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Cálculo Diferencial e

Integral II
Material Teórico
Derivadas Parciais

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Clovis Jose Serra Damiano

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Derivadas Parciais

· Introdução
· Interpretação Geométrica das Derivadas Parciais
· Derivadas Parciais de Segunda Ordem
· Derivada Direcional

· Derivadas Parciais: definição e interpretação geométrica;


· Notação e cálculo de derivadas parciais;
· Derivadas parciais de segunda ordem: como calcular;
· Distinguir derivadas puras de derivadas mistas;
· Derivadas direcionais e vetor gradiente;
· Cálculo de derivadas direcionais.

Nesta Unidade, estudaremos as derivadas parciais, as derivadas direcionais e o vetor gradiente.


No mundo real, as quantidades físicas, geralmente, dependem de duas ou mais variáveis.
Por isso, vamos direcionar os nossos estudos para funções de várias variáveis e como calcular
as derivadas para as funções com mais de uma variável independente.
Desse modo, leia com atenção a parte teórica, procurando estabelecer relações entre o que
você está aprendendo e as coisas que acontecem no dia a dia. Os exercícios o ajudarão a
sedimentar esses novos conhecimentos. Então, aprofunde seus conhecimentos, investigando
sobre o assunto na bibliografia indicada.
Lembre-se, só aprendemos alguma coisa quando essa coisa tem algum significado para nós.
Afinal, somos os agentes na construção do nosso próprio conhecimento.
Assim sendo, organize o seu tempo de estudos e esteja atento aos prazos de entrega das
atividades propostas.

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Unidade: Derivadas Parciais

Contextualização

A produção P de uma companhia, medida em toneladas, é uma função do número N de


empregados, e do valor V dos equipamentos, em unidades de R$ 25.000,00. A função de
produção da companhia é dada por:

= ( N ,V ) 5 N 0,75V 0,25
P f=

Atualmente, a companhia tem 80 funcionários e seu equipamento vale R$ 750,000,00.

1) Quais são os valores de N e V?

2) Calcule os valores de f, fN e fV correspondentes aos valores atuais de N e V. Forneça as


unidades e explique o significado de cada resposta em termos de produção.

Expectativa de resposta:
O aluno deverá reconhecer que está diante de uma função (Produção) que depende de duas
variáveis: o número N de funcionários e o valor V dos equipamentos.
A questão 1 deverá ser respondida como N=80 e V=30. O número N é o número de
funcionários simplesmente; todavia, o número V é fornecido em unidades de R$ 25.000,00.
750.000
Portanto, é preciso efetuar a divisão:
= V = 30
25.000

A questão 2 pede que se calcule o valor da função nesse ponto (80, 30) e, em seguida, sua
derivadas parciais e seus significados:

= ( N ,V ) 5 N 0,75V 0,25
P f=

(80,30 ) 5 (80 ) ( 30 )
0,75 0,25
f= ≅ 313, 2 …

A produção com os números atuais é de cerca de 313 toneladas.

∂ ( 5 N 0,75V 0,25 )
f N ( N ,V ) =
∂N

6
f N ( N , V ) = 3, 75 N −025 .V 0,25

f N ( 80,30 ) 3, 75 ( 80 ) . ( 30 )
−025 0,25
= ≅ 2,9

Nas atuais condições, a produção é de 2,9 toneladas por funcionário.

∂ ( 5 N 0,75V 0,25 )
fV ( N , V ) =
∂V

fV ( N , V ) 1, 25 N 0,75V −0,75 ≅ 2, 6
=

Para cada unidade de R$ 25.000, a produção é de 2,6 toneladas.

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Unidade: Derivadas Parciais

Introdução

O objetivo dessa unidade será aprofundar o conceito matemático de derivadas parciais,


conforme já foi visto em Cálculo I. O cálculo de várias variáveis é o cálculo de uma variável
aplicado a várias variáveis, uma de cada vez. Quando se fixa todas as variáveis independentes
de uma função, exceto uma, que usaremos para ser derivada, estaremos obtendo uma derivada
parcial. Calcula-se derivadas parciais, aplicando as regras utilizadas para derivar funções de
uma única variável.

Define-se a derivada parcial de f em relação a x no ponto (x0,y0) como a derivada de f(x0 ,y0) em
relação a x no ponto x= x0. Para diferenciar as derivadas parciais das derivadas ordinárias, usaremos
o símbolo ∂ no lugar da letra d que é utilizada para o cálculo das derivadas ordinárias.

Retomando o que já foi visto em Cálculo I:


Quando temos uma função f(x)=y=x2, se vamos calcular a derivada dessa função,
representamos com a seguinte notação:

dy
f ′ ( x ) ou
dx

As duas notações representam a primeira derivada de uma função de uma variável. Agora,
trabalharemos com funções de mais do que uma variável, por exemplo:
f(x,y)=x2 y+5y3

Observe que nossa função depende de duas variáveis. Se chamarmos f(x,y) de z, diremos
que z depende de x e z depende de y. Nós podemos calcular tanto a derivada de x, como a
derivada de y.
A notação que se usa para representar derivadas parciais é:
fx (x,y) → Derivada parcial em relação à variável x.
f y (x,y) → Derivada parcial em relação à variável y.

Pode-se usar também a notação:

¶f ( x , y )
→ Derivada parcial em relação à variável x.
¶x

¶f ( x , y )
→ Derivada parcial em relação à variável y.
¶x

8
Vamos recordar como derivamos uma função de uma variável:
y=2x3+5

Para achar a derivada da função y em relação à variável x, fazemos o seguinte:


dy
= 3.( 2) x 3-1 + 0
dx
dy
= 6x2
dx

Observe que, quando a constante está atrelada a uma variável, ela compõe o cálculo do
valor da derivada. O número dois está atrelado à variável x; portanto, ele permanece do termo
para efeito do cálculo. O número cinco não está atrelado à variável nenhuma; portanto, como já
foi visto anteriormente, a derivada de uma constante é zero.Desse modo, quero que você note
que quando a constante está atrelada a uma variável, ela é “salva” pela variável, ou seja, ela
não desaparece porque a variável está “protegendo”.
Quando vamos efetuar derivadas parciais, a variável que não estiver sendo derivada, será
tratada como uma constante.

Atenção
fx (x,y) → Derivada parcial em relação à variável x; portanto, o y terá comportamento de constante.
f y (x,y) → Derivada parcial em relação à variável y; portanto, o x terá comportamento de constante.

Exemplo:
Dada a função f ( x, y=
) 4 x3 y 2 − 3xy − 5 x + 8 y − 10, encontre suas derivadas parciais.

Primeiro, vamos calcular a derivada parcial em relação à x e, depois, em relação ày.


Primeiro passo: indicar as derivadas de cada termo em relação à variável x.
¶ (4 x 3 y 2 ) ¶ (3 xy) ¶ (5 x ) ¶ (8 y ) ¶ (10)
fx ( x, y) = - - + -
¶x ¶x ¶x ¶x ¶x

Segundo passo: derivar cada termo, observando que quando ele contiver a variável y, esta
será tratada como constante.

f x ( x=
, y ) 12 x 2 y 2 − 3 y − 5 + 0 − 0

f x ( x, =
y ) 12 x3 y 2 − 3 y − 5

9
Unidade: Derivadas Parciais

Terceiro passo: fazer a derivada em relação ày; portanto, agora, a variável x será tratada
como uma constante.

¶ (4 x 3 y 2 ) ¶ (3 xy) ¶ (5 x ) ¶ (8 y ) ¶ (10)
fy ( x, y) = - - + -
¶y ¶y ¶y ¶y ¶y

f y ( x, y=
) 8 x3 y − 3x − 0 + 8 − 0

f y ( x, y )= 8 x3 y − 3 x + 8

Explore
Aprofunde seus conhecimentos sobre o tema, lendo o capítulo 14 da página 307 à página 314 do
livro: THOMAS JR., George B Et Al. Cálculo (de) George B. Thomas Jr. 12 ed. São Paulo: Addison-
Wesley, 2003. – Volume 2.

Interpretação Geométrica das Derivadas Parciais

Vamos tomar uma função z = f(x,y), ou seja, a função z depende de x e depende de y.


Quando se calcula a derivada parcial de uma função em um determinado ponto, encontra-se a
taxa de variação instantânea da função naquele ponto, que é numericamente igual à declividade
da reta tangente a esse ponto em relação à variável que está sendo analisada.
Na figura 1, temos a representação de uma derivada parcial em relação à variável x, uma vez
que y está sendo mantido constante.
z
Figura 1

P k

x
Declive da reta tangente
ao ponto P

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Na figura 2, temos a representação de uma derivada parcial em relação à variável y, uma vez
que x está sendo mantido constante.

Figura 2
z

k y

Declive da reta
x tangente ao ponto P

Exercício 1
Encontre a declividade da reta tangente à curva de f(x,y) com o plano x = -1, no Ponto
P(-1,1,-1) na função f(x,y)=x2+y2-2x3y+5xy4-1.
Se buscamos a declividade da reta tangente à curva, mantendo x = -1, implica em achar a
derivada parcial em relação ày.

¶( x 2 ) ¶ (y ) ¶ ( 2 x y) ¶ (5 xy ) ¶ (1)
2 3 4

fy ( x, y) = + - + -
¶y ¶y ¶y ¶y ¶y

f y ( x, y ) =0 + 2 y − 2 x3 + 20 xy 3 − 0

f y ( x, y ) =2 y − 2 x 3 + 20 xy 3

f y ( −1,1, −1) =2 (1) − 2 ( −1) + 20 ( −1)(1) =


3 3
−16

Portanto, o valor encontrado (-16) é a derivada parcial de f(x,y) em relação a y no ponto P


ou ainda a taxa e variação instantânea da função f y (x,y) no ponto P.

Exercício 2
Qual é a declividade da reta tangente à curva z=x2+y2, resultante da intersecção da função
f(x,y) com o plano y = 2 no ponto P (1,1,5).

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Unidade: Derivadas Parciais

Estamos fixando o valor de y; portanto, temos que derivar a função em relação à variável x.
¶(x2) ¶ (y 2 )
fx ( x, y) = +
¶x ¶x

f x ( x, y ) = 2 x

f x (1,1,5
= ) 2=
(1) 2

A derivada parcial da função f(x,y) em relação à variável x é 2. O valor encontrado é também


a inclinação ou a declividade da reta tangente à curva do ponto P (1,1,5).w

Derivadas Parciais de Segunda Ordem

Quando se deriva uma função f(x,y) duas vezes, produz-se sua derivada de segunda ordem .
Essas derivadas têm notações especiais que vou identificar resolvendo um exemplo:
Calcule as derivadas parciais de segunda ordem de:

Z = x 2 + y 2 − 2 x 3 y + 5 xy 4 − 6

Nosso primeiro passo será calcular as derivadas parciais em relação àx e em relação ày.

Z = x 2 + y 2 − 2 x 3 y + 5 xy 4 − 6
¶(x2) ¶ (y 2 ) ¶ ( 2 x 3 y) ¶ (5 xy 4 ) ¶ ( 6)
Zx = + - + -
¶x ¶x ¶x ¶x ¶x
Z x = 2x + 0 − 6 x2 y + 5 y 4 − 0

Zx =2x − 6x2 y + 5 y 4

Vamos derivar em relação ày:


¶(x2) ¶ (y 2 ) ¶ ( 2 x 3 y) ¶ (5 xy 4 ) ¶ ( 6)
Zy = + - + -
¶y ¶y ¶y ¶y ¶y

Z y =0 + 2 y − 2 x3 + 20 xy 3 − 0

Z y =2 y − 2 x 3 + 20 xy 3

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Pode-se derivar pela segunda vez tanto em relação àx, como em relação ày. Observe; Fizemos
a derivada de Z em relação àx, e podemos escrever da seguintes forma:

¶Z
¶x

Agora, queremos derivar essa função mais uma vez:

¶Z ¶Z d2Z
 que podemos escrever também :   2
¶x ¶x ¶x

Isto é: derivada parcial de segunda ordem da função Z em relação à variável x.


Podemos, também, calcular a derivada parcial de segunda ordem da função Z em relação à
variável y.

¶Z ¶Z ¶2 Z
=
¶y ¶x ¶y¶x

Derivadas parciais com índice de apenas uma variável são chamadas derivadas puras e as derivadas
mistas são aquelas com duas variáveis em seus índices.
Exemplo de derivadas puras:

d2Z
¶x 2

Exemplo de derivadas mistas:

¶2 Z
¶y¶x
As derivadas parciais de segunda ordem mistas de uma função são sempre iguais.

Continuando o exemplo. Achamos as derivadas de primeira ordem em relação às variáveis


x e y. Nosso próximo passo será calcular as derivadas parciais de segunda ordem em relação à
primeira derivada em x:

Zx =2x − 6x2 y + 5 y 4

d 2 Z ¶ ( 2 x ) ¶ (6 x y ) ¶ (5 y )
2 4

= - +
¶x 2 ¶x ¶x ¶x

d2Z
= 2 - 12 xy + 0
¶x 2

d2Z
= 2 - 12 xy
¶x 2

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Unidade: Derivadas Parciais

Faremos o cálculo da derivada de segunda ordem em relação à y:

Z x = 2 x − 6 x 2 y + 5y 4
∂2Z
= 0 − 6 x 2 + 20y 3
∂x∂y
∂2Z
= −6 x 2 + 20y 3
∂x∂y

Nosso próximo passo será refazer todo o processo, utilizando, agora, a primeira derivada
parcial em y.

Zy = 2y − 2 x 3 + 20 xy 3
∂ 2 Z ∂( 2y ) ∂( 2 x 3 ) ∂( 20 xy 3 )
= − +
∂y 2 ∂y ∂y ∂y
∂2Z
2
= 2 − 0 + 60 xy 2
∂y
∂2Z
= 2 + 60 xy 2
∂y 2

Em Síntese
O diagrama, a seguir, mostra como proceder para achar as derivadas parciais de segunda ordem:

fxx
fx
fxy
f
fyx
fy
fyy

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Tem-se uma função f(x,y) que pode ser derivada parcialmente em relação àx e em relação
ày. (Observe o diagrama).
Cada uma dessas derivadas parciais poderá ser novamente derivada em relação às variáveis
x e y. (Derivadas de segunda ordem).
As derivadas parciais de segunda ordem, destacadas em vermelho: fxy ef yx são iguais.

Exemplos:
Exercício 1
Calcule todas as derivadas parciais de segunda ordem possíveis da função:

Z = x 2 y + xy 2 + 2 x − y

Solução:
Primeiro passo: calcular as derivadas de primeira ordem em relação a cada uma das variáveis.
Em seguida, calcular as derivadas de segunda em relação àx e ày, a saber:

d2 Z ¶2 Z d2 Z ¶2 Z
 
;   ;  ;
¶x 2 ¶y¶x ¶y 2 ¶x¶y
Note que essas
2 2
Z = x y + xy + 2 x − y derivadas são
iguais.

¶ ( x 2 y) ¶ ( xy 2 ) ¶ (2x) ¶ ( y)
Zx = + + -
¶x ¶x ¶x ¶x

Z x = 2 xy + y 2 + 2

d 2 Z ¶ ( 2 xy) ¶ (y ) ¶ ( 2)
2

= + +
¶x 2 ¶x ¶x ¶x

d2Z d2Z
= 2y + 0 + 0 ® = 2y
¶x 2 ¶x 2

¶ ( 2 xy) ¶ (y ) ¶ ( 2)
2
¶2 Z
= + +
¶y¶x ¶y ¶y ¶y

¶2 Z ¶2 Z
= 2 x + 2y + 0 ® = 2 x + 2y
¶y¶x ¶y¶x

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Unidade: Derivadas Parciais

Agora, faremos todas os passos em relação à variável y:

Z = x 2 y + xy 2 + 2 x − y

¶ ( x 2 y) ¶ ( xy 2 ) ¶ (2x) ¶ ( y)
Zy = + + -
¶y ¶y ¶y ¶y

Z y = x 2 + 2 xy + 0 − 1

Z y =x 2 + 2 xy − 1

d 2 Z ¶ ( x ) ¶ ( 2 xy) ¶ (1)
2

= + -
¶y 2 ¶y ¶y ¶y

d2Z
= 0 + 2x - 0
¶y 2

d2Z
= 2x
¶y 2

¶2 Z ¶ ( x 2 ) ¶ ( 2 xy) ¶ (1)
= + -
¶x¶y ¶x ¶x ¶x

¶2 Z
= 2 x + 2y - 0
¶x¶y

¶2 Z
= 2 x + 2y
¶x¶y

Exercício 2
Dada a função Z=xy, encontre suas derivadas de segunda ordem.

¶ ( xy)
Zx = =y
¶x
d2Z ¶ ( y)
= =0
¶x 2 ¶x
¶2 Z ¶ ( y)
= =1
¶y¶x ¶y

¶ ( xy)
Zy = =x
¶y
d 2 Z ¶ ( x)
= =0
¶y 2 ¶y
¶2 Z ¶ ( x)
= =1
¶x¶y ¶x

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Derivada Direcional

As derivadas direcionais são extensões das derivadas parciais. As derivadas parciais analisam
a variação das funções em relação aos eixos horizontal (0x) e vertical (0y). As derivadas
direcionais estudam as variações das funções em qualquer direção, inclusive, as direções
horizontal e vertical; o que nos permite afirmar que as derivadas parciais são casos particulares
das derivadas direcionais.
A derivada direcional irá nos auxiliar a determinar a declividade de uma reta tangente a uma
superfície em um determinado ponto.

Tome o ponto P(x0, y0) da figura 3. O deslocamento de P para Q cria o vetor v que tem uma
inclinação θ com a horizontal (forma um ângulo θ coma horizontal).
O nosso objetivo será calcular a derivada da função f nessa direção.

Figura 3
y

P θ
y0

x0 x


A derivada direcional de f em relação a

v é dada pelo produto escalar entre o vetor u e o
vetor gradiente ∇f ( P ) :

∂f  
 u . ∇f ( P )
=
∂u

Sendo:
 
u : é o vetor unitário ou o versor de v .

Ñf ( P ) : é o vetor gradiente.
 
Se v não estiver com o módulo igual a 1, é preciso normalizar o vetor, ou seja, se v for dado
pelas componentes a e b, então, v =(a,b).

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Unidade: Derivadas Parciais

A sua norma (seu módulo) é dada pela raiz quadrada da soma dos quadrados de seus
componentes.

v = (a, b) = v = a 2 + b 2

Exemplo:

Normalizar o vetor a = (3,4
 )

 2 2
a = (3) + (4) = 25 = 5

O próximo passo é dividir cada um componentes do vetor pela sua norma:


 æ3 4ö
u = çç ,  ÷÷÷
çè 5 5 ø

Esse é o vetor unitário que buscávamos, ou seja, o seu módulo é igual a 1.

Em Síntese
Para normalizar um vetor, achamos a sua norma e, depois, divide-se cada um de seus componentes
pela sua norma.

 v
u= 
v

O vetor gradiente é dado por:


 æ ¶f ¶f ö
Ñf ( P ) = çç ( P ),  ( P )÷÷÷
èç ¶x ¶y ø

Sendo que:
¶f
A primeira componente  (P)
¶x é a derivada parcial de f em relação à variável x, calculada no
ponto P.
¶f
A segunda componente ¶y
(P) é a derivada parcial de f em, relação à variável y calculada no
ponto P.

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Cada componente do vetor tem um módulo (dado pela derivada parcial) e uma direção,
por exemplo, se nos interessa o gradiente de uma função de duas variáveis, a fórmula para
encontrar esse gradiente é dada por:
 æ ¶f ¶f ö
Ñf ( x, y) = çç (i),  ( j)÷÷÷
çè ¶x ¶y ø

Se nossa função tiver três variáveis:

 æ ¶f ¶f ¶f ö
Ñf ( x, y, z ) = çç (i),  ( j), (k )÷÷÷
çè ¶x ¶y ¶z ø

Reveja as aulas de vetores para que você entenda com maior profundidade o assunto. Esse conteúdo
foi tratado nas aulas de Geometria Analítica.


Se escrevermos o vetor u em função de θ, chegaremos a seguinte conclusão:

u =(cos θ,sen θ)
Já sabemos que o módulo do vetor unitário vale 1.

Para acharmos a derivada direcional de f em relação ao vetor u , basta fazer a multiplicação
escalar entre esses dois vetores:

¶f  
 ( P ) = u Ñf ( P )

¶u

Substituindo, teremos o seguinte:


¶f æ ¶f ö
 ( P ) = (cos q, sen q). çç  ( P ), ¶f ( P )÷÷
¶u èç ¶x ¶y ø÷

Agora, faremos a multiplicação: o componente pintado em amarelo do 1º vetor com o


componente amarelo do 2º vetor. E somar com o produto dos componentes pintados em azul.

¶f ¶f ¶f
 ( P ) = cos q x ( P ) + sen q ( P )
¶u ¶x ¶y

Se tomarmos a direção de 0 radianos, a derivada direcional convergirá para a derivada


parcial de f em relação à variável x.

¶f ¶f ¶f ¶f ¶f ¶f
 ( P ) = cos 0 ( P ) + sen0 ( P ) = 1 ( P ) + 0 ( P ) = (P)
¶u ¶x ¶y ¶x ¶y ¶x

19
Unidade: Derivadas Parciais

Se tomarmos a direção de π radianos, a derivada direcional convergirá para a derivada


2
parcial de f em relação à variável y.

¶f π ¶f π ¶f ¶f ¶f ¶f
 ( P ) = cos  ( P ) + sen ( P ) = 0  ( P ) +1  ( P ) = ( P )
¶u 2 ¶x 2 ¶y ¶x ¶y ¶y

Portanto, está provado que quando o vetor gradiente aponta na direção horizontal ou vertical
os vetores direcionais convergem para derivada parcial em x e em y.
 
Se tivermos o ângulo ϕ formado pelos vetores u e ∇f ( P ) , então:

¶f    
 ( P ) = u Ñf ( P ) = u . Ñf ( P ) .cosj

¶u


Como |u |=1, podemos reescrever a fórmula:

¶f 
 ( P ) = Ñf ( P ) .cosj
¶u


Podemos isolar o cosseno, passando | ∇f ( P ) |para o outro lado da igualdade:

¶f
 (P)

cosj =  u
Ñf ( P )
¶f
 (P)

j = arccos u
Ñf ( P )

O ângulo ϕ é aquele cujo cosseno é dado pela derivada direcional de f dividida pelo vetor
gradiente em P.
E qual a consequência do que acabamos de ver?
Se:
¶f 
 ( P ) = Ñf ( P ) .cosj
¶u

O cosseno de ϕ (Fi) é um valor compreendido entre -1 e 1; portanto, o maior valor que a


derivada direcional possui é quando o valor de cosϕ =1. Quando o cosseno for igual a -1 é o
momento em que a derivada assume seu menor valor. E a derivada será nula quando o cosseno
assumir o valor zero.

20
Se ϕ =π radianos; então, teremos a derivada direcional mínima. Lembre-se que o cosseno
de π=-1.

¶f  
 ( P ) = Ñf ( P ) .cosp = - Ñf ( P )
¶u

p
Se j = radianos; então, teremos a derivada direcional nula. Lembre-se que o cosseno
2
π
de =0.
2

¶f  p
 ( P ) = Ñf ( P ) .cos = 0
¶u 2

Se ϕ =0 radianos; então, teremos a derivada direcional máxima. Lembre-se que o cosseno


de π=1.

¶f  
 ( P ) = Ñ f ( P ) .cosp = Ñ f (P)
¶u

Propriedades importantes:

I. O vetor gradiente aponta para uma direção, segundo a qual, a função f é crescente.

II. Dentre todas as direções, ao longo das quais a função f cresce, a direção do gradiente é a
de crescimento mais rápido.

III. O vetor gradiente de f no ponto (x,y) é perpendicular à curva de nível de f que passa por
esse ponto. Dado f : D ∈  2 →  , diferenciável, e dado que  ∈  , diz-se que o ponto
(x,y)∈ D está no nível  relativamente à função f quando f(x,y)=  . Fixado o valor de
 , o conjunto dos pontos do domínio D que estão no nível K é a imagem inversa f-1 (  ),
a qual é denominada curva de nível  de f.

Observe que sobre a superfície está um ponto P (figura 4) , e por esse ponto passam infinitas
retas com diferentes declividades e direções. Suponhamos que eu tenha  um interesse especial
na reta r, que é tangente ao ponto P e tem a mesma direção do vetor u . Para achar a inclinação
dessa reta é que usaremos as derivadas direcionais.

A notação de usaremos para a derivada direcional na direção de u é:

Du f

21
Unidade: Derivadas Parciais

Então, as derivadas direcionais servem para nos dar a taxa de variação de uma função f na
direção de um determinado vetor.
Passos para a resolução de uma derivada direcional:

1. Derivar a função em relação a todas as variáveis (derivadas parciais);


2. Aplicar o ponto P em cada uma das derivadas parciais;
3. Normalizar o vetor diretor que nos dará o sentido da taxa de variação que queremos
encontrar.

Figura 4
z N

Fórmulas para a resolução:


Função com duas variáveis

Du f ( x, y) = fx ( x, y).u1 + fy ( x, y).u2

Função com três variáveis.

Du f ( x, y, z ) = fx ( x, y, z ).u1 + fy ( x, y, z).u2 + fz ( x, y, z).u3

Exemplo 1:
Qual é a derivada direcional da função f ( x, y) = x y + y , no ponto P(2,1) na direção de
2

  
a = 5i - 2 j

Resolução:
O primeiro passo é normalizar o vetor.

22
A norma de um vetor é dada pela raiz quadrada da soma dos quadrados de seus componentes.

a = x 2 + y2

Em seguida, vamos dividir cada componente do vetor por sua norma (é o mesmo que achar
o versor):
 
 xi yj
u=  + 
a a

Voltando ao nosso problema.


  
O vetor diretor é dado por: a = 5 i - 2 j
 2
a = (5)2 + (-2)

a = 25 + 4

a = 29


Vamos achar o vetor v (vetor unitário ou versor).
 
 5i -2 j
u= +
29 29

Estando o vetor normalizado, nosso próximo passo será achar as derivadas parciais da função:

f ( x, y ) = x 2 y + y

fx ( x, y) =
¶ ( x 2 y)
+
¶ ( y)
¶x ¶x
fx ( x, y) = 2 xy + 0 = 2 xy

fy ( x, y) =
¶ ( x 2 y)
+
¶ ( y)
¶y ¶y
1
fy ( x, y) = x 2 +
2 y

23
Unidade: Derivadas Parciais

O passo seguinte é aplicar o Ponto P(2,1) nas derivadas encontradas:

1
fy ( x, y) = x 2 +
2 y
2 1
fy ( 2,1) = ( 2) +
2 1
1 9
fy ( 2,1) = 4 + =
2 2

Aplicar os valores obtidos na fórmula:

Du f ( x, y) = fx ( x, y).u1 + fy ( x, y).u2


5
9 -2
Du f ( x, y) = 4. + .
29 2 29
20 -9
Du f ( x, y) = +
29 29
11
Du f ( x, y) =
29

Exemplo 2

Calcular a taxa e variação de f no ponto A na direção de a , dados:

f ( x, y, z ) = x 2 y − yz 3 + z

A (1, −2, 0 )
   
a = 2i + j − 2 k


O primeiro passo para resolver o problema será normalizar o vetor a .
Normalizar um vetor significa achar o seu versor ou o seu vetor unitário.
Vamos, então, achar a norma do vetor e, em seguida, dividir cada um de seus componentes
pela norma:

 2 2 2
a= ( 2) + (1) + (-2) = 9 = 3

24
A norma do vetor é 3. Vamos dividir cada componente do vetor pela sua norma para
encontrar o seu versor ou vetor unitário.
 2 1 2 
u= i + j- k
3 3 3

Para explicitar:

2
= u1
3
1
= u2
3
2
- = u3
3

Feito isso, é preciso encontrar as derivadas parciais da função f.

Du f ( x, y, z ) = fx ( x, y, z ).u1 + fy ( x, y, z ).u2 + fz ( x, y, z ).u3


2 1 2
Du f ( x, y, z ) = -4 ´ + 1´ + 1´-
3 3 3
8 1 2 9
Du f ( x, y, z ) = - + - = - = -3
3 3 3 3

Agora, iremos achar o valor da cada derivada parcial aplicada ao ponto A(1,-2,0):

f x (1, −2, 0 ) =2 ( −2 ) =−4


f y (1, −2, 0 ) = (1) − ( 0 ) = 1
2 3

f z (1, −2, 0 ) =−3 ( −2 ) (0) 2 + 1 =1

O próximo passo é substituir os valores:

Du f ( x, y, z ) = f x ( x, y, z ) .u1 + f y ( x, y, z ) .u2 + f z ( x, y, z ) .u3

2 1 2
Du f ( x, y, z ) =−4 × + 1× + 1× −
3 3 3

8 1 2 9
Du f ( x, y, z ) =− + − =− =−3
3 3 3 3

25
Unidade: Derivadas Parciais

Material Complementar

Para aprofundar seus conhecimentos acerca do estudo sobre derivadas parciais e direcionais,
utilize um dos livros da bibliografia e faça um resumo sobre os conceitos que abordam o assunto.

Explore

Outras indicações:
• https://www.youtube.com/watch?v=j9jjZHFasYE
• https://www.youtube.com/watch?v=bTXco9OwefI
• https://www.youtube.com/watch?v=XrfrwH7YCp4
• https://www.youtube.com/watch?v=EZkQZdx6t58
• https://www.youtube.com/watch?v=l84cmUOtwnQ

26
Referências

DEMANA, Franklin D.; WAITS, Bert K.; FOLEY, Gregory D.; KENNEDY, Daniel. Pré-Cálculo. 2
ed. São Paulo: Pearson, 2013.

FLEMMING, Diva Marília; GONCALVES, Miriam Buss. Cálculo A: funções, limite,


derivação, integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

STEWART, James. Cálculo 6. Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

THOMAS JR., George B Et Al. Cálculo (de) George B. Thomas Jr. 12 ed. São Paulo:
Addison-Wesley, 2003.

GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Em curso de cálculo. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001-2002.

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Unidade: Derivadas Parciais

Anotações

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