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c Publicação Eletrônica do KIT http://www.dma.uem.br/kit
Integrais Impróprias
Sumário
6 Excercı́cios 32
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 2
Definição 1.3 Seja f uma função localmente integrável em [ a, ∞). Definimos a integral
imprópria
Z ∞ Z t
f ( x ) dx = lim f ( x ) dx
a t→∞ a
se o limite existir e for finito. Tal limite denomina-se integral imprópria de f esten-
dida ao intervalo [ a, ∞). Neste caso, dizemos que a integral imprópria é convergente.
Z t
Se lim f ( x ) dx for ∞, - ∞ ou não existir, dizemos que a integral imprópria é diver-
t→∞ a
gente.
1
Exemplo 1.4 A função f ( x ) = é localmente integrável em [1, ∞). Temos,
x2
Z ∞ Z t t
1 1 1
dx = lim dx = lim −
1 x2 t→∞ 1 x2 t→∞ x 1
1
= lim − + 1 = 1,
t→∞ t
Z ∞
1
ou seja, a integral imprópria dx é convergente.
1 x2
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 3
Z ∞
ou seja, a integral imprópria ex dx é divergente.
0
Exemplo 1.6 A função f ( x ) = cos( x ) é localmente integrável em [0, ∞). Temos que
Z ∞ Z t
cos( x ) dx = lim cos( x ) dx = lim sen(t)
0 t→∞ 0 t→∞
Z ∞
não existe, ou seja , a integral imprória cos( x ) dx é divergente.
0
Se o limite existir e for finito, dizemos que a integral imprópria é convergente. Caso
Z a
contrário, a integral imprópria f ( x ) dx é divergente.
−∞
Z ∞ Z 0
desde que ambas as integrais impróprias f ( x ) dx e f ( x ) dx sejam convergen-
Z 0∞ −∞
tes. Caso contrário, a integral imprópria f ( x ) dx é divergente.
−∞
Z 0
ou seja, a integral imprópria ex dx é convergente.
−∞
Z ∞
Exemplo 1.10 Usando os exemplos 1.5 e 1.9, temos que a integral imprópria ex dx
−∞
é divergente.
1
Exemplo 1.11 A função f ( x ) = é localmente integrável em (− ∞, ∞). Temos
1 + x2
Z ∞ Z t t
1 1
dx = lim dx = lim arctg ( x )
0 1 + x2 t→∞ 0 1 + x2 t→∞
0
π
= lim arctg(t) = .
t→∞ 2
Z 0
1 π
De modo análogo, também obtemos que 2
dx = . Portanto,
−∞ 1+x 2
Z ∞ Z 0 Z ∞
1 1 1 π π
dx = dx + dx = + = π.
−∞ 1 + x2 −∞ 1 + x2 0 1+x 2 2 2
1
Exemplo 1.12 A função f ( x ) = é localmente integrável em [1, ∞). Usando que
xp
1 x 1− p
Z
dx = , se p 6= 1,
xp 1− p
1
Z
dx = ln( x ), se p = 1,
x
obtemos que
Z ∞
1 1
(i) dx = , se p > 1, ou seja, convergente;
1 xp p−1
Z ∞
1
(ii) dx = ∞, se p ≤ 1, ou seja, divergente.
1 xp
Z ∞
Exemplo 1.13 Vamos determinar o valor de e− x x n dx, para n ∈ N, usando indução
0
e integração por partes.
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Z ∞
(iii) De forma análoga obtemos x3 e− x dx = 6 = 3!.
0
Z ∞
(iv) Suponha que x n e− x dx = n!. Temos,
0
Z ∞ Z t
x n+1 e− x dx = lim x n+1 e− x dx
0 t→∞ 0
t Z t
n +1 − x n −x
= lim − x e + (n + 1) x e dx
t→∞ 0
0
Z t
n +1 − t n −x
= lim − t e + (n + 1) x e dx
t→∞ 0
Z ∞
= ( n + 1) x n e− x dx
0
= (n + 1)n!
= ( n + 1) !
Z ∞
Portanto, x n e− x dx = n! (n ∈ N).
0
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Z ∞
Teorema 1.14 Suponha que f 1 , ..., f n sejam localmente integráveis em [ a, ∞) e que f j ( x ) dx
Z ∞ a
sejam convergente, j = 1, 2, ..., n. Se c1 , ..., cn são constantes, então (c1 f 1 + ... + cn f n )( x ) dx
a
é convergente e
Z ∞ Z ∞ Z ∞
(c1 f 1 + ... + cn f n )( x ) dx = c1 f 1 ( x ) dx + ... + cn f n ( x ) dx.
a a a
Definição 1.15 Seja f uma função não limitada em ( a, b] e integrável em [t, b], para
todo t ∈ ( a, b). Definimos a integral imprópria de f em ( a, b] por
Z b Z b
f ( x ) dx = lim f ( x ) dx.
a t→ a+ t
Z b
Se o limite existir e for finito, dizemos que a integral imprópria f ( x ) dx é
Z b a
1
Exemplo 1.16 Considerando a função f ( x ) = √ , x ∈ (0, 1]. Temos
x
Z 1 Z 1 √ 1
1 1
√ dx = lim √ dx = lim 2 x
0 x t →0+ t x t →0+ t
√
= lim (2 − 2 t) = 2,
t →0+
Z 1
1
ou seja, a integral imprópria √ dx é convergente.
0 x
Z 1
(pois lim t ln(t) = 0) ou seja, a integral imprópria xln( x ) dx é convergente.
t →0+ 0
Definição 1.18 (a) Seja f uma função não limitada em [ a, b) e integrável em [ a, t] para
todo a < t < b. A integral imprópria de f em [ a, b) é definido por
Z b Z t
f ( x ) dx = lim f ( x ) dx.
a t→b− a
(b) Seja f uma função não limitada em [ a, p) e ( p, b]. Se as duas integrais impróprias
Z p Z b
f ( x ) dx e f ( x ) dx são convergentes, então definimos a integral imprópria de f
a p
em [ a, b] como
Z b Z p Z b
f ( x ) dx = f ( x ) dx + f ( x ) dx.
a a p
1
Exemplo 1.19 Considere a função f ( x ) = √
3
. Temos
x−1
Z 1 Z t t
1 1 3 2/3
√
3
dx = lim √3
dx = lim ( x − 1 )
0 x−1 t →1− 0 x−1 t →1− 2
0
3 3 3
= lim (t − 1)2/3 − =− .
t →1 − 2 2 2
3√
Z 3 Z 3
1 1 3
De modo análogo, temos que √
3
dx = lim √
3
dx = 4. Portanto,
1 x−1 t →1+ t x−1 2
3 √
Z 3 Z 1 Z 3
1 1 1 3
√
3
dx = √
3
dx + √
3
dx = ( 4 − 1).
0 x−1 0 x−1 1 x−1 2
Temos,
Z 2/π
2x sen(1/x ) − cos(1/x ) dx
0
Z 2/π
= lim 2x sen(1/x ) − cos(1/x ) dx
t →0+ t
2/π
2
= lim x sen(1/x )
t →0+ t
4 2 4
= lim − t sen ( 1/t ) = ,
t → 0+ π 2 π2
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Portanto,
Z 2/π
1 1
2x sen − cos dx
−2/π x x
Z 0
1 1
= 2x sen − cos dx
−2/π x x
Z 2/π
1 1
+ 2x sen − cos dx
0 x x
4 4 8
= 2 + 2 = 2.
π π π
Portanto,
Z 1
1 1/(1 − p), se p < 1 ( convergente),
dx =
0 (1 − x ) p ∞, se p ≥ 1 ( divergente).
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é convergente. Temos,
Z 2/π
p −1 p −2
cos(1/x ) + x
px sen(1/x ) dx
0
Z 2/π
d p
= lim x cos(1/x ) dx
t →0+ t dx
2/π
p
= lim x cos(1/x )
t →0+ t
p
= lim − t cos(1/t).
t →0+
Para p > 0 temos que lim t p cos(1/t) = 0. Já para valores p ≤ 0, o limite lim t p cos(1/t)
t →0+ t →0+
não existe. Portanto, a integral imprópria é convergente se p > 0 e divergente se p ≤ 0.
Z p
Observação 1.23 (a) Na Definição 1.18 (b), se as duas integrais impróprias f ( x ) dx
Z b a
e tem o mesmo valor. Entretanto, a existência do limite (2) não implica a existência de
(1). Por exemplo, considerando a função f ( x ) = 1/x3 (e 0 < ε < 1), temos
−ε Z 1
Z
1 1 1 1 1 1
lim dx + dx = lim − 2 − − 2 = 0,
ε →0+ −1 x3 ε x3 ε →0+ 2 2ε 2 2ε
Z 0 Z 1
1 1
mas as integrais impróprias dx e dx não existem (são divergentes).
−1 x3 0 x3
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Generalizando, uma função que tenha um número finito de pontos onde não
é definida ou não limitada pode ser tratada subdividindo-se o intervalo em subinter-
valos com esses extremos.
A existência do limite
Z r
lim f ( x ) dx (1.4)
r → ∞ −r
Z ∞
não implica que a integral imprópria f ( x ) dx seja convergente. Por exemplo,
Z r Z ∞ Z 0 −∞
Teorema 2.1 Seja f : [ a, ∞)→ R uma função localmente integrável e suponha que f ( x ) ≥ 0.
Z ∞
Então a integral imprópria f ( x ) dx é convergente se, e somente se, função F ( x ) =
Z x a
f (t) dt é limitada.
a
Demonstração Como f ( x ) ≥ 0 para todo x ∈ [ a, ∞), temos que F é uma função monótona
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Z ∞ Z ∞
(ii) Se f ( x ) dx é divergente, então g( x ) dx é divergente.
a a
Z ∞ Z t
Demonstração (i) Temos que g( x ) dx = lim g( x ) dx = M < ∞.
a t→∞ a
f ( x ) dx é convergente.
a
Z 1
2 + cos(πx )
Exemplo 2.5 Considere a integral imprópria dx.
0 (1 − x ) p
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1 2 + cos(πx )
0< p ≤ ,
(1 − x ) (1 − x ) p
Z 1
1
e como dx é divergente (se p ≥ 1), então a integral imprópria
0 (1 − x ) p
Z 1
2 + cos(πx )
dx
0 (1 − x ) p
é divergente se p ≥ 1.
Observação 2.6 Seja f : [ a, ∞)→ R uma função localmente integável. Então se a <
a1 < c < ∞ temos
Z c Z a1 Z c
f ( x ) dx = f ( x ) dx + f ( x ) dx.
a a a1
Z a1
Como f ( x ) dx é uma integral definida, fazendo c→ ∞, concluı́mos que se uma
a Z ∞ Z ∞
das integrais impróprias f ( x ) dx ou f ( x ) dx for convergente, então a outra
a a1
também será convergente, e neste caso
Z ∞ Z a1 Z ∞
f ( x ) dx = f ( x ) dx + f ( x ) dx.
a a a1
( x − 1) p (2 + sen( x ))
f (x) = .
( x − 1/3)2p
1 ( x − 1) p (2 + sen( x )) 4
≤ ≤ .
2 xp ( x − 1/3)2p xp
1 ( x − 1) p (2 + sen( x )) 4
p ≤ 2p
≤ p.
2x ( x − 1/3) x
Z ∞
ln( x ) + sen( x )
Exemplo 2.8 Considere a integral imprópria √ dx. Observe que, para
1 x
x > e2 ,
ln( x ) + sen( x ) 1
√ ≥√ .
x x
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 14
Como
Z ∞ t 1
1
Z
√ dx = lim √ dx
e2 x t → ∞ e2 x
t
√
= lim 2 x
t→∞
√ e
2
= lim (2 x − 2 e) = ∞,
t→∞
Z ∞
ln( x ) + sen( x )
então, pelo Teste da Comparação, √ dx é divergente. Portanto, a
e2 x
Z ∞
ln( x ) + sen( x )
integral imprópria √ dx é divergente.
1 x
Z ∞
4 + cos( x )
Exemplo 2.9 Vamos estudar a integral imprópria √ dx. Considere as
0 (1 + x ) x
integrais impróprias
Z 1 Z ∞
4 + cos( x ) 4 + cos( x )
I1 = √ dx e I2 = √ dx.
0 (1 + x ) x 1 (1 + x ) x
4 + cos( x ) 5
(i) Para 0 < x < 1, temos 0 < √ < √ , e como a integral imprópria
(1 + x ) x x
Z 1
5
√ dx é convergente, então I1 é convergente.
0 x
Z ∞
4 + cos( x ) 5 5
(ii) Para x > 1, temos 0 < √ < 3/2 . Como a integral imprópria dx
(1 + x ) x x 1 x3/2
é convergente, então I2 é convergente.
Z ∞
4 + cos( x )
Portanto, √ dx = I1 + I2 é convergente.
0 (1 + x ) x
Teorema 2.10 (Teste Limite da Comparação) Suponha que as funções f e g são localmente
integráveis em [ a, b) (com b < ∞ ou b = ∞), f ( x ) ≥ 0, g( x ) > 0 e que
f (x) f (x)
lim = M ou lim = M, hboxse b = ∞ . (2.5)
x →b− g ( x ) x →∞ g ( x )
Z b Z b
(i) Se 0 < M < ∞, então f ( x ) dx e g( x ) dx são ambas convergente ou ambas diver-
a a
gentes.
Z b Z b
(ii) Se M = ∞ e g( x ) dx = ∞, então f ( x ) dx = ∞.
a a
Z b Z b
(iii) Se M = 0 e g( x ) dx é convergente, então f ( x ) dx é convergente.
a a
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Demonstração (i) Por (5) (usando a definição de limite) existe a1 ∈ [ a, b) tal que
M f (x) 3M
0< < < , se a1 ≤ x < b,
2 g( x ) 2
M 3
g ( x ) < f ( x ) < M g ( x ). (2.6)
2 2
Z b
M
Agora se g( x ) dx é divergente, por (6) ( g( x ) < f ( x )) e pelo Critério da Comparação,
a1 2
Z b Z b
obtemos que f ( x ) dx também é divergente. Logo, f ( x ) dx é divergente.
a1 a
sen( x )
Z π/2
dx
0 xp
sen( x ) 1
f (x) = p e g ( x ) = p −1 .
x x
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f (x) sen( x )
Temos que lim = lim = 1. Além disso,
x →0+ g( x ) x →0 + x
x2− p
π/2
1
Z π/2 Z π/2
g( x ) dx = lim dx = lim
0 t → 0+ t x p −1 t →0+ 2 − p t
2− p
1 2− p 2− p 1 π
= lim (π/2) −t = ,
t →0+ 2 − p 2− p 2
sen( x )
Z π/2
se p < 2. Portanto, pelo Teste Limite da Comparação, a integral imprópria dx
0 xp
é convergente se p < 2.
1
Exemplo 2.12 A função f ( x ) = é localmente integrável em (0, ∞) com
x p (1 + xZ)q
∞ 1
p, q ∈ R. Considere a integral imprópria dx. Para verificar para quais
x )q 0 x p (1 +
valores de p e q a integral imprópria é convergente, considere as seguintes integrais
impróprias
Z 1 Z ∞
1 1
J1 = dx e J2 = dx.
0 x p (1 + x ) q 1 x p (1 + x ) q
1
(i) Analisando a integral imprópria J1 . Considere g( x ) = . Temos,
xp
f (x) 1
lim = lim = 1.
x →0+ g( x ) x →0 (1 + x ) q
+
Como,
Z 1 Z 1
1 1/(1 − p), se p < 1
g( x ) dx = dx =
0 0 xp ∞, se p ≥ 1
Z 1
1
então, aplicando o Teorema 2.10, temos que J1 = dx é convergente se
0 x p (1 + x )q
p < 1 (para qualquer valor de q).
Z ∞
1
(ii) Analisando a integral imprópria J2 = dx. Considerando
1 x p (1 + x )q
1
agora a função h( x ) = , temos
x p+q
f (x) xq
lim = lim = 1.
x →∞ h( x ) x → ∞ (1 + x ) q
Como
Z ∞ Z ∞
1 1/( p + q − 1), se p + q > 1
h( x ) dx = dx =
1 1 x p+q ∞, se p + q ≤ 1
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Z ∞
1
então, aplicando o Teorema 2.10, J2 = dx é convergente se p + q > 1.
1 x p (1 + x )q
Z ∞
1
Portanto, combinando (i) e (ii), obtemos que dx é convergente
0 x p (1 + x )q
se p < 1 e p + q > 1. Por exemplo,
Z ∞
1
( a) √ dx ( com p = 1/2 e q = 2),
0 x (1 + x )2
Z ∞
1
(b) √ dx ( com p = 1/3 e q = 5),
0
3
x (1 + x )5
Z ∞
x5
(c) 8
dx ( com p = −5 e q = 8),
0 (1 + x )
Z ∞
( x − sen( x ))6
Exemplo 2.13 Considere a integral imprópria dx, com
1 x8
( x − sen( x ))6
f (x) = . Usando a função g( x ) = 1/x2 , temos
x8
f (x) ( x − sen( x ))6
lim = lim = 0.
x →∞ g( x ) x →∞ x6
Z ∞ Z ∞
1
Como a integral imprópria g( x ) dx = dx é convergente, então pelo Teo-
Z ∞ 1 1 x2
( x − sen( x ))6
rema 2.10(iii), temos que dx é convergente.
1 x8
Z ∞
Teorema 3.2 Se f é uma função absolutamente integrável em [ a, ∞), então f ( x ) dx é
a
convergente.
0 ≤ | f ( x )| + f ( x ) ≤ 2 | f ( x )|.
Z ∞
Como | f ( x )| dx é convergente, podemos usar o Critério da Comparação (Teorema
a Z ∞
2.2), para concluir que a integral imprópria (| f ( x )| + f ( x )) dx é convergente. Po-
0
demos escrever, para todo a < t < ∞,
Z t Z t Z t
f ( x ) dx = (| f ( x )| + f ( x )) dx − | f ( x )| dx.
a a a
Z ∞ Z ∞
Como as integrais impróprias (| f ( x )| + f ( x )) dx e | f ( x )| dx são convergentes,
Z ∞ 0 0
então f ( x ) dx também é convergente.
0
Z ∞
Exemplo 3.3 Considere a integral imprópria e− x cos3 ( x ) dx. Observe que
0
0 ≤ | e− x cos3 ( x )| ≤ e− x .
Z ∞ Z ∞
−x
Como e dx é convergente, então | e− x cos3 ( x ) | dx é convergente (pelo Critério
0 Z ∞ 0
da Comparação). Portanto, e− x cos ( x ) dx é (absolutamente) convergente.
3
0
Exemplo 3.4 A recı́proca do Teorema 3.2 não é verdadeira. Vamos verificar que a inte-
Z ∞ Z ∞
sen( x ) sen ( x )
gral imprópria dx é convergente e que a integral imprópria x dx
1 x 1
é divergente.
Z ∞
cosx
dx é (absolutamente) convergente. Além disso, também temos
1 x2
cos(t)
lim = 0.
t→∞ t
Portanto,
Z ∞ Z t
senx senx
dx = lim dx
1 x t→∞ 1 x
Z t
cos(t) cos( x )
= lim − + cos(1) − dx
t→∞ t 1 x2
Z ∞
cos( x )
= cos(1) − dx < ∞.
1 x2
(ii) Para todo x ∈ R temos que |sen( x )| ≤ 1. Logo, sen2 ( x ) ≤ |sen( x )|. Para x ≥ 1
obtemos
sen( x ) sen2 ( x )
x ≥ .
x
Z ∞ −x
e sen3 ( x )
Exemplo 3.5 Considere a integral imprópria dx. Temos que, para
1 x2
x ≥ 1, −x
e sen3 ( x )
0 ≤ ≤ 1 .
x2 x2
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Z ∞ Z ∞ − x 3
1 e sen ( x )
Como dx = 1 (ou seja, convergente) então dx é convergente.
1 x2 1
x2
Z ∞ −x
e sen3 ( x )
Portanto, dx é absolutamente convergente (e então, convergente).
1 x2
Usando que F é limitada (ou seja, | F ( x )| ≤ C para todo x ∈ [ a, b)) e que g0 é absoluta-
mente integrável, pelo Critério da Comparação, temos que
Z b Z t
0
| F ( x ) g ( x )| dx = lim | F ( x ) g0 ( x )| dx < ∞,
a t→b− a
Z t Z t
0
pois | F ( x ) g ( x )|dx ≤ C | g0 ( x )| dx.
a a
Além disso, como lim F (t) g(t) = 0 (pois F é limitada e lim g(t) = 0), obtemos
t→b− t→b−
Z b Z t
f ( x ) g( x ) dx = lim f ( x ) g( x ) dx
a t→b− a
Z t
0
= lim F (t) g(t) − F ( x ) g ( x ) dx
t→b− a
Z b
= − F ( x ) g0 ( x ) dx < ∞.
a
Z ∞
sen( x )
Exemplo 3.7 Considere a integral imprópria dx, com 0 < p ≤ 1. Usando
xp Z ∞ 1
1 sen( x )
o Teste de Dirichlet com f ( x ) = sen( x ) e g( x ) = p , temos que dx é
x 1 xp
convergente (com 0 < p ≤ 1).
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Z ∞
Exemplo 3.8 Considere a integral imprópria sen( x2 ) dx (chamada de integral de
Z 1 0
2
Fresnel). Observe que sen( x ) dx é finita (pois f ( x ) = sen( x2 ) é contı́nua). Para
0
c > 1, aplicando o Teorema de Mudança de Variável (com t = x2 ), obtemos
Z c Z c2
2 1 sen(t)
sen( x ) dx = √ dt.
1 2 1 t
Z ∞
sen(t)
Pelo Exemplo 3.7 (com p = 1/2) temos que √ dt é convergente. Com isso,
1 t
Z ∞ Z ∞
sen(t)
sen( x2 ) dx = √ dt
1 1 t
é convergente. Portanto,
Z ∞ Z 1 Z ∞
2 2
sen( x ) dx = sen( x ) dx + sen( x2 ) dx < ∞,
0 0 1
ou seja, convergente.
Exemplo 3.9 O teste de Dirichlet também pode ser usado para verificar que certas inte-
Z ∞
grais impróprias são divergentes. Por exemplo, a integral imprópria x p sen( x ) dx
1
é divergente se p > 0. De fato, suponha que essa integral imprópria seja conver-
Z x
gente para algum p > 0. Então, a função definida por F ( x ) = t p sen(t) dt seria
1
limitada em [1, ∞), e usando f ( x ) = x p sen( x ) e g( x ) = 1/x p no Teorema 3.6 con-
Z ∞ Z ∞
cluiriamos que sen( x ) dx também é convergente. Mas sen( x ) dx é divergente.
Z ∞ 1 1
Portanto, x p sen( x ) dx é divergente se p > 0.
1
Z ∞
Exemplo 4.1 Considere a integral imprópria e− x sen( x ) dx. Usando integração por
0
partes obtemos
1
Z
e− x sen( x ) dx = − e− x (sen( x ) + cos( x )).
2
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Logo,
Z ∞ Z t
e− x sen( x ) dx = lim e− x sen( x ) dx
0 t→∞ 0
t
1 −x
= lim − e (sen( x ) + cos( x ))
t→∞ 2 0
1 −t 1
= lim − e (sen(t) + cos(t)) +
t→∞ 2 2
1
= ,
2
Z ∞ 1 1
p −1 p −2
px cos +x sen dx
2π x x
é convergente.
Temos que
Z ∞ 1 1
p −1 p −2
px cos + x sen dx
2π x x
Z t 1
d p
= lim x cos dx
t→∞ 2π dx x
1 t
p
= lim x cos
t→∞ x 2π
1 1
p p
= lim t cos − (2π ) cos .
t→∞ t 2π
Como o limite lim t p cos(1/t) existe e é finito se p ≤ 0, obtemos que a integral imprópria
t→∞
Z ∞ 1 1
p −1 p −2
px cos + x sen dx é convergente se p ≤ 0 (e divergente se p > 0).
2π x x
Z √3 2
( x + 3)3/2
(a) Temos que a intergral sen2 ( x ) dx existe (é finita) pois a função
0 ( x4 + 1)3/2
( x2 + 3)3/2 2
√ √
f (x) = 4 3/2
sen ( x ) é contı́nua em [ 0, 3 ] . Para x ≥ 3 temos que x2 +
( x + 1)
3 ≤ x2 + x2 = 2x2 e x4 + 1 ≥ x4 . Logo,
√
( x2 + 3)3/2 ( 2x 2 )3/2 2 2
0≤ 4 3/2
sen2 ( x ) ≤ 4 3/2
= 3 .
( x + 1) (x ) x
Z ∞
1
Como a integral imprópria √ 3
dx é convergente, estão aplicando o Critério da
3 x
Z ∞ 2
( x + 3)3/2
Comparação, temos que √ sen2 ( x ) dx é convergente. Portanto, podemos
3 ( x4 + 1)3/2
escrever
Z ∞ 2 Z √3 2
( x + 3)3/2 ( x + 3)3/2
sen2 ( x ) dx = sen2 ( x ) dx
0 ( x4 + 1)3/2 0 ( x4 + 1)3/2
Z ∞ 2
( x + 3)3/2
+ √ 4 3/2
sen2 ( x ) dx < ∞,
3 ( x + 1)
ou seja, é convergente
( x2 + 3)3/2
(b) Como f ( x ) = sen2 ( x ) é uma função par ( f (− x ) = f ( x )), então
( x4 + 1)3/2
Z ∞ 2
( x2 + 3)3/2 ( x + 3)3/2
Z 0
2
sen ( x ) dx = sen2 ( x ) dx.
−∞ ( x4 + 1)3/2 0 ( x4 + 1)3/2
é convergente.
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 24
Exemplo 4.4 Vamos determinar condições sobre p, q ∈ R para que a integral imprópria
Z ∞
xp
2 q
dx seja convergente.
0 (1 + x )
Z ∞
xp xp
Z 1
Vamos analisar as integrais impróprias dx e dx.
0 (1 + x 2 ) q 1 (1 + x 2 ) q
(a) Se 0 < x ≤ 1, então aplicando o Teste Limite da Comparação com
xp
f (x) = e g( x ) = x p , obtemos
(1 + x 2 ) q
f (x) 1
lim = lim = 1.
x →0+ g( x ) x →0 (1 + x 2 ) q
+
Z 1 Z 1
Como g( x ) dx = x p dx é convergente se p > −1, então a integral imprópria
0 0
xp
Z 1 Z 1
f ( x ) dx = dx
0 0 (1 + x 2 ) q
e convergente se p > −1 (para qualquer valor de q).
Z ∞
sen( x )
Exemplo 4.5 Considere a integral imprópria dx. Para x ≥ 2 temos que
2 x (ln( x )) p
ln( x ) > 0 (para x ≥ 2). Logo,
sen( x ) |sen( x )| 1
x (ln( x )) p = | x (ln( x )) p | ≤ x (ln( x )) p .
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 25
1
pois se p > 1 (1 − p < 0) temos lim (ln(t))1− p = 0. Portanto, a integral
t→∞ 1 − p
imprópria
Z ∞
sen( x )
dx
2 x (ln( x )) p
Z ∞
cos( x )
Exemplo 4.6 Considere a integral imprópria dx. Usando o teste de Diri-
0 (1 + x 2 )3
chlet com
cos( x ) 1
h( x ) = 2 3
= cos( x ) = f ( x ) g( x ),
(1 + x ) (1 + x 2 )3
1
sendo g( x ) = e f ( x ) = cos( x ). Temos,
(1 + x 2 )3
(i) a função f ( x ) = cos( x ) é contı́nua em [0, ∞) e também temos que a função F ( x ) =
Z t Z t
f ( x ) dx = cos( x ) dx = sen(t) é limitada em [0, ∞);
0 0
Z ∞
0 6x
(ii) g ( x ) = − é absolutamente integrável ( | g0 ( x )| dx < ∞) e lim g( x ) =
(1 + x 2 )4 0 x →∞
0.
Z ∞
cos( x )
Portanto, pelo Teste de Dirichlet, a integral imprópria dx é convergente.
0 (1 + x 2 )3
1
Z ∞ x4 cos2
Exemplo 4.7 Considere a integral imprópria x dx. Temos que
0 (1 + x )3
2
1
x4 cos2 1
f (x) = x ≥ 0 e g( x ) = > 0.
2
(1 + x ) 3 (1 + x 2 )
(a) Temos
1
f (x) (1 + x2 ) x4 cos2
lim = lim x
x →∞ g( x ) x →∞ (1 + x 2 )3
1 1
x 1 + 2 cos2
6
x x
= lim 3
x →∞
1
x6 1 + 2
x
1 1
1 + 2 cos2
x x
= lim 3
= 1.
x →∞
1
1+ 2
x
Nesta seção vamos apresentar alguns resultados da função gama de Euler (ou
simplesmente, função gama), que é denotada por Γ( x ), x ∈ DΓ ⊂R. A função gama
pode ser utilizada na resolução de equações diferenciais ordinárias pelo método de
expansão em séries de potências ou pelo método de Frobenius.
A função gama foi inicialmente concebida por Euler como uma generalização
contı́nua do fatorial de números naturais: n!, para n ∈ N. A ideia de Euler era encon-
trar uma função Γ que satisfizesse Γ(1) = 1 e também satisfizesse a equação funcional
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 27
Z ∞ Z ∞
1
Como a integral imprópria 2
dx é convergente, então e− x x α−1 dx é conver-
K x K
gente. Portanto, para α ≥ 1, temos que
Z ∞
Γ(α) = e− x x α−1 dx < ∞.
0
Z 1
Agora, para 0 < α < 1, temos que a integral imprópria x α−1 dx é convergente.
0
Como 0 < e− x ≤ 1 para todo x ≥ 0, temos pelo Critério da Comparação que a integral
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 28
Z 1
imprópria e− x x α−1 dx é convergente (com 0 < α < 1). Logo, podemos definir a
0
função Gama para todo α > 0 considerando como a soma
Z ∞ Z 1 Z ∞
Γ(α) = e− x x α−1 dx = e− x x α−1 dx + e− x x α−1 dx.
0 0 1
Γ ( α + 1) = α Γ ( α ). (5.9)
De fato,
Z ∞ Z ∞
−x
Γ ( α + 1) = e x (α+1)−1
dx = e− x x α dx.
0 0
e então
Z ∞ Z t Z ∞
−x −x
e α
x dx = lim e α
x dx = α e− x x α−1 dx = α Γ(α),
0 t→∞ 0 0
√
Vamos verificar agora que Γ(1/2) = π.
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 29
Z ∞
De fato, temos que Γ(1/2) = e− x x − 1/2 dx. Usando a mudança de variável x = u2 ,
0
obtemos
Z ∞
Γ(1/2) = = e− x x − 1/2 dx
0
Z ∞
2
= 2 e− u du
√0
π √
= 2 = π.
2
Γ( x + n) = ( x + n − 1)( x + n − 2).... ( x + 1) x Γ( x ),
Γ( x + n)
Γ( x ) = . (5.10)
( x + n − 1)( x + n − 2)...( x + 1) x
x > −n
Γ( x + 1 + n)
Γ ( x + 1) =
( x + n)( x + n − 1)...( x + 1)
( x + n)Γ( x + n)
=
( x + n)( x + n − 1)...( x + 1)
Γ( x + n)
=
( x + n − 1)...( x + 1)
= x Γ ( x ).
Com isso, podemos calcular a função gama para valores negativos não inteiros. Por
Γ ( x + 1)
exemplo, usando que Γ( x ) = , temos
x
√
Γ(−1/2) = − 2 Γ(1/2) = − 2 π,
√
2 2 4 π
Γ(−3/2) = − Γ(−3/2 + 1) = − Γ(−1/2) = .
3 3 3
Definição 5.2 Para x > 0 e y > 0, a função Beta de Euler é definida por
Z 1
B( x, y) = t x−1 (1 − t)y−1 dt. (5.11)
0
Se x ≥ 1 e y ≥ 1, esta integral é própria (ou uma integral definida), mas se 0 < x < 1
ou 0 < y < 1, a integral é imprópria.
3 √ Γ(3/2)
Z 1
1 3π
√ dx = π = .
0 1 − x2/3 2 Γ (2) 4
Exemplo 5.4 Para x > 0 e y > 0, fazendo a mudança de variável t = (sen u)2 em (11)
obtemos
Z π/2
B( x, y) = 2 (sen u)2x−1 (cos u)2y−1 du. (5.13)
0
1
Com isso, para x = n + (n ∈ N) e y = 1/2, obtemos (usando (12))
2
1 1 1
Z π/2
(sen u)2n du = B(n + , )
0 2 2 2
1
1 Γ ( n + ) Γ(1/2)
= 2
2 Γ(n + 1/2 + 1/2)
√ Γ(n + 1 )
π 2
=
2 Γ ( n + 1)
1.3.5...(2n − 1) π
= .
2.4.6...(2n) 2
189
Z π/2
Por exemplo, (com n = 5), (sen( x ))10 dx = π.
0 1536
De forma análoga, obtemos que
√
π Γ ( n + 1) 2.4.6...(2n)
Z π/2
2n+1
(sen x ) dx = = .
0 2 3 1.3.5...(2n + 1)
Γ(n + )
2
1
Z π/2
(cos(θ ))2p−1 (sen(θ ))2q−1 dθ = B( p, q)
0 2
1 Γ( p) Γ(q)
=
2 Γ( p + q)
1 ( p − 1) ! ( q − 1) !
= .
2 ( p + q − 1) !
1
Z π/2
Por exemplo, com p = 5 e q = 6, temos (cos( x ))9 (sen( x ))11 dx = .
0 2520
c KIT Cálculo Diferencial e Integral: um KIT de Sobrevivência 32
6 Excercı́cios
(3) Determine os valores de p,q ∈ R para que sejam convergentes as seguintes integrais
impróprias.
Z 1
( a) x p (1 − x )q dx
0
Z ∞
xp
(b) dx
1 (1 + x 2 ) q
(cos(πx/2))q
Z 1
(c) dx
−1 (1 − x 2 ) p
Z 1
(d) (1 − x ) p (1 + x )q dx
−1
Respostas
(d) convergente.
(2) (a) p < 2, (b) p < 1, (c) p > −1, (d) −1 < p < 2