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Equações diferenciais

25,27/11/2019 e 02,04/12/2019
Equações diferenciais de variáveis separáveis

Chama-se equação diferencial de variáveis separáveis a toda a


equação diferencial que se pode escrever na forma canónica

y 0 = f (y )g (x)

onde f :]a, b[→ R e g :]c, d[→ R são funções contı́nuas.


Chama-se solução da equação a toda a função diferenciável y
definida num intervalo aberto J ⊂]c, d[ e tal que

y 0 (x) = f (y (x))g (x), ∀x ∈ J.

Uma condição do tipo y (x0 ) = y0 com x0 ∈]c, d[ e y0 ∈]a, b[


chama-se condição inicial associada à equação diferencial.
Um problema de valores iniciais é dado por uma equação
diferencial com uma condição inicial.
Teorema de existência e unicidade de solução

Sejam f :]a, b[→ R uma função com derivada contı́nua e


g :]c, d[→ R uma função contı́nua.
Então, para cada x0 ∈]c, d[ e para cada y0 ∈]a, b[, existe um
intervalo aberto J ⊂]c, d[ que contém x0 e uma única função
φ : J → R com derivada contı́nua tal que

φ0 (x) = f (φ(x))g (x), ∀x ∈ J

e
φ(x0 ) = y0 .
A função φ é a única solução da equação diferencial y 0 = f (y )g (x)
que satisfaz a condição inicial.
Soluções constantes
Seja c ∈]a, b[ um zero de f (y ). A função y (x) = c é uma solução
da equação diferencial y 0 = f (y )g (x).
Assim, os zeros da função f (y ) são as soluções constantes da
equação diferencial.
Pelo teorema anterior, podemos afirmar que qualquer solução φ
não constante da equação diferencial y 0 = f (y )g (x) satisfaz a
condição φ(x) 6= c para todo o x pertencente ao domı́nio de φ.
Exemplo. Seja
(y − 1)2
y0 = √ .
x
Então
f (y ) = (y − 1)2
e
1
g (x) = √ .
x
Temos que f (y ) = 0 se e só se y = 1. Portanto y (x) = 1 é uma
solução constante desta equação diferencial.
Solução geral de uma equação diferencial
A solução geral da equação diferencial y 0 = f (y )g (x) é o conjunto
de todas funções reais de variável real que satisfazem a equação.
(y − 1)2
Exemplo. Consideremos de novo a equação y 0 = √ .
x
Já vimos que esta equação tem uma solução constante y (x) = 1.
Para determinar as soluções não constantes, consideremos y 6= 1.
Então
(y − 1)2 y0 1 1 √
y0 = √ ⇔ = √ ⇔ − = 2 x + c, c ∈ R.
x (y − 1)2 x y −1

A solução geral da equação diferencial é


−1
y (x) = √ + 1, c ∈ R ou y (x) = 1 .
2 x +c | {z }
| {z } solução constante
soluções não constantes

Podemos confirmar que qualquer solução não constante φ da


equação diferencial satisfaz a condição φ(x) 6= 1.
Método de resolução
Considere-se o problema de valores iniciais

y 0 = f (y )g (x), y ∈]a, b[, x ∈]c, d[, y (x0 ) = y0 .

Para determinar a sua solução, seguem-se os seguintes passos:


1. Calcular os zeros de f . Se f (y0 ) = 0, então a equação tem
apenas a solução constante y (x) = y0 .
2. Se f (y ) 6= 0, dividir ambos os membros da equação por f (y ).
y0
3. Primitivar ambos os membros da igualdade = g (x).
f (y )
1
4. Se F (u) for uma primitiva de e G (x) for uma primitiva
f (u)
de g (x), então a solução geral na forma implı́cita é:
F (y ) = G (x) + c, c ∈ R.
5. Determinar a constante c, fazendo c = F (y0 ) − G (x0 ).
6. Explicitar y quando possı́vel.
Exemplo 1
Resolver o problema de valores iniciais
y 0 = y 2 , y (0) = 2.

I Temos que y 2 = 0 se e só se y = 0. Como y0 = 2, não existem soluções


constantes.
y0
I Suponhamos y 6= 0. Então = 1.
y2
I Primitivando ambos os membros, obtemos a seguinte solução geral
1
− = x + c, c ∈ R.
y

I A constante c determina-se fazendo


1 1
− = 0 + c ou seja c = − .
2 2

I A solução explı́cita é
−1 1
y (x) = = .
x − 21 1
2
−x
Exemplo 2
Resolver o problema de valores iniciais
π
y 0 = cos2 (y )e 2x , y (0) = .
4
nπ o π
I Temos que cos2 (y ) = 0 se e só se y ∈ + kπ, k ∈ Z . Como y0 = ,
2 4
não existem soluções constantes.
y0
I Suponhamos cos2 (y ) 6= 0. Então = e 2x
cos2 (y )
I Primitivando ambos os membros, obtemos a seguinte solução geral
1 2x
tan(y ) = e + c, c ∈ R.
2

I A constante c determina-se fazendo


π 1 1
c = tan − = .
4 2 2

I A solução explı́cita é

1 + e 2x
 
y (x) = arctan .
2
Equações diferenciais lineares de primeira ordem
Uma equação diferencial na incógnita y = y (x) diz-se linear de
primeira ordem se for possı́vel escrevê-la na seguinte forma
canónica
y 0 + y p(x) = r (x)
Se r (x) = 0, a equação diferencial linear diz-se homogénea.
Exemplos.
A equação y 0 y = 2x + 5 não é linear.
A equação y 0 + y = x 2 é linear não homogénea.
A equação 5y 0 + y sin x = 0 é linear homogénea.
Uma equação diferencial linear homogénea de primeira ordem é de
variáveis separáveis.
y 0 + y p(x) = 0 ⇔ y 0 = −p(x)y .
A sua solução geral é
R
−p(x)dx
y = ae , a ∈ R.
O factor integrante e a solução – NÃO SAI NO EXAME
Para resolver uma equação diferencial linear de primeira ordem não
homogénea
y 0 + y p(x) = r (x)
utiliza-se uma função auxiliar F (x) designada por factor integrante
R
F (x) = e p(x)dx
Derivando o factor integrante, temos
 R 0 Z 0 R R
F 0 (x) = e p(x)dx = p(x)dx e p(x)dx = p(x)e p(x)dx = p(x)F(x).

Multiplicando a equação diferencial y 0 + p(x)y = r (x) por F (x),


obtemos
y 0 F (x) + p(x)F (x)y = r (x)F (x) ⇔ [yF (x)]0 = r (x)F (x)
R
Primitivando, obtemos yF (x) = r (x)F (x)dx + c.
A solução geral é
R
r (x)F (x)dx + c
y= , c ∈R
F (x)
Problema de valores iniciais – NÃO SAI NO EXAME

Ao resolver uma equação diferencial linear de primeira ordem,


obtemos sempre uma infinidade de soluções (uma solução para
cada valor da constante c).
Um problema de valores iniciais é dado por uma equação
diferencial com uma condição inicial y (x0 ) = y0 .
Um problema de valores iniciais tem sempre solução única.
Exemplo 1 – NÃO SAI NO EXAME
Resolver a equação
y 0 + xy = 7x
em R com a condição inicial y (0) = 1.
Esta equação está na forma canónica com p(x) = x e r (x) = 7x.
O factor integrante é
x2
R
x dx
e =e 2

Temos então que a solução geral é


R x2 x2
7xe 2 dx 7e 2 c x2
y= x2
= x2 + x2 = 7 + ce− 2 , c ∈ R
e2 e2 e2

Como y (0) = 1, temos que 1 = 7 + c, ou seja, c = −6.


Assim, a solução do problema de valores iniciais é
x2
y (x) = 7 − 6e− 2
Exemplo 2 – NÃO SAI NO EXAME
Resolver a equação
xy 0 + y = 2x 2
no intervalo ]0, +∞[, com a condição inicial y (1) = 2.
A forma canónica desta equação é
y 1
y0 + = 2x, com p(x) = e r (x) = 2x.
x x
1
R
O factor integrante é e x dx = eln x = x.
Temos então que a solução geral é
R 2
2x dx 2x 2 c
y= = + ,c ∈ R
x 3 x
2 4
Como y (1) = 2, temos que 2 = + c, ou seja, c = .
3 3
Assim, a solução do problema de valores iniciais é
2x 2 4
y (x) = + , com x ∈]0, +∞[
3 3x
Equações diferenciais lineares de segunda ordem

Uma equação diferencial na incógnita y = y (x) diz-se linear de


segunda ordem se for possı́vel escrevê-la na seguinte forma
canónica
y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = r (x)
Se r (x) = 0, a equação diferencial linear diz-se homogénea.
Exemplos.
A equação x(y 00 y + y 02 ) + 2y 0 y = 0 não é linear.
A equação y 00 + 4y = e−x sin(x) é linear não homogénea.
A equação (1 − x 2 )y 00 − 2xy 0 + 6y = 0 é linear homogénea.
Nota: Vamos supor que x varia num intervalo aberto I .
Equações homogéneas

Exemplo:
y = ex e y = e −x são soluções da equação diferencial linear
homogénea y 00 − y = 0.
Multiplicando cada uma destas soluções por constantes e somando,
obtemos uma nova solução, como, por exemplo: y = 3ex − 8e−x .

De uma equação linear homogénea, podemos obter sempre novas


soluções multiplicando soluções conhecidas e somando-as.
No exemplo dado, para y1 = e x e y2 = e −x , obtemos uma solução
da forma y = c1 y1 + c2 y2 , com c1 , c2 constantes.
Esta solução diz-se uma combinação linear de y1 e y2 .

Teorema: Qualquer combinação linear de duas soluções de uma


equação diferencial linear homogénea y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = 0
ainda é solução desta equação.
Este resultado não se verifica para equações lineares não
homogéneas ou equações não lineares.

Exemplo: y = 1 + cos x e y = 1 + sin x são soluções da equação


diferencial linear não homogénea y 00 + y = 1, mas y = 2(1 + cos x)
e y = (1 + cos x) + (1 + sin x) não são soluções desta equação.

Exemplo: y = x 2 e y = 1 são soluções da equação diferencial não


linear y 00 y − xy 0 = 0, mas y = −x 2 e y = x 2 + 1 não são soluções
desta equação.
Problema de valores iniciais
Para uma equação diferencial de primeira ordem, uma solução
geral envolvia uma constante arbitrária c e, num problema de
valores iniciais, impúnhamos uma condição do tipo y (x0 ) = y0 ,
para encontrar uma solução particular, na qual a constante c
assumia um valor determinado..

E para equações y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = 0 lineares homogéneas de


segunda ordem, o que acontece?

Neste caso, uma solução geral é da forma y = c1 y1 + c2 y2 ,


combinação linear de duas soluções, com c1 , c2 constantes
arbitrárias.

Um problema de valores iniciais consiste na equação

y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = 0

e duas condições iniciais y (x0 ) = K0 e y 0 (x0 ) = K1 , estabelecendo


valores da solução e da sua derivada.
Exemplo:
Como vimos, y1 = ex e y2 = e −x são soluções da equação
diferencial linear homogénea y 00 − y = 0.
Consideremos o problema de valores iniciais

y 00 − y = 0, y (0) = 5, y 0 (0) = 3

Tomamos uma solução geral da forma y = c1 e x + c2 e −x .


Temos y = c1 e x + c2 e −x , y 0 = c1 e x − c2 e −x .
Então, y (0) = c1 + c2 = 5 e y 0 (0) = c1 − c2 = 3.
Assim, c1 = 4, c2 = 1 e y = 4e x + e −x .

Nota: Se tivéssemos tomado y1 = ex e y2 = 7e x , obterı́amos


y = (c1 + 7c2 )e x e esta solução não seria suficientemente geral
para resolver o problema.
Estas soluções são proporcionais, ou seja, y1 /y2 é uma constante.
Solução geral

Uma solução geral da equação

y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = 0

é uma solução y = c1 y1 + c2 y2 , com y1 , y2 soluções não


proporcionais e c1 , c2 constantes arbitrárias.
Equações homogéneas com coeficientes constantes
Vamos resolver equações lineares homogéneas com coeficientes
constantes (a, b constantes):
y 00 + ay 0 + by = 0
Estas equações têm aplicações importantes na Fı́sica, como, por
exemplo, em problemas de vibrações mecânicas e eléctricas.

Recordemos que y = e −kx é solução da equação diferencial linear


homogénea de primeira ordem y 0 + ky = 0.

Tentemos ver se y = e λx é solução de y 00 + ay 0 + by = 0.

Temos y 0 = λe λx e y 00 = λ2 e λx .

Substituindo na equação y 00 + ay 0 + by = 0, obtemos


(λ2 + aλ + b)e λx = 0.

Assim, y = e λx é solução de y 00 + ay 0 + by = 0 se e só se λ for


solução da equação quadrática λ2 + aλ + b = 0.
Equação caracterı́stica

A λ2 + aλ + b = 0 chamamos equação caracterı́stica de


y 00 + ay 0 + by = 0.

Esta equação tem:


I 2 raı́zes reais se a2 − 4b > 0;
I uma raiz real dupla se a2 − 4b = 0;
I raı́zes conjugadas complexas se a2 − 4b < 0.
No caso em que a equação caracterı́stica tem 2 raı́zes reais, λ1 e
λ2 , a solução geral da equação y 00 + ay 0 + by = 0 é
y = c 1 e λ1 x + c 2 e λ2 x .

Exemplo: y 00 − y = 0
A equação caracterı́stica λ2 − 1 = 0 tem raı́zes 1 e −1.
A solução geral da equação é y = c1 e x + c2 e −x .

No caso em que a equação caracterı́stica tem 1 raiz real dupla,


λ = −a/2, a solução geral da equação y 00 + ay 0 + by = 0 é
y = (c1 + c2 x)e λx .

Exemplo: y 00 + 8y 0 + 16y = 0
A equação caracterı́stica λ2 + 8λ + 16 = 0 tem a raiz dupla −4.
A solução geral da equação é y = c1 e −4x + c2 xe −4x .
No caso em que a equação caracterı́stica tem 2 raı́zes complexas,
λ1 e λ2 , a solução geral da equação y 00 + ay 0 + q
by = 0 é
y = e −ax/2 (c1 cos(ωx) + c2 sin(ωx)), onde ω = b − 14 a2 .
Observemos que λ1 = − 12 a + iω e λ2 = − 21 a − iω.

Exemplo: y 00 − 2y 0 + 10y = 0
A equação caracterı́stica λ2 − 2λ + 10 = 0 tem raı́zes 1 + 3i e
1 − 3i.
A solução geral da equação é y = e x (c1 cos(3x) + c2 sin(3x)).
Exercı́cio: Resolva o problema de valores iniciais
y 00 + 2y 0 + 5y = 0, y (0) = 1, y 0 (0) = 5.
A equação caracterı́stica λ2 + 2λ + 5 = 0 tem raı́zes −1 + 2i e
−1 − 2i.
A solução geral da equação é y = e −x (c1 cos(2x) + c2 sin(2x)).
A primeira condição inicial, y (0) = 1, dá c1 = 1.
Derivando, obtém-se
y 0 = e −x (−c1 cos(2x) − c2 sin(2x) − 2c1 sin(2x) + 2c2 cos(2x)).
A segunda condição inicial, y 0 (0) = 5, dá −c1 + 2c2 = 5.
Como c1 = 1, temos c2 = 3.
Logo, y = e −x (cos(2x) + 3 sin(2x)).
Equações não homogéneas

Uma solução geral da equação não homogénea

y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = r (x)

é uma solução da forma

y (x) = yh (x) + yp (x)

onde yh (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x) é uma solução da equação


homogénea associada y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = 0 e yp (x) é uma
qualquer solução de y 00 + y 0 p(x) + y q(x) = r (x) não contendo
constantes arbitrárias (solução particular).
Exemplo: Resolver o problema de valores iniciais
y 00 − 4y 0 + 3y = 10e −2x , y (0) = 1, y 0 (0) = −3.
A equação caracterı́stica λ2 − 4λ + 3 = 0 tem raı́zes 1 e 3.
A solução geral da equação homogénea é yh = c1 e x + c2 e 3x .
Tentemos como solução particular yp = Ce −2x .
Então yp0 = −2Ce −2x e yp00 = 4Ce −2x .
Substituindo na equação original, obtemos:
4Ce −2x − 4(−2Ce −2x ) + 3(Ce −2x ) = 10e −2x
Logo, C = 32 e uma solução geral da equação não homogénea é
y = yh + yp = c1 e x + c2 e 3x + 32 e −2x .
A primeira condição inicial, y (0) = 1, dá c1 + c2 = 31 .
Derivando, obtém-se y 0 = c1 e x + 3c2 e 3x − 43 e −2x .
A segunda condição inicial, y 0 (0) = −3, dá c1 + 3c2 = − 35 .
4
Logo c1 = 3 e c2 = −1.
Portanto, a solução pretendida é y = 34 e x − e 3x + 23 e −2x .
Método dos coeficientes indeterminados

Vamos resolver equações lineares com coeficientes constantes:

y 00 + ay 0 + by = r (x)

onde r (x) é uma função exponencial, um polinómio, um seno ou


cosseno, ou somas e produtos de tais funções.

Como já sabemos resolver a equação homogénea associada e


encontrar a solução yh , apenas nos falta encontrar a solução
particular yp .
I Se r (x) = ke αx , escolhemos yp = Ce αx .
I Se r (x) = kx n , escolhemos
yp = Cn x n + Cn−1 x n−1 + · · · + C1 x + C0 .
I Se r (x) = k cos(βx) ou r (x) = k sin(βx), escolhemos
yp = C1 cos(βx) + C2 sin(βx).
I Se r (x) = ke αx cos(βx) ou r (x) = ke αx sin(βx), escolhemos
yp = e αx (C1 cos(βx) + C2 sin(βx)).

Depois, determinamos os coeficientes C , C1 , C2 , . . . , Cn por


substituição de yp e das suas derivadas na equação
y 00 + ay 0 + by = r (x).
Se um termo escolhido para yp for solução da equação homogénea
y 00 + ay 0 + by = 0, então multiplica-se a escolha de yp por x (ou
por x 2 , caso esta solução corresponda a uma raiz dupla da equação
caracterı́stica).
Se r (x) for uma soma das funções listadas, escolhe-se para yp a
soma das funções correspondentes.
Exemplo: Resolver a equação y 00 + 4y = 8x 2 .
A equação caracterı́stica λ2 + 4 = 0 tem raı́zes 2i e −2i.
A solução geral da equação homogénea é
yh = A cos(2x) + B sin(2x).
Tentemos como solução particular yp = C2 x 2 + C1 x + C0 .
Então yp0 = 2C2 x + C1 e yp00 = 2C2 .
Substituindo na equação original, obtemos:
2C2 + 4(C2 x 2 + C1 x + C0 ) = 8x 2 .
Logo, C2 = 2, C1 = 0 e C0 = −1 e uma solução geral da equação
não homogénea é y = yh + yp = A cos(2x) + B sin(2x) + 2x 2 − 1.
Exemplo: Resolver a equação y 00 − 3y 0 + 2y = e x .
A equação caracterı́stica λ2 − 3λ + 2 = 0 tem raı́zes 1 e 2.
A solução geral da equação homogénea é yh = Ae x + Be 2x .
Não vamos tentar a solução particular yp = Ce x , pois e x é uma
solução da equação homogénea, correspondendo à raiz 1.
Assim, tentaremos yp = Cxe x .
Então yp0 = Ce x + Cxe x e yp00 = 2Ce x + Cxe x .
Substituindo na equação original, obtemos:
2Ce x + Cxe x − 3(Ce x + Cxe x ) + 2(Cxe x ) = e x .
Logo, C = −1 e uma solução geral da equação não homogénea é
y = yh + yp = Ae x + Be 2x − xe x .
Exemplo: Resolver a equação y 00 − 2y 0 + y = x + e x .
A equação caracterı́stica λ2 − 2λ + 1 = 0 tem a raiz dupla 1.
A solução geral da equação homogénea é yh = Ae x + Bxe x .
O termo x indica a escolha da solução particular C1 x + C0 .
Uma vez que 1 é uma raiz dupla da equação caracterı́stica, para o
termo e x vamos escolher a solução particular Cx 2 e x .
Assim, tentaremos yp = C1 x + C0 + Cx 2 e x .
Então yp0 = C1 + 2Cxe x + Cx 2 e x e yp00 = 2Ce x + 4Cxe x + Cx 2 e x .
Substituindo na equação original, obtemos:
2Ce x +4Cxe x +Cx 2 e x −2(C1 +2Cxe x +Cx 2 e x )+C1 x +C0 +Cx 2 e x =
x + ex .
Logo, C = 12 , C1 = 1 e C0 = 2 e uma solução geral da equação
não homogénea é y = yh + yp = Ae x + Bxe x + x + 2 + 12 x 2 e x .
Exercı́cio

Resolver o problema de valores iniciais y 00 − 3y 0 + 2y = 2 cos(3x),


y (0) = 0, y 0 (0) = −1.
Solução geral da equação homogénea

Consideremos a equação homogénea y 00 − 3y 0 + 2y = 0.

A equação caracterı́stica λ2 − 3λ + 2 = 0 tem raı́zes 1 e 2.

A solução geral da equação homogénea é yh = Ae x + Be 2x .


Solução particular da equação não homogénea

Tentemos como solução particular de y 00 − 3y 0 + 2y = 2 cos(3x) a


solução yp = C1 cos(3x) + C2 sin(3x).
Então yp0 = −3C1 sin(3x) + 3C2 cos(3x) e
yp00 = −9C1 cos(3x) − 9C2 sin(3x).
Substituindo na equação original, obtemos:
−9C1 cos(3x) − 9C2 sin(3x) − 3(−3C1 sin(3x) + 3C2 cos(3x)) +
2(C1 cos(3x) + C2 sin(3x)) = 2 cos(3x).
Logo, −9C1 − 9C2 + 2C1 = 2 e −9C2 + 9C1 + 2C2 = 0, ou seja,
−7C1 − 9C2 = 2 e −7C2 + 9C1 = 0.
7 9
Então, C1 = − 65 e C2 = − 65 .
Assim, uma solução particular da equação não homogénea é:
7 9
yp = − 65 cos(3x) − 65 sin(3x).
Problema de valores iniciais

A solução geral da equação não homogénea é


7 9
y = yh + yp = Ae x + Be 2x − 65 cos(3x) − 65 sin(3x).
7
A primeira condição inicial, y (0) = 0, dá A + B = 65 .

Derivando, obtém-se y 0 = Ae x + 2Be 2x + 21


65 sin(3x) − 27
65 cos(3x).

A segunda condição inicial, y 0 (0) = 1, dá


A + 2B = −1 + 27 38
65 = − 65 .

4 9
Logo A = 5 e B = − 13 .

Portanto, a solução pretendida é


y = 45 e x − 13
9 2x
e − 657
cos(3x) − 9
65 sin(3x).
Mais exercı́cios

1. Resolver o problema de valores iniciais y 00 + y = e x , y (0) = 0,


y 0 (0) = 1.

2. Resolver o problema de valores iniciais y 00 − 5y 0 + 6y = x,


y (0) = 0, y 0 (0) = 4.

3. Resolver o problema de valores iniciais


y 00 − 3y 0 + 2y = e x sin x, y (0) = −1, y 0 (0) = 1.

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