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CÁLCULO III

Cel Reinaldo Teixeira DELFINO


BIBLIOGRAFIA
• “Calculus”, Tom M. Apostol, Vol. 1 e 2

• “Equações Diferenciais Elementares e


Problemas de Valores de Contorno”, William E.
Boyce & Richard C. DiPrima
ASSUNTOS
• Equações Diferenciais Ordinárias (E.D.O.) de 1a
ordem, E.D.O. lineares de 2a ordem (Vol. 1,
Cap. 8) e E.D.O. lineares de Ordem n (Vol. 2,
Cap. 6);
• Sequências Numéricas, Séries Infinitas e
Integrais Impróprias (Vol. 1, Cap. 10);
• Sequências e Séries de Funções, Séries de
Potência (Vol. 1, Cap. 11);
• Resolução de E.D.O. lineares por séries (Vol. 2,
Cap. 6)
Introdução às Equações Diferenciais:
Definição e Terminologia
• DEFINIÇÃO: uma equação diferencial é aquela
cuja incógnita é uma função. Tal equação
deve conter pelo menos uma derivada ou
diferencial dessa função.

• Exemplos:
f’(x) = f(x)
(x-y’’’)2 –y.y” = (1+y(4))3, onde y=y(x)
• Se a incógnita é uma função de apenas uma
variável, as suas derivadas são ordinárias, e a
equação é dita uma equação diferencial
ordinária (E.D.O.). Caso a incógnita seja uma
função de duas ou mais variáveis, as suas
derivadas são parciais, e a equação é uma
equação diferencial parcial (E.D.P.).

• Exemplos de E.D.P.:
a2.uxx = ut (equação do calor), onde u=u(x,t)
a2.uxx = utt (equação da onda)
• Ordem de uma equação diferencial: é dada
pela derivada de mais alta ordem que aparece
na equação.
• Grau de uma equação diferencial: é o maior
expoente a que está elevada a derivada de
maior ordem.
• Assim, F(x, u(x), u’(x), ..., u(n)(x)) = 0 representa
genericamente uma E.D.O. de ordem n.
Qualquer função y(x) que satisfaça essa
relação é uma solução da E.D.O.
• Exercício: Verifique se as funções sen x, cos x,
tg x, sen x + cos x e sen x + tg x são soluções
da equação y” + y = 0.
RESOLUÇÃO
(sen x)’’ + sen x = – sen x + sen x = 0  sen x é
solução da E.D.O.

(tg x)’’ + tg x = 2.sec2x.tg x + tg x  0  tg x


não é solução da E.D.O.
Analogamente para as outras funções.
• Tipos de solução de uma equação diferencial:
– SOLUÇÃO GERAL: é aquela que possui um número
de constantes arbitrárias igual à ordem da
equação.

– SOLUÇÃO PARTICULAR: pode ser obtida a partir da


solução geral atribuindo-se valores às constantes

– SOLUÇÃO SINGULAR: é aquela que não pode ser


deduzida a partir da solução geral (apenas
algumas equações apresentam esse tipo de
solução).
• Exemplo:
f(x) = C1.cos x + C2.sen x é a solução geral da
equação y” + y = 0

g(t) = 2.e-kt é uma solução particular da equação


dy/dt = – k.y(t)
• Algumas vezes, ao solucionar-se uma equação
diferencial, obtém-se uma integral que não
pode ser resolvida analiticamente. Mesmo
assim, considera-se que a equação está
resolvida, se a sua solução puder ser expressa
em termos de integrais de funções
conhecidas.

• Exemplo:
𝑥 𝑥
𝑦 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑥𝑒𝑥 +
𝑒 𝑒 − 𝑥𝑒 𝑥
‫׬‬ 𝑒
𝑥𝑒 𝑑𝑥 é a
𝑒𝑥 𝑥
solução geral de 𝑦 − 2𝑦 + 𝑦 = 𝑒 (𝑒 − 1)2
′′ ′
• A equação diferencial de ordem n
𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑦 ′ , … , 𝑦 𝑛 = 0 é dita linear se 𝐹 for
uma função linear das variáveis 𝑦, 𝑦 ′ , … , 𝑦 𝑛 .
Caso contrário, a equação é não-linear. Uma
E.D.O. linear pode ser genericamente
representada por:

𝑎𝑛 𝑥 𝑦 (𝑛) + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑦 (𝑛−1) + ⋯ + 𝑎1 𝑥 𝑦 ′ + 𝑎0 𝑥 𝑦 = 𝑔(𝑥)

• Se 𝑔(𝑥) ≡ 0, a equação é homogênea.


• Exemplos:
a) y” + y = 0
E.D.O. linear homogênea de 2a ordem e grau 1

b) y”’ + 2.ex.y” + y.y’ = x4


E.D.O. não-linear de 3a ordem e grau 1

c) (x – d3y/dx3)2 – y.d2y/dx2 = (1 + d4y/dx4)3


E.D.O. não-linear de 4a ordem e grau 3

d) (x – d3y/dx3)5 – y.d2y/dx2 = (1 + d4y/dx4)3


E.D.O. não-linear de 4a ordem e grau 3
• Em muitos problemas, deve-se escolher, dentre as
soluções previstas na solução geral, aquela que
satisfaça uma (ou mais) condição(ões). Para uma
E.D.O. de 1a ordem, por exemplo, podemos desejar
obter a solução particular que atenda à condição
y(x0) = y0. Essa condição é denominada condição
inicial, e o problema composto pela E.D.O. e pela
condição inicial é conhecido como problema de
condição (ou valor) inicial (ou problema de Cauchy).
Para equações de ordem 2 ou superior, quando as
condições se referem a mais de um valor da variável
independente, tem-se um problema de valores de
contorno.
Equações Diferenciais de 1a Ordem
• São equações do tipo f(x, y, y’) = 0. No caso
mais simples, y’ = F(x); a solução geral dessa
equação é da forma y = F(x)dx + C.

• Exemplo:
y’ = sen 2x  y = – (1/2).cos 2x + C
• TEOREMA: Se C é um dado no real, então
existe uma e somente uma função f que
satisfaz a equação diferencial f’(x) = f(x) para
todo x real, e que também satisfaz a condição
inicial f(0) = C. Essa função é dada pela
fórmula f(x) = C.ex (Teorema de Existência e
Unicidade).
• DEMONSTRAÇÃO:
i) verifica-se diretamente que f(x) = C.ex é solução da
E.D.O. dada e satisfaz a condição inicial. Falta
demonstrar que essa é a única solução.
ii) seja g(x) uma função qualquer tal que g(x) = g’(x)
para todo x real, e g(0) = C. Seja ainda h(x) = g(x).e-x.
Logo:
h’(x) = g’(x).e-x – g(x).e-x = e-x.[g’(x) – g(x)] =
= e-x.0 = 0  h(x) é constante.
Porém: g(0) = C  h(0) = g(0).e0 = C
Como h(x) é constante: h(x) = g(x).e-x = C  g(x)=
=C.ex = f(x)
Equações Diferenciais Lineares
de 1ª Ordem
• São equações da forma y’ + P(x).y = Q(x), onde P(x) e
Q(x) são funções contínuas em algum intervalo
aberto I. Desejamos obter as soluções dessa E.D.O.
nesse intervalo.

• Ideia intuitiva: no caso particular em que Q(x) = 0:


y’ + P(x).y = 0
Se y  0 em I: y’/y = - P(x)
Supondo y > 0 em I: y’/y = D(ln y) = - P(x) 
 y = e- A(x), onde A(x) = P(x)dx + C. Logo, se houver
solução positiva para a E.D.O. homogêna
considerada, ela terá essa forma.

Porém: y = e- A(x)  y’ = - e-A(x) .A’(x) = - P(x).e-A(x) =


= - P(x).y  toda função da forma y = e- A(x) é solução
da E.D.O. homogêna.

Assim, encontramos todas as soluções positivas da


E.D.O. homogênea. Para determinar todas as
soluções, demonstraremos o seguinte Teorema de
Existência e Unicidade:
• TEOREMA: Seja P(x) uma função contínua em
um intervalo aberto I. Sejam a um ponto em
I, e b um número real qualquer. Então há uma
e somente uma função y = f(x) que satisfaz o
problema de condição inicial

y' + P(x).y = 0, com f(a) = b

no intervalo I. Essa função é dada por:


𝑥
f(x) = b.e-A(x) , onde 𝐴 𝑥 = ‫𝑃 𝑎׬‬ 𝑡 𝑑𝑡
• DEMONSTRAÇÃO:
(i) Seja f a função definida acima. Como A(a) = 0, f(a)
= b. Além disto, como f(x) satisfaz a E.D.O.
homogênea, constata-se que f é solução do
problema de valor inicial.

(ii) Sejam g(x) uma solução qualquer do problema de


valor inicial, e h(x) = g(x).eA(x).
h'(x) = g’(x).eA(x) + g(x).eA(x).A’(x) = eA(x).[g’(x) +
+P(x).g(x)] = eA(x).0 = 0  h(x) é constante em I.
Logo, h(x) = h(a) = g(a).eA(a) = g(a) = b 
g(x).eA(x) = b g(x) = b.e-A(x) = f(x).
• TEOREMA: Sejam P(x) e Q(x) funções
contínuas em um intervalo aberto I. Sejam a
um ponto em I, e b um número real qualquer.
Então há uma e somente uma função y = f(x)
que satisfaz o problema de condição inicial
y' + P(x).y = Q(x), com f(a) = b
no intervalo I. Essa função é dada por:
𝑥
𝑓 𝑥 = 𝑏𝑒 −𝐴(𝑥) + 𝑒 −𝐴(𝑥) න 𝑄 𝑡 𝑒 𝐴 𝑡 𝑑𝑡
𝑎
𝑥
onde 𝐴 𝑥 = ‫𝑃 𝑎׬‬ 𝑡 𝑑𝑡.
• DEMONSTRAÇÃO:
(i) Seja f a função definida acima. Como A(a) = 0, f(a)
= b. Além disto:
f’(x) + P(x).f(x) = -b.A’(x).e-A(x) + e-A(x) .Q(x).eA(x) -
x x
- A’(x).e-A(x).  Q(t )e A(t ) dt + P(x)[b.e-A(x) + e-A(x) .  Q (t )e A( t ) dt ] =
= Q(x)  f é solução do problema de valor inicial.
a a

(ii) Sejam g(x) uma solução qualquer do problema de


valor inicial, e h(x) = g(x).eA(x). Então:
h’(x) = g’(x).eA(x) + g(x).eA(x).A’(x) = exA(x).[g’(x) +
+ P(x).g(x)] = e .Q(x)  h(x) = h(a) + 
A(x) Q (t ) e A( t )
dt
a
Como h(a) = g(a).eA(a) = g(a), tem-se que:
x
h(x).e-A(x) = g(x) = g(a).e-A(x) + e-A(x).  Q (t )e A( t ) dt
a

Logo, todas as soluções da E.D.O. têm a forma da


equação acima.

APLICAÇÕES PRÁTICAS DE E.D.O. LINEARES DE


1ª ORDEM: Apostol, Vol. 1, Seção 8.6
E.D.O. NÃO-LINEARES DE 1a
ORDEM
• Não existe um teorema de existência e
unicidade nesse caso; problemas de valor
inicial envolvendo E.D.O. não-lineares podem
não ter solução, ou ter mais de uma solução.

• Exemplo:
1) (y’)2 – xy’ + y + 1 = 0 , y(0) = 0, não tem solução.
2) y’ = 3y2/3, y(0) = 0, possui duas soluções: y1(x) = 0
e y2(x) = x3.
• Quando existem soluções, muitas vezes não é
possível determiná-las explicitamente, sendo
possível apenas chegar a uma relação entre y
e x conhecida como fórmula implícita.

• Exemplo: Todas as soluções da E.D.O.


y’ = (y - x)/(y + x)
satisfazem a relação:
(1/2).ln(x2 + y2) + arctg (y/x) + C = 0.
• Considere a relação implícita F(x,y,C) = 0. Para
um dado C, essa relação expressa uma função
cujo gráfico no sistema de coordenadas é
conhecido como curva integral. A coleção de
curvas integrais obtida variando-se o valor de
C é denominada família de curvas a um
parâmetro.
Exemplo de família de curvas a um parâmetro:
y = a.sen x, -  x   e 0  a  1
FONTE:
http://diadematematica.diadematematica.com.br/modules/mastop_pub
lish/print.php?tac=Winplot
EQUAÇÕES SEPARÁVEIS
• São equações que podem ser separadas em
dois membros, um dos quais é função de y e o
outro função de x, isto é, y’ = Q(x).R(y)

• Exemplo: y’ = sen y . ln x
• TEOREMA: Seja y = Y(x) uma solução qualquer
da equação separável A(y).y’ = Q(x), tal que Y’
seja contínua em um intervalo aberto I.
Considere que Q e a função composta A[Y(x)]
sejam contínuas em I. Seja G uma primitiva
de A, isto é, G’ = A. Então Y satisfaz a relação
G(y) = Q(x)dx + C. Reciprocamente, se y
satisfaz essa relação, então y é solução da
equação separável.
• DEMONSTRAÇÃO:
(i) Y é solução da E.D.O. separável  A[Y(x)].Y’(x) =
= Q(x),  x  I
G’= A  G’[Y(x)].Y’(x) = Q(x)  [G[Y(x)]]’ = Q(x) 
 G[Y(x)] = Q(x)dx + C

(ii) G[Y(x)] = Q(x)dx + C  [G[Y(x)]]’ = A[Y(x)].Y’(x) =


= Q(x)  Y é solução da E.D.O. separável
• Observação: Observe que a fórmula G(y) =
= Q(x)dx + C pode ser reescrita como
A[Y(x)].Y’(x)dx = Q(x)dx + C. Fazendo as
substituições y = Y(x) e dy = Y’(x)dx, obtém-se
A(y)dy = Q(x)dx + C. Fica assim justificado o
procedimento usualmente empregado para a
solução de equações separáveis.

• Exemplo: Determine a solução geral da


equação y’ = y/x
y dy dx dy dx
y' =  =  =  +C 
x y x y x
 Ln y = Ln x + C = Ln x + Ln C1 = Ln C1 x 
 y = kx
EQUAÇÕES HOMOGÊNEAS
• Diz-se que uma função é homogênea de grau
k quando f(tx,ty) = tk.f(x,y).

• Exemplo: f(x,y) = xy é homogênea de grau 2


f(x,y) = x2y + xy2 é homogênea de
grau 3.
• A E.D.O. M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 é dita
homogênea se M e N são homogêneas de
mesmo grau.

• Exemplos:
(x + y)dx + (x – y)dy = 0
(x2 – y2)dx – 2xy.dy = 0.
• Seja M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 uma E.D.O.
homogênea, com grau de homogeneidade k.
Logo:
dy M ( x, y) M ( x, xy / x) x k M (1, y / x) M (1, y / x)
=− =− =− k =−
dx N ( x, y) N ( x, xy / x) x N (1, y / x) N (1, y / x)

Seja y = u.x  dy/dx = u + x.du/dx. Assim:


du M (1, u ) du F (u ) − u
u+x =− = F (u )  =
dx N (1, u ) dx x

(E.D.O. separável)
• Exemplo: determine a solução geral da
equação dy/dx = xy/(x2 + y2), x  0 e y  0.
y du x 2u u du u3
u = u+x = 2 = x =− 
x dx x (1 + u ) 1 + u
2 2
dx 1+ u 2

1+ u2 dx du du dx
 3 du = −   3 +  = − + C 
u x u u x
u −2 x2
− + Ln u = − Ln x + C  − 2 + Ln y = C 
2 2y
 y 2 Ln y 2 + Ky 2 = x 2
EQUAÇÕES EXATAS
• A equação diferencial M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0
é dita exata se existe uma função diferenciável
(x,y) tal que /x = M(x,y) e /y =
= N(x,y). Assim, a E.D.O. exata pode ser
representada por xdx + ydy = 0. O membro
esquerdo dessa equação é o diferencial total
da função . Logo, (x,y) = constante = C.
• TEOREMA: sejam M(x,y), N(x,y), My e Nx
funções contínuas. Então a E.D.O. M(x,y)dx +
+ N(x,y)dy = 0 é exata se e somente se My = Nx.

• Demonstração:
(i) suponha que a E.D.O. seja exata. Então:
My = 2/yx e Nx = 2/xy.
Porém, My e Nx são contínuas, de modo que:
2/yx = 2/xy, ou seja, My = Nx
(ii) Assuma que My = Nx, e considere a função:
(x,y) = M(x,y)dx + h(y)  y = y  M ( x, y)dx + h( y) =  M y dx + h' ( y )

Fazendo N(x,y) = y: h’(y) = N(x,y) - My(x,y)dx (*)

Porém, [h’(y)]/x = Nx – My = 0  h’(y) é função


apenas de y. Assim, basta integrar-se a equação (*)
em relação a y para obter-se:
h(y) = [N(x,y) - My(x,y)dx]dy. Logo:
(x,y) = Mdx + h(y) = Mdx + [N - Mydx]dy
onde x = M(x,y) e y = N(x,y)
• Exemplo: Determine a solução geral da E.D.O.
(x2 – y2)dx – 2xydy = 0.

Resolução:
My = Nx = – 2y  equação exata

x = x2 – y2   = x3/3 – xy2 + h(y)


y = –2xy + h’(y) = –2xy  h’(y) = 0  h(y) = C1

Logo:  = x3/3 – xy2 + C1 = C  x3/3 – xy2 = K


FATORES INTEGRANTES
• Considere que a E.D.O. M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0
não seja exata, isto é, My  Nx. Para
transformar essa equação em uma outra que
seja exata, multipliquemos os seus membros
por uma função u(x,y) que admita derivadas
parciais contínuas:

u(x,y).M(x,y)dx + u(x,y).N(x,y)dy = 0
• Para que essa equação seja exata, devemos
ter: [u(x,y).M(x,y)]/y = [u(x,y).N(x,y)]/x 
u = (ux.N – uy.M)/(My – Nx) (1)
• A E.D.P. (1) pode ter várias soluções, e
qualquer uma delas pode ser usada como
fator integrante. Entretanto, a resolução da
E.D.P. (1) é geralmente tão ou mais difícil do
que a resolução da E.D.O. original. Assim, na
prática, os fatores integrantes só podem ser
encontrados em casos especiais, como
quando u for função apenas de x ou de y.
• Se u = u(x): uy = 0  u = ux.N/(My – Nx) 
 (My – Nx)/N = ux/u = h(x)  du/u = h(x)dx 
u = exp(h(x)dx)

• Se u = u(y), tem-se analogamente que:


u = exp(h(y)dy), onde h(y) = (Nx – My)/M
• Exemplo: determine a solução geral da
equação (3xy + y2) + (x2 + xy)y’ = 0.

My = 3x + 2y  Nx = 2x + y (equação não-exata)

(My - Nx)/N = (x + y)/[x(x + y)] = 1/x = h(x) 


u(x) = exp(dx/x) = x

(3x2y + xy2)dx + (x3 + x2y)dy = 0


My = Nx = 3x2 + 2xy (eq. exata)
x = 3x2y + xy2  = x3y + x2y2/2 + g(y)

y = x3 + x2y + g’(y) = x3 + x2y  g’(y) = 0 


 g(y) = C1

 = x3y + x2y2/2 + C1 = C  x3y + x2y2/2 = K


(solução geral)
E.D.O. DE GRAU SUPERIOR A 1 EM
RELAÇÃO A y
Equação de Clairaut
• Uma E.D.O. da forma y = x.y’ + f(y’) é chamada
Equação de Clairaut.
y = x.y’ + f(y’)  y’= y’ + x.y” + f’(y’).y” 
 y”.(x + f’(y’)) = 0  x + f'(y’) = 0 (solução
singular) ou y” = 0  y = C1x + C2

• As soluções devem ser testadas na E.D.O.!


• Exemplo: y = xy’ – ln y’
y’ = y’ + x.y’’ – y’’/y’ 
 y’’(x – 1/y’) = 0  y’’ = 0 ou x – 1/y’ = 0
(i) y’’ = 0  y = A.x + B
Testando na E.D.O.: A.x + B = A.x – ln A 
 B = – ln A
(ii) x – 1/y’ = 0  y’ = 1/x  y = ln |x| + C
Testando na E.D.O.: ln |x| + C = 1 – ln(1/x) 
C = 1
Solução geral: y = A.x – ln A
Solução singular: y = ln x + 1, x > 0
Equação de Lagrange
• Uma E.D.O. da forma y = x.f(y’) + g(y’) é
denominada Equação de Lagrange. Ela pode
ser resolvida fazendo-se y’ = P.
y = x.f(P) + g(P)  dy/dx = f(P) + x.f’(P).dP/dx +
+ g’(P).dP/dx  P – f(P) – x.f’(P).dP/dx =
= g’(P).dP/dx 
 dx/dP – f’(P).x/(P – f(P)) = g’(P)/[P – f(P)]
(E.D.O. linear de 1ª ordem)
• A solução é escrita na forma parametrizada
x = x(P) e y = y(P).
Equações Lineares de 2a Ordem
• São equações da forma y” + P1(x).y’ + P2(x).y =
= R(x). Se R(x)  0, a equação é dita
homogênea.

• Exemplos:
(1–x2)y” – 2xy’ + a(a+1)y = 0 (Equação de Legendre)
x2.y” + xy’ + (x2 – a2)y = 0 (Equação de Bessel)
• TEOREMA DE EXISTÊNCIA E UNICIDADE: sejam
P1(x), P2(x) e R(x) funções contínuas em um
intervalo aberto I. Então o problema de valor
inicial y” + P1(x)y’ + P2(x)y = R(x), y(x0) = k1,
y’(x0) = k2, possui uma única solução em I.
• Princípio da Superposição: se y1 e y2 são
soluções da E.D.O. homogênea y” + P1(x)y’ +
+ P2(x)y = 0, então a combinação linear c1y1 +
+ c2y2 também é solução da E.D.O., quaisquer
que sejam os valores de c1 e c2.

De fato:
(c1y1 + c2y2)” + P1(x).(c1y1 + c2y2)’ + P2(x).(c1y1 +
+ c2y2) = c1(y1” + P1(x).y1’ + P2(x).y1) + c2(y2” +
P1(x).y2’ + P2(x).y2) = 0.
• Diz-se que y1 e y2 são soluções fundamentais
da E.D.O. homogênea y” + P1(x).y’ + P2(x).y = 0
se qualquer outra solução dessa equação
puder ser escrita como combinação linear de
y1 e y2. Logo, se (x) é uma solução qualquer
da E.D.O., então (x) = c1y1 + c2y2 para
determinados valores de c1 e c2. Diz-se ainda
que {y1,y2} é um conjunto fundamental de
soluções para a E.D.O. homogênea, ou uma
base para o espaço das soluções da E.D.O.
homogênea.
• Seja (x) uma solução arbitrária da E.D.O.
homogênea. Desejamos expressar (x) como
uma combinação linear das soluções
fundamentais y1 e y2. Em outras palavras,
desejamos achar os valores das constantes c1
e c2 tais que (x) = c1y1(x) + c2y2(x),  x  I.
Assim, seja x0 um ponto fixo de I. Temos o
sistema:
c1 y1 (x 0 ) + c 2 y 2 (x 0 ) =  (x 0 )

c1 y1 ' (x 0 ) + c 2 y 2 ' (x 0 ) =  ' (x 0 )
• Para que o sistema acima seja determinado
(isto é, possua uma única solução), o valor do
determinante principal deve ser diferente de
zero, ou seja, y1(x0).y2’(x0) – y1’(x0).y2(x0)  0.
Nesse caso, o teorema da existência e
unicidade permite concluir que (x)  c1y1 +
+ c2y2,  x  I. Assim, se o determinante
y1.y2’ – y1’.y2 for diferente de zero  x  I,
poderemos garantir que qualquer solução da
E.D.O. homogênea será combinação linear de
y1 e y2.
• O determinante y1y2’ – y1’y2 = W(y1,y2,x) é
denominado determinante Wronskiano, ou
simplesmente Wronskiano, em homenagem
ao matemático polonês Jósef Maria Höené-
Wronski. Concluímos que um conjunto {y1,y2}
é fundamental de soluções da E.D.O.
homogênea se e somente se W(y1,y2,x)  0,
 x  I.
• TEOREMA: sejam P1 e P2 funções contínuas
em um intervalo I, e y1 e y2 duas soluções da
equação y” + P1(x).y’ + P2(x).y = 0. Então,
W(y1,y2,x) = 0  x  I, ou W(y1,y2,x)  0  x 
I.

• Demonstração: se y1 e y2 são soluções da


E.D.O. dada, tem-se que:
y1” + P1(x).y1’ + P2(x).y1 = 0 (1)
y2” + P1(x).y2’ + P2(x).y2 = 0 (2)
Multiplicando-se a eq. (1) por – y2 e a eq. (2)
por + y1 e somando-se as duas:
(y1.y2” – y1”.y2) +P1(x).(y1.y2’ – y1’.y2) = 0 (3)

Porém, W’(y1,y2,x) = y1y2” – y1”.y2, de modo


que a eq. (3) pode ser reescrita como:

W’(y1,y2,x) + P1(x).W(y1,y2,x) = 0 
 W’(y1,y2,x)/W(y1,y2,x) = – P1(x) 
 W(y1,y2,x) = K.exp[– P1(x)dx]
Como exp[– P1(x)dx]  0, o membro direito
da equação acima só será nulo se K = 0; nesse
caso, W(y1,y2,x)  0,  x  I. Por outro lado,
se existir algum x0  I tal que
W(y1(x0),y2(x0),x0)  0, então K  0, e
W(y1,y2,x)  0  x  I.
Funções Linearmente
Independentes
• Duas funções f e g são linearmente
independentes (L.I.) em um intervalo I se
a1.f(x) + a2.g(x) = 0,  x  I  a1 = a2 = 0.
Caso contrário, elas são ditas linearmente
dependentes (L.D.).
• TEOREMA: sejam P1 e P2 duas funções
contínuas em um intervalo aberto I, e y1(x) e
y2(x) duas soluções da E.D.O.
y” + P1(x).y’ + P2(x).y = 0
Então y1 e y2 são L.I. se e somente se
W(y1,y2,x)  0  x  I.

• Demonstração: considere que W(y1,y2,x)  0 ,


e que c1y1 + c2y2 = 0 em I. Assim, tem-se as
seguintes expressões para um ponto x0:
c1y1(x0) + c2y2(x0) = 0
c1y1’(x0) + c2y2’(x0) = 0

O determinante principal do sistema é igual a


W(y1,y2,x0), que é diferente de zero. Então, o
sistema é determinado, e a única solução é
c1 = c2 = 0, concluindo-se que y1 e y2 são L.I.

O raciocínio inverso mostra que, se y1 e y2 são


L.I., então W(y1,y2,x)  0.
E.D.O. de 2a Ordem Homogêneas
com Coeficientes Constantes
• São equações da forma ay” + by’ +cy = 0, onde
a, b e c são constantes (a  0).
• Desejamos obter as soluções fundamentais
para essa equação. Funções da forma erx
parecem ser candidatas razoáveis. Assim:
y = erx, y’ = r.erx e y” = r2.erx
ar2.erx + br.erx + c.erx = 0 
 erx.(ar2 + br + c) = 0  ar2 + br + c = 0
• A equação ar2 + br + c = 0 é denominada
equação característica associada à equação
ay” + by’ +cy = 0.

• 1o caso: b2 – 4ac > 0 _ a eq. característica


possui duas raízes reais e distintas r1 e r2.
Assim, duas soluções da E.D.O. dada são:
y1 = exp(r1x) e y2 = exp(r2x)
Como W(y1,y2) = (r2 – r1).exp[(r1 + r2)x]  0, 
x real, y1 e y2 são L.I.
y(x) = C1.exp(r1x) + C2.exp(r2x)
• Exemplo: y” – y = 0
Equação característica: r2 – 1 = 0  r =  1
Solução geral: y = C1ex + C2e-x

• 2o caso: b2 – 4ac < 0 _ a eq. característica


possui duas raízes complexas conjugadas.
Seja Z = x + yi; define-se eZ = ex(cos y + i.sen y)
Re(eZ) = excos y; Im(eZ) = exsen y
• TEOREMA: Se f(x) = u(x) + i.v(x) é uma solução
complexa da equação ay” + by’ + cy = 0, então
as partes real u(x) e imaginária v(x) também
são soluções reais da mesma equação.

• Demonstração: f’(x) = u’ + iv’; f”(x) = u” + i.v”


Substituindo na E.D.O.:
a[u”+ iv”] + b[(u’ + iv’] + c[u + iv] = 0 
[au” + bu’ + cu] + i[av” + bv’ + cv] = 0 = 0 + 0.i 
 au” + bu’ + cu = 0 e av” + bv’ + cv = 0 (C.Q.D.)
• Assim, se a equação característica associada à
E.D.O. possuir raízes complexas, então uma
solução da E.D.O é da forma y = k.exp[(C +
+ iD)x]. Porém, pelo último teorema, verifica-
se que y1 = eCx.cos Dx e y2 = eCx.sen Dx
também são soluções da E.D.O. (soluções
reais). Uma vez que W(y1,y2,x)  0, y1 e y2 são
soluções fundamentais, e a solução geral da
E.D.O. é dada por: y = C1.eCx.cos(Dx) +
+ C2eCx.sen(Dx).
• Exemplo: 5y” – y’ + 3y = 0
Equação característica: 5r2 – r + 3 = 0 
 r = 1  i 59
10
 x 59 x 59 
y ( x) = e  C1 cos 
x
10
+ C2 sen 
 10 10 
• 3o caso: b2 – 4ac = 0 _ nesse caso, a equação
característica possui uma raiz real dupla
r = –b/2a, de modo que uma solução é dada
por y1 = exp(-bx/2a). Precisamos encontrar
uma solução y2 que forme com y1 um
conjunto fundamental de soluções. Suponha
que y = v(x).y1(x), onde v(x) é uma função a
ser determinada. Assim:

y’= v’y1 + vy1’; y” = v”y1 + 2v’y1’ + vy1”


• Substituindo na E.D.O.:
a[v”.erx + 2rerx.v’ + r2. erx.v] + b[erx.v’ + r. erx.v] +
+ cv. erx = 0 
 a.v” + (2ar + b).v’ + (ar2 + br + c).v = 0

r é raiz da eq. característica  ar2 + br + c = 0,


e 2ar + b = 0. Logo:
a.v” = 0  v” = 0  v = C1.x + C2
Portanto, a função y = erx.(C1.x + C2), onde
r = -b/2a, também é solução da E.D.O. y é
combinação linear das soluções y1 = erx e y2 =
= x.erx. Uma vez que W(y1,y2,x)  0, tem-se
que y1 e y2 formam um conjunto fundamental
de soluções, e a solução geral da E.D.O. é dada
por y = e-bx/2a.(C1x + C2)

• Exemplo: y” + 4y’ + 4y = 0
Equação característica: r2 + 4r + 4 = 0 
 r = – 2 (raiz dupla)  y(x) = C1.e-2x + C2xe-2x
Equações Lineares Não-homogêneas
• São equações da forma:
y” + p(x).y’ + q(x).y = g(x)
• Seja L[y] = y” + p(x).y’ + q(x).y = 0 a E.D.O.
homogênea associada à E.D.O. não-
homogênea dada. Sejam y1 e y2 duas soluções
L.I. da eq. L[y] = 0. Desejamos encontrar uma
solução da equação L[y] = g(x) da forma
yp = v1(x)y1 + v2(x)y2, onde v1 e v2 são funções
a serem determinadas.
yp’ = v1’y1 + v1y1’ + v2’y2 + v2y2’

Impondo a condição v1’y1 + v2’y2 = 0: (1)


yp’ = v1y1’ + v2y2’  yp” = v1’.y1’ + v2’.y2’ +
+ v1.y1” + v2.y2”
Substituindo os valores de yp e suas derivadas
na eq. L[y] = g(x), obtém-se a equação:
v1’.y1’ + v2’.y2’= g(x) (2)
As equações (1) e (2) formam um sistema cuja
solução é:
v1’ = – g(x).y2/W(y1,y2,x)
v2’ = y1.g(x)/W(y1,y2,x)
A integração das equações acima fornece
v1(x) e v2(x). Logo:
− y 2 .g ( x ) y1.g ( x)
y p = y1  dx + y2  dx
W ( y1 , y2 ) W ( y1 , y2 )
Esse método de obtenção de uma solução
particular para a equação L[y] = g(x) é
conhecido como Método de Lagrange ou
Método da Variação de Parâmetros.
• TEOREMA: Se yp é uma solução particular da
E.D.O. não-homogênea L[y] = g(x), então a
solução geral dessa equação é obtida
somando-se yp à solução geral da equação
homogênea L[y] = 0.

• Demonstração:
Sejam y1 e y2 duas soluções quaisquer da eq.
L[y] = g(x). Assim:
L[y1] = L[y2] = g(x)  L[y1 – y2] = g(x) – g(x) = 0
Portanto, y1 – y2 é uma solução da eq.
homogênea L[y] = 0, e pode ser expressa
como uma combinação linear das soluções
fundamentais da equação homogênea t1 e t2:
y2 – y1 = c1.t1 + c2.t2  y2 = c1t1 + c2t2 + y1

A relação acima deve ser satisfeita por


quaisquer pares de soluções y1 e y2 da E.D.O.
não-homogênea L[y] = g(x). Por outro lado,
toda função y2 que satisfaz essa relação é
solução de L[y] = g(x). (C.Q.D.)
• Exemplo: determine a solução geral da E.D.O.
y” – 5y’ + 6y = 2.ex

Solução da E.D.O. homogênea associada:


h(x) = C1.e3x + C2.e2x

y1 = e3x e y2 = e2x  W(y1,y2) = -e5x


v1(x) = - e-2x e v2(x) = 2.e-x  yp = ex
y(x) = C1.e3x + C2.e2x + ex
Métodos Especiais para a Obtenção de uma Solução Particular
da Equação Não-homogênea y” + a.y’ +by = g(x), onde a e b são
constantes: o Método dos Coeficientes Indeterminados

• 1o caso: g(x) é um polinômio de grau n.

– Se b  0, uma solução particular é um polinômio de grau n;


– Se b = 0, uma solução particular é um polinômio de grau
n + 1, desde que a  0;
– Se a = b = 0, então y” = g(x), e a solução geral é obtida por
duas integrações sucessivas.
• 2o caso: g(x) = p(x).emx, onde p(x) é um polinômio de
grau n, e m é constante.

– A mudança de variável y = u(x).emx transforma a E.D.O. em


uma nova equação em u(x), que recai no 1o caso.

• 3o caso: g(x) = p(x).emx.cos(kx) ou, alternativamente,


g(x) = p(x).emx. sen(kx), onde p(x) é um polinômio e m
e k são constantes.

– Há uma solução particular da forma yp = emx.[q(x).cos(kx) +


r(x).sen(kx)], onde q e r são polinômios.
• Exemplo: determine uma solução particular
da E.D.O. y” + y = x.e3x
Resolução: yp = u(x).e3x  yp’’ = e3x[u’’ + 6u’ +
+ 9u]
e3x[u’’ + 6u’ + 9u] + e3xu = x.e3x  u’’ + 6u’ +
+ 10u = x
u(x) = Ax + B  6A + 10Ax + 10B = x  A =
= 1/10 e B = – 3/50
u(x) = (5x – 3)/50  yp = e3x (5x – 3)/50
Equações Diferenciais Lineares de
Ordem n (n  2)
• São equações do tipo:
P0(x)y(n)(x) + P1(x)y(n-1)(x) + ... + Pn-1(x)y’(x) +
Pn(x).y(x) = G(x), onde P0(x)  0.

• As funções Pi(x) são contínuas em um


intervalo aberto I.
• Como P0(x)  0, a equação pode ser reescrita
como:
y(n)(x) + p1(x)y(n-1)(x) + ... + pn-1(x)y’(x) +
+ pn(x).y(x) = g(x)

ou L[y] = g(x), onde L = Dn + p1Dn-1 + ... + pn-1D +


pn. L é o operador diferencial linear de ordem
n.
• TEOREMA DE EXISTÊNCIA E UNICIDADE:
considere a E.D.O. L[y] = g(x), onde p1, p2, ...,
pn são contínuas em um intervalo aberto I.
Então o problema:
L[y] = g(x), y(x0) = c0, y’(x0) = c1,..., y(n-1)(x0) =
= cn-1

(onde ci são números reais arbitrários) possui


uma única solução em I.
• TEOREMA DA DIMENSIONALIDADE: Seja L o
operador diferencial linear de ordem n. Então
o espaço de soluções da equação L[y] = 0
possui dimensão n.
Teoria Geral das Equações Lineares
de Ordem n
• Seja a equação L[y] = 0. Sejam y1, y2, ... ,yn, n
soluções dessa equação. Então, (x) = c1y1 +
+ c2y2 + ... + cnyn, onde c1, ... ,cn são constantes
reais, também é solução da E.D.O. (prove).

• Se y1, y2, ..., yn são soluções L. I., então


qualquer solução y = (x) da equação L[y] = 0
pode ser expressa como combinação linear
dessas soluções.
• Wronskiano:

y1 y2 ........ yn
y1 ' y2 ' ....... yn '
W ( y1 , y2 , ..., yn , x) =
......................................
y1( n −1) y2( n −1) ... yn( n −1)
• Critério da Linearidade: Sejam y1, y2, ... , yn
soluções da equação homogênea L[y] = 0.
Então y1, ..., yn são L. I. se e somente se
W(y1,y2,...,yn,x)  0  x  I.

• Como no caso n=2, W  0 ou W  0 em I.


Logo, concluímos que, se W  0, então toda e
qualquer solução da equação L[y] = 0 pode ser
escrita como combinação linear de y1, y2, ...,
yn.
A Equação Não-Homogênea
• TEOREMA: Sejam L o operador diferencial
linear de ordem n, e y1, ..., yn soluções L. I. da
equação homogênea L[y] = 0. Seja yp uma
solução particular da equação L[y] = R(x).
Então a solução geral da equação L[y] = R(x) é
da forma y = yp + c1y1 + ... + cnyn (prova
análoga a n = 2).
• Método da variação de parâmetros: Apostol,
Vol. 2, seção 6.11
Equações Lineares Homogêneas
com Coeficientes Constantes
• São equações da forma:
L[y] = a0y(n) + ... + an-1y’ + any = 0

Como antes, propomos uma solução da forma


y = erx, obtendo-se a equação característica:
a0rn + a1rn-1 + ... + an-1r + an = 0
• 1o caso: todas as raízes da equação
característica são reais e distintas (r1, r2, ..., rn).
y = C1exp(r1x) + C2exp(r2x) + ... + Cnexp(rnx)

• 2o caso: há raízes complexas.


e(a+bi)x = eax cos (bx) + i.eaxsen(bx)
y1 = eaxcos(bx); y2 = eaxsen(bx)
• 3o caso: há raízes reais repetidas.
Suponha que a raiz r tenha multiplicidade
s  n. Então as soluções referentes a essa raiz
terão a forma:
y1 = x0.erx
y2 = x1.erx
y3 = x2.erx
.....................
ys = xs-1.erx
• 4o caso: há raízes complexas repetidas.
Admita que Z = a + bi seja uma raiz com
multiplicidade s < n. Então:
y1 = eaxcos(bx)
y2 = eaxsen(bx)
y3 = x.eax.cos(bx)
y4 = xeaxsen(bx)
..................................
y2s-1 = xs-1.eax.cos(bx)
y2s = xs-1.eaxsen(bx)
• Exemplos:
1) y(4) – 4y” + 3y = 0
Equação característica: r4 – 4r2 + 3 = 0 
 r =  31/2 ou r =  1
y = C1ex + C2.e-x + C3exp(x.31/2) + C4.exp(-x31/2)

2) y(4) + y” –2y = 0
Equação característica: r4 + r2 – 2 = 0 
 r =  i21/2 ou r =  1
y = C1ex + C2.e-x + C3cos(x.21/2) + C4.sen(x.21/2)
3) y(6) – 3y(4) + 3y” – y = 0
Eq. característica: r6 – 3r4 + 3r2 – 1 = 0 
r = 1 ou r = – 1 (cada uma com multiplicidade
3)

y = ex(C1 + C2x + C3x2) + e-x(C4 + C5x + C6x2)


O Método do Aniquilador para achar soluções
particulares de equações não-homogêneas com
coeficientes constantes
• Ex.: (D4 – 16)y = x4 + x + 1
O membro direito é aniquilado pelo operador D5.
Qualquer solução da equação acima também é
solução de:
D5(D4 – 16)y = 0
Raízes da eq. característica: 0 (multiplicidade 5), 2,
-2, 2i, -2i. Logo, a solução geral da E.D.O. acima é:
y = c1 + c2x + c3x2 + c4x3 + c5x4 + c6e2x + c7e-2x +
+ c8.cos(2x) + c9.sen(2x).
Queremos achar os ci tais que L[y] = x4 + x + 1.
Desse modo, encontra-se a solução particular
yp = -x4/16 – x/16 –5/32

• Tabela de aniquiladores: Apostol, Vol. 2, seção


6.14

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