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Características Geométricas de Superfícies Planas
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
Características Geométricas de Superfícies
Planas
• Introdução
• Características Geométricas de Superfícies Planas
• Tabela de Características Geométricas de Superfícies Planas
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
Contextualização
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Introdução
Os carregamentos que atuam nas estruturas geram esforços internos solicitantes nos
elementos estruturais. Esses esforços internos geram tensões e deformações nos componentes
das estruturas. A resistência de um elemento estrutural é avaliada quando as tensões que nele
atuam são iguais ou menores que as tensões máximas admissíveis. A rigidez de um elemento
estrutural é avaliada quando as deformações que nele existirem forem iguais ou menores que
as deformações máximas permitidas.
A determinação prévia das tensões atuantes e das deformações que irão acontecer nos
elementos estruturais é muito importante para que se possa dimensionar adequadamente
esses elementos estruturais.
Para efeito do cálculo estrutural, a seção transversal dos elementos estruturais é considerada uma
superfície plana. A forma como a matéria é distribuída na seção transversal influencia diretamente
no dimensionamento, consequentemente na resistência e na rigidez dos elementos estruturais.
As principais características geométricas das superfícies planas utilizadas no cálculo estrutural são:
»» Área;
»» Posição do Centro de Gravidade;
»» Momento de Inércia;
»» Raio de Giração.
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
As figuras primitivas são as figuras conceituais, isto é, são aquelas cujas características
geométricas fazem parte das definições básicas das construções geométricas, como, por
exemplo, o quadrado, retângulo, triângulo, trapézio e o círculo.
Os eixos de referência permitem a parametrização das grandezas físicas que estão
sendo estudadas.
Figura 1 - Superfície plana na forma de Tê, segmentada em duas figuras primitivas.
Exemplo1
Determinar o valor da área da superfície plana na forma de Tê apresentada na Figura 1.
Solução:
A Figura 1 é uma superfície plana na forma de Tê que foi segmentada em duas figuras
primitivas: um retângulo (1) e outro retângulo (2).
Utilizando a expressão (1) para obtenção da área da Figura 1, através da somatória das
áreas de figuras primitivas, tem-se a área da superfície plana na forma de Tê:
»» A = A1 + A2
»» A = [(25 + 10 + 25) x 10] + (10 x 70)
»» A = 600 + 700 = 1.300 cm2.
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Exemplo 2
Determinar o valor da área da superfície plana na forma de retângulo vazado apresentada
na Figura 2.
Figura 2 – Superfície plana na forma de retângulo vazado, segmentada em duas figuras primitivas.
Solução:
A Figura 2 é uma superfície plana na forma de retângulo vazado que foi segmentada em
duas figuras primitivas: um retângulo maciço (1) e outro retângulo vazado (2).
Utilizando a expressão (1) para obtenção da área da Figura 2, através da somatória das áreas de
figuras primitivas, tem-se a área da superfície plana na forma de retângulo vazado. Na somatória,
como a área do retângulo vazado não existe, ela entrará com o sinal algébrico negativo:
»» A = A1 - A2
»» A = [(10 + 40 + 10) x (30 + 60 + 30)] - (40 x 60)
»» A = [60 x 120] - (2.400)
»» A = 7.200 – 2.400 = 4.800 mm2.
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
Exemplo 3
Determinar o valor da área da superfície plana na forma de retângulo vazado apresentada
na Figura 3
Figura 3 – Superfície plana na forma de retângulo vazado, segmentada em três figuras primitivas.
Solução:
A Figura 3 é uma superfície plana na forma de retângulo vazado que foi segmentada em
duas figuras primitivas: um retângulo maciço (1), retângulo vazado (2) e outro retângulo
vazado (3).
Utilizando a expressão (1) para obtenção da área da Figura 3, através da somatória das
áreas de figuras primitivas, tem-se a área da superfície plana na forma de retângulo vazado.
Na somatória, os retângulos vazados entrarão com o sinal negativo:
»» A = A1 - A2 - A3
»» A = [(10 + 40 + 10) x (10 + 30 + 40 + 30 + 10)] - (40 x 30) - (40 x 30)
»» A = [60 x 120] – (1.200) – (1.200)
»» A = 7.200 – 1.200 – 1.200 = 4.800 mm2.
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Centro de Gravidade de Superfícies Planas
Centro de Gravidade de Superfície Plana é uma grandeza física definida pelo encontro de
todos os eixos de gravidade da superfície plana. Essa posição em um plano parametrizado por
dois eixos ortogonais é dada por um par ordenado. Sua dimensão é a unidade de comprimento.
O centro de gravidade será representado pelas letras latinas maiúsculas CG. Sendo os eixos
de referência dos planos denominados Y e Z, a posição do centro de gravidade da figura plana
é dada pelo par ordenado ZCG e YCG. O valor ZCG é medido a partir do eixo de referência Y. O
valor YCG é medido a partir do eixo de referência Z. O centro de gravidade é apresentado na
expressão matemática (2).
O momento estático será representado pelas letras latinas maiúscula e minúscula (Ms).
Observando a Figura 4, o momento estático da área elementar (∆a) em relação ao eixo Z (MsZ)
é dado pelo produto da área elementar (∆a) pela sua distância (Y) até o eixo Z (Expressão 3).
M sZ = ∆aY ...(3)
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
A expressão matemática (5) representa o momento estático de uma área em relação ao eixo Z.
M sZ = ∑ MsZi ...(5)
A expressão matemática (6) representa o momento estático de uma área em relação ao eixo Y.
Exemplo 4
Determinar a posição do centro de gravidade da área da seção Tê apresentada na Figura 1.
Solução:
A posição do centro de gravidade é determinada pelas expressões (7) e (8):
YCG = ∑ MsZi / ∑ ∆Ai
10 70
( 25 + 10 + 25 ) × (10 ) × + 70 + [10 × 70] ×
YCG = 2 2 = 69.500 = 53, 46 cm
( 25 + 10 + 25 ) × (10 ) + [10 × 70] 1.300
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Figura 5 – Posição do centro de gravidade da figura do exemplo 1.
O centro de gravidade estará sobre o eixo cujo momento estático resultante da figura
Observação em relação a esse eixo for igual a zero. Esse, também, é o caso dos exemplos 2 e 3.
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
Como visto nos dois exemplos (Figuras 6 e 7), para determinação do sinal doa posição do centro
de gravidade das figuras, deve ser observado o sentido crescente positivo dos eixos referenciais,
porque eles podem ser colocados em qualquer sentido, isto é, para cima ou para baixo.
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Momento de Inércia de Superfícies Planas
Momento de Inércia de Superfície Plana ou Momento Segundo de Área é uma grandeza
física definida pelo produto da área pelo quadrado da distância até o referencial. O momento de
inércia avalia a distribuição da massa de um corpo. Sua dimensão é a unidade de comprimento
elevada à quarta.
O momento de inércia da área será representado pela letra latina maiúscula (I). Sendo os
eixos de referência do plano denominados Y e Z, os momentos de inércia em relação aos
eixos são, respectivamente, IY e IZ. Se for em relação a um polo, será representado como I0.
Segmentando a área da Figura 8 em pequenas áreas (∆a), os momentos de inércia em
relação aos eixos ortogonais podem ser escritos como as expressões (9) e (10).
Figura 8 – Figura retangular segmentada em pequenas áreas (∆a).
IZ = ∑ ∆a y 2
... (9)
IY = ∑ ∆a z 2
... (10)
O momento de inércia polar (I0) pode ser escrito como a expressão (11).
I0 = ∑ ∆a R 2
... (11)
Vendo a Figura 8, do Teorema de Pitágoras obtêm-se a expressão (12).
R 2 = y2 + z2 ... (12)
I0 = Σ ∆a (y2 + z2) = Σ ∆a y2 + Σ ∆a z2
I0 = Iz + IY ... (13)
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
Assim, o momento de inércia polar de uma superfície plana é igual à somatória dos
momentos de inércia em relação aos eixos ortogonais que passam pelo polo.
Cada superfície plana tem seu momento de inércia. Por exemplo, o momento de inércia de
uma superfície plana retangular em relação aos eixos Y1 e Z1, que passam pelo seu centro de
gravidade, bem como seu momento de inércia polar, são apresentados na Figura 9 (expressões
14, 15 e 16).
Figura 9 – Momentos de Inércia do Retângulo em relação aos eixos que passam pelo seu centro de gravidade.
Figura10 – Momento de Inércia em relação a um eixo paralelo ao eixo que passa pelo centro de gravidade.
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Exemplo 5
Determinar o momento de inércia da superfície plana na forma de seção Tê apresentada na
Figura 1, em relação aos eixos Z1 e Y1, que passam pelo seu centro de gravidade.
Solução:
Para calcular o momento de inércia da Figura1, foram posicionados os centros de gravidade
das figuras primitivas componentes da superfície plana na forma de seção Tê (Figura 11).
Figura 11 – Superfície plana na forma de seção Tê com a posição de seu centro de gravidade.
Para calcular os momentos de inércia da figura, deve-se utilizar o teorema dos eixos paralelos:
IZ1 = [IZ1 (figura 1) + IZ1 (figura 2)] + [A(figura 1) (dy (figura 1))2 + A(figura 2) (dy (figura 2))2]
IZ1 = [(60 x 103/12) + (10 x 703/12)] + [(60 x 10) x (53,46 - 75)2 + (10 x 70) x (53,46 - 35)2]
IZ1 = [5.000 + 285.833,33] + [278.382,96 + 238.540,12] = 807.756.41 cm4
IY1 = [IY1 (figura 1) + IY1 (figura 2)] + [A (figura 1) (dZ (figura 1))2 + A (figura 2) (dZ (figura 2))2]
IY1 = [(10 x 603/12) + (70x103/12)] + [(60 x 10) x (02) + (10 x 70) x (02)]
IY1 = [180.000 + 5.833,33] = 185.833,33 cm4
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
Exemplo 6
Determinar o momento de inércia da superfície plana da seção retangular vazada apresentada
na Figura 2, em relação aos eixos Z1 e Y1, que passam pelo seu centro de gravidade.
Solução:
Para calcular o momento de inércia da Figura 2, os centros de gravidade das figuras
primitivas coincidem com o centro de gravidade da superfície plana na forma de seção
retangular vazada (Figura 12).
Figura 12 – Superfície plana na forma de seção retangular vazada com a posição de seu centro de gravidade.
Para calcular os momentos de inércia, deve-se utilizar o teorema dos eixos paralelos:
IZ1 = [IZ1 (figura 1) - IZ1 (figura 2)] + [A(figura 1) (dy (figura 1))2 - A(figura 2) (dy (figura 2))2]
IZ1 = [(60 x 1203/12) - (40 x 603/12)] + [(60 x 120) x (02) - (40 x 60) x (02)]
IY1 = [IY1 (figura 1) - IY1 (figura 2)] + [A(figura 1) (dZ (figura 1))2 - A(figura 2) (dZ (figura 2))2]
IY1 = [(120 x 603/12) - (60 x 403/12)] + [(60 x 120) x (02) - (40 x 60) x (02)]
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Exemplo 7
Determinar o momento de inércia da superfície plana da seção retangular vazada apresentada
na Figura 3, em relação aos eixos Z1 e Y1, que passam pelo seu centro de gravidade.
Solução:
Para calcular o momento de inércia da Figura 3, os centros de gravidade das figuras
primitivas coincidem com o centro de gravidade da superfície plana na forma de seção
retangular vazada (Figura 13).
Figura 13 – Superfície plana na forma de seção retangular vazada com a posição de seu centro de gravidade.
Para calcular os momentos de inércia, deve-se utilizar o teorema dos eixos paralelos:
IZ1 = [IZ1 (figura 1) - IZ1 (figura 2) - IZ1 (figura 3)] + [A(figura 1) (dy (figura 1))2 - A(figura 2) (dy (figura 2))2 - A(figura 3) (dy (figura 3))2]
IZ1 = [(60 x 1203/12) - (40 x 303/12) - (40 x 303/12)] + [(60 x 120) x (02) - (40 x 30) x
(352) - (40 x 30) x (352)]
IY1 = [IY1 (figura 1) - IY1 (figura 2) - IZ1 (figura 3)] + [A(figura 1) (dZ (figura 1))2 - A(figura 2) (dZ (figura 2))2 - A(figura 3) (dy (figura 3))2]
IY1 = [(120 x 603/12) - (30 x 403/12) - (30 x 403/12)] + [(60 x 120) x (02) - (40 x 30) x
(02) - (40 x 30) x (02)]
IY1 = [2.160.000 – 160.000 – 160.000] = 1.840.000 mm4
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
O raio de giração será representado pela letra latina minúscula (r). Sendo os eixos de
referência do plano denominados Y e Z, os raios de giração em relação aos eixos são,
respectivamente, rY e rZ. Se for em relação a um polo, será representado como r0.
IZ = ∑ ∆a r z
2
Como (rZ) é constante, não depende da área unitária (∆a), então pode sair da somatória:
IZ = rz 2 ∑ ∆a
IZ = rz 2 A
rz = IZ
A
...(18)
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Exemplo 8
Determinar o raio de giração da superfície plana da seção em Tê da Figura 1, em relação
aos eixos Z1 e Y1, que passam pelo seu centro de gravidade.
Solução:
Para calcular o raio de giração da Figura 1, é necessário conhecer os momentos de inércia
em relação aos eixos Z1 e Y1 (obtidos no exemplo 5) e a sua área (obtida no exemplo 1).
»» IZ1 = 807.756,41 cm4
»» IY1 = 185.833,33 cm4
»» A = 1.300 cm2
rz1 = IZ
A
=
807.756,41
1.300
= 24, 93 cm
rY1 = IY1
A
=
185.833,33
1.300
= 11, 96 cm
Exemplo 9
Determinar o raio de giração da superfície plana da seção retangular vazada apresentada na
Figura 2, em relação aos eixos Z1 e Y1, que passam pelo seu centro de gravidade.
Solução:
Para calcular o raio de giração da Figura 2, é necessário conhecer os momentos de inércia
em relação aos eixos Z1 e Y1 (obtidos no exemplo 6) e a sua área (obtida no exemplo 2).
»» IZ1 = 7.920.000 mm4
»» IY1 = 1.840.000 mm4
»» A = 4.800 mm2
I Z1 7.920.000
rZ 1 = = = 40, 62 mm
A 4.800
IY 1 1.840.000
rY 1 = = = 19,58 mm
A 4.800
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
Exemplo 10
Determinar o raio de giração da superfície plana da seção retangular vazada apresentada na
Figura 3, em relação aos eixos Z1 e Y1, que passam pelo seu centro de gravidade.
Solução:
Para calcular o raio de giração da Figura 3, é necessário conhecer os momentos de inércia
em relação aos eixos Z1 e Y1 (obtidos no exemplo 7) e a sua área (obtida no exemplo 3).
»» IZ1 = 5.520.000 mm4
»» IY1 = 1.840.000 mm4
»» A = 4.800 mm2
I Z1 5.520.000
rZ 1 = = = 33,91 mm
A 4.800
IY 1 1.840.000
rY 1 = = = 19,58 mm
A 4.800
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Material Complementar
Livros:
Nash, William A.; Potter Merle C. – Resistência dos Materiais – 5a. Edição – Coleção
Schaum – ebook: Ed. Bookman.
Sites:
ABPE – Associação Brasileira de Pontes e Estruturas – Revista Engenharia Estudo e
Pesquisa. Disponível em: <http://www.revistaeep.com/> Acesso em: 25/abril/2015
ABCEM – Associação Brasileira de Construção Metálica - artigos diversos. Disponível
em: <http://www.abcem.org.br/artigos-tecnicos.php> Acesso em: 25/abril/2015.
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Referências
ASSAN, Aloisio Ernesto. Resistência dos Materiais – Vol. 1 – 1ª. ed. – Campinas, SP:
Editora da UNICAMP, 2010.
BEER, F. P.; JOHNSTON Jr. E. R.; EISENBERG, E. R.; CLAUSEN, W. E. Mecânica Vetorial
para Engenheiros – Estática – 7ª. ed. Porto Alegre: Bookman – Artmed, 2006.
BEER, F. P.; JOHNSTON Jr., E. R.; DEWOLFE, J. T. Resistência dos Materiais – 4ª. ed.
Porto Alegre: Bookman – Artmed, 2006.
CRAIG Jr., R. R. Mecânica dos Materiais – 2ª. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
GERE, James M. Mecânica dos Materiais – 1ª. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais – 3ª. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para Engenharia – 5ª. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
RILEY, W. F.; STURGES, L. P.; MORRIS, D. H. Mecânica dos Materiais – 5ª. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2003.
UGURAL, Ansel C. Mecânica dos Materiais – 1ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
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Unidade: Características Geométricas de Superfícies Planas
Anotações
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