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Ou seja,
k 0
x00 (t) + x (t) = g.
m
2
Uma EDO de segunda ordem é denominada linear se puder ser expressa
na forma
y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = r(t), (3)
para funções p, q, r : (a, b) → R contı́nuas. Ou seja, em (2), tem-se
Exemplos:
1. t2 y 00 + ty 0 + (t2 − ν 2 )y = 0 é linear de segunda ordem, homogênea, com
p(t) = 1/t, q(t) = (t2 − ν 2 )/t2 e r(t) = 0.
d2 y dy
2. 2
+ 3t + (sin t)y = et é linear de segunda ordem, não-homogênea,
dt dt
com p(t) = 3t, q(t) = sin t e r(t) = et .
3. y 00 +et y 0 = 1 é linear de segunda ordem, não-homogênea, com p(t) = et ,
q(t) = 0 e r(t) = 1.
d2 y dy
4. (1 − t2 ) 2
− 2t + α(α + 1)y = 0 é linear de segunda ordem, ho-
dt dt
2t α(α + 1)
mogênea, com p(t) = − 2
, q(t) = e r(t) = 0.
1−t 1 − t2
3
Observações:
3
Uma outra importante propriedade das EDOs lineares é dada pelo re-
sultado abaixo.
y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = 0.
Então, se denotamos por yh a solução geral desta e por yp uma solução par-
ticular daquela, então
y = yp + yh
é a solução geral daquela.
4
2.1.1 EDOs lineares homogêneas com coeficientes con-
stantes - O método da equação caracterı́stica
A EDO de primeira ordem, linear e homogênea
y 0 + λy = 0, λ ∈ R,
y 00 + αy 0 + βy = 0, (5)
λ2 + αλ + β = 0. (6)
5
(5). Sendo ∆ = α2 − 4β o seu discriminante, tem-se
(i) ∆ > 0 =⇒ (6) possui duas raı́zes reais distintas
r r
α α 2 α α 2
λ1 = − + − β e λ2 = − − −β
2 2 2 2
=⇒ y1 = eλ1 t e y2 = eλ2 t são soluções em R de (5).
α
(ii) ∆ = 0 =⇒ (6) possui uma única raı́z real λ = − 2
α
=⇒ y1 = e− 2 t é uma solução em R de (5).
(iii) ∆ < 0 =⇒ (6) possui duas raı́zes complexas conjugadas
r r
α α 2 α α 2
λ1 = − + i β − e λ2 = − − i β −
2 2 2 2
=⇒ y1 = eλ1 t e y2 = eλ2 t são soluções (complexas) em R de (5).
Exemplos:
1. Resolva a EDO y 00 + 5y 0 + 6y = 0.
Solução: A equação caracterı́stica associada a EDO dada é
λ2 + 5λ + 6 = 0.
Seu discriminante ∆ = 1 > 0, logo há duas raı́zes reais distintas, quais
sejam, λ1 = −2 e λ2 = −3. Portanto,
y1 = e−2t e y2 = e−3t ,
2. Resolva a EDO y 00 + 2y 0 + y = 0.
6
Solução: A equação caracterı́stica associada a EDO dada é
λ2 + 2λ + 1 = 0.
Seu discriminante ∆ = 0, logo há uma única raı́z real, a saber, λ = −1.
Portanto,
y = e−t ,
é uma solução da EDO dada.
3. Resolva a EDO y 00 + y = 0.
Solução: A equação caracterı́stica associada a EDO dada é
λ2 + 1 = 0.
y1 = e−it e y2 = eit ,
Sabe-se então que y1 = eλ1 t e y2 = eλ2 t são soluções de (5). E afirma-se
ainda mais, o conjunto eλ1 t , eλ2 t é fundamental. Para isto, escreva
0 = Aeλ1 t + Beλ2 t .
Então, em t = 0, obtém-se
0 = Aeλ1 ·0 + Beλ2 ·0 = A + B,
0 = λ1 Aeλ1 ·0 + λ2 Beλ2 ·0 = λ1 A + λ2 B.
Mas então
0 = λ1 A + λ2 B = (λ1 − λ2 )A.
7
λλ1t −λλt2 6= 0, segue que A = 0 e, portanto, B = −A = 0, mostrando
Como
que e 1 , e 2 é fundamental. Portanto, neste caso, a solução geral de (5) é
y = c1 eλ1 t + c2 eλ2 t ,
onde c1 , c2 ∈ R.
Exercı́cios resolvidos
y 00 − y = 0.
8
Solução: A equação caracterı́stica associada a EDO dada é
λ2 − 1 = 0.
y = c1 e−t + c2 et , c1 , c2 ∈ R,
et + e−t 1 1
cosh t = = et + e−t
2 2 2
e
et − e−t 1 1
sinh t = = et − e−t
2 2 2
segue que são suas soluções particulares.
y = cosh t
y = sinh t
9
Solução: A equação caracterı́stica associada a equação dada é
λ2 + 3λ + 3 = 0.
√
3
Há duas raı́zes
√
complexas conjugadas, quais sejam, λ1 = − 23 − i 2
e
λ2 = − 23 + i 23 . Portanto,
√ ! √ !!
3 3 3
y = e− 2 t c1 cos t + c2 sin t , c1 , c2 ∈ R,
2 2
λ2 + 4λ + 4 = 0.
y = c1 e−2t + c2 te−2t , c1 , c2 ∈ R,
Exercı́cios propostos
10
1. Dada a EDO y 00 + 4y = 0, determine sua solução geral. As soluções são
periódicas?
z 00 + z = 0,
y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = 0,
y2 = u(t)y1 ,
y10
0
v + p(t) + 2 v = 0.
y1
onde c ∈ R.
11
(c) Conclua que Z
1 − R p(t) dt
y2 = y1 e dt
y12
é uma outra solução de
y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = 0.
t2 y 00 − 5ty + 9y = 0, t > 0,
• r(t) = eλt , λ ∈ R;
• r(t) = tn , n ∈ N;
• r(t) = cos(θt), θ ∈ R;
• r(t) = sin(θt), θ ∈ R;
12
Essencialmente, o método tenta determinar, se possı́vel, uma solução par-
ticular da EDO, na mesma forma da não-homogeneidade. Para entender sua
aplicação, inicia-se com os exercı́cios seguintes:
Exercı́cios propostos
y 00 − 3y 0 − 4y = 4t2 − 1.
yp = At2 + Bt + C, onde A, B, C ∈ R.
segue que
Ou seja,
Portanto,
−4A = 4
−6A − 4B = 0
2A − 3B − 4C = −1
3 11
Isto é, A = −1, B = , C = − e, por conseguinte,
2 8
3 11
yp = −t2 + t − .
2 8
13
2. Determine uma solução particular da EDO
y 00 − 3y 0 = 4t2 − 1.
yp = At2 + Bt + C, onde A, B, C ∈ R.
Neste caso,
Logo,
(6At + 2B) − 3(3At2 + 2Bt + C) = 4t2 − 1.
Ou seja,
−9At2 + (6A − 6B)t + (2B + 3C) = 4t2 − 1,
donde,
−9A = 4
6A − 6B = 0
2B + 3C = −1
4 4 1
Portanto, A = − , B = − , C = − e
9 9 27
4 4 1
yp = − t3 − t2 − t + D, D ∈ R qualquer.
9 9 27
14
3. Determine a solução geral da EDO
y 00 − 2y 0 − 3y = e2t .
y 00 − 2y 0 − 3y = 0.
yh = c1 e−t + c2 e3t , c1 , c2 ∈ R.
y 00 − 2y 0 − 3y = e2t ,
yp = Ae2t , onde A ∈ R.
Neste caso,
yp0 = 2Ae2t , yp00 = 4Ae2t .
Logo,
4Ae2t − 2(2Ae2t ) − 3Ae2t = e2t ,
isto é,
−3Ae2t = e2t .
1
Assim, A = − e
3
1
yp = − e2t .
3
A solução geral da EDO dada é então
1
y = c1 e−t + c2 e3t − e2t , c1 , c2 ∈ R.
3
15
4. Determine a solução geral da EDO
2
y 00 − 2y 0 − 3y = e3t .
5
yh = c1 e−t + c2 e3t , c1 , c2 ∈ R.
yp = Ate3t , onde A ∈ R.
Neste caso,
Logo,
2
6Ae3t + 9Ate3t − 2(Ae3t + 3Ate3t ) − 3Ate3t = e3t .
5
Ou seja,
2
4Ae3t = e3t ,
5
donde,
1
A= .
10
4
Embora uma escolha deste tipo não seja tão intuitiva como as realizadas nos exercı́cios
anteriores, pode-se mostrar que sempre funcionará.
5
Caso a função te3t também fosse uma solução da EDO dada, se suporia então yp =
2 3t
At e , onde A ∈ R.
16
Portanto,
1 3t
yp = te
10
e a solução geral procurada é
1 3t
y = c1 e−t + c2 e3t + te , c1 , c2 ∈ R.
10
y 00 + y 0 + 4y = cos t.
Assim,
Logo,
isto é,
(3A + B) cos t + (−A + 3B) sin t = cos t.
Portanto, (
3A + B = 1
−A + 3B = 0,
donde
3 1
A= e B= .
10 10
Em consequência,
3 1
yp = cos t + sin t.
10 10
6
Tente yp = A cos t e verifique o que acontece!
17
6. Determine a solução geral da EDO
y 00 − 2y 0 − 3y = te2t .
yh = c1 e−t + c2 e3t , c1 , c2 ∈ R.
yp = (At + B)e2t , A, B ∈ R.
Logo,
yp0 = Ae2t + 2(At + B)e2t = (A + 2B)e2t + 2Ate2t
e
Assim,
isto é,
(2A − 3B)e2t − 3Ate2t = te2t .
Daı́, (
2A − 3B = 0
−3A = 1,
donde,
1 2
A=− , B=− .
3 9
Por conseguinte,
1 2 2t
yp = − t+ e
3 3
e
−t 3t 1 2 2t
y = c1 e + c2 e − t+ e , c1 , c2 ∈ R,
3 3
é a solução geral procurada.
18
7. Determine uma solução particular de
y 00 + y 0 + 4y = t + cos t.
Então,
Logo,
Ou seja,
Daı́,
4A = 1
A + 4B = 0
3C + D = 1
− C + 3D = 0,
donde
1 1 3 1
A= , B=− , C= , D= .
4 16 10 10
Portanto,
t 1 3 1
yp = − + cos t + sin t.
4 16 10 10
8. Determine a solução geral de
y 00 + 4y = 3 cos(2t).
19
Solução: Como
λ2 + 4 = 0
é a equação caracterı́stica correspondente a EDO homogênea associada à
EDO dada, obtem-se que λ = ±2i são suas raı́zes. Daı́, segue que
cos(2t) e sin(2t)
Então,
donde
−4A sin(2t) + 4B cos(2t) = 3 cos(2t)
e, em consequência,
3
A = 0, B= .
4
Assim,
3
yp = t sin(2t).
4
20
O método da variação de parâmetros
Este método fornece uma solução particular yp = yp (t) da EDO (3) quando
são conhecidas duas soluções independentes y1 = y1 (t) e y2 = y2 (t) da EDO
homogênea a ela associada. Portanto, é sempre aplicável quando a EDO (3)
tem os coeficientes p e q constantes 7 .
Escreve-se
yp = g1 y1 + g2 y2 ,
onde g1 , g2 : (a, b) → R são funções diferenciáveis não-constantes e tenta-se
determinar g1 e g2 de modo que yp seja efetivamente uma solução de (3).
Observe que
yp0 = g10 y1 + g1 y10 + g20 y2 + g2 y20 .
Impondo que
g10 y1 + g20 y2 = 0,
obtém-se
yp0 = g1 y10 + g2 y20 .
Então,
yp00 = g10 y10 + g1 y100 + g20 y20 + g2 y200 .
Ora,
yp00 + p(t)yp0 + q(t)yp = r(t)
se, e somente se,
g10 y10 + g1 y100 + g20 y20 + g2 y200 + p(t)(g1 y10 + g2 y20 ) + q(t)(g1 y1 + g2 y2 ) = r(t).
Ou seja,
g10 y10 + g20 y20 = r(t),
haja vista ser
21
então yp = g1 y1 + g2 y2 é uma solução de (3). De fato, por ser {y1 , y2 } um
conjunto fundamental
y1 (t) y2 (t)
W (y1 , y2 )(t) = det 0 6= 0, ∀t ∈ (a, b), 8
y1 (t) y20 (t)
Exercı́cios propostos
8
Veja o exercı́cio 5 abaixo.
22
1. Determine a solução geral de
et
y 00 − 2y 0 + y = , t > 0.
t
Solução: Como
λ2 − 2λ + 1 = (λ − 1)2 = 0
é a equação caracterı́stica correspondente a EDO homogênea associada
à EDO dada, obtem-se que λ = 1 é a sua raı́z. Daı́, segue-se que
yh = c1 et + c2 tet , c1 , c2 ∈ R,
tet et
Z Z t t
t t e e
yp = −e 2t
dt + te dt
e t e2t t
Z Z
1
= −et dt + tet dt = −tet + tet ln t = tet (ln t − 1).
t
A solução geral procurada é então
Solução: Como
λ2 + 3λ + 2 = 0
é a equação caracterı́stica correspondente a EDO homogênea associada
à EDO dada, obtem-se que λ = −1 ou λ = −2 são as suas raı́zes. Daı́,
23
segue-se que e−t e e−2t são soluções independentes da EDO homogênea
e −t
e−2t
−t −2t e
W (e , e ) = = −2e−3t + e−3t = −e−3t .
−e−t −2e−2t
Assim, sendo r(t) = 1/(1+et ), pelo método da variação de paramêtros,
uma solução particular da EDO dada é
Z −2t Z −t
−t e 1 −2t e 1
yp = −e −3t t
dt + e −3t
dt
e 1+e e 1 + et
et e2t
Z Z
−t −2t
= −e dt + e dt
1 + et 1 + et
= −e−t ln(1 + et ) + e−2t (1 + et ) − ln(1 + et ) .
Exercı́cios propostos
(a) y 00 + 2y 0 + y = 2e−t .
(b) y 00 − 2y 0 + y = tet + 4.
d2 y dy
(c) 2
+ 4 + 4y = te−2t .
dt dt
(d) y 00 + 3y 0 + 2y = 2t2 − 3t + 6.
d2 y dy
(e) 2
− 2 − 3y = −3te−t .
dt dt
(f) y 00 − 9y = t2 e3t + 6.
(g) y 00 + y 0 + 4y = t + cos t.
24
3. Utilize o método da variação dos parâmetros para determinar uma
solução particular da EDO:
π
(a) y 00 + y = tan t, 0 < t < .
2
π
(b) y 00 + 9y = sec2 (3t), 0 < t < .
6
d2 y dy e−2t
(c) + 4 + 4y = , t > 0.
dt2 dt t2
4. Determine a solução geral de cada uma das EDOs do exercı́cio anterior.
25
Exercı́cios propostos
(
y 00 + 2y 0 + y = 2e−t ,
(b)
y(−1) = y 0 (−1) = 0.
y 00 + 3y 0 + 2y = 1 ,
(c) 1 + et
y(1) = y 0 (1) = 0.
2
d y
− 9y = t2 e3t + 6,
(d) dt2
y(0) = 1, y 0 (0) = 0.
(
y 00 + y 0 + 6y = 2t + 6,
(e)
y(0) = 0, y 0 (0) = 1.
(
y 00 + 4y = 3 sin t,
(f)
y(0) = 2, y 0 (0) = 1.
26