x ; 3.2 y = C1 |x| + C2 |x| + x + x ln x;
3 3
1 2
3.3 y = C1 x2 + C2 − ln x − ln2 x ; 3.4 y = x2 [3 + C1 cos(ln |x|) + sin(ln |x|)];
x 3
C2
2
3.5 y = C1 x + ; 3.6 y = |x|(C1 + C2 ln |x|) + x ln2 |x|; 3.7 y = C1 |x3 | + C2 x−2 + x3 ln |x| − 2x2 ;
|x|
C2 1 3
3.8 y = C1 x2 + + cos(ln x) − sin(ln x); 3.9 y = (x + 1)3 − 2(x + 1)2 ln |x + 1|;
x 10 10
3 1
3.10 y = 2|2x + 3| − |2x + 3|1/2 − |2x + 3|3/2 .
2 2
39
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Typeset by LATEX 2ε
1.21 Sistemas de Equações Diferenciais
Um sistema de equações diferenciais estabelece uma relação analítica entre certas funções de-
sconhecidas y1 (x), y2 (x), ..., yn (x) e as suas derivadas. Vamos considerar um sistema de equações
diferenciais da primeira ordem da forma geral seguinte:
dy1
= f1 (x, y1 , y2 , ..., yn )
dx
dy2 = f2 (x, y1 , y2 , ..., yn )
dx . (1.22)
....................................
dyn = fn (x, y1 , y2 , ..., yn )
dx
O sistema (1.22) tem a forma explicita em relação às variáveis y1′ , y2′ , ..., yn′ e por esta razão é
chamado sistema normal . Na Resolução de um sistema normal utiliza-se o método de eliminação
que consiste em seguintes passos:
10 passo. Derivamos a primeira equação do sistema (1.22):
Na equação obtida substituímos as derivadas y1′ , y2′ , ..., yn′ pelas suas respectivas expressões f1 ,
f2 , ..., fn tiradas do sistema (1.22). No resultado obteremos uma equação diferencial da 2a ordem:
d 2 y1
= F2 (x, y1 , y2 , ..., yn ).
dx2
Derivando a esta equação e efectuando as substituições análogas , obteremos uma equação diferen-
cial da 3a ordem:
d 3 y1
= F3 (x, y1 , y2 , ..., yn ).
dx3
E assim continuando, obtermos, finalmente, uma equação diferencial de ordem n:
d n y1
= Fn (x, y1 , y2 , ..., yn ).
dxn
Agora, com base nas equações obtidas formamos um sistema que é equivalente ao sistema inicial
41
(1.22):
dy1
= F1 (x, y1 , y2 , ..., yn )
dx
2
d y2 = F (x, y , y , ..., y )
2 1 2 n
dx2 . (1.23)
....................................
n
d yn = F (x, y , y , ..., y )
n 1 2 n
dxn
2o passo. Considerado as primeiras (n − 1) equações do sistema (1.23), vamos exprimir as funções y2 ,
(n−1)
y3 , ..., yn através de x, y1 , ..., y1 . No resultado obteremos as equações as seguintes igualmente:
3o passo. Agora, vamos substituir na ultima sistema (1.23) as equações y2 , y3 , ..., yn pelas expressões
Φ2 , Φ3 , ..., Φn tiradas das igualdades (??). Então obtermos uma equação diferencial de ordem n em
relação à função desconhecida y1 ;
d n y1
= Φ(x, y1 , y1′ , ..., y1
(n−1)
). (1.25)
dxn
Ao resolver a equação (1.25), achamos a função y1 (x) = Ψ1 (x, C1 , C2 , ..., Cn ). As funções y2 (x),
y3 (x), ..., yn (x) encontraremos, utilizadoras igualdades (3).
dy = x+y+z
Exemplo 1.26. Resolver o sistema dx .
dz
= 2x − 4y − 3z
dx
Resolução: No sistema dado as funções desconhecidas são y(x) e z(x). Conforme o método de
d2 y dy dz
eliminação, vamos derivar a primeira equação do sistema: 2
= 1+ + . Em seguida, na
dx dx dx
equação obtida é preciso substituir as derivadas dy/dx e dz/dx pelas suas expressões tiradas do
d2 y
sistema dado. Então, achamos: = 3x − 3y − 2z + 1. Assim, podemos formar um sistema contendo
dx2
só as derivadas da função desconhecida y(x) e que é equivalente ao sistema dado:
dy
= x+y+z
dx
2 .
d y = 2x − 3y − 2z + 1
dx2
42
Agora, da primeira equação do sistema obtido vamos determinar a função z(x) de x, y , y ′ , isto é:
z = y ′ −y −x. Substituindo z na segunda equação deste sistema,encontramos a equação diferencial em
relação a y(x): y ′′ + 2y + y = 5x + 1. Aplicando o método de coeficiente indeterminado, encontramos a
solução desta equação y(x) = (C1 + C2 x)e−x + 5, e, também, achamos z(x) = (C2 − 2C1 − 2C2 x)e−x −
6x + 14. Desta maneira o sistema está resolvido.
dx
= 3x − y + z
dt
dy
Exemplo 1.27. Integrar o sistema = x + y + z . x(0) = 3; y(0) = 0; z(0) = −1.
dt
dz
= 4x − y + 4z
dt
Resolução: Neste sistema x(t), y(t) e z(t) são funções desconhecidas do argumento t. Inicialmente
derivamos a primeira equação do sistema dado: x′′ = 3x′ − y ′ + z . Agora, substituindo x′ , y pelas
respectivas expressões tiradas do sistema, obtermos: x′′ = 12x − 5y + 6z . Derivando última equação e
efectuando as substituições análogas, achamos: x′′′ = 55x − 23y + 31z. Agora temos o seguinte sistema
que é equivalente ao dado:
x′ = 3x − y + z
x′′ = 12x − 5y + 6z .
x′′′ = 55x − 23y + 31z
Ao exprimir y ,z das primeiras duas equações deste sistema através de x, x′ , x′′ , igualdades:
y = x′′ − 6x′ + 6x, z = x′′ − 5x′ + 3x. Agora, substituindo y ,z na ultima equação do sistema acima,
obtermos uma equação diferencial para a função x(t):
Ao integrar essa equação, encontramos: x(t) = C1 et + C2 e2t + C3 e5t . Das igualdades obtidas para
y , z achamos: y(t) = C1 et − 2C2 e2t + C3 e5t , z(t) = −C1 et − 3C2 e2t + 3C3 e5t . Assim, obtemos a
solução geral o sistema dado. Das condições iniciais resulta um sistema algébrico que determina as
constantes de integração: C1 = C2 = C3 = 1. Desta maneira achamos a solução particular do sistema
diferencial dado que verifica as condições iniciais:
x(t) = et + e2t + e5t ; y(t) = et − 2e2t + e5t ; z(t) = −et − 3e2t + 3e5t .
43
1.22 Exercícios Propostos
Soluções:
44
Capítulo 2
Seja D um subconjunto de C e seja f uma lei que faz corresponder a cada número complexo
z ∈ D um e só um número complexo w de um conjunto I ⊂ C . Neste caso diz-se que f é uma função
de uma variável complexa z com domínio D e escreve-se w = f(z) , sendo z argumento desta função.
O conjunto I chama-se imagem do domínio D pela função f ou, também, contradomínio de f .
Cada função w = f(z) de uma variável complexa z = x + iy determina-se, ou seja descreve-se
por duas funções reias u(x, y) e v(x, y) de variáveis reiais x e y de modo que
w = f(z) = u(x, y) + iv(x, y) , sendo u(x, y) = Ref(z) , v(x, y)=Imf(z) . Assim, uma função
w = f(z) com domínio D faz corresponder a cada pondo z = x + iy de D um ponto w = u + iv do
contradomínio I .
Uma função w = f(z) de uma variável complexa, como resulta da sua definição, faz corresponder
a cada valor de z ∈ D um único valor de f(z) ∈ I . Isto é correspondência univalente que representa
tal chamada função univalente ou função uniforme.
45
por iy na expressão de f (z):
1 + iy 1 − y 2 + 2iy
w = u + iv = f (z)|z=iy = = , y ≥ 0.
1 − iy 1 + y2
Daqui resultam as equações paramétricas escalares da mesma imagem Γ′ :
1 − y2 2y
u= , u= , y ≥ 0. (2.1)
1 + y2 1 + y2
Ao eliminar o Parâmetro y das equações (2.1), obtem-se a equação cartesiana da curva Γ′ : u2 +v 2 = 1,
v ≥ 0.
Faz-se a Conclusão que a função dada f (z) transforma o semi-eixo imaginário em semi-circunferência
superior de raio r = 1 com centro no ponto w0 = 0,cuja equação pode ser dada na forma complexa:
|w| = 1, Imw ≥ 0.
Resposta: Semi-circunferência |w| = 1, Imw ≥ 0.
• Funções trigonométricas
eiz − e−iz eiz + e−iz
w = sin z = , w = cos z ,
2i 2
sin z cos z
w = tg z = , w = cotg z = .
cos z sin z
É válida a identidade: sin2 z + cos2 z = 1.
46
• Funções hiperbólicas
ez − e−z ez + e−z
w = sinh z = , w = cosh z ,
2 2
sinh z cosh z
w = tanh z = , w = coth z = .
cosh z sinh z
Cumpre-se a identidade: cosh2 − sinh2 z = 1.
• Função radical [ ( ) ( )]
√ √ φ + 2πk φ + 2πk
w= z= r cos + sin ,
n n
onde r = |z|, φ = arg z , n = 2, 3, ..., k = 0, 1, 2, ..., (n − 1).
• Função logarítmica
47
São validas as relações:
( )
z1
Ln(z1 · z2 ) = Lnz1 + Lnz2 ; Ln = Lnz1 − Lnz2
z2
w = z a = eaLnz ,
2.1.3 Limite
Seja f(z) uma função de uma variável complexa, definida num domínio D e seja z 0 um ponto de
acumulação deste domínio. Diz-se que um número complexo L é limite de f(z) quando z tende para
z 0 escreve-se lim f (z) = L se, e somente se, dado qualquer número real ε > 0 existe um δ > 0,
z→z0
dependente de ε, tal que para todos os valores de z , pertencentes ao domínio D e sujeitos a condição
0 < |z − z0 | < δ , cumprir-se-a a relação |f (z) − L| < ε.
A definição do limite acima pode ser facilmente generalizada ao caso em que z ou f (z) tende a
infinito
48
lim f (z) = ∞ ⇔ ∀K > 0, ∃δ = δ(K) > 0 : ∀z ∈ D ∧ 0 < |z − z0 | < δ ⇒ |f (z)| > K.
z→z0
Verifica-se uma importante relação entre o limite de uma função de uma variável complexa e os
limites de suas partes reais e imaginarias, a saber, seja f (z) = u(x, y) + iv(x, y) uma função definida
num domínio D e sejam z0 = x0 + iy0 e L = a + ib. Então, para que lim f (z) = L é necessário e
z→z0
lim u(x, y) = a e x→x
suficiente que x→x lim v(x, y) = b. Neste caso tem-se:
0 0
y→y0 y→y0
x→x0
lim v(x, y) = a + ib.
lim u(x, y) + i x→x
lim f (z) = x→x
0 0
y→y0 y→y0 y→y0
Definição 2.1. Uma função f (z) com domínio D diz-se contínua num ponto z0 , se ela for definida
em z0 e numa vizinhança deste ponto, se existir o limite de f (z) quando z → z0 e se lim = f (z0 ).
z→z0
Lema 2.1. Uma função f (z) = u(x, y) + iv(x, y) será continua num ponto z0 = x0 + iy0 se, e somente
se, as suas partes real u(x, y) e imaginaria v(x, y) forem continuas nesse ponto.
Seja f (z) uma função, definida numa região R (conjunto aberto e conexo). Diz-se que f (z) é
derivável num ponto z ∈ R , se existir o limite
Teorema 2.1. Uma função f (z) derivável num ponto z é contínua neste ponto.
Definição 2.2. Diz-se que uma função f (z) é analítica numa região R, se ela é derivável em cada
ponto de R. Diz-se que f (z) é analítica num ponto z0 , se ela é analítica numa região contendo z0 .
As expressões função holomorfa, função regular, função monógena sao usadas como sinonimas de
função analítica.
49
Para que uma função f (z) = u(x, y)+iv(x, y) seja analítica numa região R é necessário e suficiente
que nessa região sejam deriváveis as funções u(x, y) = Ref (z), v(x, y) = Imf (z) e sejam satisfeitas
em R as equações de Cauchy-Riemann:
∂u ∂v ∂u ∂v
= ; =− .
∂x ∂y ∂y ∂x
∂u 1 ∂v ∂v 1 ∂u
= · ; =−
∂r r ∂φ ∂r r ∂φ.
Uma função que satisfaz as equações de Cauchy-Riemann só em certos pontos isolados não é
analítica.
Definição 2.3. Denomina-se ponto singular ou singularidade de uma função f (z) a um ponto z0 no
qual f (z) não é analítica. Um ponto singular z0 de uma função f (z) diz-se ponto singular isolado
ou singularidade isolada desta função, se existe uma vizinhança de z0 que não contem nenhum outro
ponto singular, distinto do próprio z0 . Caso contrario, diz-se que z0 é singularidade não-isolada
A derivada de uma função f (z) = u(x, y) + iv(x, y) que é analítica numa região R calcula-se
conforme as regras:
∂u ∂v ∂v ∂u
f ′ (z) = +i ou f ′ (z) = −i .
∂x ∂x ∂y ∂y
Cada uma das funções elementares univalente, assim como qualquer ramo unívoco de uma função
multivalente representa em seus domínios funções analíticas. As derivadas das funções elementares de
uma variável complexa sao calculadas pelas mesmas regras que se usam para as derivadas das mesmas
funções de uma variável real.
Uma função f (z) = u(x, y) + iv(x, y) analítica numa região R possui as derivadas de todas
ordens em R e essas derivadas, por sua vez, sao também, analíticas em R. Neste caso as funções
u(x, y) = Ref (z), v(x, y) = Imf (z) possuem em R derivadas parciais contínuas de qualquer ordem, e
representam funções harmónicas conjugadas, satisfazendo a equação de Laplace, isto é,
Esta propriedade permite encontrar uma função analítica através da sua parte real ou imaginaria,
a saber. Caso seja dada só a parte real u(x, y) de uma função analítica f (z) = u(x, y) + iv(x, y), a
50
sua parte imaginaria v(x, y) pode-se obter de u(x, y) de modo seguinte:
∫
(x,y) ∫x ∫y
∂u ∂u
v(x, y) = − dx + dy + C = − u′y (x, y0 )dx + u′x (x, y)dy + C,
∂y ∂x
(x0 ,y0 ) x0 y0
onde C é constante de integração, (x0 , y0 ) é ponto inicial de integração no qual a função f (x, y) é
derivável.
Analogamente, a parte real u(x, y) pode ser encontrado através da imaginaria v(x, y)
∫
(x,y) ∫x ∫y
∂v ∂v
u(x, y) = dx − dy + C = vy′ (x, y0 )dx − vx′ (x, y)dy + C.
∂y ∂x
(x0 ,y0 ) x0 y0
Exemplo 2.3. Provar que a função u = sinh x sin y é parte real de uma função analítica f (z) =
u(x, y) + iv(x, y) e obter esta função de modo que f (0) = −i.
Resolução: Vamos verificar se a função dada u(x, y) satisfaz a equação de Laplace, isto é,
∂2u ∂2u
+ 2 = 0.
∂x2 ∂y
∂2u ∂2u
Ao encontrar as segundas derivadas = sinh x sin y , = − sinh x sin y , obteremos:
∂x2 ∂y 2
∂2u ∂2u
+ 2 = sinh x sin y − sinh x sin y = 0.
∂x2 ∂y
Por consequência, a função u(x, y) satisfaz a equação de Laplace e, então, é função harmónica e,
consequentemente, representa parte real de uma função analítica f (z) = u(x, y) + iv(x, y).
A seguir, para obter f (z), é preciso determinar a sua parte imaginaria v(x, y). Utilizando a origem
do sistema das coordenadas como ponto inicial de integração, teremos:
∫x ∫y ∫x ∫y
v(x, y) = − u′y (x, 0)dx+ u′x (x, y)dy+C =− sinh xdx+ cosh x sin ydy+C = 1−cosh x·cos y+C.
0 0 0 0
Assim, achamos
51
2.3 Exercícios Propostos
52
5. Provar que as funções u(x, y) representam partes reias e as v(x, y) partes imaginarias
de funções analíticas e obter essas funções de modo que sejam satisfeitas as
condições indicadas:
Soluções:
1
1. a) semi-parábola u = − 1, b) v ≥ 0; semi-circunferência |w| = 1, Rew ≤ 0; c) semi-
4
1 1 π
circunferência |w − 1| = 2, Rew ≥ 1, d) segmento Re = , |Imw| ≤ . 2. a) − kπ , k ∈ Z ;
( π )
2 2 4
b) e( 6 −2πk) [cos(ln 2) + i sin(ln 2)], k ∈ Z ; c) −
π
+ 2kπ + 2i k, n ∈ Z . 3. a) Descontinua em
2
z = −i; c) Descontinua.
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53
2.4 Integral da Função de Variável Complexa
(n)
Sejam f : D → C, D ⊂ C e uma curva L continuamente diferenciável em D (L ∈ CD ) dada
pela equação
z = z(t) = x(t) + iy(t), α ≤ t ≤ β.
Daí,
∫
lim σn = f (z)dz, onde λ = max |∆zk |, k = 1, n (2.3)
λ→0 L
Desta maneira, o cálculo de um integral da função de variável complexa (2.3) reduz-se ao cálculo de
dois integrais curvilíneos:
∫ ∫ ∫
f (z)dz = (udx − vdy) + i (udy + vdx). (2.4)
L L L
Donde obtemos:
∫ ∫ β ∫ β
′ ′
f (z)dz = {u[x(t), y(t)]x (t) − v[x(t), y(t)]y (t)}dt + i {u[x(t), y(t)]y ′ (t) + v[x(t), y(t)]x′ (t)}dt.
L α α
(2.5)
54
como n → 0, λ → ∞ teremos
∫
(1 + i)(n + 1) 1+i
Rezdz = lim = .
L n→∞ 2n 2
Nota:
1. Se o arco da curva for dado na forma paramêtrica z = z(t), t0 , e t1 como pontos inicial e final
respectivamente. Então,
∫ ∫ t1
f (z)dz = f [z(t)]z ′ (t)dt
L t0
∫ z1
f (z)dz = Φ(z1 ) − Φ(z0 ), onde Φ′ (z) = f (z). (2.7)
z0
∫
Exemplo 2.5. Calcular o integral |z|zdz , onde L : |z| = 1, 0 ≤ argz ≤ π.
L
Resolução:
∫ ∫ √ ∫ √ ∫ √
|z|zdz = x + y (x − iy)(dx + idy) =
2 2 2 2
x + y (xdx + ydy) + i x2 + y 2 (xdy − ydx).
L L L L
∫ ∫ π ∫ π
|z|zdz = (sin t cos t − cos t sin t)dt + i (sin2 t + cos2 t)dt = πi.
L 0 0
55
2.4.2 Integração de Funções Multiformes
Teorema 2.3. Seja D aberto cuja a fronteira L é positivamente orientada. Se f (z) é analítica em
D (fechado), então ∀z0 ∈ D
I
1 f (z)
f (z0 ) = dz. (2.8)
2πi L z − z0
A expressão (2.8) chama-se fórmula integral de Cauchy . Nas condições do teorema, f (z) tem,
em D , derivada de qualquer ordem e é válida a fórmula:
I
n! f (z)
(n)
f (ξ) = dz, k = 1, 2, . . . ; ξ ∈ D e γ ⊂ D, contorno fechado : ξ ∈ γ. (2.9)
2πi γ (z − ξ)n+1
I
1 f (z)
A expressão dz chama-se integral de Cauchy .
2πi L z − z0
I
cosh iz
Exemplo 2.8. Calcular 2
dz.
|z|=2 z + 4z + 3
Resolução: Achemos os pontos singulares:
z 2 + 4z + 3 = 0 ⇔ (z + 1)(z + 3) = 0.
56
Em D : |z| ≤ 2, que é círculo com fronteira L : |z| = 2, encontra-se o ponto z0 = −1. Aplicando a
fórmula (2.8) vem:
I I I cosh iz
cosh iz cosh iz z+3
dz = dz = dz.
|z|=2
2
z + 4z + 3 |z|=2 (z + 1)(z + 3) |z|=2 z − (−1)
cosh iz
A função f (z) = é analítica em |z| ≤ 2, por isso
z+3
I
cosh iz cosh (−i)
dz = 2πif (−1) = 2πi · = πi cosh i = πi cos 1.
|z|=2 z2 + 4z + 3 −1 + 3
ii) parábola y = x2 .
∫
b) Rez · Imzdz , onde Γ é o polígono que liga A(0, −1), B(0, 1) e C(1, 0).
Γ
∫
z+i
dz , onde o contorno Γ− representa a semi-circunferência |z − i| = 1, Imz ≥ 1.
z−i
Γ
∫
dz
c) , sendo Γ a circunferência |z| = 1 percorrida no sentido positivo.
z
Γ
2. Calcule os integrais:
∫i ∫1+i ∫1−i ∫i
a) (z + i) cosh zdz , z 2 dz , c) (4z − 1) ln zdz , d) z cos(z − i)dz .
0 i 1 0
∫
−1−i ∫
−1+i
1 √
e) ln(z + 1)dz , f) z + 1dz , considerar o ramo da função subintegral sobre o
z+1
−2√ −1−i
qual 1 = 1.
57
3. Calcule os integrais dados, utilizando a fórmula integral de Cauchy:
I 4 ∫ 4
z cosh(z + 1) z cosh(z + 1) 1
a) dz , Γ : |z| = 2; b) dz , Γ : |z| =
z+1 z+1 2
Γ Γ
I I
sin z cos 2z
c) dz , Γ : |z| = 2; d) , Γ : |z| = 3;
(z + 1)(z − i) (z + 1)3
Γ Γ
I I
sinh z cos z
e) dz , Γ : |z − πi| = 2; f) dz , Γ : |z| = 4;
(z − πi)(z − 3 + 2i) (z − π)3
Γ Γ
I I
sin(z − i) 3 eiz
g) dz , Γ : |z − i| = ; h) dz , |z| = 2.
z(z + 1) 2 (z + i)5
Γ Γ
Soluções:
1−3 1 − 10i 2
1. a) i) , ii) ; c) 2(π + 1) 2. a) 1 − 2 sin 1 − cos 1; b) − + i; d) 1 − cosh 1;
√ 2 6 3
2 2 πie
f) − i; 3. a) 2πi; b) 0; f) πi; g) −2π sinh 1; h) .
3 12
“Como é raro ter o mesmo critério para julgar o
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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
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2.6 Séries de Taylor e de Laurent. Singularidades Isoladas
A série (2.10) chama-se série de Taylor da função f (z) com centro em z0 . Caso particular z0 = 0
obtem-se a série de Maclaurin:
∞
∑ f (n) (0)
f (z) = z n , |z| < R.
n!
n=0
Desenvolvimentos Notáveis
∞
∑ zn
z2 z3
1. ez = 1 + z + + + ... = , z ∈ C;
2! 3! n!
n=0
∞
∑ (−1)n−1 z 2n−1
z3 z5
2. sin z = z − + − ... = , z ∈ C;
3! 5! (2n − 1)!
n=1
∞
∑ (−1)n z 2n
z2 z4
3. cos z = 1 − + − ... = , z ∈ C;
2! 4! (2n)!
n=0
∞
∑ z 2n−1
z3 z5
4. sinh z = z + + + ... = , z ∈ C;
3! 5! (2n − 1)!
n=1
∞
∑ z 2n
z2 z4
5. cosh z = 1 + + + ... = , z ∈ C;
2! 4! (2n)!
n=0
∞
∑ (−1)n−1 z n
z2 z3
6. ln(z + 1) = z − + − ... = , |z| < 1;
2! 3! n
n=1
60
∑ ∞
1
7. a) = 1 − z + z2 − . . . = (−1)n z n , |z| < 1;
1+z
n=0
∑∞
1
b) = 1 + z + z2 + . . . = z n , |z| < 1.
1−z
n=0
onde
I
1 f (ξ)
cn = dξ,
2πi Γ+ (ξ − z0 )n+1
sendo Γ+ um contorno fechado, simples contido em A e que envolve o ponto z0 .
A série (2.11) chama-se série de Laurent da função f (z) com centro em z0 . A série de Laurent
representa uma generalização da série de Taylor e pode ser rescrita na forma de soma de uma série de
potências de (z − z0 ) com expoentes positivos e de uma série de potências de (z − z0 ) com expoentes
negativos, que são denominadas por, respectivamente, parte regular e parte singular da série de Laurent,
a saber:
∞
∑ ∞
∑ ∞
∑
f (z) = cn (z − z0 ) =
n
cn (z − z0 ) +
n
c−n (z − z0 )−n . (2.12)
n=−∞ n=0 n=1
Seja f (z) uma função analítica numa vizinhança circular V (z0 ) de um ponto z0 , com excepção do
próprio ponto z0 , isto é V (z0 ) = {z ∈ C : 0 < |z − z0 | < R}. Então, o carácter da singularidade do z0
determina-se pela parte singular da série de Laurent da f (z) em V (z0 ) como se segue:
1. Se todos os coeficientes da parte singular forem nulos, isto é, se a série de Laurent tiver apenas
a parte regular, então o ponto z0 diz-se singularidade removível da função f (z) e tem-se:
lim f (z) = L ̸= ∞.
z→z0
2. Se a parte singular da série de Laurent contem um número finito k de termos, então o ponto z0
denomina-se por pôlo de ordem k da função f (z) e f (z) admite a representação:
φ(z)
f (z) = , sendo lim φ(z) = L ̸= 0; ∞.
(z − z0 )k z→z0
61
Além disso, cumpre-se a condição:
lim (z − z0 )k · f (z) = L ̸= 0; ∞.
z→z0
3. Se a parte singular da série de Laurent tiver um número infinito de termos, então diz-se que z0
é singularidade essencial da função f (z).
1
Exemplo 2.9. Desenvolver a função f (z) = em série de Laurent no domínio D : 1 <
(z − 1)(z − 3)
|z| < 3.
1
Resolução: A função f (z) = é analítica na coroa circular D : 1 < |z| < 3. Como
(z − 1)(z − 3)
1 1
1
= 2 − 2
(z − 1)(z − 3) z−3 z−1
62
O desenvolvimento em série de Laurent da função dada é
∞
( ∞
)
1 ∑ zn 1∑ 1
f (z) = − + − .
2 3n+1 2 zn
n=0 n=1
| {z } | {z }
parte regular parte singular
1
Exemplo 2.10. Desenvolver em série de Laurent a função f (z) = z 2 cos numa vizinhança do ponto
z
z0 = 0, ou seja em D : 0 < |z| < +∞, isto é em todo plano complexo excepto o ponto z = 0.
1
Resolução: Seja u = , do desenvolvimento notável da função cos u, u ∈ C, obtemos
z
u 2 u 4 u6
cos u = 1 − + − + ...,
2! 4! 6!
donde
( )
1 1 1 1 1 1 1
f (z) = z cos = z 1 −
2 2
+ − + . . . = z2 − + − + ... =
z 2!z 2 4!z 4 6!z 6 2! 4!z 2 6!z 4
1 1 1
= − + z2 + 2
− 4
+ . . . .
| 2!{z } |4!z 6!z
{z }
parte regular parte singular
indicados:
1 1
a) f (z) = , D : 1 < z < 4; b) f (z) = 2 , D : 1 < |z| < 2;
(z − 1)(z − 4) z − 3z + 2
z+3 1 − cos z
c) f (z) = 2 , D : 0 < |z − i| < 2, d) f (z) = , D : 0 < |z| < R ;
z +1 z
( )
z5 z+2
e) f (z) = 3 , D : |z| > 10; f) f (z) = cos , D : |z + i| > 0.
z −i z+i
2. Ache os pontos singulares finitos das funções dadas e caracterize-os:
2
ez − 1 ln(1 + z) z ez − 1
a) f (z) = ; b) f (z) = ; c) f (z) = ; d) f (z) = ;
z · sin2 z (z − i)z 4 z − sin z z
( ) 1
1 ; h) f (z) = 1 + z − e .
1 z+2 z
e) f (z) = iz ; f) f (z) = cos 2
; g) f (z) = (z +z)·e z +
e −π z+1 z3
Soluções:
63
1 ∑∞ zn 1 ∑ ∞ ∑∞ c−1
1. a) f (z) = − − , 1 < |z| < 4; c) f (z) = cn · (z − i) + , 0 < |z − i| < 2
3 n=0 ( n+1
4 ) 3 n=1 n=0 z−i
1 i n 1 − 3i ∑
∞ in
onde cn = (3 − i) · , c−1 = ; e) f (z) = z 2 + 3n−2
, |z| > 10;
4 2 2 n=1 z
∑
∞ c−n
f) f (z) = c0 + , |z + i| > 0 onde c0 = cos 1 e
n=1 (z + i)n
n+1 (2 − i)n
(−1) 2 · sin 1 para n = 2k − 1, k = 1, 2, 3, ...
n!
cn = .
(2 − i) n
(−1) 2 ·n
cos 1 para n = 2k, k = 1, 2, 3, ...
n!
2. a) z = 0 é PS e zk = πk k = 0, ±1, ±2, ±3, ... são PD; c) z = 0 é PD;
64
2.8 Resíduos e suas Aplicações
Sejam f (z) uma função analítica num disco D , excepto no centro z0 . Se z0 é um ponto singular
I
1
isolado de f (z), então ao valor de f (z)dz chama-se resíduo da função f (z) no ponto z0 e
2πi Γ+
designa-se por Resf (z0 ), isto é
I
1
Resf (z0 ) = f (z)dz,
2πi Γ+
onde Γ+ é um contorno fechado, simples, contido em D e que contem o ponto z0 .
Da definição anterior resulta que
Resf (z0 ) = c−1 ,
onde c−1 é o primeiro coeficiente da parte singular da série de Laurent da função f (z) na vizinhaça
do ponto z0 .
I I
1 1
Resf (∞) = f (z)dz = − f (z)dz = −c−1 ,
2πi Γ− 2πi Γ+
Teorema 2.6. Seja f (z) uma função analítica em R, excepto em certos pontos singulares isolados
z1 , z2 , . . . , zk e seja Γ+ um contorno fechado, simples, contido em R e que contem os pontos zj , j =
1, k . Então,
I ∑
k
f (z)dz = 2πi · Resf (zj ).
Γ+ j=1
Teorema 2.7. Seja f (z) uma função analítica sobre todo o plano complexo extendido, excepto em um
número finito de pontos singulares z1 , z2 , . . . , zk e no ponto z = ∞. Então,
∑
k
Resf (zj ) + Resf (∞) = 0.
j=1
65
3. Se z0 é pôlo múltiplo de ordem k da função f (z), então
1 dk−1
Resf (z0 ) = lim [(z − z0 )k · f (z)].
(k − 1) z→z0 dz k−1
4. Caso z0 seja uma singularidade essencial de f (z), é necessário desenvolver a função em série de
Laurent na vizinhaça do ponto z0 e, assim,
5. Para calcular o resíduo de f (z) no infinito é preciso determinar o coeficiente c−1 da série de
Laurent da função f (z) na vizinhança do ponto z = ∞, donde
1 d2 1 d2 1
Resf (i) = lim 2 [(z − i)3 · f (z)] = lim 2 (sin 2z) = lim(−4 sin 2z) = −2i · sinh 2.
2! z→i dz 2 z→i dz 2 z→i
Assim,
I = 2πi(−2i · sinh 2) = 4π · sinh 2.
66
b) Qn (x) ̸= 0, ∀x ∈ R;
c) n ≥ k + 2.
Supoõe-se que a extensão de f (x) ao plano complexo é uma função f (z) que possui sobre o sei-plano
superior, {z ∈ C : Imz ≥ 0}, um número finito de pôlos z1 , z2 , . . . , zk . Então,
∫ ∞ ∑
k
f (x)dx = 2πi · Resf (zj ).
−∞ j=1
Resolução: A função subintegral é racional e par, cujo o denominador não tem raízes reais. O grau
do numerador k = 2 e o do denominador n = 6 cumprem a condição n ≥ k + 2. A extensão da função
subintegral ao plano complexo é
z2
f (z) = .
(z 2 + 1)2 (z 2 + 4)
As raízes da função f (z) que pertencem ao sei-plano superior são z1 = i (pôlo duplo) e z2 = 2i (pôlo
simples). Então, o integral dado pode ser calculado de seguinte modo:
∫ ∞ ∫ ∞
x2 1 x2 1
I= dx = dx = · 2πi[Resf (i) + Resf (2i)],
0 (x2 + 1)2 (x2 + 4) 2 −∞ (x2 + 1)2 (x2 + 4) 2
onde [ ]
d z2 5i
Resf (i) = lim =−
z→i dz (z + 1)2 (z 2 + 4) 36
e
z2 i
Resf (2i) = lim 2 2
= .
z→2i (z + 1) (z + 2i) 9
Assim,
5i i π
I = πi(− + ) = .
36 9 36
67
2.9 Exercícios Propostos:
Soluções:
π 2
1. a) −2π sinh2 1; b) 4π sinh 2; c) + ; d) 2πi; e) 2π(1 − 4i) f) 6π ; g) 2πi;
2 π
π π π π π 15π 4π
i) 0; j) 2π sin 1; 2. a) ; b) − ; c) ; d) ; e) ; f) ; g) .
60 36 8 200 16 432 81
68
Capítulo 3
Cálculo Operacional
Cálculo Operacional (ou Cálculo Simbólico) representa uma das partes importantes da Análise
Matemática. Hoje em dia os métodos de Cálculo Operacional usam-se amplamente em Física, Elec-
trotecnia, Mecânica e em outros ramos da Ciências Naturais. Em particular, o Cálculo Operacional
encontrou aplicações largas nas tecnologias modernas de automação e telecomunicações. Nós consid-
eraremos as noções e teoremas fundamentais do Cálculo Operacional, bem como aplicação dos seus
métodos na resolução de equações diferenciais.
Definição 3.1. Diz-se que uma função f (t) de uma variável t é função de incremento limitado
se existe os números reiais M e s0 tais que se verifica a condição |f (t)| < es0 t para todos t >≥ 0,
onde s0 é chamado índice de incremento de f (t).
Exemplo 3.1. As funções eαt , sin(at), cos(at), tn , sinh(at), cosh(at) sao de incremento limitado.
Definição 3.2. Diz-se que uma função f (t) de uma variável real t é função monótona por corte,
ou seja, seccionalmente monótona sobre um intervalo [a, b], se é possível decompor esse intervalo
em número finito de intervalos parciais, ou seja, secções,tais que sobre um deles a função f (t) seja
monótona, quer dizer, seja não crescente ou seja não decrescente.
69
Desta definição resulta que uma função f (t) que é monótona por corte em [a, b] deve ser limitada
neste intervalo e pode ter sobre ele apenas um número finito de pontos de descontinuidade da 1a
espécie (são descontinuidade finitas).
Definição 3.3. Chama-se função-original a uma função f (t) de uma variável real t que satisfaz as
seguintes três condições:
Para formar uma função-original utiliza-se tal chamada função unidade, conhecida também,
como função de Heavicide que é definida de modo seguinte:
1, se t ≥ 0
η(t) =
0, se t < 0.
Exemplo 3.2. f (t) = tη(t); f (t) = t2 η(t); f (t) = sin t · η(t) (esclarecer com figuras todos casos).
∫
+∞
onde a condição Rep > s0 é necessária para que o integral impróprio acima seja convergente.
Esta transformação que faz corresponder a uma original f (t) a sua imagem F (p) é conhecida
como Transformação de Laplace e designa-se nas formas simbólicas seguintes: L[f (t)] = F (p) ou
L−1 [F (P )] = f (t).
70
3.2 Imagens de funções-originais mais simples
1 1
Assim, L[η(t)] = , ou L(1) = , t ≥ 0.
p p
b) Imagem da função potência
Analogamente, encontramos:
∫∞ ∫λ ( )
−pt −pt tepλ e−pt 1!
L[tη(t)] = t·e dt = lim te dt = lim − + 2 λ
0 = .
λ→+∞ λ→+∞ p p p2
0 0
2! 3! n!
Analogamente, encontramos: L[t2 η(t)] = 3
; L[t3 η(t)] = 4 ; ...; L[tn η(t)] = n+1 .
p p p
n! n!
Assim L[tn η(t)] = ou seja L[tn ] = n+1 , t ≥ 0.
pn+1 p
c) Imagens das funções-originais trigonométricas
Partindo da definição da imagem, temos:
∫∞ λ 1 1
L[sin t · η(t)] = sin t · e−pt dt = lim sin t · e−pt dt = 2
− 2 L[sin t · η(t)].
0 p p
0
1 1
Daqui resulta: L[sin t · η(t)] =ou L[sin t] = 2 t ≥ 0.
+1 p2
p +1
d) Imagens das funções-originais exponenciais
∫∞ ∫λ [ ]
1 1
L[e−t · η(t)] = e−t · e−pt dt = lim e−(p+1)dt dt = − lim e−(p+1)λ − 1 = .
λ→+∞ p + 1 λ→+∞ p+1
0 0
1 1
Assim, L[e−t ] = , t ≥ 0. Analogamente, L[et ] = .
p+1 p−1
e) Imagens das funções-originais hiperbólicas
et − e−t et + e−t
Atendendo que sinh t = e cosh t = , é fácil mostrar que
2 2
1 p
L[sinh t] = , t ≥ 0; L[cosh t] = , t ≥ 0.
p2 −1 p−1
71
3.3 Teoremas básicos do Cálculo Operacional
Teorema 3.1 (de Unicidade de Original). Suponha-se que duas funções-originais f (t) e φ(t)
possuam a mesma imagem F (p). Entoa, essas funções sao identicamente iguais entre si, isto é:
Teorema 3.2 (de Linearidade de Imagem). A imagem da soma de um número finito dalgumas
funções-originais multiplicadas por certas constantes é igual a soma das respectivas imagens destas
funções-originais multiplicadas pelas constantes correspondentes, isto é, se
∑
n ∑
n
f (t) = Ck fk (t) ∧ L[f (t)] = F (p) ∧ L[fk (t)] = Fk (p), então, F (p) = Ck Fk (p).
k=1 k=1
1 (p)
L[f (at)] = F .
a a
Com base deste teorema, na suposição que a > 0 e α > 0 sejam duas constantes positivas, podemos
construir imagens das seguintes funções originais:
a p
L[sin(at)] = , t ≥ 0; L[cos(at)] = , t ≥ 0;
p2 + a2 p2 + a2
a p
L[sinh(at)] = , t ≥ 0; L[cosh(at)] = , t ≥ 0;
p2 − a2 p2 − a2
1 1
L[e−αt ] = , t ≥ 0; L[eαt ] = , t ≥ 0.
p−α p−α
Teorema 3.4 (Imagens das Derivadas). Suponha-se que L[f (t)] = F (p) e as derivadas f ′ (t),
f ′′ (t), f ′′′ (t), ..., f ( n)(t) sejam funções-originais. Então,
72
L[f ′′′ (t)] = p3 F (p) − p2 f (0) − pf ′ (0) − f ′′ (0),
....................................................................................
Exemplo 3.4. Utilizando o teorema sobre imagens de derivadas, achar a imagem da função f (t) =
sin2 t.
Resolução: Suponhamos que L[f (t)] = F (p). Então, L[f ′ (t)] = pF (p) − f (0) = pF (p). Por
2 2
outro lado, tem-se: f ′ (t) = 2 sin t cos t = sin 2t =⇒ L[sin 2t] = 2 . Então, pF (p) = 2 ou
P +4 p +4
2 2
F (p) = 2
. Assim, L[sin2 t] = 2
.
p(p + 4) p(p + 4)
Teorema 3.5 (sobre a Derivada de Imagem).
[ ]
dn F (p)
Se L−1 [F (p)] = f (t), então, L−1 = (−t)n f (t).
dpn
dn F (p)
Deste teorema resulta que caso L[f (t)] = F (p), verifica-se: L[tn f (t)] = (−1)n .
dpn
Exemplo 3.5. Achar a imagem da função f (t) = t2 et .
1
Resolução: Sabendo que L[et ] = e aplicando a consequência do teorema sobre a derivada de
p−1 ( )
d2 1 2 1
imagem, encontramos: L[f (t)] = [t e ] = (−1) · 2
2 t 2 = . Assim, L[t2 et ] = .
dp p−1 (p − 1) 3 (p − 1)3
Teorema 3.6 (sobre Integração de Original).
t
∫
F (p)
Se L[f (t)] = F (p), então, L f (τ )dτ = .
p
0
∫t
Exemplo 3.6. Achar a imagem da função f (t) = eτ dτ .
0
1
Resolução: Sabendo que L[et ] = e aplicando o teorema sobre a integração de original encon-
p−1
tramos: t
∫
1
L eτ dτ = .
p(p − 1)
0
73
∫
+∞
Teorema 3.7. Suponha-se que L−1 [F (p)] = f (t) e o integral impróprio F (q)dq seja convergente.
[ ] p
f (t) −1
∫
+∞ f (t)
Então este integral é imagem da função , isto é, L F (q)dq = .
t p t
sin t
Exemplo 3.7. Achar a imagem da função f (t) = .
t
[ ] +∞
1 sin t ∫ dq π
Resolução: Sabe-se que L[sin t] = 2 . Portanto, L = 2
= − arctg p.
p +1 t p q +1 2
O teorema sobre a integração
[ de
] imagem ut5iliza-se para o cálculo de certos integrais impróprios.
∫
+∞ f (t) ∫
+∞ ∫ f (t)
+∞
Com efeito, sendo L−1 F (q)dq = , tem-se: F (q)dq = e−ptdt. Pondo na última
p t p 0 t
∫
+∞ ∫ f (t)
+∞
igualdade p = 0, obtemos: F (q)dq = e−ptdt. A variável de integração no último integral
0 0 t
pode ser redesignada por p. Assim, temos a seguinte fórmula que se usa em cálculos de certos integrais
∫ f (t)
+∞ ∫
+∞
impróprios: e−ptdt = F (p)dq , onde L−1 [F (p)] = f (t).
0 t p
∫ sin t
+∞
Exemplo 3.8. Calcular o integral I = dt.
0 t
1 ∫
+∞ dp π
Resolução: Sabe-se que L[sin t] = 2
. Portanto, I = 2
= lim arctg (p)|λ0 = .
p +1 0 p +1 λ→+∞ 2
Teorema 3.8 (de Deslocamento).
Se L[F (p)] = f (t), então, L[F (p + α)] = e−αt f (t), onde Re(p + α) > s0 .
Exemplo 3.9.
a p+α
L[e−αt sin(at)] = , t ≥ 0; L[e−αt cos(at)] = , t ≥ 0;
(p + α)2 + a2 (p + α)2 + a2
a p+a
L[e−αt sinh(at)] = , t ≥ 0; L[e−αt cosh(at)] = , t ≥ 0;
(p − α)2 + a2 (p + α)2 − a2
n!
L[tn e−αt ] = , t ≥ 0.
(p + α)n+1
Teorema 3.9 (de Retardamento). Se L[f (t)] = F (p), então, para qualquer número τ > 0 verifica-
se:
L[f (t − τ )] = e−pτ F (p), t ≥ τ.
74
2
Resolução: Sabe-se que para função se retardamento L[f (t)] = L[η(t)] = . De acordo com o
p3
2 −p
teorema de retardamento tem-se: L[(t − 1)2 η(t − 1)] = e .
p3
Teorema 3.10 (Enrolamento). Suponha-se que L−1 [F1 (p)] = f1 (t) e L−1 [F2 (p)] = f2 (t). Então,
∫t
L−1 [F1 (p) · F2 (p)] = f1 (τ ) · f2 (τ )dτ.
0
∫t
Teorema 3.11. Achar a imagem da função f (t) = e2(η−t) τ 2 dτ .
0
2 1
Resolução: Temos: L[f1 (t)] = L[t2 ] = F1 (p) = 3
; L[f2 (t)] = L[e−2t ] = F2 (p) = . Assim,
p p+1
t
∫
2
L[f (t)] = L e2(η−t) τ 2 dτ = F (p) = F1 (p) · F2 (p) = .
p3 (p+ 2)
0
Teorema 3.12 (de Desenvolvimento). Suponha-se que F(p) seja fracção racional própria e pk ,
k = 1, 2, ..., n sejam seus pólos. Então,
∑
n
f (t) = Res p=p [F (p)ept ].
k
k=1
75