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Notas de aula 5 - Cálculo de duas integrais importantes

FMT0259 - Ternodinâmica II (2010)


Carmen P. C. Prado, abril de 2010 (aula 7)

Essas duas integrais aparecerão com frequência nas próximas aulas:


Z ∞
e− λx dx (integral da função gaussiana)
2
I1 =
−∞
Z ∞
2
I2 = x2 e− λx dx
−∞

A integral I1 é resolvida facilmente com a utilização de um "truque": calculamos (I1 )2 = I1 × I1 e depois


calculamos a raiz quadrada do resultado. (I1 )2 pode ser resolvida por substituição de variáveis. A integral I2 é
resolvida "por partes", a partir de I1 .

Comentários preliminares sobre integrais


1. Integral é o nome de um limite especial, que aparece com frequência por ter um signicado importante.
Uma integral é o limite de uma soma, na qual o valor de cada parcela tende a zero ao mesmo tempo em
que o número de parcelas tende a innito, de forma que o resultado permanece nito:

N
X Z xf
lim fj ∆x = f (x) dx.
∆x→0 xi
N →∞ j=1

fj é o valor de f no j ésimo intervalo.

2. É possível mostrar que:


Z b
(a) f (x) dx = área sob a curva de f (x) de a até b.
a
(b) A integral é uma espécie de "anti-derivada" ou seja,
Z x
dG
G(x) = f (x0 ) dx0 =⇒ = f (x).
a dx

G(x) é chamada primitiva de f (x), e esta "propriedade" é o teorema fundamental do cálculo.


É a partir dessas duas propriedades que calculamos uma integral:
* Calculando a área sob a curva.
* "Adivinhando" a função primitiva.
Todos os métodos e técnicas de integração são regras práticas para "facilitar" esse processo de adivinhação.
3. Existem 3 métodos mais comuns:
(a) Substituição de variáveis :
Transforma a função f (x) em outra, g(u), supostamente mais fácil de integrar (= adivinhar a primi-
tiva).
(b) Integração por partes :
Se a função f (x) pode ser escrita como o produto de duas funções u(x) e v(x), ou seja, se f (x) =
u(x) v(x), podemos usar uma propriedade das derivadas para transformar uma integral em outra (que
novamente supomos seja mais fácil de integrar).

1
(c) método das frações parciais :
g(x)
Esse método é útil quando temos uma função f (x) que pode ser escrita como . Nesse caso
u(x) v(x)
A B
f (x) pode ser substituida por + onde A u(x) + B v(x) = g(x) (com isso achamos A e B ;
u(x) v(x)
A B
espera-se que as integrais de e sejam mais fáceis de integrar por terem um denominador
u(x) v(x)
mais simples).

Vamos comentar rapidamente os dois primeiros métodos, que utilizaremos nessa aula.
Substituição de variáveis
Z b
Seja I = f (x) dx. Suponha que a variável x possa ser escrita em função de outra variável u, ou seja,
a

• x = x(u) e portanto
dx
• dx = du.
du
Com isso "eliminamos" x de I e re-escrevemos I em função de u:
Z u(b)
I= f (u) du.
u(a)

Para isso:
• substitui-se x por u em f (x);
dx
• substitui-se dx por du e
du
• substitui-se os limites de integração xa = x(ua ) e xb = x(ub ). Para achar ua e ub , podemos inverter
a função x(u) encontrando u(x) ou simplesmente "adivinhar" quais devem ser os limites para que o
mesmo intervalo seja coberto pela integral.

Integração por partes


Usa-se o fato de que d(u.v) = u.dv + v.du:
Z Z Z Z Z
d(uv) = u dv + v du =⇒ d(uv) = uv = u dv + v du; portanto u dv = uv − v du.

Z Z
Isso só funciona se v du for mais fácil de ser calculada que u dv , e pudermos facilmente descobrir
(adivinhar) v a partir de dv .

Cálculo de I1 =
Z +∞
e−λx dx:
2

−∞

Z ∞ Z ∞
2 2
I12 = I1 × I1 = e−λx dx × e−λx dx.
−∞ −∞

Como x é uma variável muda podemos substituí-la por y na segunda integral:


Z +∞ Z +∞ Z +∞ Z +∞
−λx2 −λy 2 2 +y 2 )
I12 = e dx × e dy = e− λ (x dx dy.
−∞ −∞ −∞ −∞

Fazemos agora uma substituição de variáveis:

2
1. (a) x2 + y 2 = r2
(b) dx.dy = área innitesimal em coordenadas cartesianas por r dr dθ = área innitesimal em coordenadas
polares.
(c) Acertamos os novos limites de integração : Quando x e y variam de − ∞ a + ∞ cobre-se todo o plano.
Para que todo o plano continue coberto, θ deve variar de 0 a 2π e r deve variar de 0 a + ∞.

Portanto:
Z +∞ Z +∞ Z 2π Z ∞
− λ(x2 +y 2 ) 2
e dxdy =⇒ r e− λr dθdr.
−∞ −∞ 0 0

Z 2π Z ∞ Z ∞
− λr2 2
I12 = dθ re dr = 2π r e− λr dr.
0 0 0

Para resolver essa integral fazemos outra substituição de variável: trocamos r por u(r) = r2 , de modo que
dr 1 du
du = du = 2rdr ⇒ dr = . Os limites de integração continuam os mesmos.
du 2 r
1 − λu ∞
Z ∞
π −∞ π
I12 = π e− λu du = −

e =− e −1 = ,
0 λ
0 λ λ

portanto r
π
I1 = .
λ

Cálculo de I2 =
Z +∞
x2 e−λx dx:
2

−∞

Z +∞ Z +∞
2 − λx2 − λx 2
I2 = x e dx = x xe| {z dx} .
−∞ −∞
u
|{z}
dv
2
e− λx
Com a mesma substituição já feita no cálculo de I1 percebemos que v = ; portanto
− 2λ

2
+∞ Z − λx2
e− λx
Z +∞
e 1
Z 2
I2 = u v − v du = x − dx = 0+ e−λx dx
.

− 2λ − 2λ


−∞
2λ −∞
| {z }
I1

Finalmente temos
(π)1/2
 1/2
1 1 π
I2 = I1 = =
2λ 2λ λ 2λ3/2

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