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O LIMIAR DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO ENSEJO

CONTEMPORÂNEO DO DIREITO BRASILEIRO

THE LIMITS OF FREEDOM OF EXPRESSION IN THE CONTEMPORARY


BRAZILIAN LAW

ANA BRENDA SERRA GARCIA*


BRUNNO ADRIANO PEREIRA*
IGOR COSTA GOMES*
JOÃO NICOLAS SALLEM ROCHA*
LUDMYLLA MARIA WEBA*
TIAGO PERES ALMEIDA*

RESUMO
A liberdade de expressão e ordenamento jurídico contemporâneo atuam como um
mediador para a manutenção da integridade física e moral dos indivíduos nas redes
sociais. Por esse viés, o objetivo da pesquisa é discorrer sobre os meios legais para a
averiguação do espaço virtual, de tal forma que não afete o direito mínimo e, tampouco
proporcione ao sujeito, o ferimento à dignidade enquanto cidadão. Quanto à
metodologia, a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica com abordagem quantitativa
e qualitativa, utilizando fontes de artigos e aplicando questionário para 28 pessoas. Os
resultados demonstram que uma parte declarou ter sofrido ataques cibernéticos, de
modo que concordem com a regulamentação jurídica quanto ao discurso de ódio. Desse
modo, conclui-se a importância de promover o equilíbrio da liberdade de expressão
concomitantemente a proteção aos valores e direitos legítimos da cidadania, uma vez
que somente assim é possível a consolidação do Estado Democrático de Direito.
Palavras-chave: direito; liberdade de expressão; discurso de ódio.

ABSTRACT
Freedom of expression and the contemporary legal system act as a mediator for the
maintenance of the physical and moral integrity of individuals in social networks. Due
to this bias, the objective of the research is to discuss the legal means for the
investigation of the virtual space, in such a way that it does not affect the minimum
right and does not provide the subject with the injury to dignity as a citizen. . Regarding
the methodology, the research is characterized as bibliographic with a quantitative and
qualitative approach, using sources of articles and applying a questionnaire to 28
people. The results show that one party has claimed to have suffered cyber attacks, so
that they agree with the legal regulation regarding hate speech. Thus, it is concluded the
importance of promoting the balance of freedom of expression concomitantly with the
protection of the values and legitimate rights of citizenship, since only in this way is the
consolidation of the Democratic State of Law possible.
Keywords: law; freedom of expression; hate speech.

Submetido à disciplina Metodologia do Trabalho Científico em 4 de julho de 2023.

1 INTRODUÇÃO
O aumento da troca informativa entre indivíduos desde o começo das
revoluções industriais tornou a liberdade de expressão um importante direito garantido

*Graduandos do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). E-mail:


ana.brenda@discente.ufma.br;brunno.adriano@discente.ufma.br;
gomes.igor@discente.ufma.br;ludmylla.weba@discente.ufma.br; joao.nsr@discente.ufma.br;
tiago.peres@discente.ufma.br.
pela legislação contemporânea. Nesse sentido, torna-se relevante discutir essa temática,
uma vez que é de extrema importância atualmente devido às amplas formas de se
expressar, inclusive por meio das tecnologias.
O desafio de estabelecer um local certo que limite liberdade de expressão ao
longo da história brasileira e mundial sempre gerou debates entre as mais diversas áreas
do conhecimento. No âmbito do Direito, desde a Antiguidade Clássica, com Platão e
Aristóteles, a conceituação da liberdade tem gerado discussões, e, no escopo da
liberdade de expressão no Direito brasileiro, apesar de ser estabelecido, por meio da
Constituição, um limite, ainda sim é necessário reconhecer a devida importância do
tema, tanto pelos casos recentes, quanto pela tradição histórica desse tema.
Diversos autores têm se dedicado ao estudo da liberdade de expressão e à análise
de seus limites no âmbito jurídico. No livro "Free Speech: A Very Short Introduction",
de Nigel Warburton (2009), são explorados os princípios fundamentais e os desafios
enfrentados na proteção da liberdade de expressão, considerando tanto as justificativas
morais quanto às questões legais envolvidas. A obra fornece uma visão geral do tema,
abordando desde os argumentos clássicos em defesa da liberdade de expressão até as
discussões contemporâneas sobre a censura e o discurso de ódio.
A problemática decorrente do excesso de liberdade enfrentado na modernidade,
portanto, refere-se à falta de aparatos jurídicos, no contexto brasileiro, para a definição
do limiar entre a liberdade de expressão e o discurso de ódio, o que causa uma
diminuição na eficácia no combate a crimes como esse, principalmente no mundo
digital. Assim, como não há leis concretas que tratam desse assunto específico em nossa
legislação, cabe a órgãos jurídicos formados por seres humanos – com padrões não
totalmente positivos - como o Supremo Tribunal Federal, definir a pena para esses
crimes, causando uma tremenda discordância na sociedade acerca das penas aplicadas.
No artigo "Balancing Freedom of Expression and Hate Speech: A Comparative
Perspective", publicado na revista "International Journal of Constitutional Law",
Tarlach McGonagle e Eva Brems (2018) examinam as abordagens adotadas por
diferentes sistemas jurídicos na tentativa de equilibrar a liberdade de expressão e o
combate ao discurso de ódio. Através de uma análise comparativa, os autores
identificam as diferentes abordagens legais e as divergências entre os países em relação
à regulamentação do discurso de ódio, evidenciando a complexidade do tema e a falta
de consenso sobre a melhor abordagem.
Dessa forma, é cabível elucidar sobre a emergência das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC) após a chamada Terceira Revolução Industrial,
período que gera controvérsias sobre sua existência para os livros de história e
geografia, mas que certamente foi responsável pela aceleração no envio de mensagens e
informação, e no uso da informática para a modernização das realidades, não só
industriais. Nesse sentido, vale abordar o consequente embate que surge nas modernas
sociedades sobre a liberdade de expressão, discussão fortemente travada no contexto das
redes sociais, onde existe o anonimato, e a fuga das possíveis consequências sociais.
Nessa perspectiva, o problema da pesquisa consiste em entender como a nova
era da informação e a livre manifestação de pensamento se relacionam e quais são os
efeitos jurídicos do discurso de ódio no cenário brasileiro.
O objetivo geral foi verificar como o Direito moderno reage e influencia a livre
manifestação do pensamento no contexto do discurso de ódio na nova era da
informação. E objetivos específicos, destacam-se:
a) analisar o papel do ordenamento jurídico brasileiro diante da nova era
da informação;

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b) investigar a efetividade dos aparatos legais para a resolução de casos
concretos quanto à liberdade de expressão;
c) descrever os impactos do discurso de ódio.
A pesquisa é apresentada como bibliográfica e o trabalho é estruturado em
revisões literárias a fim de estabelecer conclusões que definem especificamente o
cenário atual da liberdade de expressão, em que se busca estabelecer concretas
conclusões sobre o ordenamento jurídico frente a esse problema.
Portanto, a pesquisa propõe uma análise aprofundada sobre a temática, buscando
contribuir para o debate acadêmico e fornecer subsídios para aprimorar as respostas
jurídicas diante dos desafios impostos pela liberdade de expressão na era da informação.

2 O DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO: UMA ÁNALISE DAS


PERSPECTIVAS FILOSÓFICAS E CONSTITUCIONAIS

No contexto hodierno, abordaremos ideais e citações de autores, pensadores e


instituições acerca do tema, de modo a endossar a compreensão do tema e das
problemáticas que o rodeiam, pois um tema pertinente à discussão e explicação são os
motivos que levaram ao crescimento exponencial da incidência de discursos de ódio
na internet, em que
O discurso de ódio acontece nas plataformas digitais nas mais variadas
apresentações. Pode estar explícito, sem filtros éticos e morais e em piadas
que supostamente camuflam preconceito, misoginia, homofobia, racismo e
intolerância religiosa. […]. Embora as agressões também ocorram no contato
presencial, as redes têm a força da proliferação. “O conteúdo é capaz de
continuar engajando usuários novos e recorrentes por até três anos após a
publicação do post depreciativo. Figurativamente falando, é como se fosse
um eco prolongado no espaço virtual”. (TRINDADE, OTAVIO, 2022).

Dessa maneira, convém abordar o conceito de Liberdade de Expressão, como:


[...] uma das dimensões do direito geral à liberdade e pode ser conceituada
como o poder conferido aos cidadãos para externar opiniões, ideias,
convicções, juízos de valor, bem como sensações e sentimentos, garantindo-
se, também, os suportes por meio dos quais a expressão é manifestada, tais
como a atividade intelectual, artística, científica e de comunicação (SIMÃO;
RODOVALHO, 2017, p. 213).

Nesse sentido, é importante considerar que o direito brasileiro garante o pleno


exercício da liberdade de expressão - termo que pode ser definido, parcialmente, em
virtude de que abordar-se-á nesse trabalho os limites da liberdade de expressão, como a
liberdade de pensamento e a exteriorização deles – nos limites do próprio ordenamento
jurídico. Segundo a Constituição Federal, “É livre a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato” (BRASIL, 1988).
Consoante a isso, a liberdade de expressão é um direito fundamental garantido
pela Constituição Federal brasileira, porém, sua aplicação encontra limites quando
confrontada com outros direitos e interesses legítimos, no contexto moderno do direito
brasileiro, é fundamental discutir os desafios relacionados ao limiar desse direito, a fim
de garantir um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a proteção de valores
essenciais para a sociedade.
Dessa forma, é relevante discorrer sobre como a liberdade de expressão
permite a construção de uma sociedade livre e democrática. Nesse viés, é necessário

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considerar que as Ditaduras e os sistemas de opressão buscam suprimir qualquer forma
de manifestação de pensamento, isto é, vão contra o princípio básico de liberdade. Mas
a questão é: o que é a liberdade? Esse termo é muito discutido e as divergências são
múltiplas. Mas, essencialmente, a liberdade pode ser entendida como: autodeterminada,
quando não há limites ou condições; bem necessário; matéria de escolha, sendo
condicionada e limitada (ABBAGNANO, 1970).
Sob essa óptica, a evolução nos meios de comunicação, provocou grandes
condutas ilícitas no meio tecnológico, Pinheiro acredita que nem todas as pessoas usam
eles de forma correta, para fins que não infringem nenhuma lei do sistema jurídico
brasileiro, e muitos a utilizam de maneira errônea para fins ilícitos (PINHEIRO, 2000).
Em contrapartida a esse pensamento, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos diz que a liberdade de expressão é um direito universal, e segundo ela os seres
humanos possuem consigo o direito à liberdade de expressão, não só dentro dos limites
da própria nação, mas em todo o mundo (BRASIL, 2018).
Embora seja prescrito pelas normas jurídicas a existência livre da
comunicação, o advento da tecnologia propiciou para o crescimento aos acessos de
mídias sociais inúmeros benefícios quanto ao acesso rápido de informação, mas consigo
trazer a perpetuação do ferimento a dignidade do cidadão, pois para Rosenfeld, o “[...]
discurso de ódio é aquele destinado a promover o ódio em base de raça, religião, etnia
ou origem”. Assim, segundo o estudioso, esses conflitos representam “problemas
incômodos e complexos para o direito constitucional à liberdade de expressão na
contemporaneidade.” (ROSENFELD, 2003, p. 1523).
Apesar disso, a Constituição garante a liberdade de expressão dos brasileiros
em virtude de tal liberdade ser um direito fundamental ao indivíduo. Dessa maneira, em
um primeiro momento, um leigo no assunto do Direito poderia pensar, a partir de um
entendimento errado, que a Constituição garante a liberdade total de expressão, no caso
de não ser em anonimato, porém a Carta Magna não induz a essa conclusão, visto que a
Constituição possui consigo outros artigos que visam limitar essa liberdade de
expressão. Assim, Oliveira Junior (2009, p.7) comenta:
No tocante a temática ora trabalhada fora disposta pontualmente nos textos
da Constituição Federal de 1988, limites ao exercício da Liberdade de
Expressão, com o objetivo de fazer com que durante a fruição destes direitos
fundamentais, outros não venham a sofrer violações que venham a restringir
o seu exercício constitucionalmente assegurado, em face à sua importância
para o Estado Democrático de Direito(JUNIOR, 2009, p.7).

Somado a isso, a ideia da liberdade de expressão como um direito fundamental,


no contexto do Estado Democrático de Direito, é essencial, e permite o fortalecimento
estatal a partir de âmbitos múltiplos de trocas de informação e debates com ideias
plurais, em que se certifique a soberania do povo, capacitando-os de chegarem à
verdade a partir de debates onde o melhor argumento prevaleça, revelando a “melhor
verdade” para a população através da contraposição de ideias, isso é, a teoria do livre
mercado de ideias.
É importante discorrer sobre a liberdade de expressão, dividindo-a ainda em dois
conceitos, em que se destacam a liberdade de informação (SANKIEVICZ, 2011;
SIMÃO, RODOVALHO, 2017), esta que se caracteriza pelo direito de informar e ser
informado, em que a veracidade dos fatos deve ser levada em consideração para que se
não se confunda e haja desinformação no seio social, porém, não será essa a construção

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de meu pensamento. Quanto ao segundo, a liberdade de expressão propriamente dita, é
conceituada através da livre expressão de pensamento e no direito de expressar suas
concepções nas relações comunicativas, onde abordaremos suas vantagens e dúvidas.
A concepção da liberdade de Kant (1724-1804) prevê o seu limite e base nas leis
em que o ser humano (em que todos são iguais a partir do seu valor absoluto) impõe a se
mesmo, seja através de foro interno ou de decisões em que outros indivíduos participem
(KANT, 2007). Tal caráter coletivo e igual também é marcado num contexto
contemporâneo, uma vez que todos obtém o direito de participar igualmente do contexto
não só político. Esse tópico abre a discussão sobre levar em conta a hegemonia de
grupos no contexto social contra minorias, sejam elas quais forem, e a repressão social
existente para aquelas visões de mundo que vão contra tradições.
[..] tomando-se como natural a tendência da maioria de utilizar atos formais
ou informais de repressão para sufocar as vozes dissidentes a fim de que não
propaguem juízos contrários aos costumes, tradições, instituições ou
convenções vigentes, encontramos no direito à liberdade de expressão um
obstáculo à pretensão de hegemonia, incutindo nas pessoas a consciência da
necessidade de ser tolerante: “Se os direitos de expressão das minorias e dos
dissidentes são assegurados, a mensagem endereçada é a de que o respeito à
diversidade de pensamento é uma virtude que as pessoas devem praticar
(SIMÃO; RODOVALHO, 2017, p. 217).

Essa ideia abre espaço para as ocorrências hodiernas nas redes sociais: o livre
discurso de ódio. Até quando o Estado deve adotar o debate como livre e sem
interferências? É notável que existe um ambiente de ódio e preconceito nas redes de
forma mais permissiva, e o contexto de livre debate, direito fundamental, ocasiona o
ferimento de outros direitos fundamentais pelo desrespeito e ofensa. Enquanto Bobbio
(SIMÃO; RODOVALHO, 2017) defende que o intolerante não deve ser tratado com
perseguição, e assim assegurando o seu direito de expressar-se, acredito que deve haver
uma forma de garantia, principalmente no que discerne sobre as minorias sociais, a
proteção aos seus direitos, bem como sua honra, no âmbito comunicativo e que se preze
por sua igualdade e a defesa contra repressões sociais.
Porém, existem dificuldades de estabelecer um âmbito democrático em que a
interferência estatal seja forma de colaborar com a liberdade de expressão, e não a
limitar. Existem países, por exemplo, que limitam o acesso de seus cidadãos às redes
globais para que não leiam ou tenham acesso a “informação indesejável”. Tal cenário
podia ser facilmente ligado à censura, o que também é capaz de ocorrer ao aplicarmos
um dispositivo jurídico na defesa do livre debate através do prezar dos direitos e da
honra daquele que está sendo ofendido de forma contrária aos pressupostos
constitucionais, em que seria capaz de pensar como uma limitação ao discurso livre,
onde a nova liberdade de expressão seria a antiga censura. Para isso, deve existir uma
diferença clara entre o direito à ofensa (HUME, 2016; SIMÃO; RODOVALHO, 2017),
presente no combate a opiniões popularmente aceitas e que não necessariamente são
corretas, e ao direito ao preconceito e ao discurso de ódio.
Desse modo, a problemática dos discursos de ódio nas redes sociais é
resultado, principalmente, da impunidade que esse ambiente oferece, assim como
pelos preconceitos e estereótipos misóginos enraizados na sociedade brasileira.
Além disso, há também a ineficácia referente à punição desses discursos – o
que ocorre quando se passa o “limiar” da liberdade de expressão – resultado de uma
falta, no aparato jurídico puramente positivo. Para isso, há diversas ideologias que

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divergem quanto à aplicação de uma positividade na nossa jurisdição. A corrente
defendida pelo jurista alemão Hans Kelsen (1999) defende a pureza do Direito como
ciência, e que deve se manter longe de outros parâmetros que não sejam os puramente
positivos, como a Moral. Portanto, decisões feitas por órgãos jurídicos se tornam
incoerentes, pois não seguem estritamente a lei escrita, não sendo considerado Direito.
Discordando em partes com essa doutrina Kelseniana, a concepção de Direito
para Reale (2002) diz que, apesar de ser baseado em partes na parte positiva da lei,
uma norma eficaz só é estabelecida quando, além da natureza positiva, adiciona-se um
juízo ético para julgá-la, ou seja, parâmetros morais devem agir juntamente com as
leis para garantir o bom funcionamento social. Vendo por outro ponto de vista e
relacionando-se ao tema, a decisão de se guiar por ministros do Supremo, nestes casos,
não parece ineficaz, pois adiciona o fator moral no julgamento de ações criminosas, o
que, apesar de causar bastante contradição, é sim um caminho válido.
Por conseguinte, os diversos modos de se caracterizar a liberdade e a sua
importância caminham juntos com a livre manifestação de pensamento. Por isso, muitos
autores contestaram a intervenção estatal na manipulação e no controle das opiniões.
Como Dworkin (2005, p. 26) acrescenta:
Uma comunidade política genuína deve, portanto, ser uma comunidade de
agentes morais independentes. Não deve ditar o que seus cidadãos pensam
sobre questões de julgamento político, moral ou ético, mas deve, pelo
contrário, fornecer circunstâncias que os encorajem a chegar a crenças sobre
esses assuntos por meio de sua própria convicção reflexiva e finalmente
individual (DWORKIN, 2005, p.26).

A partir da análise da tese de Dworkin (2005), é possível perceber que a


liberdade de expressão deve ser algo inerente ao sujeito, livre da influência e da censura
exercida pelo Estado. Os indivíduos devem dispor da autonomia para ter liberdade de
pensamento e serem agentes com moral própria. E a função de proteger e instituir essa
independência é do Estado.
Outros autores também discutiram a favor da democracia e se mostraram
hábeis defensores da manifestação de pensamento. Entre esses sujeitos, destaca-se Cass
Sunstein (1993), o autor escreve que, apesar do pensamento a informação serem livres,
esse sistema tem falhas visto que não há controle do que é verdade e qual opinião visa
apenas benefício próprio. Apesar disso, esse ainda é o melhor meio de instalar e
desenvolver debates em prol da liberdade e de uma sociedade firmada em bases
democráticas.
Sob esse ponto de vista, segundo Luís Roberto Barroso, a liberdade de
expressão não é absoluta, sendo necessário estabelecer limites para sua aplicação. A
Constituição Federal de 1988 estipula algumas salvaguardas importantes nesse sentido,
como a vedação ao anonimato e a responsabilização por abusos no exercício da
liberdade de expressão. Essas medidas visam proteger outros direitos e interesses
legítimos da sociedade, garantido um ambiente equilibrado para a livre manifestação de
ideias. (BRASIL, 1988).
A era digital trouxe desafios adicionais ao limiar da liberdade de expressão,
ampliando o alcance e a velocidade das manifestações. Conforme aponta Prates (2015,
p.11):“[...] exercício da liberdade de expressão e os chamados discursos de ódio, tida
como um dos maiores desafios das modernas democracias constitucionais, já que impõe

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pensarmos até que ponto pode um Estado Democrático de Direito ir sob pena de negar
sua própria abertura.”.
As redes sociais e as plataformas online têm se tornado espaços propícios para
a disseminação de discursos de ódio, desinformação e fake News. Nesse contexto, é
fundamental repensar os limites da liberdade de expressão a fim de combater práticas
que possam incitar a violência, promover a discriminação e ameaçar a dignidade das
pessoas. A necessidade de uma regulação adequada dessas plataformas e da
conscientização dos usuários sobre a responsabilidade do exercício da liberdade de
expressão a fim de combater práticas que possam incitar a violência, promover a
discriminação e ameaçar a dignidade das pessoas. A necessidade de uma regulação
adequada dessas plataformas e da conscientização dos usuários sobre a responsabilidade
do exercício da liberdade de expressão é essencial para enfrentar esses desafios.
O Poder Judiciário desempenha um papel crucial na definição do limiar da
liberdade de expressão. Conforme a ação direta de inconstitucionalidade a interpretação
e aplicação das leis pelo judiciário permitem ponderar os direitos em conflito,
garantindo um equilíbrio adequado. Além disso, é fundamental promover a
conscientização e a educação da sociedade sobre os limites éticos e responsabilidades
inerentes ao exercício da liberdade de expressão. Somente dessa forma será possível
criar um ambiente informado, respeitoso e inclusivo para todos os cidadãos.
Dessa maneira, percebe-se que o ordenamento jurídico brasileiro não permite
que a liberdade ilimitada seja ofertada aos brasileiros. Até porque caso a liberdade fosse
absoluta, os indivíduos não conseguiriam garantir a sua própria liberdade (HOBBES,
2004), a partir dessa premissa é que Hobbes elenca o papel do Estado que, mesmo
acreditando na ideia do Estado Absolutista, regularia a vida dos indivíduos, por meio de
um contrato social, para limitar a liberdade em prol de garantir a liberdade:
Renunciar ao direito a alguma coisa é o mesmo que privar-se da liberdade de
negar ao outro o benefício de seu próprio direito a essa mesma coisa. Pois
quem abandona ou renuncia ao seu direito não dá a qualquer outro homem
um direito que este já não tivesse antes, porque não há nada a que um homem
não tenha direito por natureza; [...]. (HOBBES, 2004, p.48).

Sob essa óptica, na medida em que a democracia pressupõe a participação


popular através do livre debate e da representação política, é necessário refletir sobre
alguma forma de prezar pela defesa da honra e do direito de todos, em que seja
garantido o valor livre do discurso e de discussões gerais sem que a demasia de tal
direito discutido leve ao discurso de ódio, em que o caráter benéfico para a sociedade
democrática seja assegurado e leve a sua evolução.
Assim, cabe elucidar que a liberdade de expressão é um direito que deve ser
inalienável e pertencente às sociedades democráticas. Contudo, com os novos meios
tecnológicos e as constantes mudanças que o mundo sofre, a liberdade de expressão
pode passar por censuras e limitações graves. Em relação a isso, é papel do Direito
brasileiro se adaptar e encontrar meios que guiem a nação para a coesão social sem
interferir nos direitos básicos. Logo, é essencial investir em pesquisas que incentivem a
evolução do Direito para cumprir seu dever de servir ao povo brasileiro.
Nesse sentido, pode-se afirmar que o limiar da liberdade de expressão no
Brasil está sendo ultrapassado devido aos preconceitos enraizados na sociedade
brasileira, o que, juntamente com a falta de leis referentes a esses crimes, resultam em
casos de misoginia. Esse cenário, por sua vez, foi amplificado pelo incremento das

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mídias digitais em uma sociedade que não estava preparada para recebê-las. Assim,
guiar-se por decisões de órgãos jurídicos não parece imoral, porém a incidência desses
crimes diminuiria drasticamente com uma lei com punições severas.
Com isso, a Câmera dos Deputados desenvolveu os caminhos para a melhor
transparência informativas, denominado de PL 2630, ou popularmente conhecido como
PL das Fake News. A sua proposta fundamenta-se ao combate de notícias falsas, a
disseminações de atos de ofensas como racismo e homofobia; e crimes contra o Estado
Democrático de Direito. Desse modo, inúmeras discussões surgem quanto aos meios
para a resolução do impasse: “como garantir a liberdade de expressão e a garantia da
dignidade humana?”.
Portanto, a discussão sobre o limiar da liberdade de expressão no contexto
moderno do direito brasileiro é de extrema relevância. A necessidade de estabelecer
limites adequados para esse direito fundamental é fundamental para equilibrar a
liberdade de expressão com a proteção de outros valores e direitos legítimos da
sociedade. A regulação das plataformas online, a conscientização da sociedade e o papel
do judiciário desempenham papéis essenciais nesse processo. Somente por meio de um
esforço conjunto será possível promover um ambiente em que a liberdade de expressão
possa ser exercida de forma responsável, respeitosa e em harmonia com os demais
valores e direitos fundamentais que compõem a sociedade brasileira.

3 AS CONCEPÇÕES JURÍDICAS DECORRENTES DO DESENVOLVIMENTO


INFORMACIONAL DIGITAL CONTEMPORÂNEO
3.1 O PAPEL DO ORDENAMENTO BRASILEIRO NA ERA DA
INFORMAÇÃO
Com o avanço da era informativa no Brasil, fica claro a necessidade de
adaptação da legislação frente às novas tecnologias. Tendo em vista a sua fácil, rápida e
despercebida evolução, torna-se claro o perigo e a urgência da criação de medidas para
que a internet e suas raízes possam crescer de forma que ajude a sua comunidade, sem
que se torne meio desgovernado.
A internet ainda é conhecida parcialmente como “terra de ninguém”, até
porque, de fato as pessoas têm um senso de liberdade maior atrás das telas, ao invés de
estar em público ou cara a cara com alguma possível autoridade que possa lhe aplicar as
devidas sanções jurídicas, o que abre certa brecha aos criminosos. É nesse contexto que
surgem crimes como roubo de dados e o compartilhamento de pornografia infantil.
Ademais, é essencial discorrer sobre o papel do ordenamento jurídico brasileiro
em face das mudanças sociais geradas pela nova era de informação. O Direito constitui-
se de um conjunto de normas que regulam, fiscalizam e garantem a manutenção da
ordem social. Contudo, diante das mudanças trazidas pela evolução tecnológica e,
consequentemente, social, o âmbito jurídico não oferece a completude necessária para
lidar com uma nova ordem do corpo social brasileiro.
Logo, é necessário que, do mesmo modo que a tecnologia está inserida no
cotidiano da sociedade brasileira, é crucial que ela esteja incluída no ordenamento
jurídico. Dessa forma, será possível a adaptação do Direito em torno das mudanças
trazidas pela era da informação.
A função do ordenamento jurídico brasileiro diante da nova era da informação
é de extrema relevância para garantir a proteção dos direitos e a segurança dos cidadãos
em um ambiente digital em constante evolução. A rápida expansão das tecnologias da

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informação e da internet trouxe consigo uma série de desafios legais e regulatórios,
incluindo a proteção de dados pessoais, a privacidade, a segurança cibernética e o
combate aos crimes virtuais.
No entanto, apesar dessas legislações, é necessário um constante
aprimoramento do ordenamento jurídico para acompanhar os avanços tecnológicos. O
debate sobre inteligência artificial, blockchain, criptomoedas, internet das coisas e
outras inovações demanda a criação de normas que equilibrem o fomento à inovação e o
respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos, proporcionando segurança jurídica para
o ambiente digital.
O século XIX é o marco inicial da intensa transformação social a nível global,
tanto por meio da interação física entre indivíduos, como também pela troca informativa
entre sujeitos no campo virtual. Embora essas mudanças sejam fundamentais para a
facilidade de acessar dados e conhecimentos, na atualidade, nota-se o crescimento de
ataques cibernéticos que afetam inúmeras comunidades.
Por conseguinte, ao publicar informações, opiniões ou expressões artísticas em
plataformas esses estão sujeitos a respeitar as políticas de fiscalização ético e jurídico
que, ao contrapor-se às normas, podem sofrer sanções temporárias ou permanentes. Por
exemplo, a música Peste Negra, da banda Brigada NS, foi bandida do Youtube, pois,
segundo as leis da plataforma, houve incitação ao ódio.
Portanto, cada sistema tem um conjunto de normas que devem ser seguidas aos
que aceitam o termo de compromisso durante o uso da plataforma. Mas, caso exista a
contraposição entre o fato e norma, o papel do judiciário irá mediar as compreensões
dos casos, a partir das análises do conteúdo junto às consequências que proporcionou.
Por fim, decidirá se existe a responsabilização de terceiros pela norma específica do
sistema, esfera civil ou esfera criminal (ODORIZZI, 2021).
Diante da nova era da informação, o papel do ordenamento jurídico brasileiro é
de extrema relevância para garantir a proteção dos direitos dos cidadãos e regular as
relações que ocorrem no ambiente digital. Primeiramente, o ordenamento jurídico
precisa se adaptar às transformações tecnológicas e garantir a segurança jurídica
necessária para lidar com questões como proteção de dados pessoais, privacidade e
cibersegurança. Leis específicas, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD),
buscam estabelecer diretrizes e responsabilidades para empresas e indivíduos no
tratamento de informações pessoais, mas é fundamental que haja uma constante
atualização e adequação às mudanças tecnológicas.
Além disso, o ordenamento jurídico deve enfrentar desafios relacionados à
propriedade intelectual, direitos autorais e combate à pirataria. Com a facilidade de
reprodução e disseminação de conteúdo na era digital, é necessário estabelecer
mecanismos eficazes para garantir a proteção dos direitos dos criadores e incentivar a
inovação. Leis de propriedade intelectual e direitos autorais precisam ser atualizadas
para lidar com novas formas de criação e distribuição de conteúdo, como plataformas de
streaming e compartilhamento nas redes sociais.
Por fim, o ordenamento jurídico deve considerar a regulação das tecnologias
emergentes, como inteligência artificial, blockchain e Internet das Coisas (IoT). Essas
tecnologias apresentam desafios únicos e impactam diversas áreas da sociedade, como o
direito do trabalho, a responsabilidade civil e a ética. É necessário estabelecer
parâmetros legais claros para o uso dessas tecnologias, protegendo os direitos
individuais, evitando discriminação algorítmica e promovendo a transparência e a
responsabilidade dos agentes envolvidos.
Em suma, o papel do ordenamento jurídico brasileiro diante da nova era da
informação é de promover a segurança jurídica, a proteção dos direitos dos cidadãos e a

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regulação adequada das relações digitais. A adaptação às transformações tecnológicas, a
atualização das leis existentes e a criação de novas normas específicas são fundamentais
para garantir que o direito acompanhe os avanços tecnológicos e proporcione um
ambiente digital seguro e justo para todos os envolvidos.

3.2 DIREITO DIGITAL: MARCO CIVIL DA INTERNET

É nesse cenário que o Direito digital aparece para aplicar regulamentação às


redes por meio de leis e estabelecimento de aparatos que viabilizem o acesso à lei
digital pelo Estado para que não torne a realidade virtual um meio impositivo. Para isso,
surgem leis como a:
[...] Lei nº 12.965/14 o Marco Civil da Internet foi um importante passo para
as regulamentações do uso de plataformas e sites no país. Além disso, foi
fundamental no estabelecimento de diretrizes de como o Estado poderia atuar
dentro das redes. A lei procura defender a privacidade, liberdade de
expressão e neutralidade dentro do ambiente digital, assim como estabelece
normas de como a internet deve ser usada no Brasil. Coloca em pauta os
direitos e deveres de todo usuário dentro do universo digital e garante que as
leis brasileiras sejam cumpridas nesse espaço. (DIREITO digital [....], 2022).
Certamente, essa lei surge e é aplicada de uma forma mais geral a fim de
buscar uma integridade completa da internet. Porém, ainda existem outras leis que
buscam o combate a crimes e a defesa de outros direitos do povo, em que se destacam
as leis 12.737/18 e 13.709/18, que lutam respectivamente pelo combate aos crimes
cibernéticos e quanto à proteção de dados.
Ao longo dos anos de 2022 e 2023, iniciou-se um forte debate acerca desse
tema após o influenciador Monark começar a fazer declarações polêmicas. De início,
apresentador do Flow Podcast, o influenciador questiona a criminalização do nazismo.
Frente a isso e demais declarações questionáveis, perdeu o acesso a seus perfis. Após
novas falas e divulgação de Fake News sobre o processo eleitoral, o ministro Alexandre
de Moraes decidiu a suspensão de novos perfis também:
Assim, se torna necessária, adequada e urgente a interrupção de eventual
propagação dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e
incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática mediante
bloqueio de contas em redes sociais” [...]. As empresas Discord, Meta Inc,
Rumble, Telegram e Twitter devem suspender os perfis imediatamente, sob
pena de multa diária de R$100 mil. Também devem fornecer ao STF dados
cadastrais do usuário e preservar o conteúdo de todas as postagens. Como
medida cautelar, o ministro Alexandre determinou que Monark se abstenha
de publicar, promover, replicar e compartilhar notícias fraudulentas (fake
news), sob pena de multa diária no valor de R$10 mil em caso de
descumprimento (BRASIL, 2023, p. 1)
Diante disso, cabe destacar, também, que há constantes debates que buscam
solucionar as lacunas e confusões que ocorrem quando se trata do espaço virtual. A
Internet é uma área ainda muito inexplorada no que diz respeito ao âmbito legal, o que
traz um novo desafio para o Direito, o qual não deve permanecer estático e deve sempre
buscar se adaptar às novas situações que o aguardam na era da modernidade. A
tecnologia e o mundo virtual fazem parte do nosso cotidiano, assim como interpretado
por Marcia Triburi (2017, p. 120): “O virtual é uma espécie de nova natureza. Assim
como dizemos que a cultura é uma segunda natureza, podemos dizer que o virtual é a
nossa terceira natureza”.

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Ademais, cabe citar que o discurso de ódio impacta fortemente o corpo social
brasileiro e é, diversas vezes, confundido com a livre manifestação de pensamento. O
discurso de ódio atingiu proporções catastróficas e põe em risco a ordem social, visto
que ele resulta em graves violações dos direitos fundamentais previstos pelo
ordenamento jurídico brasileiro, como o racismo, a xenofobia, e outras discriminações.
Após inúmeras teses defendendo o arbítrio e os direitos fundamentais inerentes ao ser
humano, o autor Eduardo Bittar (2014) defende que, apesar das mudanças ocorridas
serem um desafio para o ordenamento jurídico, cabe a ele proteger a sociedade, os
direitos e os deveres que ela possui consigo, pois é papel do Direito regular os efeitos
negativos trazidos pelo processo da digitalização.
Em consonância com os avanços diários das tecnologias da informação, que
são imprescindíveis para a sociedade, o ordenamento jurídico brasileiro precisa
acompanhá-los, já que não pode, em hipótese alguma, ausentar-se desses avanços,
porque uma das definições do Direito envolve seu caráter mutável. Sob essa óptica,
Miguel Reale (2002, p. 197) acredita que “[...] O Direito é, em verdade, uma das
expressões basilares do espírito humano [...] representando sistemas de respostas
sucessivas aos problemas que se põem através da História.”
Nesse cenário, com a ampliação do leque de possibilidades da expressão de
opiniões, através das tecnologias informativas, o Direito brasileiro não só deve servir
como um aparato significativo para o pleno exercício dessas opiniões, como deve
garantir que o ordenamento jurídico do nosso País seja preservado. Assim,
[...] a existência da tecnologia virtual cria uma série de desafios, e um dos
mais evidentes é a necessidade de constituição de mecanismos que regulem e
controlem as atividades realizadas neste meio. Com o passar do tempo, cada
vez mais pessoas estarão conectadas por meio da rede, e, mais do que isso,
novas tecnologias ainda virão a ser criadas. Diante disto, resta melhor para a
sociedade que seja capaz de se adaptar às novas circunstâncias, da mesma
forma adaptando-as às suas demandas [...] (MEIRELLES, 2013, p. 54).
Por conseguinte, esses mecanismos de regulação e controle citados pela autora
devem apenas ser efetivados quando ilicitudes forem cometidas no âmbito digital,
levando em consideração que o ordenamento jurídico brasileiro não se limita a
estabelecer direitos e deveres fora dos espaços digitais, ele abrange todas as esferas do
convívio da sociedade brasileira, fora e dentro da internet.
Assim, sob o pretexto de assegurar a plena garantia do convívio em sociedade,
mecanismos que controlem as atividades ilícitas ao ordenamento jurídico nos meios
digitais, devem ter plena garantia de funcionamento. Porém, muitos casos de ilicitude
nesses meios passam despercebidos, Meirelles (2013, p. 157) afirma que “a ausência de
enquadramento das condutas virtuais lesivas ao ordenamento jurídico-penal vigente
pode levar à impunidade de seus agentes.”
Nesse sentido, o principal quesito a ser analisado é buscar uma investigação
sobre a real efetividade dos principais aparatos legais de nosso País, já que existem
diversos no direito brasileiro que condenam o discurso de ódio, porém, como citado
anteriormente, a sua eficácia não está, atualmente, sendo efetiva. Dentre os vários
presentes no nosso ordenamento jurídico, pode-se citar, para exemplificar a existência
de tais aparatos, “A Convenção Americana de Direitos Humanos (1969), promulgada no
Brasil em 1992, pelo Decreto n° 678/92 [...]” (CARNEIRO, 2020, p. 37)
Com isso, no âmbito das redes, e, em especial no Facebook, para que a eficácia
seja plena, e mecanismos legais como o citado anteriormente entrem em vigor, uma
solução bastante assertiva é que as redes começaram um processo de autorregulação,
pois, na perspectiva do ordenamento jurídico brasileiro, tal processo reduziria

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drasticamente a preocupação com a regulação externa feita pelo Estado. Nessa
perspectiva:
Vale ressaltar a importância de mecanismos internos de solução
extrajudicial dos conflitos no meio digital, de forma que seria mais
célere e proporcional a cada caso por meio de uma autorregulação
eficaz, presentes em diretrizes de “Termos de Uso” das próprias
plataformas de serviços (CARNEIRO, 2020, p. 49)
Contudo, apesar de ser de extrema importância que exista a citada
autorregulação nos “Termos de Uso”, não basta que as próprias redes sociais façam o
seu controle interno, tendo em vista que cabe ao direito brasileiro também exercer o
controle externo sobre elas.
Nesse contexto, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor desde
setembro de 2020, é uma das principais referências do ordenamento jurídico brasileiro
para a proteção de dados pessoais. Ela estabelece diretrizes claras sobre a coleta, o
armazenamento, o tratamento e o compartilhamento de informações pessoais,
conferindo aos cidadãos o controle sobre seus próprios dados e impondo obrigações às
organizações que os manipulam.
Além disso, o Marco Civil da Internet, lei aprovada em 2014, é outro marco
importante no ordenamento jurídico brasileiro diante da nova era da informação. Ele
estabelece princípios, direitos e deveres para o uso da internet no país, como a
neutralidade de rede, a liberdade de expressão e a responsabilidade dos provedores de
serviços online.
No Brasil, a Lei nº 7.716/1989 define crimes resultantes de preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional, e prevê punições para discursos que incitem
a discriminação, o preconceito ou a violência. Além disso, o Marco Civil da Internet
estabelece que provedores de serviços online são responsáveis por remover conteúdos
ofensivos após a notificação adequada. Esses instrumentos legais são importantes para
combater o discurso de ódio, mas a sua aplicação efetiva ainda é um desafio.
Desse modo, o ordenamento jurídico brasileiro diante da nova era da
informação urge para manter o direito à liberdade de expressão, bem como o respeito a
dignidade do outrem. Entende-se, então, que o direito não é absoluto, uma vez que
quando existe a excessividade, há também responsabilização civil ou penal mediante ao
fato. Assim:
O direito de expressar uma opinião sobre determinada pessoa, no entanto, se
o ato comunicativo for de alguma maneira difamatório, estará infringindo o
direito à honra dessa pessoa, podendo então responder pelo crime de
difamação, previsto no capítulo de crimes contra a honra do Código
Penal Brasileiro (ODORIZZI, 2021, p. 6).
O discurso de ódio, de modo geral, refere-se ao ato discriminatório e
intolerante ao outrem, de tal modo que não há o reconhecimento da diversidade social.
Assim, a reprodução desses atos ocasiona no ferimento à dignidade humana, com os
ataques virtuais sobre racismo, xenofobia, homofobia, dentre outros. Sob essa
perspectiva:
[...] esse discurso se caracteriza por incitar a discriminação contra pessoas
que partilham de uma característica identitária comum, como a cor da pele, o
gênero, a opção sexual, a nacionalidade, a religião, entre outros atributos. A
escolha desse tipo de conteúdo se deve ao amplo alcance desta espécie de
discurso, que não se limita a atingir apenas os direitos fundamentais de
indivíduos, mas de todo um grupo social, estando esse alcance agora
potencializado pelo poder difusor da rede, em especial de redes de
relacionamento [...] (SILVA, 2011, p. 446).

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No que diz respeito ao discurso de ódio, há um debate sobre a linha tênue entre
a liberdade de expressão e a incitação à violência, discriminação ou preconceito.
Embora existam leis que criminalizam o discurso de ódio no Brasil, como a Lei do
Racismo (Lei nº 7.716/89), nem sempre é fácil determinar quando uma manifestação
ultrapassa os limites da liberdade de expressão e se enquadra como discurso de ódio. A
interpretação dessas leis pelos tribunais tem sido um desafio, pois é necessário
equilibrar a proteção da liberdade de expressão com a necessidade de combater
discursos que incitam ao ódio e à intolerância.

4 O PAPEL DO JUDICIÁRIO MEDIANTE AOS CASOS CONTRA A


DIGNIDADE HUMANA E SEUS IMPACTOS NO DISCURSO DE ÓDIO

No que confere à efetividade dos aparatos jurídicos, verifica-se que, por mais
que existam controvérsias e opiniões contrárias, as normas jurídicas se mostram
eficazes. Nesse sentido, percebe-se que existe um limiar concreto entre a limitação dos
discursos para o mantimento da ordem e da democracia, e a tomada desse tipo de ação
como forma de censura.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, artigo 5º, parágrafo IV: “É livre
a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Porém, tal comando e
garantia nada defende sobre os crimes relacionados a essa temática, em que se destacam
a injúria, a difamação e a calúnia. Nesses casos, o direito à liberdade de expressão
transforma-se em abuso de direito, e, portanto, o aparato jurídico há de ser eficaz.
Porém, no mesmo âmbito virtual em que se localizaram as declarações e o
debate, surgiu uma volumosa discussão, em que se destacam pontos de vistas contrários.
O primeiro discorda das declarações absurdas e certamente defende a tomada de
atitudes drásticas que eliminem a possibilidade de falsas informações e discurso de
ódio, tendo em vista principalmente o tamanho da influência do autor, que possuía mais
de 200 mil seguidores. O segundo ponto de vista, está mais ligado à defesa da liberdade
de expressão, e se posiciona extremamente contra esse tipo de atitude, uma vez que
facilita a arbitrariedade do Estado e pode indicar a censura e o direcionamento de pontos
de vista “únicos” a serem garantidos.
Na medida que essas 2 (duas) visões crescem lado a lado, é possível estabelecer
uma conexão com a polarização política enfrentada pelo Brasil desde as últimas eleições
presidenciais. Sob essa ótica, os comentários sobre a possibilidade de censura estatal são
comumente relacionados à Direita brasileira, que ligam esses atos ao silenciamento
daqueles que defendem essa frente. E quanto aos brasileiros que defendem a Esquerda,
é dito que eles acreditam na defesa de uma liberdade de expressão pacífica e sem danos
ou informações falsas, dessa forma, tais sanções seriam cabíveis para essa garantia.
A saber, é crucial analisar a efetividade dos aparatos jurídicos legais quanto a
resolução dos casos decorrentes da liberdade de expressão no mundo virtual. Sobre isso,
é importante enfatizar que a manifestação de pensamento não é ilimitada dado que há
imposições legais, como a vedação do anonimato, e que há sanções legais quando se
descumpre o ordenamento soberano, a Constituição Federal de 1988.
Assim, é notório que o Direito ainda não está completamente preparado para
lidar com o novo mundo trazido pela tecnologia, visto que a maneira de regular a
manifestação de pensamento ainda está em processo de debate e a forma que ela será
tratada ainda ser um mistério para a área jurídica hodierna. Enquanto isso, as pessoas
atacam e sofrem com o discurso de ódio mascarado de liberdade de expressão nas redes.
Xenofobia, intolerância religiosa, racismo, nazismo etc. são algumas
ramificações do discurso de ódio diariamente presente em plataformas como o

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Facebook (Carneiro, 2020). Apesar da Constituição Federal Brasileira (1988) garantir
como um direito fundamental a dignidade da pessoa humana, nota-se, em casos diários
de internautas do Facebook, que esse direito é violado.
A efetividade dos aparatos legais para a resolução de casos concretos
envolvendo a liberdade de expressão e o discurso de ódio é um assunto de grande
importância no contexto atual. Embora a liberdade de expressão seja um direito
fundamental protegido por diversas legislações, incluindo a Constituição Federal
brasileira, a crescente disseminação do discurso de ódio nas plataformas digitais tem
apresentado desafios significativos.
Um dos principais impactos do discurso de ódio é a disseminação de conteúdos
que incitam à violência, à discriminação e à intolerância. Essas mensagens podem gerar
um clima de hostilidade e divisão na sociedade, afetando a convivência pacífica e o
respeito aos direitos humanos. Além disso, o discurso de ódio pode contribuir para o
fortalecimento de grupos extremistas e para a perpetuação de estereótipos e
preconceitos.
A resolução efetiva de casos envolvendo o discurso de ódio requer uma
atuação conjunta dos órgãos de aplicação da lei, da sociedade civil e das plataformas
digitais. É necessário investir em mecanismos de detecção e remoção ágil de conteúdos
ofensivos, assim como promover a educação e conscientização sobre os limites da
liberdade de expressão. Além disso, é fundamental fortalecer a capacidade dos órgãos
judiciais para lidar com esses casos de forma eficiente, garantindo a proteção dos
direitos fundamentais e o combate à impunidade.
Um dos casos a se destacar, trata-se da intolerância religiosa afro-brasileira.
Sob esse viés, o Ministério Público, em representação da Associação Nacional de Mídia
Afro, abriu um processo contra o Google para a retirada de vídeos que incitavam a
disseminação do ódio e da violência. Isso demonstra a efetividade estatal, pois a
Constituição Federal (1988) já garante explicitamente que “a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais” (art. 5º, XLI)
Concomitante, deve-se pontuar a importância de descrever os impactos do
discurso de ódio. As vítimas de crimes de ódio podem desenvolver sérios problemas
emocionais, transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão. Além dos
aspectos de saúde, as relações interpessoais são afetadas pelo medo, desconfiança
generalizada e o sentimento de exclusão social. Portanto, é necessário que não exista
somente normas para a aplicação do fato, mas também a conscientização social para o
emblemático.
A efetividade dos aparatos legais para a resolução de casos concretos
relacionados à liberdade de expressão depende de diversos fatores, incluindo a
legislação vigente, a interpretação dos tribunais, a capacidade de aplicação das leis e o
contexto social em que os casos ocorrem. No Brasil, a Constituição Federal assegura a
liberdade de expressão como um direito fundamental, porém, não é um direito absoluto,
encontrando limites quando entra em conflito com outros direitos fundamentais, como a
dignidade da pessoa humana, a igualdade e a proteção da honra e da imagem de
terceiros.
Os impactos do discurso de ódio são significativos e podem afetar
negativamente a sociedade como um todo. O discurso de ódio pode gerar violência,
perpetuar estereótipos e discriminação, causar danos emocionais e psicológicos às
vítimas e contribuir para a polarização social. Além disso, nas plataformas digitais, onde
o discurso de ódio muitas vezes se espalha rapidamente, há o risco de amplificação e
disseminação em larga escala, o que pode intensificar os efeitos negativos. É necessário
encontrar um equilíbrio entre o combate ao discurso de ódio e a preservação da

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liberdade de expressão, por meio da aplicação adequada da lei e de políticas que
promovam a educação, o diálogo e a conscientização sobre os impactos prejudiciais
desse tipo de discurso.
Em conclusão, a efetividade dos aparatos legais para a resolução de casos
concretos relacionados à liberdade de expressão e ao discurso de ódio depende da
interpretação das leis pelos tribunais e da capacidade de aplicação das normas legais. O
desafio está em encontrar um equilíbrio entre a proteção da liberdade de expressão e a
necessidade de combater o discurso de ódio, considerando os impactos negativos que
ele pode causar na sociedade. É fundamental promover o debate público, a educação e o
fortalecimento dos mecanismos de denúncia e responsabilização para enfrentar os
desafios decorrentes do discurso de ódio.

5 CRIMES RELACIONADOS À LIBERDADE DE EXPRESSÃO: resultados e


discussão

No que confere ao questionário enviado a pessoas que são usuários frequentes de


redes sociais, foram feitas 3 (três) perguntas relacionadas ao tema para constatar o nível
de generalidade e desconhecimento dos crimes relacionados à liberdade de expressão no
âmbito virtual, bem como a questão do limiar existente sobre as ações cabíveis para
assegurar o direito de todos digitalmente.
No que compete à primeira questão (Figura 1), houve maioria para dizer que
nunca haviam sofrido ataque de ódio na internet (67.9%). Porém, mesmo assim, um
grande número, chegando perto dos 20%, quase 1 (um) quinto das pessoas afirmaram já
ter recebido, ou seja, aproximadamente 20 pessoas entre 100 já teriam sofrido algum
tipo de ofensa e injúria virtual. Em todas as questões, foi disponibilizado um meio para
justificar e explicar as respostas concedidas para elaboração de gráfica, e no que diz
sobre a justificação da resposta para a primeira pergunta, constatou-se aquilo que já se
esperava da internet, a facilidade de se esconder atrás das telas e o anonimato.

Figura 1 - Vítimas de ataque de ódio na Internet

Fonte: os autores (2023).


É de conhecimento público que a internet, através de um meio que dispõe da
necessidade ou não de cadastramento específico junto a documentos e identificação
pessoal do indivíduo, pode facilitar o anonimato dos usuários. Nesse âmbito surge a
facilidade do discurso de ódio e preconceito na internet. Quanto à pesquisa realizada, foi
respondido pelos usuários (Figura 2) a realização de comentários racistas, o julgamento
errôneo e provável ofensa acordando a pensamento político, e discurso de ódio
exercidos por perfis fakes. Foi com base nessa ideia de facilitação ao anonimato,
corretamente constatada, que foi elaborada a segunda pergunta, questionando a opinião
pública acerca da tomada de atitude pelo Estado sobre a regulamentação da liberdade de
expressão.

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Figura 2 - Pedido de justificação da primeira pergunta

Fonte: os autores (2023)

Foi no segundo questionamento que houve maior diferença entre as opções de


resposta daqueles que responderam (Figura 3). Ao serem questionados sobre suas
opiniões acerca da regulação da liberdade de expressão pelo Estado, 82,1% das
respostas expressavam que sim, e no campo das justificações das opiniões (Figura 4),
apenas encontraram-se aquelas que diziam a favor, e que no geral compartilhavam a
opinião que dizia sobre a liberdade de expressão não ser um direito absoluto, uma vez
que esse direito se encerrava quando começava o direito do outro.
Figura 3 – Regulamentação da liberdade de expressão nas redes sociais

Fonte: os autores (2023)

Figura 4 – Pedido de justificação à opinião cedida na segunda questão

Fonte: os autores (2023)

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É importante salientar que a primeira e a última pergunta foram necessárias para
análise da generalidade e desinformação sobre os crimes relacionados à liberdade de
expressão. Foi constatado a partir das suas respostas que, no meio em que foi
pesquisado, em que se destacam na sua maioria os jovens, não ser tão geral ou
tampouco desconhecido, uma vez que a grande maioria revelou não ter sofrido e não
cometido. Porém, essa minoria não é pequena, estando em no mínimo, 20% de ataques
sofridos, em que se revela o caso da primeira questão.
Na terceira questão, foi perguntado sobre alguma ocasião em que os indivíduos
se lembram de ter ferido o direito à expressão e comprometido a do próximo, por meio
da injúria ou exclusão e silenciamento, por exemplo. Nas respostas, houve a maior
aproximação da igualdade de todas as questões, em que 35,7% dos usuários afirmaram
já ter ferido o próximo (figura 5). Na explicação das respostas (Figura 6), houve ainda a
revelação de discussões online em que alguém ultrapassou o limite e usou da livre
ofensa, outras situações em que se usou palavras que ofendiam a etnia de outro, ou do
silenciamento de pessoas, que ficaram sem lugar de fala. São nessas ocasiões que se
assegura a necessidade de providências a serem tomadas, visto que muitas das ocasiões
em que são descobertos crimes, não há sequer o reconhecimento dessas atitudes como
atos ilícitos.
Figura 5 – Ultrapassagem à liberdade de expressão individual

Fonte: os autores (2023)

Figura 6 – Pedido de explicação da situação referente à questão 5 (cinco)

Figura 3: discurso de ódio sofrido pelas pessoas na internet. Fonte: os autores (2023)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Primeiramente, é importante ressaltar a importância desse trabalho, tendo em
vista que o assunto da liberdade de expressão, suas limitações dentro do ordenamento
jurídico brasileiro, e suas relações com o discurso de ódio não só é extremamente atual,
mas também é uma questão que está, constantemente, sendo posta em análise pelos
acadêmicos e pelo público em geral, seja em razão de um caso de discurso de ódio que
repercute no Brasil, ou de casos isolados de menos notoriedade.
Para o desenvolvimento da pesquisa, teve-se por problema: em que consiste as
relações entre a nova era da informação e a livre manifestação de pensamentos, e quais
são os efeitos jurídicos do discurso de ódio no cenário brasileiro?
O objetivo geral relacionou-se a verificação da forma como o Direito moderno
reage e influencia a livre manifestação do pensamento no contexto do discurso de ódio
na nova era da informação. E por objetivos específicos:
a) analisar o papel do ordenamento jurídico brasileiro diante da nova era
da informação;
b) investigar a efetividade dos aparatos legais para a resolução de casos
concretos quanto à liberdade de expressão;
c) descrever os impactos do discurso de ódio.
A partir da pesquisa bibliográfica constatou-se que, primeiro, o ordenamento
jurídico do Brasil necessita estar em constante evolução junto a nova era da internet,
tendo em vista as constantes mudanças que a nova era da informação sofre, e,
consequentemente, as que o próprio ordenamento deve sofrer em virtude desse avanço.
Em segundo lugar, os aparatos legais devem promover a devida limitação legal da
liberdade de expressão nos casos em que direitos são ofendidos, como nos casos de
discurso de ódio, porém, em parceria com as plataformas digitais, e com a sociedade, já
que os próprios internautas são, em sua maioria, de acordo com o nosso formulário, a
favor do controle legal da liberdade de expressão. E em terceiro lugar, também se
constatou que o discurso de ódio provoca impactos nocivos não só para a sociedade
brasileira como um todo, mas principalmente contra grupos minoritários. Além disso,
percebeu-se que ao longo do avanço da internet e sua consequente influência no direito
brasileiro foram implementadas várias medidas legais que ajudaram a controlar o
discurso de ódio no ordenamento jurídico brasileiro.
Sugere-se que continuem sendo feitas pesquisas acerca tanto do ordenamento
jurídico e sua relação com a nova era digital, tendo em vista as contínuas mudanças que
diariamente ela sofre, impactando diretamente o Direito brasileiro, quanto dos limites da
liberdade de expressão dentro do sistema jurídico do Brasil, já que uma das muitas
consequências das mudanças da nova era informacional é maior dissipação de opiniões,
que muitas vezes ultrapassam o limite legal da liberdade de expressão.

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