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Métodos Matemáticos

Prof. Pedro Américo Jr.

Aula 02

1
Equações Diferenciais Ordinárias de
Primeira Ordem
• Se desejarmos resolver um problema de
engenharia (usualmente de natureza física),
temos primeiro que formular esse problema
como uma expressão matemática, em termos
de variáveis, funções, equações e etc.
• Uma expressão desse tipo é então chamado
de um modelo matemático do problema em
questão.

2
Equações Diferenciais Ordinárias de
Primeira Ordem
• O processo de elaborar um modelo, resolvê-lo
matematicamente e interpretar seus resultados
em termos físicos é chamado de modelagem
matemática ou, resumidamente, de modelagem.
• Trata-se de um processo que requer experiência.
• O computador pode ajudar a obter as soluções
dos modelos matemáticos, porém dificilmente
ajudará a elaborar os respectivos modelos.

3
Equações Diferenciais Ordinárias de
Primeira Ordem
• Diversos conceitos físicos, como velocidade e
aceleração, são derivadas, freqüentemente os modelos
consistem de equações contendo derivadas de uma
função desconhecida.
• Um modelo dessa natureza é chamado de equação
diferencial.
• Naturalmente, também nos interessa encontrar uma
solução (ou seja, uma função satisfaça à equação),
analisar suas propriedades, representá-la graficamente,
encontrar valores para ela e interpretá-la em termos
físicos, de tal modo que possamos compreender o
comportamento do sistema físico do problema que
temos em mãos.
4
Equações Diferenciais Ordinárias de
Primeira Ordem
• Uma equação diferencial ordinária (EDO) é
uma equação que contém uma ou mais
derivadas de uma função desconhecida, a qual
usualmente chamamos de y(x) (ou, às vezes,
y(t), caso a variável independente seja o
tempo t). Exemplo:
y´ cos( x),
y´´9 y  0,
x 2 y´´´y´2e x y´´ ( x 2  2) y 2
5
Equações Diferenciais Ordinárias
(EDOs) de Primeira Ordem
• O termo ordinárias distingue essas equações
das equações diferenciais parciais (EDPs), que
envolvem derivadas parciais de uma função
desconhecida de duas ou mais variáveis.
• Por exemplo, uma EDP com uma função
desconhecida u de duas variáveis x e y é

u u
2 2
 2 0
x 2
y
6
EDOs de Primeira Ordem
• Diz-se que uma EDO é de ordem n quando a n-ésima
derivada da função desconhecida y é a derivada mais
alta de y na equação.
• O conceito de ordem fornece uma classificação útil
para as EDOs de primeira ordem, de segunda ordem, e
assim por diante.
• As EDOs de primeira ordem contêm somente a
primeira derivada y´, podendo também conter y e
funções quaisquer dadas de x. Dessa forma, é possível
escrever essas equações como F(x,y,y´)=0 ou
freqüentemente, na forma y´=f(x,y).
• Esta última forma é chamada explícita, em contraste
com a forma implícita.
7
EDOs de Primeira Ordem
• Por exemplo:

Implícita : x -3 y´  4 y 2  0(onde x  0)
Vira explícita : y´  4 x y
3 2

8
EDOs de Primeira Ordem
• Uma função y=h(x) é chamada de solução de uma EDO
em algum intervalo aberto a<x<b se h(x) for definida e
diferenciável ao longo de todo esse intervalo e se for
tal que a equação se torna uma identidade quando y e
y´ são substituídos por h e h´, respectivamente.
• A curva (ou seja, o gráfico) de h é chamada de curva de
solução.
• Um intervalo aberto a<x<b significa que os pontos
extremos a e b não são considerados como
pertencentes ao intervalo. Além disso, a<x<b pode
incluir intervalos infinitos, como -<x<b, a<x<, -
<x< ( a reta dos números reais) como casos
especiais.
9
EDOs de Primeira Ordem
• Verificação da Solução:
• y=h(x)=c/x (onde c é uma constante arbitrária,
x0) é uma solução de xy´=-y
• Para verificarmos isso, obtemos a derivada
y´=h´(x)=-c/x2, e multiplicamos por x para
obtemos xy´=-c/x=-y. Portanto, xy´=-y, que é a
EDO dada.

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EDOs de Primeira Ordem
• Curvas de Solução: A EDO y´=dy/dx=cos(x) pode ser resolvida
diretamente por integração em ambos os lados. Dessa forma,
utilizando o cálculo, obtemos y=cos(x)dx=sen(x)+c, onde c é
uma constante arbitrária.
• Temos então uma família de soluções. Cada valor de c, por
exemplo, 2,75 ou 0 ou -8, fornece uma dessas curvas.
• A figura mostra algumas delas para c=-3,-2,-1,0,1,2,3,4.

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Crescimento Exponencial, Decaimento
Exponencial
• Do cálculo, sabemos que y=ce3t (onde c é uma
constante) possui a seguinte derivada (regra da
cadeia):
• Isso mostra que y é uma solução de y´=3y. Logo,
essa EDO pode servir para modelar o crescimento
exponencial, como, por exemplo o crescimento
de populações de animais ou de colônias de
bactérias.
• Esse tipo de crescimento também se aplica a
pequenas populações humanas situadas em
grandes extensões. (Lei de Malthus)
12
Crescimento Exponencial, Decaimento
Exponencial
• Similarmente, y´=-0,2y possui a solução
y=ce-0,2t. Logo,essa EDO representa o modelo
de decaimento exponencial, como, por
exemplo, o de uma substância radiativa.
• A figura mostra soluções para algumas valores
positivos de c:

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EDOs de Primeira Ordem
• Pode-se ver que cada EDO possui uma solução
contendo uma constante arbitrária c. Uma
solução que inclui uma constante arbitrária c é
chamada de solução geral da EDO.
• Às vezes, o valor de c não é completamente
arbitrário, devendo, ao invés disso, se restringir a
algum intervalo para evitar o surgimento de
expressões complexas na solução.
• Desenvolveremos métodos capazes de nos
fornecer soluções gerais de maneira única. Assim,
acharemos a solução geral de uma dada EDO.

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EDOs de Primeira Ordem
• Geometricamente, a solução geral de uma EDO é
uma família de um número infinitamente grande
de curvas, cada uma delas correspondendo a um
determinado valor da constante c.
• Se escolhermos um c específico (por exemplo
c=6,45 ou 0 ou -2,01), obtemos o que se chama
de solução particular de uma EDO.
• Uma solução particular não contém qualquer
constante arbitrária.
15
EDOs de Primeira Ordem
• Na maioria dos casos, existem soluções gerais; quando
nestas se atribui um valor adequado a c, obtém-se uma
solução particular e constante deixa de ser arbitrária.
• Exceções a essas regras ocorrem: (Solução singular) às
vezes, uma EDO pode possuir uma solução adicional
que não pode ser obtida a partir da solução geral, e
que é então chamada de solução singular.
• A EDO (y´)2-xy´+y=0 é desse tipo. Ela possui a solução
geral y=cx-c2 e também a solução singular y=x2/4.
Figura:

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Problema de Valor Inicial
• Na maioria dos casos, a solução única de um
determinado problema (ou seja, uma solução
particular), é obtida a partir de uma solução geral por
meio de uma condição inicial y(x0)=y0, com valores
dados para x0 e y0, que são utilizados para se
determinar um valor para a constante arbitrária c.
• Geometricamente, essa condição significa que a curva
de solução deve passar pelo ponto (x0,y0) no plano xy.
• Uma EDO apresentada juntamente com sua condição
inicial é chamada de um problema de valor inicial.
• Portanto, caso a EDO seja explícita, y´=f(x,y), o
problema de valor inicial assume a forma:

17
Problema de Valor Inicial
• Exemplo: Resolva o problema de valor inicial

• Solução: A solução geral é y(x)=ce3x. A partir


dessa solução e da condição inicial, obtemos
y(0)=ce0=c=5,7. Portanto, o problema de valor
inicial possui a solução y(x)=5,7e3x, que é uma
solução particular.

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Exemplo: Decaimento Exponencial
• Dada uma certa quantidade, digamos, 0,5 g,
de uma substância radioativa (para o isótopo
de rádio 88Ra226), encontre a quantidade que
estará presente num instante posterior
qualquer.
• Experimentos mostram que, a cada instante,
uma substância radioativa de decompõe
segundo uma taxa proporcional à quantidade
dela presente.

19
Exemplo: Decaimento Exponencial
• Etapa 1: Elaboração de um modelo
matemático (uma equação diferencial) do
processo físico. Chamemos de y(t) a
quantidade de substância que ainda está
presente num instante t qualquer. Segundo a
lei física, a taxa temporal de variação
y´(t)=dy/dt é proporcional a y(t). Chamemos a
constante de proporcionalidade de k. Então

20
Exemplo: Decaimento Exponencial
• O valor de k é conhecido por meio de
experimentos realizados com diversas
substâncias radioativas (p.ex., para o isótopo de
rádio 88Ra226, k=-1,4.10-11 s-1 aproximadamente).
• Uma vez y(t) decresce com o tempo, k é negativo.
O valor inicial dado é de 0,5 g. Considere que o
tempo correspondente a essa situação inicial seja
t=0. Então, a condição inicial é y(0)=0,5.
• Dessa forma, o modelo do processo
correspondente ao problema de valor inicial:
21
Exemplo: Decaimento Exponencial
• Etapa 2: Solução matemática. Concluímos que
o EDO constitui um modelo para o
decaimento exponencial e possui a solução
geral (com a constante arbitrária c, porém
com um valor definido para k):
• Usemos agora a condição inicial para
determinarmos c. Visto que, y(0)=c, isso nos
faz concluir que y(0)=c=0,5. Dessa forma, a
solução particular que governa esse processo
é: 22
Exemplo: Decaimento Exponencial
• Verifique sempre o resultado encontrado.
Verifique por derivação (regra da cadeia):

23
Exemplo: Decaimento Exponencial
• Etapa3: Interpretação do resultado: A solução particular
determina a quantidade de substância radioativa presente
num instante t.
• Ela começa com a quantidade inicial correta que havia sido
informada e vai diminuindo com o tempo, devido ao fato de k
( a constante de proporcionalidade que depende do tipo de
substância ) ser negativa.
• O limite de y, à medida que t, é zero.

24
Exemplo: Uma Aplicação
Geométrica
• Problema geométricos também podem nos levara problemas
de valor inicial. Por exemplo, encontre a curva que passa pelo
ponto (1,1) no plano xy e que tem em todos os seus pontos a
inclinação –y/x.
• Solução: A inclinação y´da curva deve ser igual a –y/x. Isso
resulta na EDO y´=-y/x, cuja solução geral é y=c/x. Trata-se de
uma familía de hipérboles que têm os eixos coordenados
como assíntotas.
• Para a curva que passa pelo ponto (1,1) devemos ter y=1
quando x=1. Portanto, a condição inicial é y(1)=1. A partir
desta condição e de y=c/x, obtemos y(1)=c/1=1; isto é c=1.
Isso nos leva à solução particular y=1/x.
25
Exemplo: Uma Aplicação
Geométrica

26
Significado Geométrico de y´=f(x,y)
• Uma EDO de primeira ordem y´=f(x,y) possui
uma interpretação geométrica simples. Do
cálculo, sabemos que a derivada y´(x) de y(x)
corresponde à inclinação de y(x).
• Logo, uma curva-solução da equação que
passa pelo ponto (x0,y0) deve ter nesse ponto
a inclinação y´(x0) igual ao valor de f nesse
ponto; ou seja, y´(x0) = f (x0,y0).

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Significado Geométrico de y´=f(x,y)
• Possibilita-nos então indicar as direções das curvas-solução,
traçando curtos segmentos retilíneos (elementos lineares) no
plano xy e então ajustando (de modo aproximando) as curvas-
solução que passam pelo campo direcional (ou campo das
inclinações) que assim obtivermos.

28
Significado Geométrico de y´=f(x,y)
• Esse método é importante por duas razões:
– Não é preciso resolver a EDO. Isso é essencial,
uma vez que, para diversas EDOs, as fórmulas de
solução são complicadas ou nem mesmo existem.
– Esse método mostra graficamente toda a família
de soluções e suas propriedades típicas. A
acurácia do método é um pouco limitada, porém,
na maioria dos casos, isso é pouco relevante.
• Pode-se usar um Sistema de Álgebra
Computacional (SAC) para gerar campos
direcionais. 29
Significado Geométrico de y´=f(x,y)
• No maple:
with(DEtools);
DEplot(diff(y(x),x)=x*y(x), y(x), x=-3..3, y=0..3, {[0,1], [0,2]},
scaling=constrained);

30
Campos Direcionais usando
Isóclinas
• Faça um gráfico das curvas f(x,y)=k=const., que são chamadas
de isóclinas (o que significa curvas de inclinação igual.
• Para a equação y´=xy, essas curvas são hipérboles
f(x,y)=xy=k=const.

31
Campos Direcionais usando
Isóclinas
• As isóclinas são curvas ao longo das quais a derivada y´ é
constante.
• Ao longo de cada isóclinas, trace vários elementos retilíneos
paralelos e com inclinação k que lhe é correspondente.
• Isso dá a direção do campo, no qual você pode agora fazer um
gráfico aproximado das curvas-solução.

32
EDOs Separáveis
• Muitas EDOs de utilidade prática podem ser
reduzidas à forma g(y)y´=f(x) através de
manipulações puramente algébricas.
• Dessa forma, é possível integrar ambos os
lados com relação a x, o que nos faz obter
g(y)y´dx = f(x)dx + c.
• Do lado esquerdo, podemos mudar a variável
de integração para y, visto que, do cálculo,
sabemos que y´dx=dy de modo que
g(y)dy = f(x)dx + c.
33
EDOs Separáveis
• Exemplo: A EDO y´=1+y2 é separável, porque
pode ser escrita na forma

• Por integração, arctan(y)=x+c ou y=tan(x+c)


• É muito importante introduzir a constante de
integração logo ao se fazer a integração. Se
tivéssemos escrito arctan(y)=x, passado para
y=tan(x) e só depois introduzido a constante c,
teríamos obtido y=tan(x)+c, que não é solução
quando c0.
34
Datação por Carbono Radiativo
• Em setembro de 1991, uma sensação no
mundo científico foi causada pela descoberta
do famoso homem do gelo, que viveu no
período neolítico na fronteira entre a Áustria e
a Itália.
• Em que época aproximada ele viveu e morreu,
sabendo-se que, em seu corpo mumificado, a
razão de carbono 6C14 para 6C12 correspondia a
52,5% da que se encontra presente nos
organismos vivos ? 35
Datação por Carbono Radiativo
• Informação física. Na atmosfera e nos organismos
vivos, é constante a razão entre o carbono radiativo
C 14 (cuja atividade é provocada por raios cósmicos)
6
e o carbono comum 6C12. Quando um organismo
morre, termina sua absorção de 6C14 , resultante da
respiração e da alimentação.
• Dessa forma, é possível estimar a idade de um fossíl
comparando a razão do carbono radiativo nele
detectada com a encontrada na atmosfera. Para fazer
isso, é preciso conhecer a meia-vida do 6C14 , que é
de 5715 anos.
36
Datação por Carbono Radiativo
• Solução: Modelagem. O decaimento radioativo é
governado pela EDO y´=ky. Separando as variáveis e
integrando (onde t é o tempo e y0 é a razão inicial de
C14 para C12 , temos:
6 6

• A seguir, utilizamos a meia-vida H=5715 para


determinarmos k. Quando t=H, a metade da
substância original ainda se encontra presente no
corpo. Portanto,

37
Datação por Carbono Radiativo
• Finalmente, utilizamos a razão 52,5% para
determinar o tempo t da morte

• Resposta: Cerca de 5300 anos atrás.


• Outros métodos mostram que a datação por carbono
radioativo costuma resultar em valores
excessivamente pequenos. Segundo os resultados de
pesquisas recentes, isso se deve a variações
ocorridas na razão do carbono, causadas pela
poluição industrial e testes nucleares.
38
Redução à Forma Separável
• É possível fazer com que certas EDOs não-
separáveis fiquem separáveis por meio de
transformações que relacionam y a uma nova
função desconhecida. Discutiremos essa
técnica para o exemplo abaixo: y´=f(y/x).
• Aqui, f é uma função diferenciável qualquer
de y/x, como, por exemplo, sen(y/x), (y/x)4
etc.

39
Redução à Forma Separável
• A forma dessa EDO sugere que escrevamos
y/x=u; portanto y=ux e derivando o produto
y´=u´x+u.
• Fazendo a substituição em y´=f(y/x), obtemos
u´x+u=f(u) ou u´x=f(u)-u. Vemos que é possível
separar essa expressão:

40
Redução à Forma Separável
• Exemplo: Resolva
• Solução: Para obtermos a forma explícita
usual, dividimos a equação dada por 2xy:

• Agora, substituímos y e y´ e então


simplificamos, subtraindo u de ambos os
lados,

41
Redução à Forma Separável
• Podemos ver na última equação que agora é
possível separarmos as variaveis,

• Por integração:

• Passando ambos os lados para a forma


exponencial, obtemos 1+u2=c/x ou
1+(y/x)2=c/x. 42
Redução à Forma Separável
• Multiplicamos então a última equação por x2
para obtemos:
• Ou

• Essa solução geral representa uma família de


círculos passando pela origem e tendo seus
centros no eixo x.

43
EDOs Exatas
• Do cálculo, podemos lembrar que, se uma
função u(x,y) possui derivadas parciais
contínuas, sua diferencial (também chamada
de diferencial total) é
• Disso se segue que, se u(x,y)=c=const., então
du=0.
• Por exemplo, se u=x+x2y3=c, então
• Ou

• Uma EDO que podemos resolver trabalhando


de trás para frente. 44
EDOs Exatas
• Uma EDO de primeira ordem
M(x,y)+N(x,y)y´=0, escrita como (usando a
igualdade dy=y´dx):
• É chamada de uma equação diferencial exata
se a forma diferencial M(x,y)dx+N(x,y)dy for
exata, ou seja, se essa forma for a diferencial

• de alguma função u(x,y). Dessa forma,


podemos escrever como du=0.
45
EDOs Exatas
• Integrando essa última expressão, obtemos imediatamente a
solução geral na forma u(x,y)=c.
• Esta é chamada solução implícita, em contraste com um tipo
y=h(x), que é chamada de solução explícita. Às vezes, é
possível passar uma solução implícita para a forma explícita.
• Caso essa conversão não seja possível, o computador poderá
representar graficamente uma figura das linhas de contorno
da função u(x,y) e ajudá-lo a entender a solução.
• Vemos que M(x,y)dx+N(x,y)dy=0 é uma equação diferencial
exata caso exista alguma função u(x,y) tal que

46
EDOs Exatas
• Estas equações dão-nos uma fórmula para checar se é exata
ou não, do seguinte modo.
• Suponhamos que M e N sejam contínuas e tenham suas
derivadas primeiras também contínuas numa região do plano
xy cuja fronteira é uma curva fechada e sem auto-interseções.
Então, fazendo a derivada parcial temos:

• Pela suposição de continuidade, as duas derivadas parciais


segundas são iguais. Portanto,

• Essa condição não somente é necessária como também


suficiente para que seja uma equação diferencial exata.
47
EDOs Exatas
• Caso seja exata, a função u(x,y) pode ser obtida por inspeção,
ou então sistematicamente do seguinte modo.
• A partir de , integrando a expressão em relação a x,
obtemos:

• Nessa integração, y deve ser considerado como uma


constante e k(y) faz o papel de uma constante de integração.
Para determinarmos k(y), achamos u/y a partir da equação
anterior, usamos para encontrarmos dk/dy e

integramos dk/dl a fim de obtermos k.

48
EDOs Exatas
• Podemos igualmente usarmos
• Obtemos primeiro por integração em y:

• Para determinarmos l(x), obtemos a derivada


u/x a partir da equação anterior, usamos
para obtermos dl/dx e integramos.

49
EDOs Exatas. Exemplo 1:
• Resolva:
• Solução. Etapa 1. Verificar se a equação é exata. Nossa
equação é da forma

• Portanto

• Etapa 2. Solução geral implícita. Obtemos por integração,

• A fim de obtermos k(y), derivamos essa expressão em relação


a y e usamos a fórmula u/y=N, para chegarmos a

• Daí, dk/dy=3y2+2y. Por integração, k=y3+y2+c*. Logo


50
EDOs Exatas. Exemplo 1:
• Etapa 3. Verificar uma solução implícita.
Derivando implicitamente a solução implícita
u(x,y)=c, podemos ver se ela nos leva à EDO
dada:

• Isso completa nossa verificação.

51
EDOs Exatas. Exemplo 2:
• Resolva o problema de valor inicial

• Solução. Podemos verificar que a EDO é exata. Obtemos então


u. Para variar, usemos agora:

• A partir dessa última expressão,


u/x=cos(y)senh(x)+dl/dx=M=cos(y)senh(y)+1. Dái, dl/dx=1.
Por integração, l(x)=x+c*. Isso nos fornece a solução geral
u(x,y)=cos(y)cosh(x)+x=c. Pela condição inicial, temos que
cos(2)cosh(1)+1=0,358=c. Daí, a resposta é
cos(y)cosh(x)+x=0,358. A figura mostra isso:

52
Redução à Forma Exata
• A EDO –ydx+xdy=0, não é exata. Pois M=-y e
N=x, de modo que,M/y=-1, ao passo que
N/x=1. Logo M/yN/x.
• Entretanto, se multiplicarmos por 1/x2,
podemos obter uma equação exata,

• A integração permite-nos chegar à solução


geral y/x=c=const.
53
Redução à Forma Exata
• Tudo o que fizemos foi multiplicar uma dada
equação não-exata, que podemos escrever na
forma, P(x,y)dx+Q(x,y)dy=0,
• por uma função F que, em geral, será uma
função tanto de x quanto de y. O resultado foi
então uma equação FPdx+FQdy=0 que é
exata, de modo que podemos resolvê-la da
maneira já discutida.
• Uma função do tipo F(x,y) é então chamada
de fator integrante.
54
Como Encontrar Fatores
Integrantes
• Para que Mdx+Ndy=0 seja exata temos que ter M/y=N/x.
• Daí para FPdx+FQdy=0, a condição de exatidão é

• Pela regra do produto, com as variáveis subscritas indicando


as derivadas parciais, chegamos a

• No caso geral
• No caso geral, seguir por esse caminho seria complicado e
sem proveito. Mas se não podemos resolver um problema,
tentemos resolver um mais simples.
• Portanto, procuremos um fator integrante que dependa
apenas de uma variável. (Maioria dos casos práticos). 55
Como Encontrar Fatores
Integrantes
• Portanto, façamos F=F(x).Então, Fy=0 e
Fx=F´=dF/dx, de modo que se tenha:

• Dividindo essa equação por FQ e reordenando


os termos, obtemos

• Onde

• E integrando: 56
Como Encontrar Fatores
Integrantes
• Similarmente, se F*=F*(y) então temos

• Onde

• E integrando:

57
Fatores Integrantes. Exemplo:
• Encontre um fator integrante e resolva o problema de valor
inicial:
• Solução. Etapa 1. Equação não-exata. Podemos verificar que a
equação dada não é exata:

• Etapa 2. Fator integrante. Solução geral. F=F(x) falha porque R


depende tanto de x quanto de y.

• Tentamos F*=F*(y), logo R é

58
Fatores Integrantes. Exemplo:
• Daí, o fator integrante F*(y)=e-y. Desse resultado, podemos
então obter a equação geral exata:

• Ao fazemos o teste para verificar se a equação é exata,


obtemos em ambos os lados da condição de exatidão. Por
integração, temos:

• Derivando em relação a y para obtermos

• Daí, a solução geral é

59
Fatores Integrantes. Exemplo:
• Etapa 3. Solução particular. A condição inicial y(0)=1 resulta
em u(0, -1)=1 +0+e=3,72. Daí, a resposta é
e x  xy  e y  1  e  3,72
• A figura mostra várias soluções particulares obtidas no forma
de curvas de nível de u(x,y)=c e traçadas por computador,
uma maneira conveniente de representação nos casos em que
é difícil ou impossível passar uma solução para a forma
explícita. Observe a curva que satisfaz (aproximadamente) a
solução inicial.

• Etapa 4. Verificação. Verifique por substituição que a resposta


60
satisfaz tanto a equação dada quanto a condição inicial.
EDOs Lineares
• Diz-se que uma EDO é linear quando ela pode ser escrita na
forma y´+p(x)y=r(x).
• A própria definição desse tipo de equação reside em sua
linearidade tanto em relação à função desconhecida y quanto
em relação a sua derivada dy/dx, ao passo que p e r podem
ser quaisquer dadas de x. Se, em alguma aplicação, a variável
independente for o tempo, escrevemos t no lugar de x.
• Se o primeiro termo da equação for f(x)y´ (em vez de y´),
devemos dividir a equação por f(x) para obtermos a forma-
padrão, que tem y´ como o primeiro termo, o que é um modo
prático de representar a equação.
• Por exemplo, y´cos(x)+y sen(x)=x é uma EDO linear e sua
forma-padrão é y´+y tan(x)=x sec(x).
61
EDOs Lineares
• A função r(x) no lado direito da equação pode,
por exemplo, estar representando uma força,
e a solução y(x), um deslocamento num
movimento, ou uma corrente elétrica, ou
alguma outra quantidade física.
• Em engenharia, r(x) é freqüentemente
chamada de entrada (input) e y(x) é chamada
de saída (output), ou de resposta à entrada
(ou ainda, de resposta à condição inicial,
quando esta é fornecida).
62
EDOs Lineares Homogênea
• Desejamos resolver y´+p(x)y=r(x) em algum intervalo a<x<b,
que chamaremos de J, e começamos com o caso especial mais
simples, em que r(x) é igual a zero para todo x em J. (Ás vezes,
isso se escreve como r(x)0.)
• Dessa forma, a EDO se torna y´+p(x) y = 0 e é chamada de
homogênea. Separando as variáveis e integrando, obtemos
então,

• Passando ambos os lados para a forma exponencial, obtemos


a solução geral da EDO homogênea
• (c=ec* quando )
• Onde podemos também fazer c=0, para obtermos a solução
trivial y(x)=0 para todo x desse intervalo.
63
EDOs Lineares Não-Homogênea
• Iremos agora resolver para o caso em que a função r(x) não é
nula para todo o intervalo J considerado. Nesse caso, a EDO é
chamada de não-homogênea. Percebemos que, nesse caso, a
EDO possui uma propriedade muito conveniente; a saber, ela
tem um fator integrante que depende somente de x.
Podemos encontrar esse fator F(x). Com esse propósito,
escrevemos na forma (py-r)dx+dy=0.
• Isso corresponde à equação P dx + Q dy = 0, onde P=py-r e
Q=1. Daí, R é simplesmente 1(p-0)=p de modo que

• Separando as variáveis e integrando, obtemos

• Passando ambos os lados para a forma exponencial,


chegamos ao fator integrante F(x) desejado,
64
EDOs Lineares Não-Homogênea
• Agora, multiplicamos ambos os lados de y´+py=r por esse F.
Então, pela regra do produto,

• Integrando a segunda e a terceira dessas três expressões em


relação a x, obtemos

• Dividindo essa equação por epdx e representando o expoente


pdx por h, obtemos

• A constante de integração em h não tem relevância.A fórmula


é a solução geral na forma de uma integral. Portanto, a
resolução da EDO agora se reduz à avaliação de uma integral.
65
EDOs Lineares Não-Homogênea
• A única quantidade que depende de uma
condição inicial dada é c. Dessa forma, se
escrevemos como uma soma de dois termos,

• Verificamos o seguinte:
• Saída Total=Resposta à Entrada r +
Reposta aos Dados Iniciais.
66
EDOs Lineares. Exemplo 1:
• Resolva a EDO linear y´-y=e2x.
• Solução. Neste caso,

• E obtemos a solução geral

• Vemos que a resposta à entrada é e2x .


• Em casos mais simples, como o aqui apresentado, podemos
não ter necessidade de usar a fórmula geral, preferindo, ao
invés disso, resolver diretamente, multiplicando a equação
dada por eh=e-x. Isso nos dá

• Integrando em ambos os lados, obtemos o mesmo resultado


de antes: ou 67
EDOs Lineares. Exemplo 2:
• Resolva o problema de valor inicial y´+y tan(x)=sen(2x),
y(0)=1.
• Solução. Neste caso, p=tan(x), r=sen(2x)=2 sen(x)cos(x), e

• Disso, vemos que:

• E a solução geral de nossa equação é

• Disso e da condição inicial, vemos que 1=c.1-2.12; portanto,


c=3 e a solução de nosso problema de valor inicial é
y=3cos(x)-2cos2(x). Nesse caso, 3 cos(x) é a resposta aos
dados iniciais e -2 cos2(x) é a resposta à entrada sen(2x).
68
Redução à Forma Linear
• É possível modelar um grande número de aplicações
passando EDOs não-lineares para a forma linear. Um desses
tipo de equação, que é de grande utilidade, é a equação de
Bernoulli y´+p(x)y=g(x)ya (a é um número real qualquer). Se
a=0 ou a=1, a equação é linear. De outro modo, ela é não-
linear. Dessa forma, escrevemos u(x)=[y(x)]1-a.
• Diferenciando essa última expressão e substituindo y´ ,
obtemos

• Simplificando, chegamos a
• Onde y1-a=u no lado direito, o que nos faz chegar à EDO

69
Redução à Forma Linear. Exemplo
• Resolva a seguinte equação de Bernoulli, conhecida como
equação logística ou equação de Verhulst: y´=Ay-By2.
• Solução.Reescrevemos como y´-Ay=-By2
• Para verificamos que a=2, de modo que y1-a=y-1. Diferenciando
esse u e substituindo y´ temos

• O último termo é –Ay-1=-Au. Daí, obtemos a EDO linear


u´+Au=B.
• A solução geral é
• Uma vez que u=1/y, isso nos dá a solução geral:

70
Redução à Forma Linear. Exemplo
• Vemos que y0 (y(t)=0 para todo t) é também
uma solução.

71
Dinâmica Populacional
• A equação logística desempenha um papel
importante em dinâmica populacional, um
campo responsável pela modelagem da
evolução ao longo do tempo t de populações
de plantas, animais e seres humanos. Se B=0,
então a EDO assume a forma y´=dy/dt=Ay.
Nesse caso, sua solução é y=(1/c)eAt e
corresponde ao crescimento exponencial, lei
de Malthus.
72
Dinâmica Populacional
• O termo –By2 é um termo de inibição, que
impede a população de crescer sem limite.
Com efeito, se escrevemos y´=Ay[1-(B/A)y],
vemos que se y<A/B, então y´>0, de modo que
uma população inicialmente pequena
mantêm-se em crescimento enquanto y<A/B.
Porém, quando y>A/B, então y´<0 e a
população decresce enquanto y>A/B. O limite
é o mesmo em ambos os casos, a saber, A/B.
73
Dinâmica Populacional
• Vemos que, na equação logística, a variável independente t
não aparece explicitamente. Uma EDO y´=f(t,y) em que t não
ocorre explicitamente assume a forma y´=f(y) e é chamada de
uma EDO autônoma. Portanto, a equação logística é
autônoma.
• A equação possui soluções constantes, chamadas de solução
de equilíbrio, ou pontos de equilíbrio. Estes são determinados
pelos zeros de f(y), devido ao fato de que f(y)=0 resulta y´=0;
daí, y=const. Esses zeros são conhecidos como pontos críticos
da EDO.
• Uma solução de equilíbrio é chamada de estável caso as
soluções próximas a ela em algum valor de t mantenham-se
em suas proximidades para todo t em sua vizinhança. E a
solução é chamada instável caso as soluções inicialmente
próximas a ela não permaneçam próximas à medida que t
aumenta. 74
Dinâmica Populacional
• Por exemplo, y=0 é uma solução de equilíbrio
instável, ao passo que y=4 é uma solução de
equilíbrio estável.

75
Gráfico de Linhas de Fase
• A EDO y´=(y-1)(y-2) possui a solução de equilíbrio estável y1=1
e a solução de equilíbrio instável y2=2, como sugere o campo
direcional. Os valores y1 e y2 são os zeros da parábola f(y)=(y-
1)(y-2). Agora, uma vez que a EDO é autônoma, podemos
condensar o campo direcional para um gráfico de linhas de
fase, fornecendo y1 e y2 , além da direção (para cima ou para
baixo) das setas no campo, o que nos permite, portanto,
informar sobre a estabilidade ou instabilidade das soluções de
equilíbrio.

76
Trajetórias Ortogonais
• Em física ou em engenharia, uma classe importante de
problemas é encontrar uma família de curvas que interceptam
em ângulo retos uma outra família dada de curvas. As
primeiras são chamadas de trajetórias ortogonais das curvas
dadas ( e vice-versa).
• Exemplos disso são as curvas de temperaturas iguais
(isotermas) e as curvas de fluxo de calor, as curvas de nível ou
de altitudes iguais (linhas de contorno) e as curvas de
desníveis máximos nos mapas, as curvas de potenciais iguais
(curvas equipotenciais, ou curvas de voltagem iguais -
correspondentes aos círculos concêntricos), e as curvas da
forças elétrica (os segmentos radiais retilíneos)

77
Trajetórias Ortogonais
• O ângulo da interseção entre duas curvas é definido como o
ângulo entre as tangentes das curvas no ponto de interseção.
Ortogonal é uma palavra que quer dizer o mesmo que
perpendicular. Em muitos casos, é possível encontrar as
trajetórias ortogonais utilizando-se EDOs.
• Façamos com que G(x,y,c)=0 seja uma determinada família de
curvas xy, onde cada curva é especificada por algum valor de
c. Isso é o que se chama de família de curvas de um
parâmetro e c é chamado de parâmetro da família.
• Por exemplo, uma família de parábolas quadráticas de um
parâmetros é dada por y=cx2 ou, escrevendo como
G(x,y,c)=y-cx2=0.

78
Trajetórias Ortogonais
• Etapa 1. Encontra uma EDO para a qual a família dada é uma
solução geral. Naturalmente, essa EDO não pode mais conter
o parâmetro c. Em nosso exemplo, calculamos algebricamente
o valor de c, para então derivarmos e simplificarmos a
expressão; portanto,

• Daí:

• A última dessas equações é a EDO da família dada de curvas.


Ela é da forma y´=f(x,y).

79
Trajetórias Ortogonais
• Etapa 2. Escrever a EDO das trajetórias ortogonais, ou seja, a
EDO cuja solução geral fornece as trajetórias ortogonais das
curvas dadas. Essa EDO é

• com a mesma f. Uma determinada curva passa por um ponto


(x0,y0) possui uma inclinação igual a f(x0,y0) nesse ponto.
• A trajetória ortogonal que passa pelo ponto (x0,y0) possui uma
inclinação igual a -1/ f(x0,y0). Como se pode ver, o produto
dessas inclinações é -1. Sabe-se do cálculo que essa é a
condição para a ortogonalidade (perpendicularidade) para
duas linhas retas (as tangentes em (x0,y0)) e,
conseqüentemente, também para as tangentes da curva e de
sua respectivas trajetória ortogonal em (x0,y0).
80
Trajetórias Ortogonais
• Etapa 3. Resolver

• Para nossas parábolas y=cx2, temos y´=2y/x. Daí, as trajetórias


ortogonais para essas parábolas são obtidas de

• Ou
• Por integração,

• Essas são elipses, cujo semi-eixos são iguais a e


• Aqui, c*>0 porque c*=0 corresponde justamente à origem e
c*<0 não resulta em nenhuma solução real.

81
Trajetórias Ortogonais

82
Existência e Unicidades das
Soluções
• O problema de valor inicial |y´|+|y|=0, y(0)=1 não tem
solução, pois y=0 (ou seja, y(x)=0 para todo x) é a única
solução da EDO.
• Por sua vez, o problema de valor inicial y´=2x, y(0)=1 tem
precisamente uma solução, a saber, y=x2+1.
• E o problema de valor inicial xy´=y-1, y(0)=1 apresenta
inúmeras soluções, a saber, y=1+cx, onde c é uma constante
arbitrária, devido ao fato de que y(0)=1 para todo c.
• Esses exemplos permitem-nos ver que um problema de valor
inicial (PVI) y´=f(x,y), y(x0)=y0 pode não ter solução, pode ter
precisamente uma solução ou pode ter mais de uma solução.

83
Existência e Unicidades das
Soluções
• Os teoremas que estabelecem essas condições são chamados
de teoremas de existência e teoremas de unicidade,
respectivamente.
• Naturalmente, os exemplos simples que apresentamos não
precisam de teoremas, porque podemos resolvê-los por
inspeção; entretanto, para EDOs complicadas, esses teoremas
podem ser de importância prática considerável.
• Mesmo quando você tem certeza de que seu sistema físico ou
de outra natureza se comporta de maneira única,
ocasionalmente seu modelo pode se ressentir de um excesso
de simplificação, fazendo com que ele não seja capaz de
retratar fielmente a realidade.
84
Teorema da Existência
• Consideremos que o lado direito f(x,y) da EDO no problema
de valor inicial y´=f(x,y), y(x0)=y0 seja contínuo em todos
pontos (x,y) em algum retângulo R: |x-x0|<a, |y-y0|<b e
limitado em R; ou seja, existe um número K tal que |f(x,y)|K
para todo (x,y) em R. Então, o problema de valor inicial possui
pelo menos uma solução y(x). Essa solução existe pelo menos
para todos os valores de x no subintervalo |x-x0|< do
intervalo |x-x0|<a; aqui,  é menor dos dois números a e b/K.

85
Teorema da Unicidade
• Consideremos que f e sua derivada parcial fy=f/y sejam
contínuas para todos (x,y) no retângulo R e limitadas, ou seja,
(a) |f(x,y)|K, (b) |fy(x,y)|  M para todo (x,y) em R. Então, o
problema de valor inicial possui no máximo uma solução y(x).
Portanto, pelo teorema da existência, conclui-se que o
problema tem precisamente uma solução. Essa solução ao
menos para todo x do subintervalo |x-x0|<.
• É possível mostrar que (b) pode ser substituída pela condição
|f(x,y2)-f(x,y1)|M|y2-y1|, mais fraca, que é conhecida como
condição de Lipschitz.

86
Não Unicidade. Exemplo:
• O problema de valor inicial
• Possui as duas soluções seguintes:

• Embora , seja contínua para todo y. A condição de


Lipschitz é violada em qualquer região que inclua a reta y=0,
pois, para y1=0 e y2 positivo, temos

• um número que pode ser feito tão grande quanto desejamos,


desde que escolhemos para y2 um valor suficientemente
pequeno, ao passo que é requerido que o quociente no lado
esquerdo não deva exceder uma constante M fixa. 87
Iterações de Picard
• Se integrarmos a EDO de primeira ordem e observarmos a
condição inicial, obtemos

• Essa forma sugere o método de iteração de Picard, que é


definido por

• Esse método fornece aproximações y1, y2, y3,... da solução


desconhecida y . De fato, obtemos y1 substituindo y=y0 no
lado direito e integrando – o que corresponde ao primeiro
passo -, e assim sucessivamente.

88
Iterações de Picard
• Exemplo: Resolva o problema de valor inicial
y´=1+y2, y(0)=0 por iterações de Picard.
• Solução no Maple:
restart;
N:=5:
y0:=0:
pic(0):=0:
for n from 1 to N do
pic(n):=sort(y0+int(1+(subs(x=t, pic(n-1)))^2, t=0..x));
od:
S := seq(pic(n), n=1..N):
with(plots):
plot({S}, x=0..1);
89
Iterações de Picard

1 3 1 7 2 5 1 3
x , x x , x  x  x x
3 63 15 3

90
Fim. Muito Obrigado.

91

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